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HIPODERMÓCLISE E PROCTÓLISE Simone Machado Kühn de Oliveira Técnicas de punção Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Descrever a técnica de punção com cateter sobre agulha (flexível) e cateter agulhado (scalp). � Identificar os locais de punção. � Explicar os cuidados necessários para manutenção da via de hipodermóclise. Introdução A punção venosa se trata de uma parte fundamental no cuidado do paciente internado. Com finalidades diferentes que podem variar da simples coleta de sangue para exames até a infusão de medicamentos ou grandes volumes de soluções por via endovenosa, a punção venosa periférica é uma atribuição dos profissionais de enfermagem e um procedimento que exige conhecimento técnico-científico para sua realização, na medida em que são adotados protocolos técnicos que permitem sua execução com maior segurança, diminuindo o risco de danos ou complicações. Neste capítulo, você estudará as técnicas de punção venosa com o cateter sobre agulha e o agulhado, os principais locais de punção venosa periférica e central, bem como os cuidados necessários para manutenção da via de hipodermóclise. Punção venosa periférica A punção venosa periférica pode ser feita com o objetivo de coletar sangue para a realização de exames laboratoriais ou para a administração de medicamentos ou soluções por via endovenosa. Trata-se de um procedimento invasivo que exige conhecimento técnico-científico, porque apresenta riscos relacionados à sua técnica ou possíveis reações decorrentes da sua realização. De acordo com Potter et al. (2009), a punção é realizada por meio do dispositivo do tipo cateter sobre agulha ( jelco ou abocath), quando o paciente necessitar de uso prolongado (dias), ou do cateter agulhado (scalp ou butterfly), quando ele fizer uso por curto período (realização de coletas, medicação em bólus ou por horas). O cateter sobre agulha é um dispositivo constituído de uma cânula flexível feita de polímero policloreto de vinila ou polímero poliuretano, com uma agulha de aço inoxidável interna, com bisel trifacetado, que permite a perfuração da pele e do vaso sanguíneo, sem que o dispositivo seja danificado — após a punção venosa, retira-se a agulha, ficando na veia apenas esse cateter. Seu calibre pode variar do 14G até o 24G, sendo que sua escolha é realizada de acordo com as condições da rede venosa do paciente e a finalidade da punção. Na Figura 1, você pode ver exemplos de cateter não agulhado flexível; já no Quadro 1, estão elencados seus padrões de números e cores, bem como suas indicações de uso. Figura 1. Cateter não agulhado (flexível). Fonte: Cateter... (2017, documento on-line). Técnicas de punção2 Existe um padrão de cores referente ao tipo de calibre do cateter não agulhado (flexível), e sua escolha adequada à punção depende da idade do paciente, das condições da sua rede venosa e da indicação de uso, conforme mostra o Quadro 1. A relação número (calibre) e tamanho do cateter é inversamente proporcional, quanto menor for o número desse dispositivo, maior será o seu tamanho. Fonte: Elaborado pela autora. Número Cor Indicação de uso 14G Laranja Ressuscitação, cirurgias, emergências, transfusões 16G Cinza Cirurgia vascular, emergências, transfusões 18G Verde Contraste, transfusões, cirurgias 20G Rosa Adulto, enfermaria, medicamentos 22G Azul Pediatria, oncologia, adulto, geriatria, medicamentos 24G Amarelo Bebês, crianças, oncologia, adultos com rede venosa frágil, geriatria Quadro 1. Padrão de números e cores do cateter flexível Já o cateter agulhado (scalp ou butterfly) é composto de uma agulha de aço inoxidável biocompatível, não flexível, e tem duas abas de plástico ou borracha presas a haste (agulha) e um tubo flexível (extensor) curto transparente, veja a Figura 2. Sua classificação é feita a partir dos números 19 (menos calibroso), 21, 23, 25 e 27 (mais calibroso). O primeiro passo para a realização da punção venosa é a escolha do dispo- sitivo adequado à prescrição médica. Para isso, avalia-se as condições clínicas do paciente, sua rede venosa e a finalidade da punção. Potter et al. (2009) ressaltam que a avaliação é fundamental para que a pessoa seja puncionada de forma segura e, assim, se diminuam os riscos de danos relacionados ao procedimento. 3Técnicas de punção Figura 2. Cateter agulhado (scalp). Fonte: Andrew Rafalsky/Shutterstock.com. Após essa avaliação inicial, você deve higienizar as mãos e separar o material necessário para punção, colocando-o em uma bandeja de aço inoxi- dável devidamente higienizada com álcool a 70%. Veja a seguir o que usar na punção venosa periférica: � luvas de procedimentos; � óculos de proteção individual; � garrote. Cateter flexível (abocath) e equipo extensor (Figura 3) ou dânula (torneira três vias, ver Figura 4) preenchido com soro fisiológico a 0,9% ou: � cateter agulhado (scalp) preenchido com soro fisiológico a 0,9%; � seringa de 5 mL com soro fisiológico a 0,9%; � algodão; � álcool a 70%; � fita adesiva (Micropore® ou esparadrapo) ou curativo transparente para acesso periférico; � equipo e soro (para o caso de infusão de medicações). Técnicas de punção4 Figura 3. Equipo extensor. Fonte: Equipo... (2016, documento on-line). Figura 4. Dânula ou torneira três vias. Fonte: Desobstrução... (2017, documento on-line). 5Técnicas de punção Realização do procedimento Após a separação do material, você deve explicar ao paciente como o procedi- mento será realizado, bem como informar-lhe a justificativa para a realização da punção, avisando-o que sentirá uma leve dor local, os cuidados que ele deverá ter com o acesso venoso e os riscos relacionados à sua permanência. A realização do procedimento precisa ser autorizada pelo paciente (princípio da autonomia do paciente) e, caso este não esteja em condições mentais de tomar suas próprias decisões, ele deve ser autorizado pelo seu familiar responsável. Quando a pessoa não for colaborativa e estiver confusa, solicita-se o auxílio de um colega ou do familiar para acalmá-la, ou usa-se a contenção mecânica para sua proteção (somente em último caso). Depois dessa etapa, posicione o paciente adequadamente e inspecione os locais de punção, avaliando a rede venosa para escolher uma veia que seja adequada à finalidade do procedimento. Em caso de acesso de longa permanência, evite puncionar na região das articulações, para conforto do paciente. Em seguida: � higienize as mãos, coloque os equipamentos de proteção individual (EPI) e posicione o paciente; � coloque o garrote (de 10 a 15 cm acima do local escolhido para punção); � peça para o paciente abrir e fechar a mão (favorece o retorno venoso, dilatando a veia, tornando-a aparente ou palpável) e não bata no local (isso provoca dor e não ajuda no enchimento da veia); � realize a antissepsia do local a ser puncionado; � fixe a veia com a mão dominante (veias bailarinas podem se deslocar no momento da punção, dificultando a penetração da agulha do cateter). Já em caso de punção com cateter sobre agulha, flexível (abocath): � segure o cateter com a mão dominante; � aproxime-o da veia em ângulo de 10 a 30º (dependendo da sua posição, mais ou menos superficial); � avise o paciente que ele sentirá a picada e perfure a pele até atingir a veia; � perceba a presença de sangue na base plástica do cateter; � solte o garrote; � aperte delicadamente (com o dedo indicador) a base da cânula do ca- teter — para que não reflua sangue — e retire bem devagar a agulha; Técnicas de punção6 � conecte o extensor ou a dânula e realize a fixação; � conecte a seringa na ponta do extensor ou da dânula, faça uma leve aspiração para ter certeza de que está dentro da veia e injete 3 mL de soro fisiológico para salinizar o acesso. Em caso de punção com cateter agulhado (scalp): � segure o scalp pelas abas com a mão dominante, observando se o bisel está para cima; �aproxime da veia em ângulo de 10 a 30º (dependendo da sua posição, mais ou menos superficial); � avise o paciente que ele sentirá a picada e perfure a pele até atingir a veia; � perceba a presença de sangue no extensor do scalp; � progrida lentamente para posicionar o scalp dentro da veia, cuidando para não a transfixar; � solte o garrote; � fixe o scalp com a fita adesiva; � conecte a seringa na ponta do extensor do scalp, realize uma leve aspi- ração para ter certeza de que está dentro da veia e injete 3 mL de soro fisiológico para salinizar o acesso. Para finalizar, nos dois tipos de cateteres: � fixe o acesso com a fita adesiva ou o curativo transparente; � escreva no curativo a data da punção, o calibre do cateter e o seu nome; � conecte o equipo do soro e instale a medicação conforme a prescrição médica. Após a realização do procedimento, você deve recolher o material, cer- tificando-se de que não deixou nada no leito do paciente, o qual precisa ser orientado quanto aos cuidados com o acesso, para que este permaneça per- meável, evitando novas punções desnecessárias. Antes de você retornar ao posto de enfermagem, acomode o paciente de forma confortável e realize a higiene das mãos. Ao chegar ao seu posto, realize o descarte do material utilizado nos locais apropriados e organize a unidade, bem como registre o procedimento no prontuário. Segundo Harada e Pedreira (2011), o procedimento de punção venosa periférica deve ser realizado em local adequado, com o paciente devidamente 7Técnicas de punção posicionado. Quando você não conseguir puncionar a veia na primeira tenta- tiva, tranquilize-o e faça outra tentativa, procurando uma veia mais calibrosa. Caso não tenha sucesso na segunda, peça auxílio a um colega para que este realize uma nova tentativa. Os acessos venosos periféricos têm um tempo determinado de permanência, que pode variar de acordo com a instituição. Contudo, ele não deve ser superior a 72 horas, no caso de cateter sobre agulha, e 24 horas, em cateter agulhado, devido aos riscos de danos à rede venosa do paciente, como a flebite. O profissional de enfermagem deve estar sempre atento às condições de higiene do curativo e do local de inserção e ao aparecimento de sinais de inflamação ou infecção (flogísticos), por exemplo, dor, calor, rubor, hiperemia e edema local. No caso de aparecimento de sinais flogísticos, retira-se o acesso imediatamente e registra-se no prontuário do paciente quaisquer intercorrências relacionadas ao acesso venoso periférico. Locais de punção venosa Os locais de punção venosa variam de acordo com a finalidade do procedi- mento, as condições clínicas do paciente e da sua rede venosa — esses fatores determinam se ele receberá um acesso venoso periférico ou central. A punção periférica é um procedimento de competência do enfermeiro, podendo ser de- legada ao profissional técnico de enfermagem sob sua orientação e supervisão. Já a colocação de cateter venoso central (CVC) é de competência do médico e não pode ser realizada por enfermeiros ou técnicos de enfermagem, mas os cuidados com esse acesso devem ser realizados pelo enfermeiro. Locais para punção venosa periférica O acesso venoso periférico deve ser colocado em um local que proporcione a facilidade de manuseio, em veia de calibre que comporte a manipulação e a administração de soluções e medicamentos, bem como, de preferência, provoque o mínimo de desconforto ao paciente. Técnicas de punção8 As regiões cefálica e cervical podem ser utilizadas para realização da punção venosa, mas não são a via preferencial. A cefálica é muito usada para função venosa em bebês e exige treinamento específico. Já na cervical está localizada a veia jugular, de grande calibre, sendo utilizada quando não há mais condições de acesso em membros superiores por fragilidade da rede venosa, mas somente o médico ou o enfermeiro possuem a competência técnico-científica para a realização de punção na jugular. Veja na Figura 5 a rede venosa dessas duas regiões. Figura 5. Rede venosa nas regiões cefálica e cervical. Fonte: Martini (2009, p. 595). Nos membros superiores, como braço, antebraço e mãos, estão localizadas as veias mais indicadas para a realização da punção venosa periférica (LYNN, 2012). Neles, encontra-se: 9Técnicas de punção � veia cefálica; � veia basílica; � veia mediana cubital; � veia mediana cefálica; � veia longitudinal (antebraquial); � veia mediana basílica; � veia do dorso da mão (metacarpianas dorsais); � veia marginal da mão. Qualquer uma dessas veias pode ser utilizada para a punção, porém, deve-se priorizar as localizadas no dorso da mão e no antebraço, conforme mostram as Figuras 6 e 7, respectivamente. Nos membros inferiores, principalmente nos pés, podem ser encon- tradas veias de calibre que poderiam ser utilizadas para punção, porém, devido ao alto risco de danos circulatórios, entre eles, a tromboflebite, não é recomendada a utilização dessas veias. Na Figura 8, você pode ver a rede venosa dos pés. Figura 6. Rede venosa no dorso da mão. Fonte: Tortora (2017, p. 410). Técnicas de punção10 Figura 7. Rede venosa no membro superior, antebraço. Fonte: Tortora (2017, p. 410). Figura 8. Rede venosa dos pés. Fonte: Martini (2009, p. 598). 11Técnicas de punção Perry e Potter (2015) reforçam que, na escolha do local de punção, é im- portante estar atento às alterações que podem impedir a realização do proce- dimento. Você deve inspecionar o local escolhido, verificando: � presença de lesões, hematomas, cicatrizes, escoriações, queimaduras e tatuagens; � hiperemia local e edema; � flebite. Há, ainda, outras condições do paciente que podem impedir o procedimento em um determinado local, por exemplo: � paralisia (plegia) no membro a ser puncionado; � mastectomia prévia, pois pacientes que a fizeram (realizaram cirurgia para a retirada da mama) não devem ser puncionadas no lado em que a mama foi retirada; � membros em que existam fístulas arteriovenosas ou veia esclerosada. Não se deve realizar venopunção consecutiva em local puncionado pre- viamente ou que tenha uma veia lesionada. Dê preferência aos locais que não interfiram nas atividades do paciente ou em procedimentos já planejados. Locais para punção venosa central A terapia endovenosa pode ser realizada com o auxílio de dispositivos de acesso venoso central (DAVC), que são utilizados para administração de me- dicamentos, soluções e nutrição parenteral. Há muitos fatores que determinam a necessidade e o tipo de CVC adotado, por exemplo, o tipo de medicação, a duração da terapia, o estado clínico do paciente e a osmolaridade das soluções são decisivos na escolha do dispositivo ideal. De acordo com Perry e Potter (2015), existem quatro modelos de CVC: � CVC percutâneo não tunelizado; � CVC tunelizado; � cateter venoso central de inserção periférica (PICC); � cateter totalmente implantável (port-a-cath). O CVC percutâneo não tunelizado é colocado diretamente na pele, no interior da veia jugular interna ou externa, da veia subclávia ou das femorais. Técnicas de punção12 A extremidade do cateter deve ficar localizada na veia cava superior, podendo ter dimensões que variam de 15 a 20 cm de comprimento e ter de 1 a 4 lúmens. Já o CVC tunelizado é colocado cirurgicamente por meio de um túnel no tecido subcutâneo, em geral, entre a clavícula e o mamilo, continuamente na veia jugular interna ou subclávia, tendo sua extremidade distal localizada na veia cava superior. O PICC, por sua vez, pode variar de espessura (calibre 16 a 24) e possui comprimentos entre 40 a 65 cm — você pode visualizá-lo na Figura 9. Figura 9. Cateter venoso central de inserção periférica. Fonte: Peripherally... (2011, documento on-line). O cateter totalmente implantável (port-a-cath) possui corpo central, mem- brana central, reservatório e cateter, mas existem modelos diferentes com uma ou duas divisões no reservatório. Seu corpo central está implantadono tecido subcutâneo do tórax, braço, antebraço ou na parede abdominal; e a extremidade do cateter é disposta na veia cava superior. Já o reservatório, situado no corpo do cateter, deve ser facilmente palpável para que se possa 13Técnicas de punção localizá-lo. Quando sua utilização for necessária, ele será agulhado, com uma agulha especial inserida por entre a pele até o reservatório, o qual tem uma membrana autosselante. Você pode ver o port-a-cath na Figura 10. Figura 10. Port-a-cath. Fonte: Ades e Padilha (2016, documento on-line). Por estarem inseridos em um vaso de grande calibre, os DAVC tornam-se mais seguros que o acesso venoso periférico, pois o risco de extravasamento da medicação é muito baixo. Contudo, o acesso central pode acarretar outros problemas, como infecções, sangramentos, hematomas, arritmia cardíaca, trombose venosa ou perfuração do pulmão (pneumotórax). Trata-se de um procedimento médico, do qual o enfermeiro participa prestando auxílio no momento da inserção e realizando os cuidados necessários à sua manutenção e retirada. Técnicas de punção14 Conforme Lynn (2012), as veias utilizadas para a punção venosa central são: � veia jugular; � veia subclávia; � veia femoral. A escolha do local deve ser feita por um médico, que considera o fator risco-benefício nessa tomada de decisão. Após ele inserir o cateter e fixá-lo, o enfermeiro pode realizar os cuidados finais, o curativo e sua troca. Nas primeiras 24 horas, a troca é realizada com gaze e Micropore®, para a melhor absorção de um possível sangramento. Depois dessas 24 horas, coloca-se um curativo transparente que permita a melhor visualização do local de inserção, que precisa ser inspecionado e avaliado diariamente para que se possa identi- ficar quaisquer sinais flogísticos. Caso apresente alguma infecção, o médico deve ser comunicado imediatamente para decidir qual conduta será adotada. Manutenção da via de hipodermóclise A hipodermóclise é uma importante via alternativa para a administração de medicamentos em pacientes que estão em cuidados paliativos e não possuem mais condições clínicas para a utilização da via oral ou intravenosa, devido à fragilidade vascular (GODINHO; SILVEIRA, 2017). Trata-se de uma técnica de simplicidade evidente e fácil manipulação, que possui uma relação risco- -benefício favorável quando comparada à via intravenosa. Por ser uma via subcutânea de fácil acesso, ela é implementada tanto em ambiente hospitalar como domiciliar. A manipulação dessa via exige do profissional de saúde um treinamento específico, porque deve-se ter conhecimento técnico-científico e prática para garantir seu manuseio seguro, evitando danos tissulares ou mecânicos e pro- movendo a diminuição do sofrimento do paciente. Os cuidados de enfermagem na punção e manutenção da via da hipoder- móclise são fundamentais para evitar qualquer tipo de dano. Além disso, o profissional deve estar atento aos fatores que podem impedir sua utilização ou provocar dor e desconforto no paciente. É preciso avaliar cuidadosamente os locais que podem ser utilizados para a hipodermóclise, conforme apresenta a Figura 11, observando a integridade da pele no local e o estado nutricional do paciente. Em pessoas com caquexia, a região torácica não deverá ser utilizada. 15Técnicas de punção Figura 11. Locais de punção subcutânea. Fonte: Aragão (2015, documento on-line). Interescapular (até 1000 mL/24h) Subclavicular (até 250 mL/24h) Abdominal (até 1000 mL/24h) Anterolateral da coxa (até 1500 mL/24h) Anterolateral da coxa (até 250 mL/24h) De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), deve-se fazer o rodízio do sítio de punção subcutânea, observando-se as condições da pele do paciente, bem como seu desconforto. O ideal é que ele seja realizado a cada 96 horas, mas você pode puncionar o local novamente antes desse período, desde que respeite uma distância mínima de 5 cm da área puncionada anteriormente (BRASIL, 2009, p. 29). Segundo Godinho e Silveira (2017), o calibre do dispositivo escolhido para a infusão de soluções ou medicações deve ser compatível com o volume infundido e as condições do tecido subcutâneo do local. Para a infusão contínua, utiliza-se uma bomba de infusão. Deve-se proteger o local de inserção do cateter com curativo transparente que permita sua visualização e, no momento do banho do paciente, com material impermeável, evitando que ele fique molhado, o que pode favorecer o desenvolvimento de infecções. Técnicas de punção16 Aplica-se 1 mL de soro fisiológico a 0,9%, para ter certeza de que todo o conteúdo da solução prescrita foi infundida no tecido subcutâneo e, caso você observe edema local, deve-se reduzir o gotejamento ou interromper a infusão. A observação das condições da pele no local de punção é realizada exaus- tivamente pelo profissional de enfermagem, sendo fundamental a avaliação de sinais de irritação local, edema, hiperemia, dor, calor, rubor, hematoma, rigidez ou endurecimento e necrose tecidual. Na presença de sinais flogísticos, ele pode aplicar calor local para o alívio dos sintomas, utilizando bolsa de água quente e proporcionando conforto ao paciente. Segundo Azevedo e Barbosa (2012), deve-se realizar, ainda, a avaliação das condições gerais do paciente, pois a análise de sinais vitais e condições clínicas é fundamental para se identificar possíveis complicações. Por isso, você precisa se atentar a: � ansiedade, agitação; � queixas de dor; � febre e calafrios; � cefaleia; � arritmia cardíaca, taquicardia; � hipertensão arterial; � turgência de jugular; � dispneia, tosse. A identificação de quaisquer sinais de infecção ou a piora clínica do pa- ciente devem ser comunicadas imediatamente ao médico que o assiste, para se determinar a próxima conduta. Recomenda-se conversar com o paciente e os familiares sobre os cuidados necessários à manutenção da via e a orientação quanto aos sinais que podem indicar uma possível complicação. Assim, a comunicação com o paciente e seus familiares é muito importante na prática de enfermagem, principalmente em cuidados paliativos. Quando efetiva, com escuta atenta e carinhosa, ela forma vínculos e promove uma maior adesão às orientações e aos tratamentos propostos. Neste capítulo, você teve a oportunidade de aprender sobre diferentes técnicas de punção venosa, bem como um pouco mais acerca dos cuidados necessários à manutenção da via de hipodermóclise. Lembre-se que todo conhecimento técnico-científico deve ser complementado com a prática, para se desenvolver as habilidades necessárias à realização do cuidado eficiente e eficaz. 17Técnicas de punção A hipodermóclise é um procedimento de baixa complexidade e, segundo o Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (COREN): “Os estudos afirmam que a punção e a administração de fluidos na hipodermóclise são procedimentos de menor complexidade, quando comparado à administração pela via intravenosa. Por isso, tanto a punção quanto a administração de fluidos poderão ser delegados pelo Enfermeiro aos membros da equipe de enfermagem, desde que os profissionais sejam treinados, habilitados e capacitados para tais procedimentos” (CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SÃO PAULO, 2014). Você pode ler o parecer na íntegra no link a seguir. https://goo.gl/MXFWF6 ADES, F.; PADILHA, G. Conheça o Port-a-cath® ou cateter totalmente implantado, uma importante ferramenta no tratamento com quimioterapia. Dr. Felipe Ades, São Paulo, 24 maio 2016. Disponível em: . Acesso em: 15 nov. 2018. ARAGÃO, H. Administração por Via Subcutânea – SC. Enfermagem Bio, [s.l.], 18 fev. 2015. Disponível em: . Acesso em: 15 nov. 2018. AZEVEDO, E. L.; BARBOSA, M. F. Via subcutânea: a via parenteral de escolha para ad-ministração de medicamentos e soluções de reidratação em Cuidados Paliativos. In: CARVALHO, R. T.; PARSONS, H. A. (Orgs.). Manual de cuidados paliativos ANCP. 2. ed. São Paulo: Academia Nacional de Cuidados Paliativos, 2012. p. 259-269. Disponível em: . Acesso em: 12 nov. 2018. BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Terapia subcutânea no câncer avançado. Rio de Janeiro: INCA, 2009. 32 p. (Série Cuidados Paliativos). Disponível em: . Acesso em 15 nov. 2018. CATETER Intravenoso Periférico TKL. TKL Brasil, Curitiba, set. 2017. Disponível em: . Acesso em: 15 nov. 2018. Técnicas de punção18 CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SÃO PAULO. Parecer COREN-SP 031/2014 – CT. 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