Prévia do material em texto
CURSO LIVRE ABORDAGENS PEDAGÓGICAS NA EAD MEDIADAS POR TIC TIC COMO ALIADAS DA EDUCAÇÃO E T A P A 1 2 1 INTRODUÇÃO Você já se imaginou vivendo em um mundo sem tecnologias? Pode até parecer estranho, para nossa realidade, atual imaginar-se vivendo em um tempo em que não havia disponibilidade de ferramentas tecnológicas digitais para auxiliar em nossas atividades diárias e laborais, não é mesmo? Todos aqueles nascidos a partir das décadas de 1980 e 1990 são considerados os nativos digitais, ou seja, já cresceram em um mundo imerso em tecnologias inovadoras, sejam elas digitais ou não e, dessa forma, podem não ser íntimos de um mundo sem grandes inovações tecnológicas. Na área de comunicação e informação não é diferente. Nos dias atuais, já dispomos de ferramentas, como telefone, televisão, computadores, internet e mídias digitais que possibilitam um acesso quase imediato a fatos e informações. Devemos todas essas vantagens às TIC! Nas últimas décadas, o desenvolvimento de novas tecnologias avança a passos largos, de modo que podemos contar também com as tecnologias de Inteligência Artificial (IA), que, muitas vezes, encarregam-se de realizar algumas tarefas para nós, por exemplo, fazer uma busca em um site de busca virtual apenas pelo comando de voz. Em suas atualizações mais recentes, podemos até mesmo interagir diretamente e programar esses softwares para que se comuniquem conosco, citando como exemplo a Siri e a Alexa. Estudaremos, inicialmente, o conceito de TIC e TIDC e aprenderemos sua importância como ferramenta para interação aluno-professor no processo ensino- aprendizagem, com foco na implantação do ensino híbrido e das metodologias ativas. 2 OS CAMINHOS DAS TIC NA EDUCAÇÃO Vivemos na era pós-moderna, também conhecida como era digital, em que todas as ferramentas que fazemos uso em nosso dia a dia, não apenas são elaboradas com métodos altamente inovadores e tecnológicos, mas também funcionam a base de Curso livre sobre Abordagens pedagógicas na EAD mediadas por TIC Conteudista: Tatiane Marques 3 tecnologias digitais. Na prática pedagógica e educacional não é diferente, mesmo um simples recurso, como o computador ou um projetor do tipo data show, frequentemente utilizado pelos professores em aulas presenciais já é um recurso educacional digital (MARTINES et al., 2018). Em aulas e cursos ofertados na modalidade EAD, o uso de tecnologias é indispensável e, ao contrário do que se pensa, não se restringe apenas ao uso de Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) ou aplicativos de videoconferência (CÂNDIDO, 2018). Então, caro aluno, convidamos você a uma reflexão antes de prosseguir o estudo deste material: qual a importância das TIC como ferramentas educacionais? IMPORTANTE Você já ouviu falar em TIC e TIDC? Embora ambos os termos sejam erroneamente utilizados como sinônimos, neste curso, você aprenderá seus conceitos e sua aplicação como ferramentas para educação e interação com os alunos. 2.1 TIC OU TIDC? A sigla TIC refere-se à expressão Tecnologias da Informação e da Comunicação, ou seja, refere-se a todo e qualquer equipamento ou ferramenta criados para a comunicação interpessoal e a divulgação de informação. Desse modo, a partir do estudo deste material, você deve desassociar as TIC do meio digital, pois muito antes do surgimento da internet, já haviam sido criados instrumentos para comunicação e divulgação de informações. Vejas as ilustrações a seguir que trazem exemplares belíssimos dessas ferramentas: Figura 1 – a imprensa de Gutenberg; Figura 2 o telefone; Figura 3 – o rádio; e Figura 4 – a televisão. 4 Figura 1 – Imprensa de Gutenberg: a primeira forma de reprodução em massa de informação escrita Fonte: https://elements.envato.com/pt-br/old-wooden-printing-press-YDC3EBG. Acesso em: 18 out. 2022. Figura 2 – O telefone é uma tecnologia da comunicação que encurta distâncias e permite conversar em tempo real com outras pessoas Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/telefone-vintage-telefone-velho-1750817/. Acesso em: 18 out. 2022. 5 Figura 3 – O desenvolvimento da comunicação via rádio encurtou distâncias e mostrou-se uma importante ferramenta tecnológica Figura 4 – Muito mais que uma tecnologia para diversão, a televisão é também uma tecnologia de divulgação de informações Fonte: https://elements.envato.com/pt-br/portable-radio-station-on-dashboard-in-cabin-of-fi-7U9Y- QNC /. Acesso em: 18 out. 2022. Fonte: https://br.freepik.com/fotos-gratis/tv-retro-antiga-ainda-e-vida-com-vasos-de-flo- res_5896983.htm#query=TELEVIS%C3%83O%20ANTIGA&position=2&from_view=search. Acesso em: 18 out. 2022. 6 O que seriam as TIDC? Esta expressão, derivada do termo inicial TIC, acompanha a evolução tecnológica tão comum em nosso meio e refere-se à Tecnologias Digitais da Informação e da Comunicação. Simples assim! Veja que interessante, as TIDC também são tecnologias e ferramentas desenvolvidas para interação e comunicação, mas devem, obrigatoriamente, ser digitais. Podemos dizer então, em termos bem genéricos, que as TIDC são a evolução das TIC e baseiam-se na comunicação derivada do meio digital e da internet. Dessa forma, tornam-se inúmeras as possibilidades de interação e de comunicação entre as pessoas possibilitando um intercâmbio cultural, inclusive e, principalmente, entre aquelas que estão geograficamente distantes. ATENÇÃO Não confunda os conceitos de TIC e TIDC! TIC: Tecnologias da Informação e da Comunicação. TIDC: Tecnologias Digitais da Informação e da Comunicação. TIC é toda e qualquer ferramenta de interação e comunicação que não dependem de internet; as TIDC, por sua vez, obrigatoriamente requerem a internet para sua classificação e funcionamento. Baseando exclusivamente na comunicação, divulgação, produção e disseminação de informações, poderiam ser citados como exemplos de TIDC os aparelhos celulares (Figura 5) e os computadores (Figura 6). Lembre-se de que as TIDC, figuram como ferramentas que, para seu correto funcionamento, necessitam de tecnologias e, nesse caso, nos referimos a aplicativos e softwares utilizados para a comunicação entre os pares. As fronteiras da comunicação e da acessibilidade expandem-se quase que infinitamente nesse sentido, pois as possibilidades aqui tornam-se infinitas. Inicialmente, a primeira ferramenta para comunicação e divulgação do conhecimento foi o e-mail, que basicamente representava uma carta que você envia por meio digital para alguém que está distante. A crescente necessidade de comunicação de divulgação de informações em massa resultou na expansão desse serviço de comunicação para o envio de dados em rede, o “World Wide Web” (WWW) que é o serviço de acesso de páginas da internet (Figura 7) que utilizamos atualmente. 7 Figura 5 – O celular é uma TIDC desenvolvida para encurtar distâncias e barreiras na comunicação Figura 6 – Os computadores podem ser considerados, atualmente, uma das mais importantes TIDC já criadas pelo homem Figura 7 – A World Wide Web (WWW) revolucionou a forma de comunicação digital e interação entre as pessoas Fonte: https://elements.envato.com/pt-br/old-cell-phone-PDNWRJV. Acesso em: 18 out. 2022. Fonte: https://br.freepik.com/fotos-gratis/laptop-com-tela-em-branco_951866.htm#query=cOMPU- TADOR%20DESKTOP&position=13&from_view=search. Acesso em: 18 out. 2022. Fonte: https://br.freepik.com/vetores-gratis/ilustracao-de-personagens-e-conceito-www_3207926. htm#query=INTERNET%20WWW&position=12&from_view=search. Acesso em: 18 out. 2022. 8 O desenvolvimento de tecnologias digitais foi rapidamente cedendo espaço a outras tecnologias e, em pouco tempo, os celulares possibilitavam esta comunicação por meio do envio de mensagens com pequeno número de caracteres. Os primeiros aparelhos com essas tecnologias não possuíam teclado adaptado para o envio de mensagens SMS (Figura 8), mas nem isso impediu o avanço rápido para a comunicação por emojis e figurinhas. Como você deve estar imaginando, esse foiapenas o embrião de uma forma de comunicação que rapidamente mostrou-se muito prática e recebeu um número cada vez maior de adeptos e usuários, de modo que temos como evolução desse serviço, os aplicativos para celular especializados em conversas e trocas de mensagem, por exemplo, o WhatsApp e o Messenger, que estão listados dentre os dez aplicativos mais acessados pelos brasileiros no ano de 2020 (Figura 9). A nossa forma de comunicação também evoluiu, agora não temos mais um número limitado de caracteres para digitar em cada mensagem e as possibilidades também se expandiram: mensagens de voz, emojis, figurinhas, gifs, vídeos curtos, arquivos etc. e até dinheiro pode ser encaminhado por este aplicativo! Figura 8 – Os primeiros aparelhos de celular não eram adaptados para o envio em massa de mensa- gens SMS, muito diferente da tecnologia atual Fonte: https://br.freepik.com/vetores-gratis/nova-ilustracao-do-conceito-de-mensagem_6183565. htm#query=MENSAGEM%20SMS&position=4&from_view=search. Acesso em: 18 out. 2022. 9 Figura 9 – WhatsApp e Messenger estão listados entre os aplicativos mais acessados no celular pelos brasileiros Fonte: https://br.freepik.com/vetores-gratis/colecao-de-logotipo-de-midia-social_3909630.htm#- query=WHATSAPP%20E%20MESSENGER&position=10&from_view=search. Acesso em: 18 out. 2022. O ser humano é um ser social e, como tal, não deixa de ser também um animal curioso e inteligente. Em se tratando do desenvolvimento de ferramentas tecnológicas, não mede esforços para suprir suas necessidades de comunicação e inovação. Digitalmente, seja pelo acesso ao computador seja pelo acesso ao celular, novas ferramentas são constantemente criadas e têm seu uso expandido. Para você, enquanto cidadão, qual o uso das redes sociais atualmente? Pare por um instante e reflita a esse respeito. As primeiras redes sociais, criadas apenas para acesso pelos computadores e fazendo uso da internet, surgiram com a finalidade de aproximar as pessoas e formar grupos de amigos com afinidades em comum. As páginas eram fechadas e com um número até limitado de usuários que poderiam interagir com elas ou, como no caso do Orkut (uma das primeiras redes sociais a se tornar viral no Brasil), você precisava ser convidado para se tornar um usuário. Rapidamente, novas ferramentas surgiram e nos permitiram compartilhar fotos, depoimentos, mensagens em vídeo e até mesmo mandar um “body poke”, um boneco semelhante ao avatar do mundo de realidade virtual. Logo em seguida Facebook, Instagram, Flickr e tantas outras redes se popularizaram e se adaptaram para permitir o acesso também por celulares com o desenvolvimento da tecnologia android. 10 Como já mencionado anteriormente, as redes sociais enquanto ferramentas de interação também passam por aprimoramentos e adaptações, conforme as necessidades crescentes de seus usuários. Um bom exemplo é o Instagram, criado como aplicativo para compartilhamento de fotos e vídeos curtos, foi considerado, no início da década de 2020, como uma importantíssima ferramenta de comércio e empreendedorismo no Brasil. Nesse sentido, podemos citar também o LinkedIn, o TikTok e tantas outras redes sociais que surgiram e se popularizaram nos últimos anos. Muito interessante pensar que, em nosso dia a dia, estamos cercados de TIC e TIDC e nem sempre nos damos conta, não é mesmo? DICA Ficou curioso para conhecer mais sobre a história das redes sociais? Não deixe de ler esta matéria superinteressante do site Techtudo: História das redes sociais: do tímido classmates até o boom do Facebook. Para acessar a matéria click no link: https://www. techtudo.com.br/noticias/2012/07/historia-das-redes-sociais.ghtml. 2.2 TIC E TIDC COMO FERRAMENTAS PEDAGÓGICAS Até aqui você leu sobre as TIC e aprendeu a diferenciá-las das TIDC e refletiu como elas estão inseridas em seu dia a dia pessoal e profissional. Você já refletiu sobre o uso e a aplicação dessas tecnologias em sala de aula? No ano de 2007, Fátima Debald, em seu trabalho TIC e prática pedagógica universitária, já refletia sobre o crescente avanço e desenvolvimento das tecnologias e observou que ele não era observado em sala de aula. Como está sua realidade em sala de aula atualmente? Pare e reflita se você concorda ou discorda com a autora. Seja na educação básica, seja no ensino universitário ou, ainda, em cursos livres e cursos de pós-graduação, vivenciamos atualmente um certo receio dos professores com relação ao uso e aplicação de determinadas tecnologias digitais em sala de aula. Seja por insegurança, seja por indisponibilidade de recursos ou até mesmo por acreditar que elas atrapalharão o aprendizado de seus alunos. 11 Neste curso, convidamos você a abrir sua mente e ver as tecnologias como aliadas no processo de ensino-aprendizagem em suas aulas, em qualquer das esferas de educação. Você aprenderá que, em algumas situações, autorizar o uso do celular para uma pesquisa ou passar um vídeo animado para ilustrar um conceito pode ser um grande aliado no aprendizado de seus alunos. Indo um pouco além, você verá que até mesmo as redes sociais e a aplicação de tecnologias interativas para jogos e dinâmicas podem mudar sua forma de trabalhar determinados conteúdos em suas aulas e tornar o aprendizado mais atrativo para seus alunos. Lembre-se de que o professor deve ser o mediador do conhecimento e guiar seu aluno por meio de um caminho de inúmeras descobertas e aprendizado ativo. ESTUDOS FUTUROS Ansioso para aplicar as TIC e TIDC em suas aulas? Ainda, neste material, você receberá dicas para implantar as metodologias ativas de ensino em suas aulas. Não se preocupe, a Etapa 4 é dedicada exclusivamente para a apresentação de sites e softwares que você poderá utilizar para criar e planejar aulas mais dinâmicas e interativas. Até aqui mencionamos apenas o ensino presencial e como as tecnologias podem ser (e são) valiosas aliadas para esse aprendizado. Assim, perguntamos: é possível existir ensino na modalidade a distância sem o uso de tecnologias digitais? Caso sua resposta tenha sido não, sentimos muito em dizer que a resposta é sim! É fato que o advento da internet, hoje em dia acessível à grande parcela da população, expandiu e até extinguiu fronteiras e possibilitou a chegada do ensino em regiões onde antes era impensável. No entanto, mesmo não recebendo a terminologia de EAD, ou seja, Educação a Distância, as TIC (e não as TIDC) há muito já foram utilizadas para possibilitar o ensino-aprendizagem fora da sala de aula física, seja em momentos síncronos ou seja em momentos assíncronos. 12 DICA O ensino na modalidade educação a distância ou educação não presencial pode receber diferentes classificações, conforme a presencialidade e a interação entre professor e aluno. A seguir, alguns conceitos importantes para o seu entendimento: Educação a Distância (EAD): modalidade de ensino em que o aluno e o professor não interagem diretamente. Nessa modalidade, geralmente o material é previamente preparado pelo professor e disponibilizado no AVA em forma de apostilas, podcasts, videoaulas e exercícios. Remoto: ensino na modalidade presencial virtual. Nesse modelo de aulas, adotado com autorização do MEC durante a pandemia da Covid-19, professor e aluno devem permanecer conectados e interagindo por aplicativos de videoconferência, fórum e AVA. Na impossibilidade de ambos estarem presentes no mesmo ambiente físico, durante o horário programado para a aula, ela será ministrada utilizando tecnologia digitais (TIDC). O ensino remoto pode combinar momentos síncronos e momentos assíncronos. Síncrono: a interação entre o professor e o aluno deve ocorrer presencialmente ou de forma remota, em tempo real. No ensino presencial, o momento de interação síncrona corresponde ao ensino em sala de aula, no qual professor e aluno interagem de forma presencial. Basicamente, o professor ministra aulas e atividades da forma como estamos habituados. No ensino remotoou no ensino virtual, professor e aluno podem interagir por aplicativos de videoconferência, em que ambos se conectam e interagem, simulando um ambiente de aula presencial. Embora seja incomum no Brasil, esta modalidade de interação pode ocorrer também pelo AVA, em trocas de mensagens instantâneas por chats e fóruns de mensagens ou utilizando as redes sociais para comunicação. Assíncrono: a interação entre o professor e o aluno não ocorre em tempo real. Essa forma de interação, mais associada ao ensino EAD, pode ocorrer também com o ensino presencial que, então, torna-se híbrido. A interação assíncrona obrigatoriamente requer que professor e aluno não estejam no mesmo ambiente físico e utilizem tecnologias digitais para sua comunicação, como o AVA. No ensino presencial, os momentos assíncronos são representados por aquelas atividades desenvolvidas fora da sala de aula, por exemplo, realizar uma tarefa de casa. O aluno trabalha e desenvolve seu aprendizado ativamente na ausência do acompanhamento do professor. O ensino a distância, por sua vez, é realizado de forma totalmente assíncrona, uma vez que, por essa modalidade, 13 professor e aluno não interagem em tempo real. O professor elabora seu material de aula, posta no AVA e o aluno estuda em locais e horários que for mais conveniente a ele. Em determinadas situações, como em cursos de formação, pode nem mesmo haver interação entre o professor e o aluno. Então, já descobriu como é possível ter um modelo de educação a distância sem o uso de tecnologias digitais de ensino? Vivendo em uma sociedade hiperconectada e quase totalmente dependente de tecnologias digitais, essa parece mesmo ser uma realidade improvável. Faça uma viagem no tempo e imagine como seria estudar antes do advento da internet? Quais seriam as possibilidades de aprendizado para aqueles que não poderiam estar presencialmente em uma sala de aula? Um ensino EAD sem TIDC é sim uma possibilidade, mas não um ensino sem TIC! É bem provável que, em algum momento de sua formação, você tenha feito um curso de língua estrangeira, tenha aprendido a tocar um instrumento musical ou até feito aulas de artesanato a distância! Muito antes do advento da internet, em bancas de jornais e revistas ou encomendando pelos correios, podíamos comprar cursos de aprendizado por “revistinhas” e manuais que recebíamos em casa. Se formos rever o significado da sigla EAD, temos que é uma modalidade de Ensino a Distância, ou seja, sem a presença física e a interação direta com o professor. Portanto, ao comprar aquelas coleções de cursos de inglês (Figura 10) ou de violão, por exemplo, que você contratava o serviço e recebia os livros com instruções, conteúdo teórico e exercícios para estudo, você estava desfrutando de um ensino EAD. Em alguns casos, você deveria inclusive responder à prova e postar pelos correios para correção do professor, para só então receber sua certificação. Da mesma forma, várias pessoas aprenderam técnicas de pintura, costura, carpintaria e tantos outros trabalhos manuais. 14 Figura 10 – Antes da criação de cursos EAD pela internet, você podia aprender uma nova língua comprando coleções em bancas de revista e estudando em casa Fonte: https://br.freepik.com/fotos-gratis/livro-de-ingles-descansando-na-mesa-do-espaco-de-tra- balho_27301331.htm#page=3&query=curso%20de%20ingles%20livros&position=28&from_ view=search. Acesso em: 18 out. 2022. Mencionamos até agora apenas cursos de formação complementar. Será que esta realidade poderia ser aplicada também ao ensino básico (Ensino Fundamental e Ensino Médio) e ao Ensino Superior? Sabemos que hoje podemos cursar o Ensino Superior e a pós-graduação na modalidade 100% EAD e, antes disso, também era possível com o uso das TIC. Um bom exemplo é o programa denominado Telecurso 2000 (Figura 11), em que o aluno matriculado tinha a possibilidade de estudar pelos livros que recebia em casa, lendo o material e resolvendo as atividades propostas. Ao final de cada módulo, ele respondia a uma prova e, caso atingisse a pontuação necessária, recebia o certificado de aprovação. Figura 11 – Em parceria com organizações governamentais e emissoras de TV, o Telecurso 2000 possibilitou a jovens e adultos que retomassem os estudos fora do ambiente escolar Fonte: http://www.fmserranegra.net/upload/noticia/593/01_telecurso2000.jpg. Acesso em: 18 out. 2022. 15 Figura 12 – O canal Futura é um exemplo de canais de TV dedicados exclusivamente à transmissão de conteúdos educacionais Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Futura_3d_claro_png.png. Acesso em: 18 out. 2022. Fazendo um bom uso das TIC, esse programa, assim como outros que foram criados nesta época, também possibilitava ao aluno acompanhar aulas dinâmicas gravadas por professores contratados, que passavam em canais específicos da TV e em horários alternativos. Você poderia tomar seu café da manhã assistindo a uma aula de Física, às 6h e, após o jantar, acompanhar a aula de História, transmitida às 22h! Esses programas foram essenciais para formação e qualificação profissional de inúmeros jovens e adultos que, por precisarem trabalhar, não tinham tempo para frequentar a sala de aula. Indo um pouco além, o desenvolvimento de antenas parabólicas e da transmissão via rádio e TV levou o ensino a regiões mais remotas e pequenas comunidades, que igualmente não teriam a mesma possibilidade ofertada nos grandes centros. À noite as escolas abriam suas portas aos jovens e adultos que assistiam a essas aulas pela televisão e ainda contavam com a presença de um professor tutor, com o qual poderiam interagir e tirar dúvidas em tempo real. Essa modalidade se assemelha bastante ao ensino do Educação de Jovens e Adultos (EJA) que é adotado atualmente. Um projeto de tanto sucesso resultou na criação, desenvolvimento e expansão de canais dedicados a esse contexto educativo, por exemplo, o Canal Futura (Figura 12), que é um dos pioneiros nesta modalidade. Muito interessante, não é mesmo? Então se prepare que a partir de agora você estudará um pouco mais a fundo essas novas ferramentas e metodologias de ensino para, em seguida, aprender como aplicá-las em suas aulas. 16 DICA As TIC dominam a educação muito antes do surgimento da internet. Elas estão presentes na TV e no vídeo cassete que eram utilizados para passar um filme em sala de aula, no projetor de slides, no computador e em qualquer outra tecnologia que utilizamos. Para entender mais sobre o uso das TIC na educação, assista ao vídeo TIC educação – conexão futura no canal Futura no YouTube. Nesse vídeo, a apresentadora Larissa Werneck entrevista a coordenadora da pesquisa TIC Educação, Daniela Costa, e André Ferreira, coordenador pedagógico da Escola Sesc de Ensino Médio. Os entrevistados comentam sobre a pesquisa TIC Educação 2015, realizada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil, que avaliou a incorporação de ferramentas tecnológicas nas escolas públicas e privada e sua aplicação como ferramenta pedagógica. Assista ao vídeo clicando no link: https://www.youtube.com/watch?v=n4BXfVCh9J4. 3 O ENSINO HÍBRIDO COMO METODOLOGIA O ensino híbrido, metodologia que já é intensamente aplicada no Ensino Superior, ocorre quando uma determinada disciplina mescla períodos presenciais com períodos on-line em sua metodologia de ensino (BACICH; TANZI NETO; TREVISANI, 2015). Não confunda o ensino híbrido com o ensino remoto, pois, na primeira modalidade, obrigatoriamente, parte do conteúdo de determinada disciplina deve ser ministrado na modalidade EAD. Para que o ensino híbrido seja desenvolvido corretamente, é necessário que a instituição de ensino (escola ou universidade) invistam não apenas na qualificação de seus professores, mas também na aquisição e no desenvolvimento de ferramentas de ensino-aprendizagem, além da disponibilização de recursos materiais para professores e estudantes (BARCELOS; BATISTA, 2019). A implantação dessa modalidade de ensino requerum rigoroso suporte tecnológico para professores e alunos e a formação profissional em tecnologias e educação para professores e demais profissionais envolvidos no processo ensino-aprendizagem. O uso 17 dessas tecnologias promove mudanças no tempo e no espaço, além de imergir o aluno em uma modalidade na qual ele deve ser o protagonista de sua história, ou seja, cada vez ele constrói o seu aprendizado de forma autônoma. Com relação ao professor, qual é o seu papel? Não se engane achando que se tornará dispensável, muito pelo contrário, assumirá a importante tarefa de guiar o aluno, mostrando e ensinando a ele o uso das principais ferramentas e esclarecendo suas dúvidas. Mais que isso, podemos dizer que o professor construirá suas aulas e sua metodologia de ensino, a partir das dúvidas trazidas pelo aluno após o aprendizado de forma autônoma em seus momentos assíncronos. Até aqui ficou bem claro que a implantação da modalidade híbrida de ensino requer o investimento maciço em tecnologias digitais de educação, as TIDC. Isso não significa que, simplesmente implementar o uso dessas tecnológicas aliada à alteração da carga horária presencial de ensino já será o suficiente para que a instituição de ensino (escola ou universidade) tenha sucesso na implementação do ensino híbrido. A seguir, você aprenderá as metodologias de implementação com sucesso do ensino híbrido como modalidade de ensino, assim como suas vantagens e desvantagens. 3.1 ENSINO HÍBRIDO O ensino híbrido é uma modalidade de ensino que mescla momentos de interação síncrona com o professor e momentos assíncronos, em que o aluno é protagonista de seu próprio aprendizado (SALES et al., 2021). Até o início da década de 2020, com suporte e incentivo do MEC, o ensino híbrido era uma realidade quase exclusiva de instituições de Ensino Superior. No entanto, em março de 2020, com a rápida disseminação da pandemia da Covid-19 no Brasil, o ensino remoto foi implementado em caráter emergencial e, em consequência dessa adaptação, algumas escolas adotaram também a metodologia de educação híbrida. Segundo Maria Helena Guimarães (2021), presidente do Conselho Nacional de Educação, este cenário apenas abreviou um processo que já acontecia muito lentamente e, uma vez retomado o ensino presencial, é grande a possibilidade de o ensino híbrido permanecer como metodologia implementada em sala de aula. 18 DICA Maria Helena Guimarães, presidente do Conselho Nacional de Educação, em entrevista ao canal Conexia, traz dicas, informações e esclarecimentos para gestores e educadores sobre o ensino híbrido com excelência. Não deixe de assistir. Para ter acesso ao vídeo, clique no link: https://www.youtube.com/watch?v=u97E0T4a31c. A educação no século XXI deve acompanhar um processo que já vivenciamos em nossas vidas diariamente e, inclusive, em nossas atividades laborais, a imersão em um mundo tecnológico. As crianças e os jovens nascidos a partir da década de 1990 são chamados nativos digitais, o que é bastante apropriado para sua realidade, pois já nasceram na era da internet e do desenvolvimento tecnológico digital. Para eles, portanto, é bastante natural fazer uso de tecnologias para brincar, descansar, vivenciar momentos em família e, por que não para estudar? Nesse sentido, a implementação de dispositivos e ferramentas tecnológicas de ensino, aliando momentos educacionais presenciais e a distância, pode vir a suprir essa crescente necessidade de imersão digital. A implantação do ensino híbrido em escolas e universidades deve ser um processo colaborativo entre gestores e professores, não apenas no que tange ao treinamento, mas principalmente com relação ao planejamento das atividades pedagógicas. Essa metodologia de ensino não deve se restringir a dividir o conteúdo em partes a serem ministradas presencialmente e partes a serem estudadas na modalidade a distância. Além disso, ao contrário do que foi implementado em várias escolas, também não se restringe a dividir os alunos em grupos que acompanharão as aulas presencialmente ou na modalidade on-line. Obviamente, em decorrência da pandemia de Covid-19, isso se fez necessário em várias escolas, mas também ficou claro o prejuízo ao entendimento e aproveitamento dos alunos. Segundo Bacich, Tanzi Neto e Trevisani (2015), o sucesso da metodologia híbrida de ensino requer, acima de tudo, engajamento e comprometimento dos alunos em estudarem e desenvolverem as atividades nos momentos de interação on-line ou utilizando as ferramentas assíncronas. Por outro lado, é importante frisar que os 19 gestores das instituições devem incentivar seus professores a adotarem as ferramentas tecnológicas para aplicação nesses momentos de interação. A escola, por sua vez, deve comprometer-se a fornecer o acesso a essas tecnologias e oferecer treinamento adequado a seus professores, inclusive contando com um profissional da área de TI que possa oferecer o suporte adequado. Cabe ao professor, enquanto gestor de sua sala de aula e de seu conteúdo, decidir em seu planejamento de aula, qual conteúdo poderá ser explorado com ferramentas virtuais e tecnológicas e qual o conteúdo que requer, obrigatoriamente, que seja trabalhado de forma presencial. IMPORTANTE O ensino híbrido e a educação tecnológica não requerem, necessariamente, o investimento em tecnologias de ponta e a formação acadêmica em áreas específicas. Eles podem ser implementados em qualquer interface de ensino, do básico à pós-graduação e, muitas vezes, utilizando recursos que você tem em mãos em sua sala de aula. Veja a seguir alguns exemplos: Laboratório de Informática: uma aula realizada no laboratório de informática já é uma implementação de um ensino híbrido, pois, neste momento, o aluno será transportado para fora da sala de aula presencial. Utilize um site interativo para revisão de um conteúdo com resolução de questões, faça uma visita a um museu virtual ou libere o acesso a redes sociais educacionais para que o aluno procure seu próprio material de estudo. Celular: a ferramenta QR Code tornou-se bastante popular entre produtos, restaurantes, comerciais etc., e por que não fazer uso dela na escola? Disponibilize ao final de uma aula expositiva um QR Code em que os alunos poderão ter acesso a um conteúdo complementar, em texto ou vídeo. Isso estimulará seu acesso e o estudo em um momento fora da sala de aula. Redes sociais: você conhece ou é usuário de uma rede social profissional? Sabia que elas podem ser grandes aliados no aprendizado de seus alunos? LinkedIn e YouTube Edu são listadas como aquelas mais acessadas nos últimos anos. No YouTube Edu, você encontra animações, videoaulas, palestras, entrevistas e vários conteúdos que podem ser sugeridos aos alunos como forma de complementar seus estudos. O LinkedIn, muito utilizado como rede social profissional, tem muito mais que ofertas de empregos, nele também são divulgados eventos e cursos, ideais para o ensino universitário. Essas ferramentas são grandes aliados para o professor e para o aluno. 20 Compreender todos os processos que envolvem o ensino híbrido e, mais que isso, as diversas possibilidades de ferramentas educacionais que podem ser exploradas nessas metodologias são essenciais para o sucesso do processo ensino-aprendizagem. Em parte, o sucesso dessa metodologia concentra-se na atratividade para o aluno, que passa encarar as aulas e a instituição de ensino, como um ambiente mais atrativo e o aprendizado se torna divertido. E quanto ao professor? Disciplinas híbridas não precisam, necessariamente, significar disciplinas com sobrecarga de trabalho e atividades a corrigir, elas podem representar também para você momentos de maior aprendizado e diversão na interação com o aluno em atividades dinâmicas. 3.2 VANTAGENS, DESVANTAGENS E PONTOS DE ATENÇÃO NA IMPLEMENTAÇÃO Como você aprendeu até o momento, a modalidade de ensino híbrido não é algo engessado e que deva seguir um padrão obrigatório.Na verdade, uma de suas vantagens é que o professor passa ter maior liberdade no planejamento de suas aulas, dispondo, dessa forma, de uma variedade maior de ferramentas que pode adotar na condução de suas aulas e no aprendizado de seus alunos. Embora não seja necessariamente uma metodologia de ensino nova, Sales et al. (2021) destaca que o ensino híbrido se popularizou nos anos 2020, em virtude da implementação emergencial do ensino remoto. Usando essa situação em particular como exemplo, percebemos uma das maiores vantagens do ensino híbrido, que é a sua flexibilidade de acompanhamento do aluno. Utilizando as ferramentas digitais e educacionais, é possível realizar o ensino de forma remota síncrona, ou seja, por meio de videoconferências, utilizando aplicativos desenvolvidos especificamente para este fim. Desse modo, estudantes de uma mesma turma ou até mesmo de escolas e cidades diferentes podem interagir em tempo real. Outro ponto positivo a ser destacado é que alunos e professores, mesmo quando distantes fisicamente, podem interagir em tempo real e tirar suas dúvidas ou realizar atividades colaborativas em grupo, incentivando a participação ativa do aluno (CELESTINO; NORONHA, 2021). Nas metodologias de ensino atuais, há uma tendência cada vez mais crescente de mudança no paradigma da educação tradicional, quando o aluno era um sujeito passivo em seu processo de aprendizagem. 21 A educação na era pós-moderna requer que o aluno seja protagonista de sua história e contribui para formar cidadãos ativos, com voz e pensamento crítico. As metodologias ativas e o modelo de ensino híbrido são ideais para trabalhar esses parâmetros dentro e fora da sala de aula, inclusive no ensino infantil, contribuindo para a formação do aluno enquanto acadêmico e enquanto cidadão (CELESTINO; NORONHA, 2021). O ensino híbrido promove a autonomia do aluno e estimula sua busca ativa pelo conhecimento e, mais que isso, cabe ao estudante a definição de quando, onde e com quem estudará o conteúdo ofertado de modo assíncrono (BARCELOS; BATISTA, 2019). Finalizando o escopo de vantagens dessa metodologia, ela pode suprir uma falha constantemente elencada pelos professores em salas de aula presenciais e, principalmente, que trabalham a metodologia tradicional de ensino: o “ensino padrão” para todos os alunos. Sabemos, como docentes, que nem todos os alunos aprendem de forma homogênea a todos os conteúdos ministrados e, além disso, que há alguns alunos que requerem maior atenção e cuidado na avaliação de seu aprendizado. O ensino híbrido possibilita ao professor que implemente, em sala de aula, diferentes ferramentas educativas e, mais que isso, avaliativas, conforme a disciplina ou o conteúdo ministrado. Como resultado, ele desenvolve uma educação personalizada, conforme as necessidades de sua disciplina, da faixa etária de seu aluno e, essencialmente, de suas deficiências de aprendizado (BACICH; TANZI NETO; TREVISANI, 2015). A identificação de pontos carenciais no aprendizado dos alunos permite a definição e implantação de ferramentas pedagógicas, tecnológicas e sociais, elaboradas especificamente para o perfil de cada turma. Uma vez identificado o déficit de um conteúdo ministrado anteriormente, por exemplo, o professor pode elaborar um material de apoio e disponibilizar como atividade a ser desenvolvida como parte do ensino EAD de sua disciplina. Outra possibilidade é solicitar que ele estude um conteúdo teórico e, no momento do encontro presencial, o professor se encontra com este aluno no laboratório para realização de experimentos práticos e, então, trabalhe os conteúdos teóricos já estudados. Obviamente, nem tudo são flores na implementação do ensino híbrido e, em grande parte, os obstáculos podem surgir em consequência da realidade vivenciada por cada escola ou instituição. É preciso ressaltar, além disso, que uma metodologia mal implementada ou mal aplicada pode surtir efeito contrário e desestimular o aluno em seu processo de aprendizagem. Estudos diversos relatam, por parte de professores da educação básica e do Ensino Superior, que se sentem despreparados para o uso de tecnologias em suas aulas, por acreditarem que não serão capazes de ministrar o conteúdo de forma adequada (BACICH; TANZI NETO; TREVISANI, 2015; SALES et al., 22 2021, BARCELOS; BATISTA, 2019; CELESTINO; NORONHA, 2021). No entanto, o que se observa na prática, é uma deficiência no uso da ferramenta por falta de aptidão ou ausência de treinamento. Como contornar este problema? Torne o aluno o seu aliado e solicite a ele que auxilie com o uso do computador ou do aplicativo ou que procure um tutorial, além de aproximar professor e aluno, você incentivará seu protagonismo. O estudante, por sua vez, também pode demonstrar receio e até falta de aptidão por essa nova forma de ensino, o que nem sempre será culpa dele. Tendo participado de uma formação essencialmente tradicionalista, ele habituou-se a receber todo o conteúdo pronto e apenas absorvê-lo, como um indivíduo passivo. Ao receber a proposta de tornar- se sujeito ativo de seu aprendizado, ele pode mostrar-se receoso e pouco receptivo ou, em alguns casos, julgar-se incapaz (BARCELOS; BATISTA, 2019). Então, cabe ao professor, em um diálogo aberto com seus alunos, mostrar que sempre se fará presente como guia de seu aprendizado e só então iniciar a implementação dessas ferramentas e metodologias. A implementação de novas formas de ensino, mantendo as velhas formas de avaliação, não devem surtir os efeitos desejados, não é mesmo? Por isso, na Etapa 3 deste curso, você aprenderá novas formas de avaliação formativa e diagnóstica ideais para implementação com as metodologias ativas e o ensino híbrido. Você aprenderá também as competências socioemocionais e educacionais que devem ser desenvolvidas por seus alunos durante seu processo de ensino-aprendizagem. Agora que você já compreendeu como funciona o ensino empregando a metodologia híbrida, deve ter percebido que ele envolve diretamente o emprego de metodologias ativas de ensino. Por isso, preste atenção na dica a seguir e, em seguida, iniciaremos o estudo das metodologias ativas. DICA Neste webinar, a Drª Lilian Bachich conversa com outros professores em um debate superinteressante sobre metodologias ativas e ensino híbrido na prática. Assista ao vídeo e acompanhe os resultados da implementação dessa metodologia de ensino pelo Grupo de Experimentação em Ensino Híbrido, parceria entre a Fundação Lemann e o Instituto Península, em colaboração com Clayton Christensen Institute. Para ter acesso ao vídeo, clique no link: https://www.youtube.com/watch?v=m4SkWESZuPc. 23 4 METODOLOGIAS ATIVAS O uso das TIC e TIDC em sala de aula revolucionou a forma de ensino-aprendizagem, principalmente para os alunos nativos digitais. Aliado a isto, a implantação do ensino híbrido e de novos paradigmas da educação, somados à necessidade de formação de sujeitos ativos e com pensamento crítico, revolucionou também as formas de aprendizagem e fez cair por terra a “educação tradicional”. As novas formas de ensinar e de aprender requerem, cada vez mais, a implementação de novas metodologias ativas de aprendizagem, que incentivam a participação ativa do aluno e a interação aluno- professor. ESTUDOS FUTUROS Muito se tem comentado sobre a educação do futuro e as quebras nos padrões tradicionalistas de ensino e no papel do aluno como protagonista de seu aprendizado. Não raro, os professores podem se sentir apreensivos com essas mudanças e seu significado. Ainda, neste material, abordaremos a temática Professor do futuro: quais suas características e qualificações e, além disso, traremos dicas e tutoriais de ferramenta que você poderá utilizar em suas aulas. 4.1 METODOLOGIAS ATIVAS: CONCEITO E IMPORTÂNCIA O que seriam metodologias ativas? Embora muitos professores nem sempre se deem conta, todos nós aplicamos sabiamente essas ferramentas de aprendizagem em nossasaulas, sempre que colocamos o aluno como protagonista em sala de aula. Em outras palavras, qualquer abordagem que incentive a participação ativa do aluno, seja em um debate seja na apresentação de um seminário, por si só já constitui uma metodologia ativa de aprendizagem. De acordo com os professores Charles Bonwell e James Eison, no livro Active learning: creating excitment in the classroom, lançado em 1991 (MARTINS, 2020), metodologias ativas de aprendizagem são técnicas pedagógicas baseadas em atividades instrucionais que tenham por objetivo engajarem os estudantes a participarem ativamente e serem os protagonistas na construção de seu conhecimento. 24 Como assim protagonista? O aluno deve ser o ponto central do aprendizado e deve buscar ativamente por construir seus próprios conceitos e desenvolver suas habilidades. Talvez esse seja o maior diferencial e relação ao “ensino tradicional”, pois não é recomendado que o aluno receba o conteúdo pronto de seus professores, mas sim que este o guie em um processo de construção em conjunto. A sala de aula também adquire um novo formato no qual, ao invés de carteiras expostas em filas, os alunos são incentivados a sentarem frente a frente em círculos ou em pequenos grupos e interagirem diretamente (Figura 13). Os conceitos são assimilados por atividades práticas e experimentais e utilizando como exemplos situações que façam parte de sua cultura e de seu aprendizado. Outro ponto importante a ser considerado refere-se ao retorno que o aluno dá ao seu professor, que, nessa metodologia, é um feedback imediato, pois há estímulo para que essa interação ocorra. Na forma tradicional de ensino, o aprendizado será avaliado apenas durante as avaliações e não há incentivos para o feedback. Figura 13 – Um diferencial da implementação de metodologias ativas é que os alunos e o professor podem sentar-se em círculos e interagir para a construção colaborativa do conhecimento Fonte: https://elements.envato.com/pt-br/young-teacher-during-the-lesson-with-pupils-in-the-B- CAKCND. Acesso em: 18 out. 2022. 25 Caso você esteja se perguntando como aplicar isso em seu dia a dia da sala de aula, não se preocupe que, neste curso, você descobrirá como é simples. Suponha que você precisa ensinar um contexto histórico importante, por exemplo, a independência do Brasil em uma aula de história. Nesse caso, você pode adotar o Story telling. Convide o aluno a se tornar um personagem dessa história e imaginar que ele estava às margens do Ipiranga, no exato momento em que ouviu Independência ou Morte. Incentive seus alunos a lerem a esse respeito e encenarem essa passagem em sala de aula. Temos certeza de que será uma experiência muito divertida para alunos e professor, principalmente se aliarmos às aulas de Artes, por exemplo, para confecção dos artefatos que serão utilizados na encenação. A construção do conhecimento acontecerá naturalmente, de forma espontânea e divertida. Lembre-se de que, qualquer que seja a ferramenta adotada para aplicação das metodologias ativas, o importante é que o professor não pode ser o centro do ensino e detentor de todo o conhecimento. O aluno é o centro de todo o aprendizado e, portanto, deve participar ativamente das aulas e das atividades e construir ou seu conhecimento e desenvolver uma opinião própria a este respeito. Um dos grandes diferenciais da aprendizagem ativa, segundo Santos (2019), é que esta dá um salto na relação professor- aluno, que passam a ser vistos como iguais e a criação de laços ou vínculos entre eles é incentivada. O professor não é mais visualizado como aquela figura autoritária e sem sentimentos que está acima do aluno e este, por sua vez, não é uma “caixa vazia” que se encherá de informações prontas. Professor e aluno são seres humanos com suas emoções e personalidades e, como tal, podem desenvolver relações afetuosas e de amizade. Essa mudança comportamental dá ao aluno liberdade e conforto para maior interação e independência e, pouco a pouco, ele se torna protagonista de seu aprendizado. O papel do professor seria o de mediador do conhecimento, orientando e conduzindo seus alunos em sua trilha de aprendizado dentro e fora da sala de aula, com atividades baseadas na solução de problemas cotidianos. O aluno, como sujeito ativo, deve contribuir com ideias, soluções, argumentos e experiências já vivenciados (BACICH; MORAN, 2017). Considerando a escola ou universidade como um local não apenas de aquisição de conhecimentos acadêmicos, mas de formação de um sujeito social, essas interações são importantes para a formação de seu caráter, tornando-o uma pessoa independente, responsável, proativa e ética. 26 A implementação das metodologias ativas de ensino, seja na modalidade presencial ou na modalidade de educação a distância, possibilita a implantação de um ambiente de igual oportunidade de aprendizagem para todos os alunos (MARTINS, 2020). Por meio dessa interação direta com seus alunos, o professor pode identificar os pontos de maior dificuldade em seus conteúdos e suas turmas e, dessa forma, adaptar sua metodologia conforme a necessidade de seus alunos. Outro ponto bastante vantajoso a ser destacado é que, ao interagir uns com os outros, os próprios alunos auxiliam no aprendizado de seus pares e, ao ensinar, podem aprender também (Figura 14). Figura 14 – A aprendizagem colaborativa, marcada principalmente pelas atividades desenvolvidas em grupo, torna as aulas divertidas e atrativas quando implementada junto à cultura maker Fonte: https://elements.envato.com/pt-br/classroom-for-group-of-multiracial-schoolkids-on-s-VV5L- FRH. Acesso em: 18 out. 2022. INTERESSANTE Agora que você já constatou que a implantação de metodologias ativas em sala de aula pode ser um processo divertido e dinâmico, veja quais os benefícios de sua implantação em sala de aula, segundo Diesel, Baldez e Martins (2017): 27 Envolvimento e engajamento: alunos e professores sentem-se mais estimulados e o processo de ensino-aprendizagem tornar-se mais prazeroso e atrativo. Diversos estudos comprovam que, ao se sentirem mais valorizados, os alunos dedicam-se mais aos estudos, resultando em menores índices de evasão e reprovação. Autonomia: o aluno, vendo-se como protagonista e único responsável por seu aprendizado, sente-se mais comprometido com seus estudos. Além de desenvolver responsabilidade, ele interage com seus pares e o aprendizado pode ser construído de forma individual ou coletiva, conforme a metodologia empregada. Pensamento crítico: o aluno aprende a relacionar-se com diferentes temáticas e a conviver com as diferenças, observando situações de seu dia a dia e de sua comunidade sobre perspectivas diversas. Ao construir e expor suas ideias e opiniões, torna-se um indivíduo crítico perante a sociedade. Criatividade: atividades experimentais e resolução de situações-problema exigem dos alunos que saiam de sua zona de conforto e façam suas próprias escolhas, enfrentando situações de erros e tentativas. Baseado em seus erros, o professor medeia a construção de novas soluções e, assim, passo a passo, vai sendo construído o aprendizado. Inovação: a implementação de metodologias ativas pode utilizar as TIDC como um aliado, mas não requer esta obrigatoriedade. O importante, neste caso, é que ela acompanhe a realidade sociocultural do aluno e o desenvolvimento de novas ferramentas e formas de ensino. 4.2 METODOLOGIAS ATIVAS DE APRENDIZAGEM As metodologias ativas de aprendizagem não precisam, necessariamente, seguir um roteiro ou padrão para sua implantação. No entanto, existem algumas modalidades já desenvolvidas que podem facilmente auxiliar em sua implementação nas instituições de ensino. Veja a seguir as principais metodologias ativas e a definição de sua implantação (MARTINS, 2020; BACICH; MORAN, 2017; SANTOS, 2019). 28 • Gamificação: quem não adora uma boa disputa entre equipes ou pares, não mesmo? As técnicas de gaming podem ser implementadascom ou sem o uso de tecnologias digitais e, por serem tão flexíveis, permitem ao professor inclusive criar seus próprios jogos. Você pode utilizar sites interativos que já vêm as atividades pré- elaboradas, pode promover um debate, uma gincana ou até mesmo utilizar softwares de programação, como o minecraft, por exemplo. Aliando à disputa ao Story telling, os alunos desenvolvem soluções para os problemas propostos e devem desenvolvê- los individualmente ou em grupos. Essa metodologia estimula o ensino lúdico e o pensamento analítico. • Design thinking: metodologia que tem por foco o design e as pessoas (Figura 15). Desenvolvida inicialmente para o mundo corporativo, pouco a pouco tem sido implementada em sala de aula para trabalhar com os alunos a resolução de problemas da comunidade de forma criativa, inovadora e eficiente. Essa metodologia trabalha o desenvolvimento de raciocínio lógico, imaginação e intuição, além de materialização, prototipagem e testagem. Figura 15 – A metodologia do design thinking estimula o desenvolvimento de atividades colaborati- vas para, em conjunto, encontrar uma solução para o problema proposto Fonte: https://br.freepik.com/vetores-gratis/conceito-de-inovacao-colorido-desenhado-a- -mao_20286053.htm#query=design%20thinking&from_query=design%20thiking&position=18&- from_view=search. Acesso em: 18 out. 2022. • Problem Based Learning (PBL) – Aprendizagem Baseada em Problemas: esta metodologia é trabalhada com a proposição de problemas aos alunos, com desafios relativos ao conteúdo estudado (Figura 16). Em grupos, os alunos devem estudar, fazer ativamente suas pesquisas, buscar soluções e propor soluções para o desafio proposto. Essa metodologia estimula o trabalho colaborativo em equipe, criatividade, reflexão, espírito de liderança e ainda trabalha o “lidar com as diferenças”. 29 Figura 16 – Na metodologia baseada em problemas, o professor expõe aos alunos um problema de sua região ou sociedade e, juntos, os alunos devem buscar uma solução Fonte: https://br.freepik.com/vetores-gratis/ilustracao-do-conceito-do-projeto-da-faculda- de_29808758.htm#query=pbl&position=24&from_view=search&track=ais. Acesso em: 18 out. 2022. Habilidades mais específicas na área de exatas, linguagens e ciências da natureza ou ciências humanas são trabalhadas conforme o problema técnico proposto na situação trabalhada pelo professor. Ao final da interação, o professor avalia os alunos por seu comprometimento e participação e os erros são a base para a construção do conhecimento em que, juntos, professor e aluno buscarão novas soluções. Também é trabalhado o feedback entre professores e alunos. • Estudo de caso: os alunos são expostos a problemas reais da sociedade ou de sua comunidade e devem buscar propostas de soluções ou até a causa do problema. O caso a ser estudado pode ser verídico ou fictício, a critério do professor, o importante é que sua história seja bem estruturada e todos os detalhes importantes fiquem claros para os alunos. Em grupos, eles devem discutir entre si, fazer suas pesquisas e buscar sugestões de como solucionar o problema. Em um momento de interação entre todos da turma, as soluções são propostas e, então, em uma segunda etapa, os alunos partem para o “mão na massa”, que seria efetivamente resolver o problema. Posteriormente, é aplicada uma avaliação discursiva e é dado o feedback para o 30 professor e para os alunos. Essa metodologia trabalha o espírito de liderança, trabalho em equipe, pensamento crítico, autonomia e criatividade. • Aprendizagem por projetos: não confunda esta metodologia com o PBL, pois, nesse caso, não necessariamente deve haver um problema. A aprendizagem por projetos pode ser trabalhada em situações em que há vontade de modificar ou melhorar uma situação que afete sua realidade ou sua comunidade. Ao propor o projeto, o professor incentiva a participação em grupo, criando uma linha de raciocínio que deverá responder às seguintes perguntas: o quê? para quem? para quê? De que forma? O projeto pode envolver um grupo de alunos, uma turma inteira, a instituição inteira ou a comunidade como um todo e, sua resolução, dependerá do trabalho em equipe e da criatividade dos alunos. Essa metodologia é ideal para o desenvolvimento de tecnologias e ciências exatas, assim como soluções para problemas de ciências da natureza. Também pode despertar aptidões para o empreendedorismo e o mercado de trabalho. • Sala de aula invertida: recurso muito utilizado no ensino híbrido, a sala de aula invertida requer, obrigatoriamente, o uso de TIDC para sua implementação. Metodologia aplicada em etapas, ela requer um planejamento delicado do professor e o comprometimento do aluno em sua implementação. Inicialmente, o professor disponibiliza material teórico para estudo de seus alunos em um momento assíncrono, no qual o aluno terá o primeiro momento de seu aprendizado. Posteriormente, em um momento presencial, professor e alunos discutem sobre o assunto, elencando os pontos mais importantes para construção de seu conhecimento e esclarecendo as dúvidas. Neste momento, se julgar necessário, o professor também pode realizar experimentos práticos e a resolução de exercícios. Posteriormente, o aluno é avaliado por meio de questões discursivas e formativas, seguido do momento de feedback, cujo professor trabalhará a construção do conhecimento em cima dos erros de seus alunos. Nessa metodologia, o erro é valorizado pois, a partir dele, o professor guiará o aluno em sua busca por novos conceitos e na construção de seu aprendizado. • Aprendizagem por pares: também conhecida como aprendizagem por times, essa metodologia já é naturalmente empregada em escolas e instituições de Ensino Superior. Consiste na divisão dos alunos em pequenos grupos que irão se sentar em círculo e, juntos, estudarão determinado conteúdo. O ponto principal dessa forma de aprendizado reside no fato de que os alunos devem interagir e discutir entre si o conteúdo estudado, construindo mutuamente seu conhecimento quando esclarecem as dúvidas uns dos outros. A forma de avaliação pode ser individual ou coletiva, mas o professor deve optar sempre pela formação colaborativa. Pontos essenciais trabalhados nessa metodologia envolvem o espírito de liderança, a delegação de tarefas, colaboração, empatia, soft skills e competências socioemocionais, por exemplo, lidar com as diferenças. 31 • Rotação por estações: considerada parte da estratégia de aplicação do ensino híbrido, essa metodologia pode ser aplicada em um ou mais encontros, conforme definição do professor e necessidades do conteúdo ministrado. O professor divide sua turma em pequenos grupos e a sala (ou espaço de estudo) será dividida nas seguintes estações de aprendizado: leitura teoria do tema; exibição de uma videoaula sobre o assunto (autoral ou não); discussão em grupo; visita a campo ou atividade prática (se necessário); e avaliação formativa (redação ou resolução de questões discursivas). Os alunos alternam individualmente entre as estações, na ordem estabelecida pelo professor (Figura 17). Figura 17 – Na metodologia de rotação por estações, o aprendizado ocorre em etapas e o aluno deve passar sequencialmente em cada etapa para concretizar seu aprendizado Fonte: https://br.freepik.com/vetores-gratis/etapas-do-processo-criativo-de-design-grafi- co_4105835.htm#query=pbl&position=7&from_view=search&track=ais. Acesso em: 18 out. 2022. • Story telling: a contação de histórias é uma prática já bastante adotada no ensino infantil, principalmente para crianças na fase de alfabetização. Ao contrário do que se pensa, essa metodologia pode ser aplicada em qualquer esfera de ensino e, em determinadas situações, é bastante lúdica e didática para explanação de conteúdos mais complexos. Seguida ou não de uma encenação, ela baseia-se na narração de um conteúdo convidando os alunos a engajarem-se como personagens da narrativa e a construção do conteúdo ocorreráde forma natural. Essa metodologia é ideal para incentivar a participação dos alunos e incentivar sua imaginação e criatividade. 32 DICA DE LEITURA Caro aluno, existe uma vastíssima literatura entre livros, e-books e cartilhas que abordam em maior detalhamento as metodologias ativas e, inclusive, com alguns tutoriais ou passo a passo de como aplicá-los em sala de aulas do Ensino Básico e do Ensino Superior. Confira algumas dicas a seguir: Metodologias ativas: métodos e práticas para uma educação inovadora no Século XXI – Gercimar Martins – Editora IGM. Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico-prática – Lilian Bacich; José Moran – Editora Penso. Sala de aula invertida: uma metodologia ativa de aprendizagem – Jonathan Bergmann e Aaron Sams – Editora LTC. 5 COMO AS TIC AUXILIAM O PROFESSOR NA EAD Caro aluno, como você aprendeu até aqui, as TIC e TIDC estão cada vez presentes na educação, seja no ensino presencial, no ensino híbrido ou na modalidade EAD. No entanto, é preciso entender que usar as TIC e TIDC como aliadas no processo educacional não necessariamente significa um investimento maciço em tecnologias modernas e equipamentos de última geração. Atualmente, há disponível na internet, diversas ferramentas e plataformas gratuitas que podem ser utilizadas em sala de aula para implementação de metodologias ativas e novas práticas de ensino. Neste tópico, vamos conversar especificamente sobre o uso dessas ferramentas na modalidade EAD e como elas podem ser suas aliadas no processo de aprendizagem. Na educação a distância, como você já aprendeu neste curso, necessariamente você deve acessar um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) seja para acesso ao material seja para realizar as atividades de seu curso ou até para entrar em contato com o seu professor tutor e esclarecer dúvidas. 33 Podemos dizer, de forma bem genérica, que o AVA é a sala de aula do ensino EAD (Figura 18), uma vez que, é neste ambiente digital que ocorrerá todo o aprendizado do aluno. Ao se inscrever em um determinado curso na modalidade on-line, você recebe um login e senha que te dará acesso a todo o seu material de estudo, às ferramentas de comunicação com seu tutor, às suas avaliações e aos setores financeiro e secretaria. Figura 18 – O AVA representa a sala de aula na EAD, pois ao realizar o login, o aluno tem acesso ao seu material de estudo, às ferramentas de interação com o tutor e as suas avaliações. Fonte: https://gioconda.uniasselvi.com.br/. Acesso em: 18 out. 2022. Obs.: Peço à equipe de edição, se possível, que acrescente uma imagem também da página inicial do AVA após o login, para que fique bem representativa a figura. O AVA por si só já é uma tecnologia digital de informação e comunicação, ou seja, uma TIDC. Cada instituição possui sua própria plataforma de acesso ao ensino virtual, que pode ser personalizada e editada conforme as configurações de seu curso. No entanto, existem plataformas gratuitas que podem ser utilizadas também para esta finalidade, que possibilitam ao gestor de um curso configurar e criar cursos com baixo investimento. Para algumas instituições, durante a determinação de ensino remoto pelo MEC nos anos de 2020 a 2021, o uso dessas plataformas foi a melhor alternativa para a não interrupção do ensino em escolas e instituições de Ensino Superior ou em cursos de idioma e cursos de música, por exemplo. A seguir, conheça as principais plataformas que podem ser utilizadas como recursos para implantação de um curso EAD: 34 • Moodle: uma das plataformas para ensino EAD mais utilizada por instituições públicas e privadas, devido à facilidade de acesso, design simples e interface fácil. Outra vantagem que torna esta plataforma tão popular é o código-fonte livre que possibilita ao responsável pelo curso ou instituição alterar e redistribuir seu conteúdo, modificar suas cores e demais configurações. O Moodle também apresenta a vantagem de permitir gravação de vídeo, áudio e captura de imagens pela própria ferramenta, além de dispor de uma ampla diversidade de ferramentas de avaliação. Além de tudo, é uma ferramenta inteiramente gratuita! Você pode conhecer esta plataforma acessando o link: https://moodle.org/?lang=pt_br. • LMS estúdio: plataforma paga que apresenta como vantagem, para quem está iniciando, a disponibilidade de um plano gratuito para até 20 alunos ativos. Esse modelo de plataforma de ensino virtual, assim como as outras, possui visual interativo e de fácil configuração, com diversos recursos de ensino: vídeos, arquivos, podcasts e questionários. É ideal para quem deseja criar, vender e ensinar cursos 100% on-line e de curta duração. Conheça esta plataforma clicando no link: www.lmsestudio.com.br. • e-Proinfo: criada pelo MEC como parte do Programada Nacional de Tecnologia Educacional (ProInfo), pela Portaria nº 522/MEC de 1997, o e-ProInfo é um ambiente virtual colaborativo de aprendizagem. Ele permite a criação, administração e desenvolvimento de cursos a distância, complemento de cursos presenciais, projetos de pesquisa, projetos colaborativos e outras formas de apoio ao ensino híbrido e EAD. Essa plataforma é direcionada especificamente ao ensino básico, nos níveis fundamental e médio. Você pode conhecer a plataforma acessando o link: eproinfo. mec.gov.br. • Google Classroom: o Google, por meio do programa Google for Education, criou um AVA que se popularizou muito nos anos 2020, uma vez que foi oferecido gratuitamente para as escolas e demais instituições de ensino públicas e privadas para implementação do ensino remoto emergencial. A plataforma também dispõe de um pacote pago que pode ser contratado pela instituição com um número maior de benefícios. Essa plataforma foi criada com o intuito de levar a sala de aula para a nuvem, dispondo de ferramentas para comunicação, armazenamento e gestão de turmas, centralizando em um único espaço o processo de ensino-aprendizagem. As ferramentas disponíveis nessa plataforma incluem: Gmail; drive (armazenamento em nuvem); Agenda (programar alertas, agendar prazos e videoconferências); documentos, planilhas e apresentações (semelhante ao pacote office, que pode ser editado por diversos usuários em nuvem); Forms (formulários para resolução de exercícios, atividades avaliativas e pesquisas); Sites; Meet (aplicativo de videoconferência que possibilita gravação das aulas); Groups (grupos de discussão para atividades colaborativas). Você pode conhecer a plataforma acessando: https://classroom.google.com. https://moodle.org/?lang=pt_br http://www.lmsestudio.com.br https://classroom.google.com 35 • Microsoft Teams: desenvolvido inicialmente como Skype Teams e, posteriormente, renomeado para Microsoft Teams, essa plataforma engloba todos os serviços oferecidos pela Microsoft. Segundo a própria Microsoft, é um espaço de trabalho on- line, baseado em interação via chat para integrar pessoas, conteúdos e ferramentas de uma equipe. Esses serviços foram desenvolvidos para uso, inicialmente, no ambiente corporativo com o objetivo de facilitar a comunicação e promover a colaboração entre funcionários de uma empresa. Adotado então por instituições de ensino para gerir a equipe de professores e colaboradores da área administrativa, essa ferramenta mostrou-se também bastante aplicável para o ensino remoto, híbrido e EAD, devido a recursos como SharePoint, PowerPoint, OneNote, Word e Excel, além da ferramenta de videoconferência. Embora o serviço seja pago e possa ter alto custo, a assinatura ainda oferece acesso a todas as ferramentas do Pacote Office. Conheça melhor essa plataforma e suas ferramentas acessando: https://www.microsoft.com/. • Hotmart: plataforma direcionada para venda, distribuição e consumo de produtos digitais, é bastante utilizada para comercialização de cursos livres e pessoas que buscam comercializar produtos educacionais, como cursos on-line 100% EAD e e-books. O diferencial dessa plataforma para ossites que funcionam especificamente como AVA é que a Hotmart não apenas hospeda os cursos e produtos, mas também oferece a possibilidade de lucrar com a divulgação de seus produtos. Conforme descrito no site da própria plataforma, qualquer um pode se inscrever gratuitamente e tornar- se um produtor de conteúdo ou afiliado, contando com a plataforma para hospedagem e divulgação. Todos os produtores e afiliados recebem uma comissão pela venda de cada produto, e a Hotmart retém parte da receita, com taxas que variam conforme o preço do produto. Caso não haja registro de vendas pelos produtos hospedados, não é necessário pagamento. Você também dispõe, na própria plataforma, de ferramentas analíticas para que produtores e afiliados possam saber quem é seu público de alcance e recursos para impulsionar suas vendas. Conheça a plataforma acessando seu site: https://hotmart.com/pt-br. https://www.microsoft.com/ https://hotmart.com/pt-br 36 DICA Gostou de conhecer plataformas e ambientes interativos que você poderá utilizar para estudar e produzir próprios cursos on-line? Para incentivar seus usuários, várias dessas plataformas oferecem cursos gratuitos de treinamento e qualificação. A plataforma Google, por exemplo, por meio do Google for Education, oferta gratuitamente um curso de formação e qualificação para seus usuários, oferecendo certificado ao final de sua conclusão. O Microsoft Teams, do mesmo modo, também oferta treinamento em sua própria plataforma. O Moodle, por ser uma ferramenta mais versátil e muito utilizada por universidades públicas, além de contar com treinamentos e tutoriais disponíveis em sua própria plataforma, é também tema de criação de cursos livres. Confira, no site do Instituto Federal do Rio Grande do Sul, nos cursos de extensão, os cursos de formação em Moodle Básico e Moodle Avançado para professores. Nesses cursos, você poderá editar o AVA e conhecer todos os seus recursos. Estamos chegando ao final do estudo desta etapa, em que você aprendeu a diferença entre TIC e TIDC e como elas se encaixam no contexto educacional, seja na modalidade presencial ou na modalidade EAD. Você se inteirou sobre o ensino híbrido, suas vantagens e desvantagens para o processo educacional e descobriu que ele pode ser implementado com apoio de gestores e professores. Outro importante ponto que você estudou neste material foram as metodologias ativas de ensino e como você pode aplicá-las para tornar suas aulas mais didáticas e atrativas para seus alunos. Finalmente, para fecharmos o estudo desta etapa com chave de ouro, você conheceu diversas plataformas que são utilizadas para a criação de ambientes de aprendizagem para cursos EAD. Na próxima etapa, estudaremos o Professor na era digital. 37 REFERÊNCIAS BACICH, L; MORAN, J. Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico-prática. Porto Alegre: Penso, 2018. BACICH, L.; TANZI NETO, A.; TREVISANI, F. de M. Ensino híbrido: personalização e tecnologia na educação. Porto Alegre: Penso, 2015. BARCELOS, G.; BATISTA, S. C. F. Ensino híbrido: aspectos teóricos e análise de duas experiências pedagógicas com sala de aula invertida. Renote, v. 17, n. 2, p. 60-75, 2019. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/336054051_Ensino_ Hibrido_aspectos_teoricos_e_analise_de_duas_experiencias_pedagogicas_com_Sala_ de_Aula_Invertida Acesso em: 18 out. 2022. CÂNDIDO, J. P. Aproximação das TIC na educação: possibilidades e considerações. Rev. Inova Educ., Campinas, n. 4, p. 1-27, 2018. Disponível em: https://econtents. bc.unicamp.br/inpec/index.php/inovaeduc/article/view/15175. Acesso em: 18 out. 2022. CELESTINO, E. H.; NORONHA, A. B. Blended learning: uma revisão sistemática sobre vantagens e desvantagens na percepção dos alunos e impactos nas instituições de ensino superior. Rev. Administração: Ensino e Pesquisa, Rio de Janeiro v. 22, n. 1 p. 33-67, 2021. Disponível em: https://raep.emnuvens.com.br/raep/article/ view/1915#:~:text=Resumo,%C3%A0%20utiliza%C3%A7%C3%A3o%20do%20 blended%20learning. Acesso em: 18 out. 2022. DEBALD, F. R. B. TIC e prática pedagógica universitária. Pleiade, Foz do Iguaçu, v. 1, n. 1, p. 83-94, jan./jun. 2007. Disponível em: https://pleiade.uniamerica.br/index.php/pleiade/ article/view/9. Acesso em: 18 out. 2022. DIESEL, A.; BALDEZ, A. L. S.; MARTINS, S. N. Os princípios das metodologias de ensino: uma abordagem teórica. Rev. Thema. V. 14, n. 1, p. 268-288, 2017. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4650060/mod_resource/content/1/404- 1658-1-PB%20%281%29.pdf. 18 out. 2022. EDUCAÇÃO híbrida na prática com Maria Helena Guimarães. [S. l.: s. n.], 2021. 1 vídeo (8 min e 6 seg). Publicado pelo canal Conexia. Disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=u97E0T4a31c. Acesso em: 19 out. 2022. 38 MARTINES, R. dos S. et al. O uso das TIC como recurso pedagógico em sala de aula. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIAS E ENCONTRO DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA, 2018, São Carlos. Anais [...]. São Carlos: UFSCar, 2018. Disponível em: https://cietenped.ufscar.br/submissao/index.php/2018/ article/download/337/672. Acesso em: 18 out. 2022. MARTINS, G. Metodologias ativas: métodos e práticas para o século XXI. Quirinópolis: IGM, 2020. SALES, F. C. de. et al. Ensino híbrido: o novo normal na educação em tempos de pandemia. In: ALMEIDA, F. A. de (org.). Políticas públicas, educação e diversidade: uma compreensão científica do real. São Paulo: Científica Digital, 2021. (Volume 2). SANTOS, T da S. Metodologias ativas de ensino-aprendizagem. Educapes: Olinda, 2019. Disponível em: https://educapes.capes.gov.br/bitstream/capes/565843/2/ CARTILHA%20METODOLOGIAS%20ATIVAS%20DE%20ENSINO-APRENDIZAGEM.pdf Acesso em: 18 out. 2022.