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Aula - Textura

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Grupo de Estudo / Sistema de Representação Bidimensional
Profª Sophia Costa
Design / CARUARU / 60 horas / manhã – 8:00 às 12:00 / noite – 18:50 às 22:00
Textura (Donis A. Dondis – Sintaxe da Linguagem Visual, pág. 70-71)
A textura é o elemento visual que com freqüência serve de substituto para as qualidades de outro sentido, o tato. Na verdade, porém, podemos apreciar e reconhecer a textura tanto através do tato quanto da visão, ou ainda mediante uma combinação de ambos. É possível que uma textura não apresente qualidades táteis, mas apenas óticas, como no caso das linhas de uma página impressa, dos padrões de um determinado tecido ou dos traços superpostos de um esboço. Onde há uma textura real, as qualidades táteis e óticas coexistem, não como tom e cor, que são unificados em um valor comparável e uniforme, mas de uma forma única e específica, que permite à mão e ao olho uma sensação individual, ainda que projetemos sobre ambos um forte significado associativo. O aspecto da lixa e a sensação por ela provocada têm o mesmo significado intelectual, mas não o mesmo valor. São experiências singulares, que podem ou não sugerir-se mutuamente em determinadas circunstâncias. O julgamento do olho costuma ser confirmado pela mão através da objetividade do tato. É realmente suave ou apenas parece ser? Será um entalhe ou uma imagem em realce? Não é de admirar que sejam tantos os letreiros onde se lê “Favor não tocar”!
A textura se relaciona com a composição de uma substância através de variações mínimas na superfície do material. A textura deveria funcionar como uma experiência sensível e enriquecedora. Infelizmente, nas lojas caras, os avisos “Não tocar” coincidem, em parte, com o comportamento social, e fomos fortemente condicionados a não tocar coisas ou pessoas de nenhuma forma que se aproxime de um envolvimento sensual.* O resultado é uma experiência tátil mínima, e mesmo o temor do contato tátil; o sentido do tato cego é cuidadosamente reprimido naqueles que vêem. Agimos com excessiva cautela quando estamos de olhos vendados ou no escuro, avançando às apalpadelas, e, devido à limitação de nossa experiência tátil, com freqüência somos incapazes de reconhecer uma textura. 
Na Expo Montreal de 1967, o 5 + Comingo Pavilion foi projetado para que os visitantes explorassem a qualidade de seus cinco sentidos. Era uma experiência agradável e de grande apelo popular. As pessoas cheiravam uma série de tubos, que ofereciam uma grande variedade de odores, embora suspeitassem, com razão, que alguns não seriam agradáveis. Ouviam, olhavam, degustavam, mas ficavam inibidas e inseguras diante dos buracos escancarados nos quais devia penetrar às cegas. O que temiam? Parece que a abordagem investigadora, natural, livre e “manual” do bebê e da criança foi eliminada no adulto pela – quem saberá ao certo? – ética anglo-saxã, pela repressão puritana e pelos tabus instintivos. Seja qual for o motivo, o resultado nos priva de um de nossos mais ricos sentidos.
Mas o problema não é infreqüênte neste mundo cada vez mais plástico e voltado as aparências. A maior parte de nossa experiência com a textura é ótica, não tátil. A textura não só é falseada de modo bastante convincente nos plásticos, nos materiais impressos e nas peles falsas, mas, também, grande parte das coisas pintadas, fotografadas ou filmadas que vemos nos apresentam a aparência convincente de uma textura que ali não se encontra. Quando tocamos a foto de um veludo sedoso não temos a experiência tátil convincente que nos prometem as pistas visuais. O significado se baseia naquilo que vemos. Essa falsificação é um importante fator para a sobrevivência na natureza; animais, pássaros, répteis, insetos e peixes assumem a coloração e a textura de seu meio ambiente como proteção contra predadores. Na guerra, o homem copia esse método de camuflagem, numa resposta às mesmas necessidades de sobrevivência que o inspiram na natureza.
* A autora é americana e se refere a comportamentos sociais dos americanos.
Desenho Bidimensional e Textura (Wucius Wong – Princípios de forma e desenho, pág. 119 – 123)
	A textura tem aspectos únicos que são essenciais em determinadas situações de desenho, não devendo ser ignorada. A textura se refere às características da superfície de um formato. Cada formato tem uma superfície, e toda superfície de ter determinadas características, as quais podem ser descritas como suave ou áspera, lisa ou decorada, fosca ou polida, macia ou dura. Ainda que em geral consideremos uma superfície uniformemente pintada como não tendo textura alguma, na verdade a uniformidade da pintura é um tipo de textura, além da textura material sobre o qual o formato é criado.
	A natureza contém uma abundância de texturas. Por exemplo, cada tipo de pedra ou madeira possui uma textura distinta que um arquiteto ou decorador de interiores pode escolher para fins específicos. Um pedaço de pedra ou madeira pode ter também uma multiplicidade de acabamentos, o que permite obter efeitos diferenciados de textura. 
	A textura pode ser classificada em duas importantes categorias: textura visual e textura tátil. A textura apropriada dá riqueza a um desenho.
Textura Visual
A textura visual é estritamente bidimensional. Como o temo implica, é o tipo de textura que é percebida pelo olhar, embora possa também evocar sensações táteis. Podem-se distinguir três tipos de texturas visuais:
Textura decorativa - Esta decora a superfície e permanece subordinada ao formato. Em outras palavras, a textura em si é apenas um acréscimo que pode ser removido sem afetar muito os formatos e suas inter-relações no desenho. Pode ser feita à mão ou obtida com recursos especiais e pode ser rigidamente regular ou irregular, mas em geral matem certo grau de uniformidade.
Textura espontânea - Esta não decora uma superfície, mas é parte do processo de criação visual. Formato e textura não podem ser separados, porque as marcas da textura sobre uma superfície são, ao mesmo tempo, formatos. Formas acidentais e feitas à mão freqüentemente têm textura espontânea.
Textura mecânica - Esta não se refere à textura obtida com o auxilio de instrumentos de desenho mecânicos como régua e compasso. Refere-se à textura obtida por meios mecânicos especiais e, como resultado, a textura não é necessariamente subordinada ao formato. Um exemplo típico desse tipo de textura é o grão fotográfico ou o padrão de tela que se encontra com freqüência na impressão. A textura mecânica pode também ser encontrada em desenhos criados por tipografia e em computação gráfica.
A Produção da Textura Visual
	A textura visual pode ser produzida de várias maneiras. Algumas técnicas comuns são sugeridas a seguir:
Desenho, pintura - Estes são os métodos mais simples de produzir textura visual. Padrões desenhados ou pintados minuciosamente podem ser construídos com unidades de forma minúsculas, densamente agrupadas em estruturas rígidas ou não, para a decoração da superfície de qualquer forma. A textura espontânea pode ser obtida com linhas ou pinceladas feitas à mão livre.
Impressão, transferência, fricção - Um padrão entalhado ou uma superfície áspera podem ser tintados e impressos sobre uma outra superfície a fim de criar uma textura visual, a qual pode ser decorativa ou espontânea, dependendo de como a técnica é trabalhada. Podem-se transferir imagens pintadas à mão de uma superfície para outra quando a tinta ainda está úmida. A fricção com lápis ou qualquer meio adequado de papel macio e fino sobre uma superfície áspera também produz efeitos de textura.
Pulverização, salpicado, despejo - A tinta líquida, diluída ou engrossada na consistência desejada pode ser pulverizada, salpicada ou despejada sobre uma superfície. Muitas vezes pode-se obter uma textura espontânea, mas a pulverização cuidadosamente controlada também pode produzir textura decorativa.
Mancha, tintura - Uma superfície absorvente pode ser manchada ou tingida para obter algum tipo de textura visual.
Defumação, queima - Uma superfície pode ser exposta auma chama para obter um tipo de textura. Às vezes, podem-se usar marcas de queimado.
Ranhura, raspagem - Uma superfície pintada ou tintada pode ser arranhada ou raspada com algum tipo de ferramenta dura ou afiada para ter sua textura enriquecida.
Processos fotográficos - Técnicas especiais de câmara escura podem acrescentar texturas interessantes a imagens fotográficas.
Colagem
	Uma maneira direta de utilizar a textura visual em um desenho é a colagem, processo de grudar, colar ou fixar pedaços de papel, tecido ou outros materiais planos sobre uma superfície. Tais materiais podem ser divididos em três grupos principais, dependendo da presença de imagens ou de sua importância. O termo “imagem”, aqui, refere-se a quaisquer formas ou marcas impressas, fotográficas, pintadas, intencionais ou acidentais existentes na superfícies dos materiais.
Materiais sem imagem - Estes materiais são coloridos por igual e têm textura uniforme. Apenas o formato dos pedaços cortados ou rasgados aparecem no desenho. Exemplo de tais materiais são papel ou tecido de cores chapadas ou com padrões minúsculos espalhados de modo regular por toda superfície, folhas impressas de tipos pequenos e aglomerados, áreas selecionadas de fotografias, superfícies contendo textura espontânea com um mínimo de contrastes.
Materiais com imagem - Estes materiais – como papel ou tecido impresso com padrões desiguais ou tratados com textura espontânea, fotografias com fortes contrastes de tom ou de cor, folhas de papel impressas com tipos grandes ou com tipos pequenos, etc. – contém imagens de considerável visibilidade. Tais imagens são usadas abstratamente na colagem, independentemente de conteúdos figurativos ou literais. São vistas como formas tão ou mais importantes que formatos cortados ou rasgados de materiais.
Materiais com imagens essenciais – Imagens presentes nos materiais a serem usados são essenciais quando têm um conteúdo figurativo definido ou quando têm de manter sua identidade, não devendo ser destruídas durante o processo de colagem. Neste caso, são mais importantes do que formatos cortados ou rasgados de materiais, e a colagem tem, assim, uma outra natureza. Em geral, os materiais com significado figurativo são fotografias, que podem ser desmembradas e rearranjadas ou combinadas com outras fotografias para fins dramáticos ou efeitos especiais. Materiais com imagens abstratas também podem ser desmembrados e rearranjados, resultando em transformações ou distorções sem que as imagens originais se tornem irreconhecíveis.
Textura Tátil
	A textura tátil é um tipo de textura que não apenas é visível como pode ser sentida com a mão. A textura tátil se ergue acima da superfície de um desenho bidimensional e se aproxima do relevo tridimensional.
	Em temos gerais, a textura tátil existe em todos os tipos de superfícies, porque estas podem ser sentidas. Isto significa que todos os tipos de papel, por mais lisos que sejam, e todos os tipos de pintura e tinta, pro mais planos que sejam, têm características específicas de superfície que podem ser percebidas pelo tato. No desenho bidimensional, podemos dizer que uma área vazia ou solidamente impressa ou pintada não contém a textura visual alguma, porém há sempre a textura tátil do papel e da tinta ou da pintura. 
	Para reduzir seu escopo, podemos limitar nossa discussão aos tipos de textura tátil propositadamente criados pelo desenhista. Isto significa que os materiais foram especialmente modelados e/ou dispostos, ou combinados com outros materiais para formar uma composição, ou sofreram um tratamento especial, resultando em novas sensações de textura. Assim, podemos ter três tipos de textura tátil:
Textura disponível na natureza - A textura natural dos materiais pode ser mantida. Os materiais – papel, tecido, galhos, folhas, areia, barbantes, etc. – são cortados, rasgados ou deixados como são, e então grudados, colados ou afixados em uma superfície. Não se busca esconder a identidade dos materiais.
Textura natural modificada - Os materiais são modificados de tal maneira que não têm mais a aparência habitual. Por exemplo, o papel não pe grudado de maneira lisa, mas pregueado ou amassado, ou pode ser pontilhando, rabiscado ou lavrado em relevo. Um pedaço de folha de metal pode ser dobrado, martelado ou vazado com pequenos furos. Um pedaço de madeira pode ser entalhado. Os materiais são levemente transformados, mas sem perder sua identidade.
Textura organizada - Os materiais, em geral em pequenos pedaços, lascas ou tiras, são organizados em um padrão que forma uma nova superfície. As unidades de textura podem ser utilizadas como estão ou modificadas, mas devem ser pequenas ou cortadas em pedaços pequenos. Alguns exemplos são sementes, grãos de areia, lascas de madeira, folhas cortadas em tiras muito estreitas, papel torcido em bolas minúsculas, alfinetes, contas, botões, fios ou barbantes a serem tecidos, etc. Os materiais podem às vezes ser identificáveis, mas a nova sensação criada pela superfície é muito mais importante.
Todos os tipos de textura tátil podem ser transformados em textura visual pelo processo fotográfico.
Luz e Cor em Textura Tátil
	O jogo de luz sobre uma textura tátil pode ser muito interessante. Certos materiais podem refletir ou refratar a luz, com resultados fascinantes. A qualidade tátil de superfícies ásperas em geral e enfatizada por uma iluminação lateral intensa.
	Alguns desenhos podem ter sido concebidos tendo a modulação da luz como um elemento essencial. Neste caso, as unidades de textura são geralmente longas e finas, projetando-se a partir da superfície do material de suporte, de tal modo que as sombras são razoavelmente lineares e formam padrões intricados.
	Contudo, deve-se ressaltar que tanto a luz quanto a sombra são visuais, e não táteis, porque nada têm a ver com o sentido do tato. A iluminação programada e relações mutáveis entre a fonte de luz e o desenho podem produzir padrões de luz cinéticos, mas o efeito obtido ainda é uma sensação visual pura.
	A cor também pode desempenhar um papel interessante na textura tátil. A cor natural dos materiais pode ser mantida, mas uma camada de cor pode criar uma sensação diferente, tornando os materiais menos reconhecíveis de imediato, dando-lhes uma textura menos natural e mais alterada. Diversos materiais dispostos sobre uma superfície podem ficar mais parecidos uns aos outros, caso seja pintados com a mesma cor.
	Quando há mais de uma cor sobre uma superfície, as cores formarão um padrão visual. Às vezes este padrão visual pode ser mais proeminente que a sensação provocada pela textura tátil.
PARA SABER MAIS: 
Munari, Bruno. (1997). Design e Comunicação Visual. São Paulo: Martins Fontes. Pág. 73 a 112.
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