Buscar

Filosofia- Atitude filosófica.

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO – UFES
CENTRO DE EDUCAÇÃO
DISCIPLINA: FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO
PROFESSORA: EDNA CASTRO DE OLIVEIRA E ELIESÉR T. ZEN
CURSO: PEDAGOGIA (NOTURNO)
ANO/SEMESTRE: 2013/1
Filosofia e educação
De acordo com Marilena Chauí (2012) a atitude filosófica apresenta as seguintes características:
Perguntar o que a coisa, ou o valor, ou a ideia, é. A filosofia pergunta qual é a realidade ou natureza e qual é a significação de alguma coisa, não importa qual seja;
Ao perguntar como a coisa, a ideia ou o valor, é, a filosofia indaga qual é a estrutura e quais são as relações que constituem uma coisa, uma ideia ou um valor;
Perguntar por que a coisa, a ideia ou o valor, existe e é como é. A filosofia pergunta pela origem ou pela causa de uma coisa, de uma ideia, de um valor;
A atitude filosófica parte dessas indagações direcionadas ao mundo, ao nosso entorno imediato (da vida cotidiana) ou ao cosmos, assim como das relações que mantemos com essas realidades. Aos poucos se descobre que essas questões se referem à nossa capacidade de conhecer, pensar/sentir-se no mundo. Também de forma paciente, as perguntas da filosofia se dirigem ao próprio pensamento: o que é pensar, como é pensar, por quê há o pensar? A filosofia torna-se, então, o pensamento interrogando-se a si mesmo. Por ser uma volta que o pensamento realiza sobre si mesmo, a filosofia se realiza como reflexão. E, o que é a reflexão filosófica? Reflexão é o movimento pelo qual o pensamento volta-se para si mesmo e põe-se em questão, questiona-se a si mesmo (CHAUI, 2012, p.14). Nesse sentido a reflexão filosófica organiza-se em torno de três grandes conjuntos de perguntas ou questões:
Por que se pensa o que se pensa, diz-se o que se diz e se faz o que se faz? Isto é, quais são os motivos, as razões e as causas para pensarmos o que pensamos, dizermos e fazermos o que fazemos?
O que ser quer pensar quando pensamos? O que se quer dizer quando falamos? O que se quer fazer quando agimos? Isto é, qual é o conteúdo ou o sentido do que pensamos, dizemos ou fazemos?
Para que pensamos o que pensamos, dizemos o que dizemos, fazemos o que fazemos? Isto é, qual é a intenção ou a finalidade do que pensamos, dizemos e fazemos?
Em busca de uma definição de filosofia
Filosofia como visão de mundo: de um povo, de uma civilização ou de uma cultura. Qual é o problema dessa definição (muito genérica o que não permite distinguir filosofia de cultura, de arte, de ciência);
Sabedoria de vida: a filosofia é identificada com a definição e a ação de algumas pessoas que pensam sobre a vida moral, dedicam à contemplação do mundo para aprender com ele a controlar e dirigir suas vidas de modo ético e sábio. (vaga);
Esforço racional para conceber o universo como uma totalidade ordenada e dotada de sentido;
Fundamentação teórica e crítica dos conhecimentos e das práticas: a filosofia se ocupa das condições e princípios do conhecimento que pretende ser racional e verdadeiro (origem, forma e conteúdo dos valores éticos, políticos, artísticos, científicos e culturais). Trata-se da compreensão das causas e das formas da ilusão e do preconceito no plano individual e coletivo. Visa as transformações históricas dos conceitos, das ideias e dos valores.
De acordo com Oliveira (2006), podemos nos aproximar da compreensão filosófica a partir de três pressupostos básicos: 
1º A filosofia é uma atividade especificamente humana. O ser humano é que filosofa na sua relação com o mundo;
2º Que a filosofia se apresenta com uma estrutura teórica, conceitual, mas não está desvinculada da prática social, da vida e da realidade, na medida em que é nela que se fundamenta;
3º Que a filosofia não é neutra, desinteressada, mas histórico-política.
Filosofia como atividade teórico-prática e histórico-política
A filosofia como atividade racional, crítica e práxis, tem como principal tarefa levar o ser humano a pensar o seu próprio pensamento, a examinar suas opiniões e crenças. A elevar a consciência de um plano a-crítico para o crítico, objetivando transformar a realidade social. Antônio Gramsci faz a distinção entre homem-massa e homem-crítico. O homem massa é o ser conformista que aceita tudo passivamente, enquanto que o homem-crítico não aceita simplesmente o que lhe é imposto, passando a interrogar e a problematizar a realidade, os fatos humanos e sociais. A filosofia sendo crítica tem uma relação histórica. 
É crítica do mundo atual, da sociedade de classes em que reina a idolatria do capital, é crítica das desigualdades que essa sociedade produz e ao mesmo tempo, utópica, enquanto postula a história não como fatalidade, mas como horizonte de possibilidades aberta ao mundo, anseia por um mundo em que nós humanos possamos construir uma sociedade justa e igualitária. Nesse sentido, cabe ao filósofo refletir sobre seu contexto, sua época, seu tempo e sua realidade, para nela intervir a fim de transformá-la, nesta ou naquela direção, transcendendo-a não metafisicamente, mas praticamente (práxis).
Enrique Dussel (2001) nos fala de uma filosofia crítica e da libertação, comprometida politicamente com os oprimidos e com as vítimas do sistema, sendo sua tarefa o escutar a voz dos oprimidos e o compromisso com sua libertação. A filosofia compreendida não apenas como uma teoria, mas também como ação ético-política de intervenção crítica na realidade. É nesse sentido que reside a relação entre filosofia e educação. Segundo Freire (2000, p.40):
A educação tem sentido porque o mundo não é necessariamente isto ou aquilo, porque os seres humanos são tão projetos quanto podem ter projetos para o mundo. A educação tem sentido porque mulheres e homens aprenderam que é aprendendo que se fazem e se refazem, porque mulheres e homens se puderam assumir como seres capazes de saber, de saber que sabem, de saber que não sabem. A educação tem sentido porque, para serem mulheres e homens, precisam de estar sendo. Se mulheres e homens simplesmente fossem não haveria por que falar em educação. 
Não é possível fazer uma reflexão sobre o que é educação sem refletir sobre o próprio homem. Não haveria educação se o homem fosse um ser acabado. O homem pergunta-se quem sou? De onde venho? Onde posso estar? O homem pode refletir sobre si mesmo e colocar-se num determinado momento, numa certa realidade: é um ser na busca constante de ser mais e, como pode fazer esta auto-reflexão, pode descobrir-se como um ser inacabado, que está em constante busca. Eis aqui a raiz antropológica e gnosiológica da educação.
Importância da filosofia para a educação
De acordo com Oliveira (2006) podemos identificar cinco atitudes que a sociedade e as pessoas têm sobre a filosofia:
1ª. Os que consideram a filosofia como alguma coisa inútil e que é produto de mentes brilhantes e, deste modo, sem nenhum comprometimento com a existência diária das pessoas;
2ª. As formas de polidez como a filosofia é admitida no seio da sociedade, sem, contudo ser levada a sério como deveria sê-lo. Elogia-se a filosofia, porém retira-se a possibilidade da filosofia ser importante para as pessoas e a sociedade;
3ª. É considerar a filosofia como uma “blague”, ou seja, como um deleite pessoal;
4ª. Os que consideram a filosofia uma forma de saber perigosa nas mãos dos cidadãos e, por isso, deve ser abolida, mas que é importante nas mãos dos poderes constituídos;
5ª. Os que consideram o saber filosófico naquilo que ele tem de propriamente seu, isto é, como uma forma de entendimento necessário à práxis humana.
A filosofia da educação é definida por Saviani (1980) como uma reflexão (radical, rigorosa e de conjunto) sobre os problemas que a realidade educacional apresenta, considerando que o que leva o educador a filosofar são os problemas que ele encontra ao realizar a tarefa educativa. Neste sentido, a filosofia da educação não tem como função fixar a priori princípios e objetivos para a educação, nem se reduz a uma teoria geral da educação enquanto sistematização dos seus resultados. 
A questão da especificidadeda filosofia da educação caminha juntamente com a questão: o que é a filosofia? A filosofia como podemos refletir anteriormente é uma práxis e não uma atividade especulativa e abstrata que estabelece verdades absolutas. Nesta perspectiva a tarefa da filosofia consiste não apenas em conhecer, interpretar, mas fundamentalmente em transformar a realidade pessoal e social.
Referências
CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Editora Ática, 2012.
DUSSEL, Enrique. Filosofía de la liberación. 7ª. ed. México: Primero Ed., 2001.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: UNESP, 2000.
OLIVEIRA, Ivanilde Apoluceno de. Filosofia da educação: reflexões e debates, Rio de Janeiro: Vozez, 2006.

Outros materiais