Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

HOMILÉTICA 
AULA 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Lidiane Ribeiro de Souza 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nesta aula, falaremos mais sobre o sermão propriamente dito, seu 
propósito, objetivos, fontes de inspiração e o esboço, bem como sua composição 
e alguns exemplos para tornar a abordagem mais clara e objetiva possível. 
Vamos começar pelo propósito. A epístola de II Timóteo 3: 16-17 relata 
que as escrituras foram inspiradas por Deus e dadas a nós para que fôssemos 
“perfeitos e perfeitamente habilitados para toda a boa obra”. Segue daí que o 
pregador deve saber registrar em palavras que qualidade de vida ou que boas 
obras devem resultar da pregação do seu sermão. 
Ou seja, qual o propósito daquela mensagem que irá pregar. Por exemplo: 
• Ensinar uma doutrina; 
• Refutar algum erro na crença ou na ação de determinado público; 
• Instruir as pessoas a enfrentarem corretamente problemas do cotidiano; 
• Desafiar os ouvintes a uma mudança de atitude relacionada à 
determinada situação. 
TEMA 1 – OS OBJETIVOS DO SERMÃO 
Objetivos são os resultados práticos que se espera atingir com o sermão. 
Formular objetivos mensuráveis força o pregador a refletir sobre como as 
atitudes e comportamentos podem ser alterados. Isso, por sua vez, o capacitará 
a ser mais concreto na aplicação da verdade à vida. 
Exemplos: 
• O ouvinte deve entender a justificação pela fé e ter a capacidade de 
escrever uma definição simples da doutrina; 
• O ouvinte deve ter a capacidade de listar os dons espirituais e identificar 
quais dons já recebeu; 
• O ouvinte deve anotar por escrito o nome de, pelo menos, um não cristão 
e resolver que orará por ele todos os dias durante a quinzena seguinte; 
• O ouvinte deve saber explicar o que as pessoas devem crer a fim de 
tornarem-se cristãs, e resolver falar com pelo menos uma pessoa a 
respeito do Senhor na semana vindoura; 
• Os ouvintes devem ser convictos da necessidade de ler e estudar a Bíblia 
e comprometer-se a praticar a leitura diária. 
 
 
3 
Contudo, de acordo com Stanley e Jones (2010, p. 102), o grande objetivo 
de uma mensagem sempre deve ser “ensinar às pessoas a viver uma vida que 
reflita os valores, princípios e verdades da Bíblia”. 
TEMA 2 – FONTES DE INSPIRAÇÃO PARA SERMÕES 
As Escrituras Sagradas devem ser a principal fonte de inspiração e o 
fundamento principal de toda mensagem bíblica, mas isso não significa que não 
possa haver outras, como: 
• A experiência das pessoas e do pregador: problemas humanos concretos, 
mundiais, nacionais ou locais; 
• A necessidade de resolução ou correção de determinado problema ou 
erro da igreja em geral. Casos específicos ou particulares devem ser 
tratados diretamente com a pessoa, ou pessoas envolvidas; 
• Uma inspiração momentânea, uma frase que ouviu ou uma ideia que 
passou pela cabeça; 
• O calendário da igreja, da denominação, da nação; 
• O momento histórico: fatos relevantes acontecidos no mundo, na 
comunidade – daí a importância de se manter atualizado; 
• A leitura de bons livros, artigos e os sermões de outros pregadores 
(sempre que possível, citar a fonte); 
• Estar sempre atento (“olhar homilético”) e perguntar-se: “isso daria um 
bom sermão?”. 
TEMA 3 – O ESBOÇO DO SERMÃO 
O esboço é um aspecto importante do sermão. É quando colocamos no 
papel de forma resumida e lógica as principais ideias e argumentos da 
mensagem. 
Fazer um esboço é sem dúvida um bom método para estruturar as 
principais ideias ou princípios que se pretende comunicar, observando assim a 
lógica, a coerência e a coesão da mensagem. O esboço é o mapa do sermão, 
que deve demonstrar de onde se pretende sair e onde se pretende chegar. 
São características de um bom esboço: 
 
 
4 
• Fácil de ser seguido: os ouvintes devem conseguir compreender a linha 
de raciocínio e os argumentos do pregador. Normalmente, se o pregador 
não segue nenhuma ordem nos assuntos e começa a transitar por vários 
textos, tentando passar várias lições de uma só vez, dificilmente a igreja 
conseguirá assimilar a mensagem. O ideal é que o esboço seja tão fácil 
de ser seguido a ponto de vários dias após o sermão ter sido anunciado, 
as pessoas ainda se lembrarem do assunto e da aplicação; 
• Fácil de ser entendido: a mente humana precisa de ordem. Portanto, o 
pregador deve apresentar as ideias de forma lógica e clara, e não deve 
usar termos ou expressões que os ouvintes desconheçam. Se necessário 
usar algum termo técnico ou que possa ser desconhecido dos ouvintes, 
imediatamente deve-se buscar defini-lo ou explicar; 
• Breve: o esboço deve ser simples e breve. A introdução e a conclusão, 
assim como as divisões principais, devem ser expressas em tão poucas 
palavras quanto possíveis. 
TEMA 4 – A COMPOSIÇÃO DE UM ESBOÇO 
Propomos aqui então a estrutura básica de alguns formatos de esboço. 
4.1 Tipo temático ou textual 
• Tema ou título do sermão: embora seja possível fazer uma distinção entre 
tema e título, para efeitos práticos abordaremos a palavra tema ou título 
como sinônimos; 
• Texto bíblico: esta ordem pode variar de acordo com o objetivo ou tipo de 
sermão; 
• Introdução; 
• Pontos principais: 
o São representados pelos algarismos romanos (I, II, III, IV...); 
o Os pontos principais devem explicar o título; 
o Cada ponto principal deve vir acompanhado de uma ilustração e as 
devidas aplicações. 
• Subpontos: 
o São representados pelas letras do alfabeto (a, b, c...); 
o Os subpontos devem detalhar e explicar os pontos principais; 
 
 
5 
• Conclusão: sugere-se que se faça também uma rápida recapitulação e 
apelo; 
• Sugestão: para um sermão de 30 a 40 minutos, recomenda-se uma 
estrutura menor e com menos subdivisões. Por exemplo, três pontos 
principais, com uma boa ilustração para cada ponto e com dois subpontos 
para cada ponto principal. Para palestras com maior disposição de tempo 
e intervalos, é possível um esboço mais longo e subdividido. 
4.2 Tipo sermão de um ponto só 
• Eu (informação); 
o Exemplo: como lido com esse tema, como me desafia, minha 
experiência com ele. 
• Nós (identificação); 
o Exemplo: e você, como lida com esse tema? Quais seus desafios em 
relação a ele? Já passou por essa situação?; 
• Deus (iluminação); 
o Exemplo: demonstrar o que a Bíblia fala sobre isso ou como algum 
personagem bíblico lidou com o tema; 
• Vocês (aplicação); 
o Exemplo: de forma bem prática demonstrar como aplicar em nosso 
cotidiano o que a Bíblia ensina sobre o tema; 
• Nós (inspiração); 
o Pensar em uma forma de inspirar os ouvintes a praticarem tais 
verdades. Por exemplo: como o mundo seria se todos fizessem isso? 
Sua família, igreja, como seria com a aplicação destas verdades, o que 
mudaria? 
4.3 Tipo sermão de quatro páginas 
• Introdução; 
• Página 1: o problema do texto; 
• Página 2: o problema hoje (ilustrações e exemplos); 
• Página 3: a boa nova bíblica sobre o problema; 
• Página 4: a boa nova hoje (ilustrações e exemplos); 
• Conclusão. 
 
 
6 
TEMA 5 – EXEMPLO DE UM ESBOÇO DE SERMÃO TEXTUAL 
Seguem alguns exemplos para que você possa compreender melhor o 
que explicamos até aqui. 
5.1 Exemplo de esboço de sermão textual 
• Tema: um cristão exemplar 
• Texto: Salmo 1: 1-2 
• Introdução 
I. Não anda segundo o conselho dos ímpios 
a) Quem são os ímpios? 
b) Como não andar segundo seus conselhos? 
▪ Ilustração: 
▪ Aplicação: 
II. Não se detém no caminho dos pecadores 
a) Quem são os pecadores? 
b) Qual o seu caminho? 
▪ Ilustração: 
▪ Aplicação: 
III. Não se assenta na roda dos escarnecedores 
a) Quem são os escarnecedores? 
b) O que significa se assentar com eles? 
▪ Ilustração: 
▪ Aplicação: 
IV. Tem prazer na Lei do Senhor e nela medita dia e noite. 
a) O que significa ter prazer na lei do Senhor? 
b) Como meditar nela dia e noite? 
▪ Ilustração: 
▪ Aplicação: 
• Conclusão: 
• Apelo: 
 
 
 
7 
5.2Exemplo de esboço de sermão temático 
• Tema: por que precisamos de unidade? 
• Introdução: 
I. Porque a igreja é de Deus (1 Co. 3: 4-10) 
▪ Ilustração: 
▪ Aplicação: 
II. Porque um reino dividido não prospera (Mt. 12: 25) 
▪ Ilustração: 
▪ Aplicação: 
III. Porque a unidade traz a benção e a vida (Sl. 133) 
▪ Ilustração: 
▪ Aplicação: 
IV. Porque Deus abomina intrigas (Pv. 6: 16-19) 
▪ Ilustração: 
▪ Aplicação: 
• Conclusão: 
5.3 Exemplo de esboço de sermão de um ponto 
• Eu: às vezes, eu não sei como agir em meu casamento 
• Nós: imagino que você também já tenha passado por isso 
• Deus: a Bíblia nos dá um conselho muito prático, submissão (Ef. 5: 21) 
• Vocês: quando estiver na dúvida, pergunte... 
• Nós: imagine se... (Stanley, 2010. p. 127) 
5.4 Exemplo de esboço de sermão de quatro páginas 
• Texto: João 4 
• Tema: Jesus tem água viva 
• Introdução: 
o Página 1: a mulher precisa mais do que água 
o Página 2: muitas pessoas hoje não sabem o que precisam 
o Página 3: jesus dá a mulher água viva 
o Página 4: jesus quer nos dar esta água viva também 
• Conclusão: 
 
 
8 
NA PRÁTICA 
Na prática, procure pensar da seguinte forma, ou nos seguintes passos: 
• Primeiro passo: escolha o texto bíblico ou assunto 
o Exemplo: Texto: João 14.16 
• Segundo passo: Escolha o título 
o Exemplo: Título: Jesus, a resposta para tudo 
• Terceiro passo: anote os pontos principais (indicados pelos algarismos 
romanos: I, II, III etc.) 
o Exemplos: 
I. Jesus é o caminho 
II. Jesus é a verdade 
III. Jesus é a vida 
• Quarto passo: coloque os subpontos (são indicados pelas letras a, b, c 
etc.) 
• Texto: João 14.6 
• Título: Jesus a resposta para tudo 
o Exemplos: 
I. Jesus é o caminho 
a) Caminho que leva a Deus 
b) O único caminho 
II. Jesus é a verdade 
c) Jesus é a maior expressão da verdade 
d) Em Jesus podemos confiar totalmente 
III. Jesus é a vida 
e) Vida Eterna 
f) Esperança de uma vida melhor 
Por fim, pense em uma forma interessante de ilustrar e aplicar cada ponto 
na introdução e conclusão da mensagem. Lembramos que o ponto serve para 
marcar o roteiro. Preste atenção ao alinhamento, estética e ordem. O 
alinhamento e organização facilitam seguir o raciocínio. Montar um esboço não 
é complicado. O segredo está na prática: quanto mais se faz, mais se aprende. 
 
 
 
9 
FINALIZANDO 
Para finalizar esta aula, vamos recapitular o que discutimos até aqui: 
a) Determine o propósito do sermão: ensinar, exortar, desafiar...; 
b) Pense e coloque no papel os objetivos do sermão: procure pensar em 
objetivos mensuráveis e práticos para facilitar a aplicação; 
c) As fontes de inspiração para um sermão: embora a bíblia deva ser o 
fundamento para toda pregação, a inspiração para o tema pode vir de 
vários lugares ou situações. Nosso Deus é criativo e pode usar diversos 
meios para falar conosco e nos inspirar para compartilhar estas verdades 
com outros; 
d) O esboço do sermão: um bom esboço deve apresentar algumas 
características como: fácil de ser seguido, fácil de ser entendido, breve; 
e) Os elementos do esboço: tema, texto, introdução, desenvolvimento — que 
são os pontos e subpontos —, a conclusão e o apelo. Sem esquecer das 
ilustrações e aplicações de cada ponto. 
Dominar a técnica de elaborar e utilizar de forma adequada o esboço é 
fundamental. E é especialmente importante para a estruturação da mensagem. 
Porém, no momento em que estiver ministrando a pregação, procure não ficar 
preso ao esboço. Ele é apenas um sinalizador do roteiro. Procure internalizar o 
máximo possível a mensagem para que possa transmiti-la com segurança. 
Quando o pregador fica preso ao esboço, lendo grande porções de texto, passa 
a mensagem de estar inseguro e perde facilmente a atenção de seus ouvintes. 
 
 
 
10 
REFERÊNCIAS 
STANLEY, A.; JONES, L. Comunicação que transforma: ensinar para impactar 
vidas. São Paulo: Vida, 2010.

Mais conteúdos dessa disciplina