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INTERNATIONAL NURSING CONGRESS 
Theme: Good practices of nursing representations 
In the construction of society 
May 9-12, 2017 
 
 
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Canabinoides para Tratamento de Epilepsia em Crianças 
 
Ana Luiza Rodrigues da Trindade (Pós-graduanda em Pediatria e Neonatologia Estácio/Fase), e-mail: 
ana.luiza.t@hotmail.com 
Martina Natalli Gois da Silva Anjos (Residente em Obstetrícia HU-UFS), e-mail: ntzinha@hotmail.com 
Aline de Carvalho Bastos (Mestranda em Saúde e Ambiente – UNIT) 
Sheila Jaqueline Gomes Santos Oliveira (Doutoranda em Ciências da Saúde – UFS, Orientador, 
Professor - UNIT), e-mail: sheilagomes09@hotmail.com 
 
 
Linha Assistencial 03 – Modelos e impactos do cuidado de enfermagem nas condições de saúde da 
população. Sublinha de pesquisa: Práticas avançadas de cuidado de enfermagem direcionados aos 4 
grupos humanos: criança, adolescente, adulto (homem e mulher) e idoso. 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
A epilepsia é definida como um distúrbio 
cerebral crônico causado por diversas etiologias 
que é caracterizada por uma predisposição a 
convulsões epilépticas espontâneas, com 
ocorrência de crises não provocadas tendo uma 
elevada probabilidade de recorrência ou uma 
síndrome epiléptica. Existem medicações que 
tornam essas crises menos frequentes e mais 
controladas – drogas antiepiléticas, dando a esses 
pacientes uma melhor qualidade de vida, sendo 
que nem todos respondem como esperado a essas 
drogas (entre 20% e 40%), tendo consequências 
neurobiológicas, sociais e cognitivas (FISHER et 
al, 2014; KWAN et al., 2010). 
Segundo dados da Organização Mundial de 
Saúde (OMS), cerca de 50 milhões de pessoas 
sofrem de epilepsia, tornando-se uma das 
doenças neurológicas mais comuns, alertando que 
até 80% dos casos registrados são em países de 
baixa e média renda (WHO, 2017). 
Pacientes epiléticos resistentes ao tratamento 
com as drogas convencionais estão atualmente 
chamando atenção para estudos com 
canabinóides, sobre as suas propriedades 
anticonvulsivantes e componentes têm recebido 
atenção crescente. A descoberta de canabinóides 
e canabinóides receptores renovaram o interesse 
pelo potencial do consumo nas crises graves em 
crianças e adolescentes. A planta Cannabis sativa 
contém mais de 400 compostos, dos quais 100 são 
conhecidos como canabinóides (BLÜMCKE et al., 
2016; CRIPPA et al., 2015). 
O canabidiol (CBD) – que não tem efeitos 
psicoativos, é uma substância presente na 
Cannabis sativa considerado livre de efeitos 
psicotrópicos, redutor da ansiedade e contribuindo 
na concentração, reduz os efeitos do 
tetrahidrocanabinol (Δ9-THC) – que é responsável 
pela maioria dos efeitos psicoativos, sendo 
considerado eficaz como medicamento (BRUCKI 
et al., 2015; TZADOK et al., 2016). 
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Atualmente o CBD está aprovado para o 
tratamento da epilepsia em alguns estados dos 
Estados Unidos, Israel e Canadá (PAOLINO et al., 
2016). No Brasil a Agência Nacional de Vigilância 
Sanitária (Anvisa) incluiu derivados da canabidiol 
na lista de substâncias psicotrópicas vendidas no 
Brasil com receita do tipo A, atualização do anexo 
I da Portaria SVS/MS nº 344/98 em 2016, 
estabelece que laboratórios registrem os 
derivados em concentração de no máximo, 30 mg 
de (THC) por mililitro e 30 mg de canabidiol por 
mililitro. Os produtos que tiverem concentração 
maior do que a estabelecida continuam proibidos 
no país (ANVISA, 2016; MELO; SANTOS, 2016). 
O CBD purificado tem recebido grande atenção 
como um potencial tratamento para epilepsia 
pediátrica intratável, nos últimos anos pela 
comunidade médica, pais e a mídia. Pesquisas 
com crianças que não apresentaram resposta ao 
tratamento com drogas antiepiléticas e utilizaram o 
CBD apresentaram diminuição significativa no 
número de crises ou cessação das mesmas, e 
melhora na qualidade de vida (CRIPPA et., 2016; 
TZADOK et al., 2016). 
OBJETIVOS 
Explorar as evidências cientificas sobre o uso 
dos Canabinóides para o tratamento da epilepsia. 
METODOLOGIA 
Trata-se de uma revisão integrativa 
buscando um maior aprofundamento do assunto, 
foi feito levantamento bibliográfico de artigos 
publicados nos últimos 5 anos em língua 
estrangeira (inglês e/ou espanhol) ou portuguesa, 
disponíveis textos na íntegra, o período da coleta 
de dados foi de março a abril de 2017, nas bases 
de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe 
em Ciências da Saúde (LILACS/BIREME), 
Cochrane Database (COCHRANE DATABASE), 
sistema online de busca e análise de literatura 
médica (Medical Literature Analysis and Retrieval 
System Online – MEDLINE/PUBMED/BIREME), a 
base de dados bibliográficos da Biblioteca 
Nacional de Medicina dos Estados Unidos da 
América, Scientific Electronic Library Online 
(SciELO). A busca foi executada de acordo com os 
seguintes descritores em ciências da saúde 
(DeCs): canabinóides, canabidiol, epilepsia e 
children. Foram utilizados os operadores boleanos 
AND e OR. 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
O levantamento na base de dados resultou em 
13 artigos, destes selecionados 8 que se 
adequaram aos critérios de inclusão. Os estudos 
pesquisados relatam que a monitorização e o 
acompanhamento dos pacientes que fazem ou 
fizeram uso dos canabinóides, em destaque o 
CBD e o THC são muito recentes, segundo 
Rosenberg et al. (2015), alguns estudos feitos em 
animais e ensaios clínicos mostraram melhorias 
significativas em crianças com epilepsia resistente 
quando tratadas com extratos enriquecidos com 
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CBD purificado. O uso de medicamentos contendo 
o THC a longo prazo pode causar efeitos adversos 
duradouros como transtornos psiquiátricos 
(ANDRADE, 2016). Com a positividade das 
reações dos pacientes em uso da substância, 
muitos acabaram utilizando de extratos não 
purificados na esperança de resultados 
expressivos, esses produtos não são licenciados 
(VANDREY et al., 2015). Na literatura é descrito 
dois casos de crianças com epilepsia resistente ao 
tratamento em remissão apreensão que 
eventualmente apresentaram intoxicação por THC 
- tetrahidrocanabinol com o uso de extratos 
enriquecidos de CBD por via oral, inicialmente 
houve redução ou cessação das convulsões, 
comportamento geral, fala, compreensão. Após 
alguns meses as crianças começaram a 
apresentar: ataxia, irritabilidade, agressividade, 
diminuição da atenção e em um dos casos 
agravamento das convulsões. A remissão 
completa ocorreu após passar para o uso de CDB 
purificado sem THC com dosagem especifica para 
cada caso, com melhora progressiva dos sintomas 
gerais (CRIPPA et al., 2016). No estudo de Tzadok 
et al., (2016) em Israel com 74 crianças entre 1 – 
18 anos com epilepsia resistente, usou CBD com 
uma porcentagem mínima de THC. O tratamento 
enriquecido com CBD reduziu significativamente a 
frequência de convulsões na maioria das crianças 
(89%) e (7%) relataram exacerbação de 
convulsões que levou à descontinuação do 
tratamento, foram relatados efeitos colaterais 
menores e pouco frequentes. No estudo realizado 
por Devinsky et al., (2016) em 11 centros dos 
Estados Unidos, foram relatados no grupo estudo 
com 162 pacientes de 1-30 anos, eventos 
adversos ao tratamento com CBD como: 
sonolência, falta de apetite, convulsão e diarreia, 5 
pacientes tiveram que parar o tratamento por 
causa de afeito adverso e 20 tiveram o efeito 
adverso status epilepticus relacionado ao uso do 
CBD. Os autores sugerem que o canabidiol pode 
reduzir a frequência de convulsões e pode ter um 
perfil de segurança adequado em crianças e 
adultos jovens com epilepsia altamente resistente 
ao tratamento. 
 Algumas perguntas foram feitas aosespecialistas em epilepsia e, neurologistas, 
médicos gerais, enfermeiros, pacientes e público 
em geral, sobre a recomendação do CBD para o 
tratamento da epilepsia grave, sua eficácia e 
confiabilidade. Cerca de 48% dos especialistas e 
neurologistas, a população geral e os pacientes 
98%, enfermeiros, médicos gerais e 
pesquisadores 83%, recomendariam o uso do 
CBD, mostrando uma grande disparidade de 
opiniões em relação ao uso do CBD (MATHEM et 
al., 2015). 
CONCLUSÃO 
A partir dos dados obtidos é importante 
observar que o uso da canabidiol pode reduzir a 
frequência de convulsões e pode ter um perfil de 
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segurança adequado em crianças e adultos jovens 
com epilepsia que não respondem ao tratamento 
com as drogas convencionais, atentando se aos 
seus efeitos adversos. Principalmente com relação 
ao CBD purificado que tem recebido grande 
atenção como um potencial tratamento para 
epilepsia pediátrica intratável após pesquisas com 
crianças que não apresentaram resposta ao 
tratamento com drogas convencionais e utilizaram 
o CBD, apresentando assim uma diminuição 
significativa no número de crises ou cessação das 
mesmas, e melhora na qualidade de vida, e, 
também após estudos feitos em animais e ensaios 
clínicos mostrarem melhorias significativas em 
crianças com epilepsia resistente quando tratadas 
com extratos enriquecidos com o CBD purificado. 
Porém, é importante atentar-se ao uso em 
longo prazo de medicamentos contendo o Δ9-THC 
por tratar-se de uma substância responsável pela 
maioria dos efeitos psicoativos e que pode causar 
dependência e outros efeitos adversos duradouros 
como, transtornos psiquiátricos, atentando se 
também que existem poucos estudos 
randomizados e com grupo controle sobre o uso 
do CBD. 
Com o presente estudo, pode-se concluir que 
existem evidências científicas que comprovam o 
efeito positivo do uso de CDB purificado em 
epiléticos que não respondiam ao tratamento 
convencional, atentando-se ao uso de CDB 
purificado sem THC, ou com dosagem específica 
para cada caso, buscando a necessidade de novas 
pesquisas sobre sua utilização, estudos 
randomizados e com grupos controle para uma 
maior confiabilidade de dados. 
 
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