Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA JOANA CRISTINA AMADO DOS SANTOS UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA JOANA CRISTINA AMADO DOS SANTOS AVALIAÇÃO 2 Filosofia Rio de Janeiro RJ 2021 Etnocentrismo e o relativismo cultural O etnocentrismo é quando se enxergar a cultura do “outro” com os nossos valores, símbolos, costumes, em geral usar nossa cultura como base para observar a cultura do outro. Segundo Roque de Barros Laraia,( LARAIA, Roque de Barros, 1932. Cultura: um conceito antropológico. 19. ed. Rio de Janeiro: Jorge "Zahar" Editora, 2006, página 67) no livro “ Cultura um conceito antropológico” parafraseando Ruth Benedict escreveu em seu livro “ O Crisântemo e a espada”: “... a cultura é como uma lente através da qual o homem vê o mundo.” É a dicotomia “Eu e o outros” do etnocentrismo em que o “eu” seria a cultura da civilidade, da evolução, do progresso, de superioridade de uma cultura sobre a outra. Tudo que é diferente da cultura do “eu” incomoda e gera uma depreciação da cultura do “outro”, o que gera xenofobia, segregação e conflitos, porque não seguem os mesmos padrões sociais aceitos pela aquela sociedade e assim são discriminados e excluídos. Segundo Everardo Rocha (Rocha, Everardo. O que é o etnocentrismo. São Paulo: Brasiliense11a ed. 1994 , pág. 30): “O etnocentrismo está calcado em sentimentos fortes como o reforço da identidade do “eu”. Possui, no caso particular da nossa sociedade ocidental, aliados poderosos.Para uma sociedade que tem poder de vida e morte sobre muitas outras, o etnocentrismo se conjuga com a lógica do progresso, com a ideologia da conquista, com o desejo da riqueza, com a crença num estilo de vida que exclui a diferença.” No caso do etnocentrismo nazista, ainda acreditava-se em teorias como Darwinismo social e a Eugenia, que a raça ariana seria uma evolução da raça humana, por isso mais evoluída, seria superior as demais, e em função desta teoria, essas outras deveriam ser exterminadas e subjugadas, usando esse argumento para exterminar o povo judeu e outras minorias que não se encaixavam no padrão criado por eles. O “outro” seria visto como uma ameaça a sobrevivência do “eu”. Uma teoria ainda influenciada pela idéia de que a ciência não poderia ser questionada sendo a única “dona da verdade”, assim como ocorreu no período do iluminismo no século XIX, onde não havia um dialogo interdisciplinar e multidisciplinar com outras ciências. Seria a crença em um determinismo biológico em que “raças” atribuiriam ao ser humano capacidades natas especificas, como as generalizações de que os nórdicos são mais inteligentes que africanos, que judeus são avarentos e assim por diante, criando estereótipos preconceituosos, aqui no Brasil o preconceito de que o índio seria preguiçoso. Hoje em dia já é mais do que provado por meios científicos e pelas ciências sociais que não existe o conceito de “raça”, todos nós somos da mesma espécie, Homo sapiens. O que temos são variações culturais ou “etnias” que seriam grupos culturais homogêneos, dividindo as mesmas crenças, costumes, religião, linguagem, etc.. A intolerância gerada pelo desconhecimento da cultura do outro, devido a limitação imposta pela cultura ao qual o observador pertence, muitas vezes gera generalizações preconceituosas, xenofobia, preconceito e nacionalismo ufanista. Aqui no Brasil, possuímos vários exemplos, como o homem branco ainda enxerga o índio como alguém de cultura atrasada socialmente, ou a discriminação sofrida pelos seguidores das religiões afro-brasileiras, assim como pessoas do sudeste e sul acharem que são mais desenvolvidos sociais e culturalmente que os nordestinos. Citando Roque de Barros Laraia,( LARAIA, Roque de Barros, 1932. Cultura: um conceito antropológico. 19. ed. Rio de Janeiro: Jorge "Zahar" Editora, 2006, página 67) no livro “ Cultura um conceito antropológico” “A nossa herança cultural, desenvolvida através de inúmeras gerações, sempre nos condicionou a reagir depreciativamente em relação ao comportamento daqueles que agem fora dos padrões aceitos pela maioria da comunidade.” A antropologia ao longo dos anos foi se desenvolvendo e cada vez mais se afastando do etnocentrismo para o relativismo cultural, graças a, etnografia, que seria o estudo descritivo da cultura de outros povos foi criado o conceito de “culturas”, cada uma única é com sua especificidade ampliando um leque de possibilidades de estudo para antropologia e permitindo dialogar com outras ciências para um compreensão maior das culturas, como a linguagem, a geografia, física, história.etc... Talvez um homem que não seja da região da floresta amazônica olhe para todas aquelas árvores e veja apenas um amontoado de árvores e um nativo que olha a mesma paisagem e veja árvores que podem ser fonte de remédio, comida, manufatura para fabricação de óleos e objetos. Quando conhecemos o outro sem utilizar nossos preconceitos culturais para observá-lo, apenas aceita-los como uma cultura diferente da nossa sem usar conceitos de valor com inferior ou superior, desenvolvida e desenvolvida, a sociedade do “eu” tem o seu fim. Podemos possuir culturas diferentes, mas todos nós pertencemos à mesma espécie. Segundo Everardo Rocha (Rocha, Everardo. O que é o etnocentrismo. São Paulo: Brasiliense11a ed. 1994 , pág. 36): “Este caminho, do etnocentrismo à relativização, é trilhado na medida em que, em todos e cada um dos domínios dentro de uma cultura, a Antropologia discorda do princípio da sociedade do “eu” como medida de todas as coisas. Tudo isto indica que a Antropologia, para compreender o “outro”, se obriga sistematicamente a sair das concepções da sociedade do “eu”. Qualquer que seja a arena onde se discute a cultura humana, seja no “parentesco” ou na “economia”, seja na “individualidade” ou na “história”, a compreensão do “outro” chega a um ponto irreversível: a recusa de assumir a sociedade do “eu” como juízo final onde se encontra a verdade.” Em um mundo tão globalizado em que vivemos nunca foi tão necessário o estudo do relativismo cultural, para a boa convivência dos povos, culturas e subculturas e para a evolução da humanidade como sociedade. Esse encontro de culturas pode gerar novas culturas e novos aprendizados para todos. A popularização em massa, tanto nas escolas como em mídias sociais e outros meios de comunicação do estudo de outras culturas e do relativismo cultural talvez seja a solução para intolerância em todos seus aspectos culturais e sociais, como contra o racismo, a homofobia, preconceitos sociais .É necessário abrir a mente da população em relação ao etnocentrismo e afastar de vez o retorno de holocausto e manter essas ideologias neonazistas e supremacistas longe da liderança de governos mundiais. REFERÊNCIAS: Trotta, Wellington. Filosofia.UVA.2017 LARAIA, Roque de Barros, 1932. Cultura: um conceito antropológico. 19. ed. Rio de Janeiro: Jorge "Zahar" Editora, 2006 Rocha, Everardo. O que é o etnocentrismo. São Paulo: Brasiliense11a ed. 1994