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�PAGE \* MERGEFORMAT�4� Unidade 4. Impedimentos matrimoniais. Noções conceituais e efeitos. Oposição e consequências. Classificação dos impedimentos. Causas suspensivas. Noções conceituais e efeitos. Oposição das causas suspensivas e consequências. Classificação das causas suspensivas 1. Impedimentos matrimoniais 1.1. Noções conceituais e efeitos Os impedimentos matrimoniais são PROIBIÇÕES decorrentes da LEI no sentido de que determinadas pessoas não possam contrair casamento. O art. 1.521, CC, dispões: “não podem casar”. Não devemos confundir as hipóteses de impedimentos com as de incapacidade jurídica, na medida em que os impedimentos não geram incapacidade e vice e versa. O impedimento matrimonial está na esfera da legitimação, que é requisito específico exigido para a prática de ato específico e constitui uma inibição para a prática de determinados atos jurídicos, em razão da posição especial do sujeito em relação a certos bens, pessoas ou interesses. O que não se confunde com capacidade jurídica, que é a aptidão genérica para a prática de atos jurídicos pessoalmente. Diz-se que a legitimação é um plus na capacidade, porque é requisito específico, extra. Os impedimentos matrimoniais são compostos de 2 elementos: A – material: diz respeito à situação de fato que justifica a proibição legal (por exemplo, a relação de parentesco que serve como pressuposto material do impedimento de um pai casar com a filha); B – formal: que corresponde a previsibilidade normativa, uma vez que só podemos falar em impedimento se a lei assim expressamente prever. Daí advém um dos principais pressupostos dos impedimentos matrimonias: eles são TAXATIVOS, não admitindo, em nenhuma hipótese, a interpretação ampliativa. O efeito da violação de um impedimento matrimonial é a nulidade do casamento, na medida em que se trata de violação de norma de ordem pública (art. 1.548). Na mesma linha, em se tratando de nulidade absoluta, não se cogita a sua convalidação, nem decorre do ato nenhum efeito jurídico. Atenção: a disciplina dos impedimentos se aplica à União estável, exceto no que se refere a pessoa casada que se acha separada de fato ou, ainda, no antigo regime jurídico, quando separada judicialmente. 1.2. Oposição dos impedimentos e consequências Vimos no procedimento de habilitação para o casamento que uma das formalidades exigidas pela lei era a necessidade da publicação dos editais de proclamas, que torna pública a intenção dos noivos de casar e, por conseguinte, possibilita que eventual interessado possa opor impedimentos que obstam a celebração daquelas núpcias. Quanto ao momento da oposição dos impedimentos, estes podem ser apresentados a qualquer tempo, porquanto se trata de nulidade absoluta, muito embora a redação do artigo 1.522 transpareça a ideia de que esta oposição somente pode ocorrer até a celebração. Dispõe o art. 1.522: ... “até a celebração do casamento, por qualquer pessoa capaz.” A consequência da oposição até esse momento é a imediata suspensão do casamento, que somente poderá ser realizado após o julgamento da oposição, se este a afastar. Se apesar da existência de impedimento o casamento se realizar, ele será NULO. A diferença é que esta nulidade deve ser manifestada através de ação anulatória. Como é norma de ordem pública, pode ser oposta por qualquer pessoa e até mesmo ser reconhecida de ofício pelo juiz, pelo MP ou pelo Oficial do Registro. 1.3. Classificação dos impedimentos O CC/2002 passou a organizar os impedimentos, separando-os das causas suspensivas. Impedimentos são, na codificação atual, apenas os dirimentes absolutos, que visam, em suma: a preservação da eugenia, moral e paz familiar, com a proibição da monogamia, assim como a proibição de que casamentos possam em origem em causas criminosas. São 3 grupos: >> impedimentos resultantes do parentesco; >> impedimentos resultantes de casamento anterior (bigamia – proibição); >> impedimentos resultantes da prática de crime. Vejamos: a) impedimentos resultantes do parentesco: Estão nos incisos I a V, do art. 1521, que decorrem do vínculo de parentesco da: consaguinidade (I e IV): são impedimentos que têm justificativa de ordem biológica, que busca evitar a malformação física ou psíquica dos eventuais descendentes. Tem também origem moral e cultural, em razão da noção proibição do incesto. No caso do inciso IV, vale dizer, que embora a proibição se estenda até o 3º grau colateral, continua tendo aplicação o Decreto-lei 3.200/41, que permite o casamento entre tio e sobrinha, se houver laudo médico demonstrando a inexistência de risco genético para a prole (exame pré-nupcial de compatibilidade), que deve ser apresentado na habilitação, a fim de que o juiz dispense o impedimento. Denomina-se casamento avuncular (enunciado 98, CJF). afinidade (II e III): afinidade é o vínculo estabelecido entre os parentes naturais de um cônjuge ou companheiro, com os do outro (art. 1.595). Reúne razões de ordem moral, valendo recordar que na linha reta esse parentesco não se extingue, nunca (art. 1.595, §2º). adoção (V): desnecessária a previsão legal autônoma, uma vez que não existe diferença entre filhos adotados e naturais. Igualmente justifica-se por razões morais. b) impedimentos resultantes de casamento anterior (bigamia – proibição): decorre do fato de uma das pessoas ser casada. Logo, apenas desaparece com a dissolução do vínculo conjugal: pela morte; divórcio; nulidade ou anulação do casamento anterior). Se o 1º casamento é nulo ou anulável, é preciso que esta seja declarada ou reconhecida para que o 2º seja considerado válido. A existência de casamento simplesmente religioso anterior não causa impedimento, considerando que no nosso ordenamento não reconhece efeitos civis a ele, que somente vai produzir efeitos se realizada a habilitação posterior para o casamento civil. Vale mencionar a hipótese do casamento putativo, em que uma pessoa se casa sem saber que o seu consorte era casado (art 1.561) e que a lei, visando proteger a boa-fé subjetiva, permite se atribuir efeitos jurídicos concretos a este matrimonio. c) impedimentos resultantes da prática de crime: a lei proibi o casamento do cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou por tentativa contra o seu consorte. É a situação em que a viúva quer casar com quem matou ou tentou matar seu marido. Tem índole moral. Depende de sentença condenatória transitada em julgado. Alcança tão somente o crime de homicídio doloso. Significa que se a situação for de qualquer outro crime ou de homicídio culposo, não incide impedimento. 2. Causas suspensivas 2.1. Noções conceituais e efeitos As causas suspensivas não impedem o casamento, como ocorre com os impedimentos. Trata-se apenas de uma “recomendação” para que os interessados não se casem diante de determinadas circunstâncias. Dispõe o art. 1.523: “não devem casar” Não há falar em interesse público nesse caso, nem em invalidade. Não gera suspensão de qualquer ato matrimonial ou a fluência dos efeitos do casamento. A situação apenas enseja um único efeito ou consequência: é imposto o regime da separação obrigatória de bens no matrimônio, afastando a vontade das partes em nome de uma suposta proteção das pessoas envolvidas. A jurisprudência desde muito tempo reduz o alcance das causas suspensivas, permitindo a partilha dos bens adquiridos a título oneroso na constância do casamento, presumindo o esforço comum. Nesse sentido, a súmula 377, do STF. Não se aplicam às uniões estáveis (art. 1.723, §2º). 2.2. Oposição das causas suspensivas e consequências Como no caso das causas suspensivas não se cogita interesse público, o oficial de registro ou o juiz não podem reconhecê-las de ofício. São apenas os interessados que podem suscitá-las: >> parentes em linha reta de um dos nubentes; consanguíneos ou afim e colaterais em 2º grau, também consanguíneos ou afins. Podem ser alegadas quando da habilitação para o casamento ou após a sua realização, por meio de ação autônoma (principal ou incidental), uma vez queimplica, independente de vontade das partes, a separação compulsória de bens. 2.3. Classificação das causas suspensivas >> causa suspensiva fundada na confusão patrimonial >> causa suspensiva fundada em confusão de sangue >> causa suspensiva fundada na tutela e na curatela causa suspensiva fundada na confusão patrimonial: são os incisos I e III do art. 1.523. visam evitar confusão patrimonial decorrente da celebração de novo casamento. No primeiro caso, recomenda-se ao viúvo ou viúva, que tiver filhos do casamento dissolvido não casar enquanto não promover a partilha dos bens deixados pelo falecido. Enquanto a partilha não ocorrer o novo casamento deve ser submetido ao regime da separação obrigatória, para salvaguardar o patrimônio da prole. Além disso, os bens sofrem a incidência da hipoteca legal, que significa um direito real de garantia em favor dos filhos, conforme art. 1.489,II. Se o falecido não deixa filhos ou se não deixou patrimônio, não incide a causa suspensiva. No caso do inciso III o caso é de ausência de partilha dos bens do casamento anterior. Na hipótese, os bens ficam em condomínio, até que seja dividido. causa suspensiva fundada em confusão de sangue: caso do inciso II, do art. 1.523. Visa resguardar a presunção de paternidade decorrente do casamento anterior contra uma confusão de sangue, conhecida como turbatio sanguinis. A hipótese, nos dias de hoje, está praticamente esvaziada, tendo em vista os modernos meios de se atestar a paternidade, mesmo após a morte. causa suspensiva fundada na tutela e na curatela: inciso IV, do art. 1.523. a função é afastar eventual prejuízo patrimonial aos tutelados e curatelados. 2.4. Afastamento das causas suspensivas O parágrafo único do art. 1.523 permite ao juiz relevar ou seja dispensar a aplicação da causa suspensiva quando provada a inexistência do prejuízo. Assim, as partes poderão escolher o regime de bens livremente. Ademais, se no curso do casamento submetido à separação obrigatória a causa suspensiva vier a ser superada, nada impede aos cônjuges que requeiram a mudança do regime de bens (art. 1.639, §2). �PAGE \* MERGEFORMAT�4�
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