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46 UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA JONATHAN SABOYA DE ALENCAR ANÁLISE DA RIQUEZA E DO CESCIMENTO DEMOGRÁFICO DO MUNDO COMTEMPORÂNEO MEDIANTE OS EFEITOS DOS NOVOS PROCESSOS PRODUTIVOS Cabo Frio 2019 JONATHAN SABOYA DE ALENCAR Análise da Riqueza e do Crescimento Demográfico do Mundo Contemporâneo Mediante os Efeitos dos Novos Processos Produtivos Projeto apresentado ao Curso de Engenharia de Produção, Campus Cabo Frio, da Universidade Veiga de Almeida, como requisito para aprovação na disciplina Monografia I, sob a orientação do Prof.º Me.Luis Carlos loureiro JONATHAN SABOYA DE ALENCAR ANÁLISE DA RIQUEZA E DO CESCIMENTO DEMOGRÁFICO DO MUNDO COMTEMPORÂNEO MEDIANTE OS EFEITOS DOS NOVOS PROCESSOS PRODUTIVOS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Veiga de Almeida–UVA–como requisito parcial à obtenção do título de graduação em Engenharia de Produção, sob a orientação de Msc. Luis Carlos loureiro Aprovado em_____de________________de______. ____________________________________________ Professor Me. Luiz Carlos loureiro Professor Orientador ____________________________________________ Professor Me. Luiz Felipe Pereira das Neves Professor do curso de Engenharia de Produção ____________________________________________ Professor Me. Gilmar Baptista Galvão Professor do curso de Engenharia de Produção DEDICATÓRIORIA Dedico este trabalho ao meu saudoso pai e espero que em sua memória venha a ser um ótimo profissional, que eu seja tão bom quanto ele foi. AGRADECIMENTOS Primeiramente gostaria de agradecer a Jeová, meu Deus por ter chegado até aqui, pela saúde que tem me dado e o prazer em acordar todos os dias e poder estudar e trabalhar, O caminho não foi fácil e a ideia de entrar em uma universidade estava longe de ser real. A minha mãe por ter cuidado de mim, me arrumando e me levado a escola com toda a dificuldade mesmo morando em outra cidade e pegando dois ônibus, em um trajeto de quase duas horas, seu sacrifício não foi em vão. Aos meus irmãos Jennifer, Thiago, Marcos e Monica e meus cunhados por estarem sempre ao meu lado e terem me ajudado a continuar e não desistir após a perda do nosso patriarca, dor que pensei que nunca sentiria, mas estávamos ali, juntos. A minha esposa Isabelle pelo grande apoio que me deu ao longo dessa saga, e principalmente no final do curso por me levar a faculdade, pois passei por uma crise de ansiedade e pânico, e se não fosse a minha esposa, eu não conseguiria ir a muitas aulas, obrigado meu amor, te amo. Eu queria dar um agradecimento especial, sim, especial, pois se não fossem meus tios Edmilson e Joana, eu não estaria concluindo esse curso. Se não tivesse o incentivo e tudo que os dois me deram. Lembro do dia que cheguei a cabo frio, desiludido com a vida e sem esperanças, mas encontrei nos senhores a força e um novo caminho a seguir. Aprendi a dirigir, tive emprego, casa e oportunidade de fazer um intercâmbio, que foi a maior experiência da minha vida. Eu não tenho palavras para agradecê-los e espero um dia retribuir tudo que foi me dado. Meu tio, obrigado por parafusar o quadro branco na parede para que eu pudesse estudar e analisar as formulas, obrigado por ter me dado o dinheiro da matricula e por ter me emprestado o carro tantas vezes, e logo depois, comprou um para eu não chegar tarde em casa. Amo vocês do fundo do meu coração, uma grande parte dessa conquista tem as mãos de vocês. Agradecer aos meus amigos da faculdade Yuri, Jennifer, Marcelo e Wallace e ao professor Luiz Carlos, que aceitou em ser meu orientador e me passou boa parte do ensino sobre a conjuntura brasileira e economia. Agradecer ao meu falecido pai por ter me dado educação e ensinado tudo que sei sobre ser um verdadeiro homem de bem, espero que o senhor se orgulhe de mim mesmo estando em sono profundo, estando na memória do nosso Deus, te amo. “Os ociosos no fim da vida sentirão grande remorso do tempo perdido” Autor desconhecido RESUMO Alencar, J. S Análise da riqueza e do crescimento demográfico do mundo contemporâneo mediante os efeitos dos novos processos produtivos. Cabo Frio, Rio de Janeiro. Monografia (Graduação). Universidade Veiga de Almeida, Campus Cabo Frio. O objetivo deste trabalho é analisar a formação da riqueza e do crescimento demográfico do mundo contemporâneo, considerando os efeitos dos novos processos produtivos e seus desdobramentos sobre as diferentes áreas da sociedade. O início do ato de produzir foi o estopim de toda uma cadeia de inovações e oportunidades para o mundo, porém esta ação foi se desenvolvendo de forma simples até que alguns fatores importantes foram se aglutinando, tais como: a origem da propriedade privada, a reformulação do conhecimento, tecnologias inovadoras, mercado financeiro e um sistema de transporte eficiente. Esses foram os pilares para o boom do crescimento demográfico e econômico mundial, onde produzir foi a maneira pela qual os coletores e não coletores conseguiram sobreviver, a produção por menor que seja está ligada à continuidade da nossa espécie e é tão importante quanto a nossa multiplicação. Produzir, vem de pro-, “à frente”, e ducere "guiar". Ou seja, “guiar para a frente”. Um país ou pessoa que produz segue adiante e isso foi o que aconteceu até chegarmos aos dias atuais onde as novas formas de tecnologia fazem com que mais pessoas possam ter acesso bens de consumo e sobreviver de forma mais digna. Palavras-Chaves: Produção, Demografia, Crescimento, Riqueza ABSTRACT SABOYA, J. A. Analysis of the wealth and demographic growth of the contemporary world through the effects of the new productive processes. Cabo Frio, Rio de Janeiro. Monography (Undergraduate). University Veiga de Almeida, Cabo Frio Campus. REVER The beginning of the act of producing the world was developing in a simple way until some important factors were brought together as the origin of private property, the reformulation of knowledge, innovative technologies, financial market and an efficient transportation system. These were the mainstays for the boom in world economic and demographic growth where Producing was the way collectors and non-collectors managed to survive, however small production is linked to the continuity of our species and is as important as our multiplication. To produce. It comes from pro-, "ahead", and ducere. That is, "to guide forward". A country or person that produces goes on and on, and this is what happened until we reach the present day where new forms of technology make more people to have consumer goods and survive in a more dignified way Key-Words: Production; demography; growth, Weath LISTA DE GRAFICOS Figura 1: Renda per capita mundial (0-2008) .......................................................... 16 Figura 2: Elevação demográfica .............................................................................. 18 Figura 3: Acumulo de patentes ................................................................................ 28 SUMARIO 1 O PROBLEMA 11 1.1 INTRODUÇÃO 11 1.2 OBJETIVO 13 1.2.1 Objetivo Geral 13 1.2.2 Objetivos Específicos 13 1.3 RELEVÂNCIA DO ESTUDO 14 2 REFERENCIAL TEÓRICO 16 2.1 A VIDA ANTES DE 1800 15 2.1.2 como tudo começou 18 2.1.3 Tudo ao dono 25 2.1.4 A propriedade privada 26 2.1.5 Acesso ao conhecimento 26 2.1.6 Novas tecnologias 28robôs. Hoje engenheiros estudam com mais afinco formas de produção mais eficientes não deixando de lado o conforto dos colaboradores. Isso nós devemos a Taylor e Fayol que revolucionaram as formas de trabalho nas fábricas passando pelo processo de produção criado por Ford e depois aprimorado pela Toyota. A produção de alimentos conta com um crescimento da área cultivável de forma simples, mas a produção se eleva de maneira exponencial, isso se deve a novas formas de mapeamento genético e a introdução da tecnologia na hora do plantio e na colheita. A produção industrial vem crescendo, mas já não é a mola propulsora da riqueza mundial. As novas tecnologias estão trazendo novas empresas onde a produção em si não faz parte de sua saúde financeira, o setor de serviços cresce mais do que a indústria e isso se comprova com o preço das empresas de tecnologia em comparação a empresas da internet. Se existia o medo da evolução tecnológica no século XIX, o mesmo acontece no século XXI, muitos vislumbram um futuro tenebroso com a evolução das maquinas e a substituição da mão de obra humana por sistemas robóticos mas a realidade esta mostrando que se as fabricas empregam menos a tecnologia preenche essas vagas de forma mais capacitada, a ação de produzir está enraizada na humanidade e com isso a geração de riqueza também. A maior empresa de transporte do mundo não possui carros, a maior rede de entregas não produz nenhum tipo de produto, a maior empresa de serviços de estadia não possui quartos e hotéis próprios. Assim, a humanidade vai se transformando e assim a riqueza vem junto, pois o passado nos mostra que não devemos temer pela criação de novas tecnologias mas sim dominá-las, inserindo suas facetas no nosso cotidiano, o que muda é que agora as pessoas precisam dominar cada vez mais o conhecimento já que a transformação de matérias primas em produtos acabados e semiacabados já não são os motores da sociedade, precisamos agora expandir o conhecimento para que mais pessoas venham a criar sistemas e soluções para o cotidiano, a arte de produzir só mudou de forma e agora esta nas mentes mais inovadoras. 4. CONSIRAÇOES FINAIS O mundo evoluiu em um piscar de olhos, tudo mudou nos últimos 200 anos, a sociedade vive uma época de oportunidades que foi construída de forma lenta, em que muitos homens contribuíram de forma decisiva, seja com conhecimento, atitudes e dinheiro. Este trabalho propôs mostrar o quanto a produção foi capaz de revolucionar a vida e nosso cotidiano, produzir, gerar riquezas e vida, assim não nos resta opção em continuar a fazer o que nossos antepassados fizeram, continuar a produzir o que for necessário para resolver os problemas dos mais simples aos mais complexos, vimos o quanto a formulação do conhecimento e da propriedade privada foi importante e o quanto as novas tecnologias ajudaram nesse processo de evolução. Espero que esse trabalho ajude aos novos alunos a pensarem em não estar ociosos e sim em plena atividade produtiva, ajudado a criar riqueza ou gerenciando as que já existem, melhorando a vida de suas famílias e da sociedade. 5 REFERÊNCIAS A ORIGEM DA PROPRIEDADE PRIVADA E DA FAMILIA. Disponível em: . acesso em: 12 out.2018. BERNSTEIN, J. Uma Breve História da Riqueza. 04. ed. Rio de Janeiro :Fundamento, 2015 HUBERMAM, Leo. História da Riqueza do Homem: Nova York :Zahar editores 1981 LEITE, J. DA COSTA Análise Social, vol. XXVI, (112-113), 1991 (3.º-4.°), 741-752 O transporte de emigrantes: da vela ao vapor na rota do Brasil, 1851-1914. Cidade. Ed. Ano?. image1.png image2.png image3.png2.1.7 Mercado de capitais 29 2.1.8 Transporte eficaz 32 2.1.9 Revoluçao das maquinas 33 2.2 TECNOLOGIA E INDUSTRIA NOS DIAS DE HOJE 35 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS 45 4 METODOLOGIA 46 4.1 TIPO DE PESQUISA ...................................................................................................46 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 46 12 1. INTRODUÇÃO 1.1 O PROBLEMA O mundo está se transformando de forma bem rápida, as novas tecnologias batem em nossa porta a todo instante, a lei de Moore diz que a cada 18 meses a capacidade de processamento de um computador aumenta em 100%, isso quer dizer que a revolução tecnológica é muito mais rápida do que toda história da produção, diversos livros e matérias em jornais trazem um ponto de inflexão muito importante: Como a população mundial conseguiu ter acesso a tantos itens, sejam duráveis ou não, a alimentos, tecnologia e poder real de compra em tão pouco tempo? Em 200 anos toda a estrutura de criação de bens de consumo e alimentos mudou de uma forma nunca vista antes. Demoramos três mil e setecentos anos desde a idade do ferro até chegarmos as grandes navegações e depois mais 300 anos para as caravelas e naus andarem a vapor e mais 150 anos para ter o primeiro avião, e hoje, a tecnologia se renova a cada 3 anos. Os índios brasileiros passaram da idade da pedra para a do aço em segundos, quando os portugueses chegaram com novas ferramentas. Isso fez com que a derrubada de árvores para a expansão territorial ou para a produção de lenha diminuísse exponencialmente, um exemplo é que se demorava dois dias para derrubar uma árvore usando pedras afiadas, com as lâminas e machados, isso passou a 5 horas. Esse exemplo mostra como a tecnologia muda a forma de produzir, elevando a quantidade e diminuindo o tempo. Produzir foi a maneira com que os coletores e não coletores conseguiram sobreviver, a produção por menor que seja está ligada a continuidade da nossa espécie e é tão importante quanto a nossa multiplicação. Produzir. Vem de pro-, “à frente”, e ducere “guiar”, ou seja, “guiar para a frente”. Um país ou pessoa que produz segue adiante, parece ser o que a metáfora quer dizer. Uma pessoa comum gastava 90% do seu tempo para sobrevivência e em um estalar de dedos (200 anos na história do mundo não é nada), hoje a mesma pessoa pode dividir o seu tempo em diversas atividades e a diversão entrou nessa divisão. Desde as primeiras fábricas na Inglaterra, passando pela produção americana e japonesa até a atual revolução tecnológica o mundo cresceu exponencialmente e as teses que mostravam que quanto mais crescíamos demograficamente menos enriquecíamos caíram por terra desde que a renda per capita mundial explodiu. Esse trabalho busca demonstrar como as novas técnicas de produção fizeram com que o homem mudasse drasticamente a sua rotina e elevasse sua expectativa de vida a números nunca antes vistos. Como em tão pouco tempo (duzentos anos) chegamos a mais de sete bilhões de pessoas se em 5 mil anos a população não passou de cem milhões? 1.2 OBJETIVOS 1.2.1 OBJETIVO GERAL O objetivo deste trabalho é analisar como as novas técnicas de produção fizeram com que o homem mudasse drasticamente a sua rotina e elevasse sua expectativa de vida a números nunca antes vistos. Buscamos, através desta pesquisa, conscientizar os futuros engenheiros de produção, para que entendam o motivo pelo qual devemos melhorar ou analisar novas técnicas de produção demonstrando de forma histórica e matemática como o ato de produzir foi o início de toda a mudança na história da humanidade e como o crescimento econômico e demográfico foi possível com as novas técnicas de produção em escala. E o impacto nas vidas das pessoas desde a revolução industrial e suas consequências aos dias atuais. 1.2.2 OBJETIVOS ESPECIFICOS - Analisar a história das sociedades e seus processos de formação; - Compreender os motivos pelos quais a sociedade não conseguiu evoluir antes. - Analisar como a Revolução Industrial foi o divisor de águas na história da produção e enriquecimento econômico. - Mostrar para onde iremos com as novas formas e técnicas de produção em escala. O método de pesquisa utilizado para a elaboração do trabalho foi com base em pesquisa bibliográfica, pois foi desenvolvida através de levantamento de dados publicados por meios eletrônicos de artigos científicos e páginas de web sites e livros especializados. A pesquisa bibliográfica é fundamental para que se conheça e analise as principais contribuições teóricas sobre um determinado tema ou assunto. Este projeto baseia-se em matérias de fontes escritas disponibilizada ao público geral organizada e de fácil acesso. 1.3 RELEVÂNCIA DO ESTUDO Os engenheiros de produção entram na faculdade sem ter a mínima ideia do que é produção ou engenharia em si. Muitos só sabem o que estão estudando durante o curso e isso faz com que muitos não se encontrem ou mudem de área. O ato de produzir e a inovação nos meios de produção foi o que nos fez chegar até aqui e por isso conseguimos alimentar tanta gente ao redor do mundo, conseguimos nos comunicar ou produzir números cada vez maiores de carros por dia em uma fábrica, e produzir toneladas de alimentos em porções cada vez menores ou iguais. Mesmo com muitos ainda estando sem acesso a determinados bens e produtos, cada vez mais a população consegue adquirir alguns desses bens. Dominar e entender novos meios de produção diminuindo os gastos com matérias primas, mas mantendo a criação estável ou crescente é um desafio para os dias de hoje, mas não era fator determinante no passado. Um verdadeiro engenheiro de produção deve saber o peso e importância que ele tem dentro de uma empresa e saber que foi a produção em escala que nos fez chegar até aqui. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 A VIDA ANTES DE 1800 Se retornarmos no tempo mais precisamente 50 mil anos atrás o número de “humanos modernos” não era superior a 5.000, eles viviam confinados ao norte da África e eram formados por um número pequeno de pessoas em sociedades fechadas (de 10 a 30) e muito ocasionalmente se encontravam onde o número crescia para 100 a 150 pessoas e a divisão ficava entre homens e mulheres, onde o homem caçava e as mulheres colhiam, a vida de certo modo não era ruim, pois algumas horas de trabalho eram necessárias para uma vida confortável. Entretanto, a vida dos caçadores-coletores teve de enfrentar um grande problema, pois a vida baseada na caça e na coleta de forma imobilista, isto é, nada acrescentando a ofertas de bens vindo da natureza apenas consumindo, destruindo e deixando de criar, deixando o tempo da natureza responsável por tudo, fazia com que os lugares onde estavam inseridos tornarem-se exauridos. Essa forma de convivência gerava um problema inescapável que era o crescimento populacional, pois para manter uma vida confortável era necessário manter a densidade populacional baixa. Estima-se que era necessário de 2 a 3 quilômetros quadrados para manter confortavelmente 2 pessoas e em regiões menos férteis, o tamanho do território deveria ser maior. Então era comum o infanticídio e os abortos ou até mesmo prolongar a amamentação para a mulher não ficar fértil. Dado que o tamanho da população não podia ser mantido em um nível estacionário, restavam apenas três alternativas: poderiam parar de caçar e colher e encontrar uma nova forma de organização social; podia-se entrar em conflitos com os outros grupos para se apossar da oferta limitada de alimentos ou migrar. A última foi feita durante anos, mas chegou em um momento em que a massa de terra disponível para ajudar a satisfazer as necessidades humanas, não mais podia ser aumentada, a produção de terra passou a ser “fixa” ou seja, enquanto a população crescia, a terra deveria crescer também, Mas sabemos que isso é impossível. Caímos cedo em uma lei sagrada da economia que é a “lei econômica dos retornos decrescentes” que diz que para qualquer combinação dos fatores de produção - no caso especifico: terra e trabalho – existe umacombinação ótima, se esta não for seguida pela quantidade de bens físicos, não aumentará. Ou seja, tudo o mais constante, um aumento da população para além de um determinado ponto não é acompanhado de um aumento proporcional da riqueza. Se esse ponto for ultrapassado, a quantidade de bens per capita diminui e o padrão de vida em média irá diminuir, atinge-se um ponto de superpopulação absoluta. Tudo mudou quando o nômade passou a demarcar uma área e nessa mesma área começou a plantar e criar animais, esse ato de produzir seu alimento foi a ponta de lança para toda história da humanidade. Porém, as regras não eram bem claras e eram comuns guerras e invasões. Isso só mudou quando a junção de propriedade privada e produção se alinharam. O mundo foi evoluindo e a propriedade privada passou a ser o ponta pé inicial para toda a mudança, porém a definição de propriedade privada foi mudando de acordo com o tempo, a terra era o bem mais precioso e a produção passou a fazer parte da vida das pessoas e quando não fazia, tentavam trocar o que possuíam. Antes de existir a venda da força de trabalho, as pessoas trocavam bens que em sua grande maioria eram alimentos, conseguir se vestir para se proteger do frio era uma tarefa árdua e os meios de higiene eram precários no que resultava em muitas doenças, os sistemas de saneamento básico só chegaram no início do século XVIII. Junto com o escambo, a forma de pagamento usada principalmente pelos romanos era o chamado “salario” que era composto por punhados de sal dado a cada soldado pelo serviço prestado, depois surgiram as moedas de prata e ouro, ocasionando uma grande mudança na forma da compensação da força de trabalho, lembrando que o dinheiro “é uma convenção social onde damos um valor comum a um papel ou pedra” (Gustavo franco – 2016, p.?). Mas o que se fazia com o que se ganhava? Os ricos conseguiam comprar ou fazer com que pessoas trouxessem bens por trabalho como: especiarias e roupas. Já os pobres traziam sementes e alimentos para os animais. Isso fez com que as taxas de renda per capita ficassem estáveis durante anos, pois a vida estava limitada à sobrevivência, e a terra tinha um dono, onde tudo que se produzia tinha um destino que não era para o próprio trabalhador. Mesmo antes do feudalismo, Grécia e Roma antigas tentaram sem sucesso implementar um dos pontos mais importantes para a produção que é a propriedade privada O gráfico 1 - Mostra como o mundo manteve de forma linear a renda per capita durante 1800 anos, e logo após a 1750 a renda cresceu exponencialmente. Fonte: The Madison Project 2010 2.2 COMO TUDO COMEÇOU Explicar como o mundo conseguiu elevar os níveis demográficos e econômicos não é uma tarefa tão fácil, existem muitas vaiáveis que são importantes, mas o que fez tudo mudar foi a junção de alguns vetores, quando se tinha um, não se contava com o outro e isso fazia com que sistemas e países não conseguissem o progresso. A humanidade ficou sem contar com cinco vetores que são responsáveis pela grande mudança: 1. Segurança e propriedade privada. 2. Acesso ao conhecimento 3. Tecnologias de produção 4. Mercado de capitais. 5. Transporte eficaz Esses cinco vetores só se alinharam no fim do século XVIII. O mundo passou por grandes tribulações, mas pouco mudou no estilo de vida e na demografia mundial nos séculos anteriores. Estamos falando até mesmo antes do calendário cristão o mundo mantinha taxas de natalidade e renda estáveis e com variações na maioria das vezes para baixo. 2.3 TUDO AO DONO Durante anos, até mesmo antes da demarcação da propriedade privada a vida era perigosa e a expectativa de sucesso era baixa. Os países eram em sua maioria formados por pequenos reinados ou feudos e viver fora das cidades era perigoso. Os assaltos a viajantes e a tomada de cidades eram comuns, e isso fez com que as pessoas se amontoassem em um determinado lugar para buscar proteção e vantagens na hora da troca, porém para viver nos feudos era colocada em prática a produção em faixas, que era bastante dispendiosa. E a terça parte de toda a produção iria para o dono da terra, mas nessa época descobriram que a alternância da terra era melhor e ao invés de três passaram a usar duas partes de terra fazendo sempre uma descansar. Isso fez com que a produção melhorasse, mas um problema continuou a existir, que era o dono da terra, já que ela tinha preferência no momento da colheita, venda ou em qualquer tipo de problema. Os trabalhadores trabalhavam mais na faixa do senhor do que nas próprias terras, assim sobrava muito pouco para os camponeses. Gráfico 2 – elevação demográfica desde 1700. Fonte: Allianz 2.4 A PROPRIEDADE PRIVADA Nada foi tão importante durante toda história da humanidade do que a delimitação de um determinado pedaço de terra. O direito à propriedade foi o primeiro vetor para a construção da riqueza mundial, dentre os quatro pilares para a produção de riqueza e desenvolvimento, esse foi o mais fácil de ser feito pois era necessário apenas o direito à terra e o respeito ao que foi tratado. Existem documentos com mais de quatro mil anos, em que contratos de propriedade eram firmados. No mundo moderno a propriedade é o vetor mais crítico como definiu P.J.O’Rourker (ANO, p. ): [...] A coreia do norte tem um índice de alfabetização de 99% uma sociedade disciplinada e trabalhadora, renda per capita de US$ 900 o Marrocos tem índice de alfabetização de 43,7%, uma sociedade que passa o dia todo bebendo café e aporrinhando turistas para que comprem tapetes, e um PIB per capita de US$ 3,6 mil. O desenvolvimento da democracia grega e sua expansão se deve à produção em escala em pequenas propriedades de terra, que tinham no máximo quatro hectares (isso era feito para ter uma condição social linear entre os providos de terra, já que esses tinham mais direitos do que o resto da população, como o direito ao voto), isso fez com que muitas pessoas trabalhassem nessas propriedades e a ação de produzir gerava renda e mantinha as nações-estado. Por volta de 592 a.C., Sólon , herdeiro de uma família de prósperos mercadores, foi eleito alto magistrado e viu que o desenvolvimento de uma nação dependia de um judiciário forte e independente para garantir o direito aos produtores rurais e a população em geral, ali era o início da proteção a propriedade privada realmente dita e estabelecida. O sucesso de uma nação em longo prazo depende de que se estendam oportunidades econômicas para a maioria, ou pelo menos a uma minoria substancial de seus cidadãos. Em uma sociedade agrícola, isso significa apenas uma coisa: A propriedade da terra. Infelizmente, o estoque de terra é limitado. No mundo antigo, a tendência de que as propriedades crescessem e se concentrassem nas mãos de um número menor de pessoas provou ser fatal para as cidades-estados gregas, como foi posteriormente em Roma. A democracia é uma flor frágil em uma nação predominante agrícola. Quando a propriedade começa a se concentrar excessivamente, o que inevitavelmente ocorre, a estabilidade política e econômica desaparece, isso é a diferença do que ocorre hoje em dia, já que a produção não precisa de um número grande de terras o que torna a produção quase “infinita” não limitando a geração de riquezas. Os direitos de propriedade na Roma antiga eram leis restritas, detalhadas e altamente sofisticadas quanto às transações comerciais e aos direitos de propriedade. Compreendiam bem as sutilezas da propriedade roubada, por exemplo. Porque uma aplicação frouxa das leis encorajaria o roubo e uma aplicação excessivamente severa tornaria difícil realizar compras e vendas com base na boa-fé, o que prejudicaria o comércio, a lei romana fazia distinção cuidadosa entre propriedade e posse, e as duas coisas podiam ser adjudicadas separadamente, em caso de necessidade. Porém, mais uma vez mesmo com todos os direitos estabelecidos Roma não conseguia inovar na produção muito por causa da turbulenta troca de sistema político, que de república passou para império e os poderes do imperador erammaiores do que os poderes dos juízes. Um grande proprietário poderia perder sua terra de uma hora para outra, fazendo com que a produção e a geração de riqueza decrescessem. Nada foi mais importante para história da propriedade privada e o início da produção em escala do que a “magna carta”, que era um conjunto de 63 capítulos onde leis de proteção à terra e liberdade foram garantidas, facilitando a produção e o comércio livre terminando assim a instabilidade que os grandes barões produtores tinham ao realizar seu trabalho. Pela primeira vez desde a Grécia antiga, a lei tratava com igualdade todos os homens livres, do humilde agricultor ao rei. Isso diferia muito da situação vigente na Roma antiga ou no mundo medieval, cujas leis reconheciam diversas categorias de pessoas. Apenas na Inglaterra e em certas porções da Grécia antiga, esse nivelamento de classes sociais permitiu a emergência do estado de direito e, com ele, direitos de propriedade. Um dos maiores pensadores sobre o tema foi Jhon Locke com sua grande obra Dois tratados de 1680, em que coloca parâmetros para o estado benigno, cujo propósito primário seria a preservação da propriedade privada e a segurança jurídica perante aos homens comuns e reis. Dois tratados foi uma obra tão importante para a proteção da propriedade, que inspirou a partir do uso de um de seus tratados a famosa “Declaração da Independência dos Estados Unidos”. Tendo o homem nascido, como provado, com direito a liberdade perfeita e ao desfrute irrestrito de todos os direitos e privilégios da lei da natureza, em igualdade diante de qualquer homem ou homens do mundo, ele tem por natureza o direito de preservar sua propriedade – ou seja, sua vida, liberdade e posses. (Sobrenome do Autor, Ano, p.) A propriedade privada nos dias de hoje continua sendo um pilar para o crescimento das nações, fazendo empresas terem a certeza que seus bens não serão tomados pelo governo ou movimentos sociais. 2.5 ACESSO AO CONHECIMENTO Até 400 anos atrás, o mundo natural era um mestre aterrorizante e a humanidade, uma vítima indefesa de forças que não eram capazes de compreender: doenças, secas, inundações, terremotos e incêndios. Até acontecimentos astronômicos benignos, como cometas e eclipses, eram ocorrências assustadoras, repletas de implicações religiosas e causadoras de superstições. De fato, muito dos pioneiros da astronomia moderna, entre os quais Copérnico e Kepler ganhavam a vida fazendo previsões astrológicas que eram usadas tanto por soberanos quanto por camponeses para tomar decisões cotidianas. Os fundamentos antigos da matemática são encontrados em papiros e tabletes de barro cozido com a escrita cuneiforme dos vários povos que floresceram na Mesopotâmia, entre eles os documentos mostram um conhecimento básico de: aritmética, álgebra, geometria e até mesmo trigonometria básica, o que mostra que a muitos anos antes já existia conhecimento científico. O problema é que muitos desses conhecimentos eram fechados e não podiam passar de forma natural para outros, as escolas gregas mantinham suas teorias bem guardadas o que causou 15 séculos de atraso por causa da chamada “idade das trevas”. Um dos acontecimentos mais marcantes da história do desenvolvimento humano foi a quebra do monopólio intelectual da Igreja Católica, que só foi acontecer quando suas metodologias foram desacreditadas. Já na Grécia antiga, se tinha a ideia que o sol era o centro do universo, mas a Igreja desacreditou muitos achados e livros antigos para ganhar mais poder e ter as pessoas cada dia mais presas às crenças e respostas vindas de Roma. É de se considerar que a produção só se desenvolveu com os novos métodos tecnológicos, mas a ênfase ao estudo e conhecimento viaja nas asas da prosperidade moderna, pois com elas podemos chegar a inovações. Crescimento econômico e produtividade ampliada são virtualmente sinônimos, e estas são quase integralmente resultado de avanços tecnológicos. O trabalhador que tem milhares de cavalos-vapor de potência sob seu comando ou se comunica com todo o planeta em frações de segundo por seu computador é imensamente mais produtivo que o trabalhador incapaz de fazer qualquer uma destas coisas. Há cerca de três séculos o ritmo de inovação tecnológica se acelerou drasticamente. A lista de invenções mecânicas significativas anteriores a 1700 é curta: o moinho de vento, a roda d’água, a impressora de tipos móveis e quase nada mais. Depois de 1700, em contraste, os inventos começaram a surgir em uma torrente quase incontrolável, a partir da qual fluiu também a riqueza e a produção em escala para a humanidade. O que estimulou essa inovação foi a revolução na forma como o homem do ocidente observava o mundo natural e se esforçava para compreendê-lo. Não seria exagero dizer que o homem ocidental e sua cultura são definidos pelo nascimento do racionalismo científico. O racionalismo foi uma corrente filosófica baseada nas operações mentais para definir a viabilidade e efetividade das proposições apresentadas. Essa corrente não era uma novidade, surgiu no século I antes de Cristo para enfatizar que tudo que existe é decorrente de uma causa. Já na idade moderna, os filósofos adicionaram a matemática como elemento para expandir a ideia de razão e a explicação da realidade. Dentre seus adeptos temos o francês René Descartes que elaborou um método baseado na geometria e nas regras do método cientifico, suas ideias influenciaram muito outros intelectuais e suas regras geraram uma lei para todos os próximos inventores e estudiosos: 1. Jamais podemos acolher algo como verdadeiro antes que o mesmo seja verificado. 2. É preciso fragmentar a dificuldade para examiná-la de perto. 3. É preciso colocar ordem nos pensamentos. 4. Fazer enumerações e revisões para não correr o risco de omissões. O mundo tinha agora regras estabelecidas para a formatação do conhecimento, e com isso, grandes pensadores e cientistas vieram como: Galileu, Newton, Copérnico, Kepler, Halley e muitos outros. Um dos motivos para o avanço do conhecimento é a aceitação ocidental de que uma ideia ou teoria podem estar erradas e que essa não é uma verdade final, a revolução do pensamento se deve também a uma sociedade que com a proporção do conhecimento adquirido coloque tudo em contestação. É verdade que isso só foi sendo colocado em prática quando a Igreja começou a perder poder, logo após as reformas protestantes a igreja foi ficando mais fraca e suas leis cruéis contra o novo e a contestação foram acabando, até que a mesma não interferisse mais na produção cientifica facilitando anos mais tarde a explosão das inovações tecnológicas. 2.6 NOVAS TECNOLOGIAS O mundo passou por milênios sem mudar muito a forma de produzir, nenhuma tecnologia foi criada durantes séculos, pois nada estava alinhado para isso, como foi explicado, esse fator precisava de um amadurecimento de toda uma geração e isso só foi acontecer depois que as ideias foram ajustadas, junto com Descartes e o modelo de elaboração do conhecimento que foi exposto. Mas umas das ações que contribuíram para o despertar de novas tecnologias foi o renascimento italiano que só foi possível por causa da queda de Constantinopla diante dos turcos, liderados por Muhammad II, em 1453. Este acontecimento resultou na descoberta de milhares de pergaminhos e tesouros científicos que antes eram proibidos, entre os mais importantes, estavam as bibliotecas de manuscritos da Grécia antiga com conceitos de matemática e astronomia. Os italianos foram os primeiros a desvendar esses livros que estavam guardados por mais de 1000 anos, fazendo a Europa passar por um período de escuridão e ignorância. Antes do advento da luz artificial o homem apreciava o céu e buscava explicações para tudo, o que acontecia assim, era o fato de que a astronomia era mais estudada do que a química, física e a medicina, pois era mais interessante e palpável o conhecimento sobre os corpos celestes, com isso a ciência e a tecnologia atuais são fruto em sua maioria dos estudos de Newton, Halley, Kepler, Galileu,Bacon e Copérnico. Libertando o pensamento que antes era religioso e mantinha a todos com medo dos astros e das forças do além. Os gregos e os romanos não descobriram como o mundo funcionava com base no que hoje conhecemos como raciocínio indutivo (a coleta e síntese de observações na forma de modelos e teorias), ao invés disso usavam a dedução. Amparados em leis fundamentais, fatos tomados como verdade e que jamais eram questionados, em suma, esses povos constituíam um sistema de crenças tão falho que impedia a possibilidade de progresso científico. E ainda pior: o sistema presumia que tudo que era conhecido sobre o universo já era descoberto. Por mais de 1000 anos o homem ocidental estava impedido de tentar arrumar explicações diferentes do que já se conhecia. O europeu médio do século XVI não se importava muito com os avanços sociais, tecnológicos ou científicos nos 1000 anos precedentes e a situação humana era vista por todos de forma estática. Mas foi Francis bacon quem mudou tudo ao demostrar outra maneira de melhorar a condição humana: por meio da aquisição de conhecimentos úteis, o conhecimento de fato, queria dizer poder. Mesmo assim pouco se avançava na área tecnológica, pois os cientistas da época estavam debruçados em astronomia pura, principalmente no movimento planetário que ainda gerava discussão e dúvidas. Nesse período o máximo que foi criado foram o microscópio e o telescópio, este último inventado por um holandês, mas teve sua patente copiada por Galileu que melhorou o projeto em 32x, Galileu produziu centenas de telescópios e vendeu para toda a Europa. Com isso o conceito que antes era visto como padrão foi abolido, já que se pensava que a terra era o centro de tudo e esse descobrimento abriu as portas para o pai da ciência atual: Isaac Newton. Newton revolucionou a ciência, era uma pessoa difícil de ser interpretada, hipocondríaco, dogmático, tímido e rabugento, porém era um gênio. E para sua sorte tudo estava mudando, o ensino aristotélico estava sendo abolido e estava sendo usado o sistema de Descartes que utilizava a geometria analítica, muito útil na solução do problema da mecânica orbital. Nessa mesma época, Edmund Halley fazia estudos sobre astronomia e possuía uma desavença com Newton na percepção da órbita dos planetas. Pois Halley achava que a órbita era circular e Newton tinha cálculos precisos que comprovavam que a órbita era elíptica, com isso a verdadeira natureza do movimento celeste era revelada, Halley fez com que Newton publicasse seu trabalho, fazendo outro grande cientista da época, Robert Hooke o acusar de plágio. Nota-se que era uma época de grandes pesquisadores, mas o estudo ainda estava com os olhos para o céu, porém esse tipo de pesquisa ia se juntar a novas engenharias e o que levou a isso foi o fato de Halley mostrar com números, o que antes muitos achavam que era a fúria de Deus, que foi a leitura exata do eclipse no dia 22 de abril de 1715, em Londres. A previsão exata de Halley quanto ao percurso do eclipse deixou o público extasiado, mostrando assim o triunfo do método científico indutivo proposto por Bacon: observar, formular hipóteses e tratá-las. Por volta da metade do século XVIII, a nova ciência havia derrubado o sistema aristotélico de dedução e reduzido, com isso a influência da Igreja sobre os assuntos científicos. Mesmo com todo avanço na astronomia, conquistados com o novo modelo científico, mais de dois séculos se passariam antes que a revolução começasse a expandir consideravelmente a riqueza do planeta. Antes de 1850, poucos cientistas trabalhavam na indústria, as invenções eram criadas por talentosos artesãos e inventores como Thomas Edison e John Smeaton, o redescobridor do concreto, que havia sido esquecido por ocasião da queda de Roma. O setor siderúrgico de século XIX foi o primeiro a utilizar rotineiramente os laboratórios científicos que caracterizam a indústria moderna, com pesquisadores que trabalhavam em tempo integral, monitorando a relação entre a qualidade do mineiro e o produto final. O barão da siderurgia Andrew Carnegie celebrou a vantagem que seu laboratório conferia com relação a seus concorrentes: Anos depois que havíamos adotado a química como guia, os concorrentes diziam que não poderiam arcar com o custo de um químico. Caso soubessem a verdade, teriam sabido que na verdade não poderiam arcar com os custos de não empregar um químico. (Sobrenome do Autor, Ano, p.) É bom lembrar que somente no século XX, depois da primeira e segunda Revolução Industrial, os centros de pesquisas se profissionalizaram e as empresas inundaram esses centros com generosas verbas, fazendo dessas empresas exemplo e líderes no setor industrial. Assim, foi a curiosidade humana em buscar as estrelas, que conduziu a novos pesquisadores a calcular rotas de satélites usando computadores cada vez mais complexos e potentes, químicos passaram a estudar o carvão e o petróleo e os artesãos passaram a criar máquinas para a melhoria da vida e da produção mas esse progresso só foi possível, graças aos direitos de propriedade, amadurecidos no século XVII, pois agora eles estavam protegidos por leis e suas respectivas tecnologias não seriam tomadas de forma arbitrária. Nos próximos séculos toda essa gama de conhecimento se juntaria com a sede e a ambição de alguns, criando assim um mercado de investimentos, a inovação. A energia, as novas formas de transporte e a comunicação, fariam com que tudo que fosse criado chegasse ao lugar de destino, surgindo assim a primeira corrente de riqueza moderna. 2.7 MERCADO DE CAPITAIS Com o advento do mercantilismo nascido na Itália, a troca não era mais a única forma de obtenção de produtos e serviços. Moedas (que já existiam) passaram a ter mais valor pela convenção social, isto é, as pessoas dão determinado valor ao bem por uma compreensão mútua, juntar moedas ficou difícil e com o passar dos anos, papéis eram impressos e as grandes quantidades de moedas se transformaram em alguns papéis que tinham valor definido por essa convenção social, esses papéis se transformaram em títulos a partir do século XIX, e dados digitais nos dias atuais, o dinheiro se tornou a mola mestra da produção. Com isso grandes inventores e burgueses passaram a ter o estímulo em acumular riqueza e a ideia de lucro e mercado associou-se com o lançamento do livro A Riqueza das Nações escrito por Adam Smith. Nas sociedades industriais, é típico haver uma grande demora entre o desembolso de capital e a geração de receita, e os montantes de dinheiro requeridos são imensamente maiores. Na moderada economia ocidental, grande parcela da renda provém de inventos que não existiam uma geração antes e quase toda ela provém de invenções que não existiam um século antes, sendo assim, capital em grandes somas torna-se necessário para levar esses produtos ao mercado. Se tomarmos como exemplo o período de 1900 e 1950, as indústrias automobilísticas, aeronáutica, e de eletrodomésticos, que dominavam a economia em 1950, não existiam em 1900. O que existia antes disso eram inventores e empresários que sonhavam em levar essas criações a cidadãos comuns. A verdade é que a prosperidade ocidental se desenvolveu e se desenvolve nas mentes de poucos gênios, pessoas realmente únicas, traduzir essas inovações em uma forma de retorno financeiro, requer um imenso volume de capital que só pode ser fornecido por um sistema robusto e maduro e que tem a confiança dos seus investidores. Um grande exemplo da união do capital e do gênio foi o magnata J.P Morgan e o inventor Thomas Edison que depois de muitos investimentos e melhorias no projeto, a luz elétrica chegaria aos EUA. Não que o inventor da lâmpada elétrica tenha sido Edison, mas a melhoria do projeto e a junção com o capital de um grande banqueiro, fez com que a sua ideia chegasse aos lares americanos pois a lâmpada precisaria de energia, e para a distribuição, precisaria de uma rede e tudo isso junto requer uma grande soma de capital e o cálculo do retorno daquilo que foi aplicado.Na verdade, ninguém coloca uma grande quantidade de capital por boa vontade, a ideia de lucrar com as novas tecnologias era nova, investir em petróleo, sementes, exploração de ouro e manufaturados ainda era a regra, mas com explosão de inovações que os séculos XIX e XX trouxeram, fizeram com que todo o mercado de capitais mudasse. Esse medo era explicado, pois toda tecnologia que tinha investimento de capital nos séculos anteriores era deficitária, fraudulenta e gerava problemas legais para todos, os principais investidores do século XIX e XX, eram mais cautelosos. As histórias de prejuízo fizeram com que os novos investidores investissem somente no que tinham certeza, ou uma probabilidade alta de sucesso, mas não deixaram de ter que confiar. Porém, em muitos casos tomar para si, o controle do que foi inventado, se tornou comum. Isso aconteceu com Thomas Edison, um grande inventor, mas um péssimo administrador, nesse cabo de guerra Morgan fundiu a empresa que ajudou a construir com Edison sem o consentimento do inventor, mais tarde Edison vendeu todas as ações da empresa que criou, mas ele não sabia que essa empresa se tornaria a grande General Eletric. Esse exemplo mostra que a junção de novas tecnologias e o mercado financeiro nem sempre são flores, mas muitas expansões foram feitas por pessoas que não sabiam como o produto foi criado, mas tinham a capacidade de gerar riqueza com aquilo, em termos muito básicos, a história da produção gira em torno de três fatores: custo, risco e informações. Gráfico 3 – elevação dos números de patentes desde 1884. Fonte: WIPO Todos os empreendimentos de negócios consomem dinheiro. Como qualquer outra commodity, o dinheiro tem um custo - taxa de juros. Juros baixos significa dinheiro barato e juros altos faz com que qualquer projeto fique distante de sair do papel, pois seu retorno deve ser maior que o custo dos juros. Os juros foram altos ao longo dos anos desde que a ideia de lucrar com o risco foi colocada em prática, porém a partir do século XI, os principais países europeus começaram a ver os juros diminuírem e essa situação durou 5 séculos chegando em 1800 a uma taxa média de 5%, um dos principais motivos para a queda dos juros foi a disponibilidade abundante de dinheiro nesses séculos (o advento de novas formas de trocas e o mercantilismo ajudaram para o enriquecimento nesse período) Investir ou pegar emprestado era uma ação complicada e perigosa, antes da idade moderna principalmente para quem utilizava o empréstimo. Existia o risco de se perder a vida e todo o bem que tinha ou ser vendido como escravo, como acontecia na Grécia antiga, pois a legislação era rigorosa com os maus pagadores. O código de Hamurabi já existia há milênios e colocava juros de 20% nas transações de empréstimos de prata e 33% nas transações de empréstimos para grãos. Foi a primeira vez na história da humanidade que encontramos o nexo de risco e retorno. O código de Hamurabi fez do financiamento por dívida, o método preferencial para obtenção de capital, ao menos do ponto de vista do investidor, pois permitia que o credor oferecesse sua terra, casas, escravos, concubinas e até seus filhos como garantia. Notamos aí o primeiro problema para a expansão da produção mundial, o medo de perder tudo não encorajava a ninguém e assim a economia mundial não decolava. No século XIX os financistas ingleses se conscientizaram do entrave ao investimento que as leis severas sobre calotes causavam, e a câmara dos comuns criou uma lei de falências. O fato de que a prisão por dívidas e a perda de filhos haviam se tornado uma ameaça menor, resultou em uma explosão nas atividades de investimento, por isso países como Inglaterra, Holanda conseguiram formar grandes bancos e modelaram todo o sistema bancário no início do século XIX, a maior parte dos investimentos em máquinas e produção vinha desses países. Uma das grandes ideias para esse setor foi criada na Inglaterra, no século XVIII, a capacidade de dividir uma empresa em frações foi a saída para que o risco fosse divido, fazendo com que muito mais interessados pudessem fazer parte de uma empresa ou criando um título de uma dívida onde a pessoa ganha uma taxa de juros estabelecida durante o período do empréstimo, esse título poderia ser dividido em milhares e qualquer pessoa poderia adquirir uma fração. Quando existe a possibilidade de adquirir cotas de diversos empreendimentos consorciados, as chances de sucesso são bem maiores e a probabilidade de que você oferecerá capital a esses negócios crescem. O advento da sociedade por ações, no século XVIII, foi uma resposta a duas necessidades: a de capitalização consorciada e a de diversificação de riscos, o que eleva o capital de investimento disponível para novos negócios. Na Europa medieval os mercados de praticamente todas as comodites, e não apenas o capital eram muito mais que ineficientes, eles não existiam. O preço de algum bem depende do mercado, ou seja, induzido ao maior número de compradores e vendedores, antes de 1400 não era o mercado que determinava o preço "correto". Em vez disso, prevalecia um sistema moral arbitrário, era normal o uso da ideologia do "preço justo" e "salário justo". Preços e salários representavam um julgamento moral de valor. Oferta e procura eram moralmente irrelevantes. Para se ter comércio e fazer as transações era necessário a proximidade, por isso se realizavam grandes feiras para que o mercado pudesse existir, assim grandes comerciantes de ouro, especiarias, roupas entre outros produtos se juntavam e assim conseguiam formar preços e demanda. Um grande exemplo foi a Holanda que no século XVII realizava as maiores bolsas financeiras da Europa com o maior nível de diversificação, isso durou até a invenção do telégrafo e a instalação de cabos submarinos, com isso não se precisava mais da aproximação para se fazer negócios, fazendo com que o mercado começasse a se fortalecer com transações feitas instantaneamente aumentando o fluxo de capital exponencialmente. 2.8 TRANSPORTES EFICAZES As grandes navegações foram a ponta de lança para a logística mundial. Era impossível transportar pessoas, alimentos e matérias primas para as pessoas do velho continente. Os veleiros eram lentos e irregulares, estando sujeitos a prolongamentos da viagem que aumentavam a probabilidade de deterioração ou esgotamento da água e comestíveis e quebravam a resistência dos passageiros. Em caso de doença a bordo, a situação podia tornar-se trágica, como demonstra um caso referido pelo cônsul-geral de Portugal no Rio de Janeiro: deu entrada no porto de Santos, no dia 24 de Outubro de 1857, a barca portuguesa Santa Clara, capitão Lourenço Fernandes do Carmo, conduzindo da cidade do Porto 174 passageiros, contratados ali por António Joaquim de Andrade Villares para o serviço de Campos Júnior & Irmão, da cidade de Campinas, na província de S. Paulo. Infelizmente, logo à saída deste navio do porto daquela cidade, sobrevieram moléstias de sarampo, febres gástricas, disenterias, etc. que junto à grande viagem de 62 dias, por causa de ventos contrários, ocasionou a morte de 18 indivíduos a bordo, sendo 16 crianças e 2 adultos. Não surpreende, por isso, a ênfase dada por João de Sousa Lobo à transição da vela para o vapor, salientando especificamente os benefícios que trouxe aos passageiros mais pobres. Os vapores eram mais rápidos e o encurtamento do tempo de viagem tornava-a desde logo mais suportável em termos físicos e psicológicos. Mas os vapores eram, além disso, mais previsíveis nas suas rotas e tempo de deslocação; a previsibilidade aumentava consideravelmente o sentimento de segurança dos passageiros, que, assim que subiam a bordo, podiam começar a contagem decrescente para o dia do desembarque. As condições a bordo dos vapores eram, mesmo para os passageiros de terceira classe, indubitavelmente superiores às dos veleiros. Quando as companhias de navegação anunciavam nos jornais de província, as camas (ou, mais propriamente, beliches) e roupa de camados seus paquetes e pequenos luxos, como pão fresco todos os dias, elas estavam na realidade a oferecer um serviço que os veleiros dificilmente poderiam oferecer mesmo aos passageiros de primeira classe. A maior e mais desimpedida área de convés dos vapores, onde os passageiros podiam movimentar-se, espairecer e conversar, era outra das suas vantagens. É natural, por isso, que já em 1862 os mesmos funcionários consulares que registravam queixas sobre os veleiros notassem o bom serviço dos paquetes, onde os passageiros de terceira classe eram bem tratados, com bons alimentos, etc. Se as vantagens eram patentes nos anos 60 e 70 do século XIX, tornaram-se ainda mais evidentes nas décadas seguintes, à medida que os vapores foram incorporando inovações e melhoramentos tecnológicos. A refrigeração, por exemplo, garantiu a melhor conservação dos víveres e uma ementa mais variada e a eletricidade animou o ambiente. Se, em 1883, o Cotopaxi era o único navio da Pacific Steam com iluminação elétrica, meia dúzia de anos depois, todos os outros paquetes da companhia exibiam esse melhoramento. Começando por beneficiar os passageiros da primeira classe, tais progressos chegaram, de uma forma ou de outra, aos passageiros de terceira classe e constituíam frequentemente elementos de concorrência entre as companhias. Os vapores tornaram-se maiores e mais potentes: os navios da Red Cross Line que serviam Belém do Pará em 1872 pouco excediam a média de 1000 toneladas, mas, em carreiras mais importantes, a Royal Mail tinha nessa altura navios de 3000 toneladas; nos anos 90, as 5000 toneladas eram frequentes, e pouco antes da primeira guerra mundial muitos navios ultrapassavam as 8000 toneladas. Para as companhias de navegação isto significava grandes investimentos e para os passageiros aumentava o espaço e a segurança. Desde o início dos anos 60 que os vapores conseguiam cobrir a distância do Rio de Janeiro a Lisboa em metade ou mesmo um terço do tempo exigido pelos veleiros. A gazeta oficial e os jornais de Lisboa e Porto davam frequentemente notícia de entradas e saídas de embarcações, acrescentando por vezes alguns pormenores úteis, como nacionalidade, tipo, tonelagem, porto de origem ou de destino e tempo de viagem. Essas indicações são suficientes para ilustrar algumas mudanças fundamentais. Por exemplo, 10 embarcações provenientes de diferentes portos brasileiros entraram no Tejo durante o mês de janeiro de 1863, transportando mercadorias e passageiros. Uma delas, a barca portuguesa Nova Tentador, chegou a Lisboa no dia 19 com uma tripulação de 19 homens, 42 passageiros e um carregamento de açúcar e outros produtos, ao fim de uma viagem de 43 dias sem escala desde o Rio de Janeiro. Outra barca portuguesa, Hellena, fez a mesma viagem com um carregamento do mesmo tipo, 17 tripulantes e 28 passageiros, mas precisou de 63 dias para chegar a 30 de janeiro. No dia seguinte chegou o vapor inglês Magdalena, com 130 tripulantes, 110 passageiros e carga; tinha deixado o Rio 22 dias antes, fazendo escala nos portos da Baía, Pernambuco e São Vicente. Um vapor francês, o Estremadure, tinha chegado a Lisboa no dia 15, fazendo a mesma viagem em 18 dias, com uma tripulação de 118 homens, transportando 142 passageiros e carga. Essa revolução no transporte facilitou o comércio mundial fazendo com que os preços de alimentos e produtos industriais despencassem, sem essa mudança a logística ficaria comprometida já que os prazos ficariam impossíveis de serem respeitados, não, só as embarcações, mas a construção de locomotivas a vapor melhoraram o escoamento da produção das fabricas até os lugares mais distantes dentro do pais, fazendo com que cada vez mais pessoas tivessem alimentos e produtos de forma rápida e com qualidade. 2.9 A REVOLUÇÃO DAS MAQUINAS . Alguns filósofos da época achavam que em 1900 não existiria comida para todos, e muitos pensadores mostravam que crescimento demográfico e enriquecimento populacional eram opostos, e que o mundo estava fadado ao caos se as pessoas continuassem a se multiplicar ou a enriquecer. Essas teorias começavam a cair por terra quando a tecnologia da produção usando energia do vapor, carvão ou petróleo, começasse a produzir quantidades cada vez maiores de bens de consumo, uma máquina passou a substituir o homem, mas também introduziu uma força de trabalho que antes não existia, como os dias de hoje, essa revolução tinha seus apoiadores e seus críticos e estes diziam que as novas formas de produção iriam destruir a mão de obra humana, não só isso, a qualidade de vida iria piorar e a nova classe industrial iria destruir os mais abastados. O motor a vapor ou ainda máquina a vapor é o dispositivo inventado para dar movimento a outras máquinas, cujo combustível para acionar seu conjunto é o vapor d'água. Desenvolvido no século XVIII, sua tecnologia continuou a ser utilizada e aperfeiçoada até o início do século XX. Seus princípios básicos, porém, já haviam sido explorados, em especial pelo matemático e engenheiro Greco-egípcio Hierão de Alexandria, que já no século I a.C. explorava o vapor como força motriz, por meio de sua invenção, a eolípila. Denis Papin e Thomas Savery, no final do século XVII, desenvolvem os primeiros motores a vapor de uso prático e de interesse industrial, mas a verdadeira revolução na área foi a criação de Thomas Newcomen em 1712, do chamado "motor de Newcomen", que foi o primeiro tipo de motor a vapor a ser amplamente usado. O próximo grande avanço seria realizado por James Watt, em 1769, que criou uma máquina com um condensador que minimizava as perdas de calor e que possuía outras finalidades como propulsão de moinhos e tornos, com o movimento de rotação substituindo o de sobe e desce. A partir das modificações de Watt, os motores a vapor passaram a movimentar as primeiras locomotivas, barcos, fábricas, além de fundições e minas de carvão. E, dessa forma, constituíram a base da Revolução Industrial. Segundo eles, os governantes e legisladores que regulamentaram as relações trabalhistas revelaram possuir uma melhor percepção da realidade do que os economistas. Enquanto a filosofia do laissez-faire, sem piedade nem compaixão, pregava que o sofrimento das massas era inevitável, o bom senso dos leigos em economia conseguia terminar com os piores excessos dos empresários ávidos de lucro. A melhoria da situação dos trabalhadores se deve, pensam eles, inteiramente à intervenção dos governos e à pressão sindical. São essas ideias que impregnam a maior parte dos estudos históricos que tratam da evolução do industrialismo moderno. Muitos estudiosos da época davam uma imagem idílica das condições prevalecentes no período que antecedeu a Revolução Industrial. Naquele tempo, dizem eles, as coisas eram, de maneira geral, satisfatórias. Os camponeses eram felizes. Os artesãos também o eram, com a sua produção doméstica; trabalhavam nos seus chalés e gozavam de certa independência, uma vez que possuíam um pedaço de jardim e suas próprias ferramentas. Mas, aí, "a Revolução Industrial caiu como uma guerra ou uma praga" sobre essas pessoas. O sistema fabril transformou o trabalhador livre em virtual escravo; reduziu o seu padrão de vida ao mínimo de sobrevivência; abarrotando as fábricas com mulheres e crianças, destruiu a vida familiar e solapou as fundações da sociedade, da moralidade e da saúde pública. Uma pequena minoria de exploradores impiedosos conseguiu habilmente subjugar a imensa maioria. A verdade é que as condições no período que antecedeu à Revolução Industrial eram bastante insatisfatórias, como vimos no início desde trabalho, o sistema social tradicional não era suficientemente elástico para atender às necessidades de uma população em contínuo crescimento. Nem a agricultura nem as guildas conseguiam absorver a mão de obra adicional. A vida mercantil estava impregnada de privilégios e monopólios; os instrumentos que existiam eram modernos para a época, porém, ainda as licenças e as cartas patentes tinham em sua filosofia a restrição e a proibição de competição,tanto interna como externa. O número de pessoas à margem do rígido sistema paternalista de tutela governamental cresceu rapidamente; eram virtualmente párias. A maior parte delas vivia, apática e miseravelmente, das migalhas que caíam das mesas das castas privilegiadas. Na época da colheita, ganhavam uma ninharia por um trabalho ocasional nas fazendas; no mais, dependiam da caridade privada e da assistência pública municipal. Milhares dos mais vigorosos jovens desse estrato social alistavam-se no exército ou na marinha de Sua Majestade; muitos deles morriam ou voltavam mutilados dos combates; muitos mais morriam, sem glória, em virtude da dureza de uma bárbara disciplina, de doenças tropicais e de sífilis. Milhares de outros, os mais audaciosos e mais brutais, infestavam o país vivendo como vagabundos, mendigos, andarilhos, ladrões e prostitutos (a). As autoridades não sabiam o que fazer com esses indivíduos, a não ser interná-los em asilos ou casas de correção. O apoio que o governo dava ao preconceito popular contra a introdução de novas invenções e de dispositivos que economizassem trabalho dificultava as coisas ainda mais. O sistema fabril desenvolveu-se, tendo de lutar incessantemente contra inúmeros obstáculos. Teve de combater o preconceito popular, os velhos costumes tradicionais, as normas e regulamentos vigentes, a má vontade das autoridades, os interesses estabelecidos dos grupos privilegiados, a inveja das guildas. O capital fixo das firmas individuais mesmo com toda evolução nos últimos dois mil anos, era insuficiente, a obtenção de crédito extremamente difícil e cara. Ainda faltava experiência tecnológica e comercial. A maior parte dos proprietários de fábricas foi à bancarrota; comparativamente, foram poucos os bem-sucedidos. Os lucros, às vezes, eram consideráveis, mas as perdas também o eram, foram necessárias muitas décadas para que se estabelecesse o costume de reinvestir a maior parte dos lucros e a consequente acumulação de capital possibilitasse a produção em maior escala. A prosperidade das fábricas, apesar de todos esses entraves, pode ser atribuída a duas razões. Em primeiro lugar, aos ensinamentos da nova filosofia social que os economistas começavam a explicar e que demolia o prestígio do mercantilismo, do paternalismo e do restricionismo. A crença supersticiosa de que os equipamentos e processos economizadores de mão de obra causavam desemprego e condenavam as pessoas ao empobrecimento foi amplamente refutada. Os economistas do laissez-faire foram os pioneiros do progresso tecnológico sem precedentes dos últimos duzentos anos. Um segundo fator contribuiu para enfraquecer a oposição às inovações. As fábricas aliviaram as autoridades e a aristocracia rural de um embaraçoso problema que estas já não tinham como resolver. As novas instalações fabris proporcionavam trabalho às massas pobres que, dessa maneira, podiam ganhar seu sustento; esvaziaram os asilos, as casas de correção e as prisões. Converteram mendigos famintos em pessoas capazes de ganhar o seu próprio pão. Os proprietários das fábricas não tinham poderes para obrigar ninguém a aceitar um emprego nas suas empresas. Podiam apenas contratar pessoas que quisessem trabalhar pelos salários que lhes eram oferecidos. Mesmo que esses salários fossem baixos, eram ainda assim muito mais do que aqueles indigentes poderiam ganhar em qualquer outro lugar. É uma distorção dos fatos dizer que as fábricas arrancaram as donas de casa de seus lares ou as crianças de seus brinquedos. Essas mulheres não tinham como alimentar os seus filhos. Essas crianças estavam carentes e famintas. Seu único refúgio era a fábrica; salvou-as, no estrito senso do termo, de morrer de fome. É deplorável que tal situação existisse. Mas, se quisermos culpar os responsáveis, não devemos acusar os proprietários das fábricas, que — certamente movidos pelo egoísmo e não pelo altruísmo — fizeram todo o possível para erradicá-la. O que causava esses males era a ordem econômica do período pré-capitalista, a ordem daquilo que, pelo que se infere da leitura das obras destes historiadores, eram os "bons velhos tempos". Nas primeiras décadas da Revolução Industrial, o padrão de vida dos operários das fábricas era escandalosamente baixo em comparação com as condições de seus contemporâneos das classes superiores ou com as condições atuais do operariado industrial. A jornada de trabalho era longa, as condições sanitárias dos locais de trabalho eram deploráveis. A capacidade de trabalho do indivíduo se esgotava rapidamente. Mas prevalece o fato de que, para o excedente populacional — reduzido à mais triste miséria pela apropriação das terras rurais, e para o qual, literalmente, não havia espaço no contexto do sistema de produção vigente —, o trabalho nas fábricas representava uma salvação. Representava uma possibilidade de melhorar o seu padrão de vida, razão pela qual as pessoas afluíram em massa, a fim de aproveitar a oportunidade que lhes era oferecida pelas novas instalações industriais. A ideologia do laissez-faire e sua consequência, a Revolução Industrial, destruíram as barreiras ideológicas e institucionais que impediam o progresso e o bem-estar. Demoliram a ordem social na qual um número cada vez maior de pessoas estava condenado a uma pobreza e a uma penúria humilhantes. A produção artesanal das épocas anteriores abastecia quase que exclusivamente os mais ricos. Sua expansão estava limitada pelo volume de produtos de luxo que o estrato mais rico da população pudesse comprar. Quem não estivesse engajado na produção de bens primários só poderia ganhar a vida se as classes superiores estivessem dispostas a utilizar os seus serviços ou o seu talento. Mas eis que surge um novo princípio: com o sistema fabril, tinha início um novo modo de comercialização e de produção. Sua característica principal consistia no fato de que os artigos produzidos não se destinavam apenas ao consumo dos mais abastados, mas ao consumo daquele cujo papel como consumidores era, até então, insignificante. Coisas baratas, ao alcance do maior número possível de pessoas, era o objetivo do sistema fabril. A indústria típica dos primeiros tempos da Revolução Industrial era a tecelagem de algodão. Ora, os artigos de algodão não se destinavam aos mais abastados. Os ricos preferiam a seda, o linho, a cambraia. Sempre que a fábrica, com os seus métodos de produção mecanizada, invadia um novo setor de produção, começava fabricando artigos baratos para consumo das massas. As fábricas só se voltaram para a produção de artigos mais refinados, e, portanto, mais caros, em um estágio posterior, quando a melhoria sem precedentes no padrão de vida das massas tornou viável a aplicação dos métodos de produção em massa também aos artigos melhores. Assim, por exemplo, os sapatos fabricados em série eram comprados apenas pelos "proletários", enquanto os consumidores mais ricos continuavam a encomendar sapatos sob medida. As tão malfadadas fábricas que exploravam os trabalhadores, exigindo-lhes trabalho excessivo e pagando-lhes salário de fome, não produziam roupas para os ricos, mas para pessoas cujos recursos eram modestos. Os homens e mulheres elegantes preferiam, e ainda preferem, ternos e vestidos feitos pelo alfaiate e pela costureira. O fato marcante da Revolução Industrial foi o de ela ter iniciado uma era de produção em massa para atender às necessidades das massas. Os assalariados já não são mais pessoas trabalhando exaustivamente para proporcionar o bem-estar de outras pessoas; são eles mesmos os maiores consumidores dos produtos que as fábricas produzem. A grande empresa depende do consumo de massa. Em um livre mercado, não há uma só grande empresa que não atenda aos desejos das massas. A própria essência da atividade empresarial capitalista é a de prover para o homem comum. Na qualidade de consumidor, o homem comum é o soberano que, ao comprar ou ao se abster de comprar, decide os rumos da atividade empresarial. Na economia de mercado não há outro meiode adquirir e preservar a riqueza, a não ser fornecendo às massas o que elas querem, da maneira melhor e mais barata possível. Ofuscados por seus preconceitos, muitos historiadores e escritores não chegam a perceber esse fato fundamental. Segundo eles, os assalariados labutam arduamente em benefício de outras pessoas. Nunca questionaram quem são essas "outras" pessoas. O Sr. e a Sra. nos dizem que os trabalhadores eram mais felizes em 1760 do que em 1830. Trata-se de um julgamento de valor arbitrário. Não há meio de comparar e medir a felicidade de pessoas diferentes, nem da mesma pessoa em momentos diferentes. Podemos admitir, só para argumentar, que um indivíduo nascido em 1740 estivesse mais feliz em 1760 do que em 1830. Mas não nos esqueçamos de que em 1770 (segundo estimativa de Arthur Young) a Inglaterra tinha 8,5 milhões de habitantes, ao passo que em 1830 (segundo o recenseamento) a população era de 16 milhões. Esse aumento notável se deve principalmente à Revolução Industrial. Em relação a esses milhões de ingleses adicionais, as afirmativas dos eminentes historiadores só podem ser aprovadas por aqueles que endossam os melancólicos versos de Sófocles (ANO): "Não ter nascido é, sem dúvida, o melhor; mas para o homem que chega a ver a luz do dia, o melhor mesmo é voltar rapidamente ao lugar de onde veio". Os primeiros industriais foram, em sua maioria, homens oriundos da mesma classe social que os seus operários. Viviam muito modestamente, gastavam no consumo familiar apenas uma parte dos seus ganhos e reinvestiam o resto no seu negócio. Mas, à medida que os empresários enriqueciam, seus filhos começaram a frequentar os círculos da classe dominante. Os cavalheiros de alta linhagem invejavam a riqueza dos novos-ricos e se indignavam com a simpatia que estes devotavam às reformas que estavam ocorrendo. Revidaram investigando as condições morais e materiais de trabalho nas fábricas e editando a legislação trabalhista. A história da produção industrial na Inglaterra, assim como em todos os outros países industriais, é o registro de uma tendência incessante de melhoria do padrão de vida dos assalariados. Essa evolução coincidiu, por um lado, com o desenvolvimento da legislação trabalhista e com a difusão do sindicalismo, e, por outro, com o aumento da produtividade marginal. Os economistas afirmam que a melhoria nas condições materiais dos trabalhadores se deve ao aumento da quota de capital investido per capita e ao progresso tecnológico decorrente desse capital adicional. A legislação trabalhista e a pressão sindical, na medida em que não impunham a concessão de vantagens superiores àquelas que os trabalhadores teriam de qualquer maneira, em virtude de a acumulação de capital se processar em ritmo maior do que o aumento populacional, eram supérfluas. Na medida em que ultrapassaram esses limites, foram danosas aos interesses das massas. Atrasaram a acumulação de capital, diminuindo assim o ritmo de crescimento da produtividade marginal e dos salários. Privilegiaram alguns grupos de assalariados às custas de outros grupos. Criaram o desemprego em grande escala e diminuíram a quantidade de produtos que os trabalhadores, como consumidores, teriam à sua disposição. Os defensores da intervenção do governo na economia e do sindicalismo atribuem toda melhoria da situação dos trabalhadores às ações dos governos e dos sindicatos. Se não fosse por isso, dizem eles, o padrão de vida atual dos trabalhadores não seria maior do que nos primeiros anos da Revolução Industrial. Certamente essa controvérsia não pode ser resolvida pela simples recorrência à experiência histórica. Os dois grupos não têm divergências quanto a quais tenham sido os fatos ocorridos. Seu antagonismo diz respeito à interpretação desses fatos, e essa interpretação depende da teoria escolhida. As considerações de natureza lógica ou epistemológica que determinam a correção ou a falsidade de uma teoria são, lógica e temporalmente, antecedentes à elucidação do problema histórico em questão. Os fatos históricos, por si só, não provam nem refutam uma teoria. Precisam ser interpretados à luz da compreensão teórica. A maioria dos autores que escreveu sobre a história das condições de trabalho no sistema capitalista era ignorante em economia e disso se vangloriava. Entretanto, tal desprezo por um raciocínio econômico bem fundado não significa que esses autores tenham abordado o tema dos seus estudos sem preconceitos e sem preferência por uma determinada teoria; na realidade, estavam sendo guiados pelas falácias tão difundidas que atribuem onipotência ao governo e consideram a atividade sindical como uma bênção. Ninguém pode negar que os Webbs, assim como Lujo Brentano e uma legião de outros autores menores, estavam, desde o início de seus estudos, imbuídos de uma aversão fanática pela economia de mercado e de uma entusiástica admiração pelas doutrinas socialistas e intervencionistas. Foram certamente honestos e sinceros nas suas convicções e deram o melhor de si. Sua sinceridade e probidade podem eximi-los como indivíduos; mas não os eximem como historiadores. As intenções de um historiador, por mais puras que sejam, não justificam a adoção de doutrinas falaciosas. O primeiro dever de um historiador é o de examinar com o maior rigor todas as doutrinas a que recorrerá para elaborar suas interpretações históricas. Caso ele se furte a fazê-lo e adote ingenuamente as idéias deformadas e confusas que têm grande aceitação popular, deixa de ser um historiador e passa a ser um apologista e um propagandista. O antagonismo entre esses dois pontos de vista contrários não é apenas um problema histórico: está intimamente ligado aos problemas mais candentes da atualidade. É a razão da controvérsia naquilo que se denomina hoje de relações industriais. Salientemos apenas um aspecto da questão: em vastas regiões — Ásia Oriental, Índias Orientais, sul e sudeste da Europa, América Latina — a influência do capitalismo moderno é apenas superficial. A situação nesses países, de uma maneira geral, não difere muito da que prevalecia na Inglaterra no início da Revolução Industrial. Existem milhões de pessoas que não encontram um lugar seguro no sistema econômico vigente. Só a industrialização pode melhorar a sorte desses desafortunados; para isso, o que mais necessitam é de empresários e de capitalistas. Como políticas insensatas privaram essas nações do benefício que a importação de capitais estrangeiros até então lhes proporcionava, precisam proceder à acumulação de capitais domésticos. Precisam percorrer todos os estágios pelos quais a industrialização do Ocidente teve de passar. Precisam começar com salários relativamente baixos e com longas jornadas de trabalho. Mas, iludidos pelas doutrinas prevalecentes hoje em dia na Europa Ocidental e na América do Norte, seus dirigentes pensam que poderão consegui-lo de outra maneira. Encorajam a pressão sindical e promovem uma legislação pretensamente favorável aos trabalhadores. Seu radicalismo intervencionista mata no nascedouro a criação de uma indústria doméstica. Seu dogmatismo obstinado tem como consequência a desgraça dos trabalhadores braçais indianos e chineses, dos peões mexicanos e de milhões de outras pessoas que se debatem desesperadamente para não morrer de fome. 3. TECNOLOGIA E INDÚSTRIA NOS DIAS DE HOJE Depois de todo o percurso histórico estamos que a humanidade passou estamos vivendo a chamada 4° revolução industrial que é a utilização de supercomputadores e sistemas integrados de gerenciamento. Hoje, as pessoas conseguem alimentos e bens de consumo duráveis com preços mais acessíveis devido a produção em massa e a fartura de crédito que o mundo vem passando desde o fim dos anos 2000. Hoje uma fábrica é totalmente diferente do que era a 30 anão atrás e isso se deve ao processamento de dados e a compilação em "Big data" que seria toda a informação de construção de um produto e o seu processo de criação que já não envolve tantas pessoas, mas sim cada vez mais