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METODOLOGIA DE 
ALFABETIZAÇÃO E 
LETRAMENTO NOS 
ANOS INICIAIS
Jozilda Fogaça
2ª Edição | 2022
METODOLOGIA DE 
ALFABETIZAÇÃO E 
LETRAMENTO NOS 
ANOS INICIAIS
3
APRESENTANDO O AUTOR
JOZILDA FOGAÇA
Sou professora de alma e de formação. Sou pedagoga, psicopedagoga e mestre 
em Inclusão Social e Acessibilidade. Aprendi a ser professora concomitante a ser 
alfabetizadora. Trabalhei com crianças com deficiência. Na universidade, reaprendi a 
docência no curso de Pedagogia. Andarilhei por projetos de extensão com grupos em 
vulnerabilidade: crianças, indígenas e pessoas em situação de rua. Fiz uma inserção 
no PIBID, estive à frente do curso de especialização em Psicopedagogia e do Núcleo de 
Acessibilidade e Permanência. Hoje sou doutoranda da Universidade de Coimbra.
4
SINOPSE
O texto que segue quer convidar o leitor a criar um espaço de imersão nos processos 
de construção da leitura e da escrita. Inicialmente, o texto será um exercício de 
revisitar conceitos e a perspectiva histórica da alfabetização e do letramento. A partir 
do contexto histórico, iremos lançar um olhar especificamente sobre os fundamentos 
teóricos, epistemológicos e metodológicos que regem a alfabetização. Irrigados por 
um lastro teórico, numa perspectiva interacionista, iremos nos aventurar a pensar e 
analisar a produção de materiais didáticos para alfabetizar, buscando compreender 
que a intervenção e avaliação vão depender da compreensão que o professor tem dos 
processos que a criança vive ao reinventar a escrita.
5
Metodologia de alfabetização e letramento nos anos iniciais | Jozilda Fogaça
1 Alfabetização e Letramento: Fundamentos 
Teóricos, Epistemológicos e Metodológicos
Os homens da pré-história faziam desenhos nas paredes das cavernas. Desenhavam o 
que estava a sua volta: animais, homens, arcos, flechas. Aos poucos as figuras evoluíram 
e se transformaram em símbolos. Surgiram, então, os ideogramas. Há mais de 5 mil 
anos, os egípcios já possuíam os hieróglifos (um sistema de escrita). Há também os 
ideogramas chineses que são usados até hoje em numerosos países. 
O primeiro alfabeto foi criado pelos fenícios no século XII a.C. Mais tarde, os gregos 
introduziram as letras vogais e seu sistema deu origem a diversos outros alfabetos. O 
alfabeto grego, com 24 letras, é utilizado apenas na Grécia, embora suas letras sejam 
usadas internacionalmente em trabalhos científicos.
Algumas línguas são escritas em mais de um alfabeto, como o servo-croata (Iugoslávia). 
Os japoneses e os coreanos utilizam 2 sistemas combinados: um ideográfico e um 
fonético (cada letra representa uma sílaba).
O alfabeto mais usado atualmente é o romano, composto de 26 letras. Nele cada letra 
representa um determinado som, mas é necessário combinar as letras para se obter a 
reprodução dos sons usados na língua falada.
Tudo começou nas paredes de uma caverna. Desde então o homem evoluiu, o que 
capacitou você a ler este texto. A capacidade de escrever com intenção de comunicar 
uma ideia conduziu à necessidade de ensinar os princípios da língua escrita. Para isso, 
criaram-se os métodos de alfabetização, ou seja, maneiras para garantir o sucesso da 
aprendizagem da leitura e da escrita. 
Vagamos à procura do “melhor método”. Existem dois grandes grupos que se definem 
em método sintético e método analítico. O primeiro desdobra-se em alfabéticos, 
silábicos e fonéticos, compreendendo que a alfabetização deve partir de segmentos 
menores da fala (fonema, sílaba e letra) para chegar à palavra e depois ao texto. Nessa 
perspectiva metodológica, as estratégias de aprendizagem estão vinculadas à repetição 
e à memorização, primando pelo treinamento auditivo e visual para uma posterior 
associação do som com seu sinal gráfico. Observa-se, nesse método, uma prática 
empirista e associacionista. 
O segundo, método analítico, evoca o inverso do método sintético, ou seja, parte do 
texto, da palavra para os segmentos menores (fonemas, letras e sílabas), que, de alguma 
forma, tornam a aprendizagem mais significativa, contudo fragmentam a construção da 
leitura e da escrita em etapas lineares. Segundo Moll (2011, p. 56):
6
Metodologia de alfabetização e letramento nos anos iniciais | Jozilda Fogaça
Do ponto de vista pedagógico, apesar de reconhecermos o avanço dos 
métodos analíticos em relação aos sintéticos, a preocupação “obsessiva” 
de grande parte dos educadores com a escolha de um método/processo 
de ensino da língua escrita tem esvaziado seu conteúdo enquanto 
objeto sociocultural, ao mesmo tempo que tem ignorado a realidade 
contextual dos alunos.
A busca incansável pelo método nada mais é do que a representação da episteme 
que rege a prática do professor alfabetizador. Por isso, é importante que o professor 
busque compreender como os sujeitos se apropriam do conhecimento. Responder a 
essa questão é fundamental, porque toda prática educativa é expressão de uma teoria 
de conhecimento, quer ela seja consciente, quer não seja por parte do educador. Assim, 
é preciso examinar as tendências epistemológicas vinculadas às implicações que se 
apresentam na prática pedagógica. Para Ferreiro (1987, p. 31):
Nenhuma prática pedagógica é neutra. Todas estão apoiadas em certo 
modo de conceber o processo de aprendizagem. São provavelmente 
essas práticas (mais do que os métodos em si) que têm efeitos mais 
duráveis, a longo prazo, no domínio da língua escrita como em todos os 
outros domínios. Conforme se coloque a relação entre sujeito e objeto 
de conhecimento e conforme se caracterize a ambos, certas práticas 
aparecerão como normais ou aberrantes. 
Portanto, é preciso e urgente superar as discussões no entorno dos métodos de ensino, 
introduzindo nessa polêmica a questão: como as crianças aprendem a ler e a escrever?
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Metodologia de alfabetização e letramento nos anos iniciais | Jozilda Fogaça
2. Alfabetização: Processos de Construção da 
Linguagem Escrita
Repensar as formas de ensinar, para Emília Ferreiro, não bastava para dar conta 
de responder a como as crianças aprendem a escrever. Em suas palavras: “A minha 
contribuição foi encontrar uma explicação segundo a qual por trás da mão que pega 
o lápis, dos olhos que olham, dos ouvidos que escutam, há uma criança que pensa.” 
(FERREIRO, 1985, p. 14).
Emília Ferreiro não foi autora de um método de alfabetizar, como pesquisadora, sempre 
definiu sua investigação como teoria que perpetuou seus estudos na construção da 
linguagem escrita na criança. 
Ela (1988) sustenta que, ao tomar contato com os sistemas de escrita, a criança, por 
meio de processos mentais, praticamente reinventa esses sistemas, realizando um 
trabalho concomitante de compreensão da construção e de suas regras de produção/
decodificação. Esse caminho caracteriza-se por ser um processo cognitivo, em que a 
criança elabora um grande número de hipóteses e vai confrontando-as num movimento 
de interação entre seu saber e aquele apresentado na escrita convencional.
3. Das Hipóteses à Intervenção: Propostas 
Práticas
3.1 Pré-Silábico: Quantas Letras Cabem em uma Palavra?
Esta é a fase em que a escrita reproduz letras e traços conhecidos. Neste nível, é comum 
que o alfabetizando, ao escrever, utilize letras do seu nome em outras palavras e/ou as 
vogais mais “conhecidas”; as letras são colocadas ao acaso, misturadas com rabiscos, 
desenhos, números e grafias que não sejam conhecidas. Escrever corresponde a 
reproduzir traços aleatórios. Assim, o alfabetizando escreve, rabisca, desenha e, no 
momento de ler o que escreveu, expressa aquilo que desejaria ter escrito.
Na fase inicial do nível pré-silábico, para algo ser lido, deve ter letras que acompanham 
um desenho e essas letras estão relacionadas com o próprio desenho que as acompanha. 
Aos poucos, o alfabetizando começa a desestruturar as hipóteses anteriormente 
construídas, ele se dá conta de que o que escreveu não precisa necessariamente estar 
acompanhado de desenho para que tenha significado e possa ser lido. Na hipótese pré-
silábica,a criança pode pensar a escrita de diferentes formas: 
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Metodologia de alfabetização e letramento nos anos iniciais | Jozilda Fogaça
Nível Pré-Silábico 1
Neste nível não existe distinção entre desenho e escrita. A criança escreve por meio de 
desenhos, não usa nenhum tipo de letra ou sinal gráfico.
Nível Intermediário 1
A criança utiliza letras ou sinais gráficos para escrever, sempre junto com o desenho.
Nível Pré-Silábico 2
A criança utiliza letras para escrever ou sinais gráficos, mas sem nenhuma 
correspondência oral.
Intermediário 2
A criança começa a se dar conta da letra inicial ou final da palavra, geralmente utiliza as 
consoantes ou vogais da palavra que escreve.
Nas escritas dos alunos neste nível, observa-se a ideia de uma quantidade mínima 
de letras, geralmente 3, e de variedade interna, em que uma palavra não pode ser 
escrita com uma única letra. Também há diferenciação externa, ou seja, a exigência 
de não repetir a mesma sequência para duas palavras diferentes. Neste momento, o 
alfabetizando não estabelece nenhuma ordem específica para a disposição das letras.
Aspectos como diversidade de letras, número mínimo de letras para se ler a palavra e 
relação entre a palavra e o desenho estão presentes no diálogo apresentado.
O conjunto dessas hipóteses demonstra o processo intenso de pensamento sobre a 
produção escrita desde a sua origem. Nesse sentido, a aprendizagem que o sujeito 
constrói é radicalmente diferente das propostas tradicionais que consideram a 
alfabetização uma repetição mecânica e limitada de palavras e letras, rigidamente 
ordenadas.
No processo de troca de informações, por meio de várias estratégias, o alfabetizando 
se aproxima do conjunto de letras convencionadas historicamente usado para 
representação escrita de nossa língua. Começa a se estabelecer, então, o conflito das 
relações entre a pronúncia e a escrita.
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Metodologia de alfabetização e letramento nos anos iniciais | Jozilda Fogaça
Para que o alfabetizando avance nesse conflito, é necessário que: 
1. Conheça as letras e o valor sonoro delas;
2. Vincule a fala à escrita;
3. Reconheça que o papel das letras é representar de forma escrita aquilo que se 
expressa pela fala;
4. Perceba que uma palavra é sempre escrita da mesma forma.
O educador deve então:
Criar um ambiente alfabetizador, rico em materiais e atos de leitura e escrita, e isso deve 
ser uma prática constante, dinâmica, atualizada, de forma que o espaço de alfabetização 
se torne agradável e significativo para o alfabetizando. É importante também que o 
alfabetizando tenha contato com todas as letras – trabalhar com o alfabeto –, com 
palavras e textos significativos.
É no contato enquanto interação do aluno com o texto na totalidade (textos inteiros) 
e na diversidade (vários textos) que ele vai desenvolvendo segurança e percebendo a 
importância de escrever e ler, afinal, aquilo que escreve será lido por alguém e terá 
significado.
Neste nível da escrita, o educador deve ter o cuidado de não reforçar a leitura de sílabas 
isoladas, como acontece com os ba, be, bi, bo ,bu, da alfabetização tradicional, pois, 
para o aluno, uma sílaba solta não significa nada, é importante trabalhar com a palavra 
na sua totalidade. A palavra com a qual vai se trabalhar deve ser contextualizada, deve 
fazer parte de um texto ou do universo vocabular do aluno.
A análise detalhada da palavra, desde a quantidade de letras, letra inicial e final, ordem 
em que aparece na palavra, tamanho e posição das letras na palavra, possibilita ao 
alfabetizando se apropriar de escritas e leituras de diferentes palavras e avançar na 
alfabetização.
No confronto dessas hipóteses, é que se estrutura a escrita da próxima fase. A partir daí 
surge o que Emília Ferreiro e Ana Teberosky chamam de hipótese silábica.
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Metodologia de alfabetização e letramento nos anos iniciais | Jozilda Fogaça
3.2 Nível Silábico: Quantas Letras A Boca Precisa Falar 
Para Escrever Uma Palavra?
Este nível é caracterizado pela tentativa de dar valor sonoro a cada uma das letras 
que compõem uma escrita. Nessa tentativa, o alfabetizando passa por um período de 
grande importância evolutiva: é a hipótese de que cada letra corresponde a uma sílaba.
A característica marcante deste nível é a correspondência quantitativa entre a pronúncia 
oral das palavras e dos sinais gráficos. Nesse sentido, cada vez que se abre a boca para 
pronunciar as palavras, cada sílaba oral é escrita com uma letra.
Todavia, o alfabetizando, ao escrever uma frase, pode colocar uma letra para cada 
palavra, ao invés de uma letra para cada sílaba. Isso revela que ele identifica a palavra 
como tal na frase. Neste nível, o alfabetizando ora associa letra oral à sílaba oral, ora a 
várias sílabas orais, tantas quantas constituam uma palavra na frase. 
É nesta etapa do processo que acontece o conflito entre o controle silábico e a quantidade 
mínima de letras e a escrita. O alfabetizando nesse momento enxerga a prevalência 
desta hipótese sobre a quantidade mínima de letras, ou seja, supera a hipótese de que 
a escrita se refere somente à junção de letras para escrever palavras ou frases.
Como cada sílaba é representada por um sinal gráfico, nesta etapa as palavras são escritas 
com menos letras, havendo um salto qualitativo com respeito aos níveis anteriores. O 
alfabetizando, ao estabelecer essa associação, vive um período de segurança com suas 
descobertas da escrita alfabética.
Essa é uma hipótese falsa, mas necessária, pois o alfabetizando ao escrever fortalece a 
sua capacidade de explicar a escrita, o que lhe prepara para enfrentar os novos conflitos, 
que exigirão a reformulação de suas hipóteses para passar para a alfabética. Nesse 
momento, a intervenção do alfabetizador, bem como as referências do mundo escrito, 
o desafiam para que enxergue as contradições da sua hipótese e busque soluções. Por 
exemplo: 
0000 = ma-ri-po-as
00 = ti-gre
000 – ja-ne-la
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Metodologia de alfabetização e letramento nos anos iniciais | Jozilda Fogaça
Quais são as letras que se usam para representar as vogais? Naturalmente as crianças 
quase sempre escolhem as vogais. Apesar de nunca terem visto uma palavra, elas 
escrevem assim:
 AlOA= ma-ri-po-as
 IE = ti - gre
 AEA= ja-ne-la
O problema dos monossílabos. Como escrever sol? Pela lógica seria escrever apenas o 
O. Mas isso é muito difícil de aceitar quando se está convencido de que se necessita de 
mais de uma letra para escrever uma palavra. É um conflito cognitivo autêntico. Então, 
a criança usa algumas alternativas que possam dar conta de seu conflito, tais como: OO 
= duplicar a vogal para evitar uma letra solitária, que fere sua hipótese de escrita, ou 
ainda OL ou SO.
Palavras com todas as letras iguais? BATATA, AAA? Isso para a criança em hipótese 
silábica não pode ser Iido, porque todas as letras são iguais.
Palavras diferentes são escritas de mesma maneira? Como é possível que SUCO (U 
O) seja igual a TUBO (U O). Isso ofende o intelecto infantil e leva as crianças a pensar 
que é preciso usar outros critérios. 
Para Emília Ferreiro e Ana Teberosky (1987), a hipótese silábica é uma construção 
original do alfabetizando, que não pode ser atribuída a uma transmissão por parte do 
professor.
É importante ressaltar que leitura e escrita não caminham necessariamente juntas, 
passo a passo, pois o alfabetizando pode se encontrar em um nível na leitura e em outro 
na escrita, no mesmo momento. Nesse sentido, podemos encontrar alfabetizandos pré-
silábicos na leitura, que leem globalmente textos, sem nenhuma segmentação, e que 
ao mesmo tempo estão silábicos na escrita, associando uma sílaba oral para cada letra. 
Também é possível encontrar silábicos na escrita e que estão alfabéticos na leitura, ou 
pode acontecer ainda de estar silábico na leitura e pré-silábico ou alfabético na escrita.
Para que o alfabetizando avance nesse nível, é necessário que ele perceba que o que 
escreve os outros não leem; perceba também que aquilo que eleescreve nem ele 
mesmo consegue ler; conheça as letras e o valor sonoro delas.
O educador deve, então, destacar a análise da primeira letra no contexto da primeira 
sílaba, provocando dúvidas sobre o número de letras necessárias para formar a 
sílaba. Nesse nível, o educador deve desenvolver atividades que possibilitem que o 
alfabetizando prossiga no estudo das formas e das posições das letras, lembrando que 
esse estudo já vem acontecendo desde o Nível Pré-silábico. 
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Metodologia de alfabetização e letramento nos anos iniciais | Jozilda Fogaça
O trabalho do educador deve ainda propiciar que o alfabetizando se dê conta de que 
cada som não é representado necessariamente com uma única letra, mas que os vários 
sons na sílaba oral precisam ser representados por uma, duas ou mais letras.
O educador deve criar espaços para que o aluno escreva sílabas sem caracterizar tal 
escrita como “errada”, deve também propor situações para que o alfabetizando perceba 
que não é suficiente uma letra para cada sílaba, deve questionar as produções para que 
o aluno crie outras hipóteses sobre a forma de se escrever.
Isso pode ser feito por meio da leitura de poesias, letras de músicas e receitas, 
pesquisando palavras e frases no texto. Para o aluno que está na hipótese silábica, 
na busca de palavras é que vai percebendo que elas possuem mais letras do que 
imaginava. Nesse conflito, a hipótese de escrita se modifica, ampliando para o nível 
silábico alfabético. 
3.3 Silábico Alfabético: Quantos Sons Cabem em uma 
Sílaba?
Este é o nível em que o alfabetizando começa a perceber que é necessário escrever 
mais de uma letra para formar uma sílaba. Porém, ainda não está suficientemente 
seguro sobre a forma de escrever a sílaba, nem conhece todas as sílabas, demonstrando 
muitas dúvidas. Assim, é comum trocar as letras ao escrever. Quando o aluno escreve bI 
e diz que escreveu bolo, mas os outros leem apenas bl, ele compara isso com a escrita 
convencional, de modo que vai percebendo que escrever uma letra para cada sílaba 
não é suficiente. O aluno passa, então, a colocar mais letras nas palavras, surgindo 
escritas como: 
XOCOLATE
CAZA 
CAXORO
EZAME
OJE
No entanto, aparecem novos problemas de escrita: S/Z, J/G, H, maiúsculas ou minúsculas, 
a separação de palavras, incluindo os acentos. 
Ao escrever assim, o aluno estará omitindo letras? Não! Na verdade, ele coloca mais 
letras do que colocava quando escrevia de forma silábica. Já aconteceu um avanço em 
relação à escrita anterior, pois estará estabelecendo uma relação mais coerente entre 
a escrita e a leitura.
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Metodologia de alfabetização e letramento nos anos iniciais | Jozilda Fogaça
Tal qual o nível silábico, para que a criança avance nesse nível, é necessário que perceba 
que o que ele escreve os outros não leem; perceba também que aquilo que ele escreve 
nem ele mesmo consegue ler; conheça as letras e o valor sonoro delas. Nessa fase, a 
hipótese se complexifica, pois a criança começa a perceber o valor sonoro de cada letra, 
chegando à hipótese alfabética. 
3.4 Nível Alfabético: Desmistificando O Mistério dos Sons 
e das Letras
Neste nível, o alfabetizando percebe que para cada letra há um som correspondente e 
para cada grafia há um fonema. Isso caracteriza o que denominamos de fonetização da 
grafia. O aluno passa a compreender que uma sílaba pode ter 1, 2 ou 3 letras. Escrever 
dessa forma significa relacionar o som com as sílabas, com as palavras que escreve e 
faz uma análise sonora dos fonemas.
Para escrever vida, por exemplo, o aluno pronuncia a palavra e percebe que a quantidade 
do som de vi e de da é menor do que as sílabas que escreveu ou pensa que devem ser 
escritas. Assim, ele se dá conta de que precisa de mais letras para representar as sílabas. 
Todavia, a fonetização das sílabas é construída de forma processual. O aluno começa 
a escrever alfabeticamente algumas sílabas e, para a escrita de outras, permanece 
silábico. Às vezes há razões lógicas para esse comportamento, uma delas é porque 
certas letras, pelo seu nome, podem ser consideradas uma sílaba completa, como ge 
em gelo, quando escreve GLO. Essa escrita parcialmente alfabética é uma etapa do Nível 
Alfabético, no sentido que mistura os dois tipos de concepções, mas elas já fazem parte 
dele, pois a entrada em um nível significa a superação básica das concepções do nível 
anterior, o que aconteceu para quem fonetiza uma sílaba.
Nesse momento, o aluno apresenta dificuldade na separação das palavras. Ora emenda 
as palavras, ora divide em duas ou três partes. Essa dificuldade se dá porque o aluno 
dá ênfase à fonetização da sílaba, concentrando-se no entendimento dela, situação na 
qual as palavras tendem a desaparecer como um todo. 
É importante lembrar que a compreensão de sílabas mais complexas é fruto de esforços 
lógicos de raciocínio e não da fixação mecânica por repetição.
Ao chegar a este nível, o alfabetizando já superou a barreira do código, compreendeu 
que a cada um dos caracteres da escrita correspondem valores sonoros menores que 
a sílaba, realizando sistematicamente uma análise dos fonemas das palavras que vai 
escrever mesmo que todas as dificuldades não tenham sido superadas. 
A partir desse momento, o alfabetizando se defronta com todas as dificuldades da 
própria ortografia, pois escreverá da forma como fala, mas isso será superado por 
14
Metodologia de alfabetização e letramento nos anos iniciais | Jozilda Fogaça
meio de situações que favoreçam a aprendizagem: muita leitura e muita escrita. O 
alfabetizando não terá problemas de escrita no sentido restrito, suas dificuldades serão 
na ortografia, ou seja, na forma convencional de escrever as palavras. Dessa maneira, é 
comum escrever, por exemplo: 
• MEDICU (médico)
• TABAIO (trabalho)
• CAZA (casa)
• OJE (hoje)
• LOGE (longe)
Enfim, o alfabetizando, no processo de alfabetização, reconstrói a língua escrita. Vai se 
apropriando desse objeto de conhecimento, por meio da construção de hipóteses cada 
vez mais complexas em direção à hipótese alfabética da língua escrita. Vai aprendendo 
a língua escrita mediante conflitos que se estabelecem em relação a ela. O nível desses 
conflitos e o tempo no qual ocorrem estão vinculados às exigências e às possibilidades 
do contexto sociopedagógico em que o sujeito se insere. 
Para que o aluno avance nesse nível, é necessário que conheça a forma das letras e seu 
respectivo valor sonoro; faça a microvinculação interna das letras nas sílabas; avance 
na compreensão das convenções específicas da língua escrita: separação entre as 
palavras/pontuação, uso de maiúsculas e minúsculas; avance na ortografia. 
O educador, por sua vez, deve promover atividades de produção e leitura de textos nas 
quais o alfabetizando reconheça palavras, frases e letras no texto. 
É importante aprofundar cada vez mais o estudo das sílabas constituídas nas palavras, 
ora trabalhando a primeira, ora a última, ora as sílabas intermediárias. São situações 
em que o alfabetizando é desafiado a fazer a análise do número de letras em todas 
as suas sílabas; a montagem de palavras por meio de sílabas; a classificação das 
palavras de acordo com o número de sílabas; e a classificação de sílabas de acordo 
com o número de letras. Tudo isso vai contribuir para que ele avance cada vez mais na 
construção de uma escrita ortográfica e convencional, que fará com que o aluno passe 
de alfabetizando a sujeito letrado. 
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Metodologia de alfabetização e letramento nos anos iniciais | Jozilda Fogaça
4 Avaliação na Língua Escrita
Alfabetizar é um processo de construção do conhecimento. A abordagem epistemológica 
construtivista, que compreende o conhecimento como resultado da interação 
(interacionismo), acompanhada da descoberta da psicogênese da língua escrita, 
exige uma postura docente no inverso do empirismo, que, por sua vez, afirma que o 
conhecimento se dá de forma vertical, situação na qual o aluno é tão somente receptor. 
Ou seja, a compreensão do processode aprendizagem da língua escrita nos remete 
a pensar e, consequentemente, a redefinir o que a escola considera como erro na 
alfabetização e nas aprendizagens em geral: o erro passa a ser olhado como construtivo, 
ou melhor, como hipóteses necessárias à construção da conceitualização da escrita.
Nessa perspectiva, não é possível levar em consideração unicamente o resultado, pois 
resultados semelhantes podem ser produzidos por diferentes processos, assim como 
processos semelhantes podem levar a produtos diversos.
Quando um alfabetizando, ao escrever a palavra boneca escreve: b n c, provavelmente 
estará supondo que, para cada sílaba pronunciada, escreve-se uma letra. Numa 
alfabetização tradicional, o aluno receberia por parte da professora uma “marca”, 
assinalando que a palavra foi escrita de forma errada. Numa proposta construtiva, 
esse “erro” será o indicador da hipótese que o aluno formulou para escrever a palavra 
boneca.
Esse tipo de “erro”, na psicogênese, é considerado um erro construtivo, pois indica a 
hipótese do aluno sobre a escrita. O educador, ao considerar e problematizar essa 
forma de escrever, possibilitará que o aluno formule novas hipóteses sobre como se 
escreve, chegando, por meio da problematização do professor, à hipótese correta sobre 
a escrita. 
Portanto, o processo de avaliação não pode ser diferente. A avaliação deve auxiliar o 
educando a vivenciar uma aprendizagem significativa. Ao invés de assinalar erros ou 
atribuir conceitos e notas, o professor alfabetizador deve realizar o acompanhamento 
sistemático das hipóteses das crianças acerca da escrita, por meio de registros 
individuais que possam servir de documento que expresse o crescimento do aluno em 
relação a ele mesmo. 
Fazer uso de tabelas individuais, nas quais estejam elencadas as habilidades que devem 
ser desenvolvidas, usando os Planos de Estudos da escola, ou a própria BNCC (2018) 
como referência, é um ótimo instrumento de registro que será usado para a construção 
do parecer indicativo do crescimento do aluno em seu processo de construção da 
escrita.
Avaliar é fazer perguntas ao aluno para aprender com ele e sobre ele.
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Metodologia de alfabetização e letramento nos anos iniciais | Jozilda Fogaça
Encerramos essa imersão nos processos da construção da escrita tomando emprestado 
as palavras de Soares (1998, p. 24):
Um adulto pode ser analfabeto, marginalizado social e economicamente, 
mas, se vive em um meio em que a leitura e a escrita têm presença forte, 
se se interessa em ouvir a leitura de jornais feita por um alfabetizado, 
se recebe cartas que outros leem para ele, se dita cartas para que um 
alfabetizado as escreva, [...] se pede a alguém que lhe leia avisos ou 
indicações afixados em algum lugar, esse analfabeto é, de certa forma, 
letrado, porque faz uso da escrita, envolve-se em práticas sociais de 
leitura e de escrita. 
Portanto, letramento é saber responder às exigências de leitura e de escrita que a 
sociedade faz continuamente. Resultado da ação de ensinar e aprender as práticas 
sociais de leitura e escrita.
17
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL, Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular: BNCC. 
Disponível em: http://gg.gg/ksg45. Acesso em: 06 jul. 2020.
FERREIRO, E.; TEBEROSKY, A. Psicogênese da língua escrita. 4. ed. Porto Alegre, 
Artes Médicas: 1991.
FERREIRO, E. Reflexões sobre alfabetização. 2. ed. São Paulo: Cortez; Autores 
Associados, 1992.
FERREIRO, E. et al. Los adultos no-alfabetizados y sus conceptualizaciones del 
sistema de escritura. Cuadernos de Investigaciones Educativas, n. 10, México, 1993. 
MOLL, Jaqueline. Alfabetização Possível: reinventando o ensinar e o aprender. 
Porto Alegre: Mediação, 2011. 
SOARES, M. B. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 
1998.
Av. Victor Barreto, 2288 | Canoas - RS
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