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39712. ecOnOMIA (3) No ano considerado, a Renda Nacional de Alfa foi inferior à Renda Disponível Bruta desse país. 1: Incorreta. Por definição, o investimento é igual à poupança bruta doméstica. Neste caso, a poupança é insuficiente para suprir as neces- sidades de financiamento agregado do investimento, uma vez que o país sofre uma perda de poupança resultante do envio de rendas para o exterior por parte de não residentes (10) maior do que o recebimento de renda por parte de emigrantes do país Alfa. 2: Incorreta. A diferença entre Renda Nacional Bruta e Renda Interna Bruta é a renda líquida enviada ao exterior. Em termos matemáticos, Renda Nacional Bruta = Renda Interna Bruta – Renda Enviada ao Exterior + Renda Recebida do Exterior Como a renda enviada (pagamentos de salários a não residentes por empresas do país Alfa) é maior do que a renda recebida do exterior (remessas financeiras de emigrantes a seus familiares residentes no país Alfa), a Renda líquida enviada ao exterior é positiva, isto é, o envio é maior do que o recebimento. Com efeito, a renda nacional bruta é menor do que a renda interna bruta. 3: Incorreta. A renda disponível está associada a impostos diretos, desconto de lucros retidos, contribuições previdenciárias e transferên- cias governamentais às famílias, dados que o problema não oferece ao candidato, inviabilizando a conclusão da afirmativa. Gabarito 1E, 2E, 3E 3. economIa InternacIonal (Diplomacia – 2012 – CESPE) No que se refere à economia internacional e a questões a ela relacionadas, assinale a opção correta. (A) Em economias que privilegiam a produção, tarifas são preferíveis a quotas, porque, embora reduzam o excedente do consumidor, deixam o do produtor inalterado. (B) No modelo ricardiano das vantagens comparativas, os ganhos do comércio são explicados pelas diferenças da produtividade marginal relativa do fator trabalho entre os países. (C) Considere que uma empresa mineradora brasileira compre empresa da área de mineração na Tailândia. Nessa situ- ação, a transação deve ser registrada na conta capital da CCF (conta capital e financeira) do balanço de pagamentos brasileiro. (D) Políticas fiscais expansionistas contribuem para a depre- ciação da moeda e para o aumento do investimento e das exportações líquidas. (E) Como o contágio que caracterizou as crises de câmbio do período 1980-2000 deveu-se ao canal financeiro, não houve deterioração da balança comercial dos países afetados por esse fenômeno. A alternativa correta é a afirmativa (B). O modelo ricardiano das vantagens comparativas busca mostrar que a diversificação da pauta exportadora é uma solução inferior aos países, uma vez que o comér- cio internacional permite um aumento da produtividade dos países que concentrarem sua produção nos bens em que apresentam maior capacidade produtiva, isto é, nos bens que custam menos horas de trabalho por unidade. A falha fundamental do modelo ricardiano está na desconsideração do (ou falta de ênfase no) fator tecnologia. Com efeito, o país deve produzir aquilo que lhe custa menos e importar o bem que apresentar maiores custos. Podemos usar o termo “cus- tos comparativos” para sintetizar o problema, porque se trata das diferenças entre os custos comparativos dos países na produção de bens que os motivam a especializar-se em tal ou tal produto. Um país pode ter custos absolutos menores em todos os produtos, mas comparativamente, é melhor especializar-se em alguns, o que lhe permite fazer trocas com outros países. Aí vale ressaltar que o custo comparativo é uma síntese entre custos absolutos de produzir um bem e custos de oportunidades. Com isso, os países ganham com uma maior produtividade da economia mundial, melhorando o bem-estar daqueles envolvidos no comércio internacional. De forma esquemática, podemos entender a teoria das vantagens comparativas da seguinte maneira: A: Incorreta. Tarifa é um imposto cobrado pelo país importador quando um bem importado cruza sua fronteira. A aplicação de uma tarifa gera efeitos tanto sobre o excedente do consumidor quanto sobre o excedente do produtor, conforme a figura abaixo. A curva em vermelho representa a oferta da economia aberta. O triângulo retângulo mostra o excedente do consumidor, o qual pode consumir mais numa economia aberta, em que os produtores nacionais concorrem com os produtos importados, reduzindo os preços e permitindo um maior consumo por parte dos cidadãos. A imposição de uma tarifa, reduz o excedente do consumidor e aumenta o ganho do produtor (área verde do gráfico da direita). C: Incorreta. A referida transação deve ser debitada (uma vez que se trata de divisa abandonando o país) na rubrica Investimento Direto de Empresas Brasileiras no Exterior, a qual consta da Conta Financeira do Balanço de Pagamentos e não na Conta Capital. AnDRÉ ROncAglIA De cARvAlHO 398 D: Incorreta. Uma política fiscal expansionista, em regime de câmbio flutuante, leva a um aumento da renda que amplia a demanda por investimentos e por importações, ou seja, levam a uma queda das exportações líquidas, uma vez que essas dependem da renda do restante do mundo e da elasticidade-preço das exportações. Assim, mantidas constantes as exportações, o aumento das importações faz com que haja pressão sobre a demanda por moeda estrangeira, levando à desvalorização do câmbio, a qual pode ou não levar a uma melhoria nas exportações líquidas, a depender dos fatores mencionados. Além disso, é válido mencionar que que políticas fiscais expansionistas não têm eficácia em regime de câmbio flutuante. O aumento dos gastos obriga o governo a aumentar os juros para financiar o déficit das suas contas. O aumento dos juros contribui para atrair moeda estrangeira, apreciando a taxa de câmbio, o que resulta em uma diminuição das exportações líquidas. E: Incorreta. Há uma solidariedade entre os fenômenos financeiros e comerciais do balanço de pagamentos, de maneira que se um é afetado, o outro deve ser ativado para compensar os desequilíbrios. Assim, o fato de as crises das décadas de 1980 e 2000 terem um caráter financeiro proeminente, a posição comercial do país é fundamental para que o mesmo consiga sair da crise, haja vista que é o comércio que provê as divisas que propiciarão o pagamento das dívidas, bem como garantirão a conversibilidade da moeda doméstica perante os demandantes de divisas. Nesse tocante, as crises financeiras geral- mente têm antecedentes associados a uma abundância de influxos de capitais, os quais promovem uma forte valorização do câmbio, a qual induz a desequilíbrios comerciais e a um acúmulo de passivos perante o restante das economias do mundo. Quando é deflagrada a crise, esse passivo externo se realiza como restrição externa, obrigando as nações em crise a desvalorizar sua taxa de câmbio de forma a operar a transferência líquida de recursos ao exterior, uma vez que o valor relativo do trabalho naquele país sofre redução perante o exterior. Portanto, as crises financeiras estão intimamente relacionadas a desequilíbrios comerciais.Gabarito “B” (Diplomacia – 2011 – CESPE) A regulação dos fluxos externos está associada à utilização de instrumentos — cambiais ou não — considerados mais ou menos eficazes, conforme seus objetivos e suas respectivas circunstâncias. A respeito da utilização de tais instrumentos, julgue (C ou E) os próximos itens. (1) A ausência de barreiras, em prol da liberalização das trocas externas, promove, entre outros benefícios, o aumento da autossuficiência dos países no que concerne à disponibili- dade de bens e serviços e a redução dos riscos associados às oscilações nas quantidades produzidas e nos preços praticados. (2) A obtenção de economias crescentes de escala é um dos benefícios indiretos do estabelecimento de restrições fitossanitárias, o qual, em razão de sua natureza concreta e objetiva, propicia retaliações internacionais. (3) Um dos argumentos em favor da imposição de barreirasalfandegárias é o de que, com esse procedimento, se evita a exportação de empregos, que, igualmente, tende a ocorrer quando, por efeito da valorização do câmbio, as exportações de um país se tornam menos competitivas. (4) De acordo com a teoria cambial básica, com taxas flutuantes e mercado similar ao de concorrência perfeita, os déficits no balanço de pagamentos provocariam apreciação real da taxa de câmbio, e os superávits, depreciação, o que conduziria ao equilíbrio do balanço de pagamentos. 1: Incorreta. A proliferação do comércio internacional tende a elevar a especialização produtiva nos países e, como consequência, a inter- dependência entre eles, de maneira que se aprofunda a necessidade de coordenação nas ações produtivas para que se evitem crises de abastecimento de bens específicos, tais como energia, alimentos, minérios etc. 2: Incorreta. As restrições fitossanitárias geram apenas reservas de mercado, as quais são, por definição, resultados ineficientes do ponto de vista econômico, por impedirem a livre concorrência e gerarem estrati- ficação do mercado mundial pelo critério de adequação a essas normas. 3: Correta. Quando as exportações de um país se tornam menos competitivas, sua demanda agregada é reduzida, destruindo empregos na economia. Simultaneamente, outro país que produz o mesmo bem recebe uma demanda maior por ter custos de produção mais baixos, o que leva ao aumento de sua demanda agregada e, por conseguinte, à multiplicação de empregos nesse país. No caso das barreiras, deve- -se considerar a exportação de empregos por meio da importação de bens, que ocorre quando se compram mais bens produzidos em outros países e deixa-se de comprar dos produtores nacionais. Isso desloca a demanda do mercado interno para o mercado externo, transferindo, portanto, impulso econômico para o exterior, com o que se desfazem empregos aqui e se criam novas vagas no país de onde se importa. 4: Incorreta. Sob taxas de câmbio flutuantes e livre comércio, o déficit comercial tende a elevar a taxa de câmbio nominal e, mantidos os preços internos e externos constantes, a aumentar a taxa de câmbio real. No caso de superávit comercial, ocorre o inverso. Gabarito 1E, 2E, 3C, 4E (Diplomacia – 2011 – CESPE) Julgue (C ou E) os itens subsequen- tes, relativos a conceitos da economia internacional. (1) Os aumentos do imposto sobre operações financeiras incidente sobre os investimentos estrangeiros constituem exemplos de controles de capitais de curto prazo, cujo obje- tivo é neutralizar os impactos decorrentes da volatilidade dos fluxos desse tipo de capital sobre os mercados cambial e de capitais. (2) A imposição de tarifas, além de transferir recursos dos con- sumidores para o governo, conduz ao aumento dos preços dos bens domésticos e eleva a ineficiência na economia. (3) Nos sistemas de câmbio fixo, as políticas monetárias expansionistas são particularmente eficazes para elevar a demanda agregada porque, nesses sistemas, o efeito deslocamento é minimizado. (4) Por elevar o custo de oportunidade do consumo, a especia- lização constitui uma das bases do comércio internacional, o que contradiz a lei das vantagens comparativas. 1: Correta. Os fluxos de capitais podem ser divididos entre os de curto prazo (operações com títulos de renda fixa, contratos no mercado futuro, ações e bônus no mercado secundário) e os de longo prazo, estes geralmente associados a investimentos na produção, tais como compra de participação societária em empresas e investimentos diretos. A entrada desmedida de capitais de curto prazo tende a ins- tabilizar o mercado de câmbio, pressionando a taxa de câmbio para baixo e dificultando as vendas de bens no exterior. O IOF permite que se discipline essa entrada por dar preferência ao capital produtivo de médio e longo prazos. 2: Correta. As tarifas de importação têm o efeito de favorecer o produtor nacional às custas do consumidor, pois criam um preço artificial para os bens protegidos contra a concorrência externa. Nesse sentido, a economia se torna menos eficiente, uma vez que o custo de vida se eleva sem gerar estímulos suficientes para melhorias na esfera da produção, tais como investimentos em tecnologia, treinamento da mão de obra, pesquisa e desenvolvimento etc.; 3: Incorreta, pois em um regime de câmbio fixo, a política monetária é passiva, ou seja, depende do comportamento das reservas interna- cionais que dão lastro à moeda doméstica. Com efeito, uma política monetária expansionista apenas pode ocorrer se houver um saldo posi- tivo nas contas externas. Ademais, o efeito deslocamento é resultante da política de expansão de gastos públicos, os quais, mantido o nível de poupança agregada, geram uma elevação da taxa de juros, por meio da qual se “expulsa” o setor privado do consumo e do investimento, cuja poupança é destinada ao financiamento dos gastos do governo. 4: Incorreta em dois pontos: a especialização não aumenta o custo de oportunidade do consumo; isso é feito pela taxa de juros, cuja elevação implica disponibilizar ao consumidor uma alternativa ao consumo pre- sente, desincentivando o consumo. O segundo erro se refere à doutrina das vantagens comparativas, em que é exatamente a especialização que permite aos países obter ganhos de produtividade, reduzindo custos e ampliando a produção mundial de bens, a qual aprimoraria o bem-estar mundial por meio do comércio entre nações. Gabarito 1C, 2C, 3E, 4E 39912. ecOnOMIA (Diplomacia – 2010 – CESPE) A globalização do espaço econô- mico torna o estudo da economia internacional cada vez mais relevante para o entendimento das relações de comércio entre as nações. A esse respeito, assinale a opção correta. (A) De acordo com o princípio das vantagens comparativas, a produção mundial total será maximizada se cada bem for produzido pelo país capaz de fazê-lo com os menores custos. (B) De acordo com a visão de Prebisch, as recorrentes cri- ses, nas nações periféricas, causadas pelo desequilíbrio dos balanços de pagamentos, decorreram, em parte, do fato de às elevadas elasticidades-renda da demanda de importações terem-se contraposto as baixas elasticidades- -renda das exportações da periferia, o que contribuía para a deterioração dos termos de trocas desses países. (C) Consoante a teoria da paridade do poder de compra, país cuja taxa de inflação é mais elevada que a que prevalece nas demais nações enfrenta pressões para apreciar a moeda nacional. (D) O modelo clássico de comércio internacional, formulado no começo do século XIX, não pode ser aplicado ao comércio de serviços. (E) No longo prazo, a adoção de barreiras comerciais, como, por exemplo, tarifas e quotas à importação, conduz ao aumento da taxa de câmbio real, o que favorece o aumento das exportações líquidas da economia e a redução do deficit de conta-corrente na economia. A: Incorreta. O princípio das vantagens comparativas alega não que a produção mundial será maximizada, o que dependeria do avanço tecnológico em geral (premissa não adotada pelo modelo), mas sim que o bem-estar de todos aqueles envolvidos no comércio internacional é aprimorado pelos ganhos advindos da especialização produtiva, que reduz os custos em termos comparativos (custo absoluto + custo de oportunidade) e aumenta a produção mundial. B: Correta. O problema dos termos de troca entre as nações do centro e da periferia estavam associados ao problema das elasticidades-renda dos produtos exportados e importados pelas nações periféricas. A exportação de bens primários é inelástica à renda, ou seja, conforme melhora o nível de renda no mundo, a demanda tende a se deslocar para os bens manufaturados. Estes, porém, eram importados pelos países periféricos, e não exportados. Assim, a melhoria do padrão de vida tenderia a implicar déficits estruturais cada vez maiores, dada a cres- cente demanda por bens manufaturados importados. Eis um traço da dependência da periferia em relação ao centro,abordados por Prebisch. C: Incorreta. Segundo a teoria da paridade do poder de compra, um país que enfrenta inflação tem um custo de vida mais elevado e, por- tanto, tende a demandar mais bens comercializáveis do exterior. No entanto, nada sugere uma valorização do câmbio. Tudo o que a PPC faz é ponderar os indicadores de um país com relação ao custo de vida, ou seja, ao patamar de preços vigente em cada país, de forma que a comparação entre as nações seja mais precisa. D: Incorreta. O princípio do livre comércio poderá ser aplicado a ser- viços como transporte, seguro, educação e hospedagem virtual, entre outros, se houver mobilidade de recursos e de fatores de produção. No entanto, nem todos os serviços podem ser transacionados (como os de cabeleireiro, manicure, pedreiro etc.), pois enfrentam barreiras geográficas à sua comercialização. E: Incorreta. A adoção de barreiras comerciais implica uma elevação dos níveis dos preços internos abarcados pelas medidas de proteção. Com efeito, o que se nota é uma apreciação da taxa de câmbio real [câmbio nominal x (preços no exterior/preços domésticos)], a qual aumenta as importações e, por conseguinte, deteriora a balança comercial.Gabarito “B” (Diplomacia – 2010 – CESPE) No que concerne à Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL), julgue C ou E. (1) A criação, pela ONU, da CEPAL — que depois inclui também a região do Caribe — contou, desde o início, com o decidido apoio dos EUA. (2) As ideias de Raul Prebisch — o grande mentor da CEPAL — tiveram grande influência e contribuíram decisivamente para a convocação da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD, na sigla em inglês). (3) Prebisch advogou para a América Latina um modelo de industrialização agressivamente voltado para a exportação, de modo a corrigir a deterioração dos termos de troca entre os países do Norte e do Sul. (4) No Brasil, entre os economistas que trabalharam na CEPAL e foram influenciados por Prebisch, cabe mencionar Celso Furtado. 1: Incorreta. Criada em 1948, com a liderança do economista argentino Raúl Prebisch, a Cepal nasceu como uma proposta de emancipar economicamente os países da América Latina em relação aos países industrializados. Embora posteriormente tivessem aderido ao corpo de Estados-membros, os EUA dispensaram apoio ao projeto no início, muito embora a Comissão nascesse como resposta ao predomínio dos interesses comerciais dos EUA sobre os de seus vizinhos de continente. Atrelada ao ECOSOC, constitui uma agência especializada da ONU. 2: Correta. Como já dito, Prebisch é o grande idealizador e teórico da deterioração dos termos de troca que prejudicam os países latino- -americanos em razão de sua estrutura econômica centrada em bens primários. Ao dividir o mundo em países centrais e periferia do sistema, Prebisch defendeu a importância das políticas regionais − mais adequadas às realidades sociais e econômicas dos países −, em contraposição à proposta de que o livre comércio, por si só, con- duziria o mundo a uma convergência de padrões de vida, argumento ratificado pela UNCTAD. 3: Incorreta. Em seu famoso ensaio “O desenvolvimento econômico da América Latina e seus principais problemas”, Prebisch critica a falsa universalidade da ciência econômica, a qual se manifestaria na tentativa de aplicar na periferia categorias analíticas adequadas apenas à realidade socioeconômica dos países centrais. Dada essa inadequação, a Cepal defende a atuação deliberada do Estado como agente promotor do desenvolvimento econômico, por meio da for- mulação de políticas de desenvolvimento econômico (industrialização voltada ao mercado interno por meio da substituição de importações) que busquem diminuir o hiato entre centro e periferia. Para tanto, o Estado deveria dispor de um corpo técnico eficiente, sendo crucial, nesse tocante, a formação de um corpo de economistas atentos aos desafios peculiares ao desenvolvimento latino-americano. 4: Correta. Celso Furtado, contemporâneo de Raúl Prebisch, foi um ávido debatedor das ideias do economista argentino e com ele formou a dupla mais original em termos de pensamento sobre a América Latina. O debate igualmente fecundo e conflituoso entre os dois economistas coloca-os em equiparado grau de importância na história do pensa- mento econômico latino-americano. Gabarito 1E, 2C, 3E, 4C (Diplomacia – 2009 – CESPE) Julgue (C ou E) os itens que se seguem, relativos a regimes cambiais. (1) Em regime de câmbio fixo, o mercado define o valor da taxa de câmbio, e a autoridade monetária determina o nível das reservas internacionais do país. (2) Em regime de câmbio fixo, a autoridade monetária tem poder limitado na determinação da política monetária. (3) Em regime de câmbio flutuante, a oferta de divisas é deter- minada pelas exportações do país. (4) Nos anos 90 do século XX, em alguns países da América Latina, foram usadas âncoras cambiais como instrumento de estabilização de preços. 1: Incorreta. A alternativa seria correta se indicasse o funcionamento do regime de câmbio flutuante. Em regime de câmbio fixo, cabe à autoridade monetária ofertar qualquer quantidade de divisas demandada pelo mercado à taxa vigente. 2: Correta. Nesse caso, a política monetária depende da quantidade de divisas internacionais, uma vez que são estas que determinam o lastro da moeda doméstica. Assim, o governo não pode expandir os meios de pagamentos autonomamente, porque isso implicaria uma alteração entre as quantidades de moeda nacional e internacional, levaria a uma desvalorização do câmbio e romperia, portanto, o regime de câmbio fixo. 3: Anulada, pois é parcialmente verdadeira. Além das exportações, os fluxos de capitais de curto e longo prazos também determinam a oferta de divisas internacionais no país em questão. AnDRÉ ROncAglIA De cARvAlHO 400 4: Correta. Argentina, México e Brasil são exemplos de países que utilizaram âncoras cambiais para promover planos de estabilização, muito embora o formato e os mecanismos adotados difiram entre as experiências. Por exemplo, a Argentina adotou o currency board, ou conselho da moeda, em que a moeda argentina tornou-se plenamente conversível ao dólar, resultando em um forte atrelamento da quanti- dade da atividade econômica à disponibilidade de divisas estrangeiras, que passaram a complementar a base monetária doméstica. A taxa de câmbio passou, portanto, a regular a política monetária, retirando do país um amplo espaço de manobra em termos de política econômica doméstica. Gabarito 1E, 2C, 3ANULADA, 4C 4. HIstórIa econômIca do brasIl (Diplomacia – 2011 – CESPE) Celso Furtado, ao analisar o desen- volvimento brasileiro da primeira metade do século XX, afirmou que houve um processo de articulação das distintas regiões do país em um sistema com um mínimo de integração. De acordo com esse autor, (A) o processo de integração, subsequente ao de articulação, deveria ter-se orientado no sentido de exportar produtos antes absorvidos pelas regiões mais prósperas. (B) o processo de industrialização teve início em períodos dife- rentes nas várias regiões brasileiras, tendo-se dispersado fortemente principalmente no pós-guerra. (C) o fluxo de mão de obra da região de mais baixa produtivi- dade para outra região de produtividade mais alta tendeu a pressionar os níveis salariais desta última, que se manti- veram, então, aquém da elevação da produtividade. (D) os preços dos produtos essenciais eram relativamente bai- xos nas regiões de mais baixa produtividade, o que resultou em salários monetários relativamente baixos em função da produtividade. (E) o rápido crescimento da economia cafeeira no período entre 1880 e 1930 reduziu significativamente as diferenças regionais de renda per capita. A: Incorreta. Celso Furtado não destina grande atenção ao processo de articulação voltado para a exportação de excedentes. Além disso, é a exportação que dinamiza o desenvolvimento econômico, de formaque o crescimento voltado para fora tende a atrasar a articulação e a integração da economia brasileira em um mercado interno sólido e dotado de motores próprios. B: Incorreta. A afirmativa é verdadeira quanto aos diferentes momen- tos de industrialização das regiões brasileiras. No entanto, mesmo com a criação da SUDENE em 1959 e os esforços empreendidos no desenvolvimento regional, foi apenas a partir de 1970 que se iniciou efetivamente uma distribuição espacial do investimento, na esteira do II Plano Nacional do Desenvolvimento, no governo Geisel. Assim, o fenômeno de desconcentração espacial da indústria se iniciou tardiamente no Brasil e continua em movimento, com resultados ainda tímidos. C: Correta. Segundo Furtado, havia uma dinâmica de transferência interna da mão de obra disponível para o crescimento da economia. Conforme a produção do Sudeste crescia, dinamizada fundamental- mente pelo rápido avanço da lavoura cafeeira no oeste paulista, os salários tendiam a subir, atraindo fluxos migratórios dos engenhos do Nordeste e da decadente economia extrativa de Minas Gerais e do Rio de Janeiro. Com efeito, o salário médio aumentava, muito embora houvesse substancial diferença entre os salários pagos em São Paulo e os do restante do Brasil. D: Incorreta. Ao contrário do que é afirmado, a baixa produtividade elevava os preços, implicando perda de poder aquisitivo por parte das camadas assalariadas. E: Incorreta. O crescimento acelerado do setor cafeeiro, espacialmente concentrado em São Paulo, orquestrou uma forte tendência à con- centração de renda e do poder político no eixo Rio-São Paulo, a qual perdura até os dias de hoje. Gabarito “C” (Diplomacia – 2010 – CESPE) Com respeito a temas da história econômica brasileira, julgue C ou E. (1) A reforma monetária promovida por Rui Barbosa resultou em intenso processo de especulação financeira, obrigando o governo de Deodoro da Fonseca a adotar um conjunto de medidas conhecido como encilhamento. (2) O Plano SALTE foi adotado por Getúlio Vargas, no seu período de governo, com o objetivo de fomentar o desen- volvimento nas áreas de saúde, alimentação, transporte e energia. (3) Pode-se considerar que o Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social, elaborado por equipe liderada por Celso Furtado, fracassou em sua meta de reduzir a inflação e estimular o crescimento econômico. (4) As sistemáticas valorizações cambiais da moeda brasileira, nos anos 80 do século passado, foram o principal instru- mento do governo para produzir os superavit comerciais necessários ao equilíbrio do balanço de pagamentos, dado que a conta de transações correntes era fortemente deficitária em razão dos pagamentos associados à dívida externa. 1: Incorreta. O encilhamento não foi um conjunto de medidas, mas o resultado da política monetária de Rui Barbosa, que promulgou a abertura de quatro regiões bancárias facultadas a emitir moeda. Com efeito, a excitação tomou conta do mercado acionário, configurando o fenômeno do encilhamento, termo extraído das corridas de cavalo, em que a ansiedade que precede a largada acirra os ânimos tanto dos jóqueis quanto dos apostadores. 2: Incorreta. O Plano Salte foi formulado em 1949 pelo governo Eurico Gaspar Dutra e, por falta de recursos orçamentários, não chegou a ser implementado. 3: Correta. O Plano Trienal pretendia reduzir a inflação a 25% ao ano e manter o crescimento econômico de 7% ao ano, mas fracassou em ambas as frentes. Ao final de 1963, a inflação já beirava 40% e o crescimento econômico havia sido contraído de 6,3% em 1962 para 0,6%, mostrando a ineficácia do plano em meio ao conturbado período político vivido pelo país. 4: Incorreta. É bem verdade que os saldos negativos da conta corrente eram devidos ao pagamento dos serviços de juros da dívida externa, a qual havia assumido proporções insustentáveis após o segundo choque do petróleo em 1979 e na esteira da moratória mexicana de 1982. Porém, a política cambial do governo Figueiredo foi um ajuste externo recessivo, com duas maxidesvalorizações cambiais de 30% (1979 e 1983) acompanhadas de uma forte contração da demanda interna, a qual tinha o efeito de reduzir as importações. Somados esses fatores, verificou-se a retomada dos superávits comerciais já em 1981. Deve-se dividir o período em três etapas, a partir das orien- tações da política econômica, a saber: (1) Biênio 79-80: não houve ajuste recessivo. A maxidesvalorização do câmbio de 30% buscava atenuar os desequilíbrios no Balanço de Pagamentos, enquanto a inflação galopava. Ocorre uma expansão da fronteira agrícola, com base no programa “Plante que o João garante”. Para Delfim Netto, então ministro do planejamento, o binômio formado pela desvalori- zação cambial e investimento agrícola seria suficiente para garantir crescimento com queda da inflação. Com efeito, evita recessão, mas ao custo de perda das reservas internacionais, agravando a situação. (2) Biênio 81-82: reservas internacionais esgotam-se e o Brasil flerta com um iminente colapso. O governo recua e adota ajuste recessivo, pautado pelo contracionismo fiscal (aumenta impostos e queda de subsídios) e arrocho monetário (aumento juros e compulsório). Em 1982, o FMI, por pressão de banqueiros privados dos EUA (parti- cularmente, Rockfeller), socorre o Brasil. A essa altura, é aberta a recessão vivida no Brasil, com uma inflação fora de controle e sérios problemas nas contas externas. Por fim, (3) Biênio 83-84: nota-se uma recuperação do crescimento e melhoria das contas externas, com o fim do aperto monetário presidido pelo Banco Central norte- -americano (Fed). Observa-se um amadurecimento dos investimentos do II PND (ex: Itaipu pronta em 1974, queda da dependência com o petróleo), o qual, somado ao ajuste recessivo precedente, inaugura substanciosos superávits comerciais até 1986, quando é implemen- tado o Plano Cruzado. Gabarito 1E, 2E, 3C, 4E 40112. ecOnOMIA (Diplomacia – 2009 – CESPE) No que se refere à industrialização brasileira antes da Segunda Guerra Mundial, julgue (C ou E) os itens subsequentes. (1) Há consenso entre os historiadores econômicos a respeito dos efeitos favoráveis do encilhamento sobre a indústria brasileira. (2) A produção industrial cresceu significativamente entre os anos 1915 e 1917 a despeito das dificuldades enfrentadas, pelo país, na importação de máquinas e equipamentos, em razão da Primeira Guerra Mundial. (3) A crise de 1929 proporcionou maior influxo de investimentos estrangeiros no Brasil. (4) A desvalorização cambial provocada pela crise de 1929 encareceu as importações de máquinas e equipamentos, o que resultou em declínio considerável da produção da indústria brasileira na década de 30 do século XX. 1: Incorreta. O encilhamento é um dos temas mais controversos na historiografia brasileira, dadas as múltiplas dimensões da realidade histórica em que se insere. Todavia, é razoavelmente estabelecido que o encilhamento implicou uma forte especulação financeira, a qual ocasionou posteriormente a falência de numerosas empresas, a maioria associada à nascente indústria brasileira. Deve-se ressaltar que o encilhamento se segue à Lei Bancária, de 1890, de Rui Barbosa, que outorgava aos bancos o direito de emitir moeda. A terceirização do meio circulante, malgrado os tetos de emissão e o lastro em títulos públicos, teriam redundado na crise do encilhamento. Rui Barbosa via na multipli- cação monetária um meio de industrializar o país. Entretanto, é quanto aos resultados dessa política que vigora a divergência historiográfica. 2: Correta. A economia de guerra teve efeitos ambíguos sobre a indústria. Dadas as restrições para importar, a indústria expandiu-se com base em sua capacidade instalada, construída no período prévio de forte crescimento da economia mundial, entre 1906 e 1913, quando intensos investimentos foram efetuados no setor. 3: Incorreta. O estouro da bolha financeira em Wall Street em outubrode 1929 acarretou uma virulenta fuga de divisas estrangeiras do Brasil, levando à completa drenagem de nossas reservas já no início do ano de 1930. Por adotar o regime do padrão-ouro, por intermédio de caixa de estabilização, o governo Washington Luís se viu impotente diante da força dos eventos (interrupção dos fluxos de capital estrangeiro e brusca queda do preço do café no mercado internacional). Os des- dobramentos forçaram o governo revolucionário de Getúlio Vargas a abdicar do regime de câmbio fixo no final de 1930. 4: Incorreta. A desvalorização cambial efetuada pelo novo governo empossado encareceu todos os produtos importados, entre os quais estavam as máquinas e os equipamentos industriais. Contudo, a política econômica desempenhou um papel mais importante, haja vista que, ao fomentar a produção interna por meio da defesa dos interesses cafeeiros, dinamizou a demanda interna que levou a indústria a utilizar a ampla margem de capacidade ociosa do ainda incipiente parque industrial brasileiro. Com efeito, a indústria cresceu substancialmente na década de 1930, apoiada pelo protagonismo estatal no planejamento da economia, ainda que de forma pouco sistemática.Gabarito 1E, 2C, 3E, 4E (Diplomacia – 2009 – CESPE) Em Formação Econômica do Brasil, Celso Furtado analisa os efeitos diretos e indiretos da crise de 1929 sobre a economia brasileira. Segundo o autor, a política de defesa do setor cafeeiro implementada no período teria favorecido a rápida recuperação da economia: “É, portanto, perfeitamente claro que a recuperação da economia brasileira que se manifesta a partir de 1933 não se deve a nenhum fator externo e sim à política de fomento seguida inconscientemente no país e que era um subproduto da defesa dos interesses cafeeiros”. Com relação à economia brasileira no período posterior à crise de 1929, assinale a opção que apresenta afirmativa consistente com a análise de Celso Furtado acima resumida. (A) As alterações na política de defesa do setor cafeeiro intro- duzidas a partir da crise de 1929 tiveram como principal objetivo manter relativamente estável a demanda agregada pelos bens produzidos internamente, evitando-se, assim, a acumulação de estoques indesejados e a consequente redução nos níveis de produção. (B) Dificuldades de importação associadas à conjuntura de crise nos países industrializados impediram o crescimento da produção industrial brasileira nos anos 30 do século passado, retardando o processo de industrialização no Brasil. (C) A alta elasticidade-renda dos principais produtos brasilei- ros de exportação, associada à recuperação dos países industrializados, promoveu crescimento significativo dos saldos positivos na Balança Comercial brasileira a partir de 1936. (D) De acordo com Celso Furtado, a alta elasticidade-preço da demanda pelo café permitiu aumento das receitas dos cafeicultores, a despeito de queda substancial nos preços do café. (E) Os efeitos da política de defesa dos cafeicultores sobre o mercado cambial provocaram aumento na demanda dos brasileiros por bens produzidos internamente, incentivando o processo de substituição de importações na década de 30 do século passado. A: Incorreta. O propósito da política econômica pós-crise de 1929 era solucionar o problema das contas externas, resultante da drenagem de divisas sofrida pelo país quando da irrupção da crise. Como o café era o principal produto exportado pelo país, era necessário defender a sua produção, sob pena de criar uma crise generalizada de abastecimento interno, bem como a irradiação da queda da demanda efetiva para outros setores da economia. B: Incorreta. De acordo com a tese de Furtado, a redução das importa- ções dos países centrais gerou o estrangulamento externo da economia brasileira, a qual se valeu dos mecanismos de defesa da cafeicultura, como a desvalorização da taxa de câmbio. Esta teve o resultado de socializar as perdas dos cafeicultores e manter o nível interno da renda, o que, por sua vez, consolidou o mercado interno como centro dinâmico da economia, substituindo os estímulos advindos do setor externo. Com efeito, segundo o autor, foi a crise das exportações que propiciou as condições para a maturação de um eixo industrial na condução da matriz produtiva nacional. C: Incorreta. Residia exatamente na baixa elasticidade-renda dos bens primários o principal problema da exportação brasileira, uma vez que os países de renda elevada já estavam no nível de saturação do café, deixando pouco espaço para o aumento das vendas externas do produto. D: Incorreta. A elasticidade-preço do café era, para Furtado, muito baixa, de modo que uma queda dos preços não levaria a um maior consumo por parte das economias centrais. Essa é uma das formas que o autor encontra para justificar a política de sustentação dos preços do café por parte do governo de Getúlio Vargas. E: Correta. Essa é exatamente a tese de Furtado quanto ao deslocamento do centro dinâmico da economia brasileira do setor externo para o mercado interno. É importante lembrar que Furtado menciona a trans- ferência de capital não do setor externo para a indústria, mas daquele para o mercado interno, tanto para a produção de outras culturas agrícolas, como para o comércio, serviços e indústrias. Gabarito “E” (Diplomacia – 2009 – CESPE) Graças ao crescimento acelerado dos preços na primeira metade dos anos 80 do século XX, o combate à inflação transformou-se em meta prioritária da polí- tica econômica do governo Sarney (1985- 1989), dando origem a três planos de estabilização consecutivos: o Plano Cruzado, o Plano Bresser e o Plano Verão. Os três planos mostraram-se incapazes de reduzir as taxas de inflação, que apresentaram variação negativa somente no ano de 1986. A taxa anual de crescimento dos preços, medida pelo IGP, praticamente dobrou de 1985 a 1987 e de 1987 a 1988. O fracasso desses planos tem sido atribuído, em especial, a interpretações errôneas e(ou) incompletas das verdadeiras causas da inflação. Tendo o texto acima como referência inicial, assinale a opção correta acerca dos planos econômicos citados. (A) Para os formuladores do Plano Cruzado, os aumentos de preço resultavam basicamente do excesso de oferta de moeda. Para reverter o processo inflacionário, avaliavam que a principal medida a ser tomada seria dotar o Banco Central de independência.