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Linguagem e língua: conceitos
Você vai estudar a distinção entre linguagem verbal e linguagem não verbal, além das principais
concepções de linguagem e as implicações desses conceitos no uso da língua.
Prof. Luís Cláudio Dallier Saldanha
1. Itens iniciais
Propósito
Ao compreender os conceitos de linguagem e de língua, com suas implicações nas situações de comunicação
e interação, você ampliará suas habilidades relacionadas com a leitura e a escrita da língua portuguesa.
Objetivos
Distinguir linguagem verbal e linguagem não verbal.
Reconhecer as três principais concepções de linguagem e suas implicações no uso do português.
Introdução
Se você acha que língua e linguagem são a mesma coisa, você agora vai aprender que a língua é uma das
diversas linguagens que o ser humano utiliza para se expressar, comunicar e interagir. Claro que todas as
linguagens têm seu valor, mas vamos enfatizar a linguagem verbal, ou seja, a língua.
Vamos relembrar as principais características das linguagens verbal e não verbal, conhecer algumas
concepções de linguagem e identificar algumas implicações do que estamos estudando no uso cotidiano da
língua.
• 
• 
1. Linguagens verbal e não verbal
A língua não precisa ser um mistério
Neste vídeo, reflita sobre a aprendizagem da língua a partir da leitura do poema Aula de português,
destacando a espontaneidade da linguagem mais informal e os desafios da linguagem mais formal.
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
O português que você aprendeu na escola ainda é um mistério, algo distante?
Ao estudarmos sobre conceitos e usos relacionados com a língua portuguesa e outros tipos de linguagem,
devemos fazer uma primeira observação bastante importante: antes de irmos à escola para sermos
alfabetizados, já falamos o português, além de nos expressarmos por meio de outras linguagens, como a
gestual.
A língua que aprendemos na escola, e continuamos estudando aqui, tem algumas características que
podemos identificar lendo o poema Aula de português, de Carlos Drummond de Andrade.
Aula de Português
A linguagem
na ponta da língua,
tão fácil de falar
e de entender
A linguagem
na superfície estrelada de letras,
sabe lá o que ela quer dizer?
Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,
e vai desmatando
o amazonas de minha ignorância.
Figuras de gramática, esquipáticas,
atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.
Já esqueci a língua em que comia,
em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé,
a língua, breve língua entrecortada
do namoro com a prima.
O português são dois; o outro, mistério.
O poema apresenta dois tipos de linguagem:
Estudante fazendo uma apresentação oral em sala de
aula.
Linguagem informal
É a linguagem do cotidiano, que não precisa ser
aprendida na escola para começarmos a usar,
sendo espontânea, oral e fácil de ser usada no
dia a dia.
Linguagem formal
É a linguagem da escola, do professor e dos
livros, aprendida na sala de aula, sendo mais
formal e relacionada com a leitura e a escrita.
Embora a linguagem formal esteja mais relacionada com a escrita e a informalidade seja mais associada com a
fala ou a oralidade, a experiência de aprendizado da língua na escola acaba abrangendo tanto uma quanto
outra modalidade da língua.
Mesmo privilegiando muitas vezes a modalidade escrita, na
escola também aprendemos a modalidade oral porque
somos levados a desenvolver a fala em algumas situações
formais, como apresentação de seminários, participação em
debates regrados e outras situações em que a fala pode ser
menos informal.
De qualquer modo, o último verso do poema resume a
experiência com a língua portuguesa afirmando que “O
português são dois”. No caso, o português da escola, da
leitura e da escrita, é vivenciado como um mistério, algo
difícil na experiência de quem começa a estudá-lo. Mas isso
não precisa ser assim, ainda mais quando estamos muito
distantes daqueles momentos iniciais do aprendizado da língua portuguesa. 
Além da língua do dia a dia, mais informal, devemos conhecer e dominar a língua que usamos na faculdade ou
no ambiente profissional. Por isso, vamos desvendar alguns conceitos e aspectos da língua que podem nos
ajudar a usá-la melhor e com mais eficácia.
A língua e as diferentes linguagens
Neste vídeo, conheça os conceitos e os exemplos de linguagem verbal e não verbal, além da linguagem
hipermidiática.
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
Os diversos tipos de signos
Vamos nos lembrar de que a linguagem é uma capacidade que todo ser humano tem de se comunicar ou
interagir. Não há como pensar em uma sociedade sem algum tipo de linguagem, pois tudo que ela produz e
vivencia é a partir da linguagem.
Podemos dizer que a linguagem constitui todo sistema de sinais ou signos convencionais que nos permite a
comunicação. Mas, o que são signos? 
Os signos são os sinais que os seres humanos produzem quando se comunicam. Veja!
Signo linguístico
Quando falamos ou escrevemos.
Signo imagético
Quando desenhamos um objeto.
Obra A traição das imagens, de René Magritte.
Assim, “ao produzir signos, os seres humanos estão produzindo a própria vida, com eles representam seus
pensamentos, exercem seu poder, elaboram sua cultura e sua identidade etc.” (Orlandi, 2009).
Vejamos a seguir a definição para signo apresentada pela pesquisadora Lucia Santaella.
Signo é uma coisa que representa uma outra coisa: seu objeto. Ele só pode funcionar como signo se
carregar esse poder de representar, substituir uma outra coisa diferente dele.
(Santaella, 1983, p. 58)
O signo representa algo que não está presente. A palavra mesa ou a imagem de uma mesa não são
propriamente o objeto que designamos como “mesa”. Os signos são usados para designar ou significar alguma
coisa.
O pintor belga René Magritte (1898-1967) tem um famoso
quadro, parte da série A traição das imagens, em que
sugere o caráter representativo dos signos. O quadro
apresenta a imagem de um cachimbo com a seguinte
legenda em francês: Ceci n'est pas une pipe (Isto não é um
cachimbo).
De forma irônica, o quadro nos ajuda a compreender que a
linguagem representa o que percebemos da realidade, ou
seja, a imagem de um cachimbo não é o próprio cachimbo.
Por razões óbvias, não dá para usar o cachimbo que foi
pintado.
A distinção entre verbal e não verbal
Assim como os signos podem ser de diversas naturezas ou tipos, há diferentes tipos de linguagem. A
linguagem humana, por exemplo, pode ser:
Linguagem verbal
É aquela que utiliza a palavra, seja escrita ou
falada, como ocorre com um texto de um livro
ou em um bate-papo.
Linguagem não verbal
É aquela que utiliza um tipo de código diferente
da palavra.
Gestos, imagens e sons são exemplos de linguagem não verbal. O semáforo é outro exemplo de linguagem
não verbal. Vejamos mais detalhes sobre a relação das linguagens verbais e não verbais!
Língua e linguagem verbal são termos correspondentes
A partir da caracterização da linguagem verbal como uma linguagem
humana que utiliza a palavra, perceba que a língua é um tipo de
linguagem, mas ela não é a única linguagem de que dispomos. Ou seja, a
língua é uma linguagem humana específica, baseada na palavra.
Diversidade de linguagens
A música, a pintura, a dança, o teatro e o cinema usam signos que
pertencem a outro tipo de linguagem humana, já denominada aqui como
linguagem não verbal. Por isso, são comumente usadas expressões como
linguagem musical, linguagem corporal, linguagem pictórica etc.
Integração entre as linguagens verbal e não verbal
Quando você conversa com outra pessoa, por exemplo, faz uso da
linguagem verbal (a fala) e da linguagem não verbal (gestual, postura
corporal, tom da voz etc.). A história em quadrinhos é outro exemplo de
integração das linguagens verbal e não verbal.
A distinção entre as linguagens verbal e não verbal não deve levar você a concluir que a comunicação
acontece sempre e apenas por meio de um único tipo de linguagem.
Quando falamos usando também nosso gestual, podemos dar mais expressividadeà nossa mensagem e até
mesmo tornar nossa fala mais espontânea ou dinâmica. Do mesmo modo, quando escrevemos usando
recursos visuais, como imagens ou emojis, conferimos nova expressividade ao nosso conteúdo. Esse
hibridismo é chamado de linguagem mista.
Devemos, no entanto, compreender que as regras e as estratégias para o uso de cada tipo de linguagem
podem ser diferentes. 
Ao escrevermos
Seguimos normas gramaticais e princípios de
organização do texto que devem mantê-lo
coeso e coerente.
Ao desenharmos
Os elementos da linguagem visual, como
pontos, linhas, planos e cores, são bem
diferentes das letras ou dos sons das palavras.
Ao gesticularmos
Não estamos preocupados com normas
gramaticais ou regras de composição típicas do
texto escrito, pois os gestos e os elementos da
linguagem visual tendem a ser mais
espontâneos.
É verdade que a linguagem verbal, falada ou escrita, predomina nos atos de comunicação. Mas você deve
reconhecer que a linguagem não verbal está associada intimamente a nossas atividades e possui também sua
relevância. Nossos gestos ao falar ou uma imagem ilustrativa em um texto escrito também dizem muito e, às
vezes, até contradizem o que falamos ou escrevemos.
Exemplo
Imagine alguém dizendo que está calmo e tranquilo, mas, ao mesmo tempo, pisca os olhos em um ritmo
acelerado, tem as mãos trêmulas ou balança pernas e pés em um movimento frenético. Dificilmente essa
pessoa vai convencer o outro de que está calma. 
Linguagem hipermidiática
Conjunto de emojis em destaque.
Com as tecnologias digitais e a internet, essa
integração entre as linguagens verbal e não
verbal fica muito evidente e interessante, pois
usamos palavras, imagens, sons e outros
recursos para interagir nas redes sociais. É
cada vez mais comum trocarmos mensagens
em que a escrita se mistura com emojis ou
emoticons.
Este material didático é um exemplo de
integração entre diferentes tipos de linguagem,
articulando texto escrito com vídeo, podcast,
imagens e símbolos.
Tudo isso é possível por causa de outra
integração: convergência entre diferentes mídias formando o que tem sido chamado de hipermídia. É como se
o livro impresso, o rádio, a televisão e o computador estivessem todos reunidos com suas diferentes
linguagens. Assim, hoje em dia, fala-se de uma linguagem hipermidiática, um bom exemplo dessa integração
de linguagens verbal e não verbal.
Verificando o aprendizado
Questão 1
O poema Aula de português, de Carlos Drummond de Andrade, apresenta uma experiência de aprendizado da
língua que contrapõe duas modalidades de uso da língua. A dificuldade no aprendizado da língua portuguesa
está associada no poema a um tipo de português que é descrito como “mistério”. Esse mistério está
relacionado com
A
a modalidade oral da língua.
B
a modalidade escrita da língua.
C
as modalidades oral e escrita da língua.
D
a linguagem hipermidiática.
E
a linguagem informal.
A alternativa B está correta.
No poema, temos uma referência a duas modalidades da mesma língua: a escrita, que tende a ser mais
formal, e a oralidade, que tende a ser mais informal. A formalidade da língua, experiência relacionada com o
aprendizado da escrita e da leitura na escola, apresenta-se como um mistério porque tem a ver com um
uso do português desconhecido ou pouco familiar do ambiente das brincadeiras e vivências fora da escola.
Questão 2
A linguagem não é algo homogêneo, mas apresenta uma diversidade de signos ou formas de se manifestar.
No entanto, no ambiente escolar ou da faculdade, estamos mais habituados a aprender e a trabalhar com a
escrita. Assim, podemos dizer que nos livros impressos e nas anotações na lousa durante as aulas
predomina(m)
A
a linguagem verbal.
B
a linguagem não verbal.
C
a linguagem hipermidiática.
D
os signos sonoros.
E
os signos pictóricos.
A alternativa A está correta.
A linguagem verbal se caracteriza pela centralidade da palavra escrita ou falada. Tradicionalmente, os
materiais didáticos impressos e as anotações durante uma aula se dão principalmente por meio da escrita,
muito valorizada no contexto escolar ou acadêmico. No entanto, quando um professor está falando ou
mesmo anotando algo na lousa, pode se valer do gestual ou mesmo de alguma linguagem visual, mas elas
não são predominantes, pois atuam ilustrando, complementando ou enfatizando a mensagem que se
produz por meio da escrita ou da fala.
2. Concepções de linguagem
Três diferentes abordagens da linguagem
Linguagem como expressão do pensamento
Já sabemos que a linguagem pode ser formal ou informal e dividida em duas classificações principais: verbal e
não verbal. Agora, precisamos avançar um pouco mais para entender três diferentes abordagens acerca da
linguagem, começando com a concepção que entende a linguagem como expressão do pensamento.
De acordo com essa concepção, a linguagem corresponde a uma expressão que se constrói no interior da
mente e tem, na exteriorização, apenas uma tradução. A linguagem é entendida como uma forma de expressar
pensamentos, sentimentos, intenções, vontades, ordens, pedidos etc.
Nessa forma de entender a linguagem, a intenção de expressar alguma coisa é um ato monológico. Isso quer
dizer que a enunciação ou o ato de fala (o modo como nos expressamos) está centrado na pessoa que se
expressa por meio da linguagem, sem dar tanta importância ao outro e às circunstâncias sociais nas quais a
enunciação acontece.
Monológico
O uso do termo monológico (mono = um, único; logos = discurso racional) não se apresenta como a
fundamentação de um tipo de teoria da comunicação, que defende o discurso como ato centrado
apenas no emissor da fala. Apenas quer mostrar que, nesta concepção da linguagem, tal ato ainda está
centrado na necessidade individual de se comunicar. 
O uso da língua é visto como algo que se limita a quem fala ou escreve.
Não há preocupação sobre como o outro vai ler ou ouvir nossa mensagem. Assim, a exteriorização do
“pensamento por meio de uma linguagem articulada e organizada” depende da capacidade de organizar, de
maneira lógica, esse mesmo pensamento (TRAVAGLIA, 2003, p. 21).
Nessa concepção de linguagem, a correção no uso da língua (falar e escrever bem conforme a gramática
normativa) depende das regras às quais o pensamento lógico deve estar sujeito. Dessa forma, se as pessoas
não se expressam bem ou não usam a língua corretamente, isso acontece porque elas não estão pensando
corretamente. A solução, então, para expressar adequadamente o que se está pensando é a internalização
das regras gramaticais e de seu adequado uso.
Atenção
Mas há um problema: essa concepção acaba sendo uma forma parcial de entender como a linguagem
funciona, pois há outros aspectos envolvidos além da intenção de exteriorizar o que pensamos. Não é o
caso de afirmar que a concepção está errada. Precisamos avançar e verificar outras formas
complementares de compreender a linguagem. 
Linguagem como instrumento de comunicação
A linguagem deve ser compreendida além de sua função de expressar o que pensamos ou sentimos, pois, ao
nos expressarmos, nos dirigimos a alguém, ou seja, comunicamos algum tipo de mensagem para uma ou mais
pessoas. Por isso, há outra concepção de linguagem que compreende a língua, por exemplo, como um código
por meio do qual elaboramos nossas mensagens para serem comunicadas.
Código
O código é entendido como “um conjunto de regras que permite a construção e a compreensão de
mensagens. É, portanto, um sistema de signos. A linguagem é, por conseguinte, um dentre outros
códigos (código marítimo, código rodoviário)”. Dentre todos os outros códigos, a linguagem verbal, seja
escrita ou oral, é o único código que “pode falar dos próprios signos que os constituem ou de outros
signos” (VANOYE, 1981, p. 30).
A língua é tomada predominantemente como um código, que deve ser utilizado com eficiência, ou seja, deve
tornar inteligível a mensagem que se quer comunicar, levando o receptor a responder adequadamente ao
objetivo da comunicação.
Para que haja a comunicação, o códigoque utilizamos, seja ele a língua ou outro sistema de signos, precisa
ser conhecido ou dominado pelo nosso interlocutor para que a comunicação se realize. O uso do código, no
caso, a própria língua, “é um ato social, envolvendo consequentemente pelo menos duas pessoas”. Por isso, “é
necessário que o código seja utilizado de maneira semelhante, preestabelecida, convencionada para que a
comunicação se efetive” (TRAVAGLIA, 2003, p. 22).
Atenção
A concepção da linguagem como instrumento de comunicação tem, porém, uma limitação. É uma
concepção centrada no código, ou seja, voltada principalmente para o funcionamento interno da língua
ou de outra linguagem utilizada, deixando de lado aspectos como a relação entre a linguagem e o
contexto social e histórico. Por isso, você precisa conhecer outra concepção de linguagem que permita
avançar na compreensão da linguagem e seus usos. 
Linguagem como experiência de interação humana
Nessa concepção, a língua é mais do que tradução e exteriorização do pensamento e, também, vai além da
transmissão de informação ou da comunicação. Ao usar a língua, o indivíduo realiza ações, age, atua sobre o
interlocutor. A linguagem, aqui, é um “lugar de interação humana, de interação comunicativa pela produção de
efeitos de sentido entre interlocutores, em uma dada situação de comunicação e em um contexto sócio-
histórico e ideológico” (TRAVAGLIA, 2003, p. 23).
Quem utiliza a língua não expressa apenas o pensamento, não comunica somente alguma coisa, na verdade,
ao usar a língua, o indivíduo ou os interlocutores “interagem enquanto sujeitos que ocupam lugares sociais e
‘falam’ e ‘ouvem’ desses lugares de acordo com as formações imaginárias (imagens) que a sociedade
estabeleceu para tais lugares sociais” (TRAVAGLIA, 2003, p. 23).
Para ilustrar, veja um exemplo:
A Interação inicia
Todos já observaram uma situação em que a identificação apenas da
linguagem oral entre dois sujeitos corresponderia a um ato comunicativo
direto. No entanto, notamos que a interação social faz com que aquilo
que é dito seja muito maior.
Ordem e reação
Isso ocorre, por exemplo, quando estamos em um espaço e observamos
mãe e filha interagindo, em que a primeira faz referência ao
comportamento da segunda, com uma ordem direta.
O Impacto observado
A reação da filha cria em nós, observadores, uma série de julgamentos,
leituras, valores e interações que nos remetem à própria relação familiar.
Tudo que falamos e ouvimos tem o poder de provocar reações, produzir mudanças, despertar sentimentos e
paixões, desencadear processos e ações.
O Poder da autoridade
Se um agente da lei, dirigindo-se a uma pessoa, dá voz de prisão e diz
“esteja preso!”, ele não está simplesmente exteriorizando seu
pensamento ou comunicando uma novidade, não é mesmo?
A Palavra que transforma
Quando consideramos as palavras de um juiz ao proferir a célebre frase
clássica “Eu vos declaro marido e mulher!”, temos um exemplo de que o
uso da língua pode ser mais do que expressão do pensamento ou
comunicação de uma informação.
Nesse caso, a fala da autoridade faz surgir ou realiza um ato social e
jurídico.
O diálogo também caracteriza a concepção de linguagem como interação social, constituindo-se numa
dimensão privilegiada do uso da língua. 
Diálogo
Considerando sua origem latina (dia = separação, confronto; logos = discurso racional), apresenta-se
como a exigência de, pelo menos, dois interlocutores no ato da fala, que é diferente da concepção
monológica vista anteriormente. Trata-se, sem dúvida, de apresentar uma intencionalidade por parte
daquele que fala. 
Atenção
Para estar inserido na vida em sociedade, é preciso que a língua seja utilizada para favorecer a abertura
ao diálogo, a interação entre as pessoas. Além disso, a própria língua é dialógica, ou seja, o que falamos
e escrevemos se relaciona com aquilo que lemos e ouvimos ao longo da vida. 
Como você viu até aqui, é preciso avançar na compreensão da linguagem para além da sua finalidade de
comunicação e da divisão entre linguagens verbal e não verbal. A linguagem pode ser concebida como
expressão do pensamento, como instrumento de comunicação e, mais adequadamente, como lugar de
interação humana.
As três concepções da linguagem podem ser resumidas da seguinte forma:
Expressão do pensamento
A expressão se constrói no interior da mente.
Ato monológico, individual.
Regras para a organização lógica do pensamento: gramática normativa.
Para quem se fala, em que situação e para que se fala não são preocupações no uso da língua.
Comunicação
Meio objetivo para a comunicação.
A expressão nasce da necessidade de se comunicar.
Troca de mensagens entre emissor e receptor.
Existência de códigos para a eficiência da comunicação.
Preocupação com o meio, o destinatário, a mensagem e a utilização eficiente do código.
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Interação humana
Experiência de interação humana.
A expressão é também ação.
Privilegia o diálogo e a interatividade.
Valorização do contexto dos usuários da língua e adequação no uso da língua.
Preocupação com as dimensões afetivas e sociais.
Três diferentes abordagens da linguage
Neste vídeo, entenda as concepções de linguagem como expressão do pensamento, instrumento de
comunicação e experiência de interação.
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
Linguagem e interação
Neste vídeo, compreenda as implicações do conceito de linguagem como experiência de interação no uso da
língua em diferentes situações.
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
Se a linguagem é interação, então, o que ouvimos pode afetar muito nossa vida e nosso humor. O que falamos
também provoca efeitos e reações no outro. 
As implicações no uso do português
Quando entendemos que a linguagem é mais do que expressão ou espelho do pensamento, que vai além de
ser veículo de comunicação, devemos considerar nossas intenções na produção dos textos e o impacto
naqueles que vão ouvir ou ler nossas palavras. Também devemos dar atenção ao contexto em que a
mensagem é produzida e às possíveis situações em que será recebida.
Se a linguagem é interação, pois produz reações e resultados, alguns elementos podem ser desejáveis no seu
uso:
Clareza e precisão no que queremos
comunicar
Cortesia, polidez e tom cordial
Abertura ao diálogo Sustentação de um posicionamento sem
desmerecer a opinião do outro
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Uso de recursos persuasivos
Se queremos manter o diálogo e construir pontes, devemos cuidar da maneira como falamos, escolhendo as
palavras e o tom mais apropriado.
Exemplo
Em uma reunião de trabalho, ao precisar discordar de um colega, mantendo abertura ao diálogo e
interagindo sem desmerecer a opinião do outro, não é apropriado dizer “Sua opinião está completamente
errada e vai prejudicar totalmente o projeto”. O apropriado seria: “Talvez você tenha se equivocado, pois
não consigo identificar de que modo sua proposta contribui para o projeto”. Uma alternativa adequada
também seria: “É possível que sua opinião precise ser revista, pois sua proposta pode causar algum
prejuízo ao projeto”. 
Ao estudar a linguagem, é preciso compreender que não basta escrever e falar com correção gramatical,
coerência, coesão e clareza. Além dessas qualidades importantes, nosso texto escrito ou oral deve promover
o diálogo, a interação e as condições para mantermos relações civilizadas. É interessante lembrar, por
exemplo, que há concursos ou exames em que o candidato pode ser desclassificado ao escrever de forma
desrespeitosa aos direitos humanos ou usando linguagem antissocial e inadequada.
Verificando o aprendizado
Questão 1
Uma concepção de linguagem bastante abrangente entende que a língua é interação. Indique a alternativa
que corretamente se associa à concepção de linguagem como experiência de interação humana.
A
O uso da língua serve apenas para expressar o pensamento.
B
O diálogo e a atuação sobre o outro são características importantes da linguagem.
C
Falamos ouescrevemos corretamente somente quando pensamos corretamente.
D
A internalização das regras gramaticais serve para adestrar ou organizar o pensamento.
E
A expressão se constrói no interior da mente.
A alternativa B está correta.
O diálogo e a interação são privilegiados na concepção de linguagem como lugar de interação. As demais
opções estão incorretas porque se referem à concepção de linguagem como expressão do pensamento.
Questão 2
Compreender o conceito de linguagem como experiência de interação humana e social implica alguns
cuidados no uso da língua portuguesa. Indique a alternativa que aborda corretamente um ou mais cuidados
necessários.
A
Aplicar regras gramaticais para deixar os textos muito formais.
B
Dizer sempre o que pensamos sem nos preocupar com a forma como o outro vai nos ouvir.
C
Deixar de lado nossas intenções e o contexto histórico-social na produção dos textos.
D
Falar ou escrever buscando abertura ao diálogo e se posicionando sem desmerecer a opinião do outro.
E
Focar a mensagem, deixando de lado preocupações com o modo como falamos ou escrevemos.
A alternativa D está correta.
Compreender a linguagem como interação é ter cuidado com efeitos e reações provocados no outro diante
do que dizemos e da forma como dizemos.
3. Conclusão
Considerações finais
Como vimos, a linguagem é constituída de sinais ou signos, que permitem a comunicação entre os seres
humanos. Quando o signo é centrado na palavra escrita ou oral, ele é identificado como linguagem verbal. Os
demais tipos de signos formam outro conjunto de linguagens denominado linguagem não verbal, como é o
caso da pintura e dos gestos.
A integração entre diferentes tipos de linguagem é algo muito antigo, mas que se intensificou com as
tecnologias digitais ou a chamada linguagem hipermidiática.
Verificamos também que há diversas concepções de linguagem, algumas valorizam a exteriorização do que
pensamos, outras são voltadas para a importância da comunicação entre as pessoas, enquanto alguns
entendimentos mais recentes apontam para a linguagem também como interação, permitindo que, por meio
dela, ações e reações aconteçam.
Para que tenhamos uma experiência enriquecedora e proveitosa com a língua portuguesa na expressão do
nosso pensamento, nas situações de comunicação e nas interações com as pessoas, precisamos conhecer a
língua e aproveitar os recursos que ela nos oferece. Aqui, foi possível observar parte desse conhecimento.
Use o que você aprendeu para vivenciar novas experiências com a língua portuguesa.
Podcast
Acompanhe um bate-papo com os professores Luís Cláudio Dallier, Antônio Soares Abreu e Maria Franco
de Moura sobre os conceitos de língua e linguagem.
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Acesse a versão digital para ouvir o áudio.
Explore +
Confira as indicações que separamos especialmente para você!
 
Assista ao documentário As origens da linguagem, produzido pela Crescendo Films – NHK em 2008,
que está disponível no YouTube.
Veja também o vídeo Comunicação animal, no canal da Khan Academy, no YouTube, para uma breve e
interessante abordagem da Biologia Comportamental.
 
Para aprimorar seus estudos sobre as diferentes linguagens, a partir de exemplos práticos, leia o texto Tipos
de linguagem: verbal, não verbal e mista, disponível no site da Enciclopédia Significados. Vale conferir!
Referências
SILVA, J. C. da. Filosofia da linguagem: da Torre de Babel a Chomsky. Pedagogia & Comunicação, 2009.
 
KOCH, I. V. A interação pela linguagem. 8. ed. São Paulo: Contexto, 2003.
 
• 
• 
MARCHEZINI-CUNHA, V.; TOURINHO, E. Z. Assertividade e autocontrole: interpretação analítico-
comportamental. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 26 n. 2, p. 295–304, abr. –jun. 2010.
 
ORLANDI, E. P. O que é Linguística. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 2009.
 
PALOMO, S. M. S. Linguagem e linguagens. Eccos Revista Científica, v. 3, n. 2, p. 9–15, dez. 2001.
PETTER, M. Linguagem, língua, Linguística. In: FIORIN, J. L. (org.). Introdução à Linguística I. São Paulo:
Contexto, 2003.
 
SANTAELLA, L. O que é semiótica. São Paulo: Brasiliense, 1983.
 
TRAVAGLIA, L. C. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática. 9. ed. São Paulo: Cortez,
2003.
 
TRIGUEIRO, O. O estudo científico da comunicação: avanços teóricos e metodológicos ensejados pela escola
latino-americana. Pensamento Comunicacional Latino-Americano, v. 2, n. 2, jan.–mar., 2001.
 
VANOYE, F. Usos da linguagem: problemas e técnicas na produção oral e escrita. São Paulo: Martins Fontes,
1987.
	Linguagem e língua: conceitos
	1. Itens iniciais
	Propósito
	Objetivos
	Introdução
	1. Linguagens verbal e não verbal
	A língua não precisa ser um mistério
	Conteúdo interativo
	Linguagem informal
	Linguagem formal
	A língua e as diferentes linguagens
	Conteúdo interativo
	Os diversos tipos de signos
	Signo linguístico
	Signo imagético
	A distinção entre verbal e não verbal
	Linguagem verbal
	Linguagem não verbal
	Língua e linguagem verbal são termos correspondentes
	Diversidade de linguagens
	Integração entre as linguagens verbal e não verbal
	Ao escrevermos
	Ao desenharmos
	Ao gesticularmos
	Exemplo
	Linguagem hipermidiática
	Verificando o aprendizado
	2. Concepções de linguagem
	Três diferentes abordagens da linguagem
	Linguagem como expressão do pensamento
	Atenção
	Linguagem como instrumento de comunicação
	Atenção
	Linguagem como experiência de interação humana
	A Interação inicia
	Ordem e reação
	O Impacto observado
	O Poder da autoridade
	A Palavra que transforma
	Atenção
	Expressão do pensamento
	Comunicação
	Interação humana
	Três diferentes abordagens da linguage
	Conteúdo interativo
	Linguagem e interação
	Conteúdo interativo
	As implicações no uso do português
	Clareza e precisão no que queremos comunicar
	Cortesia, polidez e tom cordial
	Abertura ao diálogo
	Sustentação de um posicionamento sem desmerecer a opinião do outro
	Uso de recursos persuasivos
	Exemplo
	Verificando o aprendizado
	3. Conclusão
	Considerações finais
	Podcast
	Conteúdo interativo
	Explore +
	Referências

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