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Indaial – 2021 ElEtrônica analógica i 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2021 Elaboração: Sagah Educação S.A. Revisão e Diagramação: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Conteúdo produzido: Copyright © Sagah Educação S.A. Impresso por: D152e Dalvi, Giovanni Gueler Eletrônica analógica I. / Giovanni Gueler Dalvi. – Indaial: UNIASSELVI, 2021. 250 p.; il. ISBN 978-65-5663-526-2 ISBN Digital 978-65-5663-527-9 1.Eletrônica analógica. – Brasil. 2. Circuitos eletrônicos. – Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 621.38154 aprEsEntação Prezado acadêmico, seja bem-vindo à disciplina de Eletrônica Analógica I, na qual serão apresentados conceitos, leis e teorias para o auxiliar a identificar, compreender e avaliar alguns componentes e circuitos eletrônicos importantes. Você, como acadêmico de Educação a Distância, deve saber que existem fatores fundamentais para um bom desempenho: disciplina, organização e um horário de estudos predefinido para obter sucesso em seu aprendizado. Em sua caminhada acadêmica, você é quem faz a diferença. Como todo texto técnico, por vezes denso, você necessitará de papel, lápis, borracha, calculadora e muita concentração. Lembre-se de que o estudo é algo primoroso. Aproveite essa motivação para iniciar a leitura deste livro, que está dividido em três unidades que contemplam temas importantes da Eletrônica que julgamos ser imprescindíveis para qualquer curso de Engenharia, como os circuitos que funcionam com diferentes princípios dos diodos, funcionamento e aplicação de transistores em diferentes configurações e polarizações, princípios da amplificação de sinal e fontes de tensão reguladas. Apesar deste ser um material destinado à eletrônica, é importante que você tenha estudado previamente alguma disciplina sobre eletricidade. Se determinado assunto estiver gerando dúvidas, não deixe de consultar o livro da disciplina de Eletricidade Básica ou Circuitos Elétricos I, ou mesmo outros títulos indicados na bibliografia deste livro. Estimamos que, ao término deste estudo, você tenha agregado um mínimo de entendimento sobre Eletrônica, a fim de lidar com esse tema de forma satisfatória, tanto na área acadêmica quanto profissional. Destacamos, ainda, a necessidade do contínuo aprimoramento por meio de atualizações e aprofundamento dos temas estudados. Bons estudos! Prof. Giovanni Gueler Dalvi Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE sumário UNIDADE 1 — DIODOS E SEMICONDUTORES ......................................................................... 1 TÓPICO 1 — MATERIAIS SEMICONDUTORES ........................................................................... 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3 2 DEFINIÇÕES ....................................................................................................................................... 4 2.1 NÍVEIS DE ENERGIA ................................................................................................................... 6 2.2 DOPAGEM ....................................................................................................................................... 7 2.3 MATERIAIS DO TIPO N ............................................................................................................... 8 2.4 MATERIAIS DO TIPO P ................................................................................................................ 8 2.5 PORTADORES MAJORITÁRIOS E MINORITÁRIOS .............................................................. 9 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 12 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 13 TÓPICO 2 —DIODOS ......................................................................................................................... 17 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 17 2 DIODO SEMICONDUTOR ............................................................................................................ 17 2.1 DIODO NÃO POLARIZADO ..................................................................................................... 18 2.2 DIODO COM POLARIZAÇÃO REVERSA............................................................................... 19 2.3 DIODO COM POLARIZAÇÃO DIRETA .................................................................................. 21 2.4 REGIÃO DE RUPTURA ............................................................................................................... 22 2.5 CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES ......................................................................................... 24 2.6 RESISTÊNCIA DO DIODO ......................................................................................................... 25 2.6.1 Resistência CC ou estática .................................................................................................. 26 2.6.2 Resistência CA ou dinâmica ............................................................................................... 26 3 CIRCUITOS EQUIVALENTES DO DIODO ................................................................................ 28 3.1 MODELO LINEAR POR PARTES .............................................................................................. 28 3.2 MODELO SIMPLIFICADO ......................................................................................................... 29 3.3 MODELO IDEAL ..........................................................................................................................°C. Nas Figuras 25C e D, é possível notar a variação da tensão reversa em função da corrente reversa e a variação da corrente reversa em função da temperatura, respectivamente (é preciso cuidado nas análises do gráfico, devido a estar em escala logarítmica, pode parecer que a variação é muito menor que a real. • G apresenta o valor máximo da capacitância em condição específica de teste; o gráfico da Figura 25 mostra a variação da capacitância em função da variação da tensão reversa, podendo-se notar uma grande variação à medida que a tensão de polarização aumenta; • H corresponde ao tempo máximo de recuperação reversa em condições específicas de teste, sendo um fator importante a ser analisado que pode comprometer o desempenho do projeto. FIGURA 24 – CARACTERÍSTICAS ELÉTRICAS DE UM DIODO SEMICONDUTOR DE BAIXA CORRENTE DE FUGA E ALTA TENSÃO FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 29) TÓPICO 2 — DIODOS 35 FIGURA 25 – CARACTERÍSTICAS DE UM DIODO DE ALTA TENSÃO FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 30) 36 UNIDADE 1 — DIODOS E SEMICONDUTORES 6 DIODO ZENER É um tipo de diodo amplamente utilizado em sistema de regulagem de tensão. Sua curva característica e símbolo podem ser observados na Figura 26. É importante salientar a similaridade dos símbolos dos diodos, sendo a única diferença pelo cátodo ter duas linhas adicionais remetendo ao formato da letra Z. A fabricação dos diodos zener ocorre de modo que regulem a tensão entre 3,3 a 200 V (um exemplo é o 1N4733, que é um regulador de tensão de 5,1 V) (SCHULER, 2013). FIGURA 26 – CURVA CARACTERÍSTICA E SÍMBOLO PARA UM DIODO ZENER FONTE: Schuler (2013, p. 68) Se o diodo zener estiver sendo utilizado com polarização direta, seu comportamento será semelhante a um diodo comum, porém, quando estiver operando em polarização reversa, efetuará a regulação de tensão conforme projetado. Em um diodo zener, a corrente flui do cátodo para o anodo (oposto ao diodo comum). A Figura 27 ilustra uma característica importante do diodo zener: uma grande mudança na corrente sobre o diodo zener irá causar uma pequena mudança na variação da tensão, tornando a tensão do diodo zener em sua faixa de operação praticamente estável. TÓPICO 2 — DIODOS 37 FIGURA 27 – AMPLIAÇÃO DA CURVA DE OPERAÇÃO DO DIODO ZENER FONTE: Schuler (2013, p. 68) 7 DIODO EMISSOR DE LUZ No início do século XX, foi observada, pela primeira vez, a emissão de luz de um material sólido quando excitado por uma fonte de tensão – fenômeno denominado de eletroluminescência. É importante observar que a emissão de luz ocorre em temperatura ambiente, diferentemente da incandescência que ocorre em altas temperaturas (LORENZ; MARQUES; MONTEIRO, 2016). Também conhecidos como LED (sigla do inglês Light Emitting Diode), os diodos emissores de luz emitem luz visível ou invisível (infravermelho) quando energizados e são compostos por diferentes camadas de semicondutores em estado sólido. Em qualquer polarização direta de uma junção pn, existe uma recombinação de elétrons e lacunas próximo à junção e dentro da estrutura, efeito que exige a mudança de estado da energia do elétron livre não ligado, sendo que, na forma de calor ou fótons (Figura 28), será dependente da banda de energia entre os materiais semicondutores e o comprimento de onda da radiação emitida (MARTELETO, 2011). Em diodos de Si e Ge, a maior parte da energia é convertida em calor, sendo a luz emitida insignificante, porém diodos de GaAs emitem luz invisível na zona de infravermelho durante esse processo de recombinação. 38 UNIDADE 1 — DIODOS E SEMICONDUTORES FIGURA 28 – ESQUEMA DE FUNCIONAMENTO DE UM LED FONTE: Marteleto (2011, p. 51) Por meio de combinações de elementos (dopagem com gálio, alumínio, arsênio, zinco, fósforo, índio e nitrogênio), é possível obter o espectro desde o ultravioleta até o infravermelho. A Tabela 1 apresenta algumas cores de LED, os compostos responsáveis e a tensão direta que deve ser aplicada a cada um deles. TABELA 1 – DIODOS EMISSORES DE LUZ Cor Construção Tensão direta comum (V) Âmbar AlInGaP 2,1 Azul GaN 5,0 Verde GaP 2,2 Laranja GaAsP 2,0 Vermelho GaAsP 1,8 Branco GaN 4,1 Amarelo AlInGaP 2,1 FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 37) TÓPICO 2 — DIODOS 39 DICAS FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 21) Exercícios resolvidos 1 (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013) A uma temperatura de 27 °C (temperatura comum para os componentes em um sistema operacional encapsulado), determine a tensão térmica (V T ). R.: Por meio do enunciado, a temperatura é de 27 °C, logo, para podermos aplicar a Equação 5, é necessário a transformar em Kelvin: T K = T °C + 273 T K = 27 + 273 = 300 K Aplicando a Equação 5: Portanto, V T ≅ 26 mV. 2 (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013) Para o circuito apresentado na figura a seguir, determine o valor da resistência CC e da resistência CA em I D = 2 mA e I D = 25 mA, e compare os resultados. FIGURA PARA EXEMPLO 2 40 UNIDADE 1 — DIODOS E SEMICONDUTORES R.: Inicialmente, determinaremos o valor das resistências CC. Analisando o gráfico, podemos localizar os dois pontos quiescente, sendo eles: I D = 2 mA e V D =0,7 V Para a resistência CC, aplica-se a Equação 10: Cálculo da resistência CA – I D = 2 mA Para determinarmos a resistência CA, é necessário utilizar dois pontos equidistantes do ponto quiescente que pertencem à reta tangente que passa por Q. Nesse caso, foi adotada uma amplitude de 2 mA em relação ao ponto Q, sendo possível encontrar os valores I D1 = 0 mA e V D1 = 0,65 V e I D2 = 4 mA e V D = 0,76 V. Portanto, ΔI d = I D2 - I D1 = (4 - 0) mA = 4 mA ΔV d =V D2 - V D1 = (0,76 - 0,65) V = 0,11 V Aplicando a Equação 11: Entretanto, é possível determinar r d pela Equação 12: Foi multiplicado por dois, devido a estarmos na região do joelho, em que n = 2, e não n = 1 quando determinada a equação. A diferença entre os valores encontrados pode ser tratada como uma contribuição de r B , que é a resistência de corpo (resistência do material semicondutor) somada à resistência de contato (conexão entre o material metálico externo com o material semicondutor). I D = 25 mA Com raciocínio análogo, adotou-se uma amplitude de 5 mA em relação ao ponto Q, em que é possível encontrar os valores I D1 = 20 mA e V D1 = 0,78 V e I D2 = 30 mA e V D = 0,8 V. Portanto, ΔI d = I D2 - I D1 =(30 - 20) mA = 10 mA ΔV d =V D2 - V D1 =(0,8 - 0,78) V = 0,02 V TÓPICO 2 — DIODOS 41 Aplicando a Equação 11, Analisando os valores das resistências encontradas, percebe-se que, em ambos os casos, o valor da resistência CC é muito maior que o valor da resistência CA. 42 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • Quando o material é dopado de uma forma que contém ambas as características (ou seja, o material semicondutor tipo p é "combinado" com o material semicondutor tipo n), a região de junção aparecerá na borda da junção. • Outro nome para a junção de material pn, a qual os semicondutores do tipo caneta se conformam, é diodo de junção, porque um diodo é considerado a concentração de dois eletrodos (di = dois). • Quando o diodo é ligado (polarização direta), a temperatura ambiente e a temperatura da junção são diferentes, e a temperatura interna é maior devido ao calor gerado pela recombinação. • Portanto, podemos ver que, à medida que a temperatura aumenta, o número de elétrons livres e lacunas na região dopada aumentam, reduzindo assim a barreira de potencial na junção. • O circuito equivalente é apropriadamente selecionado para representar melhor as características reais do dispositivo ou sistema em uma determinada área de operação. 43 1 Supondo uma barreira de potência de 0,6 V com uma temperatura ambiente de 30 °C, determine o valor da barreira de potencial de um diodo de silício quando a temperatura de junção for de: a) ( ) 100 °C. b) ( ) 50 °C. c) ( ) 0 °C. 2 Para um diodo de silício, determine a corrente de saturação a 100 °C,quando IS = 12 nA em 32 °C. 3 Considerando um diodo com corrente de fuga da superfície de 3 nA, com polarização inversa de 30 V. Determine a corrente de fuga na superfície para uma polarização inversa de 50 V. 4 Sabendo que a corrente do diodo é de 4 mA e n = 1, determine a corrente de saturação reversa, Is, sabendo que a tensão aplicada é igual a 1 V em temperatura de 27 °C. 5 Sabendo que um diodo possui ID = 9 mA,VT = 26 mV, n = 1 e IS = 7 nA, determine o valor da tensão aplicada a esse diodo. 6 (SCHULER, 2013) Deseja-se selecionar um resistor limitador de corrente para um circuito automotivo, o qual é necessário uma circulação de 15 mA pelo diodo e que utiliza 12 V de alimentação, assumindo que a queda sobre o diodo é de 2 V. 7 (MALVINO, 2007) Observe a tabela, a seguir, apresenta alguns diodos e suas especificações de pior caso. Determine a resistência CC direta e reversa para cada um dos diodos. AUTOATIVIDADE FONTE: Malvino (2007, p. 117) Diodo IF IR 1N914 10 mA com 1 V 25 nA com 20 V 1N4001 1 A com 1,1 V 10 μA com 50 V 1N1185 10 A com 0,95 V 4,6 mA com 100 V 44 8 Classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) Um diodo que está conduzindo está inversamente polarizado. ( ) Um diodo com polarização direta possui uma corrente muito maior que se tivesse com polarização reversa. ( ) A tensão de joelho de um diodo é aproximadamente igual à barreira de potencial. ( ) O diodo é um dispositivo linear. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) F – V – V – F. b) ( ) V – F – V – F. c) ( ) F – V – F – V. d) ( ) V – V – F – F. e) ( ) F – F – V – V. 9 Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) A corrente reversa consiste na corrente de portadores majoritários e na corrente de fuga da superfície. b) ( ) A corrente reversa consiste na corrente de portadores minoritários e na corrente de fuga da superfície. c) ( ) A corrente reversa consiste na corrente de portadores majoritários e na corrente direta. d) ( ) A corrente reversa consiste na corrente de portadores minoritários e na corrente direta. e) ( ) A corrente reversa consiste na corrente de portadores minoritários e na corrente de portadores majoritários. 10 Analise as sentenças a seguir: I- Um diodo de silício polarizado diretamente quando analisado como um diodo ideal apresenta uma queda de tensão de 0,7 V. II- Diodo pode ser definido como um componente de dois terminais que permite que a corrente circule em um único sentido. III- A polarização direta do diodo expande a camada de depleção. IV- Temperaturas elevadas aumentam o número de portadores minoritários e a corrente de fuga do diodo. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As afirmativas I, II e IV estão corretas. b) ( ) As afirmativas I e III estão incorretas. c) ( ) As afirmativas II, III e IV estão corretas. d) ( ) As afirmativas II, III e IV estão incorretas. e) ( ) As afirmativas II e III estão corretas. 45 TÓPICO 3 — UNIDADE 1 APLICAÇÕES DE DIODOS 1 INTRODUÇÃO Após analisarmos a construção e funcionamento básico dos diodos, temos as ferramentas necessárias para podermos expandir os estudos e analisar a sua função e resposta em uma grande variedade de aplicações. Quando trabalhamos com componentes eletrônicos, podemos utilizar as características reais do equipamento ou usar um modelo aproximado do componente sem prejudicar a análise do circuito. Neste tópico, inicialmente, abordaremos as características reais do diodo e, em seguida, será utilizado o modelo simplificado, mostrando que, na maioria das vezes, pode ser empregado sem perder a generalidade. Entretanto, um ponto que se deve estar claro é que trabalhamos com valores fechados: o resistor é de 100 Ω e, na realidade, dentro de um lote, os valores podem variar, assim como a fonte de tensão pode não ser precisamente o valor de 12 V, mas, sim, de 12,02 V – e essa pequena variação pode modificar a saída. 2 ANÁLISE POR RETA DE CARGA Considere o circuito série com diodo da Figura 29 e a curva característica do diodo. Resolver o circuito é o mesmo que dizer que iremos determinar os valores de tensão e corrente, que irão satisfazer ao diodo, e os parâmetros do circuito analisado simultaneamente. Para determinar a reta de carga, ou seja, a reta determinada pela tensão do circuito e por sua carga, podemos voltar às definições matemáticas que dizem que, para traçar uma reta, basta termos dois pontos. Os pontos mais fáceis de se determinar são as interseções com os eixos coordenados. Para que possamos verificar esses valores, é necessário ter a equação do circuito da Figura 29A. Aplicando a lei das malhas de Kirchhoff no sentido anti-horário (sentido apresentado na Figura 29A), obtemos: 46 UNIDADE 1 — DIODOS E SEMICONDUTORES FIGURA 29 – CONFIGURAÇÃO DO DIODO EM SÉRIE: CIRCUITO (A) E CURVA CARACTERÍSTICA (B) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 49) As duas variáveis presentes na Equação 15 são as mesmas presentes nos eixos coordenados na Figura 29B, deste modo podemos traçar graficamente a Equação 15 sobre ela. O modo mais fácil de traçarmos a curva de carga é percebendo que sobre o eixo horizontal (eixo da tensão VD), ID= 0, e no eixo vertical (eixo da corrente ID= 0), VD = 0. Portanto, substituindo os valores de VD = 0 V e ID= 0 A na Equação 16, obtemos: E = VD + ID R E = 0 V + ID R E: E = VD + ID R E = VD+ (0 A)R VD= E|ID = 0 (Eq. 16) (Eq. 17) -E + VD + VR = 0 Ou: E = VD+ IDR (Eq. 15) TÓPICO 3 — APLICAÇÕES DE DIODOS 47 Utilizando os valores das Equações 16 e 17, podemos traçar a curva de carga, conforme Figura 30. O ponto de interseção entre as duas curvas é chamado de ponto de operação ou ponto quiescente (Q). Desenhando uma linha horizontal (paralela ao eixo da tensão VD), passando por Q, é possível determinar o valor de IDQ, o valor da corrente de operação do diodo, e traçando uma reta vertical (paralela ao eixo da corrente, ID) e passando por Q, é possível determinar o valor de VDQ ou a tensão do diodo quiescente. FIGURA 30 – DESENHANDO A CURVA DE CARGA E DETERMINANDO O PONTO DE OPERAÇÃO SOBRE A CURVA CARACTERÍSTICA DO DIODO FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 49) 3 CIRCUITOS COM DIODOS 3.1 CONFIGURAÇÕES COM DIODOS EM SÉRIE Para a resolução de circuitos com diodo, utilizaremos o modelo equivalente aproximado linear por partes, pois, se levarmos em conta temperatura, tolerância e outras características importantes, é possível considerar respostas tão precisas quando usando o modelo real. Para a resolução dos circuitos seguintes, consideraremos que a resistência direta do diodo é muito pequena em relação a outros elementos do circuito de modo a poder ser desprezada. Na Figura 31, é apresentado um resumo para as configurações ideal e aproximada do diodo de silício. Vale relembrar que a queda de tensão no diodo ligado depende do material utilizado na fabricação, ou seja 0,7 V para o silício, 0,3 V para o germânio e 1,2 V para o arseneto de gálio. 48 UNIDADE 1 — DIODOS E SEMICONDUTORES FIGURA 31 – MODELOS DE DIODO SEMICONDUTOR DE SILÍCIO APROXIMADO E REAL FIGURA 32 – CONFIGURAÇÃO COM DIODO EM SÉRIE (A), DETERMINAÇÃO DO ESTADO DO DIODO (B) E SUBSTITUIÇÃO DO MODELO EQUIVALENTE PARA O DIODO “LIGADO” (C) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 54) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 54-55) Para a resolução de um circuito com diodo em série (Figura 32A) inicialmente precisamos verificar se o diodo está ligado ou desligado, para realizar essa tarefa devemos imaginar que no lugar do diodo existe uma resistência, e precisamos de uma queda de tensão de 0,7 V (diodo de silício), como E > 0,7 V = VK, podemos concluir que o diodo está ligado. Portanto, pela análise do circuito da Figura 32C, é possível concluir que: VD = VK VR = E - VK (Eq. 18) (Eq. 19) (Eq. 20) TÓPICO 3 — APLICAÇÕES DE DIODOS 49 Caso o diodo seja polarizado inversamente (Figura 33A), como discutido no Tópico 2, funcionará como um circuito aberto (Figura 33B),ou seja, como se o diodo estivesse “desligado” e, desse modo, podemos verificar pela análise do circuito que . FIGURA 33 – DIODO POLARIZADO INVERSAMENTE (A) E CIRCUITO EQUIVALENTE (B) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013) 3.2 CONFIGURAÇÃO COM O DIODO EM SÉRIE E EM SÉRIE-PARALELO Para a sua resolução é, basta aplicar as Leis de Kirchhoff ao circuito – mais adiante, veremos um exemplo resolvido em que será apresentada uma configuração de circuito série-paralelo e a resolução seguindo as leis de Kirchhoff. Considerando o circuito apresentado na Figura 34, temos dois diodos em paralelo com a saída Vo, de modo que é possível concluir que Vo = VD. Considerando E suficientemente grande para manter o diodo ligado, podemos concluir que a corrente I1 = (E – VD)/R, ou equivalentemente I1 = VR/R, onde VR = E – VD. Como os diodos são iguais, podemos concluir que . FIGURA 34 – CIRCUITO COM DIODO EM PARALELO FONTE: Adaptada de Boylestad; Nashelsky (2013, p. 59) 50 UNIDADE 1 — DIODOS E SEMICONDUTORES 4 APLICAÇÕES PRÁTICAS 4.1 RETIFICADORES DE MEIA-ONDA Para ampliar um pouco a análise de circuitos eletrônicos, serão introduzidas corrente e tensão alternadas. Na Figura 35, observamos o circuito de um retificador de meia-onda, onde iremos inicialmente utilizar o modelo ideal do diodo na análise, de modo a simplificar a matemática e aumentar a compreensão. Ao analisarmos a tensão de entrada (Figura 35), percebemos que no período T, um ciclo completo do sinal, o valor médio é igual a zero. Os diodos utilizados, nesse modelo de circuitos, são chamados de diodos retificadores e costumam ser muito superiores aos utilizados em circuitos eletrônicos de baixa potência. Ao analisarmos a saída do sistema, podemos dividir em duas situações: • Durante o intervalo de , conforme pode ser notado na Figura 36, estaremos no semiciclo positivo do sinal; desse modo, polarizando diretamente o diodo, como estamos analisando o circuito com um diodo ideal, não há queda de tensão e a saída é exatamente igual a entrada, funcionando o diodo, nesse caso, como um curto-circuito. • Durante o intervalo de , conforme mostra a Figura 36, estaremos no semiciclo negativo do sinal; desse modo, polarizando inversamente o diodo, resultando em um circuito equivalente aberto. FIGURA 35 – RETIFICADOR DE MEIA-ONDA FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 64) TÓPICO 3 — APLICAÇÕES DE DIODOS 51 FIGURA 37 – VALORES MÉDIOS DA TENSÃO DE ENTRADA E DA SAÍDA DE UM RETIFICADOR DE MEIA-ONDA FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 65) FIGURA 36 – ANÁLISE DA SAÍDA DE ACORDO COM A REGIÃO DE CONDUÇÃO FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 64) Analisando a circuito, é possível determinar o valor médio da tensão de saída, como pode demonstrado pela Figura 37, dado por: VCC= 0,318 Vm Em que Vm é a tensão de pico da entrada. (Eq. 21) 52 UNIDADE 1 — DIODOS E SEMICONDUTORES Caso seja utilizado um diodo de silício Vk = 0,7 V, a principal diferença é que, nesse caso, é necessária uma tensão mínima para o diodo entrar em operação, estando como circuito aberto em valores inferiores a Vk, quando em condução vo possui uma diferença fixa em relação à vi igual à Vk, logo vo = vi – Vk, conforme pode ser visto na Figura 38. Em situações em que Vm >> Vk, podemos considerar com alto grau de precisão que: VCC ≅ 0,318 (Vm - Vk) FIGURA 38 – EFEITO DE V NO RETIFICADOR DE MEIA-ONDA FIGURA 39 – RETIFICADOR DE ONDA COMPLETA EM PONTE FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 65) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 66) 4.2 RETIFICAÇÃO DE ONDA COMPLETA O circuito mais simples é apresentado na Figura 39, que é considerado o diodo ideal para facilitar a compreensão – mais adiante, veremos um exercício resolvido com o diodo de silício. Ao analisarmos a saída do sistema, podemos dividir em duas situações: (Eq. 22) TÓPICO 3 — APLICAÇÕES DE DIODOS 53 FIGURA 40 – CAMINHO SEGUIDO NAS REGIÕES POSITIVA E NEGATIVA DO SINAL DE ENTRADA E SAÍDA RESULTANTE, CONSIDERANDO DIODO IDEAL FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 67) • Durante o intervalo de t = 0 até t = T/2, conforme pode ser notado na Figura 40, estaremos no semiciclo positivo do sinal, fazendo com que os diodos D2 e D3 estejam diretamente polarizados (ligados) e os diodos D1 e D4 estejam inversamente polarizados (aberto), como estamos analisando o circuito com um diodo ideal, não há queda de tensão e a tensão na carga é exatamente igual à entrada (vo = vi). • Durante o intervalo de t = T/2 até t = T, conforme pode ser notado na Figura 40, estaremos no semiciclo negativo do sinal, fazendo com que os diodos D1 e D4 estejam diretamente polarizados (ligados) e os diodos D2 e D3 estejam inversamente polarizados (aberto), como estamos analisando o circuito com um diodo ideal, não há queda de tensão e a tensão na carga é exatamente igual à entrada, porém com polaridade oposta (vo = –vi), gerando um segundo pulso positivo. Com o dobro de sinal do eixo em relação ao retificador de meia-onda, o valor CC também será dobrado, logo: VCC = 0,636 Vm (Eq. 23) 4.3 CIRCUITOS CEIFADORES Segundo Boylestad e Nashelsky (2003, p. 69), “Ceifadores são circuitos que utilizam diodos para ‘ceifar’ uma porção do sinal de entrada sem distorcer o restante da forma de onda aplicada”. 54 UNIDADE 1 — DIODOS E SEMICONDUTORES Existem dois tipos gerais de ceifadores: em série e em paralelo, em que o diodo se encontra em um ramo em série ou em paralelo, respectivamente, a carga. Na Figura 41, é apresentado um exemplo de circuito ceifador em série com duas formas de onda na entrada, considerando o diodo do circuito como ideal, podemos perceber que a saída é muito semelhante a um circuito retificador de meia-onda, que também é um circuito ceifador. Na Figura 42, observamos a configuração mais simples de um circuito ceifador em paralelo, a sua análise é semelhante à utilizada para a configuração em série – o que será mais explorado nos exercícios resolvidos mais adiante. FIGURA 41 – CIRCUITO CEIFADOR EM SÉRIE FIGURA 42 – CIRCUITO CEIFADOR EM PARALELO FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 70) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 73) Exemplos resolvidos 1 (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013) Para a configuração em série do diodo apresentada na figura a seguir, determine os valores de V DQ , I DQ e V R , utilizando: DICAS TÓPICO 3 — APLICAÇÕES DE DIODOS 55 CIRCUITO (A) E RETA DE CARGA DO DIODO (B) CURVA DE CARGA FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 50) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 51) a) Reta de carga R.: O circuito é equivalente ao apresentado na Figura 29A, então podemos utilizar as equações 16 e 17 para determinar os pontos de interseção com os eixos coordenados. Logo: Portanto, marcando esses pontos na figura B apresentada, e traçando a reta de carga, obtemos a figura a seguir: 56 UNIDADE 1 — DIODOS E SEMICONDUTORES Traçando retas paralelas aos eixos que passam pelo ponto Q (interseção das curvas), po- demos obter o valor da corrente e da tensão no ponto quiescente, ou ponto de trabalho. Logo: São valores aproximados devido à resolução do gráfico – quanto menor for a escala, mais preciso serão os valores. O valor da tensão no resistor é dado por: b) Modelo equivalente aproximado. R.: Se utilizarmos o modelo aproximado, os pontos de interseção com os eixos são os mesmos calculados anteriormente, porém o ponto quiescente mudará, conforme mos- tra a figura seguinte: Realizando procedimento análogo ao feito anteriormente, temos que: Percebemos que a corrente é a mesma e o valor da tensão sobre o diodo difere em centésimos e, em relação a muitos circuitos, será insignificante. O valor de V R é dado por: RETA DE CARGA PARA MODELO APROXIMADO DO DIODO FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 52) TÓPICO 3 — APLICAÇÕES DE DIODOS 57 CIRCUITO PARA O EXEMPLO 2 FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 56) 2 Para o circuito apresentado na figura a seguir, determine V D , V R e I D quando: a) E = 10 V. R.: Com E = 10 V, percebemos que o circuitoé equivalente ao apresentado na Figura 32A, então, pelas equações 17, 18 e 19, temos: b) E = 0,6 V. R.: Quando E = 0,6 V, a tensão é insuficiente para “ligar” o diodo, mesmo o diodo sendo polarizado diretamente. Para facilitar o entendimento, o ponto de operação é apresenta- do na figura a seguir, em que podemos perceber que o diodo não conduz, então o seu comportamento será como circuito aberto. Desse modo, aplicando-se as Equações 17, 18 e 19, temos: V D = E = 0,6 V V R = E - V D = E - E = 0 V 58 UNIDADE 1 — DIODOS E SEMICONDUTORES PONTO DE OPERAÇÃO COM E = 0,6 V CIRCUITO FONTE: O autor FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 59) 3 Na figura a seguir, existem dois LEDs que podem ser utilizados como detectores de polaridades, de modo que a aplicação de uma tensão de polaridade positiva resulta em luz verde e de polaridade negativa em luz vermelha. Determine o valor de R, considerando uma corrente de 20 mA quando os diodos estiverem ligados. Os diodos possuem uma tensão de ruptura reversa de 3 V e uma tensão média de 2 V, quando ligados. R.: Ao aplicarmos uma tensão positiva, temos uma corrente convencional que coincide com a seta do diodo verde, e como a tensão aplicada é superior à tensão necessária para ligar o LED, teremos como resultado o apresentado na figura seguinte. TÓPICO 3 — APLICAÇÕES DE DIODOS 59 CONDIÇÕES OPERACIONAIS DO CIRCUITO FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 60) Ao aplicarmos a lei de Ohm ao circuito, obtemos: Logo, 60 UNIDADE 1 — DIODOS E SEMICONDUTORES LEITURA COMPLEMENTAR DIODO ZENER E SUAS APLICAÇÕES O diodo zener é uma variação de diodos comuns com junção PN projetado especificamente para ser inversamente polarizada, funcionando como um dispositivo de proteção ou um regulador de tensão. O objetivo desse artigo é explicar qual o funcionamento do diodo zener, quais suas aplicações, o que são suas especificações e quais os tipos disponíveis no mercado. O que é o diodo zener? Um diodo normal, quando é diretamente polarizado, permite a passagem de corrente com uma pequena queda de tensão. Ao ser polarizado inversamente, o diodo não permite a passagem de corrente, a menos que o valor de tensão ultrapasse o valor de ruptura, isto é, o valor máximo de tensão reversa que o componente suporta, causando a queima do diodo. SIMBOLOGIA E FOTO DO DIODO ZENER O diodo zener, é projetado para trabalhar sempre sendo inversamente polarizado, com um objetivo: a partir do momento que a tensão de ruptura do componente é atingida, a tensão fica constante, de forma que ele funciona como um regulador de tensão. É claro que, se a tensão crescer demais, o diodo zener também vai queimar e entrar em curto. Quando polarizado diretamente, o zener se comporta como um diodo comum. Ao adquirir um diodo zener, é necessário verificar a tensão de regulagem, que vai se manter constante em seus terminais, após polarizar inversamente, o componente com uma tensão igual ou maior a tensão de regulagem. Verifique também a corrente mínima e máxima de operação, para garantir que o componente funcionará adequadamente. O diodo zener recebe esse nome por causa do cientista físico americano Clarence Melvin zener (1905-1993), que foi o primeiro que descreveu a propriedade elétrica que faz esse componente funcionar. TÓPICO 3 — APLICAÇÕES DE DIODOS 61 CURVA CARACTERÍSTICA DO DIODO ZENER Curva característica do diodo zener A curva da figura é genérica para qualquer diodo, mas, para o zener, vamos focar na parte à esquerda, em que o componente é inversamente polarizado. Quando a tensão reversa no componente é menor do que a tensão de ruptura do zener, ele continua funcionando exatamente igual a um diodo comum. Entretanto, quando o valor da tensão se aproxima da tensão de ruptura, o diodo começa a conduzir e absorver a corrente. Mesmo tentando aumentar a tensão reversa nos terminais do componente, ela se manterá constante (a menos que a corrente seja tão alta que extrapole as limitações do componente, fazendo com que ele entre em curto). Portanto, o diodo zener quando polarizado inversamente com uma tensão igual ou maior que a tensão de ruptura irá manter a tensão constante em seus terminais, a chamada tensão zener. Diferentemente dos diodos normais, a tensão de ruptura no zener é muito menor, estando na casa de 2.4 V a 100 V, enquanto um diodo comum 1N4007 tem 1.000 V de tensão de ruptura. Tipos e aplicações Por conta de sua principal propriedade, isto é, manter a tensão constante após a tensão em seus terminais atingir e ultrapassar a tensão de ruptura, o diodo zener é amplamente utilizado como um regulador de tensão em circuitos eletrônicos. Com ele, é possível garantir que a tensão esteja fixada em um determinado valor, garantindo segurança ao projeto. Em circuitos clipadores, o componente também é muito utilizado. Clipadores são circuitos que permitem a passagem de um sinal de entrada sem nenhuma modificação até que ele atinge um determinado valor de tensão, em que a saída passa a ser limitada. 62 UNIDADE 1 — DIODOS E SEMICONDUTORES Para utilizar o componente como um regulador de tensão, conecta- se ele em paralelo com os terminais de saída da fonte, de forma que ele fique inversamente polarizado. O resistor Rs entre o zener e o positivo da fonte serve para limitar a corrente que passa pelo diodo. Esse resistor deve ser dimensionado de acordo com a potência máxima do diodo zener e a tensão da fonte. A partir disso, calcula-se a corrente que pode fluir pelo circuito e, então, utilizando a Lei de Ohm, calcula-se o valor de resistência necessário para o resistor Rs. Para o circuito funcionar corretamente, a tensão de entrada Vin deve ser maior que a tensão zener do diodo. Sem isso, o circuito não vai funcionar corretamente. As tensões mais comuns para os diodos zener estão na Tabela 1. Os zeners de até 500 mW, mais comuns em circuitos eletrônicos, seguem a mesma sequência de valores usada nos resistores E24. Eles estão disponíveis em valores que vão de 2.4 V a até mais ou menos 100 V. TÓPICO 3 — APLICAÇÕES DE DIODOS 63 Além da tensão, é necessário levar em conta a corrente mínima e máxima de operação do componente. Quando a corrente é menor que a corrente mínima, o zener é incapaz de entregar as suas principais propriedades, fazendo com que ele não funcione corretamente. Se a corrente ultrapassar a corrente máxima, o componente entra em colapso e queima, tornando-se inútil. Quando ligados em série, a tensão zener nos componentes se soma. Nota- se que, no circuito a seguir, entre os três diodos zener existe um diodo normal, que está diretamente polarizado. 64 UNIDADE 1 — DIODOS E SEMICONDUTORES Quando um diodo normal é diretamente polarizado, existe uma queda de tensão nele de 0,6 ou 0,7 volts. Por isso que, do ZD2 ao ZD3 a tensão cai de 10.6 V para 10 V. A partir da ligação em série, é possível obter tensões diferentes das que estão tabeladas, possibilitando a criação de fontes de tensão com saídas estabilizadas em diversos valores. FONTE: Adaptado de ATHOS ELECTRONICS. Diodo zener e suas aplicações. Athos Electronics. Disponível em: https://athoselectronics.com/diodo-zener-e-suas-aplicacoes/. Acesso em: 27 mar. 2021. 65 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você aprendeu que: • O diodo conduz em apenas uma direção, como se fosse uma rua de corrente unidirecional. Quando polarizada na direção correta, ou seja, polarização direta, a corrente flui normalmente, mas a queda de tensão é pequena. • Analisar o circuito é o mesmo que dizer que é necessário determinar os valores de tensão e corrente que atendem ao diodo e analisar os parâmetros do circuito ao mesmo tempo. • Para determinar a linha de carga, ou seja, a linha determinada pela tensão do circuito e sua carga, podemos retornar à definição matemática, ou seja, para traçar uma linha, basta ter dois pontos. O ponto mais fácil de determinar é o ponto de intersecção com o eixo das coordenadas. Ficou alguma dúvida? Construímosuma trilha de aprendizagem pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. CHAMADA 66 1 Determine o valor de Vo e ID para o circuito em série da figura a seguir. FONTE: Adaptada de Boylestad; Nashelsky (2013) 2 Determine o valor de V0 da figura a seguir. FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 62) 3 Determine o valor de ID , V D2 e Vo para o circuito apresentado na figura a seguir. FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 57) AUTOATIVIDADE 67 4 Determine a forma de onda da saída para o circuito da figura a seguir. FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 71) 68 REFERÊNCIAS ATHOS ELECTRONICS. Diodo zener e suas aplicações. ATHOS ELECTRONICS. Disponível em: https://athoselectronics.com/diodo-zener-e- suas-aplicacoes/. Acesso em: 11 jan. 2021. BOYLESTAD, R. L.; NASHELSKY, L. Dispositivos Eletrônicos e Teoria dos Circuitos. 11. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil; 2013. Disponível em: https://www.academia.edu/44212475/Dispositivos_ElEtr%C3%B4nicos_E_ TEORIA_DE_CIRCUITOS_11a_Edi%C3%A7%C3%A3o. Acesso em: 27 mar. 2021. GALDINO, J. C. S. Eletrônica Analógica – Aula 1. Rio Grande do Norte: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), 2012. Disponível em: https://docente.ifrn.edu.br/jeangaldino/ disciplinas/2012.2/eletronica/material-de-apoio/apostila-parte-01. Acesso em: 2 jun. 2020. LORENZ, K.; MARQUES, J. G.; MONTEIRO, T. Díodos emissores de luz e iluminação. Gazeta de Física, v. 39, n. 1, p. 50-54, 2016. Disponível em: https:// www.spf.pt/magazines/GFIS/119/article/991/pdf. Acesso em: 22 out. 2020. MALVINO, A. Eletrônica: Volume 1. 7. ed. Porto Alegre: AMGH; 2007. MARTELETO, D. C. Avaliação do Diodo Emissor de Luz (LED) para Iluminação de Interiores. 2011. 96f. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2011. Disponível em: http://monografias.poli.ufrj.br/monografias/ monopoli10003763.pdf. Acesso em: 22 out. 2020. REIS, F. Curso de Eletrônica – Condutores, Semicondutores e Isolantes. Bóson Treinamentos em Tecnologia. BOSON Treinamentos em Ciência e Tecnologia. 2016. Disponível em: http://www.bosontreinamentos.com.br/eletronica/curso- de-eletronica/curso-de-eletronica-condutores-semicondutores-e-isolantes/. Acesso em: 2 jun. 2020. SCHULER, C. A. Eletrônica I: Habilidades Básicas em Eletricidade, Eletrônica e Telecomunicações. 7. ed. Porto Alegre: AMGH; 2013. 69 UNIDADE 2 — TRANSISTORES I OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • compreender e conhecer a construção e a operação dos transistores; • analisar as principais configurações dos transistores; • analisar uma folha de dados e seus principais pontos; • verificar os circuitos de polarização do transistor; • analisar alguns circuitos importantes que possuem transistores; • resolver exercícios de modo a ampliar seu conhecimento a respeito de transistores; • conhecer os transistores de efeito de campo (JFET, MOSFET e MESFET); • compreender seu funcionamento e plotar suas curvas de operação; • verificar a análise corrente alternada (CA) do transistor bipolar de junção; • conhecer o modelo re do transistor. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – TRANSISTORES BIPOLARES DE JUNÇÃO (TBJ) TÓPICO 2 – TRANSISTORES DE EFEITO DE CAMPO TÓPICO 3 – ANÁLISE DA CORRENTE ALTERNADA (CA) DO TRANSISTOR BIPOLAR DE JUNÇÃO Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 70 71 UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO O dispositivo eletrônico mais desenvolvido e de grande interesse, entre 1904 e 1947, foi a válvula (diodo criada por J. A. Fleming, em 1904), cujo impulsionamento por rádio e televisão teve ampliou a sua produção de aproximadamente 1 milhão de válvulas, em 1922, para cerca de 10 milhões de válvulas em 1937. Esse setor, ao passar dos anos, apresentou grandes avanços em diversas áreas, sendo projeto, técnica de fabricação, miniaturização, além de aplicações em alta potência e alta frequência (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). Em 23 de dezembro de 1947, na Bell Telephone Laboratories, William Schockley, Walter H. Brattain e John Baedeen (Figura 1) demonstraram a função de amplificação do primeiro transistor (Figura 2). O primeiro transistor (um dispositivo de estado sólido que contém três terminais) apresentava diversas vantagens, como não haver necessidade de aquecimento, ser menor e mais leve, não apresentar perdas por aquecimento, ser mais eficiente por conta de ter uma menor absorção de potência, estar pronto para uso imediata e trabalhar com uma tensão menor (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). O surgimento do transistor abriu caminho para diversas outras invenções importantes, como os circuitos integrados (CIs), que são dispositivos pequenos que contêm milhares de transistores. Com o advento desse pequeno componente, foi possível criar computadores e outros milagres eletrônicos de nosso cotidiano atual (MALVINO, 2007). TÓPICO 1 — TRANSISTORES BIPOLARES DE JUNÇÃO (TBJ) UNIDADE 2 — TRANSISTORES I 72 FIGURA 1 – OS COINVENTORES DO PRIMEIRO TRANSISTOR NA BELL LABORATORIES FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 115) FIGURA 2 – O PRIMEIRO TRANSISTOR FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 116) TÓPICO 1 — TRANSISTORES BIPOLARES DE JUNÇÃO (TBJ) 73 2 CONSTRUÇÃO DO TRANSISTOR O transistor é um componente semicondutor composto por três camadas, podendo ser constituídas de dois modos distintos: duas camadas de material semicondutor do tipo n e uma camada de material semicondutor do tipo p (sendo chamado de transistor npn) ou duas camadas de material semicondutor do tipo p e uma camada de material semicondutor do tipo n (sendo chamado de transistor pnp). A Figura 3 apresenta os dois tipos de transistores contendo a polarização de corrente contínua (CC) e apropriada (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). Os transistores bipolares de junção (TBJ – sigla do inglês bipolar junction transistor) são semelhantes aos diodos de junção, embora contenham uma junção adicional, o transistor é dito bipolar por conter tanto lacunas (+) quanto elétrons (–) constituindo o fluxo de corrente através do dispositivo. As regiões do transistor podem ser notadas na Figura 3, na qual temos o emissor (E), a base (B) e o coletor (C). O emissor é fortemente dopado, uma vez que deve enviar portadores de corrente para a base e, posteriormente, ao coletor, enquanto a base e coletor possuem dopagem leve. O coletor reúne os portadores, o emissor envia os portadores e a base funciona como uma válvula de controle de portadores do emissor para o coletor (SCHULER, 2013). FIGURA 3 – TIPOS DE TRANSISTORES: (A) PNP E (B) NPN FONTE: Adaptada de Boylestad; Nashelsky (2013, p. 116) A adequada polarização do transistor é extremamente importante e necessária, de modo que a troca de um transistor npn por um pnp não é possível em circuitos eletrônicos, pois cada um dos tipos possui uma polarização característica. Para que o transistor opere corretamente, a junção coletor-base deve ser mantida reversamente polarizada; desse modo, tem-se que o coletor em um transistor npn deve ser positivo em relação à base e, em um transistor pnp, o coletor deve ser negativo em relação à base (SCHULER, 2013). UNIDADE 2 — TRANSISTORES I 74 3 OPERAÇÃO DO TRANSISTOR Para o estudo das operações básicas de um transistor bipolar de junção, será utilizado um transistor pnp (Figura 3A). Com relação à operação de um transistor npn, as características são equivalentes, sendo somente necessária a troca das funções das lacunas e dos elétrons (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013, p.117). Para facilitar a compreensão do funcionamento, o transistor foi redesenhado em dois circuitos, conforme mostra a Figura 4, sendo que, na Figura 4A, o transistor pnp não possui a polarização base-emissor e, na Figura 4B, o transistor pnp não possui a polarização base-emissor. FIGURA 4 – POLARIZAÇÃO DE UM TRANSISTOR: (A) DIRETA E (B) INDIRETA FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 117) Por meio da análise da Figura 4, percebemos que a região de depleção é pequena na Figura 4A, devido à tensão aplicada resultar em um alto fluxo de portadores majoritários do material do tipo p para o material do tipo n, situação semelhante a um diodo diretamente polarizado. Já na Figura 4B percebemos uma grande camada de depleção, sendo possível fazer uma analogia com o diodo reversamente polarizado, pois o fluxo de portadores prioritários é zero e o fluxo é de portadores minoritários; assim, conclui-se que “em um transistor, uma das junções é polarizada diretamente enquanto a outra é polarizada inversamente” (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013, p. 117). Aplicando os potenciais VEE e VCC ao transistor pnp, obtemos o sistema apresentado na Figura 5, em que também é possível analisar o fluxo de portadores majoritários e minoritários entre as junções. TÓPICO 1 — TRANSISTORES BIPOLARES DE JUNÇÃO (TBJ) 75 FIGURA 5 – FLUXO DE PORTADORES MAJORITÁRIOS E MINORITÁRIOS DE UM TRANSISTOR PNP FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 117) Na Figura 5, é possível determinar claramente quais as regiões de polarização (direta e indireta) pela análise da largura da região de depleção. Além disso, muitos portadores majoritários atravessam para a região do tipo n (base) através da junção pn (emissor-base), que está diretamente polarizada. Uma vez que a camada do tipo n é muito fina e pouco condutiva, poucos portadores contribuíram para a corrente de base, IB , sendo essa corrente normalmente na ordem de microampères,µA , enquanto a corrente do coletor e do emissor é na ordem de miliampères, mA. A maioria dos portadores majoritários entrará através da junção polarizada reversamente no material do tipo p conectado ao terminal do coletor, conforme Figura 5. De fato, é fácil entender essa situação, visto que, para um diodo polarizado inversamente, os portadores majoritários serão como os portadores minoritários em um material do tipo n. Ou seja, houve uma injeção de portadores minoritários no material do tipo n; além disso, sabemos que todos os portadores minoritários presentes na região de depleção atravessaram a junção com polarização reversa do diodo, obtendo o fluxo apresentado na Figura 5 (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). Aplicando a Lei de Kirchhoff das Correntes (LKC) ao transistor da Figura 5, é possível obter a Equação 1, na qual se observa que a corrente do emissor é igual à soma da corrente do coletor com a corrente da base: Entretanto, sabemos que a corrente do coletor é composta por dois componentes, os portadores minoritários e os portadores majoritários. A corrente proveniente dos portadores minoritários é chamada de corrente de fuga, Ico , que pode ser obtida medindo a corrente Ic com o terminal do emissor aberto. Portanto, a corrente do coletor pode ser obtida pela Equação 2 (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013): (Eq. 1) UNIDADE 2 — TRANSISTORES I 76 IC = ICmajoritário + ICOminoritário Para TBJ de uso geral, IC é medido em miliampères e ICO , em microampères ou nanoampères. Em função de melhorias na técnica de construção, é possível obter valores muito pequenos de ICO , de modo a poder ser ignorado frequentemente. Deve-se tomar cuidado sempre com as características do transistor quando submetido a grandes variações de temperatura (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). 4 CONFIGURAÇÕES DO TRANSISTOR A seguir, discutiremos as principais características do transistor nas configurações base-comum, emissor-comum e coletor-comum. 4.1 CONFIGURAÇÃO BASE-COMUM A Figura 6 apresenta a notação e o símbolo do TBJ mais utilizados em eletrônica na configuração base-comum, nome que é proveniente do fato de a base estar conectada na entrada e na saída (ser comum a ambas); além disso, normalmente possui o menor potencial, próximo ao terra – quando não está efetivamente conectada ao terra. Por convenção, o sentido da corrente refere- se ao fluxo convencional (de lacunas), e não ao fluxo de elétrons. Desse modo, para um TBJ, a seta define a direção da corrente de emissor (fluxo convencional) (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). (Eq. 2) FIGURA 6 – NOTAÇÃO E SÍMBOLO UTILIZADO PARA A CONFIGURAÇÃO BASE-COMUM DO TRANSISTOR DO TIPO PNP (A) E NPN (B) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 118) TÓPICO 1 — TRANSISTORES BIPOLARES DE JUNÇÃO (TBJ) 77 É importante perceber como conectar a polarização do TBJ, de modo a obter a corrente conforme indicado na Figura 6. Para uma correta descrição do TBJ, dispositivo com três terminais, é necessário dois conjuntos de curvas características, um que represente a saída e um que represente a entrada (ou o acionamento) (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). Na Figura 7, temos uma curva característica para a entrada de um TBJ, transistor amplificador ou somente amplificador, em que se nota a relação entre a corrente de entrada, IE, com uma tensão de entrada, VBE , para diversos valores de tensão de saída, VCB . FIGURA 7 – CURVA CARACTERÍSTICA DE ENTRADA, OU DE PONTO DE ACIONAMENTO, PARA UM TRANSISTOR AMPLIFICADOR DE SILÍCIO NA CONFIGURAÇÃO BASE-COMUM FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 118) A Figura 8 apresenta a relação entre a corrente de saída, IC , com a tensão de saída, VCB , para diversos valores de corrente de entrada, IE . Podemos perceber três regiões no gráfico: a região ativa, a região de corte e a região de saturação. Na região ativa (normalmente empregada para amplificadores lineares), a junção base-emissor está polarizada diretamente e a junção base-coletor está polarizada inversamente. Pela análise da curva, é possível perceber que, à medida que a corrente do emissor fica acima de zero, a corrente do coletor aumenta até um valor essencialmente igual à corrente do emissor (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013), logo, IC ≅ IE (Eq. 3) UNIDADE 2 — TRANSISTORES I 78 FIGURA 8 – CURVA CARACTERÍSTICA DE SAÍDA, OU DE COLETOR, PARA UM TRANSISTOR AMPLIFICADOR NA CONFIGURAÇÃO BASE-COMUM FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 119) Na região de corte (IC = 0 A), ambas as regiões do transistor, base-coletor e base-emissor, possuem polarização reversa (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). Na região de saturação, ambas as junções, base-emissor e base-coletor, estão polarizadas diretamente (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). Na análise da Figura 7, podemos fazer uma analogia com o diodo, quando polarizado diretamente, e, desse modo, sempre que o transistor estiver “ligado”, podemos considerar a tensão base-emissor como: VBE ≅ 0,7 V (Eq. 4) 4.1.1 Alfa (α) No modo CC, os valores de IC e IE se relacionam através de uma quantidade chamada alfa, conforme mostra a Equação 5 (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013): Na qual os valores de IC e IE são correspondentes ao ponto de operação. Os dispositivos na prática possuem valores de α entre 0,90 e 0,998 (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). (Eq. 5) TÓPICO 1 — TRANSISTORES BIPOLARES DE JUNÇÃO (TBJ) 79 Como o valor de alfa é definido exclusivamente pelos portadores majoritários, é possível reescrever a Equação 2 como: IC = αIE + ICBO Os valores de ICBO são, geralmente, muito pequenos, sendo quase impossível detectá-los, normalmente podem ser desconsiderados (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). No modo CA (corrente alternada), o alfa, formalmente chamado de base- comum, curto-circuito ou fator de amplificação, é definido como: (Eq. 6) (Eq. 7) 4.1.2 PolarizaçãoAo utilizarmos a aproximação apresentada na Equação 3, IC ≅ IE , e inicialmente presumindo que IB ≅ 0 µA , podemos obter a polarização para um TBJ pnp, conforme a Figura 9. É importante notar que a seta do TBJ apresenta a direção do fluxo convencional, no caso, IC ≅ IE , e que as fontes são inseridas com polaridade correspondente à manutenção do sentido da corrente. Para um transistor npn, a discussão será semelhante, mas com as polaridades invertidas (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). Uma dica para reconhecer o tipo de transistor é observar a direção da seta, ou seja, em um transistor npn, a seta não aponta para dentro e, em um transistor pnp, a seta aponta para dentro (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013), conforme pode visto na Figura 6. FIGURA 9 – ESTABELECIMENTO DA POLARIZAÇÃO ADEQUADA PARA UM TRANSISTOR NPN NA CONFIGURAÇÃO BASE-COMUM NA REGIÃO ATIVA FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 121) UNIDADE 2 — TRANSISTORES I 80 4.1.3 Região de ruptura Analisando a Figura 8, é possível perceber uma região onde a curva assume uma ascensão drástica: a partir de certo valor VCB, efeito avalanche semelhante ao estudado para os diodos. Sabemos que a junção base-coletor é polarizada reversamente na região ativa, mas existe um ponto em que uma tensão demasiada grande de polarização reversa acarretará um efeito de avalanche, implicando um grande aumento de corrente com pequenas variações da tensão base-coletor. A tensão máxima admissível para o ramo base-coletor é VCBO , em que O (maiúsculo) representa o ramo do emissor aberto (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). 4.2 CONFIGURAÇÃO EMISSOR-COMUM É a configuração mais frequentemente utilizada com os transistores, denominada emissor-comum devido ao emissor estar conectado à entrada e à saída (emissor comum aos terminais do coletor e da base) (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). A Figura 10 apresenta a notação e o símbolo para os transistores npn e pnp. FIGURA 10 – NOTAÇÃO E SÍMBOLOS UTILIZADOS PARA TRANSISTORES (A) NPN E (B) PNP NA CONFIGURAÇÃO EMISSOR-COMUM FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 122) Assim como vimos para a configuração base-comum, na configuração emissor-comum é necessário dois conjuntos de curvas características para descrever o comportamento do transistor na configuração emissor-comum: um relacionado à entrada (base-emissor), na qual é apresentado o gráfico da relação TÓPICO 1 — TRANSISTORES BIPOLARES DE JUNÇÃO (TBJ) 81 entre a corrente de entrada, IB, e a tensão de entrada, VBE , para uma faixa de valores de tensão de saída (Figura 11B); e outro para a saída (coletor-emissor), em que é apresentado o gráfico da corrente de saída, IC , em relação à tensão de saída, VCE, para uma faixa de valores de corrente de entrada, IB, conforme Figura 11A. Mesmo em configuração distinta, as Equação 3, 4 e 6, apresentadas para a configuração base-comum, são aplicáveis à configuração emissor-comum. Além disso, na região ativa de um amplificador na configuração emissor-comum, teremos a junção base-emissor polarizada diretamente e a junção base-coletor polarizada reversamente (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). FIGURA 11 – CURVAS CARACTERÍSTICAS DE UM TRANSISTOR DE SILÍCIO NA CONFIGURAÇÃO EMISSOR-COMUM: CURVA CARACTERÍSTICA DO COLETOR (A) E CURVA CARACTERÍSTICA DA BASE (B) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 123) Por meio da análise da Figura 11A, é possível notar que a região de corte não é tão bem definida; com a substituição da Equação 1 na Equação 6, utilizando a propriedade da Equação 3, obtemos: Algo importante a ser mencionado é que, caso seja desejável um sinal de saída sem distorção, a região abaixo de IB = 0 µA deve ser evitada (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). (Eq. 8) UNIDADE 2 — TRANSISTORES I 82 4.2.1 Beta (β) A relação entre IC e IB (pontos específicos de operação da curva característica) para a configuração emissor-comum no modo CC é chamada de beta e pode ser escrita como (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013): O valor de β varia geralmente desde 50 até valores superiores a 400, a maioria na faixa de 200. β revela uma corrente relativa em relação à outra. Nas folhas de dados, é apresentado geralmente como hFE . A análise CA é definida como (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013): Em que o βCA representa o fator de amplificação de corrente direta na configuração emissor-comum. Para poder exemplificar a obtenção do valor de βCA pela Equação 10, utilizaremos a Figura 12, na qual podemos traçar uma reta vertical em VCE = 7,5 V , e, dessa maneira, em qualquer ponto sobre essa curva, o valor de VCE será constante e igual a 7,5 V . Para determinar a variação da corrente, é necessário a escolha de dois pontos, um superior e outro inferior ao ponto quiescente, preferencialmente com mesma distância do ponto Q. Na Figura 12, temos IB1 = 20 µA e IB2 = 30 µA , que atendem às condições para um ponto de operação de IB = 25 µA , os valores de IC são determinados traçando-se uma reta horizontal que passa por IB1 e IB2. Vale ressaltar que o melhor beta CC é obtido com as menores variações de IB. Logo, utilizando a Equação 10: Portanto, para uma entrada CA na base, a corrente de saída no coletor é aproximadamente 100 vezes maior que a corrente de entrada. Para a determinação do BCC , utilizaremos o ponto quiescente, obtido pela Equação 9: (Eq. 9) (Eq. 10) TÓPICO 1 — TRANSISTORES BIPOLARES DE JUNÇÃO (TBJ) 83 FIGURA 12 – DETERMINAÇÃO DO β CA E β CC A PARTIR DAS CURVAS CARACTERÍSTICAS DO COLETOR FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 125) É possível notar que os valores de βCC e βCA são muito próximos, o que normalmente ocorre e permite que possam ser intercambiáveis. Um ponto que sempre devemos lembrar é que, mesmo em transistores do mesmo lote, o valor do beta pode ser distinto, devendo sempre ser verificado (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). É possível relacionar os valores de α e β por meio das relações vistas até aqui, utilizando a Equação 9, , e pela Equação 5, . Conforme a Equação 1: IE = IC + IB Logo, UNIDADE 2 — TRANSISTORES I 84 Dividindo ambos os lados por IC , temos: Ou: Além disso, Utilizando a relação: Temos: ICEO = (β + 1) ICBO Como sabemos que β >> 1 : ICEO ≅ βICBO É possível perceber a importância do beta, que relaciona diretamente os níveis de corrente de entrada e de saída do circuito, desse modo, IC = βIB (Eq. 14) Além disso, podemos reescrever a Equação 1 como: IE = (β + 1) IB (Eq. 15) (Eq. 11) (Eq. 13) (Eq. 12) TÓPICO 1 — TRANSISTORES BIPOLARES DE JUNÇÃO (TBJ) 85 4.2.2 Polarização Podemos determinar a polarização de modo semelhante ao utilizado na configuração base-comum. Na Figura 13A, temos um transistor do tipo npn, ao qual iremos aplicar a polarização adequada. Inicialmente, identificamos a corrente do emissor conforme a indicação da seta (Figura 13B) e direcionamos as outras correntes de acordo com IE , lembrando da Equação 1, que mostra que a corrente do emissor é igual à soma das correntes de base com a do coletor (LKC; Figura 13C). FIGURA 13 – DETERMINAÇÃO DA POLARIZAÇÃO APROPRIADA PARA UM TRANSISTOR NPN NA CONFIGURAÇÃO EMISSOR-COMUM FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 127) 4.2.3 Região de ruptura Analisando a Figura 14, é possível notar uma região conhecida como região de resistência negativa, que são regiões que, quando possuem altos níveis de corrente de base, as correntes quase ascendem verticalmente e, em valores baixos, apresenta uma regiãoque parece apoiar-se sobre si mesma. Os valores máximos recomendados para que o transistor opere em condições normais é denominado BVCEO , que, na realidade, possui metade desse valor (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). UNIDADE 2 — TRANSISTORES I 86 FIGURA 14 – EXAME DA REGIÃO DE RUPTURA DE UM TRANSISTOR NA CONFIGURAÇÃO EMISSOR-COMUM FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 128) 4.3 CONFIGURAÇÃO COLETOR-COMUM Normalmente é utilizada para casamento de impedância, por possuir alta impedância de entrada e baixa impedância de saída – o oposto do observado nas configurações base-comum e emissor-comum. A Figura 15 apresenta a notação e símbolo para a configuração coletor-comum. Não são necessárias curvas específicas para a configuração coletor-comum, sendo possível utilizar as curvas da configuração emissor-comum, pois, na prática, são idênticas às da configuração coletor-comum, sendo necessárias pequenas adaptações no eixo da tensão e sutil diferença na escala vertical de IC já que α ≅ 1 . TÓPICO 1 — TRANSISTORES BIPOLARES DE JUNÇÃO (TBJ) 87 FIGURA 15 – NOTAÇÃO E SÍMBOLO UTILIZADOS PARA A CONFIGURAÇÃO COLETOR-COMUM DE UM TRANSISTOR DO TIPO PNP (A) E NPN (B) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 129) Por meio da análise da Figura 16, é possível perceber que alguns limites de operação são autoexplicativos, como a corrente máxima do coletor (corrente do coletor contínua – folha de dados) e tensão máxima coletor-emissor (BVCEO ou VBRCEO). A linha vertical, definida como VCEsat especifica o mínimo de tensão que pode ser aplicado sem que caia na região de saturação (não linear) (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). É possível determinar o valor de máxima dissipação de potência pela Equação 16: (Eq. 16) É importante lembrar que o valor máximo da potência é constante em qualquer ponto das curvas características, podendo-se obter a curva apresentada na Figura 16 pela substituição dos valores de ICmáx , VCEmáx e ½ ICmáx com o valor de PCmáx específico do componente. Esses três pontos são suficientes para ter uma aproximação da curva, mas é necessário ressaltar que, quanto mais pontos, mais precisa será a determinação da curva (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). UNIDADE 2 — TRANSISTORES I 88 FIGURA 16 – DEFINIÇÃO DA REGIÃO LINEAR (SEM DISTORÇÃO) DE OPERAÇÃO DO TRANSISTOR FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 130) Com o objetivo de manter a menor distorção, é importante manter a região de corte em IC = ICEO. Contudo, essa informação nem sempre é apresentada nas folhas de dados, mas, caso não seja, é possível obtê-la utilizando a Equação 13. Caso não haja as características, é importante manter os valores de IC ,VCE e VCEIC dentro dos seguintes intervalos: (Eq. 17) Para a configuração base-comum, a curva de potência máxima é dada por: (Eq. 18) 5 TESTE DO TRANSISTOR Uma forma de fazer o teste de modo prático é utilizando um voltímetro, pois sabemos que um transistor, em bom estado, apresenta duas junções pn, que podemos verificar como um diodo com o auxílio do ohmímetro (Figura 17). TÓPICO 1 — TRANSISTORES BIPOLARES DE JUNÇÃO (TBJ) 89 FIGURA 17 – POLARIDADE DAS JUNÇÕES DE UM TRANSISTOR PNP (A) E NPN (B) FONTE: Schuler (2013, p. 134) Ainda é possível utilizar o ohmímetro para identificar as polaridades (npn e pnp) e os três terminais de um transistor, sendo conectados dois terminais do transistor; caso o visor do ohmímetro apresente uma baixa resistência, há duas situações possíveis: encontrou-se um dos diodos ou o transistor está em curto- circuito – para saber qual a real situação, basta inverter os terminais e, caso o transistor se encontre em bom estado, o visor do ohmímetro indicará uma alta resistência (Figura 18), mas, se for verificada resistência alta em ambas as direções, é possível afirmar que foram encontrados o coletor e o emissor, pois, em ambos os casos, um dos diodos estará inversamente polarizado, tendo encontrado o emissor e o coletor, e a base é identificada por eliminação (SCHULER, 2013). FIGURA 18 – IDENTIFICAÇÃO DE UMA JUNÇÃO POLARIZADA REVERSAMENTE (A) E DIRETAMENTE (B) FONTE: Schuler (2013, p. 135) UNIDADE 2 — TRANSISTORES I 90 Conectando o terminal negativo do ohmímetro à base e encostando uma das pontas do medidor aos outros dois terminais, se for verificada uma baixa resistência, o transistor analisado é do tipo pnp. Caso se conecte a base ao terminal positivo e se verifique uma resistência baixa ao encostar a ponta de prova aos outros terminais, trata-se de um transistor do tipo npn (SCHULER, 2013). Segundo Schuler (2013, p. 136), é possível apresentar uma sequência de procedimentos para a identificação dos transistores: • Utilize a escala Rx100 de um ohmímetro analógico (ou escala Rx1 para transistores de potência de germânio). • Encontre os dois terminais que possuem a maior resistência com ambas as polaridades aplicadas. O terminal restante é a base. • Com o terminal positivo conectado à base, uma resistência baixa deve ser encontrada conectando o terminal negativo a qualquer um dos pinos restantes do transistor caso o dispositivo seja do tipo npn. Para um transistor pnp, o terminal negativo deve ser conectado à base para obter uma resistência baixa. • Com o ohmímetro conectado entre emissor e coletor, conecte um resistor (100 kΩ ou 1 kΩ) entre o terminal positivo e a base de um componente npn. Reverta a conexão entre emissor e coletor. A menor resistência é obtida quando o terminal positivo é conectado ao coletor. • Para verificar um transistor pnp, conecta-se o resistor entre o terminal negativo e a base. A combinação correta (menor resistência) é obtida quando o terminal negativo é conectado ao coletor (SCHULER, 2013, p. 136) A única desvantagem desse processo é que o procedimento não pode ser realizado com componente em circuitos, somente em um transistor de forma isolada. 6 FOLHA DE DADOS Na Figura 17, é apresentada uma folha de dados para um transistor da Fairchild Semiconductor Corporation, o 2N4123, que é um transistor npn de uso geral. Analisando essa folha de dados, é possível notar algumas linhas em azul que apresentam importantes características do componente informado. TÓPICO 1 — TRANSISTORES BIPOLARES DE JUNÇÃO (TBJ) 91 FIGURA 19 – FOLHA DE DADOS DE UM TRANSISTOR UNIDADE 2 — TRANSISTORES I 92 TÓPICO 1 — TRANSISTORES BIPOLARES DE JUNÇÃO (TBJ) 93 UNIDADE 2 — TRANSISTORES I 94 FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 131-133) 7 CIRCUITOS DE POLARIZAÇÃO A seguir, veremos os circuitos de polarização fixa, configuração de polarização do emissor, a configuração de polarização por divisor de tensão, a configuração com realimentação de coletor, a configuração seguidora de emissor, a configuração base-comum e configuração de polarizações combinadas. É importante lembrar que, para a correta polarização na região ativa ou linear do TBJ, deve ser polarizada diretamente a junção base-emissor (região p mais positiva) com uma tensão resultante de polarização direta de cerca de 06 a 0,7 V. Entretanto, deve estar polarizada reversamente a junção base-coletor (região n mais negativa), com uma tensão reversa de polarização situada dentro dos limites máximos do dispositivo (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). As operações no corte, na saturação e nas regiões lineares das curvas características do TBJ são (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013): TÓPICO 1 — TRANSISTORES BIPOLARES DE JUNÇÃO (TBJ) 95 • Operação na região linear: o Junção base-emissor polarizada diretamente. o Junção base-coletor polarizada reversamente. • Operação na região de corte: o Junção base-emissor polarizada reversamente. o Junção base-coletor polarizada reversamente. • Operaçãona região de saturação: o Junção base-emissor polarizada diretamente. o Junção base-coletor polarizada diretamente. 7.1 CIRCUITO DE POLARIZAÇÃO FIXA É a configuração mais simples da polarização CC do transistor, que pode ser exemplificada por um circuito utilizando um transistor npn (Figura 20), mas as equações para um transistor pnp são equivalentes, sendo necessária a inversão do sentido das correntes e sentido das tensões aplicadas. Para avaliação CC, o circuito será isolado dos valores CA, substituindo os capacitores por curto- circuito (para CC f = 0 Hz, XC = ½πfC = ∞ Ω). 7.1.1 Polarização direta de junção base-emissor Aplicando a lei de Kirchhoff das tensões (LKT) no sentido anti-horário da malha do circuito da Figura 21A, obtemos: -VBE - RBIB + VCC = 0 Logo, (Eq. 19) O resistor RB ajusta o valor da corrente de base para a operação (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). UNIDADE 2 — TRANSISTORES I 96 FIGURA 20 – CIRCUITO DE POLARIZAÇÃO FIXA (A) E EQUIVALENTE CC DO CIRCUITO (B) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 147) 7.1.2 Malha coletor-emissor Sabemos que a corrente do coletor se relaciona com a da base pela Equação 14, portanto, a corrente IC não é função da resistência RC e sua modificação não afeta IB ou IC desde que mantido na região ativa (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). FIGURA 21 – (A) MALHA BASE-EMISSOR E (B) MALHA COLETOR-EMISSOR PARA UM TRANSIS- TOR COM POLARIZAÇÃO FIXA FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 147) Aplicando a LTK no sentido anti-horário à malha da Figura 21B: Logo, TÓPICO 1 — TRANSISTORES BIPOLARES DE JUNÇÃO (TBJ) 97 (Eq. 20) Além disso, sabemos que: Em que VB é a tensão da base ao terra, VC é a tensão do coletor e VE é a tensão do coletor ao terra. Como VE= 0 V (Figura 20A): VCE= VC (Eq. 21) VBE= VB (Eq. 22) Na Figura 22, é apresentada a forma de medição da tensão VCE e da tensão VC. FIGURA 22 – MEDIÇÃO DAS TENSÕES V CE E V C FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 148) 7.1.3 Saturação do transistor Quando se fala em saturação, faz-se referência a qualquer sistema que tenha alcançado seus níveis máximos. Um exemplo clássico é uma esponja que não consegue mais obter nenhuma gota de líquido. Para um transistor que esteja operando na região de saturação, para um projeto específico, teremos um valor máximo para a corrente (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). Para determinar o valor aproximado da corrente do coletor de saturação para um projeto em particular, basta inserir um curto-circuito equivalente entre o coletor e o emissor do transistor e determinar a corrente do coletor resultante (Figura 23A) (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). UNIDADE 2 — TRANSISTORES I 98 Para a configuração com polarização fixa, o valor da corrente do coletor de saturação (Figura 23B), é dada por: (Eq. 23) Uma vez determinado o valor da corrente máxima de saturação do coletor, é possível ter uma ideia da corrente máxima do coletor, permanecendo-se abaixo desse valor se o objetivo for uma amplificação linear. FIGURA 23 – (A) MÉTODO DE OBTENÇÃO DA ICsat E (B) DETERMINAÇÃO DE ICsat PARA UMA CONFIGURAÇÃO DE POLARIZAÇÃO FIXA FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 149) Para o circuito com polarização fixa, o resistor de carga, RC , determina a inclinação da equação do circuito e a interseção entre os dois gráficos. Pela análise da Figura 24A, e aplicando LKT, (Eq. 24) Para que possamos traçar a curva, visto que é uma equação de primeiro grau, precisamos de dois pontos, os mais fáceis de determinar são as interseções com os eixos, ou seja, (Eq. 25) (Eq. 26) 7.1.4 Análise por reta de carga TÓPICO 1 — TRANSISTORES BIPOLARES DE JUNÇÃO (TBJ) 99 FIGURA 24 – ANÁLISE POR RETA DE CARGA PARA A CONFIGURAÇÃO DE POLARIZAÇÃO FIXA: CIRCUITO (A) E CURVAS CARACTERÍSTICAS DO DISPOSITIVO (B) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 150) Desenhando a reta de carga sob a curva característica do dispositivo (Figura 25), é possível determinar o ponto de operação, ou ponto quiescente. FIGURA 25 – RETA DE CARGA PARA POLARIZAÇÃO FIXA FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 151) UNIDADE 2 — TRANSISTORES I 100 7.2 CONFIGURAÇÃO DE POLARIZAÇÃO DO EMISSOR Na Figura 26, apresenta-se o circuito do TBJ com polarização do emissor e seu equivalente CC. 7.2.1 Malha base-emissor Redesenhando a malha base-emissor, conforme Figura 27A, e aplicando LKT no sentido horário, temos: Da Equação 15, IE = (β + 1) IB, logo: Contudo, , daí: (Eq. 27) FIGURA 26 – CIRCUITO DE POLARIZAÇÃO DO TBJ COM RESISTOR DE EMISSOR (A) E EQUIVALENTE CC (B) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 153) TÓPICO 1 — TRANSISTORES BIPOLARES DE JUNÇÃO (TBJ) 101 FIGURA 27 – CIRCUITO DE POLARIZAÇÃO DO TBJ COM RESISTOR DE EMISSOR MALHA BASE- -EMISSOR (A) E MALHA COLETOR-EMISSOR (B) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 153-154) 7.2.2 Malha coletor-emissor Aplicando-se a LKT à malha apresentada na Figura 27B, temos: Pela Equação 3, IE ≅ IC , obtemos: (Eq. 28) Além disso, sabemos que a tensão VE representa a tensão do emissor para o terra e pode ser determinada por: VE = IERE (Eq. 29) E ainda por: VC = VCE + VE (Eq. 30) Ou: VC = VCC - ICRC (Eq. 31) E: VB = VCC - IBRB (Eq. 32) Ou: VB = VBE + VE (Eq. 33) UNIDADE 2 — TRANSISTORES I 102 A adição do resistor do emissor ao circuito de polarização CC acarreta uma melhoria na estabilidade, isto é, as tensões e as correntes CC variam pouco em torno dos valores estabelecidos, decorrente das modificações provenientes de variáveis externas, como temperatura e valores de beta (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). 7.2.3 Nível de saturação O nível de saturação pode ser obtido utilizando o mesmo método apresentado para a configuração com polarização fixa, chegando-se ao resultado de: (Eq. 34) 7.2.4 Análise por reta de carga A análise por reta de carga é praticamente a mesma apresentada para a polarização fixa, sendo a equação da malha coletor-emissor que define a reta de carga: (Eq. 35) A determinação dos pontos de interseção dos eixos segue o mesmo procedimento da polarização fixa, tendo como resultados: (Eq. 36) E (Eq. 37) 7.3 CONFIGURAÇÃO DE POLARIZAÇÃO POR DIVISOR DE TENSÃO A configuração por divisor de tensão (Figura 28) é menos sensível à variação do beta, chegando ao ponto de, se escolhermos adequadamente os parâmetros do circuito, a corrente do coletor e a tensão coletor-emissor quiescente poderem ser quase totalmente independentes do beta (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). Podemos analisar o circuito por dois métodos: o exato, que pode ser aplicado a qualquer configuração com divisor de tensão, e o aproximado, que somente pode ser aplicado mediante condições específicas. TÓPICO 1 — TRANSISTORES BIPOLARES DE JUNÇÃO (TBJ) 103 7.3.1 Análise exata Para a análise exata, utilizaremos o circuito presente na Figura 29B, determinando o circuito equivalente de Thévenin para o circuito àesquerda do terminal da base (Figura 29 A) como: FIGURA 28 – CONFIGURAÇÃO DE POLARIZAÇÃO POR DIVISOR DE TENSÃO (A) E CIRCUITO EQUIVALENTE CC (B) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 158) Aplicando a regra do divisor de tensão ao circuito da Figura 29B, temos: (Eq. 38) Determinando o circuito equivalente (Figura 30) e aplicando a LKT no sentido horário: Logo, (Eq. 39) Além disso, (Eq. 40) Uma vez conhecendo o valor de IB, é possível determinar as outras variáveis. UNIDADE 2 — TRANSISTORES I 104 FIGURA 29 – CIRCUITO PARA A DETERMINAÇÃO DO R TH (A) E CIRCUITO PARA A DETERMINAÇÃO DE E TH (B) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 159) FIGURA 30 – INSERÇÃO DO CIRCUITO EQUIVALENTE DE THÉVENIN FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 159) 7.3.2 Análise aproximada Para que possamos utilizar a análise aproximada com alto grau de precisão, é necessário que (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013): (Eq. 41) Além disso, a tensão de base é dada pela Figura 31: (Eq. 42) E: VE = VB - VBE (Eq. 43) TÓPICO 1 — TRANSISTORES BIPOLARES DE JUNÇÃO (TBJ) 105 A corrente do emissor é dada por: (Eq. 44) E: (Eq. 45) E a tensão coletor-emissor é dada por: (Eq. 46) FIGURA 31 – CIRCUITO PARCIAL DE POLARIZAÇÃO PARA O CÁLCULO DA TENSÃO APROXIMADA DE BASE V B FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 160) 7.3.3 Saturação do transistor Possui a mesma aparência da polarização do emissor (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013), sendo dada por: (Eq. 47) 7.3.4 Análise por reta de carga A semelhança com o circuito de saída da configuração com polarização do emissor resulta nas mesmas interseções para a reta de carga da configuração com divisor de tensão (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013); logo, UNIDADE 2 — TRANSISTORES I 106 (Eq. 48) E: (Eq. 49) 7.4 CONFIGURAÇÃO COM REALIMENTAÇÃO DE COLETOR Adicionando uma realimentação do coletor para a base (Figura 32), é possível melhorar a estabilidade do circuito em comparação às configurações de divisor de tensão e polarização do emissor. 7.4.1 Malha base-emissor A Figura 33A apresenta a malga base-emissor do TBJ na configuração de realimentação de tensão, aplicando-se a LKT no sentido indicado (sentido horário): Em que: I'C = IC + IB . Os valores de IC e I'C são muito maiores que o valor de IB, logo, utilizando as aproximações , a equação anterior fica: Logo, (Eq. 50) TÓPICO 1 — TRANSISTORES BIPOLARES DE JUNÇÃO (TBJ) 107 FIGURA 32 – CIRCUITO DE POLARIZAÇÃO COM REALIMENTAÇÃO DE TENSÃO FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 163) 7.4.2 Malha coletor-emissor Aplicando a LKT no sentido indicado na Figura 33B, Sabendo que , a equação pode ser reescrita como: Logo, (Eq. 51) 7.4.3 Condições de saturação Como utilizamos a aproximação I'C = IC , percebe-se que a equação da corrente de saturação é a mesma que para divisor de tensão (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013), logo: (Eq. 52) UNIDADE 2 — TRANSISTORES I 108 FIGURA 33 – CIRCUITO DE POLARIZAÇÃO COM REALIMENTAÇÃO DE TENSÃO MALHA BASE-EMISSOR (A) E MALHA COLETOR-EMISSOR (B) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 163-164) 7.4.4 Análise por reta de carga Como utilizamos a aproximação I'C = IC , tem-se a mesma reta de carga obtida para a configuração em divisor de tensão e polarização do emissor (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). 7.5 CONFIGURAÇÃO SEGUIDORA DE EMISSOR Anteriormente, trabalhamos com a saída normalmente no terminal do coletor do TBJ, porém, a partir desse momento, a saída será no terminal do emissor (Figura 34A). Aplicando-se a LKT ao circuito da Figura 34B, temos: Sabemos que IE = (β + 1) IB' daí: Logo, (Eq. 53) TÓPICO 1 — TRANSISTORES BIPOLARES DE JUNÇÃO (TBJ) 109 FIGURA 34 – CONFIGURAÇÃO DE COLETOR-COMUM (A) OU SEGUIDOR DE EMISSOR E EQUIVALENTE CC DO CIRCUITO (B) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 167) No circuito de saída, aplicando-se a LKT: De modo que: (Eq. 54) 7.6 CONFIGURAÇÃO BASE-COMUM É a configuração em que observamos o sinal de entrada ligado ao emissor, e a base está conectada ao potencial terra ou pouco acima dele (Figura 35) (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). FIGURA 35 – CIRCUITO COM CONFIGURAÇÃO BASE-COMUM FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 168) UNIDADE 2 — TRANSISTORES I 110 Na Figura 36A, é apresentado o circuito CC equivalente para a entrada, de modo que, aplicando-se a LKT: Logo, (Eq. 55) Aplicando-se LKT à malha externa do circuito presente na Figura 36B, temos: Portanto, Como IE ≅ IC , (Eq. 56) FIGURA 36 – EQUIVALENTE CC DA ENTRADA DO CIRCUITO DA FIGURA 35 (A) E CIRCUITO PARA DETERMINAÇÃO DE V CE E V CB (B) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 168) 7.7 TABELA RESUMO A Tabela 1 apresenta uma revisão das configurações do TBJ mais comuns. TÓPICO 1 — TRANSISTORES BIPOLARES DE JUNÇÃO (TBJ) 111 TABELA 1 – CONFIGURAÇÕES DE POLARIZAÇÃO DO TBJ FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 171) UNIDADE 2 — TRANSISTORES I 112 8 CIRCUITOS COM MÚLTIPLOS TBJ O acoplamento RC, apresentado na Figura 37A, é, provavelmente, um dos mais comuns. A tensão de saída do coletor de um estágio é alimentada diretamente na base do estágio seguinte, por meio de um capacitor de acoplamento, CC . O circuito apresenta dois estágios com divisor de tensão, mas podendo ser usado entre qualquer combinação de circuito. Para análise do circuito, é possível analisar cada estágio de forma separada, visto que um estágio não afeta o outro (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). FIGURA 37 – AMPLIFICADORES TRANSISTORIZADOS COM ACOPLAMENTO RC (A) E EQUIVALENTE CC (B) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 176) 9 TRANSISTORES PNP A análise dos transistores pnp segue o mesmo padrão estabelecido para o transistor npn. Primeiramente, o valor de IB é determinado, em seguida, aplicamos as relações apropriadas ao transistor e obtemos os restantes das incógnitas necessárias. Ao observar as equações resultantes, é possível perceber que a diferença entre a utilização de um transistor npn por um pnp será o sinal associado a algumas quantidades específicas. 10 CIRCUITOS DE CHAVEAMENTO A aplicação de transistores não se limita somente à amplificação de sinais; no projeto apropriado, podem ser utilizados como chaves de computadores e aplicações de controle (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). Analisando a Figura 38A, é possível perceber que a saída é oposta à aplicada na entrada. Logo, um circuito inversor, que possui uma fonte CC conectada ao coletor (ou circuito de saída), e para aplicações em computação, é normalmente igual a 5 V (ou nível lógico “alto”). O resistor RB garante o valor da corrente de base para a condição “ligado” e que a tensão aplicada de 5 V não apareça através da junção base-emissor (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). TÓPICO 1 — TRANSISTORES BIPOLARES DE JUNÇÃO (TBJ) 113 Segundo Boylestad e Nashelsky (2013), um projeto, apropriado para o transistor atuar como um inversor, exige que o ponto de operação alterne30 4 TESTE DO DIODO ........................................................................................................................... 31 4.1 TESTE POR MULTÍMETRO DIGITAL ..................................................................................... 31 5 FOLHA DE DADOS .......................................................................................................................... 32 6 DIODO ZENER .................................................................................................................................. 36 7 DIODO EMISSOR DE LUZ ............................................................................................................. 37 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 42 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 43 TÓPICO 3 — APLICAÇÕES DE DIODOS ...................................................................................... 45 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 45 2 ANÁLISE POR RETA DE CARGA ................................................................................................. 45 3 CIRCUITOS COM DIODOS ........................................................................................................... 47 3.1 CONFIGURAÇÕES COM DIODOS EM SÉRIE ....................................................................... 47 3.2 CONFIGURAÇÃO COM O DIODO EM SÉRIE E EM SÉRIE-PARALELO ......................... 49 4 APLICAÇÕES PRÁTICAS ............................................................................................................... 50 4.1 RETIFICADORES DE MEIA-ONDA ......................................................................................... 50 4.2 RETIFICAÇÃO DE ONDA COMPLETA .................................................................................. 52 4.3 CIRCUITOS CEIFADORES ......................................................................................................... 53 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 60 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 65 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 66 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 68 UNIDADE 2 —TRANSISTORES I .................................................................................................... 69 TÓPICO 1 — TRANSISTORES BIPOLARES DE JUNÇÃO (TBJ) ............................................. 71 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 71 2 CONSTRUÇÃO DO TRANSISTOR .............................................................................................. 73 3 OPERAÇÃO DO TRANSISTOR .................................................................................................... 74 4 CONFIGURAÇÕES DO TRANSISTOR ....................................................................................... 76 4.1 CONFIGURAÇÃO BASE-COMUM .......................................................................................... 76 4.1.1 Alfa (α)................................................................................................................................... 78 4.1.2 Polarização ............................................................................................................................ 79 4.1.3 Região de ruptura ................................................................................................................ 80 4.2 CONFIGURAÇÃO EMISSOR-COMUM .................................................................................. 80 4.2.1 Beta (β) ................................................................................................................................... 82 4.2.2 Polarização ........................................................................................................................... 85 4.2.3 Região de ruptura ............................................................................................................... 85 4.3 CONFIGURAÇÃO COLETOR-COMUM ................................................................................ 86 5 TESTE DO TRANSISTOR ............................................................................................................... 88 6 FOLHA DE DADOS .......................................................................................................................... 90 7 CIRCUITOS DE POLARIZAÇÃO .................................................................................................. 94 7.1 CIRCUITO DE POLARIZAÇÃO FIXA ...................................................................................... 95 7.1.1 Polarização direta de junção base-emissor ...................................................................... 95 7.1.2 Malha coletor-emissor ......................................................................................................... 96 7.1.3 Saturação do transistor ....................................................................................................... 97 7.1.4 Análise por reta de carga .................................................................................................... 98 7.2 CONFIGURAÇÃO DE POLARIZAÇÃO DO EMISSOR ...................................................... 100 7.2.1 Malha base-emissor ........................................................................................................... 100 7.2.2 Malha coletor-emissor ....................................................................................................... 101 7.2.3 Nível de saturação ............................................................................................................. 102 7.2.4 Análise por reta de carga .................................................................................................. 102 7.3 CONFIGURAÇÃO DE POLARIZAÇÃO POR DIVISOR DE TENSÃO ............................. 102 7.3.1 Análise exata ....................................................................................................................... 103 7.3.2 Análise aproximada ........................................................................................................... 104 7.3.3 Saturação do transistor ..................................................................................................... 105 7.3.4 Análise por reta de carga .................................................................................................. 105 7.4 CONFIGURAÇÃO COM REALIMENTAÇÃO DE COLETOR ........................................... 106 7.4.1 Malha base-emissor ........................................................................................................... 106 7.4.2 Malha coletor-emissor ....................................................................................................... 107 7.4.3 Condições de saturação .................................................................................................... 107 7.4.4 Análise por reta de carga .................................................................................................. 108 7.5 CONFIGURAÇÃO SEGUIDORA DE EMISSOR ................................................................... 108 7.6 CONFIGURAÇÃO BASE-COMUM ....................................................................................... 109 7.7 TABELA RESUMO .....................................................................................................................do ponto de corte ao ponto de saturação sobre a mesma reta de carga (Figura 38B). Assumindo que IC = ICEO ≅ 0 mA , quando IB = 0 µA e VCE = VCEsat ≅ 0 V, em vez de 0,1 a 0,3, conforme normalmente adotado. Para analisar o circuito da Figura 38A, podemos concluir que: O valor da corrente de base, IB , pode ser aproximado por (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013): Desse modo, para um nível de saturação adequado ao sistema, é necessário que: (Eq. 57) Além disso, (Eq. 58) FIGURA 38 – TRANSISTOR INVERSOR CIRCUITO (A) E RETA DE CARGA (B) UNIDADE 2 — TRANSISTORES I 114 FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 186) EXERCÍCIOS RESOLVIDOS 1 Dado o circuito e sua reta de carga, conforme mostra a figura a seguir, determine o comportamento da reta de carga quando: CIRCUITO (A) E RETA DE CARGA (B) DICAS FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 150) TÓPICO 1 — TRANSISTORES BIPOLARES DE JUNÇÃO (TBJ) 115 a) Se altera o valor da corrente de base, I B , através da alteração do valor de R B . R.: Pela análise do circuito, é possível perceber que se trata de um transistor na configuração de polarização fixa. Desse modo, por meio das Equações 25 e 26, temos que: Traçando a reta de carga, obtemos a figura a seguir: RETA DE CARGA FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 151) Se diminuir os valores da resistência da base, R B , teremos um aumento nos valores da corrente de base, I B , e um deslocamento do ponto quiescente, conforme mostra a figura a seguir: DESLOCAMENTO DO PONTO QUIESCENTE DE ACORDO COM A VARIAÇÃO DA CORRENTE DE BASE FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 151) UNIDADE 2 — TRANSISTORES I 116 b) Manter o valor de V CC fixo e aumentar R C . R.: Se manter o valor de V CC fixo e alterar os valores da resistência do coletor, de modo que R 3 > R 2 > R 1 , teremos um deslocamento do ponto quiescente, conforme a figura a seguir: EFEITO DO VALOR DO AUMENTO DO VALOR DE R C NO PONTO Q FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 151) c) Manter R C fixo e diminuir o valor de V CC . R.: Mantendo fixo o valor da resistência do coletor e diminuindo o valor da tensão V CC , de modo que V CC1 > V CC2 > V CC3 , teremos o deslocamento do ponto quiescente, conforme a figura seguinte: EFEITO DA VARIAÇÃO DOS VALORES DE V CC NA RETA DE CARGA E DESLOCAMENTO DO PONTO Q FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 152) TÓPICO 1 — TRANSISTORES BIPOLARES DE JUNÇÃO (TBJ) 117 2 Determine as tensões V C e V B no circuito da figura a seguir: CIRCUITO FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 170) R.: Analisando o circuito, percebemos uma grande semelhança com a configuração por divisor de tensão, porém R 2 e R E não estão aterrados, e sim possuem uma tensão V EE . Para resolução do exercício, utilizaremos os procedimentos apresentados para a configuração de divisor de tensão. Dessa forma, o primeiro passo é a determinação da resistência de Thévenin da entrada, como mostra a figura seguinte: CIRCUITO PARA A DETERMINAÇÃO DA R Th (A) E E Th (B) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 170) Logo, Para determinar a tensão de Thévenin, aplicaremos a LKT à malha da figura B a seguir. Logo, UNIDADE 2 — TRANSISTORES I 118 Substituindo os valores: Por meio da análise do circuito, o valor da tensão de Thévenin é: R 2 I - V EE = (2,2 kΩ) (3,85 mA) - 20 V = 8,74 V - 20 V = -11,53 V Logo, o circuito de entrada pode ser redesenhado, como mostra a figura seguinte: FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 170) Aplicando a LKT no sentido horário à figura: E Th + R Th I B + V BE + R E I E - V EE = 0 Entretanto, pela Equação 15, I E =( β + 1) I B : E Th + R th I B + V BE + R E (β + 1) I B - V EE = 0 Isolado I B , Substituindo os valores: Utilizando a Equação 14: I C = βI B = (120)(35,39 μA)= 4,25 mA Pela análise da figura do enunciado: V C = V CC - I C R C = 20 V - (4,25 mA)(2,7 kΩ) = 8,53 V Com base na figura anterior: V B = -E Th - I B R Th = - (11,53 V) - (35,39 μA)(1,73 kΩ) = -11,59 V 119 Neste tópico, você aprendeu que: • O transistor bipolar de junção (TBJ) é um componente semicondutor, composto por três camadas, podendo ser constituídas de dois modos distintos: duas camadas de material semicondutor do tipo n e uma camada de material semicondutor do tipo p. • O surgimento do transistor abriu caminho para diversas outras invenções importantes, como os circuitos integrados (CIs), que são dispositivos pequenos que contêm milhares de transistores. • A polarização de um transistor define seu modo de funcionamento e baseia- se em diferentes níveis de tensão aplicados em seus terminais. • Num TBJ, as correntes de coletor e de emissor estão relacionadas pela expressão: IC = βIB, em que β é o ganho de corrente do transistor. • As curvas características de um transistor relacionam a corrente de coletor (IC) com a tensão coletor-emissor (VCE). • O TBJ pode ser ligado em três configurações distintas: base-comum, coletor- comum e emissor-comum. Em cada configuração, o transistor apresenta um comportamento distinto. RESUMO DO TÓPICO 1 120 1 Considerando a corrente de emissor de um TBJ igual a 6 mA e sabendo que a relação entre IB e IC é de 0,0125, determine os valores de IB e IC . 2 Sabendo que: a) αcc = 0,996, determine o valor de IC se IE = 2 mA. b) IE = 1,6 mA e IB = 15 µA, determine o valor de αcc . c) IB = 15 µA e αcc = 0,97 , determine o valor de IE . 3 Considere: a) αcc = 0,995, determine o valor de βCC . b) βCC = 110, determine o valor de αcc. c) αcc = 0,99 e IC = 1,5 mA , determine os valores de IE e IB . 4 Para o circuito apresentado na figura a seguir, determine IBQ e ICQ. AUTOATIVIDADE FONTE: Adaptada de Boylestad; Nashelsky (2013, p. 148) 121 5 (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013) Dada a reta de carga apresentada na figura a seguir e o ponto Q definido, determine os valores de VCC , RC e RB para a configuração de polarização fixa. FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 152) 6 Para a configuração de polarização do emissor, como mostra a figura a seguir, determine: a) IB . b) IC . c) VCE . d)VC . 122 e) VE . f) VB . g) VBC . h) Corrente de saturação. 7 (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013) Para o circuito e a curva característica da figura a seguir, determine: FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 157) a) Determine a reta de carga e trace a curva sobre a curva de carga da figura. b) Determine βCC na região central das curvas características, definindo esse ponto como o ponto Q. c) Determine o valor de IB , utilizando o valor de βCC . d) Determine os valores de ICQ e VCEQ . 8 Determine os valores de ICQ e VCEQ para a configuração por divisor de tensão da figura, a seguir, pelo método exato e aproximado. Comente os resultados encontrados. FONTE: Adaptada de Boylestad; Nashelsky (2013, p. 162) 123 9 Dada a curva característica e o circuito com polarização fixa da figura, a seguir, determine VCC ,RB e RC . FONTE: Adaptada de Boylestad; Nashelsky (2013, p. 172) 10 (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013) Para o circuito amplificador com acoplamento direto da figura, a seguir, determine os valores CC das correntes e tensões. FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 180) 11 Determine o valor de I no circuito da figura a seguir. FONTE: Adaptada de Boylestad; Nashelsky (2013, p. 184) 124 12 (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013) Determine os valores de IE e VC para o circuito apresentado na figura a seguir. FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 217) 125 UNIDADE 2 TÓPICO 2 — TRANSISTORES DE EFEITO DE CAMPO 1 INTRODUÇÃO Os transistores de efeito de campo (FET – sigla do inglês field-effect transistor) é um dispositivo semelhante ao TBJ, sendo a principal diferença o TBJ um dispositivo controlado por corrente, enquanto o JFET é um dispositivo controladopor tensão. Assim como os TBJs podem ser npn e pnp, os JFETs podem ser de canal n e de canal p, porém os transistores bipolares de junção, assim como o próprio nome diz, são bipolares (condução por dois portadores de carga: elétrons ou lacunas) e os transistores de efeito de campo são dispositivos unipolares (dependem unicamente da condução de elétrons – canal n – ou de lacunas – canal p) (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). FIGURA 39 – AMPLIFICADORES CONTROLADOS POR CORRENTE TBJ (A) E CONTROLADOS POR TENSÃO JFET (B) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 317) 126 UNIDADE 2 — TRANSISTORES I O nome “efeito de campo” é derivado da característica de que, para os dispositivos FET, se estabelece um campo elétrico pelas cargas presentes que controlaram o caminho de condução do circuito de saída sem necessidade de contato direto entre as grandezas controladas e controladoras. Algo importante a ser lembrado é que uma das principais características do FET é sua alta impedância, os ganhos de tensão CA são geralmente muito menores que o TBJ e são mais estáveis em termos de temperatura, sendo um dos principais motivos de seu uso em circuitos integrados (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). Veremos três tipos de FET: o transistor de efeito de campo de junção (JFET), o transistor de efeito de campo metal-óxido-semicondutor (MOSFET) e o transistor de efeito de campo metal-semicondutor (MESFET). 2 JFET O JFET é um dispositivo de três terminais, de modo que um deles controla a corrente entre os outros dois. A Figura 40 apresenta a construção do JFET de canal n, em que é possível verificar que a maior parte do material constituinte é do tipo n, que forma o canal entre as camadas imersas de material do tipo p. Na parte superior do material do tipo n, por meio de um contato ôhmico, temos a conexão do dreno (D, do inglês drain) e, na parte inferior através de outro contato ôhmico, temos a fonte (S, do inglês source). Os dois materiais do tipo p estão conectados entre si e também ao terminal porta (G, do inglês gate) (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). FIGURA 40 – TRANSISTOR DE EFEITO DE CAMPO DE JUNÇÃO (JFET) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 319) TÓPICO 2 — TRANSISTORES DE EFEITO DE CAMPO 127 Um modo de entendermos melhor o funcionamento é por meio de uma analogia com o fluxo de água (Figura 41). FIGURA 41 – ANALOGIA DO FLUXO DE ÁGUA PARA O MECANISMO DE CONTROLE DO JFET FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 319) Fonte Porta Dreno A fonte de pressão de água pode ser comparada à tensão aplicada do dreno para a fonte e estabelecer um fluxo de água (elétrons no JFET) a partir da torneira (fonte no JFET). A “porta”, por meio da aplicação de um sinal (tensão), controla o fluxo de água (carga) para o dreno (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). 2.1 TENSÃO POSITIVA V DS Na Figura 42A, foi aplicada uma tensão positiva VDS (VGS = 0 V, VDS positiva) através do canal e a porta (gate) foi conectada à fonte que está conectada ao terra. Quando uma tensão VDD = VDS é aplicada, ocorre uma atração dos elétrons pelo dreno, estabelecendo a corrente convencional ID (direção oposta à direção dos elétrons). Analisando o caminho do fluxo de cargas, percebe-se claramente a equivalência entre as correntes do dreno e da fonte (ID = IS). Ainda na Figura 42A, é possível perceber que a camada de depleção é mais larga na parte superior de ambos os materiais do tipo p, pois, presumindo uma resistência uniforme ao longo do canal n, a corrente irá estabelecer níveis de tensão ao longo do canal (Figura 43B), de modo que a parte superior possua uma tensão superior (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). À medida que a tensão VDS aumenta a corrente revelando relativa linearidade para pequenos valores de VDS (Figura 43A), conforme ocorre o aumento de VDS, percebendo-se um aumento da região de depleção até o ponto em que parecem se tocar (condição de pinch-off) – isso ocorre na tensão de pinch-off, VP (Figura 43B) (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). Uma vez que VDS > VP, tem-se uma característica de fonte de corrente para os JFET. IDSS é a corrente máxima de dreno para um JFET e é definida pela condição VGS = 0 V e VDS >|VP|(BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). 128 UNIDADE 2 — TRANSISTORES I FIGURA 42 – JFET COM V GS = 0 V e V DS > 0 V (A) E VARIAÇÃO DOS POTENCIAIS REVERSOS DE POLARIZAÇÃO (B) ATRAVÉS DA JUNÇÃO PN DE UM JFET DE CANAL N FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 319-320) FIGURA 43 – CURVA DE I D VERSUS V DS PARA V GS = 0 V (A) E PINCH-OFF V GS = 0 V, V DS = V P ) (B) TÓPICO 2 — TRANSISTORES DE EFEITO DE CAMPO 129 FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 320) 2.2 RESISTOR CONTROLADO POR TENSÃO A região à esquerda da linha de pinch-off é chamada de ôhmica (Figura 44), ou região de resistência controlada por tensão, em que o JFET pode ser empregado como um resistor variável, sendo uma boa aproximação a Equação 59, (Eq. 59) Em que ro é a resistência com VGS = 0 Ve rd é a resistência para um valor específico de VGS. 130 UNIDADE 2 — TRANSISTORES I FIGURA 44 – CARACTERÍSTICAS DO JFET DE CANAL N COM I DSS = 8 mA E V P = -4 V FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 322) 2.3 DISPOSITIVO DE CANAL P Os dispositivos de canal p possuem a mesma estrutura que os dispositivo de canal n, porém são trocadas as posições dos materiais do tipo p e do tipo n (Figura 45A). O sentido das correntes é invertido, assim como a polaridade das tensões (VGS e VDS). O canal se contrai para tensões positivas crescentes da porta para a fonte, de modo que a tensão VDS máxima, na Figura 45B, é negativa, indicando que a diferença de potencial é aplicada do dreno para a fonte. TÓPICO 2 — TRANSISTORES DE EFEITO DE CAMPO 131 FIGURA 45 – JFET DE CANAL P (A) E CURVAS CARACTERÍSTICAS DO JFET DE CANAL P (B) COM I DSS = 6 mA E V P = +6 V FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 322) 132 UNIDADE 2 — TRANSISTORES I O símbolo para o JFET de canal n e o JFET do canal p são apresentados na Figura 46. FIGURA 46 – SIMBOLOGIA PARA UM JFET (A) DE CANAL N E (B) DE CANAL P FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 323) 2.4 CURVA CARACTERÍSTICA DE TRANSFERÊNCIA A relação entre ID e VGS é definido pela equação de Shockley (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013): (Eq. 60) Em que IDSS e VP são constantes e VGS é a variável de controle. Existe uma forma mais rápida para se obter a curva, utilizando a curva de Schockley, com a qual podemos predeterminar quatro valores relacionados entre VGS e ID (Tabela 2). O número de pontos não necessariamente deve ser quatro; é possível melhorar a precisão da curva determinando mais pontos (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). TABELA 2 – VALORES DE V GS VERSUS I D UTILIZANDO A EQUAÇÃO DE SCHOCKLEY FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 326) VGS ID 0 IDSS 0,3 VP IDSS /2 0,5 VP IDSS /4 VP 0 mA TÓPICO 2 — TRANSISTORES DE EFEITO DE CAMPO 133 2.5 FOLHA DE DADOS (JFETS) Como qualquer outro componente eletrônico, a folha de dados (Figura 47) de um JFET é de grande importância na hora da escolha e da utilização de um componente em um projeto. Muitas características como especificações máximas (normalmente apresentados no início da folha de especificações e, para um bom projeto, é recomendado não ultrapassar, podendo danificar de forma definitiva o componente), características térmicas (apresenta variações das características do componente pela variação da temperatura de uso), características elétricas (características de estado “ligado”, “desligado” e pequenos sinais) e características usuais (variedade de curvas que demonstram como parâmetros importantes se comportam, de acordo com a variação de tensão, corrente, temperatura e frequência). FIGURA 47 – JFET 2N5457 DE CANAL N 134 UNIDADE 2 — TRANSISTORES I TÓPICO 2 — TRANSISTORES DE EFEITO DE CAMPO 135 FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 328-329)3 MOSFET O nome MOSFET significa transistor de efeito de campo metal-óxido- semicondutor. De modo a facilitar a compreensão, esse tema será dividido em MOSFET tipo depleção e MOSFET tipo intensificação. 3.1 MOSFET TIPO DEPLEÇÃO Apresenta características muito parecidas com o JFET. Conforme Figura 48A, é possível notar que sua construção é obtida por uma base de silício (sob a qual é construído o dispositivo), é adicionada uma camada grossa de material do tipo p chamada substrato, os terminais da fonte e do dreno são conectados ao material do tipo n, por meio de contatos metálicos; a porta é isolada do material do tipo n por uma camada de dielétrico (SiO₂), responsável pela alta impedância de entrada do dispositivo. O nome faz sentido pelo metal se referir às conexões de dreno, fonte e porta, enquanto o óxido é associado à camada isolante de dióxido de silício e o semicondutor, à estrutura básica na qual as regiões do tipo p e n são difundidas (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). A aplicação de uma tensão VDD (Figura 48B) é feita nos terminais dreno- fonte, resultando em uma atração dos elétrons livres do canal n para o potencial positivo do dreno, estabelecendo uma corrente semelhante a que atravessa o canal do JFET. O potencial negativo aplicado em VGS tenderá a pressionar os elétrons em direção ao substrato do tipo p e a atrair lacunas do substrato do tipo p (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013) – a curva de transferência para um MOSFET tipo depleção de canal n será discutida no primeiro exemplo dos exercícios resolvidos mais adiante. 136 UNIDADE 2 — TRANSISTORES I A construção de um MOSFET tipo depleção de canal p é exatamente oposta à apresentada para a de canal n, ou seja, existe um substrato do tipo n e um canal do tipo p permanecendo com os mesmos terminais, porém as polaridades e o sentido de tensão e corrente são invertidos. A curva característica é semelhante, porém refletida em relação ao eixo ID. A equação de Shockley ainda é aplicável e requer apenas a utilização do sinal correto de VGS e VP (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). Na Figura 49, temos os símbolos gráficos de MOSFET dos tipos depleção de canal n e p, que permitem analisar o símbolo para componentes de três e de quatro terminais. FIGURA 48 – MOSFET TIPO DEPLEÇÃO DE CANAL N (A) E MOSFET TIPO DEPLEÇÃO DE CANAL N (B) COM V GS = 0 V E V DD APLICADA TÓPICO 2 — TRANSISTORES DE EFEITO DE CAMPO 137 FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 332) 3.2 MOSFET TIPO INTENSIFICAÇÃO A Figura 50A apresenta um MOSFET tipo intensificação de canal n, sendo que o componente é formado por uma grossa camada de material do tipo p (substrato) sob uma base de silício, assim como no MOSFET depleção, o substrato, às vezes, está conectado internamente ao terminal da fonte e, em outras, possui o quarto terminal (SS) disponível para controle do potencial do substrato. Novamente, os terminais do dreno e da fonte estão conectados por um contato metálico às regiões de tipo n, que agora não estão conectadas. Ainda existe a camada de SiO₂, utilizada para separar a porta da região entre o dreno e a fonte. Na Figura 50B, temos as tensões VDS e VGS positivas estabelecendo potencial positivo no dreno e na porta. O potencial positivo na porta repele as lacunas (cargas positivas), fazendo com que apareça uma camada de depleção próxima à camada isolante. Conforme ocorre o aumento de VGS, tem-se um aumento na concentração de elétrons próxima à superfície do dióxido de silício até que ocorra um fluxo mensurável de elétrons entre o dreno e a fonte. A tensão VGS que produz esse aumento significativo é denominada de tensão limiar, VT (VGS(Th) nas folhas de dados) (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). 138 UNIDADE 2 — TRANSISTORES I FIGURA 49 – SÍMBOLO GRÁFICO PARA MOSFETS DO TIPO DEPLEÇÃO DE CANAL N (A) E DE CANAL P (B) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 335) O canal é inexistente para VGS = 0 V e é intensificado através da aplicação de uma tensão porta-fonte positiva, de onde surgiu o nome MOSFET tipo intensificação. Se for mantido crescente o valor de VDS com VGS constante, chega- se o momento em que ocorrerá a saturação do valor da corrente do dreno – essa manutenção constante do valor de ID ocorre devido ao pinch-off, no sentido de tornar o canal ainda mais próximo ao dreno (Figura 52A), aplicando LKT, VDG = VDS - VGS Além disso, VDSsat = VGS - VT (5.4) (Eq. 61) (Eq. 62) TÓPICO 2 — TRANSISTORES DE EFEITO DE CAMPO 139 FIGURA 50 – MOSFET TIPO INTENSIFICAÇÃO DE CANAL N (A) E FORMAÇÃO DO CANAL NO MOSFET TIPO INTENSIFICAÇÃO DE CANAL N (B) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 337) 140 UNIDADE 2 — TRANSISTORES I FIGURA 51 – ALTERAÇÕES NO CANAL E NA REGIÃO DE DEPLEÇÃO COM O AUMENTO DE V DS PARA UM VALOR FIXO DE V GS (A) E CURVAS CARACTERÍSTICAS DE DRENO DE UM MOSFET TIPO INTENSIFICAÇÃO DE CANAL N COM V T = 2 V e k = 0,278 x 10-3 A/V2 (B) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 337-338) TÓPICO 2 — TRANSISTORES DE EFEITO DE CAMPO 141 A Figura 51B apresenta a curva característica de um dreno, que permite perceber que, para um valor fixo de VT, quanto maior for o valor da tensão VGS, maior será o valor de saturação para VDS, como mostra o lugar geométrico no gráfico da Figura 51B. Para valores de VGS > VT, ID = k(VGS - VT )2 Em que k é uma constante que é função da estrutura do dispositivo, sendo dada por: (Eq. 64) Em que ID(ligado) e VGS(ligado) são valores para um ponto particular da curva. Quando se trata do MOSFET tipo intensificação do canal p, teremos a mesma situação descrita para o MOSFET tipo depleção, quando todos os materiais, tensão e corrente são invertidos. Na Figura 52, são apresentados os símbolos utilizados para o MOSFET tipo intensificação de canal n e de canal p na configuração de três ou quatro terminais. Percebe-se que existe uma linha tracejada entre o dreno e a fonte, que remete à inexistência de um canal entre os terminais quando não estão polarizados. (Eq. 63) 4 MESFETS A presença de uma junção metal-semicondutor é a razão para o nome de transistor de efeito de campo metal-semicondutor (MESFETs). Os MESFETs utilizam uma barreira de Schottky (criada pelo depósito de um metal como tungstênio sobre um canal do tipo n) na porta, sendo a principal diferença para os MOSFETs tipo n, resultando em níveis menores de capacitância e sensibilidade reduzida para altas frequências que suporta, ainda mais a grande mobilidade dos portadores no material de GaAs. 142 UNIDADE 2 — TRANSISTORES I FIGURA 52 – SÍMBOLOS PARA O MOSFET TIPO INTENSIFICAÇÃO DE CANAL N (A) E DE CANAL P (B) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 340) A Figura 53A apresenta a estrutura básica de um MESFET de canal n, em que podemos notar que o terminal da porta está ligado diretamente a um condutor metálico em direção oposta ao material do tipo n que liga os terminais da fonte e do dreno. Ao aplicar uma tensão negativa à porta, ela irá repelir os elétrons do canal para longe da superfície do metal, ocorrendo, desse modo, uma diminuição do número de portadores no canal e redução da corrente do dreno. Se aplicada uma tensão positiva, haverá um aumento de elétrons livres no canal e, consequentemente, um aumento de ID, conforme mostra a Figura 53B, como as curvas do MESFET tipo depleção e do MOSFET tipo depleção serem tão semelhantes à técnica de análise. É possível observar as polaridades, o sentidos reais e o símbolo definidos para o MESFET na Figura 54A (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). Existe também o MESFET tipo intensificação, com estrutura semelhante à observada no MESFET tipo depleção, porém sem o canal n, conforme pode ser observado na Figura 54B; seu símbolo é apresentado na Figura 54C. TÓPICO 2 — TRANSISTORES DE EFEITO DE CAMPO 143 FIGURA 53 – ESTRUTURA BÁSICA (A) E CARACTERÍSTICAS DE UM MESFET DE CANAL N (B) FONTE: Boylestad;Nashelsky (2013, p. 346) FIGURA 54 – SÍMBOLO E ARRANJO BÁSICO DE POLARIZAÇÃO PARA UM MESFET DE CANAL N (A), ESTRUTURA DE UM MESFET TIPO INTENSIFICAÇÃO (B) E SÍMBOLO PARA UM MESFET TIPO INTENSIFICAÇÃO (C) 144 UNIDADE 2 — TRANSISTORES I FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 346) É importante citar que os MESFETs tipo intensificação e depleção são confeccionados com um canal de material do tipo n entre o dreno e a fonte e, por conseguinte, apenas MESFETs do tipo n estão comercialmente disponíveis (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). 5 RESUMO DAS CURVAS E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS Na Tabela 3, é apresentado um resumo das principais características dos FET. TÓPICO 2 — TRANSISTORES DE EFEITO DE CAMPO 145 TABELA 3 – RESUMO DE TRANSISTORES DE EFEITO DE CAMPO FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 347) 146 UNIDADE 2 — TRANSISTORES I Exercícios resolvidos 1 (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013) Esboce a curva de transferência para um MOSFET tipo depleção de canal n com I DSS = 10 mA e V P = -4 V. R.: Para a resolução do exercício, utilizaremos as equações apresentadas na Tabela 2, logo, • Quando V GS = 0 V temos que I D = I DSS , logo, I D = 10 mA; • Quando I D = 0 mA temos que V GS = V P , logo, V GS = -4 V; • Quando V GS = V P /2, temos que I D = I DSS /4, portanto, V GS = -4V/2 = -2 V e I D = 10 mA/4 = 2,5 mA; e • Quando I D = I DSS /2, temos que V GS = 0,3 V P , portanto, I D = 10 mA/2 = 5 mA e V GS = 0,3 (-4V) = -1,2 V. Traçando a curva, obtemos o gráfico da figura seguinte: CURVA CARACTERÍSTICA FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 334) DICAS 147 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • O transistor de efeito de campo (FET) é semelhante ao TBJ diferindo deste, porém, por ser polarizado por tensão, e não por corrente. • O FET pode ser entendido como um componente no qual a corrente entra pela fonte e sai pelo dreno, sendo o fluxo dessa corrente controlado pela tensão aplicada ao terminal fonte. • O MOSFET, que significa transistor de efeito de campo metal-óxido- semicondutor, é dividido em dois tipos: o tipo depleção e o tipo intensificação. • Os MESFETs utilizam uma barreira de Schottky na porta, sendo a principal diferença para os MOSFETs tipo n, resultando em níveis menores de capacitância e sensibilidade reduzida para altas frequências. • A curva característica de um FET relaciona sua corrente de dreno (ID) com a tensão entra a porta e a fonte (VGS ). 148 1 (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013) Esboce a curva de transferência definida por: a) IDSS = 12 mA e VP = -6 V. b) IDSS = 4 mA e VP = 3 V. 2 (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013) Esboce a curva de transferência e as curvas de dreno de um MOSFET tipo depleção de canal n com IDSS = 12 mA e VP = -8 V para VGS = VP até VGS = 1 V. 3 (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013) Esboce a curva característica de transferência de um MOSFET tipo intensificação de canal p, se VT = -5 V e k = 0,45 x 10-3 A/V2. AUTOATIVIDADE 149 UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO Neste tópico, analisaremos a resposta do transistor no domínio da frequência, CA senoidal. Existem três modelos que são comumente usados para a análise CA para pequenos sinais: o modelo re, o modelo π híbrido e o modelo híbrido equivalente. Até aqui, vimos que o TBJ pode ser empregado como um dispositivo amplificador, uma vez que o sinal senoidal de saída é maior que o sinal senoidal de entrada em amplitude. Como a amplitude do sinal de saída é maior, podemos dizer também que a potência de saída é maior que a potência de entrada (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). 2 MODELAGEM DO TBJ Segundo Boylestad e Nashelsky (2013, p. 221), “Um modelo é a combinação de elementos de circuito, apropriadamente selecionados, que se assemelham tanto quanto possível ao funcionamento real de um dispositivo semicondutor sob condições específicas de operação”. O modelo híbrido era o mais utilizado na fase de levantamento de dados, de modo que a folha de dados incluía os parâmetros em sua lista, porém, por serem definidos para um conjunto de condições operacionais, pode ocorrer a não correspondência com as condições necessárias para o circuito em desenvolvimento. Com o passar dos tempos, o modelo re torna-se a abordagem mais desejável, sendo uma versão reduzida do modelo π híbrido, utilizado, quase que exclusivamente, para alta frequência, mas que deixava de incluir um termo de realimentação, que, em alguns casos, pode ser importante (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). Para não haver confusão, serão adotados parâmetros para a análise de qualquer sistema, conforme mostra a Figura 55. Destaca-se que as correntes Ii, e Io têm o sentido padrão considerado “entrando” no sistema. TÓPICO 3 — ANÁLISE DA CORRENTE ALTERNADA (CA) DO TRANSISTOR BIPOLAR DE JUNÇÃO 150 UNIDADE 2 — TRANSISTORES I FIGURA 55 – DEFINIÇÃO DOS PARÂMETROS IMPORTANTES PARA QUALQUER SISTEMA FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 223) Para obter o equivalente CA de um circuito a transistor, deve-se realizar os seguintes passos (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013): • fixar todas as fontes de tensão CC em zero e substitui-las por um curto-circuito equivalente; • substituir todos os capacitores por um curto-circuito equivalente; • remover todos os componentes em paralelo com os curtos-circuitos; • redesenhar o circuito para torná-lo mais conveniente e lógico. 3 MODELO r e DO TRANSISTOR Serão analisadas duas configurações para o modelo re: emissor-comum e base-comum, conforme descrito a seguir. 3.1 CONFIGURAÇÃO EMISSOR-COMUM A montagem do circuito equivalente é proveniente da curva característica do componente e uma série de aproximações. Por meio da análise da Figura 56A, podemos perceber que Vi = Vbe e Ii = Ib. Na Figura 57A, verificamos as curvas características de entrada e, na Figura 57B, o valor médio das curvas, que é simplesmente a curva de um diodo polarizado diretamente. Portanto, para a entrada, o circuito equivalente é um diodo com uma corrente Ie (Figura 56B). Para o circuito de saída, inicialmente, desenharemos as curvas características do coletor com β constante (outra aproximação) e todas as características de saída podem ser substituídas por uma fonte de corrente controlada de magnitude βIb, como mostra a Figura 58A. Podemos melhorar o circuito trocando o diodo por sua resistência equivalente, re (Figura 58B) e determinando sua impedância de entrada: TÓPICO 3 — ANÁLISE DA CORRENTE ALTERNADA (CA) DO TRANSISTOR BIPOLAR DE JUNÇÃO 151 Logo, Zi = (β + 1) re ≅ βre Desse modo, é possível redesenhar o circuito equivalente (Figura 58C). 3.1.1 Tensão Early Existe a necessidade de uma representação adequada para a impedância de saída. Sabemos que as curvas características não possuem a aparência ideal (Figura 59), mas, sim, uma inclinação, que define a impedância de saída do dispositivo, de modo que quanto mais íngreme a curva, menor será a impedância de saída e menos ideal o dispositivo. Se estendermos a curva até o eixo horizontal (Figura 60), é possível notar que todas se cruzam em uma mesma tensão, denominada de tensão Early (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). FIGURA 56 – DETERMINAÇÃO DO CIRCUITO (A) E CIRCUITO EQUIVALENTE PARA O TERMINAL DE ENTRADA PARA UM TRANSISTOR TBJ (B) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 224-225) FIGURA 57 – DEFINIÇÃO DA CURVA MÉDIA (B) PARA AS CURVAS CARACTERÍSTICAS (A) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 224) (Eq. 65) 152 UNIDADE 2 — TRANSISTORES I FIGURA 58 – CIRCUITO EQUIVALENTE PARA O TBJ (A), DEFINIÇÃO DO NÍVEL Z i (B) E CIRCUITO EQUIVALENTE MELHORADO PARA O TBJ (C) FIGURA 59 – CURVAS CARACTERÍSTICAS COM β CONSTANTE FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 225) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 225) TÓPICO 3 — ANÁLISE DA CORRENTE ALTERNADA (CA) DO TRANSISTOR BIPOLAR DE JUNÇÃO 153 Para determinar a impedância de saída,podemos utilizar a Equação 66: Tipicamente, a tensão de Early é suficientemente grande se comparada à tensão coletor-emissor, de maneira que podemos utilizar a aproximação: FIGURA 60 – DEFINIÇÃO DA TENSÃO EARLY E DA IMPEDÂNCIA DE SAÍDA DE UM TRANSISTOR FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 226) Quando a tensão de Early não está disponível, podemos determinar a impedância de saída pela inclinação das curvas, na qual: Logo, Desse modo, é possível redesenhar o circuito da Figura 58C incluindo os efeitos de ro , conforme mostra a Figura 61. (Eq. 66) (Eq. 67) Inclinação (Eq. 68) 154 UNIDADE 2 — TRANSISTORES I 3.2 CONFIGURAÇÃO BASE-COMUM Os procedimentos para a determinação são semelhantes aos utilizados no emissor-comum, sendo que, nesse momento, sabemos que a corrente do coletor está relacionada com a corrente do emissor por α e a corrente do coletor, assim como a fonte de corrente, possui direção oposta à corrente de saída definida. O diodo novamente pode ser substituído por re = 26 mV/IE. O circuito equivalente utilizado para a maioria das configurações base-comuns é apresentado na Figura 63. FIGURA 61 – MODELO r e PARA A CONFIGURAÇÃO EMISSOR-COMUM DO TRANSISTOR, INCLUINDO OS EFEITOS DE r o FIGURA 62 – TRANSISTOR TBJ BASE-COMUM (A) E CIRCUITO EQUIVALENTE PARA A SUA CONFIGURAÇÃO (B) FIGURA 63 – CIRCUITO BASE-COMUM r e EQUIVALENTE FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 227) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 227) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 227) TÓPICO 3 — ANÁLISE DA CORRENTE ALTERNADA (CA) DO TRANSISTOR BIPOLAR DE JUNÇÃO 155 FIGURA 64 – CONFIGURAÇÃO EMISSOR-COMUM COM POLARIZAÇÃO FIXA (A) E CIRCUITO APÓS A REMOÇÃO DOS EFEITOS DE V CC , C 1 E C 2 (B) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 228) 3.3 NPN VERSUS PNP De acordo com Boylestad e Nashelsky (2013, p. 228), as análises CC do TBJ nas configurações npn e pnp são bem diferentes, uma vez que possuem correntes com sentidos opostos, ocasionando tensões de polaridades opostas. Entretanto, quando se trata de uma análise CA, na qual o sinal evolui entre valores positivos e negativos, o circuito CA será o mesmo. 4 CONFIGURAÇÃO EMISSOR-COMUM COM POLARIZAÇÃO FIXA Na Figura 64A, temos o circuito com a configuração emissor-comum com polarização fixa; para a análise CA em pequenos sinais, são trocados os capacitores C1 E C2 por curtos-circuitos equivalentes e removidos os efeitos de VCC (Figura 64B). Para análise CA o circuito da Figura 64B foi redesenhado e adicionado o modelo equivalente re conforme pode ser visto na Figura 65A. Desse modo, temos (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013): • Zi: Zi = RB || βre o Caso βre ≫RB (RB ≥ 10 βre ): Zi ≅ βre (Eq. 69) (Eq. 70) 156 UNIDADE 2 — TRANSISTORES I • Zo: Zo = RC ||ro o Se ro ≥ 10 Rc : Zo ≅ RC Av o Se ro ≥ 10 Rc : Nota-se que existe um sinal negativo na equação de Av, que representa um deslocamento de fase de 180° entre o sinal de entrada e o de saída, conforme pode ser observado na Figura 65B. (Eq. 72) (Eq. 73) FIGURA 65 – SUBSTITUIÇÃO DO MODELO r e NO CIRCUITO DA FIGURA 65B (A) E DEMONSTRAÇÃO DO DESLOCAMENTO DE FASE 180° ENTRE AS FORMAS DE ONDA DE ENTRADA E SAÍDA (B) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 229) 5 POLARIZAÇÃO POR DIVISOR DE TENSÃO Na Figura 66A, podemos observar a configuração por divisor de tensão e, na Figura 66B, o circuito CA equivalente com substituição do circuito re equivalente. (Eq. 71) TÓPICO 3 — ANÁLISE DA CORRENTE ALTERNADA (CA) DO TRANSISTOR BIPOLAR DE JUNÇÃO 157 FIGURA 66 – CONFIGURAÇÃO COM POLARIZAÇÃO POR DIVISOR DE TENSÃO (A) E SUBSTITUIÇÃO DO CIRCUITO r e EQUIVALENTE NO CIRCUITO CA EQUIVALENTE (B) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 230-231) Analisando o circuito da Figura 66B (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013): • Zi: Zi = R'|| βre • Zo: Zo = RC || ro o Se ro ≥ 10 Rc : Zo ≅ RC • Av: o Se ro ≥ 10 RC : Como é possível notar, Av possui sinal negativo indicando a inversão de fase na saída, ou seja, a saída possui um deslocamento de fase de 180° em relação à entrada. (Eq. 75) (Eq. 74) (Eq. 76) (Eq. 77) (Eq. 78) (Eq. 79) 158 UNIDADE 2 — TRANSISTORES I 6 CONFIGURAÇÃO EC COM POLARIZAÇÃO DO EMISSOR Nesse momento, veremos duas configurações importantes: com e sem desvio do RE. 6.1 SEM DESVIO Na Figura 67A, temos o circuito na configuração EC com polarização do emissor e, na Figura 67B, o equivalente CA com substituição do circuito re equivalente. Por meio da análise da Figura 67B (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013), temos: (Eq. 80) FIGURA 67 – CONFIGURAÇÃO EC COM POLARIZAÇÃO DO EMISSOR (A) E SUBSTITUIÇÃO DO CIRCUITO r e EQUIVALENTE NO CIRCUITO CA EQUIVALENTE (B) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 232) Sabendo que β, normalmente, é muito maior que 1, de modo que: Zb ≅ β(re+RE ) Além disso, RE frequentemente é muito maior que re, logo, (Eq. 81) TÓPICO 3 — ANÁLISE DA CORRENTE ALTERNADA (CA) DO TRANSISTOR BIPOLAR DE JUNÇÃO 159 Utilizando a aproximação Zb ≅ βRE : (Eq. 86) 6.2 COM DESVIO A configuração com desvio do RE será discutida no primeiro exemplo dos exercícios resolvidos adiante. 7 CONFIGURAÇÃO DE SEGUIDOR DE EMISSOR Na Figura 68A, podemos observar o circuito na configuração seguidor de emissor, que, normalmente, é utilizado para fins de casamento de impedância. Substituindo do circuito re equivalente na Figura 68A, temos o que é apresentado na Figura 68B, em que podemos obter (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013): Zb ≅ βRE • Zi: Zi = RB∥Zb • Zo: Zo = RC • Av: (Eq. 82) (Eq. 83) (Eq. 84) (Eq. 85) 160 UNIDADE 2 — TRANSISTORES I FIGURA 68 – CONFIGURAÇÃO DE SEGUIDOR DE EMISSOR (A) E SUBSTITUIÇÃO DO CIRCUITO r e EQUIVALENTE NO CIRCUITO CA EQUIVALENTE (B) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 236) • Zi: Zi = RB || Zb o Em que: Zb = βre + (β + 1) RE o Como normalmente β≫1: Zb ≅ β(re+RE ) o Para o caso em que RE≫re: Zb ≅ βRE • Zo: Zo = RE ||re o Como RE costuma ser muito maior que re: Zo ≅ re • Av: o Uma vez que RE é geralmente muito maior que re , (Eq. 87) (Eq. 88) (Eq. 89) (Eq. 90) (Eq. 91) (Eq. 92) (Eq. 93) (Eq. 94) TÓPICO 3 — ANÁLISE DA CORRENTE ALTERNADA (CA) DO TRANSISTOR BIPOLAR DE JUNÇÃO 161 FIGURA 69 – CONFIGURAÇÃO BASE-COMUM (A) E SUBSTITUIÇÃO DO CIRCUITO r e EQUIVALENTE NO CIRCUITO CA EQUIVALENTE (B) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 239) 8 CONFIGURAÇÃO BASE-COMUM Os circuitos na configuração base-comum são caracterizados pelo ganho de corrente menor que 1, pela impedância de saída alta e pela impedância de entrada relativamente baixa (Figura 69A). Por meio da substituição do modelo re equivalente (Figura 69B), é possível determinar (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013): • Zi: Zi = RE || re • Zo: Zo = RC • Av: • Ai: (Eq. 95) (Eq. 96) (Eq. 97) (Eq. 98) 162 UNIDADE 2 — TRANSISTORES I 9 CONFIGURAÇÃO COM REALIMENTAÇÃO DO COLETOR A Figura 70A apresenta a configuração com realimentação do coletor, que emprega um caminho de realimentação do coletor para a base com o objetivo de aumentar a estabilidade do sistema. Na Figura 70B, temos a substituição do circuito re equivalente no circuito CA equivalente da configuração com realimentação do coletor da Figura 70A. Pela análise da Figura 70B, é possível determinar (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013): • Zi: o Sabendo que RC ≫ re: • Zo: Zo ≅ RC|| RF (Eq. 100) FIGURA 70 – CONFIGURAÇÃO COM REALIMENTAÇÃO DO COLETOR (A) E SUBSTITUIÇÃO DO CIRCUITO r e EQUIVALENTE NO CIRCUITO CA EQUIVALENTE (B) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 240) (Eq. 99) • Av: o Para RF ≫ RC : (Eq. 101) (Eq. 102) TÓPICO 3 — ANÁLISE DA CORRENTE ALTERNADA (CA) DO TRANSISTOR BIPOLAR DE JUNÇÃO 163 FIGURA 71 – CONFIGURAÇÃO COM REALIMENTAÇÃO CC DO COLETOR (A) E SUBSTITUIÇÃO DO CIRCUITO r e EQUIVALENTE NO CIRCUITO CA EQUIVALENTE (B) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 243-244) 10 CONFIGURAÇÃO COM REALIMENTAÇÃO CC DO COLETOR A Figura 71A mostra a configuraçãocom realimentação CC do coletor, enquanto a Figura 71B apresenta a substituição do circuito re equivalente no circuito CA equivalente da Figura 71A, em que podemos obter (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013): • Zi: Zi = RF1 ∥ βre • Zo: Zo = RC ∥ RF2 ∥ ro o Para ro ≥ 10RC , Zo = RC ∥ RF2 • Av: o Para ro ≥ 10RC , (Eq. 103) (Eq. 104) (Eq. 105) (Eq. 106) (Eq. 107) 164 UNIDADE 2 — TRANSISTORES I 11 RESUMO A Tabela 4 apresenta um resumo com as equações para os principais circuitos discutidos ao longo deste tópico. TABELA 4 – AMPLIFICADORES TRANSISTORIZADOS COM TBJ INCLUINDO O EFEITO DE R S E R L TÓPICO 3 — ANÁLISE DA CORRENTE ALTERNADA (CA) DO TRANSISTOR BIPOLAR DE JUNÇÃO 165 FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 252) Exercícios resolvidos 1 (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013) Para o circuito da figura a seguir, determine (com C E conectado e desconectado): DICAS 166 UNIDADE 2 — TRANSISTORES I FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 235) a) r e . R.: Temos que: βR E = (210)(0,68 kΩ) = 142,8 kΩ 10R 2 = 10 (10 kΩ) = 100 kΩ Portanto, βR E ≥ 10R 2 . Para C E não conectado: Para C E conectado: A análise CC é a mesma, logo r e = 19,64 Ω b) Z i . R.: Para C E não conectado: Por meio da análise da figura a seguir: TÓPICO 3 — ANÁLISE DA CORRENTE ALTERNADA (CA) DO TRANSISTOR BIPOLAR DE JUNÇÃO 167 CIRCUITO CA EQUIVALENTE FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 235) R B = R^'= R 1 ∥ R 2 =9 kΩ Temos que r 0 ≥ 10(R c + R E ) e r o ≥ 10R C , logo, Z b ≅ βR E =142,8 kΩ Z i =R B ∥ Z b =9 kΩ ∥ 142,8 kΩ = 8,47 kΩ Para C E conectado: Z b ≅ βR E =(210)(19,64 Ω) ≅ 4,12 kΩ Z i =R B ∥ Z b =9 kΩ ∥ 4,12 kΩ=2,83 kΩ c) Z o . R.: Para C E não conectado: Z o = R C =2,2 kΩ Para C E conectado: Z o = R C =2,2 kΩ d) A v . R.: Para C E não conectado: Para C E conectado: Percebe-se que, ao se conectar o capacitor C E , tem-se um aumento significativo no ganho. 168 UNIDADE 2 — TRANSISTORES I 2 (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013) Para o circuito da figura a seguir, determine: FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 242) a) r e . R.: b) Z i . R.: c) Z o . R.: Z o = R C ∥ R F = 2,7 kΩ ∥ 180 kΩ = 2,66 kΩ d) A v . R.: TÓPICO 3 — ANÁLISE DA CORRENTE ALTERNADA (CA) DO TRANSISTOR BIPOLAR DE JUNÇÃO 169 ESPELHO DE CORRENTE ELEMENTAR P. R. Veronese Espelhos de corrente são circuitos que refletem uma determinada corrente de referência (Iref) para um ou mais ramos, criando correntes de espelhamento (Iesp) com valores iguais ou proporcionais ao da corrente de referência. A Figura 1 mostra um circuito elementar de espelho de corrente construído com transistores npn, na Figura 1a, e com transistores pnp, na Figura 1b. Em um espelho desse tipo, a relação Iesp = Iref só acontece se os transistores forem casados (IS1 = IS2 e NF1 = NF2) e se possuírem ganhos de corrente e tensões Early muito elevados (β1 = β2 → ∞ e VAF1 = VAF2 → ∞). Como em circuitos práticos discretos dificilmente isso acontece, pode-se considerar que só se alguns cuidados de casamento forem adotados. A compliância desse tipo de espelho é elevada, isto é, Vins(min) = VBE, e o coeficiente térmico de espelhamento é essencialmente nulo. LEITURA COMPLEMENTAR FIGURA 1: ESPELHOS DE CORRENTE COM RESISTÊNCIAS DE EMISSOR. A) TBJ NPN. B) TBJ PNP. A resistência interna, vista no ramo de espelhamento, é relativamente elevada e vale roe = ro1. No entanto, no ramo de referência, como Q2 está ligado como um diodo, a resistência interna (rod) é muito baixa e vale: 170 UNIDADE 2 — TRANSISTORES I Em que: Se R1 for muito elevado, então: FONTE: Adaptado de VERONESE, P. R. Fontes e Espelhos de Corrente Resumo de Aplicações Bipolares. [S.l: s.n.], 2018. 171 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você aprendeu que: • Um modelo elétrico é a combinação de elementos de circuito, apropriadamente selecionados, que se assemelham, tanto quanto possível, ao funcionamento real de um dispositivo semicondutor, sob condições específicas de operação. • A tensão Early permite determinar a impedância de saída de um TBJ. Sua análise pode ser feita graficamente ou por equacionamento. • Um TBJ, na configuração emissor comum, pode ser com desvio e sem desvio. • O circuito TBJ na configuração seguidor de emissor é, normalmente, utilizado para fins de casamento de impedância. • Os circuitos TBJ, na configuração base-comum, são caracterizados pelo ganho de corrente menor que 1, pela impedância de saída alta e pela impedância de entrada relativamente baixa. • A configuração com realimentação do coletor emprega um caminho de realimentação do coletor para a base, com o objetivo de aumentar a estabilidade do sistema. Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. CHAMADA 172 1 (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013) Para o circuito da figura a seguir, determine: AUTOATIVIDADE FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 305) a) Zi e Zo. b) Av. 2 (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013) Para o circuito da figura a seguir, determine: FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 307) a) O valor de re. b) Zi e Zo. c) Av. 173 3 (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013) Para o circuito da figura a seguir, determine: a) re. b) Zi e Zo. c) Av. 174 REFERÊNCIAS BOYLESTAD, R. L.; NASHELSKY, L. Dispositivos Eletrônicos e Teoria dos Circuitos. 11. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil; 2013. Disponível em: https://www.academia.edu/44212475/Dispositivos_ElEtr%C3%B4nicos_E_ TEORIA_DE_CIRCUITOS_11a_Edi%C3%A7%C3%A3o. Acesso em: 27 mar. 2021. MALVINO, A. Eletrônica: Volume 1. 7. ed. Porto Alegre: AMGH; 2007. SCHULER, C. A. Eletrônica I: Habilidades Básicas em Eletricidade, Eletrônica e Telecomunicações. 7. ed. Porto Alegre: AMGH; 2013. VERONESE, P. R. Fontes e Espelhos de Corrente Resumo de Aplicações Bipolares. [S.l: s.n.]; 2018. https://www.academia.edu/44212475/Dispositivos_ElEtr%C3%B4nicos_E_TEORIA_DE_CIRCUITOS_11a_Edi%C3%A7%C3%A3o https://www.academia.edu/44212475/Dispositivos_ElEtr%C3%B4nicos_E_TEORIA_DE_CIRCUITOS_11a_Edi%C3%A7%C3%A3o 175 UNIDADE 3 — TRANSISTORES II OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • compreender o funcionamento das possíveis polarizações do FET; • resolver exercícios envolvendo polarização do FET; • ser capaz de analisar o circuito contendo FET para pequenos sinais; • entender o comportamento das mais diversas configurações do FET quando expostos a pequenos sinais; • resolver exercícios envolvendo FET e pequenos sinais; • ser capaz de analisar o comportamento de TBJ e JFET quando expostos à variação de frequência; • calcular as frequências de corte superior e inferior de circuitos com TBJ e FET; • entender o efeito no ganho e na faixa de operação quando temos circui- tos de multiestágios; • resolver exercícios envolvendo TBJ e JFET em baixas e altas frequências. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – POLARIZAÇÃO DO TRANSISTORES DE EFEITO DE CAMPO (FET) TÓPICO 2 – ANÁLISE DO FET PARA PEQUENOS SINAIS TÓPICO 3 – RESPOSTA EM FREQUÊNCIA DO TRANSISTOR BIPOLAR DE JUNÇÃO (TBJ) E JFET Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 176 177 UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO A relação entre os parâmetros de entrada e de saída em um transistor de efeito de campo não é linear, obedecendo à equação de Shockley, que é uma função quadrática, resultando em uma curva, em vez de uma reta, conforme foi analisado para os transistores bipolares de junção. Quando pensamos na análise da corrente contínua (CC), a não linearidade pode complicar o raciocínio,sendo o método gráfico o mais rápido para a maioria dos amplificadores transistores de efeito de campo (FETs – sigla do inglês field-effect transistor), porém pode limitar a precisão de décimos. Vale lembrar que, em um FET, a variável de controle é uma tensão, enquanto em um transistor bipolar de junção (TBJ – sigla do inglês bipolar junction transistor) era uma corrente (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). Antes de iniciarmos os estudos sobre a polarização do FET, é importante ter em mente as principais relações dos FETs. IG ≅ 0 A ID = IS Para os transistores de efeito de campo de junção (JFETs), os transistores de efeito de campo metal-óxido-semicondutor (MOSFETs) e os transistores de efeito de campo metal-semicondutor (MESFETs) tipo depleção, a relação entre a variável de entrada e de saída é dada pela equação de Shockley: Para os MOSFETs e MESFETs tipo intensificação, é aplicável a relação presente na Equação 4: ID = k(VGS - VT )² Em que, (Eq. 1) (Eq. 2) (Eq. 3) TÓPICO 1 — POLARIZAÇÃO DO TRANSISTORES DE EFEITO DE CAMPO (FET) (Eq. 4) (Eq. 5) UNIDADE 3 — TRANSISTORES II 178 2 POLARIZAÇÃO DO FET Serão discutidos os principais tipos de polarização dos transistores de efeito de campo. 2.1 CONFIGURAÇÃO COM POLARIZAÇÃO FIXA É uma das poucas configurações que se pode resolver tanto pelo método matemático quanto pelo método gráfico. Na Figura 1, é apresentado o circuito com configuração de polarização fixa. Através da Análise da Figura 1B, é possível verificar que: VGS = -VGG Como podemos perceber, VGG é uma fonte de tensão fixa, daí o nome “configuração com polarização fixa”. O valor da corrente do dreno é controlado pela equação de Shockley. Aplicando-se a lei Kirchhoff das tensões (LKT) no ramo dreno-fonte no sentido anti-horário na Figura 1B: -VDD + ID RD + VDS = 0 Logo, VDS = VDD - ID RD Além disso, ainda através da Figura 1B, é possível concluir que: VD=VDS VG=VGS A análise gráfica será discutida nos exercícios resolvidos, mais adiante. FIGURA 1 – CONFIGURAÇÃO COM POLARIZAÇÃO FIXA (A) E CIRCUITO PARA ANÁLISE CC (B) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 354) (Eq. 6) (Eq. 7) (Eq. 8) (Eq. 9) TÓPICO 1 — POLARIZAÇÃO DO TRANSISTORES DE EFEITO DE CAMPO (FET) 179 2.2 CONFIGURAÇÃO COM AUTOPOLARIZAÇÃO A configuração com autopolarização, Figura 2A, elimina a necessidade de duas fontes de tensão CC. A tensão de controle porta-fonte é determinada através de RS. Para análise CC, utilizaremos o circuito apresentado na Figura 2B, aplicando a LKT no sentido indicado: +VGS+VRS= 0 Logo, VGS = -VRS = -ID RD A solução matemática pode ser obtida através da substituição da Equação 10 na equação de Shockley, logo, Simplificando: ID 2 + K1 ID + K2 = 0 FIGURA 2 – CONFIGURAÇÃO COM AUTOPOLARIZAÇÃO (A) E CIRCUITO PARA ANÁLISE CC DO CIRCUITO (B) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 356-357) Para a utilização do método gráfico, é necessário, inicialmente, o estabelecimento da curva característica do dispositivo, utilizando os dados da Tabela 1, e, em seguida, a determinação da reta dada pela Equação 10, conforme mostra a Figura 3. Aplicando a LKT ao ramo dreno-fonte (Figura 2B), no sentido horário: (Eq. 10) UNIDADE 3 — TRANSISTORES II 180 -IS RS -VDS - ID RD+ VDD = 0 Como ID = IS , VDS= VDD - ID (RS + RD) Além disso, VS = ID RS VG = 0 V VD =VDS + VS = VDD-VR FIGURA 3 – DEFINIÇÃO DE UM PONTO NA CURVA DE AUTOPOLARIZAÇÃO (A) E ESBOÇO DA RETA DE AUTOPOLARIZAÇÃO (B) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 357-358) 2.3 POLARIZAÇÃO POR DIVISOR DE TENSÃO Na Figura 4, é apresentado o circuito com polarização por divisor de tensão. Uma vez que, na Figura 4C, temos que IR = IR , aplicando-se o divisor de tensão na Figura 4B: Além disso, aplicando a LKT no sentido horário na Figura 4B, conforme indicado: -VG + VGS + VRS = 0 Como VRS = IS RS = ID RD , VGS = VG - ID RS (Eq. 11) (Eq. 12) (Eq. 14) (Eq. 13) D 1 2 (Eq. 15) (Eq. 16) TÓPICO 1 — POLARIZAÇÃO DO TRANSISTORES DE EFEITO DE CAMPO (FET) 181 FIGURA 4 – CONFIGURAÇÃO DA POLARIZAÇÃO POR DIVISOR DE TENSÃO (A) E CIRCUITO PARA ANÁLISE CC (B-C) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 360) A Equação 16 é uma equação de reta que pode ser traçada com a determinação de dois pontos sobre o gráfico da equação de Shockley, sendo eles, VGS = VG |ID = o mA É importante ressaltar que valores crescentes de RS resultam em valores quiescentes menores de ID e valores de VGS mais negativos (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). Após a determinação dos valores de operação (valores quiescentes), o restante da análise pode ser realizada de maneira usual, ou seja, VDS = VDD- ID (RD+ RS) VD= VDD- IDRD VS = IDRS 2.4 CONFIGURAÇÃO PORTA-COMUM Na Figura 5, temos duas versões de circuito para a configuração porta- comum. (Eq. 18) (Eq. 19) (Eq. 20) (Eq. 22) (Eq. 21) (Eq. 17) UNIDADE 3 — TRANSISTORES II 182 FIGURA 5 – DUAS VERSÕES PARA A CONFIGURAÇÃO DE PORTA-COMUM FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 363) Para determinar a equação do circuito, utilizaremos o circuito apresentado na Figura 6A, aplicando a LKT a esse circuito: +VGS + ISRS - VSS = 0 Como IS = ID , VGS = VSS - ID RS Para determinação da reta, VGS= VSS|I = 0 mA A reta de carga é apresentada na Figura 6B, sendo que a interseção define o ponto de operação (ID e VGS ). (Eq. 24) D (Eq. 25) Q Q (Eq. 23) TÓPICO 1 — POLARIZAÇÃO DO TRANSISTORES DE EFEITO DE CAMPO (FET) 183 FIGURA 6 – CIRCUITO PARA DETERMINAÇÃO DA EQUAÇÃO (A) E DETERMINAÇÃO DO PONTO Q PARA A CONFIGURAÇÃO APRESENTADA NA FIGURA ANTERIOR (B) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 363-364) Aplicando a LKT à malha que contém as duas fontes de tensão na Figura 5, no sentido horário, +VSS - RSIS - VDS- IDRD+ VDD = 0 Como ID = IS , VDS = VDD + VSS - ID (RD + RS) Além disso, VD= VDD - IDRD VS = -VSS + IDRD 2.5 CASO ESPECIAL V GS = 0 V Por meio da análise do circuito da Figura 7A, sabemos que a porta e a fonte estão conectadas ao terra, de modo que VGS = 0 V, resultando em uma reta de carga vertical em que VGS = 0 V (Figura 7B), na qual se pode notar que: ID = IDSS Aplicando-se a LKT à malha dreno-fonte (Figura 7A), no sentido horário, -VDS - IDRD + VDD = 0 VDS = VDD - IDRD Além disso, (Eq. 26) (Eq. 27) (Eq. 28) Q Q Q (Eq. 29) (Eq. 30) UNIDADE 3 — TRANSISTORES II 184 VD= VDS VS= 0 V FIGURA 7 – CONFIGURAÇÃO DO CASO ESPECIAL V GS =0 V (A) E DETERMINAÇÃO DO PONTO Q PARA O CIRCUITO (B) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 365) 2.6 MOSFETS TIPO DEPLEÇÃO Sua análise é semelhante às apresentadas para os JFETs; a principal diferença é que os MOSFETs tipo depleção têm ponto de operação com valores positivos de VGS e valores de ID maiores que IDSS. Para um melhor entendimento, mais adiante, será apresentado um exemplo nos exercícios resolvidos. 2.7 MOSFETS TIPO INTENSIFICAÇÃO São curvas bem diferentes das observadas até o momento, sendo importante lembrar que: Em que: Para traçar a curva, normalmente um ponto entre VGS(Th) e VGS(ligado) e outro um pouco maior que VGS(ligado) são suficientes. (Eq. 31) (Eq. 32) Q (Eq. 33) (Eq. 34) TÓPICO 1 — POLARIZAÇÃO DO TRANSISTORES DE EFEITO DE CAMPO (FET) 185 2.7.1 Configuração de polarização com realimentação A configuração de polarização para MOSFETs tipo intensificação (Figura 8) é bastante utilizada e o resistor RG oferece um valor apropriadamente alto de tensão à porta do MOSFET para “ligá-lo” (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). Por meio do circuito apresentado na Figura 8B, é possível verificar uma ligação direta entre a porta e o dreno, de modo que: VD= VG VDS = VGS Uma vez que a fonte está conectada ao terra. Para o circuito de saída, analisando no sentido horário, -VDS- ID RD + VDD = 0 Portanto, VDS = VDD - IDRD Aplicando à Equação 35: VGS = VDD - IDRD Portanto, obtemos uma equação de primeiro grau e, para traçarmos essa reta, os dois pontos mais fáceis são: VGS = VDD |I = 0 mA A curva para a determinação do ponto de operação é apresentada na Figura10. FIGURA 8 – CONFIGURAÇÃO DE POLARIZAÇÃO COM REALIMENTAÇÃO (A) E EQUIVALENTE CC (B) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 369) (Eq. 35) (Eq. 36) (Eq. 37) (Eq. 38) D UNIDADE 3 — TRANSISTORES II 186 FIGURA 9 – CURVA CARACTERÍSTICA DE TRANSFERÊNCIA DE UM MOSFET TIPO INTENSIFICAÇÃO DE CANAL N FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 368) FIGURA 10 – DETERMINAÇÃO DO PONTO Q DO CIRCUITO DA FIGURA 8 FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 369) 2.7.2 Circuito de polarização por divisor de tensão A Figura 11 demonstra a configuração de polarização por divisor de tensão de um MOSFET de intensificação de canal n. Como IG = o mA, a tensão da porta é dada por: Aplicando a LKT à malha indicada na Figura 11, temos: -VR + VGS+VR = 0 (Eq. 39) 2 S TÓPICO 1 — POLARIZAÇÃO DO TRANSISTORES DE EFEITO DE CAMPO (FET) 187 Sabemos que VG = VR e ID = IS , logo: VGS = VG - IDRS FIGURA 11 – CONFIGURAÇÃO DE POLARIZAÇÃO POR DIVISOR DE TENSÃO PARA UM MOSFET INTENSIFICAÇÃO DE CANAL N FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 371) Analisando a malha dreno-fonte, no sentido horário, -ID RS - VDS - ID RD + VDD = 0 Portanto, VDS = VDD - ID (RD + RS ) A determinação das curvas segue os mesmos procedimentos anteriores, visto que a Equação 41 é de primeiro grau; ao traçar as curvas, é possível determinar o ponto de operação (ID e VGS - interseção das duas curvas) e, por meio dele, determinar os demais parâmetros como VDS ,VD e VS. 2.8 RESUMO A Tabela 1 apresenta, de forma resumida, as equações pertinentes e a solução gráfica para cada tipo de configuração de polarização de FET estudada. 2 (Eq. 41) Q Q (Eq. 40) UNIDADE 3 — TRANSISTORES II 188 TABELA 1 – CONFIGURAÇÃO DE POLARIZAÇÃO PARA FET FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 373) TÓPICO 1 — POLARIZAÇÃO DO TRANSISTORES DE EFEITO DE CAMPO (FET) 189 Exercícios resolvidos 1 (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013) Para o MOSFET tipo depleção de canal n da figura a seguir, determine: CIRCUITO FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 366) a) I D e V GS . R.: Para a resolução do exercício, inicialmente, precisamos determinar a curva de transferência por meio dos métodos apresentados ao longo deste tópico. • quando V GS = 0 V, temos que I D = I DSS , logo, I D = 6 mA; • quando I D = 0 mA, temos que V GS = V P , logo, V GS = -3 V; • quando V GS = V P ⁄2 , temos que I D =I DSS ⁄4 , portanto, V GS = -3 V ⁄2 =-1,5 V e I D = 6 mA ⁄4=1,5 mA; e • quando I D = I DSS ⁄2, temos que V GS =0,3 V P , portanto, I D = 6 mA ⁄2 = 3 mA e V GS = 0,3(-3 V)=-0,9 V. Além disso, é necessária a adição de, pelo menos, mais um ponto, sendo este um valor positivo de V GS . Portanto, para V GS = 1 V, I D = 10,67 mA A curva de transferência resultante é apresentada na figura a seguir. Para determinar a curva da carga, utilizaremos as mesmas equações aplicadas para os JFETs; logo, para determinar o valor da tensão da porta, ou gate, utilizando a Equação 15, Q Q DICAS UNIDADE 3 — TRANSISTORES II 190 Determinando a equação de entrada, malha porta-fonte (gate-source), Equação 16, V GS = V G - I D R S = 1,5 V - I D (750 Ω) Para traçar a reta de polarização são necessários dois pontos, logo, utilizando as equações 17 e 18, V GS = V G | I = 0 mA , portanto, V GS = 1,5 V A reta de polarização é apresentada na figura a seguir: DETERMINAÇÃO DO PONTO Q FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 366) Ao traçar a curva de transferência e a reta de polarização, obteremos o ponto de operação, ou ponto quiescente, conforme mostra a figura, que é dado por: I D =3,1 mA V GS = -0,8 V b) V DS . R.: Por meio da Equação 19, temos que: V DS = V DD - I D (R D + R S ) = 18 V - (3,1 mA)(1,8 kΩ + 750Ω) ≅ 10,1V c) Repita os itens (a) e (b) alterando do valor de R S para 150 Ω. R.: A curva de transferência não será alterada, pois é a relação entre I DSS e V P . A reta de polarização irá mudar, pois a resistência da fonte é uma das variáveis envolvida; desse modo, considerando a Equação 16, D Q Q TÓPICO 1 — POLARIZAÇÃO DO TRANSISTORES DE EFEITO DE CAMPO (FET) 191 V GS = V G - I D R S A tensão da porta continuará sendo V G = 1,5 V, pois somente foi alterada a resistência da fonte, logo, V GS = 1,5 V - I D (150 Ω) Por meio das Equações 17 e 18, V GS = V G | I = 0 mA ,portanto,V GS = 1,5 V A curva de transferência, a reta de polarização e o ponto quiescente são apresentados na figura a seguir: DETERMINAÇÃO DO PONTO Q FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 367) Nesse caso, o ponto quiescente produz uma corrente de dreno superior a I DSS e um valor positivo de V GS , resultando no ponto de operação: I D =7,6 mA V GS =+0,35 V E pela Equação 19, V DS = V DD - I D + R S = 18 V - (7,6 mA)(1,8 kΩ + 150 Ω)= 3,18 V 2 (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013) Para o circuito apresentado na figura a seguir, determine, com base no método matemático e no método gráfico: D Q Q D UNIDADE 3 — TRANSISTORES II 192 CIRCUITO FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 356) a) V GS . R.: Método matemático: aplicando-se a LKT à malha porta-fonte, sentido horário, sabendo que I G =o mA, 2 V - I G (1 MΩ) + V GS = 0 Logo, V GS = -2 V Método gráfico: inicialmente deve-se determinar a curva pela equação de Shockley e os pontos da Tabela 1, conforme realizado no exemplo neste tópico. Para o circuito do exemplo, a equação da carga é dada por V GS =-2 V, logo uma reta vertical, conforme pode ser observado na figura a seguir. A determinação do ponto quiescente é difícil ter uma grande precisão sem aumento significativo da figura, mas o valor I D =5,6 mA é um valor aceitável. SOLUÇÃO GRÁFICA FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 356) Q Q Q TÓPICO 1 — POLARIZAÇÃO DO TRANSISTORES DE EFEITO DE CAMPO (FET) 193 V GS =-V GG =-2 V É possível perceber que ambos os métodos chegaram a resultados parecidos. b) I D . R.: Aplicando a equação de Shockley: Método gráfico: com o mesmo raciocínio utilizado no método matemático para a determinação das equações, temos: I D = 5,6 mA É possível perceber que ambos os métodos chegaram a resultados parecidos. c) V DS . R.: Aplicando a LKT à malha dreno-fonte do circuito deste exercício, no sentido horário: -V DS - I D (2 kΩ) + 16 V = 0 Portanto, V DS = 16 V-(2 kΩ)I D = 16 V-(2 kΩ)(5,625 mA) = 16 V - 11,25 V V DS = 4,75 V Método gráfico: com o mesmo raciocínio utilizado no método matemático para a determinação das equações, temos: V DS = V DD - I D R D = 16 V - (5,6 mA)(2 kΩ) = 4,8 V É possível perceber que ambos os métodos chegaram a resultados parecidos. d) V D . R.: Sabemos que: V DS =V D - V S Como V S =0 V, pois a fonte está conectada ao terra, logo, V D = V DS = 4,75 V Sabemos que: V GS = V G -V S Como V S = 0 V, pois a fonte está conectada ao terra: V G = V GS = -2 V Método gráfico: com o mesmo raciocínio utilizado no método matemático para a determinação das equações, temos: V D = V DS = 4,8 V Q Q Q UNIDADE 3 — TRANSISTORES II 194 e) V G . R.: Sabemos que: V GS = V G - V S Como V S = 0 V, pois a fonte está conectada ao terra: V G = V GS = -2 V Método gráfico: com o mesmo raciocínio utilizado no método matemático para a determinação das equações, temos: V G = V GS = -2 V É possível perceber que ambos os métodos chegaram a resultados parecidos. f) V S . R.: Como citado anteriormente, a fonte está conectada ao terra, de modo que: V S = 0 V Método gráfico: com o mesmo raciocínio utilizado no método matemático para a determinação das equações, temos: V S = 0 V É possível perceber que ambos os métodos chegaram a resultados parecidos. 3 (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013) Conforme o circuito apresentado na figura a seguir, com configuração por divisor de tensão, determine o valor de R S sabendo que V D =12 V e V GS = -2 V. CIRCUITO FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 376) R.: Sabemos que IG =0 mA, desse modo, aplicando o divisor de tensão no circuito de entrada: Q TÓPICO 1 — POLARIZAÇÃO DO TRANSISTORES DE EFEITO DE CAMPO (FET) 195 A corrente do dreno é dada por: Aplicando LKT na malha porta-fonte no sentido horário podemos determinar a equação para V GS , logo, -V G + V GS + I S R S = 0 Entretanto, I D = I S , V GS = V G - I D R S Desse modo, o valor da resistência da fonte é dada por: O valor comercial mais próximo para o projeto é de 3,3 kΩ. 196 Neste tópico, você aprendeu que: • Duas relações de corrente importantes para os FETs são: IG ≅ 0 A e ID = IS . • Para os transistores de efeito de campo de junção (JFETs), os transistores de efeito de campo metal-óxido-semicondutor (MOSFETs) e os transistores de efeito de campo metal-semicondutor (MESFETs) tipo depleção, a relação entre a variável de entrada e de saída é dada pela equação de Shockley: • O FET pode ser polarizado nas seguintes configurações: polarização fixa, autopolarização e polarização por divisor de tensão. • Os MOSFETs tipo depleção têm ponto de operação com valores positivos de VGS e valores de ID maiores que IDSS. • Para o FET polarizado na configuração fixa, valem as seguintes equações: VD = VDS e VG = VGS. • No FET configurado em autopolarização, são válidas as três seguintes expressões: VS = IDRS VG = 0 V VD = VDS + VS = VDD - VR • O funcionamento do FET polarizado por divisor de tensão é regido pela equação: D RESUMO DO TÓPICO 1 197 1 (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013) Considerando o circuito da figura a seguir, determine: FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 397) a) ID e VGS . b) VDS e VD . 2 (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013) Projete um circuito com autopolarização utilizando um transistor JFET com IDSS = 8 mA e VP = -6 V para conseguir um ponto Q em ID = 4 mA usando uma fonte de 14 V. Considere que RD = 3 RS e use valores comerciais de resistência. 3 (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013) Projete um circuito de polarização por divisor de tensão utilizando um MOSFET tipo depleção com IDSS = 10 mA e VP = -4 V, de modo que o ponto Q se situe em ID = 2,5 mA usando uma fonte de 24 V. Estabeleça VG = 4 V e use RD = 2,5 RS com R1 = 22 MΩ. Utilize valores comerciais de resistência. 4 (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013) Para a configuração com polarização fixa da circuito da figura a seguir, determine: Q Q Q Q AUTOATIVIDADE 198 FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 394) a) ID e VGS utilizando uma análise puramente matemática. b) Repita o item (a) utilizando uma análise gráfica e compare os resultados. c) Determine VDS ,VD ,VG e VS utilizando os resultados do item (a). 5 (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013) Dada a leitura VS = 1,7 V para o circuito da figura a seguir, determine: FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 395) a) ID . b) VGS . Q Q Q Q 199 c) IDSS. d) VD. e) VDS. 6 (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013) Para o circuito da figura a seguir, sabendo que VD = 12 V, determine: FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 396) a) ID. b) VS e VDS. c) VG e VGS. d) VP . 7 (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013) Dado VDS = 4 V para o circuito da figura a seguir, determine: 200 FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 396) a) ID. b) VD e VS. c) VGS. 8 (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013) Determine VD e VGS para o circuito da figura a seguir, usando as informações fornecidas. FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 397) 9 (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013) Para o circuito da figura a seguir, determine: 201 FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 397) a) ID . b) VGS e VDS . c) VD e VS . d) VDS. 10 (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013) Para o circuito combinado da figura a seguir, determine: FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 398) Q Q 202 a) VB e VG . b) VE . c) IE , IC e ID. d) IB . e) VC , VS e VD . f) VCE . g) VDS . 203 UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO TÓPICO 2 — ANÁLISE DO FET PARA PEQUENOS SINAIS Segundo Boylestd e Nashelsky (2013), os amplificadores que utilizam transistores de efeito de campo proporcionam um excelente ganho em tensão, além da alta impedância de entrada que fornecem. São também dispositivos muito pequenos e leves que possuem baixo consumo de potência, aplicáveis a uma extensa gama de frequências. O FET possui uma ampla possibilidade de uso, desde amplificadores lineares até como dispositivo digital em circuito analógico (sendo muito comum o uso do MOSFET tipo intensificação). Entre as principais características a serem discutidas neste tópico, estão o ganho de tensão, a impedância de entrada e a impedância de saída. Um ponto importante a ser lembrado é que, devido à impedância de entrada ser muito elevada, consideramos a corrente de entrada igual a 0 μA e o ganho de corrente é muito grande (infinito). 2 MODELO JFET PARA PEQUENOS SINAIS Inicialmente, devemos ter em mente que a tensão de entrada (porta- fonte) controla a corrente do canal de saída (dreno-fonte) de um JFET. No tópico anterior, vimos que, para a análise CC, a tensão porta-fonte controla a corrente do dreno segundo a equação de Shockley. Para a análise CA, utilizaremos a transcondutância. Ao analisar o gráfico apresentado na Figura 12, é possível perceber que a transcondutância é igual à inclinação da curva no ponto quiescente, ou seja, (Eq. 42) Ao analisar a curva, é possível perceber que, à medida que a curva se aproxima de VGS = 0 V, o valor de gm aumenta e, quando se aproxima de VGS = VP , o valor de gm diminui. 204 UNIDADE 3 — TRANSISTORES II FIGURA 12 – DEFINIÇÃO DE g m A PARTIR DA CURVA CARACTERÍSTICA DE TRANSFERÊNCIA FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 401) Contudo, o método gráfico pode ser muito limitante, de modo que podemos determinar uma formulação matemática para tal. Inicialmente, sabendo que a derivada de uma função em um ponto é igual à inclinação da reta tangente nesse ponto, portanto, para calcular a derivada de ID em relação a VGS , temos: : Logo, (Eq. 43) É utilizado o valor absoluto de VP , de modo a garantir um valor positivo para gm. Como vimos anteriormente, o valor máximo da inclinação da curva de transferência ocorre em VGS = 0 V; logo, o valor máximo de gm ocorre em (Eq. 44) Podemos reescrever a Equação 43, em termos da Equação 44, de modo que: TÓPICO 2 — ANÁLISE DO FET PARA PEQUENOS SINAIS 205 (Eq. 45) Nas folhas de dados, o valor de gm é frequentemente informado como gfs ou yfs . É possível determinar o gráfico de gm versus VGS utilizando a Equação 45, e, com os pontos VGS = VP e VGS = 0 V, chegamos à curva de primeiro grau apresentada na Figura 13, na qual é possível notar que o valor máximo de gm ocorre em VGS = 0 V e o valor mínimo, em VGS = VP. Outro ponto a ser realçado é que, quando a tensão porta-fonte é a metade da tensão de pinch-off, o valor de gm é metade de seu valor máximo. FIGURA 13 – GRÁFICO g m VERSUS V GS FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 403) Na polarização CC, vimos que , de modo que podemos reescrever a Equação 45 como: (Eq. 46) Por meio da Equação 46, podemos determinar alguns pontos para facilitar a determinação da curva de ID versus gm (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013): • Se ID = IDSS , temos . 206 UNIDADE 3 — TRANSISTORES II • Se ID = IDSS /2, temos . • Se ID = IDSS /4, temos . A impedância de entrada dos JFETs disponíveis é suficientemente alta, podendo assumir que os terminais de entrada se aproximam de um circuito aberto (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013), logo, (Eq. 47) A impedância de saída (gos ou yos nas folhas de dados) possui unidade μS. Na forma de equação (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013), (Eq. 48) A impedância de saída é definida nas curvas características como a inclinação da curva característica no ponto de operação (Figura 14) e pode ser escrita como (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013) (Eq. 49) Com base em tudo que foi discutido até aqui, é possível determinar o circuitoequivalente CA para o JFET (Figura 15). FIGURA 14 – DEFINIÇÃO DE r d A PARTIR DAS CURVAS CARACTERÍSTICAS DE DRENO DO JFET FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 405) TÓPICO 2 — ANÁLISE DO FET PARA PEQUENOS SINAIS 207 FIGURA 15 – CIRCUITO EQUIVALENTE CA DO JFET FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 405) 3 CONFIGURAÇÃO COM POLARIZAÇÃO FIXA Tendo determinado o circuito equivalente do JFET, é possível investigar várias configurações fundamentais de pequenos sinais. Sendo uma análise similar a desenvolvida ao TBJ, com a determinação de Zi , Zo e Av. A configuração com polarização fixa (Figura 16A) inclui capacitores de acoplamento, C1 e C2 , que servem para isolar o circuito de polarização do sinal aplicado e da carga, atuando como curtos-circuitos na análise CA. Uma vez determinados os valores de gm e rd , é possível substituir, entre os terminais apropriados, o modelo CA equivalente (Figura 16B). FIGURA 16 – CONFIGURAÇÃO JFET COM POLARIZAÇÃO FIXA (A) E SUBSTITUIÇÃO DO CIRCUITO EQUIVALENTE CA DO JFET (B) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 406) 208 UNIDADE 3 — TRANSISTORES II É possível redesenhar o circuito apresentado na Figura 16B, observando a polaridade definida para Vgs , que define o sentido de (Figura 17). Caso Vgs110 8 CIRCUITOS COM MÚLTIPLOS TBJ .......................................................................................... 112 9 TRANSISTORES PNP .................................................................................................................... 112 10 CIRCUITOS DE CHAVEAMENTO ........................................................................................... 112 RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 119 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 120 TÓPICO 2 —TRANSISTORES DE EFEITO DE CAMPO .......................................................... 125 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 125 2 JFET .................................................................................................................................................... 126 2.1 TENSÃO POSITIVA VDS ............................................................................................................. 127 2.2 RESISTOR CONTROLADO POR TENSÃO ........................................................................... 129 2.3 DISPOSITIVO DE CANAL P .................................................................................................... 130 2.4 CURVA CARACTERÍSTICA DE TRANSFERÊNCIA ........................................................... 132 2.5 FOLHA DE DADOS (JFETS) ..................................................................................................... 133 3 MOSFET ............................................................................................................................................ 135 3.1 MOSFET TIPO DEPLEÇÃO ...................................................................................................... 135 3.2 MOSFET TIPO INTENSIFICAÇÃO ........................................................................................ 137 4 MESFETS .......................................................................................................................................... 141 5 RESUMO DAS CURVAS E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS .......................................... 144 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 147 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 148 TÓPICO 3 — ANÁLISE DA CORRENTE ALTERNADA (CA) DO TRANSISTOR BIPOLAR DE JUNÇÃO ............................................................................................ 149 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 149 2 MODELAGEM DO TBJ .................................................................................................................. 149 3 MODELO re DO TRANSISTOR ................................................................................................... 150 3.1 CONFIGURAÇÃO EMISSOR-COMUM ................................................................................. 150 3.1.1 Tensão Early........................................................................................................................ 151 3.2 CONFIGURAÇÃO BASE-COMUM ........................................................................................ 154 3.3 NPN VERSUS PNP ..................................................................................................................... 155 4 CONFIGURAÇÃO EMISSOR-COMUM COM POLARIZAÇÃO FIXA .............................. 155 5 POLARIZAÇÃO POR DIVISOR DE TENSÃO ......................................................................... 156 6 CONFIGURAÇÃO EC COM POLARIZAÇÃO DO EMISSOR ............................................. 158 6.1 SEM DESVIO ............................................................................................................................... 158 6.2 COM DESVIO .............................................................................................................................. 159 7 CONFIGURAÇÃO DE SEGUIDOR DE EMISSOR.................................................................. 159 8 CONFIGURAÇÃO BASE-COMUM ............................................................................................ 161 9 CONFIGURAÇÃO COM REALIMENTAÇÃO DO COLETOR ............................................. 162 10 CONFIGURAÇÃO COM REALIMENTAÇÃO CC DO COLETOR .................................... 163 11 RESUMO ......................................................................................................................................... 164 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 170 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 172 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 173 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 175 UNIDADE 3 — TRANSISTORES II ............................................................................................... 176 TÓPICO 1 — POLARIZAÇÃO DO TRANSISTORES DE EFEITO DE CAMPO (FET) ....... 178 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 178 2 POLARIZAÇÃO DO FET ............................................................................................................... 179 2.1 CONFIGURAÇÃO COM POLARIZAÇÃO FIXA ................................................................. 179 2.2 CONFIGURAÇÃO COM AUTOPOLARIZAÇÃO ................................................................ 180 2.3 POLARIZAÇÃO POR DIVISOR DE TENSÃO ...................................................................... 181 2.4 CONFIGURAÇÃO PORTA-COMUM ..................................................................................... 182 2.5 CASO ESPECIAL VGS = 0 V ...................................................................................................... 184 2.6 MOSFETS TIPO DEPLEÇÃO .................................................................................................... 185 2.7 MOSFETS TIPO INTENSIFICAÇÃO ....................................................................................... 185 2.7.1 Configuração de polarização com realimentação ......................................................... 186 2.7.2 Circuito de polarização por divisor de tensão............................................................... 187 2.8 RESUMO ...................................................................................................................................... 188 RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 197 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 198 TÓPICO 2 — ANÁLISE DO FET PARA PEQUENOS SINAIS .................................................. 204 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 204 2 MODELO JFET PARA PEQUENOS SINAIS ............................................................................ 204 3 CONFIGURAÇÃO COM POLARIZAÇÃO FIXA ..................................................................... 208 4 CONFIGURAÇÃO COM AUTOPOLARIZAÇÃO ...................................................................44: Pela Equação 45: É possível perceber que o valor de g m é maior que g mo . b) r d . R.: Pela Equação 48: 220 UNIDADE 3 — TRANSISTORES II c) O esboço do circuito equivalente CA. R.: Trocando o MOSFET pelo seu equivalente CA e reorganizando o circuito, obtemos a figura a seguir: G D FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 418) Para os próximos itens, podemos perceber uma grande similaridade com o circuito JFET divisor de tensão. d) Z i . R.: Pela Equação 64: e) Z 0 . R.: Pela Equação 65: Podemos perceber que Z o ≅ R D , o que está de acordo com a Equação 66, visto que 10R D = 10(1,8 kΩ) = 18 kΩe ganho (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). 2.4 RESPOSTA EM FREQUÊNCIA TÍPICA Na Figura 23, é possível observar as curvas de ganho de um amplificador com acoplamento RC, acoplamento direto e acoplamento por transformador, podendo- se notar que a escala horizontal é logarítmica, de modo a facilitar a plotagem em um espectro grande de frequências, que também definem as regiões de baixa, média e alta frequência, com explicações dos principais motivos para a redução do ganho. Para o amplificador com acoplamento RC, conforme pode ser observado na Figura 23A, a queda em baixas frequências se dá devido ao aumento das reatâncias CC , CS e CE , enquanto, no limite superior de frequências, é decorrente tanto dos elementos capacitivos parasitas quanto pelo ganho dependente da frequência do dispositivo ativo (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). FIGURA 23 – GANHO VERSUS FREQUÊNCIA PARA AMPLIFICADORES COM ACOPLAMENTO RC (A); AMPLIFICADORES COM ACOPLAMENTO POR TRANSFORMADOR (B); AMPLIFICADORES COM ACOPLAMENTO DIRETO (C) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 461) 230 UNIDADE 3 — TRANSISTORES II Antes de comentar sobre a queda do ganho do transformador, é importante relembrarmos da reatância indutiva, que é dada por: Podemos dizer que, em baixas frequências, temos um “efeito de curto” entre os terminais de entrada do transformador, devendo haver ganho igual a zero em , de modo que, nesse ponto, não há fluxo variável através do núcleo, o qual induz a tensão no enrolamento secundário. Para altas frequências, o controle será feito principalmente pelas capacitâncias parasitas entre as espiras dos enro- lamentos primário e secundário (Figura 23B) (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). Para os sistemas de acoplamento direto, como não existem capacitores de acoplamento ou de desvio, não haverá queda no ganho em baixas frequências, logo, haverá o mesmo ganho até a frequência de corte superior. Esta frequência de corte superior será determinada pelas capacitâncias parasitas e pela dependência do ganho com frequências do dispositivo ativo (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). Ainda na Figura 23, é possível perceber as frequências , que, normalmente, são chamadas de frequência de canto, corte, banda, quebra ou meia potência, e determinadas como , valor escolhido em razão de a potência de saída ser igual à metade do valor da potência de saída no meio da faixa (frequência média) (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013), (Eq. 78) (Eq. 79) (Eq. 80) Nas potências de média frequência (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013), A largura de banda, ou a banda passante, é dada por (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013): Em que é a frequência superior e é a frequência inferior (Figura 23). É importante lembrarmos que as folhas de dados dos amplificadores trazem, normalmente, o gráfico do ganho em dB versus a frequência, em vez de apenas ganho versus frequência. Outro detalhe importante é que a curva é normalizada, ou seja, é dividido o valor vertical por um valor ou variável sensível a uma combinação ou variáveis do sistema (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). TÓPICO 3 — RESPOSTA EM FREQUÊNCIA DO TRANSISTOR BIPOLAR DE JUNÇÃO (TBJ) E JFET 231 (Eq. 81) (Eq. 82) Uma equação importante que devemos lembrar é: Para as frequências em meio de faixa, teremos , e, para a frequência de corte, dB (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). Caro acadêmico, recomendamos que você realize uma revisão do diagrama de Bode (estudado na disciplina de Circuitos Elétricos), pois ele será utilizado no restante do tópico. Para refrescar sua memória, assista a uma aula sobre esse assunto, acessando: https://youtu.be/OIydX3TnBHg. DICAS 3 RESPOSTA EM BAIXA FREQUÊNCIA – AMPLIFICADOR COM TBJ COM RL Inicialmente, avaliaremos as capacitâncias que determinam a resposta em baixa frequência. Para isso, utilizaremos um sistema na configuração por divisor de tensão com carga RL (Figura 24A): • Cs: a forma geral da configuração RC é apresentada na Figura 24B, de modo que, aplicando-se divisor de tensão, obtemos (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013): ○ Portanto, ○ Entretanto, , sendo . https://youtu.be/OIydX3TnBHg 232 UNIDADE 3 — TRANSISTORES II ○ Temos que: ○ Na frequência , a tensão Vb será 70,7% do valor de meio de faixa, supondo- se que Cs seja o único elemento capacitivo que controla a resposta em baixas frequências (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). (Eq. 83) FIGURA 24 – AMPLIFICADOR COM TBJ COM CARGA E CAPACITORES QUE AFETAM A RES- POSTA EM BAIXAS FREQUÊNCIAS (A) E DETERMINAÇÃO DO EFEITO DE Cs NA RESPOSTA EM BAIXAS FREQUÊNCIAS (B) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 469) • Cc: a Figura 25A apresenta a configuração RC para a determinação da frequência de corte inferior devido a Cc. É possível notar que o capacitor de acoplamento normalmente está conectado entre a saída do dispositivo e a carga aplicada. A resistência total em série é igual a , e a frequência de corte devido Cc é de (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013): ○ Por meio da Figura 25B, vemos que: Ro = Rc ||ro (Eq. 84) (Eq. 85) TÓPICO 3 — RESPOSTA EM FREQUÊNCIA DO TRANSISTOR BIPOLAR DE JUNÇÃO (TBJ) E JFET 233 FIGURA 25 – CIRCUITO PARA A DETERMINAÇÃO DO EFEITO Cc NA RESPOSTA EM BAIXA FRE- QUÊNCIA (A) E CIRCUITO EQUIVALENTE CA ENCONTRADO PARA Cc COM (B) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 469) • CE: para que seja possível determinar o circuito “visto” por CE e o valor de , utilizaremos o circuito apresentado na Figura 26A. Portanto, uma vez tendo o valor de Re (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013): ○ Por meio do circuito da Figura 26B, o valor de Re é dado por (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013): ○ O efeito de CE no ganho é mais bem descrito de maneira quantitativa. Para a configuração apresentada na Figura 26C, temos (BOYLESTAD; NASHEL- SKY, 2013): ○ Portanto, o ganho máximo ocorrerá quando RE for igual a zero. (Eq. 86) (Eq. 87) 234 UNIDADE 3 — TRANSISTORES II FIGURA 26 –DETERMINAÇÃO DO EFEITO DE CE NA RESPOSTA EM BAIXA FREQUÊNCIA (A), EQUIVALENTE CA ENCONTRADO PARA CE (B) E CIRCUITO EMPREGADO PARA DESCREVER O EFEITO DE CE SOBRE O GANHO DO AMPLIFICADOR (C) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 470) Caso seja adicionado um resistor RS, resistência da fonte, podemos resolver, de modo análogo, os passos anteriores para obtermos equações idênticas de CC e CE e uma única mudança na análise CS; assim, teremos: (Eq. 88) (Eq. 89) 4 RESPOSTA EM BAIXA FREQUÊNCIA – AMPLIFICADOR COM FET A Figura 27 apresenta um circuito com JFET com os elementos capacitivos que afetam a resposta em baixa frequência. Nesse caso, também existem três capacitores que são muito importantes para o circuito: CG ,CC e CS. • CG: o circuito equivalente CA é apresentado na Figura 28A, a frequência de corte por CG é dada por (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013): TÓPICO 3 — RESPOSTA EM FREQUÊNCIA DO TRANSISTOR BIPOLAR DE JUNÇÃO (TBJ) E JFET 235 FIGURA 27 – ELEMENTOS CAPACITIVOS QUE AFETAM A RESPOSTA EM BAIXA FREQUÊNCIA DE UM AMPLIFICADOR COM JFET FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 474) ○ Para o circuito da Figura 27 (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013), (Eq. 90) (Eq. 91) (Eq. 92) (Eq. 93) (Eq. 94) • CC: para o capacitor de acoplamento entre o dispositivo ativo e a carga (Figura 28B), que corresponde exatamente a Figura 26A, a frequência de corte resultante é dada por (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013): ○ Para o circuito da Figura 27 (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013), • CS: para o capacitor de fonte CS , o circuito para análise de seu efeito em baixa frequência é apresentado na Figura 28C, sua frequência de corte é dada por (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013): ○ No caso da Figura 27 (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013): ○ Para (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013), 236 UNIDADE 3 — TRANSISTORES II FIGURA 28 – DETERMINAÇÃO DO EFEITO DE CG (A), CC (B) E CS (C) NA RESPOSTA EM BAIXA FREQUÊNCIA FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 475) (Eq. 95) 5 RESPOSTA EM ALTAS FREQUÊNCIAS – AMPLIFICADOR COM TBJ Existem dois fatores que definem o ponto de corte de − 3 dB no lado das altas frequências: a dependência do , em função da frequência, eas capacitâncias do circuito (introduzidas ou parasitas) (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). É possível notar, na Figura 29A, a inclusão de capacitâncias parasitas e de fiação e o respectivo modelo CA (Figura 29B). Ainda na Figura 29A, podemos observar a ausência dos capacitores CS , CC e CE que são considerados curtos-circuitos nessa faixa de frequência. Na Figura 29B, percebemos que a capacitância Ci é composta pela soma da capacitância da fiação da entrada , da capacitância de transição e da capacitância Miller . Já a capacitância CO é composta pela soma da capacitância da fiação na saída , da capacitância parasita Cce e da capacitância Miller na saída . De modo geral, o valor da capacitância Cbe é o maior e de Cce, o menor (muitas vezes, nem aparece nas folhas de dados, sendo informado somente em situações específicas) (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). FIGURA 29 –AMPLIFICADOR COM TBJ COM CARGA E CAPACITORES QUE AFETAM A RESPOSTA EM ALTA FREQUÊNCIA (A) E MODELO CA EQUIVALENTE DO CIRCUITO (B) TÓPICO 3 — RESPOSTA EM FREQUÊNCIA DO TRANSISTOR BIPOLAR DE JUNÇÃO (TBJ) E JFET 237 FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 479) Determinando o circuito equivalente de Thévenin para os circuitos de entrada e de saída da Figura 29B, temos (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013): Com: RThi= Rs || R₁ || R₂ ||Ri Ci = Cwi + Cbe + CMi = Cwi + Cbe + ( 1-Av ) Cbc Para o circuito de saída (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013), Com: Co= Cwo +Cce+ CMo = Cwo + Cce + ( 1-1/Av ) Cbc Para valores de ganho altos (1≫1/Av), Co ≅ Cwo+ Cce+ Cbc Na Figura 30, é apresentado o circuito de Thévenin equivalente. (Eq. 96) (Eq. 97) (Eq. 98) (Eq. 99) (Eq. 100) (Eq. 101) FIGURA 30 – CIRCUITOS DE THÉVENIN PARA AS MALHAS DE ENTRADA (A) E SAÍDA (B) DO CIRCUITO DA FIGURA 29B FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 479) 238 UNIDADE 3 — TRANSISTORES II 6 RESPOSTA EM ALTAS FREQUÊNCIAS – AMPLIFICADORES COM FET Realizada de maneira semelhante ao TBJ. Analisando a Figura 31A, é possível verificar a existência de capacitâncias intereletrodos e de fiação. As frequências de corte podem ser obtidas determinando-se o circuito equivalente de Thévenin (Figura 32) da entrada e da saída do circuito da Figura 31B (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). FIGURA 31 – AMPLIFICADOR COM JFET COM CARGA E CAPACITORES QUE AFETAM A RES- POSTA EM ALTA FREQUÊNCIA (A) E MODELO CA EQUIVALENTE DO CIRCUITO (B) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 484-485) Para o circuito de entrada (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013), Em que: (Eq. 102) (Eq. 103) (Eq. 104) (Eq. 105) TÓPICO 3 — RESPOSTA EM FREQUÊNCIA DO TRANSISTOR BIPOLAR DE JUNÇÃO (TBJ) E JFET 239 Para o circuito de saída (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013), Em que: FIGURA 32 – CIRCUITOS DE THÉVENIN PARA AS MALHAS DE ENTRADA (A) E SAÍDA (B) DO CIRCUITO DA FIGURA 31B (Eq. 106) (Eq. 107) (Eq. 108) (Eq. 109) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 485) 7 EFEITOS DA FREQUÊNCIA EM CIRCUITOS MULTIESTÁGIOS Caso ocorra um segundo estágio com transistor que seja conectado diretamente à saída do primeiro estágio, a resposta completa do circuito sofrerá uma alteração significativa, de modo que, na região de alta frequência, a capacitância de saída CO deve incluir a capacitância de fiação (Cw1), a capacitância parasita Cbe e a capacitância Miller (CMi) do estágio seguinte. Além disso, terá valores menores da frequência de corte, decorrentes do segundo estágio, reduzindo ainda mais o ganho total do sistema nessa região. Desse modo, a frequência de corte inferior será determinada pelo estágio que possuir a maior frequência de corte (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). Na Figura 33 mostra o resultado, caso seja aumentado o número de estágios idênticos de um sistema, sendo possível perceber que, com um estágio, temos uma inclinação de –20 dB/década, com dois estágios, –40 dB/década e, com três estágios, –60 dB/década. Desse modo, é possível determinar a frequência de corte de acordo com o número de estágios, sendo 240 UNIDADE 3 — TRANSISTORES II E: (Eq. 110) (Eq. 111) FIGURA 33 – EFEITO DE UM NÚMERO CRESCENTE DE ESTÁGIOS SOBRE AS FREQUÊNCIAS DE CORTE E A LARGURA DE BANDA FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 486) Exercícios resolvidos 1 (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013) Dada a resposta em frequência da figura a seguir: FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 462) DICAS TÓPICO 3 — RESPOSTA EM FREQUÊNCIA DO TRANSISTOR BIPOLAR DE JUNÇÃO (TBJ) E JFET 241 a) Determine as frequências de corte usando as medições fornecidas. R.: Frequência de corte inferior: Portanto, . Frequência de corte superior: Portanto, . b) Determine a largura de banda da resposta. R.: A largura de banda pode ser determinada pela Equação 80, logo, c) Esboce a resposta normalizada. R.: Para determinação da resposta normalizada, dividiremos todos os valores pelo valor de banda média (valor máximo) de 128, conforme Figura 25, tendo como valor máximo 1 e o valor da banda de corte em 0,707. FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 463) 242 UNIDADE 3 — TRANSISTORES II LEITURA COMPLEMENTAR EFEITO MILLER Albert Malvino David Bates Um amplificador inversor com um ganho de tensão de AV produz uma tensão de saída que está 180° fora da fase em relação à tensão de entrada (Figura 1). FIGURA 1: (A) AMPLIFICADOR INVERSOR; (B) O EFEITO MILLER PRODUZ UM CAPACITOR DE ENTRADA MAIOR Capacitor de realimentação Na Figura 1A, o capacitor entre os terminais de entrada e saída é denominado capacitor de realimentação (feedback), porque o sinal de saída do amplificador é realimentado na entrada. Um circuito como esse é difícil de analisar, pois o capacitor de realimentação afeta os circuitos de entrada e saída simultaneamente. Conversão do capacitor de realimentação Felizmente, existe um artifício denominado teorema de Miller, que converte o capacitor em dois capacitores separados, como mostra a Figura 1B. Esse circuito equivalente é mais fácil porque o capacitor de realimentação se apresenta dividido em duas novas capacitâncias, . Com o uso de álgebra complexa, é possível deduzir as seguintes equações: TÓPICO 3 — RESPOSTA EM FREQUÊNCIA DO TRANSISTOR BIPOLAR DE JUNÇÃO (TBJ) E JFET 243 O teorema de Miller converte o capacitor de realimentação em dois capacitores equivalentes, um na entrada e outro na saída. Isso cria dois problemas simples, em vez de um grande problema. As equações 1 e 2 são válidas para qualquer amplificador inversor, como um amplificador emissor comum, um amplificador emissor comum com realimentação parcial ou um amplificador operacional inversor. Nessas equações, AV é o ganho de tensão em banda média. Geralmente, AV é muito maior que 1 e é aproximadamente igual à capacitância de realimentação. É notável, no uso do teorema de Miller, o efeito sobre a capacitância de entrada . Ela mostra-se como se a capacitância de realimentação fosse amplificada, obtendo-se uma nova capacitância que é AV +1 vezes maior. Esse fenômeno, conhecido como efeito Miller, tem aplicações úteis porque cria capacitores artificiais ou virtuais muito maiores que o capacitor de realimentação. Compensação em um Amplificador Operacional A maioria dos amp-ops são internamente compensados, o que significa que incluem um capacitor de desvio dominante, que provoca o decaimento do ganho de tensão a uma taxa de 20 dB por década. O efeito Miller é usado para produzir esse capacitor de desvio dominante. Essa é a ideia básica: um dos estágios amplificadores em um amp-op tem um capacitor de realimentação, como mostra a Figura 2A. Com o teorema de Miller, podemos converter esse capacitor de realimentação em dois capacitores equivalentes (Figura 2B). Agora, existem dois circuitos de atraso, um na entrada e outro na saída. Devido ao efeito Miller, o capacitor de desvio na entrada é muito maior do que o capacitor de desvio na saída. Como resultado, o circuito de atraso é dominante; ou seja, ele determina a frequência de corte do estágio. O capacitor de desvio de saída geralmente não tem efeito até que a frequência deentrada seja várias décadas maior. Em um amp-op típico, o circuito de atraso de entrada (Figura 2B) produz uma frequência de corte dominante. O ganho de tensão cai na frequência de corte a uma taxa de 20 dB por década até que a frequência de entrada alcance a frequência de ganho unitário. 244 UNIDADE 3 — TRANSISTORES II FIGURA 2: O EFEITO MILLER PRODUZ UM CIRCUITO DE ATRASO DE ENTRADA FONTE: Adaptado de MALVINO, A.; BATES, D. Eletrônica. 8. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016. v. 2. 245 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você aprendeu que: Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. CHAMADA • Os circuitos envolvendo transistores têm seu comportamento fortemente relacionado à frequência dos sinais aplicados a eles. É necessário lembrar que, quanto maior a frequência de um sinal, menor é a reatância capacitiva inerente do circuito. • O limite superior de frequências em que o transistor pode operar é definido, majoritariamente, pelas capacitâncias parasitas. • O parâmetro mais afetado pela frequência do sinal é o ganho de tensão, cuja análise é feita, geralmente, considerando seu valor em decibéis. • Existem dois fatores que definem o ponto de corte de −3 dB no lado das altas frequências: a dependência do , em função da frequência, e as capacitâncias do circuito. • Para um amplificador TBJ para altas frequências, as frequências de corte de entrada e saída são, respectivamente: • Para amplificadores a transistor de efeito de campo, as frequências de corte de entrada e saída são, respectivamente: 246 1 (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013) Com base no circuito da figura a seguir: AUTOATIVIDADE FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 501) a) Determine re. b) Encontre . c) Calcule Zi. d) Encontre . e) Determine a frequência de corte inferior. 2 (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013) Considere o circuito apresentado na figura a seguir: FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 503) 247 a) Determine . b) Calcule . c) Calcule o ganho no meio da faixa de . d) Determine Zi. e) Calcule . f) Encontre . g) Determine a frequência de corte inferior. h) Esboce as assíntotas do diagrama de Bode definido pelo item (f). i) Esboce a resposta em baixas frequências para o amplificador utilizando os resultados do item f. 3 (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013) Com base no circuito da figura a seguir: FONTE: Adaptada de Boylestad; Nashelsky (2013, p. 501-502) a) Determine . b) Determine . c) Utilizando o diagrama de Bode, esboce a resposta em frequência para a região de altas frequências e determine a frequência de corte. d) Qual é o produto ganho-largura de banda do amplificador? 248 4 (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013) Para o circuito apresentado na figura a seguir: FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 503) a) Determine . b) Calcule AV e AVs para a faixa central do espectro. c) Determine . d) Utilizando o diagrama de Bode, esboce a resposta em frequência para a região de altas frequências e determine a frequência de corte. e) Qual é o produto ganho-largura de banda do amplificador? 5 (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013) Um amplificador com quatro estágios possui frequência inferior de 3 dB igual a f1 = 40 Hz para um estágio. Qual é o valor de f1 para o amplificador completo? 249 REFERÊNCIAS BOYLESTAD, R. L.; NASHELSKY, L. Dispositivos Eletrônicos e Teoria dos Circuitos. 11. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2013. Disponível em: https://bit.ly/3fX1idZ. Acesso em: 27 mar. 2021. MALVINO, A.; BATES, D. Eletrônica. 8. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016. v. 2.210 4.1 RS COM DESVIO ......................................................................................................................... 210 4.2 RS SEM DESVIO .......................................................................................................................... 211 5 CONFIGURAÇÃO COM DIVISOR DE TENSÃO ................................................................... 214 6 CONFIGURAÇÃO PORTA-COMUM ......................................................................................... 215 7 MOSFETS TIPO DEPLEÇÃO ........................................................................................................ 216 8 MOSFET TIPO INTENSIFICAÇÃO ............................................................................................ 217 9 RESUMO ........................................................................................................................................... 218 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 225 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 226 TÓPICO 3 — RESPOSTA EM FREQUÊNCIA DO TRANSISTOR BIPOLAR DE JUNÇÃO (TBJ) E JFET ....................................................................................... 228 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 228 2 CONSIDERAÇÕES SOBRE FREQUÊNCIA ............................................................................. 228 2.1 FAIXA DE BAIXA FREQUÊNCIA ........................................................................................... 228 2.2 FAIXA DE ALTA FREQUÊNCIA ............................................................................................ 229 2.3 FAIXA DE MÉDIA FREQUÊNCIA .......................................................................................... 230 2.4 RESPOSTA EM FREQUÊNCIA TÍPICA .................................................................................. 230 3 RESPOSTA EM BAIXA FREQUÊNCIA – AMPLIFICADOR COM TBJ COM RL ................ 232 4 RESPOSTA EM BAIXA FREQUÊNCIA – AMPLIFICADOR COM FET .............................. 235 5 RESPOSTA EM ALTAS FREQUÊNCIAS – AMPLIFICADOR COM TBJ ............................ 237 6 RESPOSTA EM ALTAS FREQUÊNCIAS – AMPLIFICADORES COM FET ....................... 239 7 EFEITOS DA FREQUÊNCIA EM CIRCUITOS MULTIESTÁGIOS ..................................... 240 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 243 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 246 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 247 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 250 1 UNIDADE 1 — DIODOS E SEMICONDUTORES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • compreender e conhecer algumas aplicações dos materiais semicondutores; • resolver exercícios envolvendo materiais semicondutores; • calcular e medir a resistência equivalente usando o teorema da superposição; • compreender a definição de diodo e seu circuito equivalente; • reconhecer a notação de diodo e compreender sua folha de dados; • conhecer tipos especiais de diodos (diodo zener e diodo emissor de luz); • resolver exercícios envolvendo diodos; • analisar a reta de carga de um diodo e algumas de suas aplicações em circuitos eletrônicos; • conhecer algumas aplicações práticas de diodos. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – MATERIAIS SEMICONDUTORES TÓPICO 2 – DIODOS TÓPICO 3 – APLICAÇÕES DE DIODOS Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 3 TÓPICO 1 — UNIDADE 1 MATERIAIS SEMICONDUTORES 1 INTRODUÇÃO A eletrônica é uma grande área que abrange sistemas de comunicação, sistemas analógicos e digitais, instrumentação e controle, cada um com específicas aplicações. Entretanto, uma parte do que se tem hoje na eletrônica é proveniente da descoberta e da aplicação dos materiais semicondutores, notando-se a inserção contínua de novos componentes no mercado visando a facilitar e simplificar o projeto e obtenção de novos aparelhos (GALDINO, 2012). Antes de apresentar os materiais semicondutores, relembraremos os materiais condutores e isolantes: • Materiais condutores possuem resistividade muito baixa (normalmente μΩ/m), permitindo que a corrente elétrica o atravesse sem muita dificuldade, em função de suas propriedades intrínsecas, como disponibilidade de um grande número de elétrons livres (REIS, 2016). • Materiais isolantes possuem alta resistividade e, desse modo, uma pequena quantidade de elétrons livres, sendo necessário aplicar uma grande diferença de potencial para que possa percorrer corrente elétrica (REIS, 2016). • Materiais com características intermediárias são chamados de semicondutores; um exemplo típico é o carbono (C) que, dependendo da forma que se liga, pode se tornar um material isolante ou condutor. Podemos pensar em dois exemplos bem conhecidos para o carbono: o diamante e o grafite (Figura 1). Sabemos que o diamante é formado pelo arranjo de átomos de carbono na forma cristalina, possuindo grande dureza e sendo um material isolante. Já o grafite, formado pelo arranjo de átomos de carbono no formato triangular, é um condutor (GALDINO, 2012). Normalmente, um bom condutor apresenta uma condutividade na ordem de 10⁻⁸ Ωm, um bom isolante, na ordem de 10¹⁴ Ωm e um semicondutor típico, entre 10⁻⁵ Ωm e 10³ Ωm, dependendo da temperatura (REIS, 2016). UNIDADE 1 — DIODOS E SEMICONDUTORES 4 2 DEFINIÇÕES Sabemos que todos os materiais são constituídos por átomos. A Figura 1 mostra os átomos (de carbono), que são constituídos por um núcleo (formado por partículas positivas – prótons – e partículas neutras – nêutrons) e partículas negativas, denominadas elétrons, girando em torno de seu núcleo. Nesse caso, a camada mais afastada do núcleo do átomo, que é o nosso foco, é denominada camada de valência. FIGURA 1 – ESTRUTURA DO DIAMANTE (A) E GRAFITE (B) FONTE: Schuler (2013, p. 26) FIGURA 2 – MODELO DE BOHR PARA O ÁTOMO DE COBRE FONTE: . Acesso em: 20 jun. 2020. Por exemplo, em um pequeno pedaço de fio de cobre, existem bilhões de átomos de cobre e cada um deles possui um elétron de valência (Figura 3), que são fracamente ligados ao núcleo do átomo e, desse modo, são facilmente movidos quando aplicada uma diferença de potencial às extremidades do fio. Como existem bilhões de elétrons, é esperado que muitos se movimentem, fazendo com que o cobre seja um excelente condutor, de pequena resistência elétrica (SCHULER, 2013). TÓPICO 1 — MATERIAIS SEMICONDUTORES 5 O silício é o material semicondutor mais utilizado na eletrônica, para a fabricação de diversos componentes como transistores, diodos e circuitos integrados. Estudaremos um pouco o átomo de silício (Figura 4), que possui quatro elétrons na sua camada de valência – a orbita mais importante quando se estuda o comportamento elétrico do material. Uma característica importante é que não são estáveis e tendem a se combinar quimicamente com outros materiais, de modo a obter oito elétrons na camada de valência e se tornar estáveis. O silício, assim como o germânio, possui quatro elétrons na camada de valência e tende a seagrupar, segundo uma função cristalina, através de uma ligação covalente, em que cada átomo se combina com outros quatro átomos, fazendo com que cada elétron pertença simultaneamente aos dois átomos (Figura 5A) (GALDINO, 2012). FIGURA 3 – ESTRUTURA DO FIO DE COBRE FONTE: Schuler (2013, p. 28) Um cristal de silício puro (Figura 5B) comporta-se como isolante – mesmo sendo um material considerado semicondutor, o silício intrínseco possui poucos elétrons livres para permitir a circulação de corrente, porém pode se tornar semicondutor pelo aquecimento, devido ao seu coeficiente de temperatura negativo, ou seja, com o aumento da temperatura, a resistência diminui. FIGURA 4 – ESTRUTURA ATÔMICA DO ÁTOMO DE SILÍCIO FONTE: Schuler (2013, p. 29) UNIDADE 1 — DIODOS E SEMICONDUTORES 6 FIGURA 5 – ESTRUTURA CRISTALINA DOS ÁTOMOS DE SILÍCIO (A) E CRISTAL DE SILÍCIO NO ESTADO BRUTO (B) FONTE: . Acesso em: 3 jun. 2020. 2.1 NÍVEIS DE ENERGIA De modo geral, quanto maior é a distância de um elétron com relação a seu núcleo, maior será o seu estado de energia (Figura 6); além disso, qualquer elétron que tenha deixado seu átomo de origem possui um estado de energia mais alto do que qualquer elétron que continue na estrutura atômica. FIGURA 6 – NÍVEIS DISCRETOS DE ENERGIA EM ESTRUTURA ATÔMICA ISOLADA FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 6) Os elétrons da banda de condução possuem um nível mínimo de energia e, os elétrons ligados à camada de valência, um nível máximo de energia. Entre ambos, existe um gap de energia, cujo elétron que se encontra na camada de valência deve superar para se tornar um portador livre. É possível classificar os materiais de acordo com o gap de energia necessário (Figura 7), sendo os elementos com grandes gaps de energia, Eg > 5 eV, isolantes e, sem o gap, bandas sobrepostas, condutores, e os que se encontram entre os dois citados serão os semicondutores, como o germânio, Eg = 0,67 eV, o silício, Eg = 1,1 eV, e o arseneto de gálio, Eg = 1,43 eV (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). TÓPICO 1 — MATERIAIS SEMICONDUTORES 7 A unidade de medida utilizada para avaliar o gap de energia é o eV (elétron- Volt), que representa a energia de um elétron a uma diferença de potencial de 1 V, ou seja, analisando a Equação 1 (equação da energia, em que W representa a energia e Q, a carga e V a diferença de potencial), é possível determinar o valor de 1 eV (Equação 2). W = QV No caso em que um elétron é submetido a uma diferença de potencial de 1 V, segundo a Equação 1: W = QV W = (1,6 x 10⁻¹⁹) C)(1 V) W=1,6 x 10⁻¹⁹ J Esse nível de energia é conhecido como elétron-volt, ou seja: 1 eV=1,6 x 10⁻¹⁹ J FIGURA 7 – BANDAS DE CONDUÇÃO E VALÊNCIA DE UM ISOLANTE, UM SEMICONDUTOR E UM CONDUTOR FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 6) 2.2 DOPAGEM Entende-se por dopagem o processo em que é adicionado impurezas (átomos estranhos) na estrutura cristalina do átomo de silício ou germânio, por exemplo. É realizado em laboratórios e consiste na introdução de uma quantidade controlada de átomos de uma determinada impureza (tais impurezas, embora adicionadas na proporção de uma parte em 10 milhões, podem modificar totalmente as características elétricas do material). A forma com que o cristal conduzirá a corrente elétrica dependerá do tipo e da quantidade de impureza adicionados, transformando cristal, dando origem aos materiais denominados do tipo n e do tipo p (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). (Eq. 1) (Eq. 2) UNIDADE 1 — DIODOS E SEMICONDUTORES 8 2.3 MATERIAIS DO TIPO N Os materiais do tipo n são criados com a introdução de elementos de impureza que possuem cinco elétrons na banda de valência, como o antimônio, arsênio ou fósforo (coluna V da tabela periódica). As quatro ligações covalentes ainda são realizadas e ainda existe um elétron adicional do elemento de impureza dissociado de qualquer ligação, o qual é relativamente livre para se movimentar dentro do material, diminuindo a sua resistência devido aos elétrons livres produzidos. Na Figura 8, temos a formação de um cristal do tipo n com a inserção de átomos de fósforo à estrutura do silício. É importante notar que o material continua eletricamente neutro, embora o material tenha sido dopado, pois seu número total de elétrons e prótons é igual. FIGURA 8 – FORMAÇÃO DO CRISTAL DO TIPO N FONTE: Galdino (2012, p. 14) 2.4 MATERIAIS DO TIPO P Os materiais do tipo p serão criados com a introdução de elementos de impureza que possuem três elétrons na banda de valência, como boro, gálio e índio (coluna III da tabela periódica). Existe um número insuficiente de elétrons para realizar as quatro ligações covalentes; o espaço vazio é denominado lacuna, que é vista como uma carga positiva, pois é capaz de atrair ou ser ocupada por um elétron. A Figura 9 apresenta a formação de um cristal do tipo n com a inserção de átomos de boro à estrutura do silício. É importante notar que, assim como o material do tipo n, o material continua eletricamente neutro, embora tenha sido dopado, pois seu número total de elétrons e prótons é igual. TÓPICO 1 — MATERIAIS SEMICONDUTORES 9 FIGURA 9 – FORMAÇÃO DO CRISTAL TIPO P FONTE: Schuler (2013, p. 31) 2.5 PORTADORES MAJORITÁRIOS E MINORITÁRIOS Em seu estado intrínseco, o germânio e o silício possuem poucos elétrons livres em sua banda de valência; de forma equivalente, o número de lacunas provenientes dos espaços vazios deixados para trás na estrutura de ligação covalente é bem limitado. Em seu estado extrínseco, ou seja, quando o elemento é dopado, podem ocorrer dois tipos de semicondutores, cada um com características específicas de portadores majoritários e minoritários: • Quando se adicionam elementos de impureza com cinco elétrons na camada de valência ao silício ou germânio, o material toma características específicas, tornando-se um material do tipo n (negativo), cujo número de lacunas é excedido pelo número de elétrons livres. Nesse caso, os elétrons livres são denominados de portadores majoritários e as lacunas, de portadores minoritários (Figura 10A). • Por outro lado, adicionam-se elementos de impureza com três elétrons na camada de valência ao silício, por exemplo, e o material toma características específicas, ou seja, torna-se um material do tipo p (positivo), no qual o número de elétrons livres é excedido pelo número de lacunas. Nesse caso, as lacunas são denominadas de portadores majoritários e os elétrons livres, de portadores minoritários (Figura 10B). UNIDADE 1 — DIODOS E SEMICONDUTORES 10 FIGURA 10 – MATERIAL DO TIPO N (A) E MATERIAL DO TIPO P (B) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 9) Para um semicondutor extrínseco, apesar da concentração de elétrons livres não ser igual à concentração de buracos, a relação apresentada na Equação 3 é válida: n . p = ni² Em que n representa a concentração de elétrons livres do material semicondutor extrínseco; p, o número de buraco do material semicondutor extrínseco; e ni , a concentração de elétrons livres, sob mesma temperatura, do material intrínseco. Como foi visto, para um semicondutor dopado (extrínseco), o aumento de um portador de carga (elétrons livres ou lacunas) leva à redução da concentração do portador de carga complementar (lacunas ou elétrons livres). Na prática, tem-se que a concentração de impurezas adicionadas ao semicondutor é muito maior do que a concentração inerente de portadores. Portanto, podemos pensar que um semicondutor tipo n, dopado com uma certa concentração de impurezas do doador (ND), apresentará uma concentração n ≅ ND de elétrons livres. Logo, a partir da Equação 1, a concentração de lacunas no mesmo semicondutor será dada por p ≅ ni² = ND . Da mesma forma, em um semicondutor do tipo p, dopado com impurezas aceitadoras com uma concentração de NA , a concentração de lacunas será p ≅ NA , e a concentração de elétrons livres é dada por n ≅ ni² = NA. (Eq. 3) Exercícios resolvidos 1 Determineo nível de energia, em Joules e em eV, para mover uma carga de 16 μC por meio da diferença de potencial de 4 V. R.: Inicialmente, analisaremos as variáveis envolvidas no problema, sendo que: DICAS TÓPICO 1 — MATERIAIS SEMICONDUTORES 11 Q = 16 x 10-6 C e V = 4 V Desejamos determinar W em Joules (J) e em elétrons-volt (eV). Utilizando a Equação 1, temos que W = QV, portanto: W = (16 x 10-6) )(4 V) Logo, W = 64 x 10-6 J = 64 μJ Pela Equação 2, temos que 1 eV = 1,9 x 10-19 J; desse modo, fazendo uma regra de três simples: 1 eV = 1,9 x 10-19 J Y eV = 64 x 10-6 J Y (1,9 x 10-19) = 1 x 64 x 10-6 Logo: Assim, W = Y = 3,368 x 1014 eV. 2 Considerando que um sólido de silício intrínseco em temperatura ambiente possui n i = 1015 cm-3 , ao adicionar impurezas (dopar) com N A = 1030 cm-3, deve-se determinar os valores aproximados de lacunas e de elétrons livres no semicondutor resultante. Ele será do tipo n ou do tipo p? Justifique sua resposta. R.: Através do enunciado, temos que: n i = 1015 cm-3 , o número de elétrons livres no semicondutor intrínseco em temperatura ambiente; e N A = 1030 cm-3, concentração de impurezas aceitadoras do elemento dopador. Como serão adicionadas impurezas com número de lacunas, aproximadamente, igual a p ≅ N A = 1020 cm-3, o silício intrínseco terá como portadores majoritários lacunas e será um material do tipo p. Portanto, o número de lacunas do semicondutor é igual a 1020 cm-3. Através da Equação 3, temos que: n . p = n i ² Logo, Assim, o número de elétrons livres no semicondutor tipo p será de 1010 cm-3. Através do número de elétrons livres, fica claro que o material é do tipo p e possui elétrons livres como portadores minoritários. 12 Neste tópico, você aprendeu que: • A eletrônica é um campo amplo, abrangendo sistemas de comunicação, sistemas analógicos e digitais, instrumentação e controle, cada um com aplicações específicas. No entanto, parte do que temos na área de eletrônica hoje vem da descoberta e aplicação de materiais semicondutores, visto que o mercado está constantemente inserindo novos componentes para promover e simplificar o projeto e aquisição de novos dispositivos. • Todos os materiais são constituídos por átomos, que são constituídos por um núcleo (formado por partículas positivas – prótons – e partículas neutras – nêutrons) e partículas negativas, denominadas elétrons, girando em torno de seu núcleo. A camada mais afastada do núcleo do átomo é denominada camada de valência. • Qualquer elétron que tenha deixado seu átomo de origem possui um estado de energia mais alto do que qualquer elétron que continue na estrutura atômica. RESUMO DO TÓPICO 1 13 1 Analise as sentenças e associe os itens, utilizando o código a seguir: I- Silício. II- +1. III- Igual. IV- 29. ( ) O átomo de cobre possui um núcleo com ____ elétrons. ( ) Ao retirar um elétron de valência de um átomo de cobre, a sua carga líquida passa a ser de ____. ( ) O semicondutor mais utilizado é o de _______________. ( ) Em um semicondutor intrínseco o número de lacunas é _________ ao/que o número de elétrons livres. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) I – II – III – IV. b) ( ) III – II – I – IV. c) ( ) IV – I – III – II. d) ( ) IV – II – I – III. e) ( ) II – I – III – IV. 2 Com relação às impurezas, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As impurezas doadoras são compostas por elementos que possuem três elétrons de valência e as impurezas aceitadoras são compostas por elementos que possuem quatro elementos de valência. b) ( ) As impurezas doadoras são compostas por elementos que possuem quatro elétrons de valência e as impurezas aceitadoras são compostas por elementos que possuem cinco elementos de valência. c) ( ) As impurezas doadoras são compostas por elementos que possuem cinco elétrons de valência e as impurezas aceitadoras são compostas por elementos que possuem três elementos de valência. d) ( ) As impurezas doadoras são compostas por elementos que possuem três elétrons de valência e as impurezas aceitadoras são compostas por elementos que possuem cinco elementos de valência. e) ( ) Nenhuma das alternativas anteriores está correta. 3 Analise as afirmativas e classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) O material do tipo p é formado pela dopagem de um cristal puro de silício ou germânio com átomos de impureza que possuem cinco elétrons na camada de valência. AUTOATIVIDADE 14 ( ) Em um material do tipo n, as lacunas são chamadas de portadores majoritários e os elétrons livres são chamados de portadores minoritários. ( ) Um material semicondutor que tenha passado pelo processo de dopagem é chamado de material intrínseco. ( ) O germânio é o material mais utilizado como matéria-prima base na construção de dispositivos eletrônicos. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – V – V – V. b) ( ) F – F – F – F. c) ( ) V – V – F – F. d) ( ) F – V – F – V. e) ( ) V – F – V – F. 4 Um material necessita de 6 eV de energia para mover uma carga de 10 pC. Determine a diferença de potencial envolvida. 5 Sabendo-se que são necessários 80 eV de energia para mover uma carga com uma diferença de potencial de 4 mV, determine o valor da carga. 6 Considerando um sólido de silício puro em temperatura ambiente com ni= 10¹⁵ cm⁻³, ao executar a dopagem com um material que possui ND= 10²⁵ cm⁻³, quais serão aproximadamente a concentração de elétrons livres e lacunas? O semicondutor será do tipo n ou do tipo p? Justifique sua resposta. 7 Analise as afirmativas e assinale a alternativa INCORRETA: a) ( ) O átomo de cobre possui um elétron em sua camada de valência b) ( ) O átomo de silício possui 14 elétrons em seu núcleo. c) ( ) O átomo de silício possui quatro elétrons em sua camada de valência. d) ( ) Se, em um cristal de silício puro existir 10¹⁰ elétrons livres, então existirão também 10¹⁰ lacunas. e) ( ) Se o silício for dopado com um elemento pentavalente, ele será chamado de semicondutor do tipo p. 8 Associe os itens, utilizando o código a seguir: I- Material do tipo p. II- Elementos trivalentes. III- Semicondutor extrínseco. IV- Material do tipo n. V- Elementos pentavalentes. ( ) O número de lacunas excede o número de elétrons livres. ( ) O número de elétrons livres excede o número de lacunas. ( ) São átomos com cinco elétrons em sua camada de valência. ( ) São átomos com três elétrons em sua camada de valência. ( ) Um semicondutor dopado. 15 Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) I – II – III – IV – V. b) ( ) I – V – IV – III – II. c) ( ) IV – I – V – III – II. d) ( ) IV – I – V – II – III. e) ( ) I – IV – V – II – III. 9 Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Um semicondutor do tipo n é negativamente carregado. b) ( ) Um semicondutor do tipo p é positivamente carregado. c) ( ) Um semicondutor do tipo n é positivamente carregado. d) ( ) Um semicondutor do tipo p é negativamente carregado. e) ( ) Um semicondutor do tipo n é neutro. 10 Considerando que as lacunas são portadores minoritários, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Semicondutores do tipo p. b) ( ) Semicondutores do tipo n. c) ( ) Semicondutores Intrínsecos. d) ( ) Semicondutores extrínsecos. e) ( ) Nenhuma das alternativas anteriores está correta. 16 17 TÓPICO 2 — UNIDADE 1 DIODOS 1 INTRODUÇÃO Um semicondutor do tipo p sozinho, assim como um semicondutor do tipo n, pode ser utilizado como um resistor de carbono. Entretanto, quando um cristal é dopado, de modo que contenha as duas características (metade do tipo p e metade do tipo n), ele toma características específicas e extremamente importantes (MALVINO, 2007). A região de contato entre as duas características (semicondutor do tipo p e do tipo n) é chamada de junção pn. A junção pn é a base para uma enorme variedade de dispositivos, podendo-se citaros diodos, os transistores e os semicondutores. Desse modo, entendendo a junção pn, compreende-se também o funcionamento dos dispositivos semicondutores. 2 DIODO SEMICONDUTOR Ao dopar o material de modo que contenha as duas características (ou seja, realizar a “união” do material semicondutor do tipo p com o material semicondutor do tipo n), aparecerá uma região de junção (Figura 11) na borda em que os materiais semicondutores do tipo p e n se encontram – outro nome dado a junção pn é diodo de junção, uma vez que diodo é tido como a concentração de dois eletrodos (di = dois). Ao ocorrer a união dos dois materiais, existe uma combinação entre os elétrons livres e as lacunas da região de junção, ou seja, alguns elétrons livres, pertencentes ao semicondutor do tipo n, atravessam a região de junção e preenchem algumas das lacunas pertencentes ao semicondutor do tipo p. Como resultado dessa transição de cargas, há o surgimento de uma região chamada de camada de depleção (Figura 11), onde é possível notar os círculos cinzas que representam as lacunas preenchidas com os elétrons livres, que deixam de estar disponíveis para serem portadores de corrente. A região em torno da junção dos materiais n e p (camada de depleção) é escassa de portadores livres. 18 UNIDADE 1 — DIODOS E SEMICONDUTORES FIGURA 11 – CAMADA DE DEPLEÇÃO DO DIODO FONTE: Schuler (2013, p. 32) Se ligarmos terminais às extremidades de cada material, o resultado será um dispositivo com dois terminais, com três possíveis opções: sem polarização, polarização direta e polarização reversa. A polarização refere-se à aplicação de uma tensão externa aos terminais com o objetivo de extrair uma resposta. 2.1 DIODO NÃO POLARIZADO As situações apresentadas nas Figuras 11 e 12 são de um diodo sem polarização, ou seja, sem a aplicação de uma tensão entre os terminais (V = 0V). Em outras palavras, é simplesmente um diodo sobre uma bancada de laboratório. A ausência de uma tensão entre os terminais do diodo resulta em ausência de corrente (I = 0 A), semelhante a um resistor isolado. Algo importante a ser notado é que a polaridade da tensão aplicada ao diodo (e da corrente) na Figura 12, tida como polaridade definida para o diodo semicondutor e, sempre que a tensão aplicada for de mesma polaridade, consideraremos tensão positiva, enquanto, se for o contrário (polaridade oposta ao apresentado na Figura 12), consideraremos tensão negativa. O mesmo raciocínio pode ser utilizado para a corrente (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013). TÓPICO 2 — DIODOS 19 FIGURA 12 – SÍMBOLO DO DIODO (JUNÇÃO PN SEM POLARIZAÇÃO) COM A POLARIDADE DEFINIDA E O SENTIDO DA CORRENTE FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 10) 2.2 DIODO COM POLARIZAÇÃO REVERSA Ao aplicarmos um potencial de V (volts) à junção pn, de modo que o terminal negativo seja ligado ao material do tipo p e o terminal positivo, ao material do tipo n (conforme Figura 13B), ocorrerá um aumento na região de depleção, pois o número de elétrons livres no material tipo n irá aumentar devido à atração pelo polo positivo conectado ao terminal do material do tipo n (como pode ser notado na Figura 13A); de maneira análoga, ocorrerá um aumento de lacunas no material do tipo p, devido à conexão do polo negativo ao terminal do material do tipo p. Em decorrência dessas condições, a região de depleção irá aumentar, dificultando a movimentação de portadores majoritários e, dessa forma, reduzindo o fluxo à praticamente zero – portanto, I ≅ 0 A. FIGURA 13 – JUNÇÃO PN REVERSAMENTE POLARIZADA: DISTRIBUIÇÃO INTERNA DE CARGAS SOB CONDIÇÕES DE POLARIZAÇÃO REVERSA (A) E POLARIDADE DE POLA- RIZAÇÃO REVERSA E SENTIDO DA CORRENTE DE SATURAÇÃO REVERSA (B) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 11) 20 UNIDADE 1 — DIODOS E SEMICONDUTORES A corrente de saturação reversa é a corrente existente em condição de polarização reversa, Is – vale a pena observar que o sentido dessa corrente é oposto ao sentido da corrente convencional do diodo (o que pode ser observado comparando-se o sentido das correntes das Figuras 12 e 13). Normalmente, o valor de Is tem alguns microampères (µA), expresso em nanoampères (nA), tendo como exceção dispositivos de alta potência. Na Figura 14 (VDDE RUPTURA A região de ruptura está relacionada ao valor máximo de tensão que podemos aplicar quando se está inversamente polarizado, sem que ocorram danos. Para uma gama grande de diodos, o valor da tensão de ruptura é de 50 V, mas pode ser diferente e consta no datasheet (folha de dados) (MALVINO, 2007). Por meio da análise da Figura 16, à medida que aumentamos a tensão de polarização reversa sobro o diodo, a corrente de polarização reversa se mantém praticamente constante até atingir a tensão de ruptura (tensão zener), quando ocorre um efeito avalanche que força os portadores minoritários a se moverem mais rapidamente, ocasionando a colisão dos portadores minoritários com átomos do cristal e resultando no aparecimento de elétrons livres através de um processo geométrico (ou seja, um elétron livre libera um elétron de valência e, posteriormente, os dois elétrons livres liberam dois elétrons de valência, obtendo-se quatro elétrons livres, os quais liberam mais quatro elétrons de (Eq. 4) (Eq. 5) TÓPICO 2 — DIODOS 23 valência etc.); em outras palavras, um processo de ionização faz com que os elétrons de valência dos átomos absorvam uma quantidade de energia suficiente para que deixem o átomo de origem. FIGURA 16 – CURVA CARACTERÍSTICA DO DIODO COM A REGIÃO DE RUPTURA FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 15) A região de avalanche, designada como região zener (Figura 16), possui potencial de ruptura VBV. É possível aproximar a curva apresentada na região zener do eixo vertical através do aumento da dopagem dos materiais semicondutores do tipo p e do tipo n. Existe um outro mecanismo chamado de ruptura zener, que ocorre quando o potencial de ruptura alcança níveis muito baixos e, assim, isso pode perturbar as forças de ligação no interior do átomo, devido à grade do campo elétrico na região de junção dos materiais semicondutores do tipo n e do tipo p, “gerando” portadores. Mesmo que o mecanismo de ruptura zener tenha principal relevância em baixos níveis de VBV, a região com acentuada mudança para quaisquer valores é conhecida como região zener e os diodos que são embasados somente nessa região da curva são conhecidos como diodos zener. É importante lembrar que é possível exceder a tensão de ruptura do diodo sem que obrigatoriamente o danifique – enquanto o produto da corrente reversa pela potência reversa não for maior que a faixa de potência do diodo. Já a tensão de pico inversa (PIV, sigla do inglês Peak Inverse Voltage), ou tensão de pico reversa (PRV, sigla do inglês Peak Reverse Voltage), refere-se ao potencial máximo de polarização reversa que pode ser aplicado ao diodo antes de ingressar na região de ruptura. 24 UNIDADE 1 — DIODOS E SEMICONDUTORES 2.5 CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES Sabemos que a temperatura ambiente e a temperatura de junção do diodo, quando este está conduzindo (polarizado diretamente) são diferentes, sendo a temperatura interna superior devido ao calor gerado pela recombinação. Desse modo, podemos perceber que, à medida que a temperatura aumentar, ocorrerá um aumento no número de elétrons livres e lacunas nas regiões dopadas, diminuindo a barreira de potencial na junção. Segundo Malvino (2007), podemos estabelecer uma regra para a barreira de potencial de um diodo de silício, a qual diminui 2 mV para cada aumento de 1 °C, portanto, ΔV = (-2 mV/°C)ΔT O diodo em polarização reversa apresenta um aumento na barreira potencial (região de depleção), do ponto de vista de energia, segundo Malvino (2007), quanto maior a temperatura de junção, maior será a corrente de saturação reversa, sendo uma aproximação útil “Is dobrar a cada aumento de 10 °C”; se a variação de temperatura for menor que 10 °C, deve-se considerar a variação da corrente de saturação de 7% para cada °C de aumento, escrevendo na forma de equação: Porcentagem de ΔIs= 100% para cada aumento de 10°C Porcentagem de ΔIs=7% por °C Quando o diodo está polarizado reversamente, haverá a corrente de portadores minoritários, porém existe uma outra pequena corrente que circula pela superfície do cristal conhecida como corrente de fuga da superfície, proveniente das impurezas da superfície e das imperfeições na superfície do cristal. A corrente de fuga da superfície (ISL) é diretamente proporcional à tensão inversa (VR) aplicada ao diodo, de modo que é possível definir a resistência de fuga (RSL) como: O silício não é o único material semicondutor de base, tendo grande relevância também o germânio (Ge) e o arseneto de gálio (GaAs) – a Figura 17 mostra as características reais de cada diodo (e não obtidas através da Equação 4). As curvas são semelhantes na forma, mas diferem muito em magnitude, tanto em polarização direta como em polarização reversa (tanto corrente quanto tensão). Além disso, possui valores bem distintos para o joelho (VK, K – Knee, joelho em inglês), sendo de aproximadamente 0,3 V para o germânio, 0,7 V para o silício e 1,2 V para o arseneto de gálio. Um dado importante está relacionado à velocidade (Eq. 6) (Eq. 7) (Eq. 8) (Eq. 9) TÓPICO 2 — DIODOS 25 (mobilidade do elétron 𝜇n), sendo de 1.500, 3.900 e 8.500 cm2/V.s para o silício, germânio e arseneto de gálio, respectivamente. Desse modo, percebe-se que os diodos de GaAs são mais de cinco vezes mais rápidos que os diodos de Si, sendo mais utilizados em situações com necessidade de alta velocidade de resposta. FIGURA 17 – CURVA PARA OS DIODOS COMERCIAIS DE SI, GE E GAAS FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 16) 2.6 RESISTÊNCIA DO DIODO A seguir, veremos as resistências de corrente contínua (CC) e corrente alternada (CA) de um diodo ou, em outras palavras, a resistência estática e a resistência dinâmica do diodo, respectivamente. 26 UNIDADE 1 — DIODOS E SEMICONDUTORES 2.6.1 Resistência CC ou estática Trata-se da resistência obtida através de um ponto na curva característica do diodo quando este pertence a um circuito que recebe uma carga CC (Figura 18). A resistência CC do diodo, RD, pode ser obtida através da relação da tensão sobre o diodo, VD , e a corrente sobre o diodo, ID , sendo independente da forma da curva que circunda o ponto de interesse. Esse ponto pode ser chamado de ponto Q (quiescente – “estacionário ou invariável”). Matematicamente, a resistência CC pode ser expressa por: (Eq. 10) Tipicamente, a resistência estática de um diodo ativo varia entre aproximadamente 10 e 80 Ω, sendo que os valores da resistência CC serão maiores abaixo do joelho e na região de polarização reversa. FIGURA 18 – EXEMPLO DE UM PONTO DE OPERAÇÃO PARA DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA CC DE UM DIODO FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 20) 2.6.2 Resistência CA ou dinâmica A situação será completamente diferente ao aplicarmos uma entrada senoidal ao circuito contendo o diodo, alterando constantemente dentro de um intervalo circundando o ponto de operação (quiescente – Q) (Figura 19). TÓPICO 2 — DIODOS 27 FIGURA 19 – DEFINIÇÃO DA RESISTÊNCIA DINÂMICA OU CA (A) E DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA CA EM UM PONTO Q (B) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 21) Analisando a Figura 19, temos a representação do modo de determinação da resistência CA graficamente, em que podemos verificar a construção de uma reta tangente ao ponto Q, que é o ponto central dentro da variação da tensão e da corrente sobre o diodo, sendo importante manter as distancias ao ponto Q equidistantes e a menor variação da corrente e tensão que for possível. Na Figura 19B, é apresentada a determinação da resistência CA, que é dada pela razão da variação da tensão sobre o diodo pela variação da corrente do diodo, matematicamente: (Eq. 11) Entretanto, segundo uma definição básica de cálculo “a derivada de uma função em um ponto é igual à inclinação da linha tangente traçada neste ponto” (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013, p. 22). Portanto, calculando a derivada da Equação 4 e considerando ID ≫ IS, obtemos: 28 UNIDADE 1 — DIODOS E SEMICONDUTORES Logo, a resistência é: Substituindon = 1 e VT ≅ 26 mV (exemplo resolvido 1), obteremos: (Eq. 12) Portanto, a resistência dinâmica pode ser obtida através da simples substituição do valor quiescente do diodo na Equação 12. 3 CIRCUITOS EQUIVALENTES DO DIODO Segundo Boylestad; Nashelsky (2013, p. 24), “um circuito equivalente é uma combinação de elementos adequadamente escolhidos para melhor representar as características reais de um dispositivo ou sistema em determinada região de operação”. Para o diodo, podemos ter três modelos: modelo linear por partes, modelo simplificado e dispositivo ideal. 3.1 MODELO LINEAR POR PARTES É obtido aproximando a curva característica do diodo por segmentos de reta. Conforme mostra a Figura 20A, os segmentos não descrevem exatamente a curva, principalmente na região do joelho, porém resultam em uma boa aproximação para o comportamento real do dispositivo. Analisando a Figura 20B, percebe-se uma resistência que se associa à região inclinada – trata-se da resistência CA média. O símbolo do diodo ideal vem para estabelecer o sentido da corrente única quando o dispositivo está ligado, pois, em condições de polarização reversa, o diodo será considerado circuito aberto. A fonte de tensão de 0,7 V com direção oposta à polarização direta vem para lembrar que o diodo semicondutor de silício somente começa a conduzir após atingir uma polarização direta de 0,7 V – tensão do eixo horizontal que deve ser ultrapassada para que o diodo entre em condução (Figura 20A). TÓPICO 2 — DIODOS 29 FIGURA 20 – DEFINIÇÃO DO CIRCUITO EQUIVALENTE LINEAR POR PARTES USANDO SEGMENTOS DE RETAS PARA A APROXIMAÇÃO DA CURVA CARACTERÍSTICA (A) E COMPONENTES DO CIRCUITO EQUIVALENTE LINEAR POR PARTES (B) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 25) 3.2 MODELO SIMPLIFICADO O valor da resistência rav , na maioria das vezes, é muito inferior aos demais componentes pertencentes ao circuito e pode ser desprezado. Remover o valor de rav do circuito equivalente é o mesmo que considerar a curva apresentada na Figura 21A – o modelo mais utilizado em análise de circuitos semicondutores. Na Figura 21B, apresentam-se os elementos do circuito equivalente reduzido. 30 UNIDADE 1 — DIODOS E SEMICONDUTORES FIGURA 21 – CIRCUITO EQUIVALENTE SIMPLIFICADO PARA O DIODO CONDUTOR DE SILÍCIO (A) E COMPONENTES DO CIRCUITO EQUIVALENTE SIMPLIFICADO (B) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 25) 3.3 MODELO IDEAL O modelo ideal é uma simplificação do modelo simplificado, considerando o caso em que é possível desprezar a queda de tensão de 0,7 V do diodo, por ser insignificante em relação à tensão aplicada. Na Figura 22, são apresentados o circuito equivalente linear e os componentes do circuito equivalente. TÓPICO 2 — DIODOS 31 FIGURA 22 – CIRCUITO EQUIVALENTE SIMPLIFICADO PARA O DIODO CONDUTOR DE SILÍCIO (A) E COMPONENTES DO CIRCUITO EQUIVALENTE IDEAL (B) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 26) 4 TESTE DO DIODO Podemos testar um diodo semicondutor de diversos modos, os mais comuns são: por meio do uso de um multímetro digital (função testes de diodo ou na função de ohmímetro) e de um equipamento traçador de curva. 4.1 TESTE POR MULTÍMETRO DIGITAL Ao utilizar um multímetro digital, podemos abordar o teste de dois modos: pela função teste de diodo e pela leitura de resistência. Para utilizar a função de teste de diodo do multímetro, é necessário colocar o botão de seleção no símbolo do diodo (Figura 23A) e posicionar os eletrodos de teste conforme apresenta Figura 23B, em que irá aparecer uma indicação de tensão de polarização direta, caso o diodo semicondutor esteja em seu estado “ligado”. Como o medidor possui uma fonte de corrente constante interna (aproximadamente 2 mA), ele gerará uma queda de tensão sobre o diodo (Figura 23C). Caso o diodo esteja defeituoso ou ocorra a inversão da posição dos eletrodos de teste, deverá aparecer uma indicação OL, devido à equivalência a um circuito aberto. 32 UNIDADE 1 — DIODOS E SEMICONDUTORES Anteriormente, verificamos que a resistência do diodo semicondutor em polarização reversa é muito superior à observada quando em polarização direta; desse modo, colocando o campo de seleção do multímetro digital da Figura 23A em medição de resistência (Ω) e realizando a medição da resistência com eletrodos, conforme Figura 23B (polarização direta), espera-se obter uma resistência baixa, comparando-se a medição com eletrodos em posição contrária à observada na Figura 23B. Caso as medições de resistência em polarização direta e polarização reversa, provavelmente o diodo está defeituoso, comportando-se em ambos os casos como circuito aberto. Por outro lado, se ambas as medições apresentarem valores baixos, provavelmente o diodo está em curto-circuito. FIGURA 23 – MULTÍMETRO DIGITAL (A), POSIÇÃO DOS TERMINAIS DE TESTE (B) E CURVA APROXIMADA PARA O DIODO DE SILÍCIO (C) FONTE: Boylestad; Nashelsky (2013, p. 32) 5 FOLHA DE DADOS Para podermos utilizar, de forma correta, os dispositivos semicondutores, é necessário o conhecimento de algumas características específicas, disponibilizadas pelo fabricante em um arquivo chamado datasheet ou folha de dados, no qual os dados podem ser apresentados por uma breve descrição (normalmente, no máximo, uma página) ou por uma análise completa (apresentando tabelas, gráficos etc.). Segundo Boylestad; Nashelsky (2013), em ambos os casos, existem alguns dados que são necessários para uma correta utilização do dispositivo semicondutor. São eles: TÓPICO 2 — DIODOS 33 • Tensão direta, VF , em condições específicas de temperatura e corrente. • Corrente direta máxima, IF , em condição específica de temperatura. • Corrente de saturação reversa, IR, em condições específicas de temperatura e tensão. • Tensão reversa nominal, PIV ou PRV ou V(BR), em condição específica de temperatura. • Dissipação máxima de potência, em condição específica de temperatura. • Níveis de capacitância. • Tempo de recuperação reversa, trr. • Faixa de temperatura de operação. Caso a potência máxima ou dissipação nominal, PDmáx , for disponibilizada, será considerada de acordo com a Equação 13, em que VD e IDsão a tensão e a corrente, respectivamente, do diodo em um ponto específico de operação. PDmáx = VD ID Frequentemente, utilizamos o modelo simplificado do diodo semicondutor para algumas aplicações específicas; logo, é possível substituir o valor de VD da equação 13, considerando um diodo semicondutor de silício VD = VT = 0,7 V; portanto, a Equação 13 fica: PDmáx ≅ (0,7 V) ID Nas Figuras 24 e 25, são apresentados os dados referentes a um diodo semicondutor de baixa fuga e alta tensão. Pode-se notar, na Figura 24, algumas áreas destacadas e divididas entre as letras de A e H, em que: • A apresenta a tensão de polarização reversa mínima do diodo e sua corrente de polarização reversa específica. • B mostra as características de temperatura do componente (faixa de temperatura máxima de armazenamento, temperatura máxima de operação das junções e máxima temperatura dos terminais). • C está relacionado ao valor da máxima dissipação de potência em temperatura ambiente (25 °C), que também pode ser determinado pela Equação 4, e ao fator de redução de potência, para temperaturas acima da de referência (temperatura ambiente ou 25 °C – conforme Figura 25A). • D refere-se ao valor da corrente direta contínua máxima, IF , sendo que a Figura 25B apresenta um gráfico com a variação da corrente direta de acordo com a tensão direta, podendo-se notar um aumento rápido da tensão em pequenos incrementos de tensão. • E demonstra os valores de tensão direta, VF , em temperatura ambiente (25 °C), em que, quanto maior é a corrente de polarização direta aplicada, maior será a tensão de polarização; (Eq. 13) (Eq. 14) 34 UNIDADE 1 — DIODOS E SEMICONDUTORES • F mostra os valores da corrente de polarização reversa, IR , em que é possível verificar que a mesma variação de tensão em 25 °C provoca uma menor variação da IR em 125