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Trauma Raquimedular (TRM) Dr. Adilson Góes R. Junior Fonte: Sizínio 5ª Ed Trauma Raquimedular - TRM • EPIDEMIOLOGIA • Homens (4:1) • 15 – 40 anos • MECANISMO DE TRAUMA • ACIDENTES AUTOMOBILÍSTICOS à PRINCIPAL • Queda de altura • Mergulho em águas rasas • FAF • INCIDÊNCIA NA COLUNA VERTEBRAL • Cervical à 2/3 dos casos (principal local!!) • Torácica à 10% • Toracolombar à 4% TRM – Anatomia •33 ou 34 vértebras •7 cervicais •12 torácicas •5 lombares •5 sacrais •4 ou 5 coccígeas TRM – Anatomia • FORAME VERTEBRAL à é composto pela parede posterior do corpo vertebral e pela parede anterior do arco vertebral • CANAL RAQUÍDEO OU RAQUIMEDULAR à é a superposição dos vários forames vertebrais, responsável por alojar e proteger a medula espinal. TRM – Anatomia • MEDULA ESPINHAL à nos adultos, possui cerca de 45cm e estende-se desde a altura do atlas (C1) até a L1 – L2 • CONE MEDULAR • Filum terminale (= pia máter): se insere próximo ao primeiro segmento coccígeo. • Na parte baixa do canal vertebral, descendem as raízes dos nervos espinais caudais, que, junto com o filum terminale, formam CAUDA EQUINA • Inicia ao nível de T11 e termina no nível de S3, ocupando, sozinha, o canal vertebral abaixo de L2 TRM – Anatomia • PARES DE NERVOS RAQUIDIANOS • Existem 31 pares de nervos espinais • 08 cervicais à emergem cranialmente à vértebra correspondente • 12 torácicos à Emergem caudalmente • 05 lombares à Emergem caudalmente • 05 sacrais à Emergem caudalmente • 01 coccígeo à Emergem caudalmente TRM – Anatomia • DERMÁTOMOS à transmitem informações sensitivas • MIÓTOMOS à grupo de músculos inervado por uma raíz • TRATOS ESPINHAIS à Substância branca circundando a substância cinzenta – onde a maioria dos corpos celulares dos neurônios espinais está localizada. TRM – Clínica • SINAIS E SINTOMAS: • Respiração diafragmática • Perda da resposta ao estímulo doloroso • Incapacidade de realizar movimentos voluntários nos membros • Alterações do controle dos esfíncteres / priapismo • Presença de REFLEXOS PATOLÓGICOS à Babinski e Oppenheim (indicando lesão do neurônio motor superior). • Queda da pressão arterial + acompanhada de bradicardia à Choque neurogênico. • A reposição de líquidos deve ser evitada no choque neurogênico, para não sobrecarregar a volemia TRM – Clínica Em indivíduos INCONSCIENTES e vítimas de colisão de automóveis ou quedas, a possibilidade de a coluna cervical estar lesada é de 5 a 10% Normal Babinski Oppenheim TRM – Exame Físico • O exame neurológico consiste na avaliação da sensibilidade, da função motora e dos reflexos. • SENSIBILIDADE à realizada no sentido craniocaudal • Avaliação da sensibilidade quanto: temperatura, dor e tato • VIBRAÇÃO à verificada por meio de diapasão ou da posição espacial dos membros • DERMÁTOMOS • Algumas regiões anatômicas têm relação com os dermátomos e importância semiológica: • Mamilos (T4), o processo xifoide (T7), o umbigo (T10), a região inguinal (T12 a L1) e a região perineal (S2, S3 e S4) C3 = Acima da clavícula C4 = Clavícula TRM – Exame Físico • AVALIAÇÃO MOTORA • Escala de Força de Kendall • Escala de Frankel (Sensitiva e Motora) TRM – Exame Físico • AVALIAÇÃO MOTORA • Escala de Força de Kendall • Escala de Frankel (Sensitiva e Motora) TRM – Exame Físico • REFLEXOS • A ausência desse reflexo pode indicar lesão do nervo periférico, interrompendo o arco reflexo, ou presença de choque medular. • Os reflexos tendíneos profundos de maior importância clínica são bicipital (C5), estilorradial (C6), tricipital (C7), patelar (L4) e do calcâneo (S1). • Os reflexos abdominais e cremastéricos são testes do neurônio motor superior • A ausência indica lesão deste neurônio, enquanto a perda assimétrica sugere lesão no neurônio motor inferior. TRM – Exame Físico • As lesões do neurônio motor superior podem, também, ser diagnosticadas pela presença de REFLEXOS PATOLÓGICOS evidenciados pelos testes de Babinski ou de Oppenheim. • O REFLEXO BULBOCAVERNOSO é de grande importância na avaliação dos pacientes com TRM que apresentam CHOQUE MEDULAR. • Obtido por meio da estimulação do pênis ou do clitóris, provocando contração do esfincter anal • O Reflexo bulbocarvenoso que normalmente está presente (ausência = lesão) • O retorno desse reflexo indica o término do choque medular, permitindo a determinação do déficit neurológico após a lesão Níveis neurológicos – Reflexos raízes lombares • L3 = Reflexo Adutor • Paciente sentado + percussão ao nível dos tendões adutores • Mediado pelo N. OBTURATÓRIO • L4 = Reflexo patelar • Mediado pelo N. FEMORAL • L5 = Não há reflexo • S1 = Reflexo aquileu • Mediado pelo RAMO TIBIAL DO CIÁTICO Exame Neurológico DICA PARA DECORAR: As vértebras cervicais ímpares possuem nível motor no cotovelo TRM – Quantificando e Classificando a lesão • Nível de lesão neurológica à é considerado o segmento mais caudal da medula espinal que apresenta as funções sensitivas e motoras normais de ambos os lados. • Nível sensitivo à nível mais caudal da medula espinal que apresenta sensibilidade normal • Nível motor à nível mais caudal da medula espinal que apresenta motricidade normal • Nível esquelético à determinado por meio de radiografias e corresponde à vértebra lesionada TRM – Quantificando e Classificando a lesão • Lesão medular completa à Ausência total de sensibilidade e de função motora nos segmentos sacrais baixos da medula espinal • Lesão medular incompleta à Preservação parcial das funções motoras abaixo do nível neurológico, incluindo os segmentos sacrais baixos da medula. •Obs.: Algumas SÍNDROMES MEDULARES têm sido descritas e apresentam quadro neurológico característico, dependendo da localização da lesão no interior da medula espinal Lesões incompletas - Prognóstico (1) Quanto maior for a preservação da função motora e sensitiva caudal à lesão, maior será a recuperação esperada; (2) Quanto mais cedo a recuperação aparecer e quanto mais rapidamente ela progredir para a melhora, maior será a expectativa de recuperação; (3) A recuperação pode ocorrer ao longo de 12 a 15 meses, mas uma vez que o progresso cessar, a recuperação mais longa não deve ser esperada. Síndromes Medulares – Lesões incompletas • SÍNDROME DA MEDULA CENTRAL: • A MAIS COMUM / Possui bom prognóstico (A QUE POSSUI MELHOR PROGNÓSTICO) • Ocorre, PRINCIPALMENTE, NA REGIÃO CERVICAL / Lesão central da medula (substâncias cinzenta e branca) • Apresenta COMPROMETIMENTO DOS MEMBROS SUPERIORES MAIS ACENTUADO QUE DOS MEMBROS INFERIORES. • SÍNDROME DE BROWN-SÉQUARD à Hemissecção da medula • Ocasiona perda das funções MOTORA E PROPRIOCEPTIVA DO LADO DA LESÃO + PERDA DA SENSIBILIDADE À DOR E À TEMPERATURA DO LADO OPOSTO. • Bom Prognóstico • SÍNDROME DA MEDULA ANTERIOR: • PERDA DA FUNÇÃO MOTORA E DA SENSIBILIDADE À DOR E A TEMPERATURA / PRESERVAÇÃO DA PROPRIOCEPÇÃO E DA SENSIBILIDADE VIBRATÓRIA • PROGNÓSTICO RUIM • SÍNDROME DA MEDULA POSTERIOR (“O contrário da anterior”): • Perda da propriocepção e da sensibilidade vibratória / função motora e a sensibilidade à dor e ao tato estão preservadas • RARA • SÍNDROME DO CONE MEDULAR à lesão da medula espinal no nível sacral / geralmente no nível ósseo de T12-L1 • Resulta em incontinências fecal e vesical e em alteração da função sexual + Paralisia flácida dos MMII. A sensibilidade está alterada em três a quatro segmentos sacrais distais e coccígeos (anestesia em cela), enquanto o reflexo bulbo cavernoso encontra-se ausente. • CASO NÃO OCORRA RETORNO DO REFLEXO BULBOCAVERNOSO E DA PISCADELA ANAL = SD IRREVERSÍVEL • SÍNDROME DA CAUDA EQUINA • A lesão isolada dos nervos espinais da cauda equina (lesão da cauda equina) no interior do canal vertebral costuma ocorrer nas fraturas distais em L1 a L2, NÃO SENDO, DE FATO, LESÕES DA MEDULA. O quadro clínico depende da raizatingida, e podem ser observados paresia do membro inferior, arreflexia, distúrbios da sensibilidade e incontinências fecal e vesical. TRM - American Spine Injury Association (ASIA) • A American Spine Injury Association (ASIA) desenvolveu um método para a avaliação e classificação neurológica do TRM • O método possui 02 etapas: • OBRIGATÓRIA è Avaliação neurológica baseada na SENSIBILIDADE e na FUNÇÃO MOTORA, na qual são determinados o nível da lesão neurológica, o nível motor e o nível sensitivo à Fornecem um escore. • OPCIONAL = Avaliação da sensibilidade profunda, da propriocepção e de dor profunda à Não entra na formação do escore TRM - American Spine Injury Association (ASIA) • ETAPA OBRIGATÓRIA à AVALIAÇÃO DA SENSIBILIDADE • Avaliação da sensibilidade tátil e dolorosa do paciente • PESQUISADA NOS 28 DERMÁTOMOS (ambos os lados) e atribuindo-se valor numérico de acordo com o achado clínico • 0: ausente • 1: Comprometida • 2: Normal • NT: Não testada TRM - American Spine Injury Association (ASIA) • ETAPA OBRIGATÓRIA à AVALIAÇÃO MOTORA • Exame, de ambos os lados, de músculos denominados músculos-chave, em 10 PARES DE MIÓTOMOS, e a força muscular é graduada de acordo com a Escala de Kendall • O esfincter anal externo deve ser também analisado para avaliar a capacidade de contração voluntária (sim ou não) • Os músculos selecionados para a avaliação: • C5: Flexores do cotovelo. C6: Extensores do punho. • C7: Extensores do cotovelo. C8: Flexores do dedo (falanges média e distal). • T1: Abdutores (dedo mínimo). • L2: Flexores do quadril (Iliopsoas). L3: Extensores do joelho (Quadríceps). • L4: Dorsiflexores do tornozelo (Tibal Anterior). L5: Extensor longo do Hálux . • S1: Flexores plantares do tornozelo ASIA – Sensitivo ASIA – Motor TRM – AVALIAÇÃO RADIOGRÁFICA •RADIOGRAFIAS à AP + PEFIL • INCIDÊNCIAS ADICIONAIS: • COLUNA CERVICAL • Transoral (Odontóide) • Nadador • incidências sob tração dos membros superiores (Coluna cervical baixa) •Obs.: Radiografias dinâmicas (flexão / extensão / ...) è CONTRAINDICADAS ROCKWOOD è Entre 83 – 99% das lesões da coluna cervical TOTAL podem ser diagnosticadas quando associadas as 03 incidências TRM – AVALIAÇÃO RADIOGRÁFICA •TOMOGRAFIA à Fraturas ocultas / Avaliação de estabilidade / Fragmento intra-canal •RNM à Sempre que possível!!!! • Deve ser realizada na fase primária do diagnóstico, •Melhor visualização de lesões medulares, hematomas, lesões ligamentares, hérnias discais e coleções líquidas. TRM – Tratamento • Deve ser instituído no momento do atendimento inicial à Ainda fora do ambiente hospitalar = Com o objetivo de evitar lesões adicionais ou ampliação das lesões já existentes. • Imobilização da coluna cervical à Deve ser realizada em todos os indivíduos politraumatizados e retirada somente a pós a confirmação da ausência de lesão. • Estima-se que de 3 a 25% das lesões medulares ocorrem APÓS o trauma inicial, durante o transporte ou nas fases iniciais do atendimento • Como 20% das lesões da coluna envolvem múltiplos níveis adjacentes, deve-se considerar que toda a coluna está sob risco durante o transporte e a manipulação do paciente. TRM – Tratamento •O tratamento na emergência tem como objetivo principal a manutenção e o restabelecimento das funções vitais do paciente •ATENÇÃO PARA O CHOQUE NEUROGÊNICO = Hipotensão associada a bradicardia • Indivíduos com lesão acima de T6 • Evitar a administração de líquidos e a consequente sobrecarga hídrica. TRM – Tratamento com METILPREDINISOLONA??? • Deve ser iniciada nas primeiras oito horas após o trauma. • DOSE • 30 mg/kg de peso, aplicada em bolo durante 15 minutos • 45 minutos após essa dose em bolo, administram-se 5,4 mg/kg em infusão constante, por 23 horas. • A dose total é de 154,2 mg/kg de peso em 24 horas • CONTRA-INDICAÇÕES • Ferimentos por arma de fogo ou branca • Pacientes com risco de morte • Indivíduos abaixo de 14 anos • Mulheres grávidas TRM – Tratamento com METILPREDINISOLONA??? Atualmente, os grandes centros, não utilizam a metilpredinisolona no tratamento do TRM TRM – Tratamento Definitivo •O tratamento definitivo da lesão no segmento vertebral consiste no tratamento específico para cada fratura •Deve ser realizado o mais cedo possível !!!