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ANA CLÁUDIA FERNANDES KOPROWSKI | IPC
 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
UNIDADE 2 – A NORMA JURÍDICA
TÓPICO 1 – ESTRUTURA DA NORMA JURÍDICA
 TÓPICO 2 – CARACTERÍSTICAS E CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA
 TÓPICO 3 – PLANOS DE VALIDADE DA NORMA JURÍDICA
TÓPICO 4- SISTEMA E ORDENAMENTO JURÍDICO
TÓPICO 1 – ESTRUTURA DA NORMA JURÍDICA
Norma Jurídica: conjunto de normas do direito, que prevê e regulamenta a conduta dos indivíduos. Baseada na sociedade, e criada a fim de facilitar na aplicação das sanções, ela possui grande relevância jurídica, no sentido de fornecer subsídios e padronizar elementos necessários.
Desta forma, compreende-se de maneira breve a relevância da norma jurídica para o direito de modo geral, visto que seu papel é assegurar o conjunto de normas da ciência jurídica, assim como, o papel de obedecer a sua complexa estrutura. Uma de suas atribuições é o fato de deixar padronizadas e regulamentadas as regras jurídicas, facilitando sua aplicação nos casos cotidianos.
A ESTRUTURA DA NORMA JURÍDICA 
A norma jurídica, sendo um conjunto de normas do direito, faz parte do ordenamento jurídico. Desta forma, “O direito, como conjunto de normas, adquire, assim, o acabamento racional de um programa formal de ação: se está na constituição ou foi estabelecido por lei, é um conteúdo jurídico” (FERRAZ JUNIOR, 2019, p. 84). Ela postula as regras jurídicas, deixando-as de maneira formal e regularizadas.
“A norma jurídica é, antes do mais, um modelo, uma fórmula ou uma regra de comportamento humano que se manifesta por sinais exteriores, que se impõe com carácter obrigatório, uma vez que o seu respeito pode ser exigido.
É relevante lembrar que “o conteúdo da norma é um pensamento, uma proposição (proposição jurídica), mas uma proposição de natureza prática, isto é, uma orientação para a ação humana; a norma é, portanto, uma regra, conforme a qual nós devemos guiar” (BAGNOLI; BARBOSA; OLIVEIRA, 2014, p. 60).
A norma jurídica, portanto, faz parte da construção teórica da ciência jurídica. Reale (2002, p. 96) coloca: “Pensamos que o conceito de normas que acabamos de dar abrange todos os tipos de regras jurídicas, sem esvaziá-la de sua referibilidade ao seu possível conteúdo (a conduta humana e os processos de organização social) e sem reduzi-la a mero enlace lógico”.
Com a finalidade de disciplinar condutas do ser humano, as normas jurídicas são caracterizadas por serem bilaterais, sendo que ela prevê o acontecimento e, caso ele ocorra, será produzido um efeito jurídico. “As normas jurídicas de conduta, ou seja, aquelas cujo objetivo imediato é disciplinar o comportamento dos indivíduos ou grupos sociais e que são a maioria, assumem a estrutura de um ‘juízo hipotético’” (BETIOLI, 2015, p. 204), ou seja, a consequência dependerá da validação da hipótese colocada pela norma.
As normas jurídicas postulam o “dever ser” de forma em que as regras colocadas facilitam o controle da conduta social, de forma a pensar na penalização caso o dever ser não seja executado como previsto. Por exemplo, se alguém cometer o crime de furto, terá a sanção previamente elaborada, a fim de que seja aplicada a medida referente a conduta estabelecida. Isso oferece organicidade, praticidade e clareza na ciência do direito enquanto legislação.
Kelsen, autor da Teoria Pura do Direito, a estrutura da norma jurídica possui duas partes: a norma secundária e a norma primária. Segundo ele, a norma secundária diz respeito ao fato de não ter sido cumprido tal dever, é sancionado. Já a norma primária é acerca de fatos temporais – a longo prazo. Avalie o quadro a seguir. 
 
Considerando as classificações gerais da normativa jurídica, apresenta-se ainda alguns adjetivos que fazem parte da estrutura, a fim de classificá-las de forma clara e objetiva, discriminando umas das outras: “bilateralidade, generalidade, abstratividade, imperatividade, coercibilidade” (NADER, 2017, p. 86). Observe o quadro a seguir.
TÓPICO2- CARACTERÍSTICAS E CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA
A norma jurídica é dividida em características e classificações a fim de compreendermos a sua estrutura e funcionalidade, assim, cada elemento que faz parte da norma é estudado e avaliado, a fim de que seja aplicado da forma correta de acordo com a ciência jurídica. Há a estrutura interna e externa, e dentre as classificações, temos várias subdivisões.
Cada classificação corresponde a um tipo de norma específica, a qual possui determinada atribuição. As normas jurídicas como um todo possuem um papel essencial na ciência do direito, principalmente quando se fala em modificações sociais e em alcançar todas as demandas que chegam ao judiciário.
CARACTERÍSTICAS E CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA 
Entendendo a norma jurídica enquanto um conjunto de normas do direito, se faz relevante compreender suas características e classificações a fim de conhecê-la de forma profunda e eficiente. “A norma jurídica, da qual fala o jurista, é, portanto, verdadeira construção teórica da própria ciência jurídica, em que os diferentes mecanismos estabilizadores manifestam, idealmente, uma congruência consistente” (FERRAZ JUNIOR, 2019, p. 85). 
A norma possui uma estrutura interna e externa. Na estrutura externa se tem a lei e o costume. Já na interna estão colocados a endonorma e a perinorma – que foi estudado no tópico anterior. Esta é a estrutura principal da norma jurídica.
A norma carrega consigo a característica da organização, como coloca Reale (2002, p. 93) “já nos é dado inferir das lições anteriores que a Ciência do Direito tem por objeto a experiência social na medida em que esta é disciplinada por certos esquemas ou modelos de organização e de conduta que denominamos normas ou regras jurídicas”.
Desta forma, Nader (2019) coloca os critérios de classificação da norma jurídica diante de sua eficácia. Para o autor, “classificar implica uma arte que deve ser desenvolvida com espírito prático, pois a sua validade se revela à medida que traduz uma utilidade teórica ou prática” (NADER, 2019, p. 85). Os critérios da classificação são: 
quanto ao sistema a que pertencem; 
b) quanto à fonte; 
c) quanto aos diversos âmbitos de validez;
 d) quanto à hierarquia; 
e) quanto à sanção; 
f) quanto à qualidade; 
g) quanto às relações de complementação; 
h) quanto às relações com a vontade dos particulares.
Tais classes indicam a funcionalidade da norma jurídica enquanto prática e adaptabilidade nos casos em que precisam ser aplicadas. Nader (2019) ainda classifica a vigência, efetividade, eficácia e legitimidade: 
Vigência: para que a norma disciplinadora do convívio social ingresse no mundo jurídico e nele produza efeitos, indispensável é que apresente validade formal, isto é, que possua vigência. Significa que a norma social preenche os requisitos técnico-formais e imperativamente se impõe aos destinatários. 
Efetividade: este atributo consiste no fato de a norma jurídica ser observada tanto por seus destinatários quanto pelos aplicadores do Direito. No dizer de Luís Roberto Barroso (1993), a efetividade [...] simboliza a aproximação, tão íntima quanto possível, entre o dever ser normativo e o ser da realidade social.
Eficácia: as normas jurídicas não são geradas por acaso, mas visando a alcançar certos resultados sociais. Como processo de adaptação social que é, o Direito se apresenta como fórmula capaz de resolver problemas de convivência e de organização da sociedade. O atributo eficácia significa que a norma jurídica produz, realmente, os efeitos sociais planejados. Para que a eficácia se manifeste, indispensável é que seja observada socialmente. Eficácia pressupõe, destarte, efetividade. 
Legitimidade: inúmeros são os questionamentos envolvendo o atributo legitimidade. O seu estudo mais aprofundado se localiza na esfera da Filosofia do Direito. Para um positivista, na abordagem da norma é suficiente o exame de seus aspectos extrínsecos– vigência. A pesquisa afeta ao sistema de legitimidade, sendo algo estranho à instância jurídica. Para as correntes espiritualistas, além de atender aos pressupostos técnico-formais, as normas necessitam legitimidade. 
TÓPICO 3- PLANOS DE VALIDADE DA NORMA JURÍDICA
Neste tópico abordaremos acerca dos planos de validade da norma jurídica, sendo que estes são divididos em: existência, validade e eficácia: um complementa o outro para um ótimo funcionamento da normativa jurídica, pautada nos princípios técnicos e éticos. Sua compreensão é válida a fim de entendermos os aspectos extrínsecos e intrínsecos da norma jurídica.
Todavia, os planos de validade possuem a função de assegurar a veracidade e a eficácia da norma jurídica em si, além dos elementos envolvidos nesta validade. Além disso, pode-se compreender que os planos de existência, validade e eficácia são codependentes: auxiliam-se entre si para validar determinada norma jurídica.
PLANOS DE VALIDADE DA NORMA JURÍDICA 
A norma jurídica enquanto parte do direito traz consigo grande relevância, como já foi estudado nos demais tópicos desta unidade. Desta forma, ela possui planos de validade a fim de que seja aplicável de forma eficaz e eficiente, a fim de adaptar-se e alcançar a sociedade em geral
Uma norma jurídica, para que seja obrigatória, não deve estar apenas estruturada logicamente segundo um juízo categórico ou hipotético, pois é indispensável que apresente certos requisitos de validade. Seguindo a esteira de Miguel Reale (2002), o termo “validade” é empregado apenas em sentido genérico, abrangendo a validade formal, a social e a ética (BETIOLI, 2015, p. 273). 
Para Degani (2015), o negócio jurídico tem o objetivo de regularizar os direitos e deveres da sociedade em geral. Desta forma, o autor coloca o “principal exercício da autonomia privada da liberdade negocial. Respeitando sempre os pressupostos de existência, validade e eficácia impostos pela norma jurídica que sobre ele incide” (DEGANI, 2014, p. 3).
Ao analisar a juridicidade de um possível negócio jurídico, a tarefa que se impõe ao intérprete, em primeiro lugar, é a verificação, no plano da existência, da presença dos elementos essenciais ao ato: declaração de vontade, indicação de objeto, solenidade do ato quando exigida. Na prática, o legislador civil não distingue negócio jurídico inexistente de negócio jurídico nulo, o que é um equívoco de natureza teórica (NADER, 2019, p. 316).
Sendo essa a classificação, compreende-se a relevância e participação de cada plano na norma jurídica enquanto funcionalidade. Venosa (2017) corrobora relatando que não devemos esquecer dos três planos: existência, validade e eficácia.
“O ato pode existir, isto é, possuir um aspecto externo de negócio jurídico, mas não ter validade, por lhe faltar, por exemplo, capacidade de agente. Por outro lado, o negócio pode existir, ser válido, mas ser ineficaz, quando sobre ele, por exemplo, pender condição suspensiva” (VENOSA, 2017, p. 382).
PLANO DA EXISTÊNCIA 
O plano da existência aparece em primeiro lugar por conta de seu objetivo: é a partir deste que surgem os pressupostos de exigência, que são os elementos essenciais para o negócio jurídico.
Desta forma, cita-se ainda alguns elementos primordiais no plano de existência: manifestação ou declaração de vontade; partes ou agente emissor de vontade; objeto e forma: exatamente os aspectos mais primários e básicos do negócio jurídico. “Constatada a existência do negócio jurídico, na etapa seguinte o intérprete analisa o plano da validade, quando o ato poderá ser válido ou inválido. Se inválido, a sua classificação será de negócio jurídico nulo ou anulável, conforme o critério da Lei Civil” (NADER, 2019, p. 316).
A classificação é realizada a fim de clarificar os tipos de normas jurídicas existentes, com o objetivo de facilitar na organização e funcionalidade aos juristas. Sendo assim, o negócio jurídico apresenta sua efetividade. Enquanto base dos conteúdos de planos da norma jurídica, há a consigna da existência, como coloca Azevedo (2002).
Contudo, o autor ainda traz que a classificação dos elementos nas normas jurídicas são os elementos gerais, os elementos categoriais e os elementos particulares – todos estes sendo colocados nos planos de existência. Lembrase ainda que os demais planos se encaixam a este a fim de fornecer validade e eficácia ao negócio jurídico.
Elemento do negócio jurídico é tudo aquilo que lhe dá existência no campo do direito. Classificam-se, conforme o grau de abstração, em elementos gerais, isto é, próprios de todo e qualquer negócio; categoriais, que são próprios de cada tipo de negócio; e particulares, ou seja, existentes, sem serem gerais ou categoriais, em determinado negócio (AZEVEDO, 2002, p. 39).
“No plano da existência estão os pressupostos para um negócio jurídico, ou seja, os seus elementos mínimos, enquadrados por alguns autores dentro dos elementos essenciais do negócio jurídico. Constituem, portanto, o suporte fático do negócio jurídico (pressupostos de existência)” (TARTUCE, 2018, p. 377).
PLANO DA VALIDADE 
O plano da validade, sequência do plano de existência, traz os mesmos elementos do plano da existência, com o acréscimo de alguns outros, a fim de validar a existência do negócio jurídico de forma lícita.
A validade pressupõe o exame da competência dos órgãos. Imaginemos um decreto do Governador do Estado que não se contenha dentro das leis vigentes, mas inove na matéria, acrescentando um Direito novo, ou melhor, uma regra jurídica genérica ao Direito já existente (REALE, 2002, p. 110). 
Entretanto, a validade fornece informações que façam com que a norma/ negócio jurídico sejam validados juridicamente de forma lícita. “A regra jurídica costumeira é algo de socialmente eficaz, e como tal reconhecida, para depois adquirir validade formal” (REALE, 2002, p. 113). Azevedo (2002) acrescenta ainda que: “O plano da validade é próprio do negócio jurídico. É em virtude dele que a categoria ‘negócio jurídico’ encontra plena justificação teórica” (AZEVEDO, 2002, p. 41)
Desta maneira, a validade desempenha um papel fundamental no negócio jurídico, na qual valida de forma lícita. Ela é alcançada quando elaborada com todos os critérios estabelecidos para sua validade. “O negócio jurídico que não se enquadra nesses elementos de validade é, por regra, nulo de pleno direito, ou seja, haverá nulidade absoluta ou nulidade” (TARTUCE, 2018, p. 378).
EFICÁCIA 
O negócio jurídico como um todo necessita possuir a essência, a validade e, por fim, a eficácia. Sem os dois primeiros, a eficácia inexiste e por isso são interconectados e codependem um do outro para o funcionamento correto. “Neste sentido, a “eficácia” é vista como a circunstância de a norma ser efetivamente aplicada e observada, sentido diverso, portanto, da “vigência”, apesar de haver certa conexão” (MELLO, 2017, p. 7).
O terceiro e último plano em que a mente humana deve projetar o negócio jurídico para examiná-lo é o plano da eficácia. Nesse plano, não se trata, naturalmente, de toda e qualquer possível eficácia prática do negócio, mas, sim, tão só da sua eficácia jurídica e, especialmente, da sua eficácia própria ou típica, isto é, da eficácia referente aos efeitos manifestados como queridos (AZEVEDO, 2002, p. 49).
Desta maneira, a eficácia possui o papel de avaliar se determinada norma funciona de fato diante da realidade social. “Neste plano, interessa identificar se o Negócio Jurídico repercute juridicamente no plano social, isto é, a eficácia da declaração negocial manifestados como queridos” (DEGANI, 2014, p. 5).
Além disso, a eficácia possui a responsabilidade de avaliar se o negócio jurídico funciona no plano social, ou seja: na prática. “Contudo, o fato é que não há norma jurídica sem um mínimo de eficácia, de execução ou aplicação no seio da comunidade a que se destina” (BETIOLI, 2015, p. 282). Contudo, Mello (2017) coloca: “[...] assim, a regra é a de que a eficáciada norma, que pode ser evidenciada na modalidade observância por parte dos jurisdicionados ou aplicação pelas autoridades competentes, não opera efeitos concernentes à validade, exceto na hipótese de ela ser duradouramente ineficaz” (MELLO, 2017, p. 2). 
TÓPICO 4- SISTEMA E ORDENAMENTO JURÍDICO
Até aqui avaliamos e compreendemos a norma jurídica, certo? Neste tópico aprenderemos como as normas são organizadas, e o motivo pelo qual elas precisam passar por este processo de organização, assim como sua relevância. Cada país possui um ordenamento jurídico de acordo com a sua realidade social, sendo que o principal objetivo do ordenamento é a organização das normas jurídicas para disciplinar a conduta humana.
SISTEMA E ORDENAMENTO JURÍDICO 
Com o objetivo de hierarquizar e organizar as normas jurídicas, a fim de disciplinar a conduta humana, o sistema e ordenamento jurídico possuem a atribuição de organizar – de forma jurídica – as normas jurídicas estudadas anteriormente. “O direito objetivo/positivo, como conjunto de normas e modelos jurídicos, constitui no seu todo um sistema global que se denomina ordenamento jurídico” (BETIOLI, 2015, p. 302). 
Composto por várias normas jurídicas, esta organização ocorre através de hierarquias. Bobbio coloca: “Essa organização complexa é o produto de um ordenamento jurídico. Significa, portanto, em uma definição satisfatória, que o Direito só é possível se nos colocarmos do ponto de vista do ordenamento jurídico” (BOBBIO, 1995, p. 22).
O autor ainda coloca que o termo sistema é cerceado de variados significados, sendo utilizado por várias situações (BOBBIO, 1995). No entanto, quando se trata do sistema e ordenamento jurídico, traz consigo a consigna de organização das normas jurídicas – que são várias, e, segundo o autor, são como as estrelas do céu, impossíveis de serem contadas.
O ordenamento jurídico tem por fim realizar a segurança e a justiça, mas esta não deve ser procurada como algo que existe, em si e por si, na natureza, na razão divina ou em uma razão humana universal, mas tampouco pode, por isso, ser equiparada a tudo o que venha a ser imposto pela autoridade (SEGUNDO, 2009, p. 1)
A estrutura hierárquica utilizada no ordenamento jurídico faz com que as normas jurídicas sejam organizadas em hierarquia, cronologia e especialidade. “Em outros termos, não existem ordenamentos jurídicos porque há normas jurídicas, mas existem normas jurídicas porque há ordenamentos jurídicos” (BOBBIO, 1995, p. 30). Carvalho (2009, p. 333) corrobora relatando que “É o ordenamento jurídico que prescreve a criação, transformação e extinção de suas normas, determinando como suas estruturas devem ser movimentadas e os requisitos a serem observados para a transformação de sua linguagem”.
O termo “ordenamento” é utilizado como substantivo do verbo “ordenar”, para fazer referência ao seu ato ou efeito. O verbo “ordenar” vem do latim ordino, as, ávi,, átum, áre que, em uma de suas acepções, significa “pôr em ordem, arranjar, organizar, dispor de forma regular ou harmônica partes de um todo”. Assim, o conceito que temos de “ordenamento” é de um conjunto de elementos organizados harmonicamente (CARVALHO, 2009, p. 470).
É importante ressaltar que “a validade de todo o ordenamento jurídico, segundo Kelsen, depende do disposto na Constituição vigente, não cabendo ao jurista indagar das causas sociais ou políticas que dão origem a determinado ordenamento jurídico” (BETIOLI, 2015, p. 303). Muitas vezes, surgem conflitos diante das normas jurídicas, as chamadas antinomias jurídicas.
Estas antinomias são resolvidas diante de três tópicos: 
• Hierarquia (por nível de poderio, por exemplo, a Constituição Federal). 
• Cronologia (dos mais novos para os mais antigos). 
• Especialidade (maior poder às normas específicas).
Diante do esquema apresentado, é possível elucidar o poderio de cada normativa legislativa. Kelsen, o autor da pirâmide, dividiu-a em força da lei e inconstitucionalidade da lei, separando em cores a fim de facilitar a compreensão e separar as leis de maior/menor força.
As normas jurídicas, como explica Paulo de Barros Carvalho, “formam um sistema, na medida em que se relacionam de várias maneiras, segundo um princípio unificador”. Estas relações se imperam de forma organizada, sob certa ordem e, por isso, o chamamos de “ordenamento” (CARVALHO, 2009, p. 470)
SISTEMA E ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO 
Os conceitos acerca de sistema e ordenamento jurídico são os mesmos, porém “em cada país há um ordenamento jurídico. No entanto, subordinados a ele, podem formar-se ordenamentos menores, com menor grau de positividade. É a teoria da pluralidade dos ordenamentos internos” (BETIOLI, 2015, p. 311). Por isso a relevância de observarmos o sistema e ordenamento jurídico brasileiro.
Além disso, “há, portanto, países, Estados, com mais de um ordenamento jurídico, que nem sempre obedecem aos mesmos princípios, como é o caso dos cantões da Suíça e dos Estados Federados dos EUA, em que existe um direito local, ao lado de um federal” (VENOSA, 2019, p. 61). Geralmente isso ocorre pelo número elevado de normas dentro de um ordenamento jurídico, para facilitar a organização, portanto, o Estado decide criar mais um ordenamento. Isso não significa que um funcione melhor que o outro, mas que todos funcionam de forma técnica e ética.
Contudo, Venosa (2019, p. 61) ainda amplia este conceito. Para o autor, toda sociedade possui seu próprio ordenamento jurídico. “Toda sociedade política possui seu próprio ordenamento jurídico. Nele há um conjunto de normas ditadas para ter vigência sobre essa determinada sociedade. Nem sempre, porém a sociedade política juridicamente ordenada em Estado terá o mesmo ordenamento jurídico” (VENOSA, 2019, p. 61).
Ao classificar a norma em determinado ordenamento jurídico, é importante que este a classifique enquanto norma válida, a fim de garantir os princípios técnicos e éticos do direito enquanto ciência social. Isso contribui ainda para a correlação entre os elementos normativos pertencentes ao ordenamento em si (FERRAZ JUNIOR, 2019). O autor ainda coloca que: 
A concepção do ordenamento como sistema é consentânea com o aparecimento do Estado moderno e o desenvolvimento do capitalismo. As primeiras manifestações de uma diferença entre entes privados comuns (sociedades religiosas, comerciais) e entes públicos datam da Idade Média e ocorrem por duas razões profundas: as finanças e a guerra (FERRAZ JUNIOR, 2019, p. 141).
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