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DIREITO TRIBUTARIO 
 
Apresentação 
Seção 1 de 5 
 
A tributação, conforme aparece na Constituição, se dá por meio 
do poder de tributar, dado aos entes federados. Todavia, esta 
tributação é limitada dentro do Estado Democrático de Direito, 
em decorrência dos princípios constitucionais tributários e das 
imunidades, que visam à garantia dos direitos e às garantias 
fundamentais do contribuinte. 
Além disso, a ordem tributária atual tem a missão de 
proporcionar a eliminação da pobreza das pessoas que estão em 
vulnerabilidade social por meio da tributação extrafiscal. Essas 
garantias constitucionais tributárias não foram levadas em 
conta ao longo da história da humanidade, pois a missão dos 
tributos e suas espécies era apenas arrecadatória de recursos 
públicos pelos Estados vitoriosos de guerras ou por meio da 
mão de ferro do Estado, ou seja, de seu poder de tributar. 
AUTOR 
 
O professor Paulo Roberto de Souza Junior é mestre em Direito 
(2000), pela Universidade Estácio de Sá (UNESA), e é graduado 
em Direito (1990), pela Universidade Gama Filho (UGF). Possui 
Especialização em Gênero e Sexualidade, pela Unyleya Editora e 
Cursos (2019), em Direito Constitucional, pela Universidade 
Gama Filho (2013) e Direito Tributário, pela Universidade 
Cândido Mendes (2012), além de ser autor de obra jurídica e 
artigos. 
CURRÍCULO LATTES 
http://lattes.cnpq.br/9737496617439645
DIREITO TRIBUTARIO 
Agradeço a todos e todas que estão ao meu lado 
nesta carreira de professor conteudista e dedico este 
material à pessoa que me embala em todos os 
momentos que necessito, a senhora MF, amiga de 
todos os tempos e momentos. 
Paulo Roberto de Souza Junior 
Agradeço a todos e todas que estão ao meu lado nesta 
carreira de professor conteudista e dedico este material à 
pessoa que me embala em todos os momentos que 
necessito, a senhora MF, amiga de todos os tempos e 
momentos. 
Paulo Roberto de Souza Junior 
Presidente do Conselho de Administração: Janguiê Diniz 
Diretor-presidente: Jânyo Diniz 
Diretoria Executiva de Ensino: Adriano Azevedo 
Diretoria Executiva de Serviços Corporativos: Joaldo Diniz 
Diretoria de Ensino a Distância: Enzo Moreira 
Autoria: Paulo Roberto de Souza Junior 
Projeto Gráfico e Capa: DP Content 
DADOS DO FORNECEDOR 
Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional, 
Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão. 
© Ser Educacional 2021 
Rua Treze de Maio, nº 254, Santo Amaro 
Recife-PE – CEP 50100-160 
*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando 
indicada a referência. 
Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. 
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma 
sem autorização. 
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido 
pelo artigo 184 do Código Penal. 
Imagens de ícones/capa: © Shutterstock 
 
Objetivos 
Seção 2 de 5 
DIREITO TRIBUTARIO 
UNIDADE 1. 
Panorama sobre o Direito 
Tributário 
Paulo Roberto de Souza Junior 
OBJETIVOS DA UNIDADE 
• bullet 
Entender a ligação do Direito Tributário com os demais 
ramos do Direito; 
• bullet 
Compreender as espécies tributárias, seus elementos e 
suas diferenças; 
• bullet 
Diferenciar receita originária e derivada, verificando suas 
espécies tributárias; 
• bullet 
Analisar o poder de tributar e suas limitações; 
TÓPICOS DE ESTUDO 
Clique nos botões para saber mais 
Atividade financeira do Estado 
– 
// O Direito Financeiro 
// Relações com outros ramos do Direito 
// Fundamentos do tributo 
O poder de tributar 
– 
// Princípios constitucionais tributários 
// Imunidades 
O tributo 
– 
DIREITO TRIBUTARIO 
// Classificação dos tributos 
// Impostos, taxas e contribuições 
 
Atividade financeira do Estado 
Seção 3 de 5 
 
O Estado tem como objetivo realizar o bem comum, ou seja, as necessidades 
públicas, implementadas por meio de políticas públicas que visam à eliminação 
da pobreza, desigualdades sociais e de renda e a marginalização de povos 
oprimidos. 
Essas atividades são de caráter essencial, quando ligadas à 
saúde, à segurança e à educação, e de caráter complementar, 
quando praticadas pelos Estados ou pelos entes privados, por 
meio da outorga (transferência da própria titularidade do 
serviço) ou por delegação (transferência da prestação do serviço 
público). 
Aliomar Baleeiro salienta que a “atividade financeira consiste 
em obter, criar, gerir e despender o dinheiro indispensável às 
necessidades, cuja satisfação o Estado assumiu ou cometeu 
àquelas outras pessoas de direito público” (BALEEIRO, 2015, p. 
18). Alberto Deodato, por outro lado, defende que essa atividade 
“é a procura de meios para satisfazer as necessidades públicas” 
(DEODATO, 1968, p. 1). 
 
O DIREITO FINANCEIRO 
 
A atividade financeira do Estado se dá pela prestação do serviço 
público (atividades prestadas pelo Estado ou por quem este 
determina), pelo exercício regular do poder de polícia (regula a 
prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse 
público sobre determinadas atividades) e pelo poder de 
intervenção no domínio econômico (ao exercer o poder 
normativo e regulador da atividade econômica). 
Os gestores públicos, na realização dessas atividades, praticam 
uma série de ações essenciais ou vitais à população, em busca 
DIREITO TRIBUTARIO 
da satisfação do interesse público, relacionado às finanças 
públicas (Quadro 1), podendo ser de três esferas: 
• 1 
1 
A orçamentária (receita e despesa); 
• 2 
2 
A financeira (crédito bancário e de fornecimento); 
• 3 
3 
A patrimonial (bens patrimoniais). 
 
Quadro 1. A evolução do conteúdo das finanças públicas 
 
 
 
 
DIREITO TRIBUTARIO 
Direito Financeiro 
O Direito Financeiro está situado dentro do ramo de direito 
público, que estuda a atividade financeira do Estado sob o olhar 
do campo jurídico, ou seja, das normas jurídicas (legislação), 
tendo como missão a avaliação de receitas (originárias e 
derivadas, conhecidas como receitas tributárias), despesas 
(ordinária e extraordinária), orçamento público (receita e 
despesa) e o crédito público. 
Direito Público 
Esse ramo do Direito Público, de caráter autônomo, tem seus 
ditames legislativos traçados pelo art. 24, I, da Constituição 
Federal (BRASIL, 1988), que define que a União, os estados e o 
distrito federal exercem a competência legislativa concorrente 
sobre sua legislação. Todavia, aos municípios, dentro de sua 
competência, é permitido legislar especificamente sobre tal 
assunto, conforme estipula o art. 30, II, da Constituição 
(BRASIL, 1988). 
Dentro desse contexto, o orçamento é o espelho da vida do ente 
federado, apresentando suas receitas e despesas. Sua 
montagem dependerá da atuação do governo, ou seja, do foco 
da sua atuação. 
 
As receitas são os recursos financeiros que o Estado possui para 
fazer frente às despesas e à realização de políticas públicas, e 
podem ser originárias, que são receitas empresariais do próprio 
Estado, e derivadas, que nascem da captação de recursos dos 
particulares (pessoas naturais ou jurídicas), por meio dos 
tributos. 
Veremos a composição do patrimônio estatal mais detalhada a 
seguir. 
Clique nas setas para saber mais 
DIREITO TRIBUTARIO 
1 
As receitas originárias ou estatais 
São receitas produzidas pelo próprio Estado, por meio de suas 
atividades ou bens. Assim, temos: 
• o os aluguéis, certas doações, juros, laudêmios, foros, 
contrato de venda e atividades praticadas pelo Estado com 
seus bens, dos quais advêm receitas; 
• o as multas que o Estado emite por transgressões 
praticadas por pessoas físicas (naturais) ou jurídicas ao 
ferirem a lei, que entram para os cofres públicos a título de 
sanção; 
• as indenizações, advindas de atos praticados contra o 
patrimônio; 
• as adjudicações, que nascem a título de ressarcimento por 
danos causados ao erário ou decorrente de sanção pela 
prática de ilícitos,Assim, os demais entes federados que compõem o Pacto 
Federativo estão impedidos de realizar tal feito. 
// Anulação ou revogação de uma norma jurídica tributária 
 
A vigência é o tempo de vida de determinada norma jurídica que já 
cumpriu seu ciclo de formação e formalidades de validade de lei. O 
fenômeno de repristinação não é aceito no país, e refere-se ao 
“fenômeno pelo qual é restaurada a vigência de uma lei, revogada 
anteriormente por uma segunda, quando esta é revogada por uma 
terceira” (ROCHA, 2019, p. 346). 
Esta lei poderá ser anulada pelo Poder Judiciário ou pelo poder que 
a elaborou quando for inconstitucional ou ilegal, e revogada de 
forma tácita (quando a lei nova não menciona a lei, mas dispõe de 
forma contraria a esta) ou expressamente (quando a nova lei 
realiza o encerramento do ciclo de sua vida e o início de outra mais 
recente). 
Interpretação e integração à 
legislação tributária 
Seção 4 de 5 
 
A interpretação é um ato social, uma fonte de sentido jurídico e, 
por conseguinte, sofre influência da sociedade através de influxos 
subjetivo-individuais, influxos ideológicos e influxos socioculturais. 
Toda norma recebe este emaranho de elementos semióticos e 
socio semióticos que deverão ser analisados e interpretados, 
mesmo que não haja lacunas, obscuridade e/ou omissões ou 
DIREITO TRIBUTARIO 
mesmo se o legislador disse mais ou menos do que pretendia 
afirmar de fato. 
Assim, o conjunto das práticas jurídicos-textuais (juridicidade) sofre 
um verdadeiro efeito de potencialização pela interpretação. Esta 
juridicidade tem como base a semiótica jurídica (BITTAR, 2017), que 
é a teoria que estuda o funcionamento do discurso, os diversos 
sistemas de significação e seus efeitos dentro do campo de 
debates sobre as questões do direito e da juricidade (sendo o 
direito entendido como produção textual-jurídica). 
No campo tributário, ao interpretar a norma tributária, visa-se 
identificar seu alcance e seu sentido; assim, não há inovação ou 
criação de uma situação jurídica (concepção de uma norma 
jurídica), somente busca-se compreender o que a lei quer dizer e 
onde ela irá atuar em relação ao fato concreto. 
A aplicação desta lei ao caso concreto, onde será identificado seu 
significado e alcance, poderá ser realizada tanto pelo fisco como 
pelo contribuinte, ou mesmo pelo Poder Judiciário. Após tal 
avaliação técnico-jurídica é que poderá se observar se a lei é 
aplicável ou não ao fato concreto ensejador da obrigação 
tributária. Isso posto, é importante mencionar que a ciência que 
estuda a interpretação é a Hermenêutica. 
O direito tributário não leva em conta se a atividade é ilícita ou 
lícita, se advém de uma atitude criminosa, uma vez que segue o 
princípio do “pecunia non olet” conforme dita o art. 118 do CTN, 
que prevê a definição legal do fato gerador, que é interpretada 
abstraindo-se: 
a) Da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos 
contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como a natureza de 
seu objeto ou efeitos; e 
b) Dos efeitos dos fatos efetivamente 
ocorridos (BRASIL, 1966, n.p.). 
Machado (2019, p. 104) salienta que há dois sentidos da 
interpretação: no “sentido amplo como a busca de uma solução 
DIREITO TRIBUTARIO 
para um caso concreto e no sentido restrito como a busca do 
significado de uma norma”. Todavia, nesta busca o intérprete pode 
entender que não há regra jurídica capaz de ofertar uma resposta 
a determinada demanda ou que, existindo a lei, esta apresenta 
uma lacuna, necessitando, por conseguinte, recorrer à integração, 
que “é o meio de que se vale o aplicador da lei para tornar o 
sistema jurídico inteiro, sem lacuna” (idem). Segundo Amaro, há 
uma diferença entre interpretação e integração: 
[...] na primeira, se procura identificar o que 
determinado preceito legal quer dizer, o que supõe, é 
claro, a existência de uma norma de lei sobre cujo 
sentido e alcance se possa desenvolver o trabalho do 
intérprete. Na segunda, após se esgotar o trabalho de 
interpretação sem que se descubra preceito no qual 
determinado caso deva subsumir-se, utilizam-se os 
processos de integração, a fim de dar solução à 
espécie (2019, p. 236). 
Assim, instrumentos da interpretação são utilizados na integração 
para identificarmos se uma lei possui ou não lacunas. 
Classificação da interpretação da Lei Tributária 
com base no sentido da norma 
 
A interpretação, conforme aumenta, diminui, restringe, corrige 
ou declara o sentido contido no texto jurídico, pode se classificar 
ainda de acordo com o seguinte esquema (Quadro 5): 
Quadro 5. Classificação com base no sentido da norma. Fonte: BITTAR, 2017 n.p. 
(Adaptado). 
DIREITO TRIBUTARIO 
A interpretação extensiva que prejudique os direitos do 
contribuinte ou que crie penalidades e constrições com seu 
surgimento não deve vigorar, como salienta o art. 112 do CTN 
(BITTAR, 2017); sobretudo em virtude do que afirma a legislação, 
constrangendo-se a livre interpretação jurídica em face de normas 
caracteristicamente benéficas ao contribuinte (art. 111 do CTN). 
Deve-se ter em vista, sobretudo, que o caráter tendencioso pro 
fisco não pode prevalecer sobre o direito e garantias fundamentais 
e constitucionais do contribuinte. Assim, estas interpretações 
visam orientar os diversos setores em que se manifestam as 
práticas jurídicas. 
QUANTO À FONTE DE 
INTERPRETAÇÃO DA NORMA 
JURÍDICA TRIBUTÁRIA 
Quadro 6. Classificação com base na fonte de interpretação da norma jurídica 
tributária. 
DIREITO TRIBUTARIO 
// Interpretação judicial 
 
A interpretação judicial é aquela realizada pelo Poder Judiciário 
através de decisões judiciais (juízes e tribunais). Um conjunto de 
decisões formulam uma jurisprudência. 
// Interpretação doutrinária 
 
A interpretação doutrinária é aquela realizada por especialistas 
(estudiosos) do direito através de obras e artigos jurídicos. Sua 
função é demonstrar como pensa a doutrina especializada sobre 
determinado assunto. 
// Interpretação autêntica 
 
A interpretação legislativa ou autêntica é advinda do órgão que 
elaborou a lei, como menciona Nader: 
Também denominada legislativa, a interpretação autêntica é a 
que emana do próprio órgão competente para a edição do ato 
interpretado. (...) se o ato interpretado for uma lei, quando então 
caberá ao Legislativo a exegese (2014, p. 265). 
Todavia, quando o Poder Legislativo declara o alcance e o sentido 
do texto, nasce uma nova ordem jurídica, uma vez que se está 
inovando o ordenamento jurídico. Assim, não estamos 
propriamente diante de uma intepretação autêntica. 
// Interpretação administrativa 
 
A interpretação administrativa é aquela realizada pela 
administração pública com a função de concretizar as normas 
abstratas (hipóteses e não casos concretos) e gerais (destinadas a 
todos). Esta interpretação poderá ser realizada por intermédio de 
uma autoridade responsável por determinado órgão público 
dentro da estrutura tributária, como o Secretário Geral da Receita 
Federal do Brasil (ato geral), ou por Auditor-chefe da Receita 
Federal do Brasil dentro de auto infracional (ato individual). 
INTERPRETAÇÃO QUANTO AO MÉTODO: 
GRAMATICAL, LÓGICA, SISTEMÁTICA, HISTÓRICA 
E TEOLÓGICA 
 
DIREITO TRIBUTARIO 
// Interpretação literal ou gramatical 
 
Bittar (2017) menciona que a interpretação gramatical se trata de 
um método que procura verificar o sentido da norma jurídica (ou 
do texto jurídico) a partir da leitura da análise da forma com a qual 
se produzem as estruturas textuais do discurso. Esta tem como 
função proporcionar o entendimento da norma através do 
enfrentamento das dificuldades em relação aos termos do art. 111 
do CTN (BRASIL, 1966). Já a interpretação literal é um método que 
procura verificar o sentido da norma jurídica (ou texto jurídico) a 
partir da leitura da palavra do texto. 
// Interpretação lógica 
 
A interpretação lógicaautoriza decidir contradições entre os 
elementos de determinada norma jurídica (ou texto jurídico), 
buscando o seu significado coerente, ou seja: o verdadeiro sentido 
desta ou sua lógica ao ser criada, sua área de atuação e quem irá 
atingir. 
// Interpretação sistemática 
 
Partindo do entendimento de que o sistema jurídico é único, nasce 
a necessidade de analisar as normas que o compõem em conjunto, 
evitando assim uma análise isolada. Esta análise deve levar em 
conta a Constituição e demais normas jurídicas (artigos de Lei e de 
Decreto, por exemplo). 
Para demonstrar o alcance da norma legal, devemos 
precisar a quais fatos ela se refere. Para isso, por 
vezes, precisaremos identificar os fenômenos 
contidos nos significados de algumas palavras ou 
expressões. Os principais problemas podem ser de 
ambiguidade ou vagueza. 
Um signo é ambíguo quando possui mais de um 
significado possível; é vago quando não conseguimos 
determinar seu significado. No caso das normas, um 
termo ambíguo deixa dúvidas quanto ao fato a que se 
refere e o termo vago não permite identificá-lo. 
(FERREIRA, 2011, n.p.). 
Assim, a interpretação sistemática é um método que procura 
verificar o sentido da norma jurídica com base na contextualização 
do texto em meio a uma cadeia de outros textos e princípios. 
DIREITO TRIBUTARIO 
 
// Interpretação histórica 
A interpretação histórica avalia os antecedentes históricos que 
levaram à criação da norma, buscando compreender os 
significados das palavras dentro da elaboração da norma (occasio 
legis). 
// Interpretação sociológica 
 
A interpretação sociológica busca analisar os costumes e valores 
atuais da sociedade (FERREIRA, 2011). 
// Interpretação teleológica 
A interpretação teleológica busca os fins da norma legal, ao passo 
que a interpretação axiológica busca explicitar os valores que serão 
concretizados pela norma (FERREIRA, 2020). 
 
INTERPRETAÇÃO QUANTO AOS EFEITOS OU 
RESULTADOS: DECLARATÓRIA, EXTENSIVA E 
RESTRITIVA 
 
// Interpretação declaratória 
 
Dá-se quando o intérprete conclui que não há necessidade de 
correção de falhas da lei, posto que há coincidência entre o texto 
legal e o legislador. 
// Interpretação extensiva 
 
Ocorre quando há necessidade de ampliar, por parte do intérprete, 
o que o legislador quis afirmar. Como exemplo, há a proibição da 
utilização do tributo com efeito de não confisco. Assim, o STF (ADI 
551/RJ) aplicou a interpretação extensiva às multas tributárias. 
// Interpretação restritiva 
 
Dá-se quando o intérprete nota que o texto legal atestou mais do 
que efetivamente queria dizer. Por exemplo: o STF (ADI 1.135-9/DF) 
restringiu a atuação do art. 195, § 6º da CF, de 1988, para apenas 
instituições e a majoração da contribuição para o financiamento da 
seguridade social. 
DIREITO TRIBUTARIO 
// Interpretação e integração 
 
O intérprete, então, determina o significado dessa 
norma, tendo em vista, especialmente, o sistema em 
que a mesma se encarta. Já de integração se cogita 
quando se esteja na ausência de norma expressa e 
específica para o caso, e se tenha, por isto mesmo, de 
utilizar um dos meios indicados no art. 108 do CTN 
(MACHADO, 2019, p. 105). 
Clique nos botões para saber mais 
Analogia 
– 
Diante de uma lacuna, o aplicador da Lei Tributária irá buscar 
soluções através de estudos de casos similares. Esta será aplicável 
tanto para o fisco quanto para o contribuinte; 
Um exemplo 
– 
Em uma lacuna apresentada em um imposto não cumulativo, o 
regramento de outro imposto não cumulativo poderá ser aplicado 
ao caso análogo para o fim da questão levantada; 
Princípios gerais do Direito Tributário 
– 
Não encontrando solução adequada através da analogia, poderão 
ser utilizados os princípios constitucionais tributários; 
Princípios gerais do Direito Público 
– 
O direito tributário pertence ao ramo do direito público, assim, 
princípios deste poderão ser aplicados em demandas tributárias; 
Equidade 
– 
É tida como a justiça em determinado caso concreto, ou seja, o 
aplicador do direito poderá corrigir falhas através de normas gerais 
na ausência de normas específicas. 
EXPLICANDO 
DIREITO TRIBUTARIO 
A ordem do art. 108 do CTN deverá ser seguida; assim, a 
analogia deverá ser utilizada antes dos demais meios de 
integração. Não sendo cabível sua aplicação, se buscará a 
solução através dos princípios gerais do Direito Tributário, 
posteriormente dos princípios gerais de Direito Público e, 
em último caso, da equidade, que é a justiça no caso 
concreto. 
Assim, o § 1º do art. 108 do CTN (BRASIL, 1966) proíbe que haja a 
utilização da analogia de tributo não previsto em lei, e o § 2º do 
referido art. não aceita que a equidade seja aplicada em situações 
que haja a dispensa de tributo devido. 
DIREITO TRIBUTARIO 
Quadro 7. O CNT sobre os princípios gerais de direito privado e a lei 
tributária. Fonte: BRASIL, 1966, n.p. (Adaptado). 
 
Assim, caso a Constituição Federal defina a forma ou o conceito 
dentro do direito privado, a lei não poderá ser alterada por outra 
lei. Neste sentido, se o Texto Constitucional estiver discorrendo 
sobre mercadorias ao determinar a competência dos Estados em 
relação ao ICMS, devemos observar o conceito de mercadoria no 
direito empresarial. 
 
Hipótese de incidência 
Seção 5 de 5 
Da hipótese de incidência nascem os elementos da relação jurídica, 
os quais são materializados com a ocorrência do fato gerador, 
definindo qual será o critério para se estabelecer a base de cálculo 
e alíquotas que definem o quantum a ser pago pelo contribuinte. 
DIREITO TRIBUTARIO 
 
Diagrama 1. Fato gerador abstrato e concreto. Fonte: ALEXANDRE, 2020, p. 349. 
 
O art. 114 do CTN (BRASIL, 1966) apresenta o fato gerador em 
abstrato e em concreto, em que o primeiro representa a hipótese 
de incidência definida na Lei Tributária e o segundo significa o 
evento concreto, ocorrido em sociedade e dotado das 
características de tempo e espaço, o que constitui o fato jurídico 
tributário ou o fato jurígeno tributário. 
Esta hipótese é considerada como uma abstração legal de um fato, 
ou seja, é a situação descrita em lei que será concretizada através 
da realização do fato gerador, o que ensejará o surgimento da 
obrigação tributária que definirá os sujeitos envolvidos – ativo e 
passivo. 
Diagrama 2. A obrigação tributária. Fonte: ALEXANDRE,2020, p. 349. 
 
 
Carvalho (2019) aponta três critérios de hipótese: o material, que é 
definido como o fato em si; o temporal, que são as circunstâncias 
DIREITO TRIBUTARIO 
de tempo que envolvem o fato gerador materialmente descrito; e o 
espacial, que é o local onde este deverá ocorrer. 
O Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores, ou IPVA, 
apresenta como critério material a propriedade do bem 
automotor; como critério temporal o lapso de tempo deste; e como 
critério espacial o que está dentro dos limites do estado-membro. 
Há ainda o local de onde nasce, como consequência ou comando; 
os sujeitos, como critério pessoal; e o valor bem, que surgirá com a 
base de cálculo que estará sujeita às alíquotas. 
Há dois elementos que integram a norma de incidência tributária: a 
primeira descreve o fato ou hipótese de incidência do tributo 
(antecedente, “se” ela vier acontecer) e a segunda o acontecimento 
que define a relação jurídica obrigacional (consequente). Rocha 
possui o mesmo entendimento, posto que para ele 
a norma jurídica tributária, portanto, trabalha com os 
conectivos lógicos “se” e “então”. A norma tributária 
descreve a hipótese de incidência e fixa que “se” ela 
vier a se concretizar, “então” surgirá uma relação 
obrigacional de tais e quais características (2019, p. 
383). 
A hipótese de incidência é apenas uma situação descrita em lei que 
é dotada de elementos que, uma vez realizados, nasce o fato 
jurídico a ser tributado (fato gerador, fato jurídico tributário ou fato 
jurígeno),produzindo consequências no mundo concreto. 
// Aspectos da hipótese de incidência 
 
Há quatro aspectos da hipótese de incidência: aspecto material 
(núcleo da hipótese); aspecto espacial (descreve o lugar onde o fato 
deve acontecer e gerar os efeitos tributários necessários); aspecto 
temporal (descreve o momento da realização do fato gerador) e 
aspecto subjetivo (descreve quem realiza o fato). 
// Aspecto material da hipótese de incidência 
 
O aspecto material representa a ação ou omissão a ser tributada e, 
como é a função principal, poderá influenciar as demais, como, por 
exemplo, auferir renda. 
 
DIREITO TRIBUTARIO 
// Aspecto espacial da hipótese 
 
O aspecto espacial da hipótese define o local onde será realizado o 
fato gerador. No IPTU – Imposto Predial Territorial Urbano, por 
exemplo, o local é o perímetro urbano de determinado município. 
Este aspecto define onde irá ocorrer o fato e não qual ente 
tributante será o credor desta obrigação tributária. 
Um outro exemplo é o ISS – o Imposto sobre Serviços, em que 
determinado município poderá impor regras a um prestador de 
serviços domiciliado em sua abrangência, mas o serviço será 
prestado em outra localidade. Carvalho salienta que há formas de 
classificar o gênero tributário da respectiva hipótese tributaria: 
a) Hipótese cujo critério espacial faz menção a determinado local para a 
ocorrência do fato típico; (II – Imposto de Importação e Exportação – local: 
repartições aduaneiras); 
b) Hipótese em que o critério espacial alude a áreas específicas, de tal sorte 
que o acontecimento apenas ocorrerá se dentro delas estiver geograficamente 
contido; (ITR – Imposto Territorial Rural e IPTU – Imposto Predial Territorial 
Urbano – precisão geográfica); 
c) Hipótese de critério espacial bem genérico, onde 
todo e qualquer fato, que suceda sob o manto da 
vigência territorial da lei instituidora, estará apto a 
desencadear seus efeitos peculiares. (demais 
impostos) (2012, p. 329). 
// Aspecto temporal da hipótese 
 
Há tributos que possuem hipóteses instantâneas e outros não, 
sendo estes denominados de periódicos. Este aspecto define 
quando ocorrerá seu fato gerador, onde há o surgimento de um 
direito subjetivo para o ente tributante e o dever jurídico de pagar 
o tributo (contribuinte ou seu responsável). 
// Aspecto subjetivo da hipótese 
 
Este tipo de aspecto define quem realiza o fato gerador, suas 
características e qualidades, como, por exemplo, o indivíduo que 
deverá ser um comerciante para recolher determinado tributo 
DIREITO TRIBUTARIO 
(ICMS - Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de 
Serviços). 
 
Agora é a hora de sintetizar tudo 
o que aprendemos nessa 
unidade. Vamos lá?! 
SINTETIZANDO 
 
Nesta unidade, estudamos as fontes que compõem o Direito 
Tributário e a legislação tributária. Aprendemos que estas fontes 
visam dar um norte para a criação de normas e que elas se dividem 
em materiais e formais, sendo as primeiras utilizadas na criação de 
uma norma jurídica e as segundas em sua aplicabilidade. Além 
disso, vimos que, de acordo com a legalidade na matéria tributária, 
a lei é o campo principal de produção de regramentos. 
Uma vez corporificadas as normas tributárias, analisamos sua 
vigência. Quando relacionada ao tempo, este envolve o período 
pelo qual a norma deverá ser respeitada pela sociedade e seu 
tempo de vida, ao passo que o espaço está relacionado à dimensão 
territorial. Ademais, interpretamos esta vigência, visando a 
eliminação de questões atinentes à sua construção e à semiótica 
jurídica (saber-fazer) envolvida. 
Por fim, exploramos a hipótese de incidência, em abstrato, prevista 
em lei, que uma vez realizada materializa o fato gerador e permite 
a construção da obrigação tributária e, posteriormente, o 
lançamento e a cobrança do tributo. Cabe ressaltar que é da 
hipótese de incidência que são concebidos os elementos da 
relação jurídica, sendo estes materializados a partir da ocorrência 
do fato gerador. 
 
 
DIREITO TRIBUTARIO 
 
UNIDADE 3. 
A relação jurídica tributária: 
elementos, constituição e 
lançamento 
Paulo Roberto de Souza Junior 
OBJETIVOS DA UNIDADE 
 
Identificar os elementos que compõem a relação jurídica 
tributária; 
 
Diferenciar as obrigações entre principal e acessória; 
 
Entender a importância do fato gerador dentro da relação 
jurídica tributária; 
 
Analisar a função do lançamento e do crédito tributário. 
TÓPICOS DE ESTUDO 
 
Obrigação tributária: dar, fazer e não fazer 
 
Nascimento da obrigação tributária: fato gerador 
 
Lançamento e crédito tributário 
// Modalidades de lançamento 
// Impugnação de lançamento 
// Recurso de ofício e recurso voluntário 
 
DIREITO TRIBUTARIO 
Crédito tributário: noções gerais 
Obrigação tributária: dar, fazer e não 
fazer 
Seção 2 de 5 
 
Duas pessoas que têm interesse em comum sobre o mesmo objeto formam uma 
relação jurídica, que é o vínculo estabelecido entre as partes em relação a seus 
interesses, obrigação que pode ser de dar, fazer ou não fazer. 
Hugo de Brito Machado, no Curso de direito tributário, editado em 
2020, inclui ainda outro tipo de vinculação entre as partes, como a 
de tolerar os interesses de arrecadação ou da fiscalização dos 
tributos. A referida obrigação é gênero do dever em decorrência de 
um crédito que uma pessoa tem em favor de outra. Segundo 
publicado no ano de 2015 pelo site Conceito.de: 
Dá-se o nome de relação jurídica ao vínculo 
estabelecido e regulado de maneira legal entre dois 
ou mais sujeitos relativamente a determinados 
interesses. Trata-se de uma relação que, devido à sua 
regulação jurídica, gera efeitos legais. Dito de outra 
maneira: uma relação jurídica é aquela em que seus 
elementos jurídicos (sujeitos) realizam atividades que 
terão consequências no mundo jurídico em 
decorrência deste vinculo. [...] 
Essa relação jurídica é de cunho obrigacional, devido a sua 
prestação apreciável do ponto de vista econômico, o que define 
efeitos legais aos integrantes da relação, através do adimplemento 
de seu patrimônio. De um lado, esse vínculo une o credor (sujeito 
ativo), e de outro, o devedor (sujeito passivo), ambos chamados de 
elementos subjetivos da obrigação e de elementos objetivos da 
obrigação-natureza, sendo esta última estabelecida como a 
conduta entre o credor e o devedor. No Quadro 1 a seguir, veja 
uma descrição dos três tipos de obrigação tributária. 
DIREITO TRIBUTARIO 
 
Quadro 1. Tipos de obrigação: dar, fazer e não fazer. 
// Relação jurídica obrigacional tributária: elementos 
A relação jurídica obrigacional permeia todos os ramos do Direito, 
e no Direito Tributário não é diferente. As razões da obrigação 
tributária são a lei a fato, gerador. Na esfera tributária, tal relação é 
definida pelo vínculo entre o contribuinte e o fisco (Fazenda 
pública). No entendimento de Schoueri, na página 497 do 
livro Direito tributário, de 2018: 
Por força da ordem tributária, estabelece-se uma 
relação jurídica entre o Estado e o particular. Esta é a 
relação jurídico-tributária. Compreende, via de regra, 
uma série de vínculos, que não se limitam ao 
recolhimento do tributo. Basta ter em mente que 
além deste, o particular está sujeito ao dever de 
escriturar livros, preencher formulários, atender a 
fiscalização, etc., para que se compreenda a 
complexidade da relação assim estabelecida. 
Essa relação jurídica obrigacional tributária inicia-se através da 
realização ou concretização do fato gerador ou fato imponível ou 
fato jurígeno. No tocante aos elementos da obrigação tributária, 
são eles: sujeito ativo, sujeito passivo, objeto e causa. 
 
// Elementos subjetivos da obrigação tributária: sujeito ativo 
O sujeito ativo é o credor, que é o Fisco (administração fazendária), 
pessoa jurídica de direito público titular da competência para exigir 
o cumprimento da obrigação tributária, conforme determinao art. 
119 do Código Tributário Nacional (CTN), regulamentado pela lei n. 
5.172, de 25 de outubro de 1966. Machado, na página 142 de seu 
livro de 2020, comenta que: 
DIREITO TRIBUTARIO 
O art. 119 do Código Tributário Nacional cuida da 
relação de tributação nesse estágio em que a mesma 
se apresenta como relação jurídica obrigacional. 
Cuida – digamos assim – da obrigação tributária, 
definindo seu sujeito ativo, que é o titular da 
competência para lançar e cobrar o tributo. [...] não 
há insuficiência na norma em questão por não 
admitir pessoas jurídicas de direito privado e até 
pessoas naturais como sujeitos ativos da obrigação 
tributária. [...] É certo que uma pessoa jurídica de 
direito privado pode receber a atribuição de 
arrecadar um tributo. E pode até ser destinatária do 
produto de sua arrecadação. 
A cobrança e a arrecadação dos tributos podem ser delegadas a 
um terceiro, nos moldes do art. 7º do Código. 
// Contribuinte ou responsável tributário 
A Constituição Federal outorga aos entes federados – União, 
Estados, Distrito Federal e Municípios – a competência 
tributária para instituir ou não um tributo, ou seja, dá uma 
autorização legislativa ou faculta a um ente a instituição de um 
tributo que esteja em seu rol de competência. Tal competência é 
indelegável, portanto, mesmo com sua inércia outro ente não pode 
exercê-la. Já a capacidade tributária é o poder de cobrar, exigir e 
fiscalizar o tributo, ou seja, é uma atribuição administrativa ou 
executiva, em que a lei instituidora já existente apenas deve ser 
cumprida. 
O art. 7º do CTN prevê que a capacidade tributária pode ser 
delegada a uma pessoa jurídica de direito público, que passa a ser 
o sujeito ativo da obrigação tributária e, por isso, tem a capacidade 
tributária de arrecadar ou fiscalizar tributos (parafiscalidade), 
executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria 
tributária. 
DIREITO TRIBUTARIO 
Quadro 2. Diferenças entre competência e capacidade tributária. Fonte: ALEXANDRE, 
2020; ROCHA, 2019. (Adaptado). 
Numa arrecadação realizada por terceiros, existem os entes 
tributantes (sujeito ativo indireto) e os terceiros (sujeito ativo 
direto). Contudo, alterações de alíquotas, base de cálculo e criações 
de benefícios fiscais sofrem modificações legislativas realizadas 
pelo ente competente. A base de cálculo é a medida de grandeza 
do fato gerador aplicada à alíquota, que é o percentual ou valor 
fixo aplicável para cálculo do valor de um tributo, determinando o 
montante do tributo devido. 
// Sujeito passivo 
O sujeito passivo é o que paga o tributo ou penalidade pecuniária, 
denominado contribuinte ou responsável, segundo o art. 121 do 
CTN. Amaro, na página do livro Direito tributário brasileiro, de 2019, 
salienta que o contribuinte, “numa noção não rigorosamente 
técnica, pode ser identificado como a pessoa que realiza o fato 
gerador da obrigação tributária principal”. A condição de sujeito 
passivo independe da capacidade civil, já que qualquer pessoa que 
pratique o fato gerador está apta a participar da relação jurídica 
tributária. Assim, além do agente ser incapaz, a origem dos bens ou 
valores recebidos não interfere na situação. 
DIREITO TRIBUTARIO 
Diagrama 1. Obrigações do sujeito passivo. Fonte: ALEXANDRE, 2020, p. 372. 
 
// Contribuinte ou responsável tributário 
Segundo Rocha, na página 403 do livro Direito tributário, editado 
em 2019, contribuinte é: 
[...] aquele que promove o acontecimento concreto 
do fato jurídico-tributário. É a pessoa que, enfim, 
torna a hipótese concreta. É a pessoa que vai realizar 
concretamente aquilo que a lei define como hipótese 
de incidência do imposto: quem aufere a renda, quem 
importa a mercadoria, quem é o proprietário do 
imóvel etc. É a pessoa que serve como referência 
pessoal do fato gerador. 
Os tributos aqui dependem de quem são os vinculados (usuários 
do serviço que pratiquem a atividade estatal específica, como taxas 
e contribuição de melhoria) ou não (sem a prática de atividades 
específicas, podendo ocorrer a geração de impostos). No primeiro 
caso, o usuário do serviço é o contribuinte, enquanto no segundo 
caso, é quem praticou a hipótese de incidência. Por consequência, 
em ambos os casos, há o aspecto subjetivo do fato gerador. 
Já a característica marcante do responsável tributário é não ser 
considerado como contribuinte, segundo o art. 121, parágrafo 
DIREITO TRIBUTARIO 
único, inciso II do CTN, e que haja “a vinculação, proximidade ou 
gerência em relação ao fato gerador que justifique sua eleição pela 
lei tributária”, como determina o art. 128. O art. 130 prevê que o 
novo proprietário de um imóvel dentro de uma zona urbana, o 
contribuinte do IPTU, é o responsável pelas dívidas anteriores do 
imóvel. 
 
// O sujeito passivo: direto e indireto 
O sujeito passivo direto é o contribuinte que pratica o fato 
gerador e, por isso, possui uma relação pessoal e direta, dada a lei 
instituidora do tributo. Já o sujeito passivo indireto é definido 
pela lei instituidora do tributo como o responsável pelo pagamento 
do tributo (consumidor final), alterando os elementos subjetivos da 
relação jurídica tributária inicial. 
Desse modo, o contribuinte de direito pode insurgir contra a 
administração fazendária (fisco), já que ele é o responsável pelo 
pagamento do tributo. O contribuinte de fato não possui 
legitimidade para pleitear qualquer direito ou benefício, já que não 
faz parte da relação jurídica tributária existente, como consta no 
REsp 903394/AL do Superior Tribunal de Justiça, publicado 
no Diário de Justiça Eletrônico de 26 de abril de 2010: 
PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL 
REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543-C, 
DO CPC. TRIBUTÁRIO. RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO. 
DISTRIBUIDORAS DE BEBIDAS. CONTRIBUINTES DE 
FATO. ILEGITIMIDADE ATIVA. SUJEIÇÃO PASSIVA 
APENAS DOS FABRICANTES (CONTRIBUINTES DE 
DIREITO). RELEVÂNCIA DA REPERCUSSÃO 
ECONÔMICA DO TRIBUTO APENAS PARA FINS DE 
CONDICIONAMENTO DO EXERCÍCIO DO DIREITO 
SUBJETIVO DO CONTRIBUINTE DE JURE À 
RESTITUIÇÃO (ARTIGO 166, DO CTN). LITISPENDÊNCIA. 
PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. SÚMULAS 282 E 
356/STF. REEXAME DE MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA. 
SÚMULA 7/STJ. APLICAÇÃO. 
 
// Solidariedade 
DIREITO TRIBUTARIO 
Há dois tipos de solidariedade, nos quais concorrem, de um lado, 
dois ou mais de um devedor (solidariedade passiva) e, de outro, 
dois ou mais de um credor (solidariedade ativa). Em matéria 
tributária, a solidariedade ativa só se aplica no Simples Nacional, 
todavia, a ação na fase judicial é de competência da União, que 
pode delegar a função. Já na solidariedade passiva não há óbice, 
mas não cabe benefício de ordem, de acordo com o art. 124 do 
CTN, ou seja, o Fisco pode acionar a qualquer um dos 
proprietários, por exemplo, de um mesmo imóvel. 
Caso um deles faça a quitação, o pagamento de um aproveita aos 
demais e a remissão ou isenção desobriga a todos (concedida de 
maneira geral). Exceto se concedida apenas a um deles (concedida 
de maneira individual), o saldo pertence aos demais, devido à 
solidariedade. É a lei ordinária capaz de prever solidariedade, por 
exemplo, entre contribuintes e responsáveis, já que o art. 125 do 
CTN não nomeou os casos de solidariedade. 
// Domicílio tributário 
O art. 127 do CTN determina a possibilidade de escolha por parte 
do sujeito passivo. 
Diagrama 2. Domicílio tributário. Fonte: ROCHA, 2019, p. 426. 
// Elementos objetivos da obrigação tributária: objeto da 
obrigação tributária 
A causa da obrigação tributária nasce através do vínculo jurídico 
entre os sujeitos ativo e passivo. Já o objeto da relação jurídica é 
tido como o comportamento de levar recursos aos cofres públicos, 
ou seja, de dar ou entregar os tributos devidos conforme 
DIREITO TRIBUTARIO 
determinado pelo CTN. Quanto ao objeto, a obrigação tributária 
divide-se em principal e acessória.// Obrigação tributária: obrigação principal e acessória 
A obrigação tributária é gênero, enquanto as obrigações principal e 
acessória são espécies. Amaro, na página 278 do livro Direito 
tributário brasileiro de 2019, aponta que: 
[...] o nascimento da obrigação não depende de nenhuma 
manifestação de vontade das partes que passam a ocupar os 
polos ativo e passivo do vínculo jurídico. Basta a ocorrência do 
fato previamente descrito na lei para que surja a obrigação. 
O art. 113 do CTN apresenta, no parágrafo 1º a base da obrigação 
tributária, que é o fato gerador. O parágrafo 2º salienta que a 
obrigação acessória decorre da legislação tributária. A obrigação 
tributária acessória resume-se em realizar ou deixar de realizar 
algo que não é considerado como obrigação principal, como 
declarar o IR (Imposto de Renda). 
São exemplos da obrigação tributária principal o pagamento do 
tributo e de sua multa, quando existir, já a obrigação tributária 
acessória pode ser de fazer (emissão da nota fiscal) e não fazer 
(não circular sem a competente nota fiscal) mas, pelo simples fato 
da sua inobservância, converte-se em obrigação principal, em 
relação à penalidade pecuniária. 
 
VAMOS REFORÇAR O QUE APRENDEMOS 
ATÉ AGORA? 
 
Relacione o tipo de obrigação com os exemplos à direita: 
• 
• 
• 
• Dar. 
• Fazer. 
• Não fazer. 
DIREITO TRIBUTARIO 
• Entregar um carro. 
• Apresentar um show. 
• Não construir além do limite. 
ENVIAR 
Correta 
👍 
Muito bem, a resposta está correta! 
De acordo com o Quadro 1, a fim de ilustrar os tipos de 
obrigações, no que se refere à obrigação de dar, foi 
mencionada a entrega um carro. Já no tocante à 
obrigação de fazer, foi citada a apresentação de um 
show como um exemplo de trabalho a ser feito. No 
concernente à obrigação de não fazer, isto diz respeito à 
não construir além dos limites permitidos num local. 
Nascimento da obrigação tributária: 
fato gerador 
Seção 3 de 5 
 
A norma jurídica é uma espécie de juízo hipotético condicional composta de duas 
esferas: a hipótese e consequente – o antecedente é condição suficiente do 
consequente. 
Essa norma jurídica, quanto ao antecedente, pode ser classificada 
em norma abstrata (define comportamentos abstratos ou a 
chamada hipótese tributária) ou norma concreta (acontecimento 
específico ou individual), segundo McNaughton, na Enciclopédia 
jurídica da PUC-SP, publicada em 2017. A hipótese de incidência – 
fato em abstrato – é a descrição da situação necessária e suficiente 
para o nascimento de uma obrigação tributária, ou seja, é o 
elemento abstrato constante na lei instituidora do tributo que 
define o acontecimento passível de realização e cobrança do 
tributo. 
Uma vez efetivada a hipótese de incidência, que é o elemento 
abstrato constante na lei instituidora do tributo e que define o 
acontecimento passível de realização e cobrança do tributo, nasce 
DIREITO TRIBUTARIO 
o fato gerador em concreto ou fato jurígeno, segundo o art. 114 do 
CTN: 
Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a 
situação definida em lei como necessária e suficiente 
à sua ocorrência. 
Quadro 3. Características da hipótese de incidência. 
 
O dever do contribuinte ou do responsável é garantir o direito 
subjetivo do fisco, bem como ver se sua pretensão corresponde 
aos efeitos da incidência da norma dentro da relação jurídica, que 
nasce com a realização da hipótese de incidência (fato gerador em 
abstrato). Uma vez realizado o fato gerador, ou seja, a ocorrência 
no mundo real dos fatos descritos como hipótese de incidência na 
lei instituidora do tributo. 
O fato gerador é escolhido pelo legislador dentro das atividades 
econômicas de relevância, desde que respeitadas as competências 
tributárias traçadas pela Constituição Federal. O CTN divide este 
“fato” em duas situações definidas em lei: situações de fato e 
situações jurídicas, que são levadas em conta no momento da 
realização (como no IPTU, em que a propriedade é definida como 
geradora de efeitos jurídicos), conforme o art. 116 do CTN: 
Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato 
gerador e existentes os seus efeitos: 
I – Tratando-se de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem 
as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que 
normalmente lhe são próprios. 
II – Tratando-se de situação jurídica, desde o 
momento em que esteja definitivamente constituída, 
nos termos de direito aplicável. 
DIREITO TRIBUTARIO 
Segundo McNaughton, “quando for caso de uma norma tributária 
colher uma situação jurídica em seu antecedente, essa situação é 
sujeita à condição, devendo ser observados os incisos I e II do art. 
117 do CTN”, como na importação, um fato que antes não era 
gerador de efeitos jurídicos. 
 
CONTEXTUALIZANDO 
Segundo McNaughton, a condição do tipo suspensiva, 
enquanto não se implementa o negócio jurídico, fica sem 
eficácia. Então, o “fato gerador” é tido como ocorrido apenas 
com o adimplemento dessa condição. Já na condição do tipo 
resolutória, que resolve o negócio jurídico extinguindo-o 
caso se verifique, o negócio jurídico é tido ocorrido quando 
praticado ou celebrado. 
Uma condição do tipo suspensiva é a doação de imóvel que 
depende de uma situação futura para ser concretizada. Só após 
concretizada a doação, surge o fato gerador do imposto sobre a 
transmissão causa mortis e doação – ITCMD. O conceito de fato 
gerador é interpretado levando em conta o art. 118 do CTN, que 
determina que seja abstraída a validade jurídica dos atos 
efetivamente praticados pelo contribuinte ou terceiro, bem como a 
natureza do seu objeto ou de seus efeitos, e dos efeitos dos fatos 
ocorridos. 
DIREITO TRIBUTARIO 
Uma situação de fato é vista como fato gerador da obrigação 
principal e da acessória, como, por exemplo, a aquisição de uma 
mercadoria, que sofre tributação do ICMS (obrigação principal) e a 
obrigação de emissão da nota fiscal (obrigação acessória). Fatos 
geradores são classificados em instantâneos (ocorrem num dado 
momento no tempo), periódicos (envolvem um período) e 
continuados (referem-se a um estado de coisas): 
ICMS 
Um comércio vende produto para um menor incapaz, mas há o 
recolhimento do tributo, independentemente da idade; 
ISS 
Na concretização do fato gerador, não é levada em conta a 
situação, como um eventual exercício ilegal da medicina; 
COMPRA E VENDA DE UM BEM 
A não quitação do bem não é levada em conta para o não 
recolhimento do tributo 
// Fato gerador da obrigação: principal e acessória 
O fato gerador da obrigação principal é a situação prevista no 
art. 114 do CTN, fixada em lei como necessária e suficiente à sua 
ocorrência. Machado, na página 129 de seu livro de 2020, 
apresenta uma análise dos principais elementos do conceito de 
fato gerador: 
 
Uma situação é um fato, conjunto de fatos, situação de fato, 
situação jurídica. Toda e qualquer ocorrência, decorrente ou 
não da vontade, é considerada como fato, mas sem qualquer 
relevância dos aspectos subjetivos; 
 
Estabelecida em lei, a descrição da situação cuja ocorrência 
gere uma obrigação tributária principal é matéria 
compreendida na reserva legal; 
 
https://sereduc.blackboard.com/bbcswebdav/library/Library%20Content/%28LMS%29%20-%20Do%20Not%20Delete/%28LMS%29%20DOL%20-%20Do%20Not%20Delete/SCORM/DIREITO%20CONSTITUCIONAL%20TRIBUT%C3%81RIO/UNIDADE%203/scormcontent/index.html
https://sereduc.blackboard.com/bbcswebdav/library/Library%20Content/%28LMS%29%20-%20Do%20Not%20Delete/%28LMS%29%20DOL%20-%20Do%20Not%20Delete/SCORM/DIREITO%20CONSTITUCIONAL%20TRIBUT%C3%81RIO/UNIDADE%203/scormcontent/index.html
https://sereduc.blackboard.com/bbcswebdav/library/Library%20Content/%28LMS%29%20-%20Do%20Not%20Delete/%28LMS%29%20DOL%20-%20Do%20Not%20Delete/SCORM/DIREITO%20CONSTITUCIONAL%20TRIBUT%C3%81RIO/UNIDADE%203/scormcontent/index.html
DIREITO TRIBUTARIO 
Sendosuficiente, a situação prevista em lei basta. Para o 
surgimento da obrigação tributária, a ocorrência da situação 
descrita na lei é suficiente para esse fim; 
 
Sem a situação prevista em lei, não nasce a obrigação 
tributária. Para surgir a obrigação tributária, é indispensável a 
ocorrência da situação prevista em lei. 
Há diversos aspectos dentro deste fato gerador: 
Clique nos botões para saber mais 
Aspecto material 
– 
Propriedade do bem, como IPTU, ITR, IPVA, realização de certa 
atividade, II (Imposto de Importação), IE (Imposto de Exportação), 
valorização imobiliária, contribuição de melhoria, realização do 
serviço público, taxas de serviço, etc.; 
Aspecto temporal 
– 
Nascimento da obrigação previsto na lei; 
Aspecto espacial 
– 
Local de ocorrência previsto na lei; 
Aspecto quantitativo 
– 
Base de cálculo (grandeza que incide sobre a alíquota) e alíquota 
(percentagem sobre a base de cálculo); 
Aspecto pessoal 
– 
Sujeitos. 
O fato gerador da obrigação acessória está previsto no art. 115 
do CTN que indica as situações previstas na legislação tributária, e 
determina a realização de certa atividade ou sua abstenção; 
todavia, tal situação não pode ensejar uma obrigação principal. 
// Bitributação e bis in idem 
Há bitributação quando entes federados diversos cobram de um 
determinado contribuinte o mesmo fato gerador, como quando 
dois municípios, por se acharem competentes, cobram o ISS de 
DIREITO TRIBUTARIO 
contribuinte por ter praticado tal serviço. Já a expressão bis in 
idem (duas vezes o mesmo) é quando o mesmo Fisco cobra mais 
de uma vez o mesmo fato gerador. 
VAMOS REFORÇAR O QUE APRENDEMOS 
ATÉ AGORA? 
Considerando a hipótese de incidência, é possível afirmar que 
ela é: 
Abstrata. 
Correctly selected 
Concreta. 
Correctly unselected 
Neutra. 
Correctly unselected 
ENVIAR 
Correta 
👍 
Muito bem, a resposta está correta! 
A hipótese de incidência, ou fato gerador, é abstrata e 
anterior ao fato gerador concreto, pois se faz presente 
na lei que institui o tributo e, quando concretizada, dá 
margem ao fato concreto. 
 
Lançamento e crédito tributário 
Seção 4 de 5 
 
Segundo o art. 142 do CTN, o lançamento tributário é um procedimento 
administrativo que procede o crédito tributário , garantido certeza no processo e 
exigibilidade para aqueles que têm acesso ao sistema, desde que isso ocorra 
dentro da lei. 
Embora o CTN entenda que o lançamento seja um procedimento, 
Alexandre, na página 457 do livro Direito tributário esquematizado, 
editado em 2020, menciona que “a maioria dos autores entende 
DIREITO TRIBUTARIO 
ser um ato administrativo apesar de ser resultante de um 
procedimento”, como Paulo de Barros Carvalho, autor de Curso de 
direito tributário, editado em 2019. Rocha, na página 470 de sua 
obra de 2019, concorda com Carvalho ao mencionar que: 
O lançamento, com uma espécie de ato 
administrativo, possui o atributo da presunção 
relativa de legitimidade. Vale dizer, a conduta 
administrativa, até que exista demonstração em 
contrário, reputa-se legítima, ou seja, ajustada ao 
ordenamento jurídico. O ato de lançamento consiste, 
basicamente, na atividade da Administração de, por 
meio de servidor competente, confirmar a existência 
da dívida (conferir certeza), bem como mensurar com 
exatidão seu valor (conferir liquidez). Essa verificação 
de certeza e liquidez, realizada pela Administração, 
presume-se exata e permitir que o fisco possa, então, 
exigir seu crédito. Vale dizer, se a administração 
declara que certa dívida existe e em valor específico, 
isso vale como verdade até que se prove o contrário. 
Segundo decisão do STJ, divulgada no Diário de Justiça Eletrônico em 
01 de agosto de 2000, “o crédito tributário não surge com o fato 
gerador. Ele é constituído com o lançamento”. 
 
// Lançamento tributário 
A matéria tributária divide-se em dois núcleos: a hipótese de 
incidência e a base de cálculo, previstos, mesmo que de maneira 
hipotética, na lei de instituição do tributo. Concretizado o fato 
gerador, nasce a dívida tributária, já que há a criação de relação 
jurídica obrigacional. Todavia, há impossibilidade de cobrança da 
dívida, por falta de sua materialização, que se efetiva por meio do 
lançamento. 
Há liquidação do quantum que é devido pela concretização do fato 
gerador, no qual há o cálculo do montante do tributo devido e a 
identificação do sujeito passivo da obrigação, com aplicação da 
penalidade cabível fixada em lei e a multa, se houver. Por fim, há o 
lançamento e notificação ao devedor, em que o documento 
descreve o fato e o enquadramento legal para que o contribuinte 
DIREITO TRIBUTARIO 
ou responsável possa impugná-lo, se necessário, sob pena de 
cerceamento do direito de defesa do contribuinte. 
Esse lançamento tributário é uma atividade da administração 
pública, vinculada e obrigatória que possibilita a conversão da 
dívida oriunda de uma obrigação, confirmando a existência da 
dívida (conferindo certeza), bem como mensurando com exatidão 
seu valor (conferir liquidez), de modo a facilitar sua cobrança no 
prazo da lei pelo Fisco, ou por quem ele delegou esta atividade. 
O lançamento possui efeito ex tunc, já que é um evento que se 
refere ao passado, diferente da obrigação tributária ex nunc. Caso 
seja referente a uma penalidade (multa), é observada a legislação 
mais favorável ao contribuinte. 
 
EXPLICANDO 
O CTN traz consigo dois tipos de regras: materiais (legislação 
substantiva ou parte substancial), ligada ao tributo (fato 
gerador, base de cálculo etc.), e formais (legislação adjetiva), 
que definem a norma procedimental do tributo (prazos, 
competência para lançar, etc.). Todavia, para realizar o 
lançamento, as normas formais devem estar em vigor e as 
nomas procedimentais, seguidas. 
O lançamento tem alguns pressupostos, que são explicados no 
Quadro 4. 
DIREITO TRIBUTARIO 
Quadro 4. Pressupostos do lançamento. Fonte: ROCHA, 2019, p. 485. 
MODALIDADES DE LANÇAMENTO 
 
O CTN delimita, nos arts. 147 a 150, as modalidades de 
lançamento: 
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DE OFÍCIO 
O sujeito passivo não participa da atividade; 
POR DECLARAÇÃ O 
Há participação do sujeito passivo e do sujeito ativo; 
POR HOMOLOGAÇÃ O 
O sujeito faz quase todos os atos que compõem a atividade. 
// Lançamento de ofício ou direto – art. 149 do CTN 
O lançamento de ofício ou direto é feito pela administração 
pública, que notifica o sujeito passivo sobre o lançamento. O artigo 
salienta, em seu inciso I, qual é o referido lançamento e, nos incisos 
II a IX, há o lançamento de revisão efetuado pelo Fisco, já que está 
corrigindo omissões, erros ou fraudes. Tais correções, desde que 
justificadas, se dão até a extinção do crédito tributário. 
Diagrama 3. Lançamento de ofício ou direto pela administração, sem sujeito 
passivo. Fonte: ROCHA, 2019, p. 491. 
 
São exemplos dessa modalidade: 
https://sereduc.blackboard.com/bbcswebdav/library/Library%20Content/%28LMS%29%20-%20Do%20Not%20Delete/%28LMS%29%20DOL%20-%20Do%20Not%20Delete/SCORM/DIREITO%20CONSTITUCIONAL%20TRIBUT%C3%81RIO/UNIDADE%203/scormcontent/index.html
https://sereduc.blackboard.com/bbcswebdav/library/Library%20Content/%28LMS%29%20-%20Do%20Not%20Delete/%28LMS%29%20DOL%20-%20Do%20Not%20Delete/SCORM/DIREITO%20CONSTITUCIONAL%20TRIBUT%C3%81RIO/UNIDADE%203/scormcontent/index.html
https://sereduc.blackboard.com/bbcswebdav/library/Library%20Content/%28LMS%29%20-%20Do%20Not%20Delete/%28LMS%29%20DOL%20-%20Do%20Not%20Delete/SCORM/DIREITO%20CONSTITUCIONAL%20TRIBUT%C3%81RIO/UNIDADE%203/scormcontent/index.html
DIREITO TRIBUTARIO 
 
ITR- COMPETÊNCIA DA UNIÃO 
IPVA- COMPETÊNCIA ESTADUAL/DISTRITAL 
IPTU- COMPETÊNCIA MUNICIPAL 
// Lançamento por declaração ou misto – art. 147 do CTN 
No lançamento por declaração, o contribuinte ou terceiro 
apresenta à administração fazendária os dados para apuração do 
valor devido do tributo mediante uma declaração,que pode ser 
alterada antes de seu lançamento e desde que comprovado o erro, 
contanto que reduza ou exclua o tributo, de acordo com o 
parágrafo 1º do CTN. Após o feito, a administração expede uma 
notificação ao contribuinte com o valor devido. O entendimento de 
Machado, exposto na página 182 do livro de 2020, sobre esta 
modalidade de lançamento demarca que ela: 
[...] é atividade da autoridade administrativa, com colaboração 
do sujeito passivo da obrigação tributária, que presta 
informações quanto à matéria de fato, e se completa com a 
notificação feita ao contribuinte, determinando o prazo de que 
este dispõe para o pagamento do valor estabelecido. Antes da 
manifestação da autoridade não existe o dever de pagar. Nem 
muito menos o crédito tributário. 
Esse tipo de lançamento por declaração não pode ser confundido 
com o lançamento que necessita de declaração, como obrigação 
acessória. Na esfera municipal, existe o ITBI (Imposto sobre 
Transmissão de Bens Imóveis). 
Diagrama 4. Lançamento com base na declaração do contribuinte. Fonte: ROCHA, 
2019, p. 492. 
 
DIREITO TRIBUTARIO 
Diante da quantidade de declarações, o IR (Imposto de Renda) 
tornou-se um lançamento por homologação e o II (Imposto de 
Importação) sobre bagagem acompanhada, porque seguiam o 
lançamento por declaração ou misto, depois da disposição da 
Instrução Normativa 1.385/2013, que o definiu como lançamento 
por homologação em razão da sistemática eletrônica adotada, 
tendo sua modalidade de lançamento alterada. 
// Lançamento por homologação ou “autolançamento” – art. 150 
do CTN 
Nesse lançamento, o contribuinte paga o valor apurado como 
devido e, no prazo da lei, a administração fazendária homologa, de 
forma tácita ou expressa, ou expede o lançamento de ofício 
determinando que se quite a diferença. Na homologação tácita, a 
administração não homologou o lançamento no prazo da lei 
quando contado a partir da ocorrência do fato gerador, que é de 
05 (cinco) anos, caso a lei não tenha fixado outro prazo. Nesse 
caso, o lançamento é homologado e o crédito extinto, exceto se 
comprovado: dolo, fraude ou simulação. O prazo é decadencial. 
Machado, na página 183 do livro de 2020, relata que: 
O objeto da homologação não é o pagamento, como alguns têm 
afirmado. É a apuração do montante devido, de sorte que é 
possível a homologação que não tenha havido pagamento. 
Clique nas setas para saber mais 
 
 
// Alteração do lançamento: impugnação, recurso e iniciativa de 
ofício 
Constituído o lançamento, ele não pode ser revogado pelo Fisco. A 
fase oficiosa dele se encerra com a notificação do contribuinte, o 
DIREITO TRIBUTARIO 
que dá início à fase contenciosa mediante impugnação de 
lançamento, recurso de ofício, recurso voluntário e iniciativa de 
ofício da autoridade administrativa, já que o crédito tributário é 
extinto dentro dos ditames legais presentes no art. 145 do CTN. A 
denúncia espontânea é cabível, nos moldes do art. 138 do CTN, e 
se caracteriza como pedido do contribuinte. 
 
CONTEXTUALIZANDO 
Com a constituição do crédito tributário em definitivo, é 
afastada a decadência tributária, pois o Fisco exerceu seu 
direito de constituição, o tributo. Todavia, a prescrição só se 
dá com a constituição definitiva da dívida, posto que ela é a 
possibilidade de cobrar o valor devido em ação própria. Na 
hipótese de pendência na fase litigiosa do crédito tributário, 
não há prescrição ou decadência. 
 
MPUGNAÇÃO DE LANÇAMENTO 
 
A impugnação de lançamento é executada pelo sujeito passivo da 
obrigação tributária – contribuinte ou responsável – que observa 
um erro no lançamento que pode prejudicá-lo. Nesta impugnação, 
o contribuinte é prejudicado porque a administração fazendária 
julgadora pode entender como uma incorreção ou omissão no 
DIREITO TRIBUTARIO 
lançamento e proceder o lançamento suplementar, pois não há 
proibição do reformatio in pejus, conforme salienta Alexandre, na 
página 466 de seu livro de 2020: 
Registre-se, contudo, que a impugnação pelo sujeito 
passivo pode resultar em agravamento da exigência 
contra ele formalizada se, por exemplo, em diligência 
ou perícia determinada pela autoridade julgadora, for 
verificada alguma incorreção ou omissão. Nessa 
hipótese, será realizado um lançamento suplementar, 
com a consequente devolução do prazo para 
impugnação relativa à parte modificada. Não há, 
portanto, proibição de alteração para pior (reformatio 
in pejus) no processo administrativo fiscal, uma vez 
que, nessa seara, deve ser observado o princípio da 
verdade material. No âmbito federal, a hipótese está 
expressamente prevista no art. 18, § 3º, do Decreto 
70.235/1972. 
A hipótese de diferimento do lançamento tributário é a realização 
do fato gerador. Segundo o entendimento do STF, sentenciado pela 
ADI n. 3.676, publicada no Diário de Justiça Eletrônico em 16 de 
setembro de 2019: 
EMENTA: CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO. ICMS. 
DIFERIMENTO. INEXIGÊNCIA DE DELIBERAÇÃO POR 
ESTADOS E DISTRITO FEDERAL E DE FORMALIZAÇÃO 
PRÉVIA DE CONVÊNIO. CONSTITUCIONALIDADE. 
IMPROCEDÊNCIA. 1. Não se confunde a hipótese de 
diferimento do lançamento tributário com a de 
concessão de incentivos ou benefícios fiscais de 
ICMS, podendo ser estabelecida sem a prévia 
celebração de convênio. Precedentes. 2. O inciso II do 
art. 1º do Decreto 49.612/2005 do Estado de São 
Paulo prevê, na incidência do ICMS, diferimento do 
lançamento tributário. 3. Ação Direta de 
Inconstitucionalidade julgada improcedente. 
 
RECURSO DE OFÍCIO E RECURSO VOLUNTÁRIO 
 
O julgador, ao analisar a impugnação de lançamento, pode entender que o 
contribuinte possui razão e julgar em favor dele. Segundo o CTN, o julgador deve 
recorrer de ofício, ou “remessa de ofício”, “reexame necessário” ou “duplo grau 
obrigatório”. 
// Iniciativa de ofício da autoridade administrativa 
DIREITO TRIBUTARIO 
A administração fazendária deverá corrigir de ofício vícios em atos 
praticados, sem intervenção obrigatória do sujeito passivo da 
obrigação. Há diferenças entre o lançamento de ofício e a revisão 
de ofício dentro do lançamento por homologação. Na modalidade 
de lançamento por homologação, o lançamento de ofício será 
utilizado quando o contribuinte ou responsável não realizar a 
declaração corretamente e aos valores não apurados e pagos por 
este; já a revisão de ofício é um recurso praticado pelo Fisco que 
corrigirá seus próprios erros. 
// Iniciativa de ofício da autoridade administrativa 
O art. 146 do CTN salienta que a modificação do crédito jurídico 
tributário adotado num lançamento, em decorrência de um ato de 
ofício ou decisão administrativa de um órgão administrativo ou 
judicial, tem efeitos apenas a partir dele. Ou seja, o novo 
entendimento não é empregado sobre lançamento já realizado. Os 
arts. 145 e 149 do CTN apresentam as hipóteses em que o 
lançamento efetivado pode ser alterado: 
Art. 145. O lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo só pode ser 
alterado em virtude de: 
I – Impugnação do sujeito passivo; 
II – Recurso de ofício; 
III – Iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos previstos no 
artigo 149. 
[...] 
Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade 
administrativa nos seguintes casos: 
I – Quando a lei assim o determine; 
II – Quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na 
forma da legislação tributária; 
III – Quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração 
nos termos do inciso anterior, deixe de atender, no prazo e na forma da 
legislação tributária, a pedido de esclarecimento formulado pela autoridade 
DIREITO TRIBUTARIO 
administrativa, recuse-se a prestá-lo ou não o preste satisfatoriamente, a juízo 
daquela autoridade; 
IV – Quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer 
elemento definido na legislação tributária como sendo de declaraçãoobrigatória; 
V – Quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa 
legalmente obrigada, no exercício da atividade a que se refere o artigo 
seguinte; 
VI – Quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro 
legalmente obrigado, que dê lugar à aplicação de penalidade pecuniária; 
VII – Quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício 
daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação; 
VIII – Quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por 
ocasião do lançamento anterior; 
IX – Quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta 
funcional da autoridade que o efetuou, ou omissão, pela mesma autoridade, 
de ato ou formalidade especial. 
Parágrafo único. A revisão do lançamento só pode ser 
iniciada enquanto não extinto o direito da Fazenda 
Pública. 
 
O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), 
no Acórdão 3401-005.943, ressaltou não ser possível modificar a 
fundamentação do lançamento já realizado, embora não haja 
cerceamento sobre lançamentos futuros. 
[...] O que não se permite é que a Autoridade 
Tributária, identificando um lançamento com 
fundamentação legal equivocada, tendo ocorrido um 
erro de direito, venha a alterar tal fundamento, 
substituindo-o por outro e acarretando, assim, um 
agravamento da situação do contribuinte naquela 
mesma autuação, referente ao mesmo fato gerador, 
sobre o pretexto de adequar o ato administrativo à 
legislação vigente. No entanto, nada impede que, em 
futuros lançamentos, faça tal correção, mesmo para 
fatos geradores passados. [...]. 
DIREITO TRIBUTARIO 
A referida mudança de critério jurídico não se confunde com erro 
de fato ou erro de direito só se efetiva mediante o mesmo sujeito 
passivo e o mesmo fato gerador. 
Quadro 6. Diferença entre erro de fato e erro de direito. Fonte: ALEXANDRE (2020, p. 
470). 
 
Segundo o STJ, no Ag n. 1.422.444 – AL, o “cometido pela Fazenda 
Pública na atividade de lançamento é imodificável e enquadrando 
nesta definição ‘o lançamento do tributo pelo Fisco com base em 
legislação revogada, equivocadamente indicada em declaração do 
contribuinte’”, algo apontado também por Alexandre, na página 
469 do livro de 2020, sendo incabível o lançamento suplementar 
motivado por erro de direito, como reforçado pelo REsp 412.904 – 
SC, publicado no Diário de Justiça Eletrônico em 30 de setembro de 
2002. Machado, na página 180 do livro de 2020, pondera que o 
erro de fato e o erro de direito podem ser revistos, visto que o 
direito tributário privilegia o princípio da legalidade e as normas 
aplicáveis ao lançamento não fogem a este princípio. 
VAMOS REFORÇAR O QUE APRENDEMOS 
ATÉ AGORA? 
Identifique quais são os recursos para lançamento tributário: 
• Impugnação de lançamento 
Correctly checked 
• Recurso de ofício e recurso voluntário 
Correctly checked 
• Iniciativa de ofício da autoridade administrativa 
Correctly checked 
ENVIAR 
Correta 
DIREITO TRIBUTARIO 
👍 
Muito bem, a resposta está correta! 
Na esfera administrativa, a fase contenciosa é possível 
através da impugnação de lançamento, de recurso de 
ofício e recurso voluntário, além da iniciativa de ofício 
da autoridade administrativa. 
 
Crédito tributário: noções gerais 
Seção 5 de 5 
 
Segundo Jadejiski, em texto divulgado no site Origem da Palavra em 
2016, crédito advém do: 
Latim creditum, “algo emprestado, objeto passado em 
confiança a outrem”, particípio passado de credere, 
“acreditar, confiar”. Do Latim debita, “quantias devidas 
em dinheiro”, de debere, “dever, ter uma quantia a 
pagar”, originalmente “manter algo afastado de outra 
pessoa”, de de, “para fora”, mais habere, “ter”. 
Já crédito tributário, de acordo com Machado, na página 176 de seu 
livro de 2020, é: 
[...] o vínculo jurídico, de natureza obrigacional, por 
força do qual o Estado (sujeito ativo) pode exigir do 
particular, o contribuinte ou responsável (sujeito 
passivo), o pagamento do tributo ou da penalidade 
pecuniária (o objeto da relação obrigacional). 
Em suma, o crédito tributário é uma obrigação tributária exigível, 
lançada e passível de cobrança, por conta de seu lançamento, e 
decorrente da obrigação principal, tendo a mesma natureza dela, 
conforme consta no art. 139 do CTN. 
 
DIREITO TRIBUTARIO 
 
Diagrama 6. Constituição do crédito tributário. 
 
1 
I. Hipótese de incidência ou fato gerador em abstrato 
Hipótese abstrata prevista na lei instituidora do tributo; 
 
2 
II. Fato gerador concreto ou fato jurígeno 
Realização da atividade ou serviço que gera a imposição tributária; 
3 
III. Obrigação tributária 
Vinculo jurídico com elementos subjetivos e objetivos; 
4 
IV. Lançamento 
Atividade administrativa que materializa a obrigação tributária; 
1 
I. Hipótese de incidência ou fato gerador em abstrato 
Hipótese abstrata prevista na lei instituidora do tributo; 
1 
2 
3 
DIREITO TRIBUTARIO 
4 
5 
2 
II. Fato gerador concreto ou fato jurígeno 
Realização da atividade ou serviço que gera a imposição tributária; 
1 
2 
3 
4 
5 
3 
III. Obrigação tributária 
Vinculo jurídico com elementos subjetivos e objetivos; 
1 
2 
3 
4 
5 
4 
DIREITO TRIBUTARIO 
IV. Lançamento 
Atividade administrativa que materializa a obrigação tributária; 
 
5 
V. Crédito tributário 
Constituição da dívida tributária. 
 
 
O art. 140 do CTN pontua que, uma vez excluído o crédito 
tributário, ou alterado mediante sua impugnação, ele torna-se 
inválido, entretanto, a obrigação tributária subsiste. Caso já 
constituído, ele só tem sua exigibilidade suspensa ou excluída nos 
casos previstos em lei, bem como suas garantias, conforme 
determina o art. 141 do CTN, dado que o tributo é cobrado pela 
atividade vinculada à lei. Com o lançamento, há a liquidez, certeza 
e exigibilidade do crédito tributário, porém, conforme o art. 151 do 
CTN, ele pode ser suspenso nos casos de: 
• 1 
1 
Moratória: art. 152 a 155 do CTN; 
• 2 
2 
Depósito de seu montante integral; 
• 3 
3 
Reclamações e recursos administrativos; 
• 4 
4 
DIREITO TRIBUTARIO 
Concessão de liminar e a antecipação de tutela em 
outras ações judiciais; 
• 5 
5 
Concessão de medida liminar em mandado de 
segurança; 
• 6 
6 
Parcelamento. 
O art. 156 e seus incisos trazem as formas de extinção do crédito 
tributário: 
Art. 156. Extinguem o crédito tributário: 
I – O pagamento; 
II – A compensação; 
III – A transação; 
IV – Remissão; 
V – A prescrição e a decadência; 
VI – A conversão de depósito em renda; 
VII – O pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos do 
disposto no artigo 150 e seus §§ 1º e 4º; 
VIII – A consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do artigo 
164; 
IX – A decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva na 
órbita administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória; 
X – A decisão judicial passada em julgado. 
XI – A dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições 
estabelecidas em lei. 
Parágrafo único. A lei disporá quanto aos efeitos da 
extinção total ou parcial do crédito sobre a ulterior 
DIREITO TRIBUTARIO 
verificação da irregularidade da sua constituição, 
observado o disposto nos artigos 144 e 149. 
As formas de extinção dispostas no CTN dos artigos 156 a 175 são: 
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Pagamento 
– 
Arts. 157 a 169; 
Compensação 
– 
Art. 170; 
Transação 
– 
Art. 171; 
Remissão 
– 
Art. 172; 
Decadência e prescrição 
– 
Arts. 173 e 174. 
As obrigações acessórias não acompanham a obrigação principal e, 
por isso, são exigíveis durante a suspensão do referido crédito. 
A exclusão do crédito, prevista no art. 175 do CTN, impede a 
constituição do crédito tributário. É importante lembrar também 
que a isenção é a dispensa legal do pagamento do tributo devido, 
ao passo que a anistia exclui o crédito tributário relativo à 
penalidade pecuniária.Diagrama 7. Exclusão tributária (art. 176 a 180, CTN). Fonte: ALEXANDRE, 2020, p. 600. 
 
DIREITO TRIBUTARIO 
 
Agora é a hora de sintetizar tudo 
o que aprendemos nessa 
unidade. Vamos lá?! 
SINTETIZANDO 
 
Estudamos nessa unidade os elementos que compõe a relação 
jurídica tributária: sujeitos – ativo e passivo –, objeto e causa. Esta 
relação nasce através da realização da hipótese de incidência ou 
fato gerador abstrato, onde há a concretização do fato gerador 
concreto ou fato jurígeno e o nascimento da obrigação tributária. 
Essa obrigação tributária divide-se em: obrigação principal 
(obrigação de dar) e obrigação acessória (de fazer ou não fazer). 
Hugo de Brito Machado (2020) inclui a obrigação de tolerar. 
O fato gerador trouxe juntamente com a hipótese de incidência 
dois elementos centrais do Direito Tributário, que estão previstos 
na lei instituidora do tributo. O fato gerador ao ser realizado pode 
gerar a obrigação tributária principal, sendo de responsabilidade 
de quem o realiza iniciar uma relação jurídica tributária. Essa 
relação possui como elementos principais: propriedade do bem, 
realização de certa atividade, valorização imobiliária, realização do 
serviço público, entre outros. 
O caminho para a constituição do crédito tributário é: hipótese de 
incidência, fato gerador imponível, obrigação tributária, 
lançamento (e suas modalidades, sejam estas de ofício, por 
declaração e homologação) e crédito tributário. Assim, para que o 
crédito possa ser cobrado há a necessidade de seu lançamento, 
que é uma atividade da administração fazendária de cunho 
obrigatório, tornando a dívida líquida. A partir disso, o sujeito 
passivo recebe uma notificação para abrir o prazo para 
impugnação ou pagamento dentro do prazo da lei; porém, caso 
DIREITO TRIBUTARIO 
não seja realizado o crédito, este será inscrito em uma dívida ativa 
e estará passível de cobrança judicial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO TRIBUTARIO 
UNIDADE 4 
O crédito tributário e a administração 
tributária 
Paulo Roberto de Souza Junior 
OBJETIVOS DA UNIDADE 
 
Entender os conceitos de substituição tributária e 
responsabilidade tributária; 
 
Analisar o lançamento e a constituição do crédito tributário; 
 
Avaliar as modalidades e elementos de composição: 
exclusão, suspensão e extinção do crédito tributário; 
 
Analisar os efeitos do não pagamento do tributo e sua dívida 
ativa. 
TÓPICOS DE ESTUDO 
 
Responsabilidade tributária 
// Tipos de responsabilidade 
• 
Lançamento e o crédito tributário 
// Suspensão do crédito tributário 
// Reclamações e recursos do processo tributário administrativo 
// Extinção do crédito tributário 
// Exclusão do crédito tributário 
// Garantias e preferências do crédito tributário 
 
Administração tributária 
// Dívida ativa 
 
Responsabilidade tributária 
DIREITO TRIBUTARIO 
Seção 2 de 4 
A relação jurídico-tributária é decorrente da materialização do fato 
gerador, previsto na lei instituidora do tributo como hipótese de 
incidência, na qual é cristalizada a obrigação tributária pelo 
contribuinte ou seu responsável, tornando-se o sujeito passivo da 
referida obrigação. O sujeito passivo da presente obrigação 
tributária assume a responsabilidade de cumprir a obrigação 
tributária de dar (realizar o pagamento), que, todavia, necessitará 
ser materializada por meio de seu lançamento, constituindo assim 
o crédito tributário. 
 
CITANDO 
“O sujeito passivo da obrigação tributária pode ser um 
contribuinte ou responsável. Será contribuinte quando tiver 
relação pessoal e direta com a situação que constitua o 
respectivo fato gerador; caso contrário, será denominado 
responsável. Em ambos os casos, a sujeição passiva 
depende de expressa previsão legal” (ALEXANDRE, 2020, p. 
389). 
É necessário que a Administração saiba o que o contribuinte 
realmente deve, para exigir o cumprimento da obrigação tributária, 
constituindo o seu crédito por meio do lançamento 
tributário (Diagrama 1). Ricardo Alexandre (2020, p. 455) diz: 
Ocorrido o fato gerador, é necessário definir, com 
precisão, o montante do tributo ou penalidade, o 
DIREITO TRIBUTARIO 
devedor e o prazo para pagamento, de forma a 
conferir exigibilidade à obrigação. Daí a exigência de 
um procedimento oficial consistente em declarar 
formalmente a ocorrência do fato gerador, definir os 
elementos materiais da obrigação surgida (alíquota e 
base de cálculo), calcular o montante devido, 
identificar o respectivo sujeito passivo, com o fito de 
possibilitar que contra este seja feita a cobrança do 
tributo ou da penalidade pecuniária. 
Diagrama 1. O nascimento do crédito tributário. 
 
Após o lançamento do tributo, o crédito passa a ser exigível no 
prazo da lei. Todavia, os efeitos desta obrigação poderão estar 
extintos, suspensos ou excluídos ou, ainda, a responsabilidade em 
seu pagamento pode ser transferida a um terceiro ou substituída 
por outrem, já que esta obrigação não nasce para perdurar 
eternamente. 
A presença do responsável como devedor da obrigação 
tributária apresenta uma alteração na relação jurídico-tributária 
no polo passivo da obrigação, na posição que naturalmente seria 
ocupada pela figura do contribuinte. Nesses casos, há a 
substituição ou transferência da responsabilidade tributária, que é 
determinada pela lei e pode variar em função da intensidade de 
vinculação do responsável à respectiva dívida. Assim, essa 
responsabilidade pode ser (ROCHA, 2019, p. 433): 
Clique nos botões para saber mais 
 
 
SOLIDÁRIA - Caracterizada pelo fato de não haver, entre o responsável contribuinte, qualquer 
desnivelamento em relação à diferença da dívida (art. 124 do CTN); 
DIREITO TRIBUTARIO 
SUBSIDIÁRIA OU SUPLETIVA - Que ocorre quando a lei regula a possibilidade de cobrar dívida 
sobre o responsável, pressupondo que a exigência sobre o contribuinte é impossível, devido à 
falta de patrimônio deste (arts. 133 e 134 do CTN); 
PESSOAL INTEGRAL OU EXCLUSIVA - Que ocorre quando a lei determina que a dívida será 
exigida exclusivamente pelo responsável dos casos (arts. 131, II e Ille 133, I do CTN). 
TIPOS DE RESPONSABILIDADE 
A responsabilidade por substituição ocorre quando o dever de 
pagar o crédito tributário não depende de outra providência 
posterior ao fato gerador, que define como responsável o devedor, 
ou seja, a responsabilidade é concomitante entre ambos. A lei 
designa um terceiro (substituto) para integrar a relação jurídico-
tributária e substituir o contribuinte, recolhendo o tributo em 
nome de outrem (substituído), conforme regra prevista no art. 128 
do CTN (BRASIL, 1966). 
A substituição tributária (Diagrama 2) só é cabível quando houver 
vínculo entre o substituído e o substituto, pois, sem vínculo, ela não 
acontecerá. Além disso, não há recolhimento do tributo em cada 
fase de comercialização, pois este será pago integralmente pela 
montadora. Sendo assim, há dois tipos de responsabilidade por 
substituição: 
Diagrama 2. Substituição tributária. 
Substituição tributária para frente 
A substituição tributária para frente, também conhecida como 
progressiva ou subsequente (Diagrama 3), ocorre quando pessoas 
que ocupam posições posteriores das cadeias de produção e 
circulação são substituídas, no dever de pagar tributos, por aquelas 
que ocupam as posições anteriores nessas mesmas cadeias; 
DIREITO TRIBUTARIO 
Substituição tributária para trás 
A substituição tributária para trás, também conhecida como 
regressiva ou antecedente (Diagrama 4), ocorre quando pessoas 
que ocupam posições anteriores das cadeias de produção e 
circulação são substituídas, no dever de pagar tributos, por aquelas 
que ocupam as posições posteriores nessas mesmas cadeias. 
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Em todos esses casos, temos a denominada responsabilidade por 
transferência, umavez que, devido a evento posterior à 
ocorrência do fato gerador, a responsabilidade é transferida para 
um responsável. Há transferência do recolhimento do tributo do 
contribuinte para o responsável, bem como a transferência de 
responsável para responsável, como previsto no art. 131 do CTN 
(BRASIL, 1966). 
Há situações em que somente o terceiro responsável poderá 
realizar a atividade e/ou recolher o tributo, como pessoas menores 
de 18 (dezoito) anos ou inválidos, sendo que crianças e jovens 
DIREITO TRIBUTARIO 
deverão ser representados por seus pais, tutores ou curadores. 
Outra situação possível se dá na aquisição de imóveis com dívida 
de IPTU, na qual o novo proprietário será o responsável tributário 
pelos valores em aberto. A transferência da sujeição passiva, por 
determinação legal, opera sob três hipóteses, segundo o CTN, 
sendo elas (BRASIL, 1966): 
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(Artigos 129 a 133), que acontecerá quando estivermos diante 
de uma transferência de bens e/ou direitos, ou seja, quando há 
a aquisição de bens imóveis de uma sociedade, bem como da 
própria pessoa jurídica, decorrente de uma transformação 
societária; 
(Artigos 134 e 135), que poderá ser solidária ou subsidiária, 
dependendo da situação; 
 
(Artigos 129 a 133), que acontecerá quando estivermos diante 
de uma transferência de bens e/ou direitos, ou seja, quando há 
a aquisição de bens imóveis de uma sociedade, bem como da 
própria pessoa jurídica, decorrente de uma transformação 
societária; 
(Artigos 134 e 135), que poderá ser solidária ou subsidiária, 
dependendo da situação; 
(Artigos 136 a 138), que acontecerá em decorrência de infrações 
definidas na legislação tributária. 
Desse modo, na responsabilidade por transferência não há 
alteração na sujeição passiva da relação jurídico-tributária em que 
a obrigação de pagar o tributo pelo responsável nasce após a 
realização do fato gerador, enquanto na substituição tributária, o 
sujeito passivo será alterado e a obrigação é concomitante ao 
surgimento da obrigação tributária. 
A responsabilidade de sucessores é referente a fatos geradores 
concretizados antes de sua aquisição, já que tais dívidas tributárias 
os acompanham e tornam o novo proprietário responsável por 
DIREITO TRIBUTARIO 
esta. Por exemplo, segundo o art. 131 do CTN (BRASIL, 1966), o 
espólio é pessoalmente responsável pelos tributos devidos pela 
pessoa falecida, em decorrência dos fatos geradores ocorridos até 
o óbito e durante a partilha, pois, após a sentença, ou caso seja 
realizada extrajudicialmente, o sucessor do(a) falecido(a) passa a 
ser responsável por tais tributos. 
Alexandre (2020, p. 415) ainda salienta que, para efeitos de 
responsabilidade tributária por sucessão causa mortis, devem ser 
entendidas, dentro do conceito de tributos, as multas moratórias, 
conforme já decidido pelo Superior Tribunal de justiça. Além disso, 
nos casos de aplicação de multa “de ofício”, cuja responsabilidade 
seja pessoal do infrator, casos do art. 137 do CTN, a 
responsabilidade, nos exatos termos legais, não é transferida aos 
sucessores. 
 
O adquirente só será responsável se prosseguir na mesma 
atividade, podendo sua responsabilidade ser integral ou pessoal 
(caso o alienante cesse a exploração e não volte a se estabelecer 
em qualquer atividade por seis meses contados), ou por alienação 
ou subsidiária (caso prossiga em atividade ou volte a se estabelecer 
dentro de seis meses, podendo essa atividade ser diferente da 
anterior (ROCHA, 2019, p. 446). 
A pessoa jurídica de direito privado, segundo o art. 132 do CTN 
(BRASIL, 1966), que resultar de fusão, transformação ou 
incorporação de outra, será responsável pelos tributos devidos até 
a data do ato de encerramento das fusionadas, transformadas ou 
incorporadas (responsabilidade integral), enquanto que, na cisão, a 
responsabilidade é solidária. 
DIREITO TRIBUTARIO 
O art. 134 do CTN (BRASIL, 1966) menciona a responsabilidade 
subsidiária de terceiros, que pode ser analisada por meio de duas 
hipóteses: a impossibilidade de se exigir a dívida sobre o 
contribuinte ou a colaboração do respectivo responsável, e o não 
pagamento ou omissão de providências que lhe seria exigível. 
Assim, a responsabilidade de terceiros refere-se àqueles que 
atuam regular ou irregularmente na condução da empresa. No 
artigo 134 do CTN, é possível saber quem são aqueles que atuam 
regularmente e agem sem agressão à lei do contrato social, 
enquanto o artigo 135 do CNT, vai tratar daqueles que atuam 
irregularmente. 
 
CURIOSIDADE 
A responsabilidade dos pais de um menor que estiver sob 
sua tutela poderá atuar de maneira correta ou incorreta. 
Quando atuarem corretamente, a responsabilidade será 
solidária nos termos do artigo 134 do CTN. Todavia, se 
agirem irregularmente, ultrapassando os limites da lei, a 
responsabilidade passa a ser pessoal, com base no art. 135, 
se agir de má fé. 
É importante notar que o art. 134 refere-se à impossibilidade de 
cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte, sendo a 
responsabilidade subsidiária ou supletiva. Na ação indevida ou na 
DIREITO TRIBUTARIO 
omissão imputável à pessoa designada como responsável, como, 
por exemplo, o administrador judicial dos tributos devidos pela 
massa falida ou pela empresa em processo de recuperação judicial, 
somente haverá responsabilidade de terceiros, nos casos em que é 
impossível o cumprimento da obrigação principal pelo 
contribuinte. 
Já na responsabilidade de terceiros decorrente de atuação 
irregular, a responsabilidade será pessoal do próprio tributo, e 
não apensas a de multas eventualmente cabíveis, como salienta o 
art. 135 do CTN (BRASIL, 1966). Segundo João M. Rocha (2019, p. 
452): 
Imagine-se que certo diretor de uma pessoa jurídica à 
luz do estatuto social desta não tem poderes para 
adquirir bens imóveis em nome da empresa sem que 
haja autorização do colegiado de sócio, pois bem 
contrariando as normas da sociedade, o referido 
dirigente promove a aquisição de uma sala comercial 
em favor da empresa na hipótese a dívida relativa ao 
ITBI é exigido da pessoa do dirigente devido ao 
excesso de poder por ele perpetrado. 
Os artigos 136 e 137 apresentam a responsabilidade por 
infrações, independentemente da intenção do agente ou do 
responsável, e da efetiva natureza e extensão dos efeitos do ato, 
sendo objetiva a responsabilidade em regra. Assim, em uma 
infração à legislação tributária, a responsabilidade pessoal do 
agente é decorrente de atitudes que firam o CTN. A 
responsabilidade pessoal do agente, prevista no artigo 137, será 
direta e exclusivamente da pessoa física ou jurídica que agrediu o 
andamento jurídico em direito tributário. A regra pune a pessoa 
jurídica pelas infrações que venha a cometer, sendo a multa 
aplicada contra ela, e não contra o agente, ou pessoa física, que 
concretizou o ilícito no mundo dos fatos. 
Lançamento e o crédito tributário 
Seção 3 de 4 
 
O lançamento tributário (Quadro 1) é revestido por 
características peculiares, que objetivam conferir, 
DIREITO TRIBUTARIO 
simultaneamente, garantia aos administrados e prerrogativas à 
Administração. O Código Tributário Nacional possui regras 
materiais, formais e informais em relação ao lançamento 
tributário. Como regras materiais, podemos apontar a legislação 
substantiva, que corresponde ao tributo, à definição dos fatos 
geradores, à base de cálculo, às alíquotas e aos contribuintes, 
enquanto, como regras formais, temos a legislação adjetiva, que 
disciplina seu agir durante o procedimento. 
Quadro 1. Lançamento tributário e as prerrogativas da Administração Pública. Fonte: 
TOMÉ, 2010, p. 5. 
 
Essa exclusividade vincula inclusive o magistrado, ao proclamar a 
nulidade do credo, já que somente a administração pública poderá 
realizar novo lançamento. A Lei nº 11.457 de 16 de março de 2007, 
segundo Alexandreem que temos, como exemplos, os 
butins de guerra, confiscos permitidos e apropriações de 
bens vacantes; 
1 
2 
2 
Receitas derivadas 
São receitas obtidas sobre o patrimônio ou atividades advindas 
do Estado que nascem da captação de recursos públicos, 
intitulados tributos. 
Esses são deveres pecuniários compulsórios nascidos de um 
fato lícito, ou seja, decorrem unilateralmente de uma lei em que 
o credor é o Estado-fisco e o devedor é o contribuinte ou o 
responsável tributário, que tem o dever de recolher o quantum 
apurado ou definido aos cofres públicos. 
DIREITO TRIBUTARIO 
 
 
Receitas derivadas 
São receitas obtidas sobre o patrimônio ou atividades advindas 
do Estado que nascem da captação de recursos públicos, 
intitulados tributos. 
Esses são deveres pecuniários compulsórios nascidos de um 
fato lícito, ou seja, decorrem unilateralmente de uma lei em que 
o credor é o Estado-fisco e o devedor é o contribuinte ou o 
responsável tributário, que tem o dever de recolher o quantum 
apurado ou definido aos cofres públicos. 
1 
2 
A despesa faz parte do orçamento público, visando ao 
cumprimento de receitas dentro da prestação de atividades e 
serviços da administração pública, que se divide em ordinária, 
prevista no orçamento público, e extraordinária, que nasce sem 
previsibilidade. 
 
RELAÇÕES COM OUTROS RAMOS DO DIREITO 
 
O Direito Financeiro visa a gerir receitas e despesas, por intermédio da 
confecção do orçamento, apresentando e direcionando as responsabilidades de 
cunho fiscal dos entes federados e dos agentes envolvidos nas atividades 
financeiras do Estado. 
Assim, esse ramo organiza e normatiza os atos e procedimentos 
que farão parte da arrecadação tributária, que é, por sua vez, 
objeto de estudo do Direito Tributário, por meio de uma relação 
jurídica obrigatória entre o Estado e o fisco. 
O objeto do Direito Tributário é o estudo da norma jurídica 
tributária, ou seja, do direito tributário legislado ou positivado, 
sendo o instituto jurídico alvo o tributo. Assim, da mesma 
forma em que há pontos de interseção entre as duas áreas, há, 
DIREITO TRIBUTARIO 
também, pontos que as separam, devido às características de 
cada. 
O ponto de ligação ocorre quando o Direito Tributário se socorre 
do Direito Financeiro, como no caso da repartição de receitas 
tributárias, que pertence ao campo da atividade financeira do 
Estado. Por outro lado, há diferenças nítidas entre os dois 
ramos do Direito, como, por exemplo: 
• 1 
1 
O Direito Financeiro estuda a receita originária, 
enquanto o Direito Tributário estuda a receita 
derivada, ou seja, os tributos e suas espécies; 
• 2 
2 
O Direito Financeiro estuda a atividade financeira 
do Estado como um todo, exceto a referente à 
tributação, enquanto o Direito Tributário estuda 
apenas parte dessa atividade, que é relativa aos 
tributos. 
Desse modo, há entrelaces em todos os ramos do Direito 
(Quadro 2), ou seja, o Direito Financeiro e o Direito Tributário 
relacionam-se tanto com o Direito Público, quanto com o 
Direito Privado (com os direitos que fazem parte deste). 
DIREITO TRIBUTARIO 
 
 
Quadro 2. Os diversos ramos do Direito e sua interface com o Direito Tributário. 
 
FUNDAMENTOS DO TRIBUTO 
 
O tributo é uma receita derivada, ligada, antigamente, à imposição do vencedor 
sobre o perdedor de uma guerra, como forma fiscal para o Estado. Hoje em dia, 
contudo, esse conceito evoluiu, passando a ser considerado como base, por meio 
de uma prestação em dinheiro ou em bens, arrecadados pelo ente tributante (o 
Estado-fisco), que visa a prover o Estado de recursos para a manutenção da 
máquina administrativa e a realização dos fins aos quais almeja (interesse 
público). 
“Tributar” (tribuere) emprega-se para designar a ação estatal, 
enquanto o derivado “contribuir” (unir, incorporar, dar, 
fornecer) volta-se para a ação do contribuinte (AMARO, 2019, p. 
38), diferenciando-se, assim, de um acordo voluntário de 
vontades ou de um contrato. 
Esta prestação pecuniária do tributo, então, difere-se da 
prestação da receita originária, já que a primeira, no caso do 
tributo, não possui a finalidade de indenizar o Estado, em 
decorrência de um eventual prejuízo (atividade ilícita), e nem 
possibilitar a garantia de recursos por meio de depósitos, 
fianças ou cauções. Desse modo, a reserva de lei traz consigo 
DIREITO TRIBUTARIO 
dois princípios; a legalidade (previsão legal) e a tipicidade 
(descrição do tributo). 
Segundo Paulo de Barros Carvalho (2019), 
o tributo, quando traduzido como norma 
jurídico-tributária, é definido por uma 
relação jurídico-tributária que nasce de 
três critérios, que estabelecem o fato 
gerador em concreto: 
• bullet 
O material (fato); 
• bullet 
O temporal (circunstância); 
• bullet 
O espacial (lugar onde ocorreu o fato). 
O fato gerador em abstrato, por outro lado, refere-se à hipótese 
de incidência (previsão da lei), enquanto o fato gerador em 
concreto é a materialização do ocorrido, sendo, assim, o fato 
imponível. 
 
Há duas consequências advindas desta norma tributária: 
• bullet 
O critério pessoal da consequência (os sujeitos da 
relação jurídico-tributária); 
• bullet 
O critério quantitativo (base de cálculo e 
alíquotas, adições de valores devidos, deduções 
sobre os valores que, uma vez aplicados, 
implicarão o valor a ser pago). 
DIREITO TRIBUTARIO 
Essa hipótese de incidência é tida como a descrição de fatos 
previstos na legislação tributária (aspecto material), que será 
somada aos aspectos temporal e espacial. Desse modo: 
Toda e qualquer regra jurídica (independentemente de sua 
natureza tributária, civil, comercial etc.) tem a mesma 
estrutura lógica: a hipótese de incidência (fato gerador, 
suporte fático etc.) e a regra (norma, preceito, regra de 
conduta) cuja incidência fica condicionada à realização dessa 
hipótese de incidência. (BECKER, 1963, p. 289). 
Um exemplo da realização da hipótese de incidência é a 
aquisição, por parte de um consumidor de um armário em um 
determinado estabelecimento comercial, sujeito ao ICMS. 
Assim, o consumidor, ao praticar essa aquisição, proporciona a 
realização do fato jurídico em concreto, havendo a incidência do 
comando e a instauração do vínculo obrigacional tributário, 
que é o dever de pagar o quantum em moeda ao Estado, a título 
de tributo. 
O art. 4º do Código Tributário Nacional (CTN), ao definir a 
natureza jurídica do tributo, salienta que é irrelevante, para 
qualificar sua natureza jurídica, “a denominação e demais 
características formais adotadas pela lei” e a “destinação legal 
do produto de sua arrecadação” (BRASIL, 1966). 
 
A investigação da natureza jurídica, mencionada no artigo, é 
referente a seu fato gerador, previsto na lei que o instituiu, 
sendo irrelevante a destinação do tributo, ou seja, sua 
arrecadação, pois se refere à receita ligada a seu aspecto 
financeiro. Desse modo, a prática desse fato gerador pelo 
sujeito passivo determina o dever de recolher o tributo. 
 
 
 
DIREITO TRIBUTARIO 
O poder de tributar 
Seção 4 de 5 
 
A competência tributária é o poder de tributar, previsto na 
Constituição Federal, definido a um dos entes federados para 
instituir, fiscalizar e arrecadar determinado tributo, definindo, 
assim, o comando para que o ente federado possa exercer sua 
competência em relação aos ditames constitucionais, não 
podendo, uma vez instituído, deixar de ser cobrado. 
O art. 7º do CTN (BRASIL, 1966) salienta que a competência 
tributária de instituir o tributo é indelegável, enquanto as 
funções de arrecadar e fiscalizar são delegáveis. 
Imposto Territorial Rural (ITR) 
Um exemplo disso é o Imposto Territorial Rural (ITR), que, por 
meio de acordo, estipula que a União, competente para instituí-
lo, poderá deixar aos municípios a arrecadação e fiscalização do 
tributo em questão, dentro de suas terras. 
Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF) 
Outro exemplo é o Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF), cuja 
instituição(2020, p. 459), afirma que: 
[...] elaborada a conta pela parte ou para os órgãos 
auxiliares da Justiça do Trabalho, o juiz poderá 
proceder à intimação da União para manifestação no 
prazo de 10 dias sob pena de preclusão deste ato, o 
qual é encarado como um ato homologatório. 
Importante mencionar que informado um débito e o 
mesmo não pago por si só se constitui o crédito 
tributário independente da manifestação da 
administração pública. 
DIREITO TRIBUTARIO 
O art. 144 do CTN (BRASIL, 1966) define que o lançamento se 
reporta à data do fato da ocorrência do fato gerador da obrigação 
e, por conseguinte, rege-se pela lei em vigente. Uma vez notificado 
o contribuinte pelo lançamento realizado, inicia-se o prazo para 
pagamento ou impugnação. Todavia, o lançamento se presume 
definitivo, em regra, mas não se trata de presunção absoluta, já 
que o artigo 145 determina que o lançamento poderia ser 
modificado. 
De qualquer forma, o CTN adota a linha de que, antes do 
lançamento, o crédito tributário ainda não existe, existindo apenas 
a obrigação tributária. Realizado o lançamento, termina-se a fase 
oficiosa e inaugura-se a fase contenciosa, na qual o contribuinte 
poderá opor-se ao crédito lançado. O crédito tributário, então, é 
diferente da obrigação tributária, pois esta “tem por objeto o 
pagamento do tributo ou penalidade pecuniária” (AMARO, 2019, p. 
417) enquanto o crédito “se trata da própria obrigação tributária no 
estágio do lançamento” (idem). 
Ocorre, portanto, que a extinção do crédito tributário, geralmente, 
acarreta a extinção da obrigação, ou seja, a obrigação “extingue-se 
juntamente com ele” (AMARO, 2019, p. 417). Este crédito é 
constituído por meio do lançamento tributário, já que o 
materializa, segundo o artigo 142 do CTN. Assim, à luz do referido 
artigo, não há crédito tributário passível de ser exigido antes do 
lançamento, tornando a obrigação, ilíquida e líquida, certa e 
exigível na data ou no prazo da lei. O ato, para alguns tributaristas, 
ou o procedimento, para o CTN, é uma atividade que está 
DIREITO TRIBUTARIO 
vinculada à administração fazendária, pois formaliza o valor do 
crédito, configurando-o e determinando, assim, sua exigibilidade. 
 
Esse lançamento, ao ser realizado, possui efeitos ex tunc, ou seja, se 
refere a um evento passado que retroage no tempo, para constituir 
o crédito tributário. Não obstante, quanto à natureza constitutiva 
do crédito do lançamento, é necessário que se perceba que o CTN 
claramente a define como natureza mista ao lançamento, sendo 
ele constitutivo do crédito tributário e declaratório da obrigação 
tributária. 
A constituição do crédito tributário tem como principal função 
tornar a dívida líquida certa e exigível à obrigação. Todavia, há 
casos de suspensão, extinção e exclusão do crédito tributário 
(Diagrama 5). Assim, Rocha (2020, p. 591), ao comentar as 
hipóteses de exclusão e extinção do crédito tributário, salienta que: 
Por interferência lógica, tais hipóteses deveriam 
referir-se a situações cuja ocorrência se dá após o 
lançamento, após a formalização do crédito tributário, 
já que não é possível extinguir aquilo que não existe. 
Já ao cuidar de hipótese de exclusão do crédito 
tributário, o CTN visa a dar notícia sobre situações 
que impedem que o crédito seja formalizado por 
lançamento. Ou seja, o crédito, por não poder ser 
formalizado, será excluído. 
Diagrama 5. Exclusão e extinção do crédito tributário. Fonte: ROCHA, 2020, p. 591. 
(Adaptado). 
 
DIREITO TRIBUTARIO 
SUSPENSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO 
 
Há dois casos que marcam o advento da causa suspensiva prévia ou posterior. 
Para a primeira causa (suspensiva prévia), há o impedimento à propositura da 
ação de execução fiscal, já que ela previamente não impede a marcha do 
procedimento de lançamento, mas impede a sua cobrança. Já na causa 
suspensiva prévia ou posterior, tendo o lançamento já sido realizado, sua 
exigibilidade será suspensa. 
Segundo o entendimento de Luciano Amaro (2019, p. 408): 
O que se suspende, portanto, é o dever de cumprir a 
obrigação tributária, ou porque o prazo para 
pagamento foi prorrogado ou porque o litígio se 
esteja instaurando sobre a legitimidade da obrigação, 
e esse litígio seja acompanhado de alguma medida 
que impede a prática de atos do sujeito ativo, no 
sentido de exigir o cumprimento da obrigação. 
As hipóteses do art. 151 do CTN (BRASIL, 1966) formam um rol 
exaustivo, diante do art. 141 do CTN (idem), em que o crédito 
tributário regularmente constituído somente tem sua exigibilidade 
suspensa nos casos previstos no próprio Código. O art. 111, I, do 
CTN (idem) determina que haja a interpretação literal da legislação 
sobre a suspensão do crédito tributário. Assim, Alexandre (2020, p. 
488) comenta as hipóteses de suspensão previstas no art. 151 do 
CTN: 
As hipóteses ‘suspensivas’ previstas no art. 151 do 
CTN, as constantes dos incisos III e VI, somente se 
verificam após a realização do lançamento, uma vez 
que não há como parcelar crédito tributário não 
constituído nem como impugnar lançamento não 
realizado. O raciocínio não se aplica à hipótese do 
inciso I, pois a redação do art. 154 do CTN possibilita 
que a lei excepcionalmente conceda a moratória de 
crédito cujo lançamento não tenha sido iniciado. 
Uma vez suspensa a exigibilidade, o Fisco não poderá efetuar a 
cobrança do tributo e nem propor a execução fiscal, já que a 
contagem do prazo prescricional estará suspensa. Desse modo, as 
causas de suspensão da exigibilidade do crédito tributário, 
segundo o art. 151 do CTN, são: 
• 1 
1 
DIREITO TRIBUTARIO 
A moratória; 
• 2 
2 
O depósito do seu montante integral; 
• 3 
3 
As reclamações e os recursos, nos termos das leis 
reguladoras do processo tributário administrativo; 
• 4 
4 
A concessão de medida liminar em mandado de 
segurança; 
• 5 
5 
A concessão de medida liminar ou de tutela 
antecipada, em outras espécies de ação judicial; 
• 6 
6 
O parcelamento. 
A função da moratória é a dilatação do prazo para pagamento, 
que poderá ser autônoma ou heterônoma. A moratória autônoma 
(art. 152, I, “a” do CTN) é aquela em que o ente competente dilata o 
prazo de pagamento de seu tributo, enquanto que a moratória 
heterônoma (art. 152, I, “b” do CTN) se refere ao tributo de 
competência alheia. Esta moratória pode ser concedida em caráter 
geral ou individual, mas, em ambos os casos, só pode ser conferida 
por lei, conforme dispõem o parágrafo único do art. 152 e o art. 
153 do CTN (BRASIL, 1966). 
DIREITO TRIBUTARIO 
A moratória em caráter individual depende da comprovação de 
condições e requisitos da lei específica (art. 152, II do CTN), que não 
gera direito adquirido e pode depender do oferecimento de 
garantias pelo beneficiário. Desse modo, os requisitos 
especificados pela lei são (Art. 153 do CTN): 
 
O parcelamento (151, IV da CTN), como modalidade de suspensão 
da exigibilidade do crédito, nada mais é do que “uma modalidade 
de moratória” (MACHADO, 2019, p. 191), na qual será parcelada a 
dívida tributária, salvo disposição em contrário, não excluindo a 
incidência de juros e multas. 
O depósito do montante integral da dívida refere-se à hipótese 
de suspensão do crédito, na qual o sujeito poderá discutir o valor 
que está sendo cobrado pela administração fazendária, por meio 
de ação de execução. Desse modo (BRASIL, 2001): 
o depósito inibitório de ação fiscal (CTN, art. 151) deve ser 
devolvido ao contribuinte em caso de este ser vitorioso na ação a 
ele relativa. Não é lícito ao Fisco apropriar-se de tal depósito a 
pretexto de que existem outras dívidas do contribuinte, oriundas 
de outros tributos. Semelhante apropriação atenta contra a coisa 
julgada (CPC, arts. 467 e 468) 
Por fim, a decisão transitada em julgado a favor da Fazenda 
determina que o valor depositado seja convertido em renda e 
destinado definitivamente aoscofres públicos, sendo causa de 
DIREITO TRIBUTARIO 
extinção do crédito tributário previsto no artigo 156, IX da 
Constituição Federal (BRASIL, 1988). 
RECLAMAÇÕES E RECURSOS DO PROCESSO 
TRIBUTÁRIO ADMINISTRATIVO 
 
A Constituição Federal prevê, em sede administrativa, o exercício 
da ampla defesa e do contraditório em decorrência 
de impugnação do crédito tributário. Neste caso, não há exigência 
de depósito prévio, sendo “inconstitucional a exigência do depósito 
ou arrolamento prévio de dinheiro ou bens para admissibilidade 
de recurso administrativo” (BRASIL, 2009). Desse modo, “é ilegítima 
a exigência de depósito prévio para admissibilidade de recurso 
administrativo” (BRASIL, 1964). 
Nesse contexto, o mandado de segurança é uma ação judicial de 
rito sumário especial que deverá ser proposta dentro do prazo de 
120 dias, a contar da ciência do lançamento pela sujeito ativo, 
mediante a presença da relevância dos fundamentos levantados 
no mandado e o perigo causado pelo potencial demora na solução 
do caso. 
A medida liminar e a tutela antecipada são instrumentos que têm 
aptidão de satisfazer a pretensão do autor, nos casos previstos em 
lei. A tutela antecipada (Diagrama 6) é uma decisão interlocutória 
dentro do processo e, assim, não sendo definitiva, o CTN a 
enquadra como suspensão do crédito tributário, e não extinção do 
texto, já que na decisão final da demanda poderá ser revertida a 
tutela. 
DIREITO TRIBUTARIO 
Diagrama 6. Tutela provisória de urgência. Fonte: BRASIL, 2015. 
 
EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO 
 
O art. 156 do CTN (BRASIL, 1966) traz consigo as modalidades de 
extinção do crédito tributário, que estão relacionadas entre os 
artigos 157 e 169. Segundo a legislação, são causas de extinção da 
exigibilidade do crédito tributário: 
• 1 
1 
O pagamento; 
• 2 
2 
A compensação; 
• 3 
3 
A transação; 
• 4 
4 
DIREITO TRIBUTARIO 
A remissão; 
• 5 
5 
A conversão de depósito em renda; 
• 6 
6 
O pagamento antecipado e a homologação do 
lançamento; 
• 7 
7 
A consignação em pagamento; 
• 8 
8 
A decisão administrativa irreformável/definitiva, que 
não pode mais ser objeto de ação anulatória; 
• 9 
9 
A dação em pagamento em bens imóveis; 
• 10 
10 
A decadência; 
• 11 
11 
A prescrição 
A forma mais simples de extinção do crédito tributário é 
o pagamento, que poderá ser em moeda corrente, cheque ou vale 
DIREITO TRIBUTARIO 
postal e deverá ser no valor correto da dívida, segundo o art. 157 
do CTN (BRASIL, 1966). Todavia, não sendo realizado no valor 
integral, ele traz consigo a imposição de penalidade e manutenção 
desta. 
O art. 158 do CTN (BRASIL, 1966) menciona que o crédito poderá se 
dividir em parcelas, ou seja, cotas periódicas das quais a quitação 
da última cota não gera presunção de pagamento das demais 
parcelas do mesmo crédito do tributo. Em seguida, os artigos 160 e 
161 salientam que o pagamento, quando feito fora do prazo, 
deverá acarretar juros e mora. Esse prazo para pagamento será de 
30 (trinta) dias, após realizada a notificação do sujeito passivo, se a 
lei for omissa em relação a este. 
 
Por fim, o art. 163 do CTN (BRASIL, 1966) traz consigo a imputação 
de pagamento quando há dois ou mais créditos tributários 
referentes a uma mesma fazenda, de um mesmo sujeito passivo. A 
preferência, quanto à ordem de pagamento dos créditos 
tributários devidos pelo sujeito passivo, quando este for 
contribuinte e também for identificado como responsável 
tributário, deverá ser primeiro os devidos como contribuinte e, 
somente depois, os devidos da qualidade de responsável. 
A compensação é uma forma de extinção do crédito tributário, na 
qual a administração fazendária autoriza ao sujeito passivo a 
compensação de uma dívida de mesma natureza. Segundo o 
Agravo Interno no Recurso Especial Nº. 1434905/PI, do Superior 
Tribunal de Justiça, que estipula o pedido de devolução ou 
compensação do ICMS pago a maior no regime de substituição 
tributária (BRASIL, 2016): 
DIREITO TRIBUTARIO 
1. A orientação jurisprudencial deste Tribunal Superior é no 
sentido de que “os tributos ditos indiretos, dentre eles o 
ICMS, sujeitam-se, em caso de restituição, compensação ou 
creditamento, à demonstração dos pressupostos 
estabelecidos no art. 166 do CTN”. Precedentes AgRg no 
AREsp 31.660/SP, rel. min. Herman Benjamin, Segunda 
Turma, j. 20/3/2013; REsp 1.209.607/SP, Segunda Turma, rel. 
min. Mauro Campbell Marques, j. 12/11/2010. 
2. O recurso especial não encontra óbice nas Súmulas 284/STF 
e 7/STJ, tendo em vista que o ora agravado demonstrou 
objetivamente o ponto central da controvérsia jurídica. E o 
comando da decisão foi justamente para que o Tribunal de 
origem, à luz do contexto fático-probatório, aprecie a 
pretensão sob a ótica dos requisitos do art. 166 do CTN. 
3. Agravo interno a que se nega provimento. 
Dando prosseguimento, a transação consiste em um acordo 
mediante concessões mútuas, entre o Fisco e o contribuinte, como 
forma de extinção do crédito tributário. A remissão é a 
modalidade de extinção do crédito tributário por meio do perdão 
do crédito, de forma total ou parcial, nas hipóteses de: 
 
Tratando-se de crédito tributário, devido ao princípio da 
indisponibilidade do patrimônio público (art. 150, parágrafo 6º da 
Constituição Federal), a remissão somente poderá ser concedida 
como fundamento em lei específica, cujas regras gerais estão 
previstas no artigo 172 do CTN. Entretanto, a redação desse artigo 
DIREITO TRIBUTARIO 
abrange valores referentes a tributos e multas, já que o texto não 
se restringe à concessão apenas de tributos. 
Caso o tributo seja pago de forma indevida, deverá este ser 
restituído ou, havendo o crédito de mesma natureza, compensado. 
O art. 167, caput, do CTN (BRASIL, 1966) traz consigo 
a restituição dos juros e multas pagas indevidamente. O pedido 
de restituição de valores pagos indevidamente, ou em decorrência 
de decisão judicial administrativa ou judicial, deverá ser 
formalizado no prazo de 05 (cinco) anos, sob pena de decadência. 
Caso esta for denegada, terá o interessado o prazo de 02 (dois) 
anos para a propositura da ação competente. 
A compensação é uma forma de extinção do crédito tributário, na 
qual a administração fazendária autoriza ao sujeito passivo a 
compensação de uma dívida de mesma natureza. Já a conversão 
de depósito em renda é realizada quando a ação proposta pelo 
sujeito passivo foi julgada a favor da administração fazendária, 
assim, o valor depositado converte-se em renda e será destinado 
aos cofres da referida administração. 
O lançamento por homologação descreve a extinção do crédito 
tributário após o pagamento antecipado, no momento do 
depósito. Já a consignação em pagamento consiste na 
modalidade de extinção do crédito tributário por meio de depósito 
judicial, nos casos de (artigo 164, CTN): 
Recusa no recebimento, ou subordinação deste ao pagamento de 
outro tributo ou penalidade, ou ao cumprimento de obrigação 
acessória; 
Subordinação do recebimento ao cumprimento de exigências 
administrativas sem fundamento legal; 
Exigência, por mais de uma entidade pública, de pagamento de 
tributo idêntico sobre o mesmo fato gerador. 
A decisão administrativa irreformável/definitiva, não pode mais 
ser objeto de ação anulatória, pois trata-se da decisão proferida no 
processo administrativo, que extingue o lançamento pela 
inexistência do crédito tributário. Assim, a decisão 
DIREITO TRIBUTARIO 
judicial passada em julgado consiste na decisão judicial 
irreformável que entende pela extinção do crédito tributário. 
A dação em pagamento em bens imóveis é a modalidade de 
extinção do crédito tributário que segue o artigo 156, inciso XI, do 
CTN, que salienta que, caso o pagamento do tributo não possa ser 
feito em dinheiro, somente poderá ser substituído pela entrega de 
um bem imóvel. 
A decadência é olapso de tempo (cinco anos a contar da 
realização do fato gerador) que tem a administração fazendária 
para exercer o direito de constituir o crédito tributário decorrente 
da concretização do fato gerador e do nascimento da obrigação 
tributária. Por fim, a prescrição versa sobre o direito material, na 
qual há um lapso temporal de 05 (cinco) anos para a propositura 
da ação competente, após o seu não pagamento no prazo da lei. 
 
EXPLICANDO 
O prazo para a administração tributária promover o 
lançamento decadencial é de cinco anos, e o prazo para que 
se ajuste a ação de execução prescricional também é de 
cinco anos. Assim, a diferença entre a decadência e a 
prescrição é o lançamento do tributo. 
 
EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO 
 
DIREITO TRIBUTARIO 
A exclusão do crédito tributário tem a função de evitar que ele se constitua e 
poderá ser realizada por meio da isenção e da anistia. Desse modo, entre estes 
institutos que compõe a modalidade da exclusão da exigibilidade do crédito 
tributário, Alexandre (2020, p. 600) aponta que a isenção: 
[...] é a dispensa legal do pagamento do tributo 
devido. Segundo a tese que prevaleceu no judiciário, 
a isenção não é causa de não incidência tributária, 
pois, mesmo com a isenção, os fatos gerados 
continuam a correr, gerando as respectivas 
obrigações tributárias, sendo apenas excluída a etapa 
do lançamento e, por conseguinte, a constituição do 
crédito. 
A isenção tributária traz consigo uma série de requisitos 
presentes na lei de concessão, para permitir a exclusão do crédito 
tributário. Ela deverá ser criada por lei específica, que apresentará 
as condições e os requisitos de sua concessão, os tributos a que se 
aplica e, se for o caso, o prazo de sua duração (art. 176 do CTN). 
Salvo caso concedida por prazo certo, e em função de 
determinadas condições, a isenção pode ser revogada ou 
modificada por lei a qualquer tempo, observado o princípio da 
anterioridade (art. 178 do CTN). Além disso, ela difere da não 
incidência e da imunidade, já que a não incidência refere-se à não 
realização da sua hipótese de incidência e a imunidade impede a 
incidência de norma tributária sobre determinada situação 
(pessoas ou categorias de pessoas). Segundo Machado (2019, p. 
233): 
Não incidência é a situação em que a regra jurídica de 
tributação não incide porque não se realiza a sua 
hipótese de incidência, ou, em outras palavras, não se 
configura o seu suporte fático. [...] A rigor, a norma 
que faz tal explicitação poderia deixar de existir sem 
que nada se alterasse. Já, na norma de isenção, 
porque retira parcela da hipótese de incidência, se 
não existisse o tributo seria devido. [...] Imunidade é o 
obstáculo criado por uma norma da Constituição que 
impede a incidência de lei ordinária de tributação 
sobre determinado fato ou em detrimento de 
determinada pessoa ou categoria de pessoas. 
DIREITO TRIBUTARIO 
A isenção possui dois aspectos: fiscais (pequena capacidade 
contributiva) e extrafiscais (políticas públicas), sendo que esta 
poderá ser geral (caráter objetivo geral) e individual (caráter 
subjetivo individual ou pessoal). 
 
A anistia significa o perdão da infração tributária, ou seja, a 
impossibilidade de exigir a penalidade correspondente. Assim, ela 
pode ser concedida (art. 181 do CTN): a determinada região do 
território da entidade tributante, em função de condições a ela 
peculiares; às infrações da legislação, relativa a determinado 
tributo; sob condição do pagamento de tributo no prazo fixado 
pela lei que a conceder, ou cuja fixação seja atribuída pela mesma 
lei à autoridade administrativa; e às infrações punidas com 
penalidades pecuniárias até determinado montante, conjugadas 
ou não com penalidades de outra natureza. 
Sempre referente à multa, a anistia é uma forma de exclusão do 
crédito tributário, significando impedir o lançamento e evitando o 
nascimento do crédito. Assim, há o perdão desde que esta não 
tenha sido lançada. Já a remissão é uma forma de extinção do 
crédito tributário referente à multa ou ao tributo, necessitando ter 
sido lançada, já que não há extinção de algo que não nasceu. 
 
GARANTIAS E PREFERÊNCIAS DO CRÉDITO 
TRIBUTÁRIO 
 
As garantias e as preferências (privilégios) do crédito tributário são 
institutos que o fazem superior aos demais créditos, quando de 
sua cobrança. As garantias são mecanismos, previstos no CTN, 
que possibilitam ao Fisco (Administração Tributária ou Fazendária) 
a busca pelos créditos tributários não pagos dentro do prazo legal. 
DIREITO TRIBUTARIO 
Assim, todo o patrimônio do sujeito passivo concorre para o 
pagamento das dívidas tributárias, conforme disposto no artigo 
184 do CTN, excluída a possibilidade de quitação dos tributos em 
que a lei enumera como absolutamente impenhoráveis, listados no 
art. 833 do NCPC (BRASIL, 2015). Segundo Alexandre (2020, p. 620), 
a prova de quitação de tributos: 
[...] apesar de terem sido inseridos na seção relativa 
as referências dos artigos 191 a 193 do CTN trazem 
verdadeiras garantias do crédito tributário, porque, 
ao exigirem a apresentação de prova de pagamento 
para prática de certos atos jurídicos e para obtenção 
de determinados benefícios legais acaba-se por criar 
eficazes meios de cobrança indireta - e, portanto, 
garantias Indiretas - do prédio tributário. 
No curso do processo de execução fiscal, o juiz competente, que 
está presidindo a causa, poderá exigir que seja realizada a 
“penhora on-line”, a comunicação da ordem que determina a 
impenhorabilidade dos bens, para posterior afetiva penhora, 
segundo o artigo 185-A do CTN. 
Por outro lado, as preferências (ou privilégios) do crédito tributário 
permitem que o sujeito passivo tenha preferência nas formas de 
pagamento, desde que este esteja dentro da regularidade 
tributária, excluídos os créditos trabalhistas (de natureza salarial) e 
os créditos relativos à indenização advindas de acidente de 
trabalho. Sendo assim, os bens do sujeito passivo poderão ser alvo 
de processo de ação de execução fiscal, aos moldes do CTN ou por 
meio de processos coletivos (processo de falência e recuperação 
judicial, inventário, arrolamento e liquidação de empresas). Por fim, 
entre os entes federados, há também uma ordem de preferência, 
que respeita a sequência: 
DIREITO TRIBUTARIO 
 
O crédito tributário não é preferível aos créditos extraconcursais, 
as importâncias passíveis de restituição (Súmula 307 do STJ e 
Súmula 417 do STF), ou aos créditos com garantia real, no limite do 
bem gravado. No curso da falência, os créditos tributários são tidos 
como extracontratuais (art. 188 do CTN). 
Administração tributária 
Seção 4 de 4 
Dentre os conceitos mais importantes das atividades fiscais da 
Administração Tributária (Diagrama 7), o Código Tributário 
Nacional elenca como fundamentais para a 
 
Diagrama 7. Administração Tributária. Fonte: ALEXANDRE, 2020, p. 638. 
 
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Poderes de investigação 
– 
DIREITO TRIBUTARIO 
Os poderes de investigação das autoridades fiscais (art. 194, 
caput, do CTN), que serão atribuídos pela legislação tributária de 
cada ente tributante; 
Pessoas sujeitas à fiscalização 
– 
As pessoas sujeitas à fiscalização (art. 194, § único), que podem 
ser qualquer pessoa, natural ou jurídica; 
Exibição de documentos 
– 
A exibição de documentos por comerciantes, industriais e 
produtores (art. 195, caput do CTN), sendo que as autoridades 
fiscais poderão examinar os livros, documentos contábeis, papeis 
com efeito comercial ou papéis; 
Manutenção dos livros 
– 
A manutenção dos livros que comprovem transações fiscais e que 
são tidos como obrigatórios (art. 195, § único, do CTN), devem ser 
mantidos até que seja consumado o prazo de prescrição dos 
créditos tributários por ventura existentes; 
Dever de colaboração 
– 
O dever de colaboração por parte de terceiros (art.197 do CTN), 
que, desde que saibam do fato, como é o caso do administrador de 
bens, poderão ser acionados, por escrito e pela autoridade fiscal, 
para prestar informações e fornecer os documentos solicitados; 
Sigilo 
– 
O sigilo por parte de autoridade fiscal (arts. 198 e 199 do CTN), em 
decorrência do acesso a dados dos fiscalizados; 
Requisição do auxílio 
– 
A requisição do auxílio da força pública (art. 200 do CTN), desde 
que haja obstáculos para realização de suas atribuições fiscais e 
seja respeitado o art 5º, XI da Constituição Federal,que diz que a 
casa é asilo inviolável do indivíduo e sua extensão como espaço 
DIREITO TRIBUTARIO 
privado no qual a pessoa exerce sua atividade – estabelecimento 
empresarial (BRASIL, 2005). 
Além dessas, podemos apontar também o termo de fiscalização, a 
fiscalização tributária e as informações bancárias e, por fim, a 
representação fiscal. O termo de fiscalização (art. 196 do CTN) 
deve ser lavrado no documento (livro obrigatório), sendo 
apresentado à fiscalização e objeto de auditoria. Caso haja 
impossibilidade, poderá ser realizado em documento separado, 
desde que a pessoa fiscalizada seja notificada e receba cópia, 
mediante recibo (art. 196, § único do CTN). 
A Lei Complementar 105/2001, declarada constitucional pelo STF 
em 2016, permite a fiscalização tributária e de informações 
bancárias, com base na tese de que não há quebra de sigilo 
bancário, já que não haverá divulgação pública dos dados, sob 
pena dos arts. 198 e 199 do CTN. Esta solicitação poderá acontecer 
sem autorização judicial, desde que haja, em curso, um processo 
administrativo instaurado ou um procedimento fiscal em curso e 
que tal situação seja indispensável à conclusão da fiscalização. 
Assim, para fins penais, podemos dizer que a representação 
fiscal: 
• bullet 
Se dá após regular processo administrativo, 
devendo sua conclusão, sobre a exigência fiscal do 
crédito tributário correspondente, ser encaminhada 
ao Ministério Público de uma possível prática 
criminal (art. 83 da Lei 9.430/1996); 
• bullet 
Não tipifica crime material contra a ordem 
tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei 
8.137/1990, antes do lançamento definitivo do 
tributo (BRASIL, 2009c). 
DÍVIDA ATIVA 
 
Com a ocorrência do fato gerador, o contribuinte ou responsável, previsto na lei 
instituidora do tributo, passa a ter obrigação de recolhê-lo, desde que haja seu 
DIREITO TRIBUTARIO 
lançamento e a notificação, sendo aberto o prazo para pagamento ou a 
impugnação do crédito constituído e exigível. 
Esse crédito tributário, não quitado no prazo legal ou por decisão 
final proferida em processo regular, será inscrito em dívida ativa e 
poderá ser cobrado por meio de ação de execução fiscal, conforme 
previsto no art. 201 do CTN (BRASIL, 1966), já que a certidão possui 
força de título executivo extrajudicial. Assim, segundo Rocha (2020, 
p. 623), a dívida ativa: 
[...] é uma espécie de cadastro onde são registrados 
os valores que a fazenda pública tem o direito de 
exigir judicialmente de alguém. Ela é dita ativa 
exatamente por que é executável, cobrável, já que é 
um título executivo extrajudicial. 
A inscrição do crédito tributário em dívida tributária é cercada 
de presunção administrativa, havendo, assim, a certeza 
(presunção de sua existência) e liquidez (valor exato) dos dados e 
valores constantes na certidão. A dívida a ser inscrita em dívida 
ativa deverá conter, como requisitos formais previstos no art. 202 
do CTN (BRASIL, 1966): 
Clique nas setas para saber mais 
1 
Nome do devedor 
O nome do devedor ou, sendo o caso, os dos responsáveis, bem 
como, sempre que possível, o domicílio ou residência de um e de 
outros; 
1 
Nome do devedor 
O nome do devedor ou, sendo o caso, os dos responsáveis, bem 
como, sempre que possível, o domicílio ou residência de um e de 
outros; 
1 
2 
3 
4 
DIREITO TRIBUTARIO 
5 
2 
Quantia devida 
A quantia devida e a maneira de calcular os juros de moras 
acrescidos; 
1 
Nome do devedor 
O nome do devedor ou, sendo o caso, os dos responsáveis, bem 
como, sempre que possível, o domicílio ou residência de um e de 
outros; 
1 
2 
3 
4 
5 
2 
Quantia devida 
A quantia devida e a maneira de calcular os juros de moras 
acrescidos; 
1 
2 
3 
4 
DIREITO TRIBUTARIO 
5 
3 
Origem e a natureza do crédito 
A origem e a natureza do crédito, mencionada especificamente a 
disposição da lei em que seja fundado 
1 
Nome do devedor 
O nome do devedor ou, sendo o caso, os dos responsáveis, bem 
como, sempre que possível, o domicílio ou residência de um e de 
outros; 
1 
2 
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4 
5 
2 
Quantia devida 
A quantia devida e a maneira de calcular os juros de moras 
acrescidos; 
1 
2 
3 
4 
DIREITO TRIBUTARIO 
5 
3 
Origem e a natureza do crédito 
A origem e a natureza do crédito, mencionada especificamente a 
disposição da lei em que seja fundado 
1 
2 
3 
4 
5 
4 
Data 
A data em que foi inscrita; 
1 
Nome do devedor 
O nome do devedor ou, sendo o caso, os dos responsáveis, bem 
como, sempre que possível, o domicílio ou residência de um e de 
outros; 
2 
Quantia devida 
A quantia devida e a maneira de calcular os juros de moras 
acrescidos; 
 
3 
Origem e a natureza do crédito 
A origem e a natureza do crédito, mencionada especificamente a 
disposição da lei em que seja fundado 
 
DIREITO TRIBUTARIO 
4 
Data 
A data em que foi inscrita; 
 
5 
Número do processo 
Sendo o caso, o número do processo administrativo de que se 
origina o crédito. 
 
Kiyoshi Harada salienta que a dívida ativa é contrária à dívida 
pública, já que, na primeira, o credor é o Estado. Sendo assim 
(HARADA, 2012, p. 578): 
O crédito tributário, uma vez esgotado o prazo de 
pagamento fixado por lei ou por decisão 
administrativa que não caiba recurso, é escrito no 
Livro de Inscrição da Dívida ativa pela Procuradoria da 
Fazenda (5º do Artigo 39 da lei 4.320 de 1964). Essa 
inscrição constitui-se um ato de controle 
administrativo da legalidade (Súmulas 346 e 473 do 
STF) conferindo ao crédito tributário a presunção de 
liquidez e certeza (art. 204 do CTN) que a ele atribui 
força executiva, bem como efeito de prova pré-
constituída conforme dispõe o art. 204. O parágrafo 
único do artigo 201 acrescenta que a incidência de 
juros de mora não prejudica a presunção de liquidez 
e certeza, pois por simples cálculo aritmético é 
possível encontrar o quantum debeatur no dia da 
satisfação do crédito tributário. 
Uma vez lançado e notificado o sujeito passivo acerca do crédito 
tributário, não se fala mais em decadência tributária, já que a 
inércia da perda do direito de efetuá-lo foi sanada. Todavia, iniciará 
a contagem do tempo de prescrição a partir do fim do prazo legal, 
destinado ao pagamento ou à impugnação. 
 
O contribuinte poderá discutir a cobrança de uma dívida que 
entende ser infundada, administrativa ou judicialmente, além de 
DIREITO TRIBUTARIO 
resguardar-se por meio da emissão da certidão positiva com efeito 
de negativa (artigo 206 do CTN). A certidão negativa, art. 205 do 
CTN (BRASIL, 1966), é um documento comprobatório de 
regularidade fiscal, atestando que o contribuinte não se encontra 
com qualquer pendência obrigacional de caráter tributário ou 
previdenciário. 
A ação de execução é o meio hábil que o Fisco terá para acionar o 
contribuinte ou responsável – sujeito passivo da execução fiscal – 
quando não fora feito o recolhimento devido no prazo legal. 
Durante o processo judicial “a Fazenda Pública pode substituir 
a certidão de dívida ativa (CDA) até a prolação da sentença de 
embargos quando se tratar de correção de erro material ou formal 
vedada à modificação do sujeito passivo da execução“. (BRASIL, 
2009). 
Por outro lado, o referido sujeito passivo poderá propor embargos 
do devedor (embargos à execução), no prazo de 30 (trinta) dias, 
que suspenderá o cursoda ação, desde que a dívida esteja 
garantida (penhora, depósito ou carta de fiança bancária) ou ação 
de conhecimento com depósito integral do crédito na execução 
(por ter perdido o prazo dos embargos), que suspenderá a ação de 
execução ou a ação de conhecimento sem depósito integral do 
crédito, na execução que não suspenderá a ação de execução. A 
jurisprudência, segundo ROCHA (2020), tem aceito um terceiro 
meio de defesa, a exceção de pré-executividade, em matérias 
que o juiz poderia ou deveria conhecer de ofício na execução. 
DIREITO TRIBUTARIO 
Agora é a hora de sintetizar tudo 
o que aprendemos nessa 
unidade. Vamos lá?! 
SINTETIZANDO 
 
Nessa unidade, estudamos a substituição tributária (progressiva e 
regressiva) e as modalidades de responsabilidade tributária, bem 
como seus tipos. Em um segundo momento, analisamos a 
constituição do crédito tributário, que é realizado por meio de 
lançamento. Também foram debatidas a suspensão do crédito, 
como forma de não pagamento de forma momentânea, e a 
exclusão e extinção, como forma de não cobrança, bem como as 
consequências do não pagamento da dívida tributária. 
Por fim, vimos que, com o não pagamento do crédito tributário ou 
sua impugnação no prazo da lei, a administração tributária irá 
inscrevê-lo em dívida ativa, expedindo a consequente certidão da 
dívida ativa, que é o documento fundamental para a propositura 
da ação de execução fiscal. Esta ação de execução pode ser 
contestada pelo sujeito passivo, com ou sem o depósito integral do 
valor da dívida constante na ação propostaé de competência da União, porém poderão ser 
delegadas a sua arrecadação e a fiscalização a outra pessoa 
jurídica de Direito Público, sendo característico desse tipo de 
competência o fato de ser facultativo, indelegável, 
intransferível, incaducável e irrenunciável. 
 
Desse modo, a repartição de competências na esfera tributária é 
dividida em: 
DIREITO TRIBUTARIO 
 
 
Quadro 3. A competência impositiva e seu exercício dentro das classificações doutrinárias 
dos tributos. Fonte: ALEXANDRE, 2020, p. 122. (Adaptado). 
Todavia, a Lei Complementar 101/1999, ou Lei de 
Responsabilidade Fiscal, em seu art. 11 e § único, define como 
elemento fundamental da gestão fiscal a instituição e 
arrecadação dos tributos inerentes à sua competência. Assim, 
caso não seja realizada a criação dos tributos viáveis (Quadro 3), 
o ente federado ficará impedido de receber transferências 
voluntárias. 
 
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Competência tributária privativa 
– 
Que se refere à instituição de impostos, empréstimos compulsórios e 
contribuições especiais pelos entes federados; 
Competência tributária comum 
– 
DIREITO TRIBUTARIO 
Que é observada por meio de fatos geradores dos tributos vinculados a 
uma atividade estatal específica, taxa e contribuição de melhoria, ou 
seja, quem prestar o serviço será o competente para instituí-los; 
Competência tributária cumulativa 
– 
Que está prevista no art. 147 da Constituição, destinada aos territórios 
(quando existirem) e ao Distrito Federal. 
A capacidade tributária ativa decorre da competência tributária 
(Quadro 4), que se apresenta por meio das funções de fiscalizar 
e arrecadar o tributo, mas sem instituir, e sendo delegáveis de 
uma pessoa jurídica de direito público a outra (ente político ou 
ente administrativo). Segundo o § 2º do art. 7 do CTN, esta 
delegação não é ad aeternum, podendo ser revogada a qualquer 
tempo (BRASIL, 1966). 
 
 
Quadro 4. Função da competência e da capacidade tributária no Direito Tributário. 
Nesse contexto, o art. 119 do CTN define que o sujeito ativo é a 
pessoa jurídica de direito público que poderá exigir o 
cumprimento da obrigação principal, bem como da obrigação 
secundária. 
Assim, a expressão “titular da competência para exigir o 
adimplemento da obrigação tributária”, do referido art. 119 do 
CTN, significa “ter atribuição de constituir o crédito tributário, 
com o que lhe confere exigibilidade, e em seguida exigir 
judicialmente seu pagamento, se necessário” (MACHADO, 
2019, p. 143). 
Para Eduardo Sabbag (2020), há dois tipos de sujeito: 
• 1 
1 
DIREITO TRIBUTARIO 
O sujeito ativo direto (entes tributantes); 
• 2 
2 
O sujeito passivo indireto (entidades parafiscais, como 
CREA e CRC, entre outros). 
Sendo que o primeiro tem competência para instituir o tributo, 
e o segundo, capacidade de fiscalizar e arrecadar. Neste 
caminho, por exemplo, a Súmula 396 do STJ nos diz que a 
“Confederação Nacional da Agricultura tem legitimidade ativa 
para a cobrança da contribuição sindical rural” (BRASIL, 1964). 
Por fim, as limitações constitucionais ao poder de tributar são 
entendidas como manifestações dos direitos fundamentais, 
previstas na Constituição Federal, que não ultrapassam seus 
próprios enunciados, compostas de princípios e imunidades 
que visam à garantia dos direitos fundamentais do contribuinte. 
 
VAMOS REFORÇAR O QUE 
APRENDEMOS ATÉ AGORA? 
 
A competência tributária é prevista na Constituição Federal e definida a 
um dos entes federados para instituir determinado tributo. Sobre a 
competência tributária, podemos dizer que: 
• O ente federado pode exercer sua competência nos limites 
constitucionais. 
• Ela poderá ser delegada de uma pessoa jurídica de direito público 
a outra. 
• Ela se apresenta por meio das funções de arrecadar, fiscalizar e 
executar o tributo. 
• 👍 
• Muito bem, a resposta está correta! 
Conforme vimos no tópico “O poder de tributar”, a 
competência tributária descreve o poder de 
tributar, previsto na Constituição Federal e definido 
DIREITO TRIBUTARIO 
a um dos entes federados para instituir, fiscalizar e 
arrecadar determinado tributo, nos limites 
constitucionais, e não poderá ser delegada de uma 
pessoa jurídica de direito público a outra. 
 
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS 
 
Os princípios tributários são mandamentos nucleares do 
sistema tributário, que visam à interpretação e à aplicação das 
normas dentro do seu campo de atuação. 
Esses princípios não se confundem uns com outros, já que 
expressam, por exemplo, que a lei deve ser anterior ao fato 
gerador do tributo por ela criado ou majorado (CF, art. 150, III, 
alínea “a”) e não podendo se exigir que haja lei anterior ao 
início do exercício financeiro no qual o tributo é cobrado (CF, 
art. 150, III, alínea "b”). 
O princípio da legalidade está delineado no art. 5º, II, enquanto 
o princípio da legalidade tributária se encontra no art. 150, I, da 
Constituição Federal. Considerando que há necessidade de 
produção legislativa, nos casos do art. 97, II, do CTN, devemos, 
assim, descrever o fato tributável, bem como definir a base de 
cálculo e da alíquota, ou o critério a ser utilizado para 
estabelecer o valor do tributo, e o sujeito ativo da relação 
tributária, na lei instituidora do tributo. 
 
Há casos, contudo, em que a majoração ou redução de tributos 
não seguirá tal determinação, como os impostos de caráter 
extrafiscal (II, IE, IOF e IPI), que poderão ter sua alíquota 
majorada ou diminuída em razão da política governamental em 
vigor, por meio de ato do Poder Executivo, desde que 
DIREITO TRIBUTARIO 
respeitados os ditames legais, conforme determinado pelo art. 
153, § 1º da CF. 
O princípio da isonomia (art. 150, II, da CF) prevê aos entes 
tributantes a impossibilidade de tratamento desigual de 
contribuintes na mesma situação, ou seja, não há diferenciação 
em razão de ocupação profissional ou atividade exercida, por 
exemplo. 
A isonomia prevê dois patamares: o sentido formal, feito pela 
edição de normas gerais; e o sentido material, feito pelo 
tratamento igualitário aos iguais (acepção horizontal) e o 
tratamento aos desiguais dentro de suas desigualdades 
(acepção vertical). Desse modo, quando se agride o princípio da 
isonomia em matéria tributária, é ferido também o princípio da 
capacidade tributária, já que ele é o seu corolário, em matéria 
tributária. 
A Constituição Federal de 1988, em seu art. 145, §1º, determina 
que os impostos deverão ter como base a capacidade econômica 
que corresponde aos princípios da capacidade contributiva, ou 
da capacidade econômica. 
Por outro lado, o art. 150, III, ‘'a'’, da CF apresenta o princípio 
da irretroatividade, que é um dos pilares da segurança jurídica, 
definindo que a nova lei será aplicada apenas aos fatos 
geradores ocorridos no futuro. 
 
CURIOSIDADE 
A base do princípio da surpresa (o contribuinte não 
poderá ser surpreendido pela instituição ou majoração de 
tributos) é o princípio da segurança jurídica, que possui 
DIREITO TRIBUTARIO 
como braços os princípios da irretroatividade, da 
anterioridade e da noventena, privilegiando os direitos 
fundamentais do contribuinte. 
Há debates sobre como será aplicada a lei, ou seja, o instante em 
que se define o fato gerador do tributo, nos casos de fatos 
geradores pendentes (que dependem de uma atividade para 
serem concretizados) e periódicos (que se prolongam no 
tempo), que podem ser simples (único evento, como o IPTU) ou 
compostos (diversos eventos, como o IR). 
Desse modo, o CTN autoriza a retroatividade de lei para 
beneficiar o contribuinte, desde que não tenha acontecido da 
decisão final do litígio. 
Podemos também explorar o chamado princípio da anterioridade, que pode ser 
dividido em dois casos: 
Clique nas setas para saber mais 
 
1 
Anterioridade anual 
Na anterioridade anual, previsto no art. 150, III, b, da CF, 
impede-se que nova produção legislativa seja aplicada de 
imediato àsituação que está em curso, ou seja, não há surpresa 
para o contribuinte, estabelecendo, assim, a proibição de 
cobrança, no mesmo ano, da publicação da lei que o institui ou 
majora, bem como no caso de revogação de qualquer benefício 
fiscal, já que gera efeitos financeiros para o contribuinte. 
 
2 
Anterioridade nonagesimal 
No segundo caso, o da anterioridade nonagesimal (EC n. 
42/2003), alguns tributos só poderão ser exigidos caso 
cumpram pelo menos noventa dias da data em que tenha sido 
publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o 
disposto no art. 150, III, ''c'', da CF. Os tributos IE (CF, art. 153, I 
e II), IOF (CF, art. 153, V), imposto extraordinário (CF, art. 154, 
II) e empréstimos compulsórios (CF, art. 148, I) não seguem a 
nenhum tipo de anterioridade. 
DIREITO TRIBUTARIO 
O Texto Constitucional de 1988 estabelece o princípio do não-
confisco, proibindo, no art. 150, IV, que os tributos sejam 
utilizados com efeito confiscatório. Neste caminho, o STF (ADI 
551/RJ) avalia que a vedação ao efeito de confisco estende-se às 
multas decorrentes do descumprimento de obrigação 
tributária. 
Assim, os impostos possuem formato diferenciado das taxas na 
análise do efeito confiscatório, devido ao caráter 
contraprestacional, já que haverá uma análise do custo e do 
valor cobrado a título de taxa, fato que não ocorre com os 
impostos, devido à manifestação de riqueza do contribuinte. 
 
Além das já mencionadas, podemos apontar o art. 150, V, da CF, 
que estabelece o princípio da liberdade de tráfego, proibindo a 
imposição de limites ao tráfego de pessoas ou bens por meio da 
oneração de tributos; as vedações específicas à União, que são 
regras protegidas por cláusula pétrea (art. 151 da CF/88); e 
demais princípios, como: 
 
O princípio da uniformidade geográfica 
– 
Veda a criação de tributos que determinem privilégios ou preferências entre os 
entes federados. Todavia, é permitida a concessão de incentivos fiscais com 
finalidade de possibilitar o desenvolvimento econômico entre regiões, 
conforme narrado no art. 151, I, da CF; 
O princípio da vedação às isenções heterônomas 
– 
(Art. 151, III, da CF) veda à União instituir isenções de outros entes 
federados, mas conta com exceções, no art. 155, § 2º, XII, “a” e “e”; 
O princípio da uniformidade da tributação de renda 
– 
(Art. 151, II, da CF) veda tributar renda como instrumento de concorrência 
desleal entre os entes e seus agentes, bem como a renda das obrigações de 
dívida pública entre os entes federados. 
 
DIREITO TRIBUTARIO 
IMUNIDADES 
 
A imunidade é uma limitação da competência tributária que 
produzirá a não incidência da norma tributária nos casos de 
taxa (CF, art. 5º, XXXIV), impostos (CF, art. 150, VI) e 
contribuições para a seguridade social (CF, art. 195, § 7º). 
Em relação aos impostos, o art. 150, inciso VI, da CF, diz que é 
vedado à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos 
municípios instituir impostos sobre: 
• bullet 
patrimônio, renda ou serviços uns dos outros; 
• bullet 
templos de qualquer culto; 
• bullet 
patrimônio, renda ou serviços dos partidos 
políticos, inclusive suas fundações, das entidades 
sindicais dos trabalhadores, das instituições de 
educação e de assistência social, sem fins 
lucrativos, atendidos os requisitos da lei; 
• bullet 
livros, jornais, periódicos e papel destinado à sua 
impressão. 
A imunidade recíproca é a expressão do pacto federativo ao 
definir que os entes federados e suas autarquias, como os 
conselhos de fiscalização profissional e fundações públicas, não 
podem fazer incidir impostos sobre o patrimônio, a renda ou os 
serviços, uns sobre os outros (ADI 939/DF), inclusive a OAB, 
que possui natureza sui generis (RE 259.976 – AgR/RS). 
O STF incluiu, neste campo de imunidade, as empresas públicas 
e a sociedade de economia mista, prestadoras de serviços 
públicos de prestação obrigatória e exclusiva do Estado (RE 
407.099/RS). 
DIREITO TRIBUTARIO 
Há pelo menos duas situações nas quais o patrimônio, a renda e 
os serviços das entidades públicas não são imunes: quando 
relacionados à exploração de atividades econômicas; e quando 
relacionados a atividades em que haja contraprestação ou 
pagamento de preços ou tarifas pelo usuário (MACHADO, 2019, 
p. 288). 
 
Assim, não estão imunes aos impostos sobre produtos industrializados (IPI) ou 
sobre circulação de mercadorias (ICMS), já que o contribuinte do primeiro é o 
industrial e o do segundo é o comerciante, que produzirá a saída do bem, com 
intuito de lucro, sendo a relação jurídica tributária instaurada entre estes e o 
Fisco. 
Segundo a Constituição Federal, não haverá instituição de 
tributos sobre o exercício das atividades religiosas (art. 150, VI, 
''b''), ou seja, não haverá tributação sobre as atividades 
litúrgicas essenciais da entidade religiosa (o espaço físico – 
templo e atividades da entidade). 
O STF entende que, se um imóvel que pertence a ente imune é 
alugado, ele não deixa de estar vinculado às finalidades 
essenciais do ente, não perdendo a imunidade (ALEXANDRE, 
2020, p. 234). 
Assim, segundo a Súmula Vinculante 52, do STF: 
 
Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU 
o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo 
art. 150, VI, "c", da Constituição Federal, desde que o valor 
dos aluguéis seja aplicado nas atividades para as quais tais 
entidades foram constituídas (BRASIL, 2015c). 
Contudo, para Hugo de Brito Machado (2019), um imóvel de 
entidade religiosa que realiza atividade econômica sem ligação 
com atividades religiosas deveria não ser imune, evitando 
concorrência desleal devido à livre iniciativa. No mesmo 
entendimento, imóveis alugados de entidades religiosas e seus 
rendimentos podem ser tributados. 
 
Em seguida, o art. 150, VI, “c”, da Constituição Federal de 1988, 
veda a instituição de impostos sobre o patrimônio, a renda ou 
serviços dos partidos políticos, das entidades sindicais e 
DIREITO TRIBUTARIO 
das instituições de educação ou de assistência social, sem fins 
lucrativos. 
O imóvel, então, pertence às instituições de educação e de 
assistência social sem fins lucrativos, ainda quando alugado a 
terceiros, desde que a renda dos aluguéis seja aplicada às 
atividades essenciais de tais entidades (BRASIL, 2003). 
Não ter fins lucrativos, segundo o art. 14 do Código Tributário Nacional, 
significa: 
• bullet 
Não distribuir qualquer parcela de seu 
patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título; 
• bullet 
Aplicar integralmente no País os seus recursos, 
na manutenção dos seus objetivos institucionais; 
• bullet 
Manter escrituração de suas receitas e despesas 
em livros revestidos de formalidades, capazes de 
assegurar sua exatidão. 
Segundo a decisão do STF, "a imunidade tributária subjetiva 
aplica-se a seus beneficiários na posição de contribuinte de 
direito, mas não na de simples contribuinte de fato, sendo 
irrelevante para a verificação da existência do beneplácito 
constitucional a repercussão econômica do tributo envolvido” 
(BRASIL, 1977). 
Nos casos de livros, jornais, periódicos e papel destinado à sua 
impressão, a imunidade cultural, também chamada de 
imunidade objetiva, refere-se aos impostos ICMS, IPI, II e IE, 
em que são incluídas apostilas, filmes e papéis fotográficos. 
Além disso, segundo a Súmula Vinculante 57, a imunidade 
tributária constante do art. 150, VI, ''d'', da CF/88 aplica-se à 
importação e à comercialização, no mercado interno, do livro 
eletrônico (e-book) e dos suportes exclusivamente utilizados 
para fixá-los, como leitores de livros eletrônicos (e-readers), 
ainda que possuam funcionalidades acessórias (BRASIL, 2020). 
DIREITO TRIBUTARIO 
Depois de elencar essas diferentes imunidades, é importante 
mencionar que há diferenças entre as não incidências, 
a isenção e a alíquota zero (Quadro 5), já que, para a primeira, 
não há instituição de tributo e, para as duas últimas, há 
instituição, mas não há cobrança.Quadro 5. Não incidência, isenção e alíquota zero. Fonte: ALEXANDRE, 2020, p. 211. 
(Adaptado). 
 
VAMOS REFORÇAR O QUE APRENDEMOS 
ATÉ AGORA? 
A imunidade recíproca é a expressão do pacto federativo ao definir que 
os entes federados e suas autarquias não podem fazer incidir impostos 
sobre o patrimônio, a renda ou os serviços, uns sobre os outros. Assim, 
podemos apontar como reciprocamente imunes: 
Os conselhos de fiscalização profissional e fundações privadas. 
Correctly unselected 
Os templos religiosos, as fundações públicas e a OAB. 
Correctly unselected 
As prestadoras de serviços públicos de prestação obrigatória e 
exclusiva do Estado. 
DIREITO TRIBUTARIO 
Correctly selected 
ENVIAR 
Correta 
👍 
Muito bem, a resposta está correta! 
Conforme vimos no tópico “Imunidades”, a imunidade recíproca 
abrange os conselhos de fiscalização profissional e fundações 
públicas, inclusive a OAB, e as empresas públicas e sociedades 
de economia mista, bem como as prestadoras de serviços 
públicos de prestação obrigatória e exclusiva do Estado. 
O tributo 
Seção 5 de 5 
 
O art. 3º do Código Tributário Nacional (CTN) conceitua o 
tributo com base na apresentação de seus elementos, sendo 
eles: 
• bullet 
O caráter pecuniário da prestação tributária (como a 
prestação em moeda); 
• bullet 
A compulsoriedade dessa prestação, ou seja, a prestação 
do tributo deve ser prevista por lei; 
• bullet 
A natureza não sancionatória de ilicitude, já que o tributo 
está previsto na lei; 
• bullet 
A prestação “instituída em lei”, já que a obrigação 
tributária é lastreada pela lei; 
• bullet 
A natureza vinculada (ou não discricionária) da atividade 
administrativa, mediante a qual se cobra o tributo. 
DIREITO TRIBUTARIO 
Ao analisarmos o caráter pecuniário da prestação tributária, 
podemos perceber que, apesar de haver proibição de o tributo in 
natura ser pago em serviços ou bens, a Lei Complementar 
104/2001 acresceu, ao art. 156 do CTN, o inciso XI, que permite a 
dação em pagamento de bens imóveis como forma de extinção 
do crédito tributário. 
Além disso, a Portaria PGFN n. 32, de 08 de fevereiro de 2018, 
regulamenta o procedimento de dação em pagamento de bens 
imóveis para extinção de débitos de natureza tributária 
inscritos em dívida ativa da União. 
 
CURIOSIDADE 
Em 26 de abril de 2007, a Lei distrital 1624/97, que 
dispunha sobre o pagamento de débitos de 
microempresas e das empresas de pequeno e médio 
porte, mediante dação em pagamento de materiais, foi 
julgada como inconstitucional pela Ação Direta de 
Inconstitucionalidade (ADI) 1917, sob a relatoria do 
ministro Ricardo Lewandowski, com fundamento de que 
somente por lei federal é que se poderia criar a dação em 
pagamento por bens móveis. 
Compulsoriedade da prestação 
A compulsoriedade da prestação refere-se ao dever de pagar o 
tributo, independentemente da vontade do contribuinte, já que 
DIREITO TRIBUTARIO 
não poderá se constituir em sanção de ato ilícito por se tratar de 
receita derivada. Esta compulsoriedade está prevista nos 
tributos, mas não na multa, pois o primeiro não 
possui finalidade sancionatória, enquanto a segunda se 
apresenta como uma sanção. O tributo só pode ser criado por 
lei, complementar ou ordinária, ou medida provisória. Este fato 
decorre do princípio democrático, em que o povo elege os seus 
representantes. 
Por fim, a prestação cobrada mediante atividade administrativa 
plenamente vinculada é advinda de lei e, por isso, a prestação é 
compulsória. A atividade vinculada é aquela na qual a 
autoridade administrativa não goza de liberdade para apreciar a 
conveniência nem a oportunidade de agir (MACHADO, 2019, 
p.62). 
 
CLASSIFICAÇÃO DOS TRIBUTOS 
 
Até hoje, os estudiosos do Direito debatem sobre a classificação 
dos tributos em espécie, de modo que sugiram quatro principais 
correntes (Quadro 6): 
Clique nas setas para saber mais 
1 
Corrente bipartite 
A primeira delas, a corrente bipartite, dividiu os tributos em 
tributos vinculados e não vinculados, sendo que os primeiros se 
referem a uma atividade estatal vinculada (taxa) e os segundos, 
a, uma não vinculada (impostos). 
 
Corrente tricotômica ou tripartite 
A segunda classificação de tributos, a corrente tricotômica, ou 
tripartite (art. 4º e 5º do CTN), divide os tributos em não 
vinculados (impostos), vinculados (taxa) e atividades 
vinculadas com base na valorização de imóveis, referente a uma 
obra pública (contribuição de melhoria). 
A contribuição parafiscal e o empréstimo compulsório não são 
tidos como uma nova espécie tributária, pois (RIBEIRO, 2013, p. 
09): 
DIREITO TRIBUTARIO 
a contribuição parafiscal que se utilizar do fato gerador da 
taxa, como a contribuição previdenciária do empregado, taxa 
será. O empréstimo compulsório que se utilizar do fato 
gerador do imposto (o que quase sempre acontece) será 
imposto. 
 
Corrente quadripartite 
Em seguida, a corrente quadripartite possui divergência entre 
os seus expositores. Enquanto Ribeiro de Moraes (1995) 
salienta que há quatro espécies tributárias (impostos, taxas, 
contribuição de melhoria e contribuições parafiscais) e entende 
que os empréstimos compulsórios são tidos como impostos 
restituíveis, Ricardo Lobo Torres (2001) e Fabio Fanucchi 
(1986) possuem entendimento diverso. 
Para eles, os tributos são impostos, taxas, contribuições 
especiais (contribuição de melhoria e contribuições parafiscais) 
e empréstimos compulsórios (Figura 1). 
 
Corrente quinquipartite 
Por fim, a corrente quinquipartite é a abarcada pela 
Constituição Federal de 1988, em que impostos, taxas e 
contribuições de melhoria têm como base o seu fato gerador, ou 
fato jurígeno, que dá ensejo à tributação e às contribuições 
especiais, enquanto o empréstimo compulsório tem como 
finalidade a destinação legal do produto de arrecadação. 
 
DIREITO TRIBUTARIO 
 
 
IMPOSTOS, TAXAS E CONTRIBUIÇÕES 
 
Segundo o art. 16 do CTN, os impostos não possuem finalidade 
específica, ou seja, são instituídos e arrecadados em virtude de 
lei, decorrente de manifestação de riqueza por parte do 
contribuinte. 
O art. 145, §1º, da CF, salienta que os impostos são graduados conforme a 
capacidade econômica ou a capacidade contributiva do contribuinte, que são 
divididas em: 
Clique nos botões para saber mais 
Competência tributária privativa 
– 
Impostos federais (art. 153, CF), impostos estaduais e do Distrito 
Federal (art. 155, CF), e impostos municipais e do Distrito Federal (art. 
156, CF); 
Competência tributária residual 
– 
DIREITO TRIBUTARIO 
Impostos extraordinários (art. 154, II, CF), leis completares, com novos 
fatos geradores e bases de cálculo, e não cumulatividade; 
Competência tributária extraordinária 
– 
Impostos extraordinários de guerra (art. 155 e 156, CF). 
O art. 77 do CTN conceitua taxa e prevê dois fatos geradores: 
Taxa de polícia 
O primeiro destes, a taxa de polícia, é conceituada no art. 78 do 
CTN e refere-se ao regular exercício do poder de polícia 
(legalidade ou legitimidade), detido pelo agente público quando 
de sua atuação, exercida mediante o estrito cumprimento legal, 
respeitando a vinculação de seu exercício ao devido processo 
legal e à efetividade deste exercício do poder. 
Taxa de serviço público 
O segundo fato gerador, a taxa de serviço público, segundo o 
art. 79 do CTN, é a utilização efetiva (quando contribuinte 
utiliza o serviço público) ou potencial (quando o serviço público 
de utilização compulsória é colocado à disposição do 
contribuinte mediante atividade administrativa em efetivo 
funcionamento) do serviço público. 
 Contudo, por exemplo, o serviço de iluminação pública não 
poderá ser remunerado por meio de taxa (BRASIL, 2015b), pois 
não se enquadra em qualquer uma das duas características do 
serviço público, que pode ser: 
• 1 
1 
Serviço específico, realizado em unidades autônomas de 
intervenção, de utilidade ou de necessidade públicas; 
• 2 
2 
Serviço divisível, suscetívelde utilização, separadamente, 
por parte de cada um dos seus usuários. 
Há diferenças entre a taxa e o preço público, sendo que a 
primeira refere-se à receita derivada (surgem de uma 
imposição legal e são instituídas por pessoas jurídicas de direito 
público) e a segunda refere-se à receita originária (não surgem 
de uma imposição legal e são cobradas por pessoas jurídicas de 
DIREITO TRIBUTARIO 
direito privado, decorrentes de serviço público, e praticadas por 
elas). 
Assim, ''preços de serviços públicos e taxas não se confundem, 
porque estas, diferentemente daqueles, são compulsórias e têm 
sua cobrança condicionada à prévia autorização orçamentária, 
em relação à lei que as instituiu" (BRASIL, 1969). 
 
CURIOSIDADE 
O pedágio, por exemplo, é considerado uma taxa, quando 
instituído e arrecadado por uma pessoa jurídica de direito 
público, e é tomado como preço público, quando cobrado 
por uma pessoa jurídica de direito privado. 
Contribuição de melhoria 
A contribuição de melhoria é uma espécie tributária decorrente 
de uma obra pública nova, conforme salientado pelos art. 81 e 
art. 82, do CTN, e pelo art. 145, III, da Constituição Federal. 
Em primeiro lugar (art. 82, I, CTN), o dispositivo exige a publicação prévia de 
elementos como: 
• bullet 
Um memorial descritivo do projeto; 
• bullet 
O orçamento do custo da obra; 
• bullet 
A determinação da parcela do custo da obra, a ser 
financiada pela contribuição; 
• bullet 
DIREITO TRIBUTARIO 
A delimitação da zona beneficiada; 
• bullet 
A determinação do fator de absorção do benefício de 
valorização para toda a zona, ou para cada uma das áreas 
diferenciadas nela contidas. 
Cálculo da contribuição 
O cálculo da contribuição de melhoria se dá pela lei 
instituidora, que deve determinar a parcela do custo da obra a 
ser financiada pelo tributo (art. 82, I, "c", CTN) e pela 
contribuição relativa a cada imóvel, que será determinada pelo 
rateio da parcela do custo da obra e pelos imóveis situados na 
zona beneficiada, em função dos respectivos fatores individuais 
de valorização (art. 82, I, CTN). 
Empréstimo compulsório 
Em seguida, a espécie tributária empréstimo compulsório, de 
natureza vinculada, visa à entrada de recursos temporários aos 
cofres da União, por meio de lei complementar, pois somente 
este ente poderá instituí-lo, conforme determina o art. 148 da 
Constituição Federal. Além disso, o § único do art. 15 do CTN 
determina que a lei instituidora deste ensejo tributário deverá 
apresentar como será sua restituição. Assim, os requisitos desse 
empréstimo, expostos na CF, estipulam que ele serve (BRASIL, 
1988): 
 
I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de 
calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; e 
II - no caso de investimento público de caráter urgente e de 
relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 
150, III, b. 
Contribuições especiais 
Por fim, as contribuições especiais estão previstas no art. 149 
da Constituição Federal e são de criação exclusiva da União. Elas 
representam um gênero de contribuição subdividida em 
subespécies como as contribuições sociais; a contribuição de 
intervenção no domínio econômico (CIDE); as contribuições 
corporativas; e a contribuição para o custeio do serviço de 
iluminação pública (COSIP). 
As contribuições sociais, segundo o STF (RE 138.284-8/CE), são 
divididas em (BRASIL, 1992): 
• 1 
DIREITO TRIBUTARIO 
1 
Contribuições de seguridade social (art. 194, CF): ações 
destinadas ao tripé saúde, previdência social e assistência 
social, dispostas no art. 195 da Constituição Federal; 
• 2 
2 
Outras contribuições sociais (art. 195, § 4º da CF): 
contribuições residuais à seguridade social; e 
• 3 
3 
Contribuições sociais gerais (art. 212, § 5º da CF): 
contribuições destinadas ao custeio de áreas diversas, 
dentro do campo social, como o salário-educação. 
Contribuição de intervenção do domínio econômico (CIDE) 
A contribuição de intervenção do domínio econômico (CIDE) é 
de competência da União e tem finalidade de intervir em 
determinada situação econômica ou social (ALEXANDRE, 2020, 
p. 104), como, por exemplo, a CIDE-Royalteis, a CIDE-
Remessas ou a CIDE-Tecnologia, criada pela Lei 10.168/2000, e 
a CIDE-Combustíveis. 
Contribuições corporativas 
As contribuições corporativas são contribuições de interesse 
das categorias profissionais ou econômicas. Esta subespécie 
tributária tem como finalidade o financiamento de atividades 
representativas ou fiscalizatórias de categorias profissionais 
(CREA, OAB e CRM, por exemplo) ou econômicas (corporações). 
A contribuição sindical é destinada aos sindicatos por seus 
afiliados (BRASIL, 2015a). Todavia, com a Reforma Trabalhista, 
esta deixou de possuir natureza tributária, pois passou a ser 
uma liberalidade do trabalhador. 
Contribuição de iluminação pública 
Por fim, a contribuição de iluminação pública (COSIP) é uma 
subespécie de contribuição especial, criada pela EC 32/2002, 
como sucedâneo de cobrança da taxa de iluminação pública, 
declarada inconstitucional pelo STF (Súmula 41 do STF). A 
competência para a criação da COSIP é dos municípios e do 
Distrito Federal. Segundo o Supremo Tribunal Federal, a COSIP 
é um tributo sui generis, não podendo ser considerado nem 
DIREITO TRIBUTARIO 
imposto nem taxa, já que sua finalidade é específica, mas não 
individualizada (ALEXANDRE, 2020). 
 
VAMOS REFORÇAR O QUE 
APRENDEMOS ATÉ AGORA? 
 
A contribuição de melhoria é uma espécie tributária decorrente de uma 
obra pública nova. Em relação aos requisitos para sua instituição, então, 
podemos apontar: 
A delimitação da zona beneficiada e não beneficiada. 
Correctly unselected 
O memorial descritivo do projeto. 
Correctly selected 
O orçamento dos imóveis beneficiados e não beneficiados. 
Correctly unselected 
ENVIAR 
Correta 
👍 
Muito bem, a resposta está correta! 
Conforme vimos no tópico “Impostos, taxas e contribuições”, o 
art. 82, I, da CTN exige a publicação prévia, para instituição da 
contribuição de melhoria, de elementos como: um memorial 
descritivo do projeto; o orçamento do custo da obra; a 
determinação da parcela do custo da obra, a ser financiada pela 
contribuição; a delimitação da zona beneficiada; e a 
determinação do fator de absorção do benefício de valorização 
para toda a zona, ou para cada uma das áreas diferenciadas nela 
contidas. 
 
 
 
 
 
 
DIREITO TRIBUTARIO 
UNIDADE 2. 
Constitucional Tributário 
Paulo Roberto de Souza Junior 
OBJETIVOS DA UNIDADE 
Entender as normas que compõem a legislação tributária e 
diferenciá-las em primárias e secundárias; 
 
Discutir a vigência e a aplicação da legislação tributária; 
 
Verificar os aspectos da hipótese de incidência; 
 
Analisar a interpretação da legislação tributária. 
TÓPICOS DE ESTUDO 
 
Fontes do Direito Tributário 
// A lei tributária e a legislação tributária 
// Lei ordinária e lei complementar 
// Normas complementares 
 
Vigência e aplicação da legislação tributária 
// Vigência das leis tributárias 
// Vigência no tempo (princípio da anterioridade) 
 
Interpretação e integração à legislação tributária 
// Classificação da interpretação da lei tributária com base no 
sentido da norma 
// Quanto à fonte de interpretação da norma jurídica tributária 
// Interpretação quanto ao método: gramatical, lógica, sistemática, 
histórica e teológica 
// Interpretação quanto aos efeitos ou resultados: declaratória, 
extensiva e restritiva 
• 
Hipótese de incidência 
 
DIREITO TRIBUTARIO 
Fontes do Direito Tributário 
Seção 2 de 5 
O direito possui fontes que têm como função evidenciar sua 
interpretação, origem e raízes, indicando ao seu operador um 
norte, um caminho para a criação de normas que visem solucionar 
uma possível demanda. Essas fontes se dividem em materiais e 
formais: a primeira possibilita a criação de uma norma jurídica; a 
segunda sua aplicabilidade. 
 
Seguindo o princípio da legalidade em matériatributária, o campo 
principal de produção de regramentos dentro do Direito Tributário 
é a lei, definida como ato normativo primário (norma jurídica) 
oriundo do Poder Legislativo. Assim, existem dois tipos de normas 
jurídicas: a norma geral abstrata e a norma individual, que é 
específica. 
Assim, dentro do Direito Tributário, por possuir caráter geral e 
abstrato, a orientação do delegado de uma repartição fiscal aos 
contribuintes de determinado imposto é definida como um ato 
normativo e, devido a isso, integra a legislação tributária. 
Entretanto, uma decisão administrativa de determinado órgão de 
jurisdição administrativa referente a uma impugnação realizada 
pelo contribuinte possui caráter concreto e, assim, não integra a 
legislação tributária. O ato normativo poderá ser conceituado 
como: 
[...] uma norma jurídica que estabelece ou sugere 
condutas de modo geral e abstrato, ou seja, sem 
destinatários específicos e tratando de hipóteses. 
Atos normativos, como o próprio nome sugere, têm 
carga normativa, ou seja, estabelecem normas, 
regras, padrões ou obrigações (BRASIL, 2017, p. 3). 
É importante mencionar que atos tidos como periféricos por 
apenas nortearem o campo do Direito Tributário não necessitam 
serem construídos por uma lei, conforme reza o art. 100 do CTN 
(BRASIL, 1966). 
 
DIREITO TRIBUTARIO 
A LEI TRIBUTÁRIA E A LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 
 
 
O Código Tributário Nacional difere da lei de legislação, posto que a 
lei é o ato jurídico elaborado pelo poder competente no exercício 
da função que lhe coube por determinação da Constituição Federal 
e da legislação. Assim, esse ato jurídico “compreende as leis, os 
tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas 
complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos 
e relações jurídicas a eles pertinentes” (BRASIL, 1966, n.p.). Isso 
posto, no campo tributário há normas legais e infralegais 
decorrentes dos capítulos III e IV do texto constitucional de 1988 
(BRASIL, 1988). 
As normas legais são deflagradas através de um processo 
legislativo que compreende a elaboração de emendas à 
constituição, Leis Complementares, Leis Ordinárias, leis delegadas, 
medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções, os quais 
terão aplicabilidade dentro do Direito Tributário. Já as normas 
infralegais são oriundas do Poder Executivo e do Poder Judiciário. 
A lei possui dois sentidos: material, regra de direito objetivo, e 
dotada de hipoteticidade, como salientado por Hugo de Brito 
Machado (2020), modalidade na qual a lei expressa a hipótese de 
incidência que, uma vez realizada, definirá a obrigação tributária, 
configurando o sujeito ativo e o sujeito passivo. O segundo sentido 
é o formal, ato produzido pelo Poder Legislativo como, por 
exemplo, a Lei Ordinária ou Complementar no campo tributário. 
Assim, o art. 97 do CTN define que somente por lei poderá ser 
estabelecido: 
a) A instituição de tributos, ou a sua extinção; 
b) A majoração de tributos ou sua redução, com as ressalvas que indica; 
c) A definição do fato gerador da obrigação principal e do seu sujeito passivo; 
DIREITO TRIBUTARIO 
d) A fixação da alíquota do tributo e de sua base de cálculo, com as ressalvas 
que menciona; 
e) A cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus 
dispositivos, ou para outras infrações nela definidas; 
 f) As hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de 
créditos tributários, ou dispensa ou redução de 
penalidades (BRASIL, 1966, n.p.) (Adaptado). 
Equipara-se a majoração do tributo à modificação de sua base de 
cálculo, que busca tomá-lo mais oneroso (art. 97, § 1º), mas não à 
simples atualização monetária (art. 97, § 2º). Dessa maneira, a 
legislação tributária brasileira segue o desenho da pirâmide de 
Hans Kelsen, que define em seu vértice a Constituição Federal e na 
seção mais baixa normas e atos de cunho individual. 
 
 
Figura 1. O ordenamento jurídico brasileiro e as normas tributárias primárias e 
secundárias. 
 
DIREITO TRIBUTARIO 
// Constituição Federal e suas emendas 
 
As normas gerais do Direito Tributário estão presentes na 
Constituição Federal de 1988, na qual são definidas as 
competências e suas limitações; os princípios constitucionais 
tributários; as características das espécies tributárias previstas na 
legislação tributária; e seu processo legislativo produtivo, bem 
como a esfera de atuação de cada norma jurídica tributária. 
Esta base da estruturação do Direito Tributário faculta aos entes 
federados (União Federal, Estados, Distrito Federal e Municípios) o 
poder de tributar dentro dos limites constitucionais, 
estabelecendo, portanto, competências e limitações. Respeitado o 
art. 60, 4º da Constituição Federal, que trata sobre cláusulas 
pétreas, a constituição poderá ser alterada através de Emendas 
Constitucionais, inclusive na parte tributária, desde que 
respeitados os direitos e garantias dos contribuintes. 
// Emendas Constitucionais 
 
As emendas tributárias, no campo do Direito Tributário, visam 
alterar os elementos que integram o Sistema Tributário Nacional, 
como a modificação da competência para instituir determinado 
tributo ou a redefinição do perfil de certo tributo, as quais deverão 
seguir os ditames do art. 60 da CF de 1988 (BRASIL, 1988). Tanto as 
emendas à constituição como a própria Constituição Federal não 
criam tributos, visto que somente disciplinam competências para 
os entes federados os instituírem. Todavia, segundo Luciano 
Amaro, 
[...] a Emenda Constitucional de Revisão n. 1/94 disciplinou 
diretamente certas contribuições sociais, referindo-se a 
alíquotas, base de cálculo, contribuintes etc, atropelando, dessa 
forma, o processo legislativo (que, normalmente, supõe a sanção 
do Poder Executivo para a criação ou modificação de tributo) 
(2019, p. 195). 
LEI ORDINÁRIA E LEI COMPLEMENTAR 
Partindo do pressuposto de que a Constituição Federal não cria 
tributos, visto que esta faculta aos entes federados tal tarefa 
DIREITO TRIBUTARIO 
através do exercício do poder de tributar, a Lei Complementar, em 
regra, também não os cria. O instrumento de criação destes atos 
normativos legais pelos entes federados é a Lei Ordinária, a qual 
define os elementos necessários para que a espécie tributária 
exista legalmente. Entretanto, há espécies em que a constituição 
determina que o processo legislativo em vigor seja através de uma 
Lei Complementar, como é o caso dos empréstimos compulsórios. 
 
 
EXPLICANDO 
As Leis Ordinárias e complementares se diferem nos 
aspectos formal e material. Quanto ao aspecto material, a 
Lei Complementar refere-se à matéria expressamente 
prevista na Constituição Federal, ao passo que a Lei 
Ordinária poderá ser objeto de qualquer matéria. Já o 
aspecto formal diz respeito ao quórum de votação. A 
aprovação de uma Lei complementar dar-se-á através do 
DIREITO TRIBUTARIO 
quórum de maioria absoluta, enquanto que a Lei Ordinária 
exige o quórum de maioria simples (ALMEIDA, 2009). 
Observe o Quadro 1, que demonstra as diferenças entre Lei 
Complementar e Lei Ordinária no referido aspecto ou campo 
formal. 
Quadro 1. Diferenças entre Lei Ordinária e Lei Complementar. 
Como visto, as leis Complementares possuem características 
próprias e visam, no campo tributário: 
 
// Lei Delegada 
 
As Leis Delegadas são delegações dadas ao Presidente da República pelo 
Congresso Nacional (art. 68 da CF/88). Assim, através desta produção 
legislativa, poderá instituir-se uma espécie tributária, desde que não 
DIREITO TRIBUTARIO 
aquelas nas quais a Constituição Federal define o processo legislativo 
para sua criação. 
// Medidas provisórias 
 
Até a promulgação da emenda constitucional nº 32, de 2001, havia 
a discussão sobre a possibilidade ou não da criação de uma 
espécie tributária por medida provisória, um ato com força de lei 
expedido pelochefe do Poder Executivo, em casos de relevância e 
urgência (art. 62 da Constituição Federal). Lembrando que a “força 
de lei significa ter aptidão para inovar no ordenamento jurídico, 
criando novos direitos e obrigações” (ALEXANDRE, 2020, p. 279). 
Assim, a medida provisória poderá ser expedida pelos 
governadores e prefeitos, desde que presente na Constituição 
Estadual e na Lei Orgânica Municipal, respectivamente. 
Com a promulgação da EC nº 32, de 2001, definiu-se que não há 
óbice de edição da medida provisória em matéria tributária 
reservada à Lei Ordinária, exceto os impostos previstos nos arts. 
153, I, II, IV, V, e 154, II da Constituição Federal (BRASIL, 1988). O art. 
62 § 2º, incluído pela referida EC salienta que a 
[...] medida provisória que implique instituição ou 
majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 
153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no 
exercício financeiro seguinte se houver sido 
convertida em lei até o último dia daquele em que foi 
editada (BRASIL, 1988, n.p.). 
Ressalta-se que há um debate doutrinário acerca do uso ou não de 
medidas provisórias na esfera tributária. Enquanto alguns 
discordam de seu uso, há outros autores que são favoráveis à sua 
utilização. Já os poderes Legislativo e Judiciário não são contra este 
uso. Por fim, é necessário evidenciar que os tributos instituídos por 
Lei Complementar não poderão ser instituídos por medida 
provisória, uma vez que estas serão convertidas ao final do 
processo legislativo com sua promulgação em Lei Ordinária. 
// Tratados internacionais 
 
Mazzuoli salienta que o STF se posicionou sobre a temática através 
do Recurso Extraordinário 80.004- SE (RTJ 83/809): 
DIREITO TRIBUTARIO 
[...] dentro do sistema jurídico brasileiro, em que 
tratados e convenções guardam estrita relação de 
paridade normativa com as Leis Ordinárias editadas 
pelo Estado, a normatividade dos tratados 
internacionais permite, no que concerne à hierarquia 
das fontes, situá-los no mesmo plano e no mesmo 
grau de eficácia em que se posicionam as nossas leis 
internas (2012, p. 17). 
O CTN, em seu art. 98, estabelece que os tratados e convenções 
internacionais revogam ou modificam a legislação tributária 
interna; todavia, Machado (2019) diz que se trata de Lei 
Complementar, e Não Ordinária. Somente a União poderá celebrar 
tratados internacionais, visto que, segundo a Constituição Federal 
de 1988, é o único ente competente para tanto. Assim, quem 
legisla sobre estes tratados é o Congresso Nacional. 
 
// Resoluções do Senado Federal e do Congresso Nacional 
 
A Constituição Federal foi a responsável por definir a competência 
exclusiva para a expedição de resoluções pelo Senado Federal e 
pelo Congresso Nacional. Assim, através de resoluções do 
Congresso Nacional, há publicidade de rejeição das medidas 
provisórias e, por sua delegação, o Presidente da República poderá 
editar as Leis Delegadas. 
As resoluções do Senado Federal, órgão que representa os Estados 
da Federação no Congresso Nacional, definem os limites de 
alíquotas dos impostos estaduais, conforme reza o art. 155, § 1º, IV; 
§ 2º, IV e V da Constituição Federal de 1988: 
- ITDC - imposto de transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou 
direitos; 
- ICMS - imposto sobre operações relativas à 
circulação de mercadorias e sobre prestações de 
serviços de transporte interestadual e intermunicipal 
e de comunicação, ainda que as operações e as 
prestações se iniciem no exterior (BRASIL, 1988). 
// Decretos legislativos 
 
DIREITO TRIBUTARIO 
Os decretos legislativos são atos exclusivos do Congresso Nacional 
e competem dispor sobre medidas provisórias não convertidas em 
lei, seja devido ao seu decurso de prazo ou quando não acatada 
pelo Congresso Nacional. 
 
NORMAS COMPLEMENTARES 
 
As normas complementares, segundo o art. 100 do CTN, são: atos 
normativos das autoridades administrativas (portarias, ordens de 
serviço, instruções normativas, entre outros); decisões 
administrativas dotadas de eficácia normativa (decisões de órgãos 
singulares ou coletivos); e práticas reiteradas das autoridades 
administrativas (decisões reiteradas, as quais poderão ser alvo de 
alteração, mas apenas para casos futuros). 
// Decretos e regulamentos do Poder Executivo 
 
Os decretos regulamentares são atos expedidos pelo chefe do 
Poder Executivo e restringem o conteúdo e o alcance das leis em 
função de serem expedidos com base nas regras de interpretação, 
segundo o art. 99 do CTN. Já os regulamentos tributários são 
expedidos pelo Ministério de Estado competente e demais 
autoridades previstas em lei específica. 
// Instruções ministeriais, portarias e ordens de serviços 
 
As instruções ministeriais estão no plano secundário das normas 
brasileiras e suas funções incluem regulamentar normas dentro de sua 
pasta na ausência de orientação do chefe do Poder Executivo, o 
Presidente da República, ou corrigir lacunas nestas. As portarias, por 
seu turno: 
[...] consubstanciam regras gerais ou individuais que o 
superior edita para serem observadas por seus 
subalternos. Ocorrem em todos os degraus da escala 
hierárquica, desde os ministérios até as mais simples 
repartições do serviço público. Prestam-se não só 
para veicular comandos administrativos gerais e 
especiais, como também para designar funcionários 
para o exercício de funções menores, abrir 
sindicâncias e inaugurar procedimentos 
administrativos (CARVALHO, 2019, p. 119). 
DIREITO TRIBUTARIO 
Assim, as ordens de serviço são regras concretas destinadas a 
quem irá realizar tal providência ou determinado ato. 
// Circulares 
 
Já as circulares, ainda segundo Carvalho: 
[...] encerram normas jurídicas de caráter infralegal e 
visam à ordenação uniforme do serviço 
administrativo. Seu campo de validade, porém, é 
restrito a setores específicos, destinando-se a orientar 
determinados agentes cometidos de atribuições 
especiais. Não desfrutam, como se vê, da 
generalidade própria das instruções ministeriais 
(2019, p. 119). 
Assim, sua função é a orientação de pessoas que possuem 
posições estratégicas ou especiais dentro da estrutura estatal. 
// Convênios 
 
Há dois tipos de convênios sobre as matérias de Direito Tributário: 
os que identificam a fiscalização e arrecadação de tributos, como é 
o caso do ITR - o Imposto Territorial Rural entre União e Municípios, 
e a troca de interesse fiscal entre os entes federados (EC nº 
42/2003); e os tidos como normas complementares. Os convênios 
tidos como normas complementares são uma ferramenta 
importante na interpretação das leis e estão previstos nos arts. 
199, 213 e 214 do CTN. 
 
Vigência e aplicação da legislação 
tributária 
Seção 3 de 5 
 
A lei é válida quando for formal e materialmente constitucional; 
vigente quando encerrado seu ciclo de produção e esta for 
publicada, mas não revogada; e eficaz quando está apta a produzir 
os efeitos pretendidos quando de sua proposição. 
DIREITO TRIBUTARIO 
Para ser considerada eficaz, todavia, “é necessário também que a 
lei não tenha sido declarada inconstitucional pelo STF em sede de 
controle concentrado, ou suspensa pelo Senado Federal ou que 
tenha declaração de inconstitucionalidade pelo STF em sede de 
controle difuso” (ALEXANDRE, 2020, p. 298). 
É importante salientar que os casos de interpretação literal estão 
previstos no art. 111 do CTN (BRASIL, 1966) e de interpretação mais 
benigna no art. 122 do CTN (idem). Os casos de interpretação literal 
previstos no referido artigo se referem a determinados casos que 
se constituem como exceção, posto que a regra do CTN realiza o 
fato gerador e constitui o crédito tributário. Se a infração ocorrer, a 
penalidade deverá ser aplicabilidade ao contribuinte. 
 
VIGÊNCIA DAS LEIS TRIBUTÁRIAS 
 
Primeiramente, a Quadro 2 evidencia a diferença entre a vigência 
no tempo e a vigência no espaço. 
 
Quadro 2. Resumode vigência: tempo e espaço. 
A vigência da Lei Tributária é conceituada por Machado: 
Vigência é a aptidão para incidir, vaie dizer, para dar significação 
jurídica aos fatos. Para produzir efeitos jurídicos no plano 
abstrato. Lei vigente pode incidir e, assim, dar a seu suporte 
fático um significado jurídico. Se a lei é vigente e ocorre a 
DIREITO TRIBUTARIO 
situação nela prevista como hipótese de incidência, 
inevitavelmente incide (2019, p. 43). 
A partir do momento em que lei vigente cumpriu seu ciclo de 
produção e foi publicada, não poderá ser revogada, mesmo que 
tenha defeitos a serem corrigidos. Os arts. 100 e 101 do CTN 
(BRASIL, 1966), estabelecem, respectivamente, o prazo de entrada 
em vigor do art. 103 do CTN – atos normativos de autoridades 
administrativas, decisões de órgãos singulares e coletivos e 
convênios; bem como a vigência da legislação tributária se rege 
pela Lei de Introdução ao Código Civil e pelas demais leis em vigor, 
respeitados os ditames do referido diploma legal. 
 
Quadro 3. A aplicação da legislação tributária e os fatos geradores futuros e 
pendentes. Fonte: ALEXANDRE, 2020, p. 307. 
A legislação tributária tem aplicabilidade imediata sob fatos 
geradores futuros e pendentes (art. 105 do CTN – princípio da 
irretroatividade) e atos ou fatos pretéritos nos casos do art. 106 do 
CTN; todavia, não atinge fatos já consumados. 
// Aplicação retroativa 
 
CURIOSIDADE 
A Lei Tributária poderá retroagir quando esta for dita como 
“interpretativa”, ou seja, aquela que não inova, apenas visa 
DIREITO TRIBUTARIO 
explicar o sentido de algo (dispositivo de Lei Tributária). 
Entretanto, exclui-se a aplicação de penalidade em 
decorrência de alguma infração dos dispositivos 
interpretados (BRASIL, 1966). 
A lei antiga é aplicável a fatos acontecidos à época de sua 
ocorrência; assim, a regra denominada direito intertemporal será 
utilizada quando uma nova lei for promulgada em relação a 
assuntos que a lei anterior tratava e quando o fato ocorreu 
durante o tempo em que aquela era vigente, conforme art. 106 do 
CTN (BRASIL, 1966). 
Neste sentido, o art. 106, II do CTN enumera os casos em a que lei 
poderá retroagir e ser aplicada, desde que não tenha havido o 
julgamento definitivo. Todavia, uma lei mais branda que venha a 
reduzir as alíquotas de certo tributo só poderá ser aplicada para 
casos futuros. A retroatividade prevista neste artigo (art. 106 do 
CTN), segundo o STJ, não é aplicável em relação às multas de 
natureza administrativa (penalidade administrativa). 
Em caso de sanção às infrações tributárias, poderá ser aplicada a 
lei mais favorável ao acusado, levando em conta o princípio in 
dubio pro reo devido à determinação contida no art. 112 do CTN 
(BRASIL, 1966). Para compreendermos o que é fato gerador 
pendente, é preciso entender o conceito de fato gerador previsto 
no art. 116 do CTN: 
(a) Tratando-se de situação de fato, desde o momento em que se verifiquem as 
circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que 
normalmente lhe são próprios; 
(b) Tratando-se de situação jurídica, desde o 
momento em que esteja definitivamente constituída, 
nos termos do direito aplicável (BRASIL, 1966, n.p.). 
DIREITO TRIBUTARIO 
Assim, Machado relata a aplicabilidade da situação de fato e da 
situação jurídica apresentada no artigo em referência. 
Na situação de fato o fato gerador se considera 
ocorrido, consumado, fora, portanto, do alcance de lei 
que venha a surgir, no momento em que se 
verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a 
que aquela situação de fato produza os efeitos que 
normalmente produz, porque lhe são próprios. Se é 
situação jurídica, o fato gerador se considera ocorrido 
no momento em que a mesma esteja definitivamente 
constituída, nos termos do direito a ela aplicável 
(2019, p. 99). 
Entende-se, portanto, que o fato gerador, dentro da esfera tributária, é 
uma situação de fato. Assim, fato gerador pendente é aquele que não foi 
consumado devido à ausência da conclusão de alguma das 
circunstâncias, fatos ou direitos (jurídicas), ou seja, teve início, mas 
não foi concluído. Por fim, os futuros nascerão quando determinada 
situação ocorrer. 
 
CURIOSIDADE 
O Imposto de Renda e os tributos com base na propriedade 
de bens (IPTU, ITR e IPVA) podem ser considerados como 
fatos geradores pendentes ou futuros devido à corrente 
doutrinária que se segue. Todavia, como se projetam ao 
longo de determinado tempo, são considerados fatos 
geradores periódicos. 
// A territorialidade e suas exceções 
 
DIREITO TRIBUTARIO 
A regra de fundamentação e aplicabilidade da legislação tributária 
é a territorialidade, ou seja, a vigência é aplicada dentro do espaço 
territorial do ente tributante que a promulgou. Assim, se o ente 
tributante é um munícipio situado no noroeste do Estado-membro, 
a vigência desta lei será restrita àquele ente federado. 
Alexandre menciona que “segundo o CTN, haverá também 
extraterritorialidade nos limites do que disponham o próprio 
Código ou outras normas gerais expedidas pela União” (2020, p. 
301), como poderá ocorrer pelo desmembramento territorial de 
um ente federado, em que sua constituição em definitiva, salvo 
disposição em contrário, conforme previsto o art. 120 do CTN 
(BRASIL, 1966), é a territorialidade. 
Todavia, esta territorialidade possui exceções tipificadas no art. 102 
do CTN (BRASIL, 1966), a extraterritorialidade nos limites em que é 
reconhecida nos convênios que participam os entes federados. 
VIGÊNCIA NO TEMPO (PRINCÍPIO DA 
ANTERIORIDADE) 
 
 
As Leis Tributárias terão o início de sua vigência postergadas 
através do princípio constitucional da anterioridade, segundo o art. 
104 do CTN (BRASIL, 1966), elaborado à luz da Emenda 
Constitucional 18/1965 e compatível com a Constituição Federal, 
segundo Amaro (2019). 
Neste caminho, o art. 104, III do CTN salienta que, ao revogar a 
isenção concebida, isto aumenta um tributo e amplia a hipótese de 
incidência. Assim, os ditames do princípio da anterioridade deverão 
ser seguidos. Não seguem este princípio da anterioridade os 
DIREITO TRIBUTARIO 
tributos extrafiscais e o imposto de guerra previsto no art.153, I, II, 
IV e V e art. 154, II, ambos da Constituição Federal (BRASIL, 1988). 
Em atenção ao princípio da irretroatividade no CTN (art. 105), não 
há exceções legais (art. 150, III, “a”, da CF, de 1988) em que se possa 
cobrar tributos antes da entrada em vigência da lei que os tenha 
instituído ou majorado. Neste sentido, a lei que inova o 
ordenamento jurídico deverá seguir este princípio. 
Quadro 4. Decisão do STF sobre os princípios irretroatividade e 
anterioridade. Fonte: BRASIL, 1964, n.p. (Adaptado). 
A Constituição Federal trouxe consigo o princípio da anterioridade, 
vedando a cobrança do tributo no mesmo exercício em que a lei foi 
promulgada ou sofreu majoração. Há algumas exceções, 
entretanto: em regra, as leis que criem ou majorem tributos só 
poderão ser aplicadas no próximo exercício daquele que foi 
editado, como mencionado. Todavia, caso a lei nada mencione 
sobre a aplicabilidade do princípio da anterioridade, segue-se o 
prazo de 90 dias para a entrada de sua vigência. Como já dito, o 
art. 103 do CTN define diferentes prazos para normas 
complementares. 
// Vigência no espaço (Leis Estrangeiras) 
 
Leis Estrangeiras poderão ser aplicadas no país desde que haja um 
tratado internacional dispondo tal situação. Em relação à vigência 
DIREITO TRIBUTARIO 
da Lei Tributária fora do território nacional, Amaro (2019) salienta 
que não há extraterritorialidade da Lei Brasileira devido ao 
elemento de conexão utilizado, domicílio do contribuinte no país 
ou local da produção do fato ocorrido no país, mesmo a pessoa 
estando no exterior. 
Todavia, somente a União Federal é quem poderá subscrever os 
tratados internacionais, e o Congresso Nacional irá ratifica-los.

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