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Módulo 2 Analisando e administrando o conito Resolvendo Conitos de Forma Construtiva: a contribuição de cada um para uma cultura da paz Brasília - 2015 Simone de Almeida Ribeiro Bastos Marcelo Girade Corrêa Resolvendo Conitos de Forma Construtiva: a contribuição de cada um para uma cultura da paz Brasília - 2015 Simone de Almeida Ribeiro Bastos Marcelo Girade Corrêa Módulo 2 Analisando e administrando o conito SECRETARIA DE REFORMA DO JUDICIÁRIO - MINISTÉRIO DA JUSTIÇA Ministro de Estado da Justiça José Eduardo Cardozo Secretário de Reforma do Judiciário - Interino Marcelo Veiga Diretor do Departamento de Política Judiciária Marcelo Veiga Coordenador-Geral da ENAM Igor Lima Goettenauer de Oliveira Organização Centro de Educação a Distância da Universidade de Brasília – CEAD/UnB Realização Escola Nacional de mediação e Conciliação – ENAM Coordenação Cursos/Autores Coordenador Marcelo Girade Corrêa Subcoordenadora Simone de Almeida Ribeiro Bastos Universidade de Brasília - UnB Reitor Ivan Marques de Toledo Camargo Vice-Reitora Sônia Nair Bão Decana de Extensão Thérèse Hofmann Gatti Rodrigues da Costa Ficha Técnica Centro de Educação a Distância da Universidade de Brasília – CEAD/UnB Diretora Wilsa Maria Ramos Coordenadora da Unidade de Pedagogia Simone Bordallo de Oliveira Escalante Gestora Pedagógica do Curso Joeanne Neves Fraz Apoio Pedagógico Karla Cristina de Almeida Kerley Gadelha Martins Gerente do Núcleo de Tecnologia Wesley Gongora Gestão do Ambiente Virtual de Aprendizagem Marcia Veiga de Leite Ribeiro Melo Apoio ao Núcleo de Tecnologia Thales Carvalho Birino Wilson Santana de Almeida Help Desk Alison Longuinho Relatórios Estatísticos Ilka Oliveira Torres Gestão de Projeto Adriana Cristina da Silva Guimaraes Gomes Gerente do Núcleo de Produção de Materiais Didáticos e Comunicação Jitone Leônidas Soares Revisão de textos Consuelo Cordeiro Projeto Gráfico e Diagramação Daniel Tavares Designer Instrucional Arthur Colaço Pires de Andrade Web Designer Gabriel Cavalcanti Designer gráfico e animador 2D Cristiano Alves de Oliveira Sumário Introdução ................................................................................................... 9 Como o conflito se manifesta? ..............................................................10 Conflito como percepção ......................................................................... 11 Conflito como emoção ............................................................................. 11 Conflito como comportamento ............................................................ 12 Quais as causas dos conflitos? ................................................................ 14 Necessidades ............................................................................................... 14 Emoções ....................................................................................................... 19 Comunicação ............................................................................................20 O Círculo do Conflito ................................................................................ 21 Conclusão ................................................................................................... 27 Como o conflito evolui? .......................................................................... 28 Dinâmica .................................................................................................... 28 Espiral do Conflito .................................................................................... 29 Processos competitivos e cooperativos ...............................................30 Estágios da escalada do conflito........................................................... 31 Conclusão ....................................................................................................37 Bibliografia ................................................................................................ 38 Resolvendo Conflitos de Forma Construtiva: a contribuição de cada um para uma cultura da paz Módulo 2 - Analisando e administrando o conflito 9 Introdução Agora já entendo melhor o que é o conflito e qual a minha responsabilidade nesse novo contexto de cultura da paz! Excelente! Mas também é importante compreender como esse conflito se manifesta, quais as suas principais causas ou fontes e como ele evolui! Já parou para pensar nisso? Bom... o conflito pode se intensificar com o tempo... e acredito que muitas causas podem estar envolvidas... mas para que mesmo é preciso estudar isso? Não basta sabermos como resolver o conflito? Mediação, negociação, ação judicial... já vimos isso no módulo 1! Mas não podemos solucionar o que não conhecemos! Lembra da comparação dos “remédios”, feita no módulo 1? Sim! Precisamos escolher o “remédio” mais adequado para tratar um problema. É a mesma coisa na hora de escolher a melhor forma de tratar o conflito que vivemos! Mas como escolher esse “remédio” sem antes identificar os sintomas, que causas provocam esses sintomas e sem perceber em que estágio o problema está? É por isso que um médico primeiro faz o diagnóstico para depois prescrever o melhor remédio! O mesmo ocorre com o conflito. Que interessante! E se diagnosticarmos o problema logo no início, a cura é mais rápida e fácil! Quanto mais o tempo passar, e o problema se agravar, é bem provável que o tratamento seja mais longo e trabalhoso... Muito bem! Captou o espírito da coisa! Então vamos começar logo! Estou ansioso para ver o que vem por aí! Módulo 2 - Analisando e administrando o conflito Resolvendo Conflitos de Forma Construtiva: a contribuição de cada um para uma cultura da paz Resolvendo Conflitos de Forma Construtiva: a contribuição de cada um para uma cultura da paz Módulo 2 - Analisando e administrando o conflito 10 11 Como o conflito se manifesta? A personagem da tirinha que você acabou de ler acabou de vivenciar as 3 dimensões do conflito ou lentes pelas quais vivenciamos um conflito: Percepção, Emoção, Comportamento! Quando um conflito surge, ele pode se manifestar em 3 diferentes dimensões que se complementam1. Percepção Emoção Comportamento 1. Mayer, 2010. Conflito como percepção Nós nos sentimos em conflito quando percebemos uma incompatibilidade de interesses, necessidades ou valores. Mesmo que essa percepção parta apenas de um dos envolvidos, já existe um conflito. Note que várias das definições encontradas na literatura partem dessa dimensão: Um conflito existe quando ocorrem atividades incompatíveis. Uma atividade incompatível impede ou interfere na ocorrência ou efetividade de uma segunda atividade. Estas atividades podem ter sua origem em uma pessoa, entre duas ou mais pessoas, ou entre dois ou mais grupos (Morton Deutsch, 1973). Uma forma de conduta competitiva entre pessoas ou grupos. Ocorre quando duas ou mais pessoas competem sobre objetivos percebidos como incompatíveis ou realmente incompatíveis, ou sobre recursos limitados (Boulding, 1982). Divergência percebida de interesses, ou uma crença de que as aspirações atuais das partes não podem ser alcançadas simultaneamente (Rubin, Pruitt e Hee Kim, 1994). É a interação de pessoas interdependentes que percebem objetivos incompatíveis e interferências mútuas na consecução desses objetivos (Folger, 1997). Conflito como emoção Quando sentimos medo, aborrecimento, chateação, raiva, desesperança, tristeza, entre tantas outras emoções, sentimos que estamos em conflito. O conflito envolve uma reação emocional que sinaliza um desacordo de alguma espécie. O simples fato de nos sentirmos assim, mesmo que não saibamos qual o fator de desacordo, já indica que há um conflito. Módulo 2 - Analisando e administrando o conflito Resolvendo Conflitos de Forma Construtiva: a contribuição de cada um para uma cultura da paz Resolvendo Conflitos de Forma Construtiva: a contribuição de cada um para uma cultura da paz Módulo 2 - Analisandoe administrando o conflito 12 Mesmo que esses sentimentos não sejam recíprocos, o conflito é bastante real para quem está vivendo esses sentimentos! Conflito como comportamento O conflito também é representado pelas ações que adotamos para expressar nossos sentimentos, articular nossas percepções, atender nossas necessidades. Pode ser um comportamento de dominação, ou violento, ou destrutivo. Mas, também, pode ser uma ação conciliatória, construtiva e amigável. Tais dimensões não são estáticas, variando em termos de intensidade e duração. E é claro que uma dimensão afeta as outras duas. Se você acredita que alguém está tentando magoá-lo de alguma maneira (percepção), você sentirá que está em conflito com essa pessoa (emoção) e ficará propenso a adotar ações específicas (comportamento). Pare alguns instantes e imagine um conflito que você vivenciou ou esteja vivenciando. Veja se ele se manifestou da seguinte maneira: Percepção de que há divergências ou interesses incompatíveis Reação emocional Comportamento Respectivamente: Ex.: Você comprou um produto que chegou com defeito. Seu interesse relativo à qualidade não foi atendido (percepção). Ex.: Provavelmente você se sente frustrado, aborrecido com essa situação (emoção). Ex.: Diante disso, você pede a devolução do que pagou, ou a troca do produto (comportamento). As emoções e comportamentos variam de acordo com a forma como percebemos os conflitos. Se o conflito é visto como algo negativo, ruim, como uma ameaça, as emoções serão negativas e provavelmente os comportamentos serão de ataque (acusar, julgar, pressionar, querer ganhar) ou fuga (negar, distrair-se com outra coisa, resignar-se)! Mas se percebermos o conflito como uma oportunidade, as emoções geradas serão positivas e os comportamentos voltados a soluções (compreender, identificar interesses, buscar opções satisfatórias para ambos). provoca provoca Módulo 2 - Analisando e administrando o conflito Resolvendo Conflitos de Forma Construtiva: a contribuição de cada um para uma cultura da paz Resolvendo Conflitos de Forma Construtiva: a contribuição de cada um para uma cultura da paz Módulo 2 - Analisando e administrando o conflito 15 Quais as causas dos conflitos? Necessidades Os conflitos surgem por diversos motivos, não é mesmo? Mas antes de falarmos sobre esses motivos, especificamente, vamos conversar um pouco sobre as raízes deles, as fontes principais. Podemos dizer que todas as causas, independentemente de uma classificação como a que veremos logo adiante, originam-se de NECESSIDADES insatisfeitas! As necessidades estão presentes ao longo de toda a existência do ser humano, e à medida que uma é satisfeita, outra se torna mais evidente e prioritária. Somos movidos por necessidades. Por exemplo: • Procuramos alguma fonte de remuneração para sobreviver e atender nossas necessidades de alimentação, moradia, saúde, estudo, segurança, lazer etc.; • Envolvemo-nos com pessoas que possam satisfazer nossas necessidades de fazer parte de um grupo e de nos sentirmos valorizados e respeitados; • Estudamos e nos aperfeiçoamos, fazemos coisas que nos dão prazer, pois temos necessidade também de nos sentirmos realizados. Entretanto, essas necessidades não surgem aleatoriamente. Algumas se destacam mais do que outras nos diversos momentos da nossa vida. Um grande psicólogo estudioso do assunto, Abraham Maslow, distribuiu essas necessidades em uma pirâmide. Na concepção de Maslow, as necessidades obedecem a essa hierarquia e são paulatinamente satisfeitas no sentido que vai da base para o topo da pirâmide. Quando um nível é satisfeito, passa-se para o outro e assim sucessivamente. É claro que os vários níveis podem ressurgir como prioridade ao longo da vida; a pirâmide não é algo estanque. Módulo 2 - Analisando e administrando o conflito Resolvendo Conflitos de Forma Construtiva: a contribuição de cada um para uma cultura da paz Resolvendo Conflitos de Forma Construtiva: a contribuição de cada um para uma cultura da paz Módulo 2 - Analisando e administrando o conflito 16 17 Pirâmide de Maslow A Pirâmide de Maslow é dividida em cinco níveis hierárquicos, cada um formado por um conjunto de necessidades. Na base da pirâmide estão os elementos que são considerados primordiais para a sobrevivência de uma pessoa, como a fome, a sede, o sexo e a respiração. Para progredir na hierarquia é necessária a conquista das condições elementares da pirâmide, passando para os próximos níveis, um a um, até alcançar o topo. Necessidades fisiológicas Constituem a base da pirâmide, onde estão as necessidades básicas de todo ser humano, como a fome, a sede, a respiração, a excreção, o abrigo e o sexo, por exemplo. Necessidades de segurança São o segundo nível da hierarquia, onde estão os elementos que fazem as pessoas se sentirem seguras, desde a segurança em casa até meios mais complexos, como a segurança no trabalho, a segurança com a saúde etc. Necessidades sociais Formam o terceiro nível da pirâmide. Neste grupo estão as necessidades de se sentir parte de um grupo social como, por exemplo, ter amigos, constituir família, receber carinho de parceiros sexuais. Necessidades de estima Constituem a quarta etapa da pirâmide, que agrupa duas principais necessidades - a de reconhecer as próprias capacidades e de ser reconhecido por outras pessoas, devido à capacidade de adequação do indivíduo. Ou seja, é a necessidade que uma pessoa tem de se orgulhar de si própria, sentir a admiração e orgulho de outros indivíduos, ser respeitada por si e pelos outros, entre outras características que envolvam o poder, o reconhecimento e o orgulho, por exemplo. Necessidades de autorrealização Estão no topo da Pirâmide, quando o indivíduo consegue aproveitar todo o potencial de si próprio, com autocontrole de suas ações, independência, a capacidade de fazer aquilo que gosta e que é apto a fazer, com satisfação. Outras considerações sobre os níveis da pirâmide: • Um nível deve ser saciado (pelo menos em parte) para que o indivíduo passe para o próximo nível da hierarquia. • As necessidades fisiológicas e de segurança normalmente são satisfeitas com recursos materiais e financeiros. Aos demais níveis, Maslow chamou de superiores, pois envolvem necessidades mais subjetivas. • Quando se conquistam determinados elementos de um grupo de necessidades, o indivíduo sempre se motiva para conseguir atingir mais objetivos. • As necessidades insatisfeitas, ou seja, que não conseguirem ser cumpridas, implicam reações negativas no comportamento do indivíduo, como frustrações, medos, angústias, inseguranças etc. A mensagem principal da Pirâmide de Maslow para este curso é: procuramos satisfazer a vários níveis de necessidades no decorrer das nossas vidas. Somos movidos por uma ou várias delas. Conflitos surgem quando percebemos a possibilidade de não obtermos a satisfação dessas necessidades caso outra pessoa ou grupo de pessoas esteja interferindo ou possa interferir nesse caminho! Cada necessidade pode originar vários interesses. A necessidade é permanente, mas os interesses são transitórios, podem mudar de acordo com o tempo ou as prioridades do indivíduo. Certamente seus interesses atuais relacionados à necessidade de segurança, por exemplo, não são iguais aos de alguns anos atrás. Infelizmente, as pessoas não saem por aí manifestando diretamente seus interesses. Eles vêm à tona, indiretamente, por meio de pedidos, propostas ou soluções unilaterais (posições). Por exemplo, uma pessoa extremamente aborrecida com o atendimento que recebeu de uma empresa normalmente não manifesta “Tenho o interesse em ser respeitada e valorizada por essa empresa, diante de minhas necessidades de estima”. A manifestação vem em termos de pedido: “Quero uma indenização por danos morais por todos os aborrecimentos que passei!” Módulo 2 - Analisando e administrando o conflito Resolvendo Conflitos de Forma Construtiva: a contribuição de cada um para umacultura da paz Resolvendo Conflitos de Forma Construtiva: a contribuição de cada um para uma cultura da paz Módulo 2 - Analisando e administrando o conflito 18 19 Ou o proprietário de um imóvel, insatisfeito com o inquilino que não paga os aluguéis em dia, não sai por aí dizendo: “Preciso que você pague para atender meus interesses de obter uma renda extra e com isso suprir minhas necessidades fisiológicas e de segurança”. Ele pode simplesmente optar por manifestar uma posição do tipo: “Se você não pagar, vou te despejar!” O esquema abaixo clarifica essas diferenciações: Portanto, sempre que você se deparar com um conflito, procure identificar as necessidades e os interesses dos envolvidos, a partir do que está sendo exposto como posição. A solução será muito mais criativa se mantiver o foco nas necessidades e interesses. Por exemplo, ao ouvir um vizinho brigando com outro nos seguintes termos: “Quanta falta de educação! Sua música alta à noite incomoda a todos e não nos deixa dormir! Da próxima vez eu chamo a polícia!”, interprete essa mensagem em termos dos interesses em manter uma boa convivência com os vizinhos (necessidade social) e poder descansar (necessidade fisiológica). O que pode ser feito para que esses interesses sejam atendidos? Será que chamar a polícia é a melhor solução para isso ou só vai piorar a convivência e causar mais tumulto?... Emoções “As emoções são o combustível do conflito.” (MAYER, 2010, p. 10). Já conversamos antes sobre a dimensão das emoções quando há a manifestação de um conflito. Voltamos a falar nesse momento sobre elas, uma vez que as emoções, onipresentes na vida cotidiana, adquirem um papel mais ou menos protagonista, sobretudo as de tipo negativo ou destrutivo. As emoções são uma reação natural diante de necessidades insatisfeitas. Elas não causam diretamente o conflito, mas podem ser o seu combustível. A forma como lidamos com nossas emoções é fundamental no momento de resolvermos nossos conflitos. Quanto mais controlarmos nossas reações emocionais, mais objetividade teremos para alcançar soluções efetivas para atender a nossos próprios interesses. Mas como não temos controle sobre os sentimentos alheios, não significa que devemos ignorá-los ou subestimá-los. Pelo contrário, devemos permitir a expressão dos sentimentos, pois isso naturalmente acalma. Aprender a lidar com o sentimento do outro pode ser a chave para estancar o conflito. Veremos no próximo módulo, com mais detalhes, como lidar com as emoções em algumas situações de conflito! Módulo 2 - Analisando e administrando o conflito Resolvendo Conflitos de Forma Construtiva: a contribuição de cada um para uma cultura da paz Resolvendo Conflitos de Forma Construtiva: a contribuição de cada um para uma cultura da paz Módulo 2 - Analisando e administrando o conflito 20 21 Comunicação “Os seres humanos são comunicadores muito imperfeitos” (MAYER, 2010, p.9). Todo ser humano se comunica, seja por meio da linguagem verbal, ou não verbal, ou até mesmo por sinais. Sendo assim, a comunicação será um fator necessariamente presente nos conflitos. E ela pode tanto gerar o conflito quanto dificultar sua resolução. É por isso que é importante cuidar da forma como nos comunicamos, especialmente com as pessoas com quem estamos em conflito. Uma linguagem apropriada, não julgadora ou acusatória auxiliará muito nisso. Por exemplo, ao invés de dizer “Você não tem consideração” (julgamento), ou ainda “A culpa é sua!” (acusação voltada para o passado), prefira a linguagem positiva voltada para o futuro: “Gostaria muito que da próxima vez me ligasse avisando que irá se atrasar!”, ou “O que podemos fazer para que isso não volte a acontecer?” A comunicação é a via régia do conflito e é por meio da comunicação que todos os conflitos escalam e intensificam ou caminham para uma resolução/transformação. O Círculo do Conflito Agora que compreendemos melhor o papel das necessidades, das emoções e da comunicação como raízes do conflito, podemos conversar sobre as cinco causas centrais do conflito. Utilizaremos como ponto de partida o Círculo do Conflito, criado pelo estudioso Christopher Moore (1998). O autor verificou, em seus estudos, que a maior parte das causas ou fontes do conflito podem ser categorizadas em 5 grupos. Ao analisar um conflito, é importante verificar se uma ou mais dessas causas estão presentes. Módulo 2 - Analisando e administrando o conflito Resolvendo Conflitos de Forma Construtiva: a contribuição de cada um para uma cultura da paz Resolvendo Conflitos de Forma Construtiva: a contribuição de cada um para uma cultura da paz Módulo 2 - Analisando e administrando o conflito 22 23 1. Conflitos de relação Esses conflitos são causados por: • fortes emoções negativas; • percepções falsas ou estereótipos; • escassa ou falsa comunicação; ou • condutas negativas repetitivas. Esses problemas levam frequentemente aos chamados conflitos irreais ou desnecessários. Tais conflitos podem ocorrer até mesmo quando não estão presentes as condições objetivas para um conflito, como recursos limitados ou interesses incompatíveis. Problemas de relação muitas vezes estimulam as discussões e conduzem a uma escalada progressiva de conflito destrutivo. Conflitos de relação são muito frequentes. Estão naturalmente presentes em situações de conflito entre familiares, amigos, vizinhos, em que as emoções fortes, falsas percepções e condutas repetitivas acabam impactando o relacionamento preexistente. Podem surgir até mesmo em conflitos com empresas, quando, por exemplo, o cliente se frustra ou se aborrece em razão do mau atendimento em um ponto de venda, tendo a percepção de ser desvalorizado pela empresa. 2. Conflitos de informação Esse tipo de conflito se dá nas seguintes situações: • quando falta às pessoas a informação necessária para tomarem decisões corretas; • quando estão mal-informadas; • quando discordam sobre que informação é importante; • quando interpretam a informação de modo distinto; ou • quando têm critérios de estimação discrepantes. Alguns conflitos de informação podem ser desnecessários, como os causados por uma informação insuficiente entre as pessoas em conflito. Outros podem ser autênticos, ao não serem compatíveis com a informação e os procedimentos empregados pelas pessoas para recorrer aos dados. Conflitos de informação podem ocorrer em diversos casos concretos. Nas situações que você vivenciar, sempre procure verificar se alguma informação importante, ou esclarecimento, podem ser prestados a fim de ajudar na solução do conflito. 3. Conflitos de interesses Os conflitos de interesses surgem quando uma ou mais partes acreditam que, para satisfazer suas necessidades, devem ser sacrificadas as de um oponente. São causados pela competição entre necessidades incompatíveis ou percebidas como tais. Os conflitos fundamentados em interesses ocorrem sobre três questões: Módulo 2 - Analisando e administrando o conflito Resolvendo Conflitos de Forma Construtiva: a contribuição de cada um para uma cultura da paz Resolvendo Conflitos de Forma Construtiva: a contribuição de cada um para uma cultura da paz Módulo 2 - Analisando e administrando o conflito 24 25 • substanciais: benefícios tangíveis como dinheiro, recursos físicos, tempo etc.; • procedimentais: a maneira como a disputa deve ser resolvida (processos de interação, comunicação ou de tomada de decisão); ou • psicológicos: percepções de confiança, jogo limpo, desejo de participação, respeito etc.. Para que se resolva uma disputa fundamentada em interesses, cada uma dessas três áreas deve ser levada em conta. Como exemplo, um conflito de interesses pode ocorrer quando há divergência quanto ao valor de uma cobrança: enquanto uma parte o considera excessivo, a outra o considera justo (interesse com foco na substância ou conteúdo). Se, no processo de tomada de decisão quanto ao que vai ser pago, houver a tentativa de imposição do valorpor uma das partes, surge um conflito paralelo, com foco no procedimento. Do ponto de vista psicológico, há um conflito de interesses quando há um clima de desconfiança quanto à forma como foram calculados os valores devidos. 4. Conflitos estruturais Tais conflitos são causados por estruturas opressivas de relações humanas, configuradas muitas vezes por forças externas às pessoas do conflito. Promovem, com frequência, condutas conflitivas desse tipo: • disponibilidade e distribuição de recursos; • processos de tomada de decisão; • autoridade; • fatores geográficos (distância ou proximidade); • limitações de tempo (demasiado ou escasso); • estruturas organizacionais; • parâmetros legais; • pressões políticas etc. Em alguns casos, essas estruturas podem ser alteradas durante o processo de resolução do conflito. Frequentemente, entretanto, faz parte da resolução a aceitação de que esses elementos estruturais dificilmente poderão ser alterados. São inúmeros os exemplos de conflitos estruturais. Em situações envolvendo empresas e consumidores tais fontes são bastante comuns, uma vez que devem ser observadas as regras internas das empresas, ou as regulamentações de agências reguladoras. Outro exemplo são os conflitos envolvendo condomínios, em que os regimentos internos e a necessidade da tomada de certas decisões apenas por assembleia podem dificultar a solução de conflitos entre condôminos. O importante é verificar se há alguma força externa, que dificilmente será alterada, mas que deva ser levada em consideração no momento da resolução do conflito. 5. Conflitos de valores São conflitos causados por sistemas de crenças incompatíveis ou percebidas como incompatíveis. As disputas de valores surgem quando uns tentam impor um conjunto de valores a outros, ou pretendem que tenha vigência exclusiva um sistema de valores que não admite crenças divergentes. Quando expressamos nossos valores de forma afirmativa – ou seja, em termos do que acreditamos ao invés do que somos contra –, podemos direcionar o conflito mais construtivamente. Módulo 2 - Analisando e administrando o conflito Resolvendo Conflitos de Forma Construtiva: a contribuição de cada um para uma cultura da paz Resolvendo Conflitos de Forma Construtiva: a contribuição de cada um para uma cultura da paz Módulo 2 - Analisando e administrando o conflito 26 Os valores são crenças que as pessoas empregam para dar sentido a suas vidas. Os valores explicam o que é bom ou mau, verdadeiro ou falso, justo ou injusto. As pessoas podem viver juntas em harmonia com sistemas de valores muito diferentes. Você pode perceber bloqueios relacionados a valores quando as pessoas sinalizam o que consideram justo e injusto, certo e errado. No Judiciário, percebe-se bastante esse tipo de causa do conflito, quando as pessoas ingressam com ações pedindo indenizações por danos morais e narram terem sentido que seus princípios morais foram confrontados. É por isso que em muitas dessas ações o resultado final é um pedido de desculpas ou alguma forma de retratação! O círculo também pode ser observado sob o ângulo do bloqueio à resolução. Nesse aspecto, o círculo do conflito passa a ter uma utilidade gigantesca para a resolução do conflito e para a dinâmica da negociação/conciliação. Por exemplo, em uma discussão dentro do ambiente de trabalho sobre a realização de determinada tarefa, o chefe percebe que as informações repassadas aos funcionários estão incompletas (conflito de informação) e que, enquanto esses pontos não ficarem claros, não conseguirão seguir em frente em direção a uma proposta. Ao mesmo tempo em que a informação é uma das causas do conflito, é também um bloqueio ao avanço rumo a soluções! Conclusão Retorne à tirinha da página 13 e identifique as causas do conflito que o condômino relatou para o síndico. Aparentemente havia apenas um conflito de interesses envolvendo um vazamento. Mas, ao analisar melhor o conflito, olhe quantas fontes ou bloqueios podemos encontrar: • Interesses não satisfeitos: conforto, silêncio, descanso, respeito, convívio harmônico; • Emoções fortes e negativas que intensificam o conflito entre os moradores; • Comunicação deficiente, caracterizada por uma linguagem acusatória e julgadora; • Conflito de relação: percepções e estereótipos formados, condutas repetitivas como música alta e bater com a vassoura no teto todos os dias; • Conflito de informação: provavelmente o morador do 301 não conhece ou não tem consciência dos impactos da Lei do Silêncio; • Conflito de interesses substanciais com relação ao vazamento, ao gesso quebrado e ao barulho; quanto ao procedimento utilizado para resolver o conflito (o vizinho não aceitou a ligação como uma forma de resolução), e em termos psicológicos, está estabelecido um clima de desconfiança mútua; • Conflito estrutural: pode haver alguma regulação do condomínio quanto a vazamentos e barulho, que venha a impactar uma possível solução para o conflito; • Conflito de valores: princípios morais foram atingidos diante das ofensas trocadas e condutas praticadas. Ufa! Esse síndico vai ter um trabalhão, heim?... Módulo 2 - Analisando e administrando o conflito Resolvendo Conflitos de Forma Construtiva: a contribuição de cada um para uma cultura da paz Resolvendo Conflitos de Forma Construtiva: a contribuição de cada um para uma cultura da paz Módulo 2 - Analisando e administrando o conflito 29 Como o conflito evolui? Dinâmica Até agora, vimos o que é um conflito, como ele se manifesta e quais suas possíveis causas. Mas será que com isso já é possível analisá-lo por completo? Você vai ver a seguir que, sem saber como se desenvolve um conflito, ainda não é possível compreendê-lo por completo! Os conflitos têm uma dinâmica previsível. Quando surgem, podem ser enfrentados de maneira construtiva ou destrutiva. Se o conflito não é resolvido de forma imediata, começa um processo de crescimento ou intensificação, que pode ser interrompido a qualquer momento, com abordagens sérias de solução. Mas eles não crescem indefinidamente: têm certa capacidade de subir, até que chega um momento em que estancam. O conflito permanecerá estagnado, com suas flutuações altas ou baixas, até que, uma vez as partes assumindo sua interdependência, possa começar um processo de decrescimento. É justamente na fase de crescimento e intensificação em que normalmente se encontram os conflitos quando chegam ao Procon ou ao Judiciário. Espiral do Conflito O processo de crescimento ou intensificação caracteriza-se pelo surgimento do que chamamos de espiral de conflito2. Em relações conflituosas, há uma progressiva escalada resultante de um círculo vicioso de ação e reação. Cada reação torna-se mais severa do que a ação que a precedeu e cria uma nova questão ou ponto de disputa. Esse modelo sugere que, com esse crescimento (ou escalada) do conflito, as suas causas originárias progressivamente tornam-se secundárias a partir do momento em que os envolvidos mostram-se preocupados em responder a uma ação que imediatamente antecedeu sua reação. 2. Rubin e Kriesberg. Módulo 2 - Analisando e administrando o conflito Resolvendo Conflitos de Forma Construtiva: a contribuição de cada um para uma cultura da paz Resolvendo Conflitos de Forma Construtiva: a contribuição de cada um para uma cultura da paz Módulo 2 - Analisando e administrando o conflito 30 31 Podemos utilizar como exemplo, para uma boa visualização das espirais, os conflitos entre clientes e empresas. Normalmente, esses conflitos têm uma causa originária (ex.: cobrança, prestação do serviço, qualidade do produto, inscrição nos cadastros de inadimplência) que só consegue ser resolvida após o tratamento das outras questões surgidas durante o processo de intensificação (ex.: mau-atendimento prestado por um funcionário, longo tempo de espera, falta de informações, desrespeito etc.) Processos competitivos e cooperativos O exemplo que vimos reflete uma típicaespiral destrutiva, que gera uma percepção do conflito como um processo competitivo; uma ameaça gerando necessidade de defesa. Numa negociação/conciliação, o que se pretende é reverter essa dinâmica da espiral de destrutiva para uma construtiva, em que há um círculo virtuoso de ações e reações voltadas a soluções criativas, estabelecendo, assim, um processo cooperativo. As seguintes características diferenciam esses processos: Processo competitivo Processo cooperativo Comunicação Escassa, não confiável, empobrecida, distorcida. Aberta, honesta, compartilhada. Percepção Sensação de oposição; ações vistas como mal-intencionadas. Sensação de convergência (foco nos interesses comuns); ações vistas como bem-intencionadas. Atitudes Suspeitosas e hostis; respostas negativas aos pedidos do outro. Amigáveis e confiantes; respostas positivas aos pedidos do outro. Orientação de tarefas Tentativa de imposição de um lado sobre o outro. Busca de uma solução que atenda a ambos. Relação social preexistente Enfraquecimento. Fortalecimento. Estágios da escalada do conflito Que interessante essa visão das espirais do conflito! Dependendo da forma como as partes agem e reagem ao conflito ao longo do tempo, ele se intensifica e cria novas questões a serem resolvidas! Exatamente! E ele cresce até um ponto a que chamamos de “Juntos para o abismo!” Nossa... por que essa denominação? Porque é um ponto em que o grau de aborrecimento e frustração das pessoas é tão grande, que o objetivo principal passa a ser punir o outro, não importando se isso causará prejuízos a si mesmo. As pessoas deixam de querer ganhar e passam a admitir prejuízos, desde que o prejuízo do outro seja maior. Mas não se chega a esse ponto do dia para a noite, não é mesmo? Exato. Vários estágios são percorridos até lá! É o que estudaremos agora! Módulo 2 - Analisando e administrando o conflito Resolvendo Conflitos de Forma Construtiva: a contribuição de cada um para uma cultura da paz Resolvendo Conflitos de Forma Construtiva: a contribuição de cada um para uma cultura da paz Módulo 2 - Analisando e administrando o conflito 32 33 Os estágios da escalada do conflito3 estão representados nas ilustrações abaixo: 1. Já vimos que o ponto de partida do conflito é o desacordo com relação a alguma questão. É o momento em que as diferenças se manifestam, necessidades e interesses 3. Adaptação do Modelo de Friedrich Glasl (1999). não são atendidos e surge um problema a ser resolvido. Ainda estamos bem no início da espiral. A comunicação e a cooperação entre as pessoas ainda é possível e tudo pode ser resolvido consensualmente com mais facilidade. 2. Entretanto, se o problema não for consensualmente resolvido logo nesse momento inicial, as pessoas entram em um debate sobre suas posições e uma tenta convencer a outra a resolver o problema da maneira que acha mais adequada. 3. Se uma solução não é encontrada com base nesse diálogo inicial, as pessoas começam a ter a percepção de que o outro lado não quer colaborar e sentem a necessidade de tomar outras atitudes. Em um conflito entre consumidor e empresa, por exemplo, uma atitude seria reclamar na ouvidoria após a tentativa de resolver o conflito com um atendente. Durante a separação, o casal recorre a advogados, uma vez que não entrou em consenso quanto ao valor da pensão alimentícia. Os envolvidos podem resolver também não mais conversarem entre si, interrompendo a comunicação. Apesar de o conflito ter avançado e o grau de cooperação diminuído, ainda é possível obter um resultado em que ambos vão se sentir satisfeitos. Módulo 2 - Analisando e administrando o conflito Resolvendo Conflitos de Forma Construtiva: a contribuição de cada um para uma cultura da paz Resolvendo Conflitos de Forma Construtiva: a contribuição de cada um para uma cultura da paz Módulo 2 - Analisando e administrando o conflito 34 35 4. No estágio seguinte, as pessoas procuram convencer colegas, amigos, especialistas, autoridades, ou seja, pessoas que confirmem que elas têm razão na disputa, que defendam sua imagem ou que possam, inclusive, intervir a seu favor. Formam-se coalizões. Por exemplo, num conflito no ambiente de trabalho, é o momento em que colegas são consultados. Em casa, pode-se buscar o apoio dos pais ou dos irmãos. Consumidores podem recorrer ao PROCON ou a serviços virtuais como o “Reclame aqui”. Casais em processo de separação procuram amigos e familiares. O condômino procura o síndico para ajudá-lo. Os envolvidos vão perdendo a objetividade e passam a tratar o conflito como algo pessoal, e a competição predomina, ou seja, um irá querer vencer do outro. A partir desse estágio, há grandes chances de um resultado final em que um fique satisfeito e o outro insatisfeito. 5. Perceba que a disputa está mais acirrada, provavelmente as emoções estão mais intensas. As pessoas podem querer não só provar que estão certas, mas também que a outra assuma que está errada. É a busca por uma retratação como forma de compensação pela sensação de perda de prestígio. Exigências como um pedido de desculpas, retratações públicas e indenizações por dano moral são exemplos de formas de compensação. 6. A escalada já avançou bastante, não é mesmo? Entra-se agora num estágio de “Administração da Ameaça”, em que as partes ameaçam e fazem ultimatos, ainda na expectativa de que o outro ceda. Como exemplo do que acontece nessa fase, podemos citar as ameaças de ingressar com uma ação judicial, de ir à polícia, de denunciar a situação ao chefe, de contar para o pai ou a mãe etc... 7. O sétimo estágio da escalada do conflito é chamado “Golpes de ação limitada”. São atitudes mais extremas. É a concretização das ameaças, como, por exemplo, iniciar a ação judicial, abrir um boletim de ocorrência na polícia, reportar o ocorrido ao chefe, entregar o irmão para o pai. As pessoas em conflito, que se veem como adversárias, oponentes, agora entram em uma área em que as perdas são mútuas. Módulo 2 - Analisando e administrando o conflito Resolvendo Conflitos de Forma Construtiva: a contribuição de cada um para uma cultura da paz Resolvendo Conflitos de Forma Construtiva: a contribuição de cada um para uma cultura da paz Módulo 2 - Analisando e administrando o conflito 36 37 8. Diante dos duros golpes do estágio anterior, os sentimentos predominantes são de medo e insegurança. As ações e reações de um e de outro são cada vez mais intensas, com o objetivo de defender-se e ao mesmo tempo pressionar e fazer o outro perder ainda mais. Ocorre o que chamamos de “Fragmentação do inimigo”. Por exemplo, em uma ação judicial há cada vez mais troca de acusações por meio das peças processuais. No trabalho, o grau de tensão aumenta e impacta os relacionamentos e a produtividade. Os vizinhos já não se olham. Os irmãos discutem mais e mais. 9. Chegou-se ao ponto da confrontação total: “Juntos para o abismo”. Nesse estágio, a única coisa que importa é destruir o outro, mesmo que isso corresponda à autodestruição. O pensamento é: “Eu posso perder, mas ele vai perder mais do que eu. Vou até as últimas consequências agora!” Os sentimentos predominantes são de raiva e frustração. As perdas mútuas são máximas e os relacionamentos estão muito desgastados. Conclusão Percebeu que à medida que o conflito escala, os relacionamentos se desgastam? Podemos dizer que essa é uma das piores consequências possíveis quando se pensa em um conflito não resolvido ou mal resolvido. Exato. Como exemplos, podemos pensar: no impacto da perda de clientes para uma empresa; na relação tumultuada de ex-cônjuges e o reflexo disso sobre os filhos; na convivência estremecida entre vizinhos; no ambiente tenso no local de trabalho; na falta de harmonia entre familiares, etc... Os conflitos sempre existirão, são inevitáveis. A forma como lidamos com eles, porém, pode fazer toda a diferença no resultado final! A boa notícia é que, ao se verificar em que ponto da escalada as pessoas estão,é possível intervir, provocando a reversão da espiral do conflito e a sua desescalada. Veremos no módulo a seguir como fazer isso! Ao desenvolver um estilo adequado de negociação e pôr em prática algumas dicas simples, porém efetivas, você conseguirá atender a seus interesses e, principalmente, manter seus relacionamentos. Até já! Módulo 2 - Analisando e administrando o conflito Resolvendo Conflitos de Forma Construtiva: a contribuição de cada um para uma cultura da paz 38 Bibliografia DEUTSCH, M. The resolution of conflict: Constructive and destructive processes. Yale: Yale University Press, 1977. GLASL, F. Confronting conflict: A first aid kit for handling conflict. Stroud: Hawthorn Press, 1999. GRAHAM, P. Mary Parker Follett-Prophet of management: A celebration of writings from the 1920s. Washington: Beard Books, 2003. MAYER, B. The dynamics of conflict resolution: a practitioner’s guide. San Francisco: John Wiley & Sons, 2010. MOORE, C. W. O processo de mediação: estratégias práticas para a resolução de conflitos. Porto Alegre: ArtMed,1998. PRUITT, D. G.; KIM, S. H. Social Conflict: Escalation, Stalemate and Settlement. New York: McGraw-Hill, 2003. STEPHENS, D. C. O diário de negócios de Maslow. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2003. Módulo 2 Analisando e administrando o conito Resolvendo Conitos de Forma Construtiva: a contribuição de cada um para uma cultura da paz Brasília - 2015 Simone de Almeida Ribeiro Bastos Marcelo Girade Corrêa Introdução Como o conflito se manifesta? Conflito como percepção Conflito como emoção Conflito como comportamento Quais as causas dos conflitos? Necessidades Emoções Comunicação O Círculo do Conflito Conclusão Como o conflito evolui? Dinâmica Espiral do Conflito Processos competitivos e cooperativos Estágios da escalada do conflito Conclusão Bibliografia