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1 2 Apostila 1 Português - Redação Dissertativa, argumentativa. Considerações sobre a avaliação. Tópicos frasais. Semântica, sintaxe, concordâncias, acentuação e gramática. Data da Primeira Edição: 07/2023 Título original em Português: Português: Redação – Apostila 1 Autor – Prof. Fernando César Morellato Biênio 23/24 3 ÍNDICE ÍNDICE ................................................................................ 3 1. REDAÇÃO DISSERTATIVA-ARGUMENTATIVA .......................... 8 1.1. PESSOA DO DISCURSO - IMPESSOALIDADE ......................... 9 1.2. QUANTIDADE DE LINHAS ................................................ 10 1.3. INTRODUÇÃO (RESUMO DAS IDEIAS PRINCIPAIS) .............. 11 1.3.1. CONCEITUAÇÃO ......................................................... 12 1.3.2. CITAÇÕES ................................................................. 12 1.3.3. LEGISLAÇÃO ............................................................. 13 1.3.4. FILMES E SÉRIES ....................................................... 13 1.3.5. MÉTODO DEDUTIVO ................................................... 14 1.3.6. REFERÊNCIA HISTÓRICA ............................................. 15 1.3.7. NARRATIVA COM BASE REAL ....................................... 15 1.3.8. ANALOGIA OU COMPARAÇÃO ....................................... 16 1.3.9. MITOS E LENDAS ....................................................... 16 1.3.10. REFERÊNCIA LITERÁRIA ............................................ 17 1.3.11. DIVISÃO EM TÓPICOS .............................................. 17 1.4. DESENVOLVIMENTO (DEFESA DO PONTO DE VISTA) ........... 18 1.4.1. ARGUMENTAÇÃO........................................................ 19 1.4.2. OPERADORES ARGUMENTATIVOS ................................. 20 1.5. CONCLUSÃO (FECHAMENTO DA IDEIA) ............................. 22 1.6. OUTRAS CONSIDERAÇÕES .............................................. 24 1.6.1. RESPEITO AOS DIREITOS HUMANOS ............................ 24 1.6.2. RASURAS E LEGIBILIDADE .......................................... 24 1.6.3. ORTOGRAFIA E MARGEM ............................................. 24 1.6.4. GÍRIAS, PALAVRAS POPULARES E OUTRO IDIOMA .......... 25 1.6.5. PONTUAÇÃO E ACENTUAÇÃO ....................................... 25 1.6.6. O QUE ZERA A NOTA DA REDAÇÃO ............................... 25 1.6.7. COESÃO, COERÊNCIA E CONCORDÂNCIA ....................... 26 2. FERRAMENTAS DE COESÃO TEXTUAL .................................. 27 4 2.1. ADVÉRBIOS .................................................................. 27 2.1.1. INTERROGAÇÃO DIRETA E INDIRETA ............................ 29 2.1.2. FLEXÃO DE GRAU: COMPARATIVO E SUPERLATIVO ......... 30 2.1.3. LOCUÇÕES ADJETIVAS ............................................... 31 2.2. CONJUNÇÕES ................................................................ 32 2.2.1. CONJUNÇÕES COORDENATIVAS ................................... 33 2.2.2. CONJUNÇÕES SUBORDINATIVAS .................................. 34 2.2.3. POLISSEMIA CONJUNCIONAL ....................................... 37 2.2.4. LOCUÇÕES CONJUNTIVAS ........................................... 37 2.3. PREPOSIÇÕES ............................................................... 38 2.3.1. PREPOSIÇÕES ESSENCIAIS ......................................... 38 2.3.2. PREPOSIÇÕES ACIDENTAIS ......................................... 39 2.3.3. COMBINAÇÕES E CONTRAÇÕES DE PREPOSIÇÕES .......... 40 2.3.4. CRASE ...................................................................... 43 2.3.4.1. ANTES DE PALAVRAS FEMININAS ............................... 43 2.3.4.2. ANTES DE NOMES PRÓPRIOS GEOGRÁFICOS ............... 44 2.3.4.3. COM PRONOMES DEMOSNTRATIVOS ........................... 47 2.3.4.4. ANTES DOS PRONOMES A, AS .................................... 48 2.3.4.5. ANTES DE PRONOMES RELATIVOS .............................. 49 2.3.4.6. NA INDICAÇÃO DE HORAS ........................................ 49 2.3.4.7. LOCUÇÕES ADVERBIAIS FEMININAS ........................... 50 2.3.4.8. LOCUÇÕES PREPOSITIVAS FEMININAS ........................ 51 2.3.4.9. LOCUÇÕES CONJUNTIVAS ......................................... 52 2.3.5. CASOS EM QUE NÃO SE USA CRASE ............................. 52 2.3.6. CRASE FACULTATIVA .................................................. 53 2.4. PRONOMES RELATIVOS .................................................. 55 2.4.1. EMPREGOS DOS PRONOMES RELATIVOS ....................... 56 2.5. PONTUAÇÃO ................................................................. 58 2.5.1. PONTO (.) ................................................................. 59 2.5.2. DOIS PONTOS (:) ...................................................... 60 2.5.3. VÍRGULA (,) .............................................................. 63 5 2.5.4. PONTO E VÍRGULA (;) ................................................. 65 2.5.5. ASPAS (“ OU ‘) .......................................................... 67 2.5.6. PARÊNTESES OU PARÊNTESIS “(“ E “)” ......................... 67 2.5.7. PONTO DE EXCLAMAÇÃO (!) ........................................ 68 2.5.8. PONTO DE INTERROGAÇÃO (?) .................................... 69 2.5.9. RETICÊNCIAS (...) ...................................................... 69 2.5.10. TRAVESSÃO (–) ....................................................... 69 3. ESTRATÉGIAS PARA O DESENVOLVIMENTODA REDAÇÃO ....... 70 3.1. EVITANDO REPETIÇÕES .................................................. 73 3.2. RELAÇÕES DISCURSIVAS NO DESENVOLVIMENTO .............. 75 3.3. FORMAS DE MELHORAR A ESCRITA .................................. 77 3.3.1. ESCRITA ................................................................... 78 3.3.2. EVITANDO O BRANCO ................................................. 79 3.3.3. ADMINISTRANDO O TEMPO DE PROVA .......................... 81 3.4. O QUE EVITAR EM REDAÇÕES .......................................... 83 4. TERMOS PARECIDOS - SIGNIFICADOS DIFERENTES .............. 85 4.1. MAIS E MAS .................................................................. 85 4.2. A GENTE E AGENTE ........................................................ 85 4.3. ACIDENTE E INCIDENTE ................................................. 86 4.4. SUAR E SOAR ................................................................ 86 4.5. EM CIMA E EMBAIXO ...................................................... 87 4.6. NADA A VER E NADA HAVER ............................................ 87 4.7. SOBRESCREVER E SUBSCREVER ...................................... 88 4.8. ESTRUPO E ESTUPRO ..................................................... 88 4.9. PERDA E PERCA ............................................................. 89 4.10. ONDE E AONDE ......................................................... 89 4.11. ATRAVÉS E POR MEIO DE ............................................ 90 4.12. AFIM E A FIM ............................................................. 90 4.13. ABAIXO E A BAIXO ..................................................... 91 4.14. ERROS COMUNS ........................................................ 92 4.15. PLEONASMO .............................................................. 92 6 5. COMPETÊNCIAS COBRADAS NA REDAÇÃO DO ENEM ............. 93 6. REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM ....................................... 96 6.1. REDAÇÃO 1 ................................................................... 97 6.2. REDAÇÃO 2 ................................................................... 98 6.3. REDAÇÃO 3 .................................................................. 100 6.4. REDAÇÃO 4 .................................................................. 102 6.5. REDAÇÃO 5 ..................................................................noite, (à) distância, (à) toa. Acompanhe nos exemplos: Saímos à tarde e voltamos à noite. Sentiu-se à vontade. Sentou-se à direita. Respondeu às pressas. Fez à toa. Estava à distância de 100 metros da própria casa. Às vezes ela dorme tarde. Sentou-se à mesa. Ele foi à feira para comprar frutas, mas depois dirigiu-se à pizzaria. Ele conduziu o processo às cegas. Em alguns casos, as locuções adverbiais femininas recebem crase meramente por clareza, visto que na verdade só levam um “a”, veja os exemplos: Tranquei a chave (a chave foi trancada). Tranquei à chave (tranquei algo com a chave). Perceba que o verbo trancar não exige preposição, e mesmo assim recebe o acento para evitar o duplo sentido. O mesmo ocorre nos exemplos abaixo: Coloquei a venda (venda nos olhos). Coloquei à venda (está vendendo algo). 51 Desenhou a mão (desenhou uma mão). Desenhou à mão (desenhou usando a mão). 2.3.4.8. Locuções Prepositivas Femininas Locuções prepositivas são duas ou mais palavras que exercem a função de preposição, sendo a segunda palavra sempre considerada como “preposição essencial”. As locuções prepositivas seguidas de palavra feminina e acompanhadas por determinantes (artigo, por exemplo), exigem o uso da crase. São alguns exemplos de locuções prepositivas formadas pela preposição "a": em frente a, graças a, junto a, devido a. Eu estava assim devido à espera do amor. Ambas estavam à sombra do balão de ar. Era lindo o pôr do sol devido à luz do sol. Graças à ventania, a cidade inteira foi afetada. Devido à vontade de ajudá-la, a outra o recolheu. Junto à irmã, ela ficou jogando videogame. Existem locuções prepositivas cuja preposição "a" aparece no início da oração e, geralmente, terminam pela preposição "de". O emprego da crase junto a essas locuções é igualmente obrigatório, mesmo se a locução não vier expressa na oração. Exemplos: À custa da irmã, ela conseguiu pagar as contas. Todos nós estávamos à espera de um milagre. Os gestores da empresa, diziam que estavam à beira da falência. Eu estava à espera de um emprego. Ele escreve à Machado de Assis. (Locução prepositiva implícita: à maneira de Machado de Assis) 52 A seguir temos mais alguns exemplos de locuções prepositivas formadas pela preposição "a": à beira de, à espera de, à maneira de, à moda de, à procura de, à base de, à vontade, à toa, às pressas, às escuras, à disposição, à francesa, à milanesa, à tarde, à noite, às 12 horas, à meia-noite, à par de, à respeito de, à mercê de, à fim de, às custas de, junto à, graças à, com respeito à, quanto à. 2.3.4.9. Locuções Conjuntivas Locução Conjuntiva é a denominação ao conjunto de uma ou mais palavras com valor de conjunção na frase. São elas: contanto que, apesar de, à medida que, a fim de que, à proporção que, quanto mais, uma vez que, de maneira que, ainda que, visto que, por mais que, desde que, logo que, já que, sem que, posto que. Emprega-se crase nas locuções conjuntivas como nos exemplos: À medida que o trabalho aumenta, o salário não acompanha. À proporção que o salário diminuía, os empregados iam embora. 2.3.5. Casos em que Não se Usa Crase 1. Como visto, antes de palavra masculina: Gosto de andar a cavalo. Sinto-me lisonjeado a respeito do comunicado. 2. Antes de verbo: A seguir, fiquem com o jogo de futebol. 3. Antes da maioria dos pronomes, por não admitirem artigo: 53 Contei aquela história a ele. Ele nunca mais se referiu a nós. Tínhamos perguntado a todas as outras pessoas. Então desisti de contar histórias a elas também. 4. Antes de palavras no plural que não são definidas pelo artigo: Ela gosta de ir a lugares bonitos, mas não a reuniões. 5. Antes das palavras casa e terra quando não tiverem elementos modificadores: Chegaram a casa e ficaram calados. Chegaram à casa de Luan e ficaram calados (com modificador). Eles voltaram a terra. Eles voltaram à terra de origem (com modificador). Eles voltaram à terra natal (com modificador). 6. Na expressão a distância quando esta não estiver especificada, pois se enquadra no caso de termo modificador: À distância de 100 metros (distância especificada - com crase). Teve aulas a distância (distância não especificada - sem crase). Olhei o falecido à distância de 10 metros. 7. Nas locuções adverbiais formadas por palavras repetidas: Gota a gota a água escoava pela rachadura. Cara a cara era difícil dizer não. Quero te ver face a face Senhor. Lágrima a lágrima o arrependimento só aumentava. 2.3.6. Crase Facultativa 54 1. Antes de nomes próprios femininos referentes a pessoas: Refiro-me à Ana, minha irmã. Refiro-me a Ana, minha irmã. Porém, observe que, se houver (termo modificador) determinante, a crase será obrigatória: Refiro-me à Júlia da academia. 2. Antes de pronomes possessivos femininos: Não me referi à sua capacidade. Não me referi a sua capacidade. Contei uma história à Vossa Senhoria. Contei uma história a Vossa Senhoria. Observação: pronome possessivo feminino singular a crase é facultativa, entretanto, se houver a preposição a diante de um pronome possessivo adjetivo plural, o emprego do acento grave indicador de crase só ocorrerá se houver as; caso o a aparecer no singular, haverá somente a preposição: a ou às. Veja: Não obedeço a sua diretora. (Preposição a, sem o artigo a) Não obedeço à sua diretora. (Preposição a, com o artigo a) Não obedeço a suas diretoras. (Preposição a, sem o artigo as) Não obedeço às suas diretoras. (Preposição a, com o artigo as) 3. Após a palavra ATÉ a crase é facultativa, desde que haja a preposição a na frase: A preposição “até” é a única que aceita “crase”. Fomos até à farmácia. Fomos até a farmácia. 55 2.4. Pronomes Relativos Como já foi dito anteriormente, os pronomes relativos são aqueles que servem para retomar, referenciar um termo anterior: o antecedente. Seu uso é um recurso para evitar repetições, recurso extremamente bem-vindo em redações de qualidade e de texto fluído. Quanto à forma, os pronomes podem ter formas variáveis e formas invariáveis: VARIÁVEIS INVARIÁVEIS MASCULINO/FEMININO O QUAL, A QUAL, OS QUAIS, AS QUAIS, CUJO, CUJA, CUJOS, CUJAS, QUANTO, QUANTOS, QUANTAS QUE QUEM ONDE Podem ter formas simples: que, quem, cujo e quando; e forma composta: o qual. Vale lembrar que o pronome onde, antecedido das preposições a e de, se aglutina a elas, formando aonde e donde. Natureza do antecedente O antecedente é aquele termo já mencionado, o qual o pronome relativo fará referência, retomará. Pode ser: 1. Substantivo: Chamem as meninas que eu vi hoje no corredor. 2. pronome: 56 Serão eles de quem tanto me falaram? 3. adjetivo: As maçãs tornaram-se doces, mais gostosas e suculentas que dantes. 4. advérbio: Lá, por onde caminhavam os dois, a sós. 5. oração (nesse caso é resumida pelo demonstrativo o) Dormiram todos juntos, o que gerou muitos comentários. 2.4.1. Empregos dos Pronomes Relativos 1 - Que: usa-se para referenciar pessoa ou coisa, no singular ou plural. Pode iniciar orações adjetivas restritivas e explicativas: Esse cidadão não faz nada que se aproveite O instrutor, que acabava de explicar, se perguntava se aprenderam. Em alguns casos o pronome relativo que pode ser o sentido de uma oração anterior. Neste caso, o que vem antecipado do demonstrativo o ou da palavra coisa ou equivalente, que resumem a oração referida: Ensinava muito bem, o que requer muito estudo, empenho e amor pelo trabalho. Era melhor eu irembora rápido, o que fiz de modo a não ver nada ao meu redor. Ela me permitiu limpar suas lágrimas, gesto que a mostrou confiante. 57 Em outros casos o antecedente pode não estar expresso: A uma situação assim, o rapaz não sabia o que fazer. 2 - Qual, o qual: pode ser usado nas orações adjetivas explicativas para substituir o pronome que. Lembro-me muito bem da professora, a qual, uma vez, me chamou a atenção. Caiu da janela, através da qual eu olhava as flores no jardim. Atenção! A substituição é utilizada como um recurso de estilo, sendo um recurso para ter clareza ou dar ritmo ao texto. No entanto, há casos que se deve, preferencialmente, utilizar o pronome que. Essa regra se aplica quando o pronome vem antecedido de preposições monossilábicas a, com, de, em e por. Quando com as outras preposições ou locuções prepositivas, usa- se o pronome o qual. Joguei fora o tapete sobre o qual morreu meu cão. As visitas chatas, durante as quais eu dormia, nunca mais aconteceram. Usa-se o qual após alguns pronomes indefinidos, numerais e superlativos: Ana era mãe de três moças, algumas das quais já foram minhas colegas. Três gatos dos quais um era cego. Os irmãos, quatro ou cinco, o mais velho dos quais tem quarenta anos. Quem: usado quando se refere a pessoas ou coisas personificadas: 58 Triste é quem não dá valor à educação. De quem ela é mãe? Quando há um antecedente explícito, pode substituir o qual. Vem sempre antecedido de preposição: A moça a quem voltava o olhar era casada e eu não sabia. 3 - Cujo: é utilizado como pronome adjetivo e concorda com a coisa possuída em gênero e número: Lindíssima a escola, cujo diretor era meu professor de português. Machado de Assis escreveu A mão e a luva, em cuja obra o amor se encaixa perfeitamente. 4 - Quanto: sempre é utilizado após os pronomes indefinidos tudo, todos (ou todas), que podem ser omitidos: Em tudo quanto fiz fui esquecido. Entre quantos te amam, não vês a ti próprio. 5 - Onde: usado, normalmente, com a função de adjunto adverbial (com o significado de “o lugar em que”, “no qual”): Este é o jazigo, onde descansam meus antepassados. Não sei onde posso comprar amêndoas. Poderia me dizer aonde vais a essa hora? Não sei aonde ele está. 2.5. Pontuação Quando nós nos comunicamos e falarmos existem certos recursos para expressarmos uma determinada ideia ou então dar ênfase em um 59 ponto como, como por exemplo, o tom da voz (que pode expressar inclusive ironia, raiva, indiferença, etc.), a ordem em que se fala, as pausas, os silêncios, entre outros. E isso pode fazer toda a diferença em uma comunicação. Mas na hora de escrevermos um texto, para que ele seja adequadamente interpretado, quem é responsável agora é a pontuação. A pontuação é a responsável por trazer clareza no momento de expressar as ideias nos textos escritos, para que os textos não sejam interpretados incorretamente, às vezes, até mesmo, com sentido contrário ao que se quer expressar. Repetindo o que foi dito anteriormente, por exemplo: Matar não, salvar! Ou Matar, não salvar! Que expressam ideias completamente contraditórias, enquanto o primeiro propõe salvar, o segundo propões matar. Assim, os sinais de pontuação garantem coesão e coerência ao texto e, por meio deles, é possível destacar palavras, expressões e esclarecer os sentidos das frases, evitando ambiguidades e equívocos. 2.5.1. Ponto (.) Basicamente, o emprego do ponto é sinalizar o final de uma frase, ou seja, o fim de uma sentença. Esse texto simplesmente expressa o uso do ponto final. Mas, o ponto também é usado nas abreviaturas de palavras. d.C. (depois de Cristo), Sr. (senhor), adj. (adjetivo), m. (metro), p. (página), dr. (doutor), cia. (companhia), jan. (Janeiro). Em redações procure evitar o uso de abreviações. 60 2.5.2. Dois pontos (:) Os dois pontos são usados durante a escrita de textos. Quando os dois pontos são necessários? a) Antes de uma fala de algum personagem; b) Antes de uma citação; c) Começar uma enumeração de itens; d) Introduzir uma explicação, esclarecimento ou resumo, situações de causa ou consequência; e) Após exemplos, observações, notas, informações importantes; f) Ao introduzir uma oração apositiva; g) Após vocativo inicial de cartas e comunicações. Em cada uso, sua função se dá por motivos diferentes. Veja: (a) Ao Introduzir fala de algum personagem, tipicamente seguida de travessão: (...) E vendo o relógio: — Jesus! São três horas. Vou-me embora. (Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis, 1881) (b) Ao introduzir uma citação: A respeito de do conhecimento, Albert Einstein disse: “A imaginação é mais importante que o conhecimento...” (c) Ao iniciar uma enumeração de itens: Entre as diversas causas de incêndios, as mais comuns são: sistemas de eletricidade com defeito, sobrecarga de energia, curto- circuito, “gatos” na fiação, objetos que produzem chamas, brasa ou faísca, como cigarro, vela, palito de fósforo, fogos de artifício, 61 vazamento de gases ou líquidos inflamáveis, entre outros. (d) Após uma explicação, esclarecimento ou resumo, situações de causa ou consequência: Todos estavam realmente muito assustados e com medo, alguns em pânico e sem reação, resumindo: apavorados (e) Após exemplos, observações, notas, informações importantes, sendo essa própria citação, um exemplo, mas vejamos outro: Observação: não se usa crase antes de palavras masculinas. (f) Em orações apositivas. Oração apositiva é aquela que exerce a função de aposto (termo atrelado) a um termo da oração principal. Exemplos: Decidi finalmente falar: não consigo mais guardar este segredo. Era meu maior medo: que você não aceitasse minhas desculpas. (g) Ao introduzir vocativo inicial de comunicações: Ilustríssimos deputados: Observação: Os dois-pontos nunca deverão ser utilizados após outro sinal de pontuação. Podemos usar letra maiúscula depois de dois-pontos: se sim, quando usar então? O uso predominantemente é de letra minúscula após o sinal de dois pontos, porque o sinal de pontuação não finaliza frases e é uma continuação do exposto anteriormente. No entanto, há situações em que é usada a letra maiúscula após os dois-pontos, veja: 62 Em citações: Como dizia minha saudosa mãe: “Quer aparecer? Pendura uma melancia no pescoço!”. Em mudanças de parágrafo: A menina entrou na sala berrando: — Alguém viu a minha irmã? Em enumerações com substantivos próprios: Já visitamos cinco países: Cuba, Itália, Chile, França e Espanha. Em enumerações com alíneas formadas por frases extensas: A redações basicamente subdividem-se em três principais partes: A introdução, onde deve ser apresentada o tópico frasal que esteja de acordo com o tema proposto. O desenvolvimento, onde deverão em dois parágrafos, pelo menos, ser apresentados os argumentos sobre o que foi iniciado na introdução. A conclusão, que deverá conter o desfecho, evidenciando a resolução e as consequências dos acontecimentos referidos no desenvolvimento, e no caso do ENEM possíveis soluções para o tema proposto. Após o estudo das características dos dois pontos, basta praticar e inseri-la em suas redações. Ela demonstra clareza e domínio da língua escrita. O uso baseado em fundamentos e ousadia são essenciais para uma escrita agradável. 63 2.5.3. Vírgula (,) A vírgula é o sinal de pontuação que possui o maior número de funções e, se mal empregada, pode alterar completamente o sentido da frase. De uma maneira geral, a vírgula indica a inversão da ordem direta nas frases, a omissão de elementos subentendidose o destaque para certas expressões. Porém, antes das explicações a respeito dos usos da vírgula, veremos algumas situações em que NÃO devemos usar a vírgula. (a) Nunca se deve separar o sujeito e o predicado Jogadores e árbitros [sujeito] fizeram um protesto por causa das más condições do gramado [predicado]. (b) Os verbos e seus complementos também não se separam Os moradores fizeram [verbo] uma barricada [complemento]. (c) Complementos nominais devem ficam juntos O rapaz não conseguiu obter o apoio [substantivo] dos seus pais no seu projeto [complemento do substantivo]. Agora vamos ver situações em que a vírgula deve ser empregada: (a) Para isolar os vocativos. Independente da posição que o vocativo apareça na frase, deve estar separado por vírgulas. Veja alguns exemplos: Boa tarde, senhoras e senhores [vocativo]! José [vocativo], tudo certo para a viagem? A determinação, meus filhos [vocativo], é a chave da vitória. 64 Perceba, no terceiro caso, em que o vocativo está no centro da frase (entre vírgulas), se ele for eliminado, a frase não perderá o seu contexto. “A determinação é a chave da vitória”. (b) Para separar os apostos. O aposto pode ser uma palavra ou expressão usada para explicar ou especificar um termo. “Faroeste Caboclo”, música composta por Renato Russo [aposto], retrata a saga de vida e morte de um jovem de baixa renda, seu envolvimento no crime e sua amada. (c) Para indicar que uma palavra ou trecho está deslocado da ordem direta da frase. Os políticos, raramente [advérbio antecipado], frequentam seus gabinetes parlamentares. Neste caso, perceba que se remover o advérbio antecipado (entre vírgulas) a frase alterará completamente o sentido “Os políticos frequentam seus gabinetes parlamentares”. Após toda a paralisação da economia causada pela Covid-19, alguns países estão tentando voltar ao normal. A frase poderia ser rescrita invertendo-se a ordem, sem alterar o sentido: “Alguns países estão tentando voltar ao normal após toda a paralisação da economia causada pela Covid-19”. (d) Para enumerar uma sequência de termos que tenham a mesma função em uma sentença. O último termo se une à sequência com o “e”. Veja: Os componentes principais de um computador são: a placa mãe, o processador, a memória RAM, a fonte de alimentação e o gabinete. 65 Depois de acordar, escovei os dentes, tomei banho, me vesti, penteei o cabelo, tomei café da manhã, e sai para o trabalho. (e) Para omitir uma palavra ou um trecho que foi citado, sem repeti-lo. O pai era muito autoritário; o filho, desinteressado. 2.5.4. Ponto e Vírgula (;) O ponto e vírgula representado pelo símbolo (;) é um caractere utilizado na gramática como o propósito de separar orações. Um ponto e vírgula pode ser usado entre duas cláusulas independentes, desde que elas não estejam unidas por uma conjunção coordenativa. É uma marcação intermediária entre o ponto e a vírgula. É usado como uma forma de melhor organizar e melhorar a clareza nas frases, embora não seja uma acentuação obrigatória. Pode ser empregado nas seguintes situações: (a) Para prolongar as pausas antes de conjunções adversativas (mas, porém, todavia, entretanto, contudo...), podendo substituir a vírgula. Observe que, da mesma forma como ocorre com o uso da vírgula, a palavra seguinte geralmente não recebe letra maiúscula. É preciso trabalhar; mas também é preciso se divertir. (b) Para separar orações coordenadas adversativas quando a conjunção aparecer no meio da oração, ou seja, quando o verbo vier antes. Gostaria de viajar por todo o mundo; viajei, contudo, somente dentro do meu próprio país. Se o verbo não estiver posicionado antes da conjunção, a frase não 66 leva ponto e vírgula. Por exemplo: Gostaria de viajar por todo o mundo, entretanto viajei somente dentro do meu próprio país. (c) Para enumerar itens em tópicos de forma detalhada, sendo que o último item ou tópico é acentuado com ponto final: Neste curso serão abordados os seguintes tópicos: a. Introdução às fibras ópticas; b. Principais aplicações; c. Características técnicas; d. Manuseio da fibra óptica na prática. (d) Para separar orações relacionadas umas às outras, sem conjunções para ligá-las, especialmente quando são extensas ou já possuem vírgulas. Eu aprecio música clássica; minha esposa, não. (e) É usado para separar itens de artigo de leis, decretos etc. Trecho do artigo 5o da Constituição de 1988: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; [...] 67 (f) É usado para comparações ou contrastes: O doce de leite possui sabor profundo e viciante; o bolo de aniversário possui um gosto de multiplicidade de sabores; e o chocolate tem um sabor que toma conta de toda a boca, talvez porque seu cheiro se mistura com o paladar. (g) É usado para separar orações coordenadas adversativas e conclusivas em um período extenso. Conseguimos, depois de muita insistência, a aprovação do projeto de lei em favor dos povos indígenas; lutamos também pela punição dos responsáveis pelo massacre ocorrido nas terras demarcadas. Vou adotar esta criança; não quero, no entanto, ter contato com seus pais biológicos. O filme 2001 - uma odisseia no espaço é um clássico; tem, portanto, uma temática universal. 2.5.5. Aspas (“ ou ‘) As aspas podem ser simples (‘) ou duplas (“) e são usadas para destacar estrangeirismos (termos em outra língua), citações, neologismos (palavra ou expressão nova, ou na atribuição de um novo sentido a uma palavra já existente), gírias, ironias e outras expressões. Títulos de livros e de filmes, bem como nomes de jornais e de revistas, são escritos entre aspas, mas em textos impressos, é preferível utilizar o itálico para esses casos. 2.5.6. Parênteses ou Parêntesis “(“ e “)” Os parênteses são sinais gráficos usados para separar expressões em uma frase ou período. São usados também, às vezes, no lugar de vírgulas ou travessões, podem isolar indicações bibliográficas. 68 No mais, destacam elementos acessórios em uma frase, que devem ser pronunciados em um tom mais baixo (explicativo) do que o do restante do enunciado. De maneira geral, parênteses, chaves e colchetes apresentam a mesma utilidade. Resumidamente podem ser usados para: Isolar expressões de caráter explicativo ou não; Destacar um comentário; Substituir vírgulas ou travessões; Separar referências bibliográficas. 2.5.7. Ponto de Exclamação (!) Tipo de sinal gráfico de acentuação que indica emoção, ordem ou súplica. Usado em final de frase exclamativa, a qual apresenta verbalmente uma entonação descendente, ou seja, é caracterizada pela diminuição da voz ao ser pronunciada. Mas também é utilizado para destacar uma frase imperativa ou em um vocativo enfático. Pode ser combinado com o ponto de interrogação ou com as reticências. A exclamação é uma das características do estilo de época denominado Romantismo. Veja alguns exemplos: Surpresa: Não acredito! Piedade: Pobre menina! Indignação: Isso não vai ficar assim! Alegria: Bom dia, meu povo!" Pode ser usado em substituição à vírgula em um vocativo enfático, por exemplo: Querida! fica difícil estudar com esta bagunça. Mano! o seu presente chegou. Benji! você é um cachorro muito lindo. 69 2.5.8.Ponto de Interrogação (?) Como o nome sugere, o ponto de interrogação é um sinal gráfico que indica dúvida e, portanto, é utilizado em perguntas diretas. Ele deve ser usado ao final de uma palavra, frase ou oração, que, assim, apresentam uma entonação ascendente, ou seja, são caracterizadas pela elevação da voz ao serem pronunciadas de forma verbalizada. 2.5.9. Reticências (...) São um sinal gráfico de pontuação representado por três pontos seguidos (...) que indicam a interrupção de um pensamento e possuem grande poder de sugestão. Podem ser usados também, por exemplo, na interrupção da fala de um personagem. Além disso, podem indicar hesitação, incerteza, sugerir o prolongamento de uma ideia ou apontar a supressão de palavra(s). Verbalmente apresentam entonação descendente. 2.5.10. Travessão (–) O travessão, cujo símbolo é (–) é um sinal de pontuação cuja finalidade é indicar o discurso direto ou enfatizar passagens de texto. — Bem-vindos! — Como? — Não sei. Observe, neste exemplo retirado de Vidas secas, de Graciliano Ramos, que esse sinal de pontuação é importante para distinguir a voz do personagem da voz do narrador (mudança de interlocutor): — Anda, condenado do diabo! — gritou-lhe o pai. 70 3. Estratégias Para o Desenvolvimentoda Redação Como escrever um bom desenvolvimento? Existe uma receita? Não exatamente. Mas, costuma-se dizer que uma boa redação é aquela que é “redondinha”, ou seja, a introdução está ligada ao desenvolvimento, que está ligado à conclusão. Isso é de suma importância. Além disso a questão surpresa no texto também é bem-vinda. Existem algumas estratégias que podem ser utilizadas, e que tornam a escrita mais fácil. O uso de conectivos contribui para a coesão e coerência do texto. Normalmente, por meio das conjunções. Além disso, advérbios e pronomes também podem ser usados como conectivos. Em uma redação não basta apenas defender um posicionamento, que nada mais é que o seu ponto de vista apresentado e escrito de modo imparcial na 3ª pessoa do singular ou 1ª pessoa do plural como visto. É necessário fundamentar seus argumentos provando a veracidade ou fundamento. Para isso, podemos lançar mão de algumas estratégias válidas em qualquer ponto da sua redação, porém ideias para o desenvolvimento, tais como: • Exemplificação; • Enumeração; • Comparação; • Evolução Histórica; • Causa-efeito; • Contraposição. 1. Exemplificação: como o nome sugere, pode ser usada quando se têm conhecimento de fatos marcantes. Então, NÃO use o que aconteceu com você ou com alguém próximo, embora seja válido como 71 exemplificação, pois não tem como o corretor ir atrás de tal veracidade. Este modelo de argumentação enriquece muito os argumentos por se tratar de algo que efetivamente acontece ou aconteceu. É possível utilizar palavras chaves, dentre tantas, algumas delas são: • Por exemplo; • A título de exemplificação; • Para contextualizar; • A exemplo de; • Como vemos em; • Como acontece no caso. 2. Enumeração: essa técnica de escrita de desenvolvimento consiste na enumeração de uma lista de fatos relevantes para comprovar a tese que você está defendendo. Apresentar esses fatos em série te auxiliará na organização da redação, além de explicitar ao corretor sua linha de raciocínio. Vale lembrar que as ideias obrigatoriamente deverão aparecer no texto, e não se deve incluir nos parágrafos aspectos não enumerados anteriormente, da mesma forma que não podem ser esquecidos os fatos listados, visto que estes deverão aparecer durante a estrutura do desenvolvimento. Para fundamentá-los, pode-se reservar parágrafos para cada um, lembrando que o número ideal para essa parte da redação são dois. Podemos usar termos como: • Primeiramente; • Para iniciarmos; • Em primeiro lugar; • Há (x) fatores/faces/razões/motivos; • Outra questão relevante; • Outrossim; 72 • Ademais; • Além disso; • Também temos; • Podemos citar ainda; • Por outro lado. É importante ter em mente que, de maneira contrária da forma comparativa, os fatos enumerados não serão usados para que você os diferencie ou compare. Estes estarão presentes apenas como colocações (informações) para organizar suas ideias, e não precisam de comparações. 3. Comparação: de maneira inversa a estratégia de enumeração, na estratégia de comparação, o parágrafo desenvolvido por comparação apresentará duas ideias que são utilizadas para demonstrar as semelhanças e/ou diferenças entre elas (fazendo um paralelo entre elas). Assim, é importante que se destaque a relevância daquilo que se está defendendo, o que fará com que a leitura fique mais clara e simples para o entendimento. Existem dois caminhos para a realização de desenvolvimentos por comparação: a alternação e a divisão. Por meio da alternação as duas ideias são alternadas, como o nome sugere, ao longo do parágrafo. Já na divisão as ideias são separadas, inicia-se o parágrafo com uma ideia e termina-se com a outra (essa estratégia é usual quando as ideias não podem ser separadas por tópicos). Para podermos desenvolver o texto de forma articulada e coesa alguns operadores argumentativos (já vistos) são interessantes. Os mais comuns são: mais que, menos que, assim como, igualmente, como se, da mesma forma, bem como, assim também, do mesmo modo, tanto quanto, semelhantemente, etc. 4. Evolução Histórica: essa forma de abordagem é argumentativa, focada na cronologia dos dados tratados, no que se refere ao tempo e 73 local em que se ocorrem. Essa argumentação visa a abordagem de fatos históricos com referência de datas e locais específicos, sempre respeitando a ordem de tempo. Assim, operadores argumentativos devem ser usados com esse objetivo para esclarecer a cronologia dos argumentos, dentre os mais usados temos: antes, depois, posteriormente, quando, logo que, assim que, logo após, a princípio, no momento em que, pouco antes, pouco depois, atualmente, hoje, frequentemente, nesse meio tempo, sempre que, assim que, desde que, dentre outros. 5. Causa e efeito: a argumentação de ideias com o uso da estratégia de causa e efeito é muito usada. Aqui, são referidos motivos (causas), razões para que determinado fato aconteça e, na sequência, traz-se as consequências (efeitos) do referido fato. Para conectar os elementos da produção, podem ajudar os seguintes conectores: porque, já que, visto que, graças a, em virtude de, como reflexo disso, com efeito, assim, consequentemente, etc. 6. Contraposição: a argumentação por contraposição de ideias se baseia na contestação de pensamentos. Apresenta-se por exemplo a maneira como algo acontece e, em seguida, a razão do não funcionamento de tal situação ou circunstância. Devemos te, pelo menos duas perspectivas de um mesmo argumento que contrastem entre si. Alguns conectores para argumentação podem ser: mas, porém, todavia, contudo, entretanto, no entanto, senão, embora, ainda que, mesmo que, mesmo quando, apesar de que, se bem que, não obstante, etc. 3.1. Evitando Repetições A repetição de palavras é um dos grandes problemas na hora da 74 escrita de um texto. Torna a leitura cansativa, pobre e desinteressante. Em uma redação a repetição de palavras deve ser abolida. Aqui vemos algumas estratégias para enriquecer um texto e variar o uso de palavras da mesma temática: 1. Sinonímia: é a relação entre duas palavras que têm exatamente o mesmo significado. Usa-se aqui a substituição de uma palavra por um sinônimo. Observe os exemplos dados pelo Blog do ENEM: Uma lei interdita o uso de vestimentas que impeçam a identificação da pessoa. Certa prescrição proíbe a utilização de roupas que obstam a identidade pessoal. Vemos a modificação integral de uma fraseinteira, de maneira a demonstrar como podemos utilizar palavras diferentes para trazer o mesmo significado. Vale lembrar que nem sempre os sinônimos substituem perfeitamente um termo pelo outro, veja o exemplo: Aquele bolo é doce demais. Aquele bolo é açucarado demais. Luíza tem uma voz doce. Luíza tem uma voz adocicada. Doce lembrança! Açucarada lembrança! 2. Hiperonímia e Hiponímia: para facilitar a compreensão desses termos, trazemos o conceito de hiperônimos e hipônimos como uma hierarquia de divisões. Hiper é a parte do conjunto maior e hipo, do conjunto menor. Veja nos exemplos: A varíola durante muito tempo incomodou a humanidade, causando mortes e lesões graves e irreversíveis. Felizmente, a doença foi erradicada. “A doença” foi utilizada como hiperônimo de “varíola”. A verdura não pode faltar na merenda, as nutricionistas sempre defendem sua importância. Afinal, a alface, além de ser saborosa, 75 contém vitaminas A e C, cálcio, ferro, fósforo e fibras. “A alface” é usada como hipônimo de “a verdura”. 3. Elipse: recurso de linguagem empregado para evitar a repetição de palavras usando a omissão. É a proposta de que uma palavra fique subentendida noutra, uma vez que já foi mencionada na frase. Gradativamente, assim que a Internet de alta velocidade e os computadores foram se difundindo no Brasil, ouvir sua “playlist” de músicas favoritas ficou cada vez mais fácil. A tecnologia de “streaming” de músicas de forma gratuita se tornou popular e acessível. Observe que na primeira frase estamos omitindo o conceito da tecnologia de “streaming” sem citá-la (vemos a utilização do zeugma que é uma figura de sintaxe caracterizada pela omissão de um termo no enunciado). Contudo, sem perder o contexto e o entendimento. Preste atenção quando for usar esse recurso de linguagem, de tomar o cuidado para não se afastar da temática principal da redação. 3.2. Relações Discursivas no Desenvolvimento Conforme já vimos nos tipos de operadores argumentativos, agora vamos abordar sobre as relações discursivas com maior riqueza de detalhes na redação. 1. Causalidade: como o próprio nome refere, é um tipo de relação discursiva que se baseia no motivo e causa pela qual uma ação ocorreu. A principal conjunção usada é o “porquê”, entretanto, há outras que podem e devem ser usadas na redação para trazer o recurso de um texto agradável. Como por exemplo, “visto que”, “em razão de”, “pois”, “posto que”. Para mais detalhes veja o item que aborda operadores argumentativos. 76 2. Condição: indica que é necessário que algo aconteça, para que se obtenha um determinado resultado. O termo mais usado para exprimir esse tipo de relação condicional é “se”. Para ter a certeza de se tratar da relação discursiva de condição, basta trocar a palavra “se” por “caso”, como nos exemplos: Se o meu trabalho der certo, nós vamos a Paris. Caso o meu trabalho dê certo, nós vamos a Paris. 3. Consequência: tipo de relação discursiva que ocorre quando salientamos uma consequência na oração principal. Podemos usar as conjunções mais comuns que, admitem algumas das seguintes combinações: “de modo que”, “de forma que”, “de maneira que”, “tanto que”, “tão que”. 4. Concessão: aqui você indica contraste, contradição e oposição entre duas ideias. Alguns termos bastante utilizados que indicam essa relação discursiva são “embora”, “conquanto”, “não obstante”, “ainda que”, “mesmo que”, “posto que”, “por mais que”, “a despeito de”, “apesar disso”. A tecnologia evolui de forma rápida e progressiva, cada vez mais estando ao alcance de um maior número de pessoas. Embora, também a população de mais idade tenha maiores dificuldades em utilizar-se desse recurso. 5. Conformidade: aqui, para a abordagem de fatos no texto, podemos usar o conceito de regra ou de norma. Por exemplo: podemos citar “conforme a pesquisa...”. A relação discursiva ocorre em conformidade com o fato abordado e a regra ou norma que referenciam o fato. Alguns marcadores discursivos são: segundo, de acordo, conforme, consoante, em conformidade, etc. 77 6. Comparação: tipo de relação discursiva que você poderá utilizar quando for necessário realizar uma comparação entre fatos, evidenciando diferenças ou semelhanças. Alguns marcadores discursivos comuns são o uso do “como”, “mais. . . do que”, “menos. . . do que”, “tanto. . . quanto”, “tão. . . quanto”, “tanto. . . como”, “tanto. . . como também”. 8. Finalidade: é aquilo que se quer realizar, cumprir. Usa-se essa relação discursiva quando se deseja realizar um texto que possui por objetivo chegar a algum lugar, alcançar alguma meta, ou justificar uma ação. Alguns exemplos de marcadores discursivos são: a fim de que, para que, porque, com o intuito de, com o objetivo de, a fim de, com o fito de, etc. 7. Temporalidade: usa-se o recurso de tempo para demonstrar fatos anteriores ou posteriores algum evento, além da noção de simultaneidade. Para marcar o tempo, são principalmente utilizados os termos “quando”, “apenas” e “enquanto”. 3.3. Formas de melhorar a escrita Parafraseando o que já foi dito inúmeras vezes, um indivíduo que não lê não terá referências literárias, conhecimento de vocabulário, ortografia e conhecimento para formar opinião sobre qualquer assunto que seja. A leitura permite que se tenha uma ampliação da visão de mundo e conhecimento de temas da atualidade. Afinal, com a mente vazia de conhecimento não há referências e nada a dizer. Habilidades indispensáveis no momento de realizar a redação, especialmente de textos dissertativos, como os que são solicitados em redações das provas de vestibular e do ENEM. 78 Esteja atualizado sobre as notícias a nível de Brasil e de mundo, sobre política (de direita, centro e esquerda), economia e sociedade, especialmente questões polêmicas. As bancas de avaliação de prova costumam cobrar temas em alta na mídia ou usá-los como referência para tratar sobre diversos temas gerais. Recomenda-se acompanhar os noticiários (mais de um, para não ficar preso a um único ponto de vista) e também ler jornais, resenhas críticas, revistas e artigos de opinião em sites de notícias, são exercícios na sua preparação. Reflita sobre o que foi lido, busque opiniões e pontos de vista diferentes para poder obter ferramentas de desenvolvimento. Procure entender lados positivos e negativos de uma determinada questão e qual a sua opinião sobre ela. São maneiras de estimular sua capacidade crítica, permitindo que você desenvolva os fatos em perspectiva sob outros pontos de vista e argumente com propriedade sobre eles. É interessante também que, sempre que possível, leia obras de autores de clássicos literários. Observe a construção de personagens e narrativas, isso permite ampliação do vocabulário (especialmente se foram literaturas de outra geração) e a criatividade. 3.3.1. Escrita Reescreva textos, procure escolher temas já abordados em edições anteriores de outras provas, e além de sua própria correção, peça que amigos ou familiares façam observações ou apontamentos, o processo de escrita e reescrita além de ajudar a praticar a redação, fixa o aprendizado. Corrija seus textos e, depois de escrever, faça uma revisão, fique atento à ortografia e observe se os parágrafos estão conectados de 79 maneira lógica, é importante haver uma continuidade entre as ideias. Como dito, tenha uma outra pessoa para revisar o que você escreveu. Uma dica é criar grupos de estudos e fazer trocas de redações, no qual vocês possam compartilhar seus erros e acertos. E, se possível, tenha um revisor com maior experiência e conhecimento na área de redação. Que pode fazer correções e ainda comentar sobre sua escrita, indicando o que está bom e os pontosa serem melhorados. 3.3.2. Evitando o Branco O bloqueio criativo (popularmente conhecido como branco) é a dificuldade em criar algo, ou seja, é a falta de criatividade. Mas como um estudante pode vencer o bloqueio criativo, escapar do “branco” e escrever um texto atrativo? As causas de bloqueio são diferentes de pessoa para a outra, mas, algumas são comuns: nervosismo, descontrole emocional, excesso de informações ou falta de conhecimento, cansaço físico, mental e perfeccionismo, lembre-se um dito popular diz: “feito é melhor que perfeito”. Criar um texto “irretocável” na primeira tentativa é uma meta difícil de ser alcançada, podendo gerar frustração. Um bom texto vem tipicamente de uma grande ideia inicial. Ademais, o processo seguinte é a lapidação do resultado. Ter muitas informações pode parecer uma vantagem, porém, se essas informações forem desencontradas, desorganizadas e/ou em forma de fragmentos, será difícil criar um texto coeso e coerente. Assim como ter excesso de informações pode representar um problema para escrever um texto, a falta de conhecimento em um assunto e de 80 técnicas de escrita traz insegurança não permitindo alcançar o resultado esperado. Logicamente cansaço, seja ele físico ou mental, não é bem vindo em nenhuma situação, especialmente quando se exige desempenho e pode ser um poderoso entrave para a criatividade. Estude para as provas com antecedência, não deixe para a última hora, ela deixará você exausto e disperso. Assim, estude com antecedência e reserve a última semana antes da prova para descansar e relaxar. Abaixo segue, de forma resumida, algumas dicas de estudo (valendo para outras disciplinas também): 1 - Elabore um planejamento dos seus estudos, procure manter a regularidade, o cérebro humano se adapta bem a rotinas; 2 - Se possível crie um grupo de estudos com seus amigos, mas lembre-se diversão somente depois do estudo (ela, inclusive, pode ser um dos motivadores para a reunião); 3 - Encontre um lugar adequado para estudar, escolha um local próprio para estudo (se viável, preferencialmente com vista para a natureza). Torne esse ambiente prazeroso, mas nem confortável demais (a ponto de causar sonolência), nem desconfortável ao ponto de causar dores. 4 - Se for possível, coloque imagens e frases motivadoras e que contenham informações pertinentes a lembrar sobre as disciplinas; 5 - Mantenha próximo os materiais necessários para seu estudo; 6 - Evite as distrações, se concentre no estudo. Não perca o foco; 7 - Escrita é um processo que se aperfeiçoa fazendo, treine e depois treine novamente; 81 8 – Reserve tempo para momentos de descanso, procure ter uma noite com no mínimo 8 ou 9 horas de sono, especialmente antes do dia da prova; 9 – Se você é uma pessoa ansiosa procure formas de relaxar e preparar a mente antes da prova, alguns usam o recurso da Yoga, mas o ideal é que você encontre o seu modo de se acalmar. Treine a inspiração e expiração. Mas, se você percebeu que não houve melhoras na sua concentração busque ajuda profissional de um psicólogo; 10 – Para se acalmar no dia do exame, um bom conselho é observar, antes do início da prova o nervosismo dos outros alunos e isso lhe acalmará, afinal não é só você que está com receio; 11 – Inicia a prova primeiro pela redação, pois a mente está relaxada e descansada; 3.3.3. Administrando o Tempo de Prova Essa é uma questão crucial em qualquer atividade que tenha limite de tempo, especialmente em provas. A administração do tempo requer prática. Procure realizar as tarefas que tem mais facilidade, reservando mais tempo para as que tenha maior dificuldade. Lembre-se, de realizar treino e adaptação, pois nem sempre o que funciona para um, funciona para outros. Experimente, teste, encontre o seu melhor ponto. Exercitar e simular provas é válido para que tome consciência de tempo que precisa para resolver cada tipo de questão. A pressa é sempre inimiga, mas sábio não ignore o tempo por completo. Em seguida temos algumas dicas para ajudá-lo no preparo da administração do tempo durante a prova: 82 1 - Leia a questão atentamente (por completo, do início ao fim), assim poderá compreendê-la globalmente e de forma mais fácil, não perdendo tempo relendo-a várias vezes; 2 - Não se esqueça de revisar todas as questões no cartão resposta, ao finalizar, para garantir que não deixou nenhuma sem preenchimento; 3 - Em questões com textos longos, assinale (sublinhe) o que é importante extrair daquele texto; 4 - Para a redação, leia atentamente o tema e tenha certeza de que conseguiu entendê-lo; 5 - Utilize o rascunho, não tenha receio de rasurar, teste ideias e exercite técnicas que se sinta seguro ao desenvolvimento da estrutura do seu texto: introdução, desenvolvimento e conclusão; 6 – Siga sua ideia inicial de estrutura para não perder tempo tentando remodelar grandes estruturas, se atenha a detalhes, como uso de sinônimos, pontuação e erros ortográficos; 7 – Reserve um tempo especial para o gabarito. Ao passar a limpo sua redação, cuide a legibilidade e a escrita, evite ao máximo erros e não faça rasuras, se errar, prefira usar o recurso de “(palavra com grafia errada), digo, (palavra com grafia correta)”. 8 - A técnica aprendida e exercitada durante a pre- paração da prova, garantem um bom desempenho na escrita e na interpretação de questões com mais facilidade e de forma mais tranquila, não deixando o estudante ser abatido por seus maiores inimigos: a ansiedade e a pressa. 83 3.4. O que Evitar em Redações Nunca, jamais, deixe a folha de redação em branco, mesmo que tenha feito o rascunho, ela não será considerada. Também não desvie demais do assunto principal, pois a fuga de tema também é um dos motivos que levam à atribuição de nota zero à redação. A obediência à estrutura da redação é essencial em uma redação dissertativa argumentativa, ou seja, introdução, desenvolvimento (pelo menos dois parágrafos) e conclusão. Deve-se seguir essa estrutura. A redação não deve ter menos de dez linhas e nem ser escrita a lápis. Em uma redação dissertativa argumentativa, o ideal é que hajam de três a quatro parágrafos. Leve sempre uma caneta extra, para garantir que a sua não falhe (ou vaze) na hora de transpassar a redação para a folha de entrega. Por isso muito cuidado com os borrões! Rabiscos, desenhos ou trechos incoerentes aos demais trechos da redação levam à anulação da redação. Quando se tratar de textos impessoais (em terceira pessoa) lembre-se de não falar diretamente com o leitor. Por exemplo, “Você é responsável pelas mudanças.” Abreviações, gírias e erros gramaticais são intolerados. Ao utilizar estrangeirismos, esses devem vir entre aspas, e caso fujam de um conhecimento geral, com sua equivalência entre parênteses. Figuras de linguagem podem ser utilizadas com cautela, mas uma nunca deve aparecer em uma redação dissertativa argumentativa em hipótese nenhuma: a ironia. Seguem os principais motivos que podem levar uma redação dissertativa argumentativa a ser ANULADA: 84 1 - Fugir completamente do tema proposto. Dica: Guie-se pela frase-tema, aquela que resume o assunto da redação; 2 – NUNCA fale da sua vida, de seu vizinho, parente, ou use quaisquer informações pessoais, lembra-se da impessoalidade; 3 - Escreva com letra ilegível, se o corretor não entender, não se esforçará para isso, zerando a redação; 4 - Escrever menos linhas que o proposto (7 linhas); 5 - Não seguir a estrutura dissertativa argumentativa, por exemplo, escrever um poema, narrativa, romance, etc; 6 - Escrever propositalmente partes completamente desconexas do tema proposto; 7 - Copiar textos na íntegra (especialmente aqueles que ficamno caderno de questões e que introduzem o tema), sem contexto, referências devem vir com a citação e o nome de quem disse entre aspas; 8 - Escrever ofensas, palavrões, desenhos, números, rabiscos, etc. São formas propositais de anulação; 9 - Escrever um texto com a maior parte do conteúdo em outra língua; 10 - Desrespeitar os Direito Humanos; 11 – Cometer atos de racismo e intolerância; 12 - Deixar a folha de redação em branco e entregar o rascunho. 85 4. Termos Parecidos - Significados Diferentes 4.1. Mais e Mas A pronúncia entre essas palavras possui uma leve diferença. Mas na escrita, o significado delas é distinto, deve-se observar a grafia correta. Então, segue a explicação do uso de cada uma delas: Mas: conduz a uma ideia de oposição. A dica sobre essa palavra é tentar substituir por uma outra conjunção equivalente, como: porém, todavia, contudo, entretanto. Ele tentou alcança-los, mas era tarde demais. Mais: indica a ideia de soma, adição, maior quantidade ou intensidade. Dica: “mais” é o contrário de “menos”. Tente trocar uma palavra pelo outra e veja se a frase continua fazendo sentido. A proposta da realização da Copa do Mundo seria a construção de mais rodovias. 4.2. A gente e Agente As duas palavras possuem significados absolutamente diferentes. Por isso, deve-se tomar cuidado no seu uso. “Agente”, escrito junto, não deve ser usado para se referir à seres humanos. Os principais usos de cada uma delas: Agente: se refere a um funcionário, investigador, ou quem trabalha agenciando. Pode significar também àquele que age, que opera ou atua. O agente James Bond é o espião mais conhecido do cinema. 86 A gente: usado em contextos informais podendo ser substituído por “nós”. Refere-se à pessoa ou pessoas. Também pode abranger os habitantes de uma localidade ou ainda uma quantidade não determinada de pessoas. A gente se encontra depois? A gente daquele país era minúscula. 4.3. Acidente e Incidente Acidente: é um imprevisto, alguma ocorrência de caráter indesejado, imprevisto ou infeliz, geralmente associado a um prejuízo material, financeiro e/ou pessoal. Foi um acidente aéreo sem precedentes. Incidente: indica algo que incide, sobrevém, ocorre. Situação que altera a ordem natural de algo. Pode se referir também a uma ocorrência de pouca importância, isto é, aquilo que tem caráter acessório ou secundário. Depois daquele incidente, nunca mais fui o mesmo. A obra “Incidente em Antares” foi o último romance escrito por Érico Veríssimo. 4.4. Suar e Soar A troca indevida entre esses termos é comum na língua falada. Mas a diferença entre o significado dessas palavras é clara. Soar: literalmente significa emitir som. Os sinos da igreja vão soar juntos no momento do sepultamento. 87 Suar: sinônimo de transpirar. É difícil não suar quando canto em público. 4.5. Em cima e Embaixo “Em cima”: é aquilo que está acima em posição superior (em uma posição mais alta ou sobre um outro objeto) e possui o significado contrário de “embaixo”. Ambas são locuções adverbiais de lugar. Perceba que “em cima” se escreve separadamente, enquanto que “embaixo” se escreve junto. Existe um truque para você lembrar disso: separe o dedo indicador do médio formando um 2 (ou um V, como em “paz e amor”) em sua mão. Perceba que as pontas dos dedos estão separadas (em cima), que se escreve separadamente e o final de cada dedo está junto (embaixo). Havia muita gente, tanto em cima como embaixo do estádio. A PROPÓSITO TUDO JUNTO SE-PA-RA-DO Porventura De acordo Contudo A partir Todavia Com certeza Entretanto De repente Ademais De novo Embaixo Em cima Afim A fim 4.6. Nada a ver e Nada haver A pronúncia desses termos é absolutamente igual. Mas possuem significados diferentes. Nada a ver: expressão usada para indicar algo que não tem sentido 88 ou não está relacionado. Que não possui correlação. Veja o exemplo: Esta pessoa não tem nada a ver comigo. Nada haver: termo pouco usado. Significa não ter quantias monetárias a serem recebidas. Pode ser substituído por “a receber”. Lorena não tinha comissão a haver pelas suas vendas. 4.7. Sobrescrever e Subscrever Sobrescrever: pode ter duplo significado, no sentido de escrever sobre uma superfície, ou outro significado que é endereçar algo a alguém. O gerente sobrescreveu a carta para seu funcionário. Subscrever: significa assinar. O presidente subscreveu o documento. 4.8. Estrupo e Estupro Estrupo: palavra que já caiu em desuso. Seu significado está ligado ao barulho excessivo causado por pessoas que se movimentam em tumulto. Muitas vezes confundido com estupro. Estupro: crime que consiste no ato de forçar alguém a praticar relações sexuais. O apresentador foi acusado de estupro. 89 4.9. Perda e Perca Palavras muito comuns de serem trocadas. Ambas existem, mas deve se tomar cuidado em seu uso. Perda: ato de perder, extraviar. É um substantivo e seus sinônimos são ausência, privação. Por ser um substantivo, pode vir precedido de artigo. Ele teve uma perda de peso considerável após a doença. Perca: é a conjugação do verbo “perder”. Na 1ª e 3ª pessoa do singular do presente do subjuntivo e na 3ª pessoa do singular do imperativo. Por favor, não perca a cabeça ao falar com ela! 4.10. Onde e Aonde Onde: é um advérbio de lugar. Significa em que lugar, em qual lugar (indagando ou informando). Traz a ideia de lugar fixo. Deve ser empregado quando estiver relacionado a um espaço físico. Onde você nasceu? (Que local você nasceu?) Se não for lugar físico, use em que. "O que", nesse caso, é um pronome relativo que retoma o termo anterior. O bar da cidade, onde toda equipe está agora, é barulhento. O governador publicou nota em que estabelece as novas regras de convivência. Aonde: o lugar que (em que direção); para o lugar que (para que direção); para qual lugar. Ante uma afirmação, indica dúvida ou 90 descrença. Indica movimento, traz a ideia de deslocamento e destino. Sempre vai ser usado com verbos que exigem preposição. Aonde você pensa que vai, mocinho? 4.11. Através e Por meio de Quando o sentido do texto não for de fato atravessar fisicamente não use “através”. Nesse caso, a expressão utilizada deve ser “por meio de”. O uso metafórico de “através”, embora aceito no cotidiano, não deve ser empregado em contextos formais em redação, será considerado erro. Através: deve ser usado para expressar travessia. O “motoboy” entregou a caixa através da janela. Por meio de: também pode significar “por intermédio de” ou “com o auxílio de”. Falei com ele por meio de e-mail. Por meio de muito trabalho, chegaremos ao nosso objetivo. 4.12. Afim e A fim Além de serem escritos de formas diferentes, eles também têm sentidos diferentes. Afim: é um adjetivo e significa “igual” ou “semelhante”. Além disso, “afim” tem como plural “afins”, ao passo que “a fim” é invariável. Sua vida era afim com a daqueles do passado. Temos um sonho afim. “A fim”: é uma locução prepositiva e usada para indicar finalidade. 91 Eu estou muito a fim dela. 4.13. Abaixo e A baixo Abaixo ou “a baixo”? “Abaixo” é um advérbio de lugar e indica posição inferior ou quantidade inferior dependendo do contexto. “A baixo” é o encontro entre a preposição “a” e a palavra “baixo”, que só ocorre em contextos específicos. Possuem tanto a escrita como também significados diferentes. Abaixo: ocorrência de escrita Abaixo das ruínas foi encontrada uma fortuna em ouro. O diretor disse: hierarquicamente abaixo de mim só o dono. Ele fezo gol chutando a bola abaixo do goleiro. As notas dele estão muito abaixo da média. Devido à falta de chuva o nível da água está abaixo do normal. No Sul é comum termos temperatura abaixo de 0º Celsius. “A baixo”: ocorre quando a preposição “a” ocorre antes da palavra “baixo”. Exemplo: Nesse “site” é possível comprar computadores a baixo custo. De forma arrogante ela me olhou de cima a baixo. Perceba que “baixo” por ser um adjetivo referente a “custo”, pode ter a sua posição invertida na frase: Nesse “site” é possível comprar computadores a custo baixo. 92 4.14. Erros Comuns CERTO ERRADO Menos Menas Seja Seje Poliomielite Poliomelite Ansioso Ancioso Privilégio Previlégio Reivindicar Reinvindicar Esteja Teje / Esteje Cisne Cisnei 4.15. Pleonasmo Pleonasmo: é cometer uma redundância desnecessária ao se expressar. Veja uma lista de diversos pleonasmos comuns: sair para fora entrar para dentro viúva do falecido todos foram unânimes subir para cima descer para baixo conviver junto encarar de frente fato real multidão de pessoas surdo do ouvido cego dos olhos ganhar de graça pisar com os pés bater palmas com as mãos países do mundo monopólio exclusivo gritar alto erário público habitat natural 93 sorrir com os dentes hemorragia de sangue metades iguais outra alternativa labareda de fogo preconceito intolerante recuar para trás planejar antecipadamente elo de ligação certeza absoluta surpresa inesperada acabamento final adiar para depois novidade inédita comparecer pessoalmente protagonista principal escolha opcional avançar para frente consenso geral prosseguir adiante panorama geral decapitar a cabeça lançamento novo 5. Competências Cobradas na redação do ENEM Conheça as cinco competências cobradas na redação do ENEM do ano de 2019, conforme o portal do MEC, a redação do ENEM considera os seguintes itens: 1 - Domínio da escrita formal da língua portuguesa: é avaliado se a redação do participante está adequada às regras de ortografia, como acentuação, ortografia, uso de hífen, emprego de letras maiúsculas e minúsculas e separação silábica. Ainda são analisadas a regência verbal e nominal, concordância verbal e nominal, pontuação, paralelismo, emprego de pronomes e crase. A figura abaixo apresenta a tabela de pontuação. 94 200 pontos Demonstra excelente domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa e de escolha de registro. Desvios gramaticais ou de convenções da escrita serão aceitos somente como excepcionalidade e quando não caracterizarem reincidência. 160 pontos Demonstra bom domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa e de escolha de registro, com poucos desvios gramaticais e de convenções da escrita. 120 pontos Demonstra domínio mediano da modalidade escrita formal da língua portuguesa e de escolha de registro, com alguns desvios gramaticais e de convenções da escrita. 80 pontos Demonstra domínio insuficiente da modalidade escrita formal da língua portuguesa, com muitos desvios gramaticais, de escolha de registro e de convenções da escrita. 40 pontos Demonstra domínio precário da modalidade escrita formal da língua portuguesa, de forma sistemática, com diversificados e frequentes desvios gramaticais, de escolha de registro e de convenções da escrita. 0 ponto Demonstra desconhecimento da modalidade escrita formal da língua portuguesa. 2 - Compreender o tema e não fugir do que é proposto: Avalia as habilidades integradas de leitura e de escrita do candidato. O tema constitui o núcleo das ideias sobre as quais a redação deve ser organizada e é caracterizado por ser uma delimitação de um assunto mais abrangente. A figura abaixo apresenta a tabela de pontuação. 200 pontos Desenvolve o tema por meio de argumentação consistente, a partir de um repertório sociocultural produtivo e apresenta excelente domínio do texto dissertativo-argumentativo. 160 pontos Desenvolve o tema por meio de argumentação consistente e apresenta bom domínio do texto dissertativo-argumentativo, com proposição, argumentação e conclusão. 120 pontos Desenvolve o tema por meio de argumentação previsível e apresenta domínio mediano do texto dissertativo-argumentativo, com proposição, argumentação e conclusão. 80 pontos Desenvolve o tema recorrendo à cópia de trechos dos textos motivadores ou apresenta domínio insuficiente do texto dissertativo- argumentativo, não atendendo à estrutura com proposição, argumentação e conclusão. 40 pontos Apresenta o assunto, tangenciando o tema, ou demonstra domínio precário do texto dissertativo-argumentativo, com traços constantes de outros tipos textuais. 0 ponto Fuga ao tema/não atendimento à estrutura dissertativo-argumentativa. Nestes casos a redação recebe nota zero e é anulada. 95 3 - Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista: O candidato precisa elaborar um texto que apresente, claramente, uma ideia a ser defendida e os argumentos que justifiquem a posição assumida em relação à temática da proposta da redação. Trata da coerência e da plausibilidade entre as ideias apresentadas no texto, o que é garantido pelo planejamento prévio à escrita, ou seja, pela elaboração de um projeto de texto. A figura abaixo apresenta a tabela de pontuação. 200 pontos Apresenta informações, fatos e opiniões relacionados ao tema proposto, de forma consistente e organizada, configurando autoria, em defesa de um ponto de vista. 160 pontos Apresenta informações, fatos e opiniões relacionados ao tema, de forma organizada, com indícios de autoria, em defesa de um ponto de vista. 120 pontos Apresenta informações, fatos e opiniões relacionados ao tema, limitados aos argumentos dos textos motivadores e pouco organizados, em defesa de um ponto de vista. 80 pontos Apresenta informações, fatos e opiniões relacionados ao tema, mas desorganizados ou contraditórios e limitados aos argumentos dos textos motivadores, em defesa de um ponto de vista. 40 pontos Apresenta informações, fatos e opiniões pouco relacionados ao tema ou incoerentes e sem defesa de um ponto de vista. 0 ponto Apresenta informações, fatos e opiniões não relacionados ao tema e sem defesa de um ponto de vista. 4 - Conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação: são avaliados itens relacionados à estruturação lógica e formal entre as partes da redação. A organização textual exige que as frases e os parágrafos estabeleçam entre si uma relação que garanta uma sequência coerente do texto e a interdependência entre as ideias. Preposições, conjunções, advérbios e locuções adverbiais são responsáveis pela coesão do texto porque estabelecem uma inter- relação entre orações, frases e parágrafos. Cada parágrafo será composto por um ou mais períodos também articulados. Cada ideia nova precisa estabelecer relação com as anteriores. A figura a seguir apresenta a tabela de pontuação. 96 00 pontos Articula bem as partes do texto e apresenta repertório diversificado de recursos coesivos. 160 pontos Articula as partes do texto, com poucas inadequações, e apresenta repertório diversificado de recursos coesivos. 120 pontos Articula as partes do texto, de forma mediana, com inadequações, e apresenta repertório pouco diversificado de recursos coesivos. 80 pontos Articula as partes do texto, de forma insuficiente, com muitas inadequações e apresenta repertório limitado de recursos coesivos. 40 pontos Articula as partes do texto de forma precária. 0 ponto Não articula as informações. 5 - Respeito aos direitos humanos: Apresentar uma proposta de intervençãopara o problema abordado que respeite os direitos humanos. Propor uma intervenção para o problema apresentado pelo tema significa sugerir uma iniciativa que busque, mesmo que minimamente, enfrentá-lo. A elaboração de uma proposta de intervenção na prova de redação do Enem representa uma ocasião para que o candidato demonstre o preparo para o exercício da cidadania, para atuar na realidade em consonância com os direitos humanos. A figura abaixo apresenta a tabela de pontuação. 200 pontos Elabora muito bem proposta de intervenção, detalhada, relacionada ao tema e articulada à discussão desenvolvida no texto. 160 pontos Elabora bem proposta de intervenção relacionada ao tema e articulada à discussão desenvolvida no texto. 120 pontos Elabora, de forma mediana, proposta de intervenção relacionada ao tema e articulada à discussão desenvolvida no texto. 80 pontos Elabora, de forma insuficiente, proposta de intervenção relacionada ao tema, ou não articulada com a discussão desenvolvida no texto. 40 pontos Apresenta proposta de intervenção vaga, precária ou relacionada apenas ao assunto. 0 ponto Não apresenta proposta de intervenção ou apresenta proposta não relacionada ao tema ou ao assunto. 6. Redações Nota 1000 no ENEM A seguir relacionamos uma série de redações de candidatos que obtiveram a nota máxima na redação do ENEM, mencionando o tema proposto pela banca, o ano do exame, o nome do autor e o título da redação, quando houver. 97 6.1. Redação 1 Tema: Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil Ano: 2016 Autora: Larissa Cristine Ferreira Título: Orgulho Machadiano Brás Cubas, o defunto-autor de Machado de Assis, diz em suas “Memórias Póstumas’ que não teve filhos e não transmitiu a nenhuma criatura o legado da nossa miséria. Talvez hoje ele percebesse acertada sua decisão: a postura de muitos brasileiros frente a intolerância religiosa é uma das faces mais perversas de uma sociedade em desenvolvimento. Com isso, surge a problemática do preconceito religioso que persiste intrinsecamente ligado à realidade do país, seja pela insuficiência de leis, seja pela lenta mudança de mentalidade social. É indubitável que a questão constitucional e sua aplicação estejam entre as causas do problema. Conforme Aristóteles, a poética deve ser utilizada de modo que, por meio da justiça, o equilíbrio seja alcançado na sociedade. De maneira análoga, é possível perceber que, no Brasil, a perseguição religiosa rompe essa harmonia; haja vista que, embora esteja previsto na Constituição o princípio da isonomia, no qual todos devem ser tratados igualmente, muitos cidadãos se utilizam da inferioridade religiosa para externar ofensas e excluir socialmente pessoas de religiões diferentes. Segundo pesquisas, a religião afro-brasileira é a principal vítima de discriminação, destacando- se o preconceito religioso como o principal impulsionador do problema. De acordo com Durkheim, o fato social é a maneira coletiva de agr e de pensar. Ao seguir essa linha de pensamento, observa-se que a preparação do preconceito religioso se encaixa na teoria do sociólogo, uma vez que se uma criança vive em uma família com esse comportamento, tende a adotá-lo também por conta da vivência em grupo. Assim, a continuação do pensamento da inferioridade religiosa, transmitido de geração a geração, funciona como base forte dessa forma de preconceito, perpetuando o problema no Brasil. 98 6.2. Redação 2 Tema: Democratização do acesso ao cinema no Brasil Ano: 2019 Autora: Ana Clara Socha Embora a Constituição Federal de 1988 assegure o acesso à cultura como direito de todos os cidadãos, percebe-se que, na atual realidade brasileira, não há o cumprimento dessa garantia, principalmente no que diz respeito ao cinema. Isso acontece devido à concentração de salas de cinema nos grandes centros urbanos e à concepção cultural de que a arte direcionada aos mais favorecidos economicamente. É relevante abordar, primeiramente, que as cidades brasileiras foram construídas sobre um viés elitista e segregacionista, de modo que os centros culturais estão, em sua maioria, restritos ao espaço ocupado pelos detentores do poder econômico. Essa dinâmica não foi diferente com a chegada do cinema, já que apenas 17% da população do país frequenta os centros culturais em questão. Nesse sentido, observa-se que a segregação social - evidenciada como uma característica da sociedade brasileira, por Sérgio Buarque de Holanda, no livro "Raízes do Brasil" - se faz presente até os dias atuais, por privar a população das periferias do acesso à cultura e ao lazer que são proporcionados pelo cinema. Paralelo a isso, vale também ressaltar que a concepção cultural de que a arte não abrange a população de baixa renda é um fato limitante para que haja a democratização plena da cultura e, portanto, do cinema. Isso é retratado no livro "Quarto de Despejo", de Carolina Maria de Jesus, o qual ilustra o triste cotidiano que uma família em condição de miserabilidade vive, e, assim, mostra como o acesso a centros culturais é uma perspectiva distante de sua realidade, não necessariamente pela distância física, mas pela ideia de pertencimento a esses espaços. 99 Dessa forma, pode-se perceber que o debate acerca da democratização do cinema é imprescindível para a construção de uma sociedade mais igualitária. Nessa lógica, é imperativo que o Ministério da Economia destine verbas para a construção de salas de cinema, de baixo custo ou gratuitas, nas periferias brasileiras por meio da inclusão desse objetivo na Lei de Diretrizes Orçamentárias, com o intuito de descentralizar o acesso à arte. Além disso, cabe às instituições de ensino promover passeios aos cinemas locais, desde o início da vida escolar das crianças, mediante autorização e contribuição dos responsáveis, a fim de desconstruir a ideia de elitização da cultura, sobretudo em regiões carentes. Feito isso, a sociedade brasileira poderá caminhar para a completude da democracia no âmbito cultural." 100 6.3. Redação 3 Tema: Democratização do acesso ao cinema no Brasil Ano: 2019 Autor: Augusto Scapini "Aristóteles, grande pensador da Antiguidade, defendia a importância do conhecimento para a obtenção da plenitude da essência humana. Para o filósofo, sem a cultura e a sabedoria, nada separa a espécie humana do restante dos animais. Nesse contexto, destaca-se a importância do cinema, desde a sua criação, no século XIX, até a atualidade, para a construção de uma sociedade mais culta. No entanto, há ainda diversos obstáculos que impedem a democratização do acesso a esse recurso no Brasil, centrados na elitização do espaço público e causadores da insuficiência intelectual presente na sociedade. Com isso, faz-se necessária uma intervenção que busque garantir o acesso pleno ao cinema para todos os cidadãos brasileiros. De início, tem-se a noção de que a Constituição Federal assegura a todos os cidadãos o acesso igualitário aos meios de propagação do conhecimento, da cultura e do lazer. Porém, visto que os cinemas, materialização pública desses conceitos, concentram-se predominantemente nos espaços reservados à elite socioeconômica, como os "shopping centers", é inquestionável a existência de uma segregação das camadas mais pobres em relação ao acesso a esse recurso. Essa segregação é identificada na elaboração da tese de "autocidadania", escrita pelo sociólogo Jessé Souza, que denuncia a situação de vulnerabilidade social vivida pelos mais pobres, cujos direitos são negligenciados tanto pela falta de ação do Estado quanto pela indiferença da sociedade em geral. Fica claro, então, que o acesso ao cinema não é um recurso democraticamente pleno no Brasil. Como consequência dessa elitização dos espaços públicos, que promove aexclusão das camadas mais periféricas, é observado um bloqueio intelectual imposto a essa parte da população. Nesse sentido, 101 assuntos pertinentes ao saber coletivo, que, por vezes, não são ensinados nas instituições formais de ensino, mas são destacados pelos filmes exibidos nos cinemas, não alcançam as mentes das minorias sociais, fato que impede a obtenção do conhecimento e, por conseguinte, a plenitude da essência aristotélica. Essa situação relaciona-se com o conceito de "alienação", descrito pelo alemão Karl Marx, que caracteriza o estado de insuficiência intelectual vivido pelos trabalhadores da classe operária no contexto da Revolução Industrial, refletido na camada pobre brasileira atual. Portanto, fica evidente a importância do cinema para a construção de uma sociedade mais culta e a necessidade de democratização desse recurso. Nesse âmbito, cabe ao Ministério da Educação e da Cultura promover um maior acesso ao conhecimento e ao lazer, por meio da instalação de cinemas públicos nas áreas urbanas mais periféricas - que deverão possuir preços acessíveis à população local -, a fim de evitar a situação de alienação e insuficiência intelectual presente nos membros das classes mais baixas. Desse modo, o cidadão brasileiro poderá atingir a condição de plenitude da essência, prevista por Aristóteles, destacando-se, logo, das outras espécies animais, através do conhecimento e da cultura." 102 6.4. Redação 4 Tema: Democratização do acesso ao cinema no Brasil Ano: 2019 Autora: Eduarda Duarte "Durante a primeira metade do século XX, as obras cinematográficas de Charlie Chaplin atuaram como fortes difusores de informações e de ideologias contra a exploração e o autoritarismo no continente americano. No contexto atual, o cinema permanece como um importante veículo de conhecimento, mas. No Brasil, não há o acesso democrático a essa mídia em decorrência das disparidades socioeconômicas nas cidades, as quais fomentam a elitização dos ambientes de entretenimento, e da falta de investimentos em exibições populares, as quais, muitas vezes, são realizadas em prédios precários e não são divulgadas. Portanto, é imperativo promover mecanismos eficientes de integração dos telespectadores para facilitar o contato com filmes, proeminentes na introdução dos cidadãos. Tendo em vista a realidade supracitada, destaca-se a crescente discrepância entre as classes sociais nos grandes centros habitacionais, o que leva a modificações no espaço. Essa visão condiz com as ideias de Henri Lefebvre, uma vez que, para o sociólogo, o meio urbano é a manifestação de conflitos, o que pode ser relacionado à evidente segregação socioespacial dos cinemas. Nesse viés, a concentração de salas de exibição em áreas nobres está vinculada às desigualdades sociais e configura a elitização do acesso aos filmes em locais públicos em função do encarecimento dos serviços ao longo dos anos. Dessa forma, para uma grande parte dos brasileiros, o entretenimento e o aprendizado por meio das obras cinematográficas, como visto no início do século XX, se tornam inviáveis, restringindo o contato com novos ideais e inibindo a mobilização da sociedade em prol de seus valores. Além disso, a insuficiência de recursos destinados a exibições em teatros populares é um fator que dificulta a democratização do cinema 103 no Brasil. Isso porque, apesar de Steve Jobs, um dos fundadores da empresa “Apple”, ter corroborado com a ideia do mundo virtual como influenciador ao constatar que a “tecnologia move o mundo”, as redes sociais não são utilizadas pelos órgãos públicos para divulgar apresentações cinematográficas nos centros culturais, presentes em diversas regiões do país. Aliada à falta de visibilidade, a precariedade infraestrutural dos prédios onde tais eventos ocorrem reduz a qualidade de experiência e desencoraja muitos de frequentarem os locais, apesar dos menores preços. Assim, torna-se clara a necessidade de investimentos par garantir o contato com os filmes, essenciais para a instrução e para a integração dos indivíduos. Desse modo, é imprescindível democratizar o acesso ao cinema no Brasil. Para isso, cabe às prefeituras disponibilizar a experiência cinematográfica à população urbana menos privilegiada, por meio de eventos de exibição em áreas periféricas – os quais devem fornecer programações internacionais e acionais a custos reduzidos -, com o intuito de evitar o processo de elitização cultural em virtude de disparidades socioeconômicas. Ademais, compete ao Ministério da Cidadania promover a visibilidade dos centros culturais nas redes sociais e investir em reformas periódicas, a fim de assegurar a manutenção dos locais. Com essas medidas, assim como na época de Charlie Chaplin, a sociedade terá o maior contato com as novas ideias e as informações do mundo contemporâneo." 104 6.5. Redação 5 Tema: Democratização do acesso ao cinema no Brasil Ano: 2019 Autor: Lucas Rios "O cinema se tornou uma tecnologia com grande potencial expressivo e, por essa razão, é considerado uma forma de arte. Simultaneamente, apresenta elevado valor lúdico, prova pelo recente sucesso de obras como "Coringa" e "Vingadores: Ultimato". Infelizmente, no contexto brasileiro, nem todos têm amplo acesso a tal maravilha. Nesse sentido, percebe-se a existência de problemas sociais e econômicos que dificultam a democratização dessa atividade no país. Segundo o economista Ludwig von Mises, um dos grandes nomes da Escola Austríaca de Economia, o homem quando em liberdade, tende a agir buscando a maximização de sua felicidade. Sob essa ótica, nota-se que indivíduos com baixo poder aquisitivo priorizarão serviços de necessidade básica (como alimentação, saúde e moradia) em detrimento de atividades culturais, uma vez que aqueles, por serem essenciais à sobrevivência, lhes farão mais felizes que estes. Assim, a fragilidade econômica torna-se um fator de exclusão de certas parcelas da população nacional do mundo cinematográfico. Além disso, de acordo com o Índice de Liberdade Econômica desenvolvido pela Heritage Foundation, o Brasil está entre os piores países para abrir uma empresa. Isso é resultado da alta complexidade tributária e burocrática, que resulta em maiores custos tanto para empreendedores quanto para consumidores. Por não ser imune a tal fenômeno, o setor do cinema sofre com as mesmas consequências, que restringem ainda mais a participação popular nas sessões. Dessa forma, a abertura e simplificação desse mercado são medidas necessárias para democratizá-lo, dado que reduzem os preços. 105 Diante do exposto, evidenciam-se os desafios sociais e econômicos para o pleno acesso da população brasileira às obras cinematográficas. Cabe, então, ao Ministério da Cidadania, por ter herdado as funções do extinto Ministério da Cultura, criar, por meio de parcerias com as empresas do setor, entradas gratuitas periódicas para a população de baixa renda, de modo a facilitar a sua participação nas salas de cinema e, consequentemente, popularizar o acesso à cultura. Paralelamente, o Ministério da Economia deve estimular, através de medidas provisórias, a redução de impostos e regulações no mercado citado. Desse modo, concretizar-se-ão os seus valores lúdico e artístico, que serão apreciados pelo povo brasileiro como um todo." 106 6.6. Redação 6 Tema: Democratização do acesso ao cinema no Brasil Ano: 2019 Autor: Daniel Gomes "O filme ‘’Cine Hollywood’’ narra a chegada da primeira sala de cinema na cidade de Crato, interior do Ceará. Na obra, os moradores do até então vilarejo nordestino têm suas vidas modificadas pela modernidade que, naquele contexto, se traduzia na exibição de obras cinematográficas. De maneira análoga à história fictícia, a questão da democratização104 6.6. REDAÇÃO 6 .................................................................. 106 6.7. REDAÇÃO 7 .................................................................. 108 6.8. REDAÇÃO 8 .................................................................. 110 6.9. REDAÇÃO 9 .................................................................. 112 6.10. REDAÇÃO 10 ............................................................ 114 6.11. REDAÇÃO 11 ............................................................ 116 6.12. REDAÇÃO 12 ............................................................ 118 6.13. REDAÇÃO 13 ............................................................ 120 6.14. REDAÇÃO 14 ............................................................ 122 6.15. REDAÇÃO 15 ............................................................ 124 6.16. REDAÇÃO 16 ............................................................ 126 6.17. REDAÇÃO 17 ............................................................ 128 6.18. REDAÇÃO 18 ............................................................ 130 6.19. REDAÇÃO 19 ............................................................ 132 6.20. REDAÇÃO 20 ............................................................ 134 6.21. REDAÇÃO 21 ............................................................ 136 6.22. REDAÇÃO 22 ............................................................ 138 6.23. REDAÇÃO 23 ............................................................ 140 6.24. REDAÇÃO 24 ............................................................ 141 6.25. REDAÇÃO 25 ............................................................ 142 6.26. REDAÇÃO 26 ............................................................ 144 6.27. REDAÇÃO 27 ............................................................ 146 6.28. REDAÇÃO 28 ............................................................ 148 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................ 150 7 8 Português - Redação Dissertativa, argumentativa. Considerações sobre a avaliação. Tópicos frasais. Semântica, sintaxe, concordâncias, acentuação e gramática Diversos vestibulares, o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) e muitos concursos públicos inclusive, têm como uma das principais competências a elaboração de uma redação, que possui um peso considerável no conjunto da avaliação. Inclusive tendo poder reprobatório, caso seja zerada na maioria dos casos. Vamos falar de temas como semântica, sintaxe e concordância. Muito embora os nomes assustem, não são assuntos complexos. Vamos trabalhar com diversas dicas de como se preparar antes e durante as redações para poder vencer o famigerado “branco” de bloqueio de criação. Mas você sabe o que significa redação? Corresponde ao ato de redigir um texto empregando uma ordem e um método. Além de uma atividade imprescindível em avaliações para o vestibular e ENEM é uma atividade presente desde a invenção da escrita, e atualmente considerada um campo profissional e artístico na literatura, na produção de roteiros, na elaboração de relatórios e documentos, na publicidade e no jornalismo, entre diversas outras áreas. 1. Redação Dissertativa-argumentativa Uma redação dissertativa-argumentativa é um gênero de produção textual em que se defende uma certa tese, por meio de argumentos e explicações fundamentadas, por isso dissertativa-argumentativa, isto é, frente a um tema que foi proposto você deverá escrever, com base em “evidências e fatos”, para justificar e convencer o seu ponto de vista sobre tal ponto. Essa é a modalidade de redação proposta pelo ENEM. 9 Vale salientar que a sua dissertação com argumentos deverá corresponder ao seu ponto de vista frente a questão abordada. Sem que em nenhum momento haja uma contradição entre seu ponto de vista. Por exemplo, se você estiver dissertando a favor, ou então contra uma determinada situação pontuada, não pode haver divergências quanto à sua escolha. Desde que sejam respeitadas as propostas da prova, como por exemplo, que esteja de acordo com os direitos humanos e dentro das leis. Para a elaboração de uma boa redação são importantes algumas práticas, especialmente a leitura de bons textos, sejam eles provenientes de livros, jornais ou artigos, para que dessa maneira, o candidato ou candidata adquira conhecimentos, além de socioculturais sobre temas da atualidade, que tipicamente são cobrados em provas, com opções de vocabulário, ou seja, saiba tratar de temas que envolvem a sociedade, culturas e as diferenças sociais existentes. Além disso, existem algumas regras a serem esclarecidas: 1.1. Pessoa do Discurso - Impessoalidade Durante TODA a abordagem da redação, os verbos devem ser conjugados ou na 3ª pessoa do singular (ele), ou na 1ª pessoa do plural (nós). Por exemplo: 3ª pessoa do singular: Acredita-se, entende-se, percebe-se. 1ª pessoa do plural: Acreditamos, entendemos, percebemos. Assim, dessa maneira, procure manter a impessoalidade da linguagem. Essa é uma técnica indispensável quando falamos na produção de um texto dissertativo-argumentativo, foco do ENEM. O objetivo principal ao escrevermos um texto impessoal é justamente eliminarmos a subjetividade do discurso, isto é, devemos evitar opiniões e juízos de valores pessoais. Assim, procure evitar o uso de termos pessoais, como por exemplo: “eu acho que”, “eu 10 acredito que”, “na minha opinião”, “eu penso que”. Prefira usar em substituição termos como: “é bom lembrar”, “convém lembrar”, “é importante pontuar”, “precisamos considerar”, “é de suma importância lembrar que”, “consideramos que”. Em vez de: “eu acho que”, “eu acredito que”, “na minha opinião”, “nós pensamos que”, “eu considero”, “nós podemos”, “esperamos”, “quero”, Use: “é bom lembrar”, “convém lembrar”, “é importante pontuar”, “precisamos considerar”, “é de suma importância lembrar que”, “consideramos que”. 1.2. Quantidade de Linhas É de vital importância que a redação tenha uma introdução, o desenvolvimento do tema e uma conclusão, e dentro desse contexto deve ter um máximo de 30 linhas e um mínimo de 8 linhas. Quanto maior a quantidade de linhas, maiores são as chances de desenvolver e provar seu ponto de vista, mas em compensação, maior a possibilidade de erros ortográficos, de contexto e de concordância. Textos curtos (menos linhas), por sua vez, podem não ser suficientes para provar o seu ponto de vista defendido e pode demonstrar, dependendo do caso, falta de argumentos. Se a quantidade for menor, o texto deve ser conciso, porém com argumentos sólidos e consistentes que cumpram com a justificativa do tema proposto. Uma divisão sugerida são 7 linhas de introdução, 8 linhas para o primeiro e 8 linhas para o segundo parágrafo de desenvolvimento e as últimas 7 linhas reservadas para a conclusão. IMPESSOALIDADE 11 1.3. Introdução (Resumo das Ideias Principais) Muitos alunos relatam que a introdução é a parte mais complexa na elaboração de uma redação, tendo dificuldade de interpretar o tema adequadamente para iniciar o processo, e que, passando dessa parte consideram que o restante do processo se torna muito mais automatizado e intuitivo. É neste ponto em que “a ficha cai” para o aluno, onde ocorre o primeiro posicionamento diante do(s) tema(s) proposto(s). Vamos ver que não existe um modo “milagroso” de se iniciar, entretanto, existem algumas formas e estruturas padronizadas para iniciarmos. É imprescindível que na introdução já se diga o ponto de vista escolhido, abordando as ideias centrais do tema, e também estar de acordo com a proposta da banca examinadora e o tema proposto. Existem algumas estratégias para a realização de uma boa introdução, que demonstram o domínio sobre a questão tratadado acesso ao cinema, no Brasil, ainda enfrenta problemas no que diz respeito à exclusão da parcela socialmente vulnerável da sociedade. Assim, é lícito afirmar que a postura do Estado em relação à cultura e a negligência de parte das empresas que trabalham com a ‘’sétima arte’’ contribuem para a perpetuação desse cenário negativo. Em primeiro plano, evidencia-se, por parte do Estado, a ausência de políticas públicas suficientemente efetivas para democratizar o acesso ao cinema no país. Essa lógica é comprovada pelo papel passivo que o Ministério da Cultura exerce na administração do país. Instituído para se rum órgão que promova a aproximação de brasileiros a bens culturais, tal ministério ignora ações que poderiam, potencialmente, fomentar o contato de classes pouco privilegiadas ao mundo dos filmes, como a distribuição de ingressos em instituições públicas de ensino básico e passeios escolares a salas de cinema. Desse modo, o Governo atua como agente perpetuador do processo de exclusão da população mais pobre a esse tipo de entretenimento. Logo, é substancial a mudança desse quadro. Outrossim, é imperativo pontuar que a negligência de empresas do setor – como produtoras, distribuidoras de filmes e cinemas – também colabora para a dificuldade em democratizar o acesso ao cinema no Brasil. Isso decorre, principalmente, da postura capitalista de grande 107 parte do empresariado desse segmento, que prioriza os ganhos financeiros em detrimento do impacto cultural que o cinema pode exercer sobre uma comunidade. Nesse sentido, há, de fato, uma visão elitista advinda dos donos de salas de exibição, que muitas vezes precificam ingressos com valores acima do que classes populares podem pagar. Consequentemente, a população de baixa renda fica impedida de frequentar esses espaços. É necessário, portanto, que medidas sejam tomadas para facilitar o acesso democrático ao cinema no país. Posto isso, o Ministério da Cultura deve, por meio de um amplo debate entre Estado, sociedade civil, Agência Nacional de Cinema (ANCINE) e profissionais da área, lançar um Plano Nacional de Democratização ao Cinema no Brasil, a fim de fazer com que o maior número possível de brasileiros possa desfrutar do universo dos filmes. Tal plano deverá focar, principalmente, em destinar certo percentual de ingressos para pessoas de baixa renda e estudantes de escolas públicas. Ademais, o Governo Federal deve também, mediante oferecimento de incentivos fiscais, incentivar os cinemas a reduzirem o custo de seus ingressos. Dessa maneira, a situação vivenciada em ‘’Cine Hollywood’’ poderá ser visualizada na realidade de mais brasileiros." 108 6.7. Redação 7 Tema: Democratização do acesso ao cinema no Brasil Ano: 2019 Autor: Gabriel Lopes "O longa-metragem nacional "Na Quebrada" revela histórias reais de jovens da periferia de São Paulo, os quais, inseridos em um cenário de violência e pobreza, encontram no cinema uma nova perspectiva de vida. Na narrativa, evidencia-se o papel transformador da cultura por intermédio do Instituto Criar, que promove o desenvolvimento pessoal, social e profissional dos alunos por meio da sétima arte. Apresentando- se como um retrato social, tal obra, contudo, ainda representa a história de parte minoritária da população, haja vista o deficitário e excludente acesso ao cinema no Brasil, sobretudo às classes menos favorecidas. Todavia, para que haja uma reversão do quadro, faz-se necessário analisar as causas corporativas e educacionais que contribuem para a continuidade da problemática em território nacional. Deve-se destacar, primeiramente, o distanciamento entre as periferias e as áreas de consumo de arte. Acerca disso, os filósofos Adorno e Horkheimer, em seus estudos sobre a "Indústria Cultural", afirmaram que a arte, na era moderna, tornou-se objeto industrial feito para ser comercializado, tendo finalidades prioritariamente lucrativas. Sob esse prisma, empresas fornecedoras de filmes concentram sua atuação nas grandes metrópoles urbanas, regiões onde prevalece a população de maior poder aquisitivo, que se mostra mais disposta a pagar um maior valor pelas exibições. Essa prática, no entanto, fomenta uma tendência segregatória que afasta o cinema das camadas menos abastadas, contribuindo para a dificuldade na democratização do acesso a essa forma de expressão e de identidade cultural no Brasil. Ademais, uma análise dos métodos da educação nacional é necessária. Nesse sentido, observa-se uma insuficiência de conteúdos relativos à aproximação do indivíduo com a cultura desde os primeiros anos escolares, 109 fruto de uma educação tecnicista e pouco voltada para a formação cidadã do aluno. Dessa forma, com aulas voltadas para memorização teórica, o sistema educacional vigente pouco estimula o contato do estudante com as diversas formas de expressão cultural e artística, como o cinema, negligenciando, também, o seu potencial didático, notável pela sua inerente natureza estimulante. Tal cenário reforça a ideia da teórica Vera Maria Candau, que afirma que o sistema educacional atual está preso nos moldes do século XIX e não oferece propostas significativas para as inquietudes hodiernas. Assim, com a carência de um ensino que desperte o interesse dos alunos pelo cinema, a escola contribui para um afastamento desses indivíduos em relação ao cinema, o que constitui um entrave para que eles, durante a vida, tornem-se espectadores ativos das produções cinematográficas brasileiras e internacionais. É evidente, portanto, que a dificuldade na democratização do acesso ao cinema no Brasil é agravada por causas corporativas e educacionais. Logo, é necessário que a Secretaria Especial de Cultura do Ministério da Cidadania torne tais obras mais alcançáveis ao corpo social. Para isso, ela deve estabelecer parcerias público-privadas com empresas exibidoras de filmes, beneficiando com isenções fiscais aquelas que provarem, por meio de relatórios semestrais, a expansão de seus serviços a preços populares para regiões fora dos centros urbanos, de forma que, com maior oferta a um maior número de pessoas, os indivíduos possam efetivar o seu uso para o lazer e para o seu engrandecimento cultural. Paralelamente, o Ministério da Educação deve levar o tema às escolas públicas e privadas. Isso deve ocorrer por meio da substituição de parte da carga teórica da Base Nacional Comum Curricular por projetos interdisciplinares que envolvam exibição de filmes condizentes com a prática pedagógica e visitas aos cinemas da região da escola, para que se desperte o interesse do aluno pelo tema ao mesmo tempo em que se desenvolve sua consciência cultural e cidadã. Nesse contexto, poder-se-á expandir a ação transformadora da sétima arte retratada em "Na Quebrada", criando um legado duradouro de acesso à cultura e de desenvolvimento social em território nacional." 110 6.8. Redação 8 Tema: Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet Ano: 2018 Autora: Thais Saeger Ruschmann da Costa É fato que a tecnologia revolucionou a vida em sociedade nas mais variadas esferas, a exemplo da saúde, dos transportes e das relações sociais. No que concerne ao uso da internet, a rede potencializou o fenômeno da massificação do consumo, pois permitiu, por meio da construção de um banco de dados, oferecer produtos de acordo com os interesses dos usuários. Tal personalização se observa, também, na divulgação de informações que, dessa forma, se tornam, muitas vezes, tendenciosas. Nesse sentido, é necessário analisar tal quadro, intrinsecamente ligado a aspectos educacionais e econômicos. É importante ressaltar, em primeiro plano, de que forma o controle de dados na internet permite a manipulação do comportamento dos usuários. Isso ocorre, em grande parte,devido ao baixo senso crítico da população, fruto de uma educação tecnicista, na qual não há estímulo ao questionamento. Sob esse âmbito, a internet usufrui dessa vulnerabilidade e, por intermédio da uma análise dos sites mais visitados por determinado indivíduo, consegue rastrear seus gostos e propor notícias ligadas aos seus interesses, limitando, assim, o modo de pensar dos cidadãos. Em meio a isso, uma analogia com a educação libertadora proposta por Paulo Freire mostra-se possível, uma vez que o pedagogo defendia um ensino capaz de estimular a reflexão e, dessa forma, libertar o indivíduo da situação a qual encontra-se sujeitado - neste caso, a manipulação Cabe mencionar, em segundo plano, quais os interesses atendidos por tal controle de dados. Essa questão ocorre devido ao capitalismo, modelo econômico vigente desde o fim da Guerra Fria, em 1991, o qual estimula o consumo em massa. Nesse âmbito, a tecnologia, aliada aos 111 interesses do capital, também propõe aos usuários da rede produtos que eles acreditam ser personalizados. Partindo desse pressuposto, esse cenário corrobora o termo "ilusão da contemporaneidade" defendido pelo filósofo Sartre, já que os cidadãos acreditam estar escolhendo uma mercadoria diferenciada mas, na verdade, trata-se de uma manipulação que visa ampliar o consumo. Infere-se, portanto, que o controle do comportamento dos usuários possui íntima relação com aspectos educacionais e econômicos. Desse modo, é imperiosa uma ação do MEC, que deve, por meio da oferta de debates e seminários nas escolas, orientar os alunos a buscarem informações de fontes confiáveis como artigos científicos ou por intermédio da checagem de dados, com o fito de estimular o senso crítico dos estudantes e, dessa forma, evitar que sejam manipulados. Visando ao mesmo objetivo, o MEC pode, ainda, oferecer uma disciplina de educação tecnológica nas escolas, através de sua inclusão na Base Comum Curricular, causando um importante impacto na construção da consciência coletiva. Assim, observar-se-ia uma população mais crítica e menos iludida. 112 6.9. Redação 9 Tema: Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet Ano: 2018 Autora: Vanessa Fernandes O mundo conheceu novos equipamentos ao longo do processo de industrialização, com destaque para os descobrimentos da Terceira Revolução Industrial, que possibilitou a expansão dos meios de comunicação e controle de dados em inúmeros países. Entretanto, as ferramentas recém descobertas foram utilizadas de forma inadequada, como por exemplo, durante a Era Vargas. Com efeito, a má utilização dessas tecnologias contribui com a manipulação comportamental dos usuários que se desenvolve devido não só à falta de informação popular como também à negligência governamental. Primeiramente, vale ressaltar o efeito que a falta de informação possui na manipulação das pessoas. Consoante à Teoria do Habitus elaborada pelo sociólogo francês Pierre Bourdieu, a sociedade possui padrões que são impostos, naturalizados e, posteriormente, reproduzidos pelos indivíduos. Nessa perspectiva, a possibilidade da coleta de dados virtuais, como sites visitados e produtos pesquisados, por grandes empresas ocasiona a divulgação de propagandas específicas com o fito de induzir a efetivação da compra da mercadoria anunciada ou estimular um estilo de vida. Assim, o desconhecimento dessa realidade permite a construção de uma ilusão de liberdade de escolha que favorece unicamente as empresas. Dessa forma, medidas são necessárias para alterar a reprodução, prevista por Bourdieu, dessas estratégias comerciais que afetam negativamente inúmeros indivíduos. Ademais, a influência de milhares de usuários se dá pela negligência e abuso de poder governamental. Durante a Era Vargas, a manipulação comportamental dos brasileiros foi uma realidade a partir 113 da criação do Departamento de Imprensa e Propaganda que possuía a função de fiscalizar os conteúdos que seriam divulgados nos meios de comunicação usando o controle da população. Nos dias atuais, com o auxílio da internet, as pessoas estão mais expostas, uma vez que o governo possui acesso aos dados e históricos de navegação que possibilitam a ocorrência de uma obediência influenciada como ocorreu na Era Vargas. Desse modo, urge a extrema necessidade de alterações estruturais para a ocorrência de uma liberdade comportamental de todos. Impende, portanto, que a manipulação do comportamento através do controle de dados na internet deixe de ser realidade. Nesse sentido, cabe ao Governo, por meio do aumento da parcela de investimentos com prioridade, fiscalizar e punir instituições que utilizem essa estratégia de direcionamento através de multas e aumento na cobrança de impostos. Essa inciativa tem a finalidade de propor o uso adequado das tecnologias descobertas durante, e posteriormente, a Terceira Revolução Industrial e, consequentemente, erradicar a manipulação comportamental dos indivíduos através dos dados coletados na internet. 114 6.10. Redação 10 Tema: Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet Ano: 2018 Autora: Clara de Jesus Rocha “Black Mirror” é uma série americana que retrata a influência da tecnologia no cotidiano de uma sociedade futura. Em um de seus episódios, é apresentado um dispositivo que atua como uma babá eletrônica mais desenvolvida, capaz de selecionar as imagens e sons que os indivíduos poderiam vivenciar. Não distante da ficção, nos dias atuais, existem algoritmos especiais ligados em filtrar informações de acordo com a atividade “online” do cidadão. Por isso, torna-se necessário o debate acerca da manipulação comportamental do usuário pelo controle de dados na internet. Primeiramente, é notável que o acesso a esse meio de comunicação ocorre de maneira, cada vez mais, precoce. Segundo pesquisa divulgada pelo IBGE, no ano de 201, apenas 35% dos entrevistados, que apresentavam idade igual ou superior a 10 anos, nunca haviam utilizado a internet. Isso acontece porque desde cedo a criança tem contato com aparelhos tecnológicos que necessitam da disponibilidade de uma rede de navegação, que memoriza cada passo que esse jovem indivíduo dá para traçar um perfil de interesse dele e, assim, fornecer assuntos e produtos que tendem a agradar ao usuário. Dessa forma, o uso da internet torna-se uma imposição viciosa para relações sócio-econômicas. Em segundo lugar, o ser humano perde sua capacidade de escolha. Conforme o conceito de “Mortificação do Eu”, do sociólogo Erving Goffman, é possível entender o que ocorre na internet que induz o indivíduo a ter um comportamento alienado. Tal preceito afirma que, por influência de fatores coercitivos, o cidadão perde seu pensamento individual e junta-se a uma massa coletiva. Dentro do contexto da 115 internet, o usuário, sem perceber, é induzido a entrar em determinados sites devido a um “bombardeio” de propagandas que aparece em seu dispositivo conectado. Evidencia-se, portanto, uma falsa liberdade de escolha quanto ao que fazer no mundo virtual. Com o intuito de amenizar essa problemática, o Congresso Nacional deve formular leis que limitem esse assédio comercial realizado por empresas privadas, por meio de direitos e punições aos que descumprirem, a fim de acabar com essa imposição midiática. As escolas, em parceria com as famílias, devem inserir a discussão sobre esse tema tanto no ambiente doméstico quanto no estudantil, por intermédio de palestrantes, com a participação de psicólogos e especialistas, que debatam acerca de como agir “online”, com o objetivo de desenvolver, desde a infância, a capacidade de utilizar a tecnologia a seu favor. Feito isso, o conflito vivenciado na série não se tornará realidade.116 6.11. Redação 11 Tema: Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet Ano: 2018 Autora: Isabel Petrenko Dória No filme “O jogo da imitação”, o personagem Alan Turing consegue prejudicar o avanço da Alemanha nazista, posto que decifrou os algoritmos correspondentes ao projeto de guerra de Hitler. Diante disso, pode-se observar, desde a segunda metade do século XX, a relevância do conhecimento tecnológico para atingir certos objetivos. Contudo, diferentemente de tal contexto, atualmente, utiliza-se a tecnologia, muitas vezes, não para o bem coletivo, como representado pelo filme, mas para vantagem privada, mediante a manipulação de dados de usuários da internet. Destarte, é fundamental analisar as razões que fazem dessa problemática uma realidade no mundo contemporâneo. Em primeiro lugar, cabe abordar a dificuldade de regulação dos sites quanto ao acesso aos dados de quem está inserido no ambiente virtual. De acordo com Sartre, o homem deve zelar pelo bem coletivo em detrimento do individual, uma vez que ele está articulado a uma comunidade. No entanto, a tecnologia, atualmente, rompe com tal lógica altruísta, pois prioriza-se o lucro gerado pela manipulação do indivíduo. Isso ocorre porque muitas empresas detêm habilidades técnicas para traçar perfis individuais, direcionando, por conseguinte, o consumo, além de influenciar escolhas e gostos de cada um. Logo, verifica-se também uma ruptura com a filosofia kantiana de que a pessoa deve ser um fim em si mesma e não um meio de conseguir alcançar interesses particulares. Ademais, outro fator a salientar é a falta de informação do público no que tange à internet. Diante do advento da Era Tecnológica, a priori com a Terceira Revolução Industrial e, posteriormente, com a Quarta, 117 nota-se uma educação incompleta e que não prepara o indivíduo para um mundo imerso em computadores e inteligência artificial. Nessa perspectiva, apesar de, desde a infância, estar em contato com tablets e celulares, a criança cresce sem saber discernir corretamente quais informações podem ser publicadas ou se seu dispositivo está realmente seguro. Torna-se evidente, portanto, a necessidade de repensar a manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet. Assim, cabe ao Executivo combater o domínio de elementos pessoais dos consumidores, por meio do investimento na área de tecnologia de informações do Ministério de Ciência e Tecnologia, que deverá aprimorar seu sistema de identificação de uso impróprio de tais dados. Desse modo, poderá ser alcançado o objetivo de proteger os brasileiros inseridos na esfera cibernética. Outrossim, compete ao Ministério da Educação promover a inclusão de disciplinas como Ética e Tecnologia, mediante a alteração na Lei de Bases e Diretrizes da Educação, que impulsionará uma maior difusão da percepção crítica acerca do mundo virtual e de como utilizá-lo, a fim de mitigar a manipulação da conduta dos consumidores. Dessa forma, além de formar cidadãos mais capazes de reconhecer tal adversidade, será possível construir uma sociedade mais bem intencionada e preocupada com o bem coletivo. 118 6.12. Redação 12 Tema: Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet Ano: 2018 Autor: Yuri Faquini de Sousa Para o sociólogo Manuel Castells, o advento da “Era da Informação” significou uma mudança nas relações de poder. Enquanto, na “Era Industrial”, o cenário era regulado pela posse dos meios de produção, na nova fase, o domínio político, econômico e social tornou-se vinculado ao controle da produção, do processamento e do compartilhamento de dados. Tal transformação favoreceu que o meio virtual, por meio de algoritmos, adquirisse a capacidade de manipular o comportamento de internautas de acordo com suas preferências, prática a qual, uma vez sustentada pela ausência de autonomia dos indivíduos na “internet”, constitui o alicerce para o surgimento das “bolhas virtuais”. Em primeira análise, o controle da atividade dos usuários da rede é possibilitado pela navegação sem autonomia no espaço digital, visto que esta facilita o direcionamento do internauta a páginas ou grupos específicos. Quanto a isso, o filósofo italiano Umberto Eco afirma que a “internet” originou uma “legião de imbecis”, sendo o ambiente virtual desprovido de hierarquia. Assim, a qualidade dos “sites” acessados e a escolha dos itens pesquisados são determinadas pelo próprio sujeito, o qual depende de sua responsabilidade para não ser manipulado. Nesse sentido, a escola emerge como um decisivo agente de socialização, já que, ao formar cidadãos mais autônomos, contribui para diminuir a influência de mecanismos de filtragem nos indivíduos. Além disso, a seleção do conteúdo exibido aos usuários com base no seu histórico leva à formação das “bolhas virtuais”, considerando que eles são direcionados, sobretudo nas redes sociais, para páginas nas quais é compartilhado um mesmo interesse. Segundo o médico e 119 criador da psicanálise Freud, um indivíduo, ao ser inserido em um grupo específico, tende a suprimir suas peculiaridades para assumir as características predominantes no ambiente em que se encontra. No caso da “internet”, esse fenômeno, além de ocorrer, é agravado, uma vez que a própria escolha de integrantes de um espaço é feita a partir de opiniões convergentes. Portanto, a manipulação de pessoas no meio digital, favorecida pela falta de autonomia nesse contexto, leva à formação de grupos os quais só compartilham um único interesse. Logo, cabe às escolas, instituições que desenvolvem sujeitos autônomos, a tarefa de alertar acerca da necessidade de navegar com responsabilidade pela internet, por meio de palestras e discussões sobre o assunto, envolvendo as disciplinas de Filosofia e Sociologia, a fim de formar cidadãos que não sejam controlados pelas ferramentas virtuais. Ademais, as redes sociais, principal espaço causador das “bolhas” de pensamentos e gostos, deve facilitar a interação de ideias divergentes, mediante a criação de páginas voltadas para a troca de opiniões. Só assim, o controle de indivíduos na “Era da Informação” será solucionado. 120 6.13. Redação 13 Tema: Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet Ano: 2018 Autor: Lucas Felpi No livro “1984” de George Orwell, é retratado um futuro distópico em que um Estado totalitário controla e manipula toda forma de registro histórico e contemporâneo, a fim de moldar a opinião pública a favor dos governantes. Nesse sentido, a narrativa foca na trajetória de Winston, um funcionário do contraditório Ministério da Verdade que diariamente analisa e altera notícias e conteúdos midiáticos para favorecer a imagem do Partido e formar a população através de tal ótica. Fora da ficção, é fato que a realidade apresentada por Orwell pode ser relacionada ao mundo cibernético do século XXI: gradativamente, os algoritmos e sistemas de inteligência artificial corroboram para a restrição de informações disponíveis e para a influência comportamental do público, preso em uma grande bolha sociocultural. Em primeiro lugar, é importante destacar que, em função das novas tecnologias, internautas são cada vez mais expostos a uma gama limitada de dados e conteúdos na internet, consequência do desenvolvimento de mecanismos filtradores de informação a partir do uso diário individual. De acordo com o filósofo Zygmund Baüman, vive- se atualmente um período de liberdade ilusória, já que o mundo digitalizado não só possibilitou novas formas de interação com o conhecimento, mas também abriu portas para a manipulação e alienação vistas em “1984”. Assim, os usuários são inconscientemente analisados e lhes é apresentado apenas o mais atrativopara o consumo pessoal. Por conseguinte, presencia-se um forte poder de influência desses algoritmos no comportamento da coletividade cibernética: ao observar 121 somente o que lhe interessa e o que foi escolhido para ele, o indivíduo tende a continuar consumindo as mesmas coisas e fechar os olhos para a diversidade de opções disponíveis. Em um episódio da série televisiva Black Mirror, por exemplo, um aplicativo pareava pessoas para relacionamentos com base em estatísticas e restringia as possibilidades para apenas as que a máquina indicava – tornando o usuário passivo na escolha. Paralelamente, esse é o objetivo da indústria cultural para os pensadores da Escola de Frankfurt: produzir conteúdos a partir do padrão de gosto do público, para direcioná-lo, torná-lo homogêneo e, logo, facilmente atingível. Portanto, é mister que o Estado tome providências para amenizar o quadro atual. Para a conscientização da população brasileira a respeito do problema, urge que o Ministério de Educação e Cultura (MEC) crie, por meio de verbas governamentais, campanhas publicitárias nas redes sociais que detalhem o funcionamento dos algoritmos inteligentes nessas ferramentas e advirtam os internautas do perigo da alienação, sugerindo ao interlocutor criar o hábito de buscar informações de fontes variadas e manter em mente o filtro a que ele é submetido. Somente assim, será possível combater a passividade de muitos dos que utilizam a internet no país e, ademais, estourar a bolha que, da mesma forma que o Ministério da Verdade construiu em Winston de “1984”, as novas tecnologias estão construindo nos cidadãos do século XXI. 122 6.14. Redação 14 Tema: Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet Ano: 2018 Autora: Julia Paula Celem Sob a perspectiva de uma revolução Tecno-Científico- Informacional, vive-se o auge da evolução humana em sua relação com a tecnologia, em que se destaca a ascensão do papel da internet no cotidiano social. Entretanto, tal avanço não é apenas benéfico, de modo que a popularidade existente no uso das redes virtuais possibilitou seu aproveitamento malicioso para que ela atue como um meio influenciador de comportamentos. Nesse contexto, configura-se um quadro alarmante correlacionado ao potencial de manipulação do usuário por meio do controle dos dados expostos a ele, o que decorre de interesses organizacionais e gera um processo de alienação social. Em um primeiro plano, é imperioso ressaltar que a busca por adesão a um interesse financeiro ou ideológico intensifica o controle da internet como um formador comportamental. De acordo com as pesquisas dos sociólogos Adorno e Horkheimer sobre Indústria Cultural, as mídias digitais possuem uma grande capacidade de atuar como formadoras e moldadoras de opinião. Assim, com o aumento abrupto do uso das redes virtuais, diversas organizações usufruem desse poder em prol de atingir sua causa com a imposição de informações selecionadas as quais limitam a escolha do usuário. Essa seleção permite que empresas comerciais, por exemplo, atraiam um mercado consumidor maior e ampliem suas vendas ao restringir as opções de compra ao perfil do indivíduo, que, em vez de escolher, apenas obedece ao sistema. Ademais, governos autoritários também se aproveitam do potencial manipulador para permitir que somente notícias favoráveis à sua ideologia possam ser acessadas 123 pelos seus cidadãos, o que evita rebeliões. Depreende-se, pois, a privação da liberdade pessoal pelo direcionamento de comportamentos no meio digital. Sob outro prisma, é válido analisar que o controle de dados na internet fomenta a alienação da sociedade. Essa problemática ocorre porque, quando conteúdos previamente selecionados, descontextualizados ou alterados são a maior parte das informações acessíveis ao público, este passa a reproduzir os comportamentos esperados pelos órgãos manipuladores e influencia as pessoas ao seu redor por apresentar tais fatos como verdades, o que gera um estado de desinformação. Nesse viés, percebe-se que a seleção informacional como um meio alienante antecede a internet, de modo a ser visto, por exemplo, no período ditatorial do Brasil, que, ao censurar notícias negativas sobre o panorama do país, criou a ideia de uma nação livre de problemas sociais, econômicos e de segurança. Infere-se, então, que o uso maléfico da internet na moldagem de opiniões por meio de ações controladoras propicia uma redução na capacidade de senso crítico da comunidade. Torna-se evidente, portanto, a complexa situação que envolve a manipulação do indivíduo com a seleção de dados na rede virtual. Para amenizar o quadro, cabe ao Poder Legislativo reformular o Marco Civil, que é responsável por regularizar o uso do meio digital. Essa medida deverá ocorrer por intermédio da inclusão de uma cláusula a qual irá reforçar os limites no controle dos conteúdos expostos, de forma a ampliar o espectro de escolhas do usuário. Tal ação objetiva impedir que a internet seja utilizada para a moldagem de comportamentos. 124 6.15. Redação 15 Tema: A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira Ano: 2015 Autor: Caio Nobuyoshi Koga O Brasil cresceu nas bases parternalistas da sociedade europeia, visto que as mulheres eram excluídas das decisões políticas e sociais, inclusive do voto. Diante desse fato, elas sempre foram tratadas como cidadãs inferiores cuja vontade tem menor validade que as demais. Esse modelo de sociedade traz diversas consequências, como a violência contra a mulher, fruto da herança social conservadora e da falta de conscientização da população. Casos relatados cotidianamente evidenciam o conservadorismo do pensamento da população brasileira. São constantes as notícias sobre o assédio sexual sofrido por mulheres em espaços públicos, como no metrô paulistano. Essas ações e a pequena reação a fim de acabar com o problema sofrido pela mulher demonstram a normalidade da postura machista da sociedade e a permissão velada para o seu acontecimento. Esses constantes casos são frutos do pensamento machista que domina a sociedade e descende diretamente do paternalismo em que cresceu a nação. Devido à postura machista da sociedade, a violência contra a mulher permanece na contemporaneidade, inclusive dentro do Estado. A mulher é constantemente tratada com inferioridade pela população e pelos próprios órgãos públicos. Uma atitude que demonstra com clareza esse tratamento é a culpabilização da vítima de estupro que, chegando à polícia, é acusada de causar a violência devido à roupa que estava vestindo. A violência se torna dupla, sexual e psicológica; essa, causada pela postura adotada pela população e pelos órgãos públicos frente ao estupro, causando maior sofrimento à vítima. O pensamento conservador, machista e misógino é fruto do 125 patriarcalismo e deve ser combatido a fim de impedir a violência contra aquelas que historicamente sofreram e foram oprimidas. Para esse fim, é necessário que o Estado aplique corretamente a lei, acolhendo e atendendo a vítima e punindo o violentador, além de promover a conscientização nas escolas sobre a igualdade de gênero e sobre a violência contra a mulher. Cabe à sociedade civil, o apoio às mulheres e aos movimentos feministas que protegem as mulheres e defendem os seus direitos, expondo a postura machista da sociedade. Dessa maneira, com apoio do Estado e da sociedade, aliado ao debate sobre a igualdade de gênero, é possível acabar com a violência contra a mulher. 126 6.16. Redação 16 Tema: A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira Ano: 2015 Autor: José Miguel Zanetti Trigueiros Título: Por um basta na violência contra a mulher A violência contra a mulherno Brasil ainda é grande. Entretanto, deve haver uma distinção entre casos gerais (que ocorrem independentemente do sexo da vítima) e casos específicos. Os níveis de homicídios, assaltos, sequestros e agressões são altos, portanto, o número de mulheres atingidas por esse índice também é grande. Em casos que a mulher é vítima devido ao seu gênero, como estupros, abusos sexuais e agressões domésticas, as Leis Maria da Penha e do Feminicídio, aliadas às Delegacias das Mulheres e ao Ligue 180 são meios de diminuir esses casos. O sistema de segurança no Brasil é falho. Como a violência é alta e existe uma enorme burocracia, os casos denunciados e julgados são pequenos. Além do mais, muitas mulheres têm medo de seus companheiros ou dependem financeiramente deles, não contando as agressões que sofrem. Dessa forma, mais criminosos ficam livres e mais mulheres se tornam vítimas. Alguns privilégios são necessários para garantir a integridade física e moral da vítima, como a Lei Maria da Penha, que é um marco para a igualdade de gênero e serve de amparo para todo tipo de violência doméstica e já analisou mais de 300 mil casos. Há também medidas que contribuem para reduzir assédios sexuais e estupros, como a criação do vagão feminino em São Paulo e a permissão para que ônibus parem em qualquer lugar durante a noite, desde que isso seja solicitado por uma mulher. Também é alarmante os casos que envolvem turismo sexual. 127 Durante a Copa do Mundo de 2014, houve um grande fluxo de estrangeiros para o Brasil. Muitos vêm apenas para se relacionar com as mulheres brasileiras, algo ilegal, que que prostituição é crime. Não bastasse, o pior é o envolvimento de menores de idade. Inúmeros motivos colocam crianças e adolescentes nessa vida, como o abandono familiar, o aliciamento por terceiros e até sequestros. Portanto, para reduzir drasticamente a violência contra a mulher, deve ocorrer uma intensificação na fiscalização, através das Leis que protegem as vítimas femininas. No que se refere à punição dos criminosos, deve ocorrer o aumento das penas ou até atitudes mais drásticas, como a castração química de estupradores (garantindo a reincidência zero). Para aumentar o número de denúncias, a vítima deve se sentir protegida e não temer nada. Por isso, mobilizações sociais, através de propagandas e centros de apoio devem ser adotadas. Todas essas medidas culminariam em mais denúncias, mais julgamentos e mais prisões, além de diminuir os futuros casos, devido às prisões exemplares. 128 6.17. Redação 17 Tema: A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira Ano: 2015 Autora: Julia Guimarães Cunha O feminismo é o movimento que luta pela igualdade social, política e econômica dos gêneros. Hodiernamente, muitas conquistas em prol da garantia dessas igualdades já foram alcançadas – a exemplo do direito ao voto para as mulheres, adquirido no Governo Vargas. Entretanto, essas conquistas não foram suficientes para eliminar o preconceito e a violência existentes na sociedade brasileira. De acordo com o site “Mapa da Violência”, nas últimas três décadas houve um aumento de mais de 200% nos índices de feminicídio no país. Esse dado evidencia a baixa eficiência dos mecanismos de auxílio à mulher, tais como a Secretaria de Políticas para as mulheres e a Lei Maria da Penha. A existência desses mecanismos é de suma importância, mas suas ações não estão sendo satisfatórias para melhorar os índices alarmantes de agressões contra o, erroneamente chamado, “sexo frágil.” Mas, apesar de ser o principal tipo, não é só agressão física a responsável pelas violências contra a mulher. Devido ao caráter machista e patriarcal da sociedade brasileira, o preconceito começa ainda na juventude, com o tratamento desigual dado a filhos e filhas – comumente nota-se uma maior restrição para o sexo feminino. Além disso, há a violência moral, ainda muito frequente no mercado de trabalho. Pesquisas comprovam que, no Brasil, o salário dado a homens e mulheres é diferente, mesmo com ambos exercendo a mesma função. Ademais, empresas preferem contratar funcionários do sexo masculino para não se preocuparem com uma possível licença maternidade. 129 É evidente, portanto, que ainda há entraves para garantir a segurança da mulher brasileira. Desse modo, o Estado deve, mediante a ampliação da atuação dos órgãos competentes, assegurar o atendimento adequado às vítimas e a punição correta aos agressores. Além disso, cabe às empresas a garantia de igualdade no espaço laboral, pagando um salário justo e admitindo funcionários pela sua qualificação, livre de preconceitos. Por fim, é dever da sociedade o respeito ao sexo feminino, tratando igualmente homem e mulher. Assim, alcançar-se-á uma sociedade igualitária e de harmonia para ambos os gêneros. 130 6.18. Redação 18 Tema: A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira Ano: 2015 Autora: Amanda Carvalho Maia Castro A violência contra a mulher no Brasil tem apresentado aumentos significativos nas últimas décadas. De acordo com o Mapa da Violência de 2012, o número de mortes por essa causa aumentou em 230% no período de 1980 a 2010. Além da física, o balanço de 2014 relatou cerca de 48% de outros tipos de violência contra a mulher, dentre esses a psicológica. Nesse âmbito, pode-se analisar que essa problemática persiste por ter raízes históricas e ideológicas. O Brasil ainda não conseguiu se desprender das amarras da sociedade patriarcal. Isso se dá porque, ainda no século XXI, existe uma espécie de determinismo biológico em relação às mulheres. Contrariando a célebre frase de Simone de Beavouir “Não se nasce mulher, torna-se mulher”, a cultura brasileira, em grande parte, prega que o sexo feminino tem a função social de se submeter ao masculino, independentemente de seu convívio social, capaz de construir um ser como mulher livre. Dessa forma, os comportamentos violentos contra as mulheres são naturalizados, pois estavam dentro da construção social advinda da ditadura do patriarcado. Consequentemente, a punição para este tipo de agressão é dificultada pelos traços culturais existentes, e, assim, a liberdade para o ato é aumentada. Além disso, já o estigma do machismo na sociedade brasileira. Isso ocorre porque a ideologia da superioridade do gênero masculino em detrimento do feminino reflete no cotidiano dos brasileiros. Nesse viés, as mulheres são objetificadas e vistas apenas como fonte de prazer para o homem, e são ensinadas desde cedo a se submeterem aos mesmos e a serem recatadas. Dessa maneira, constrói-se uma cultura do medo, na qual o sexo feminino tem medo de se expressar por estar 131 sob a constante ameaça de sofrer violência física ou psicológica de seu progenitor ou companheiro. Por conseguinte, o número de casos de violência contra a mulher reportados às autoridades é baixíssimo, inclusive os de reincidência. Pode-se perceber, portanto, que as raízes históricas e ideológicas brasileiras dificultam a erradicação da violência contra a mulher no país. Para que essa erradicação seja possível, é necessário que as mídias deixem de utilizar sua capacidade de propagação de informação para promover a objetificação da mulher e passe a usá-la para difundir campanhas governamentais para a denúncia de agressão contra o sexo feminino. Ademais, é preciso que o Poder Legislativo crie um projeto de lei para aumentar a punição de agressores, para que seja possível diminuir a reincidência. Quem sabe, assim, o fim da violência contra a mulher deixe de ser uma utopia para o Brasil. 132 6.19. Redação 19 Tema: A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira Ano: 2015 Autora: Anna Beatriz Alvares Simões Wreden Título: Parte desfavorecidaDe acordo com o sociólogo Émile Durkheim, a sociedade pode ser comparada a um “corpo biológico” por ser, assim como esse, composta por partes que interagem entre si. Desse modo, para que esse organismo seja igualitário e coeso, é necessário que todos os direitos dos cidadãos sejam garantidos. Contudo, no Brasil, isso não ocorre, pois em pleno século XXI as mulheres ainda são alvos de violência. Esse quadro de persistência de maus tratos com esse setor é fruto, principalmente, de uma cultura de valorização do sexo masculino e de punições lentas e pouco eficientes por parte do Governo. Ao longo da formação do território brasileiro, o patriarcalismo sempre esteve presente, como por exemplo na posição do “Senhor do Engenho”, consequentemente foi criada uma noção de inferioridade da mulher em relação ao homem. Dessa forma, muitas pessoas julgam ser correto tratar o sexo feminino de maneira diferenciada e até desrespeitosa. Logo, há muitos casos de violência contra esse grupo, em que a agressão física é a mais relatada, correspondendo a 51,68% dos casos. Nesse sentido, percebe-se que as mulheres têm suas imagens difamadas e seus direitos negligenciados por causa de uma cultural geral preconceituosa. Sendo assim, esse pensamento é passado de geração em geração, o que favorece o continuísmo dos abusos. Além dessa visão segregacionista, a lentidão e a burocracia do sistema punitivo colaboram com a permanência das inúmeras formas de agressão. No país, os processos são demorados e as medidas coercitivas acabam não sendo tomadas no devido momento. Isso 133 ocorre também com a Lei Maria da Penha, que entre 2006 e 2011 teve apenas 33,4% dos casos julgados. Nessa perspectiva, muitos indivíduos ao verem essa ineficiência continuam violentando as mulheres e não são punidos. Assim, essas são alvos de torturas psicológicas e abusos sexuais em diversos locais, como em casa e no trabalho. A violência contra esse setor, portanto, ainda é uma realidade brasileira, pois há uma diminuição do valor das mulheres, além do Estado agir de forma lenta. Para que o Brasil seja mais articulado como um “corpo biológico” cabe ao Governo fazer parceria com as ONGs, em que elas possam encaminhar, mais rapidamente, os casos de agressões às Delegacias da Mulher e o Estado fiscalizar severamente o andamento dos processos. Passa a ser a função também das instituições de educação promoverem aulas de Sociologia, História e Biologia, que enfatizem a igualdade de gênero, por meio de palestras, materiais históricos e produções culturais, com o intuito de amenizar e, futuramente, acabar com o patriarcalismo. Outras medidas devem ser tomadas, mas, como disse Oscar Wilde: “O primeiro passo é o mais importante na evolução de um homem ou nação.” 134 6.20. Redação 20 Tema: A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira Ano: 2015 Autora: Cecília Maria Lima Leite Título: Violação à dignidade feminina Historicamente, o papel feminino nas sociedades ocidentais foi subjugado aos interesses masculinos e tal paradigma só começou a ser contestado em meados do século XX, tendo a francesa Simone de Beauvoir como expoente. Conquanto tenham sido obtidos avanços no que se refere aos direitos civis, a violência contra a mulher é uma problemática persistente no Brasil, uma vez que ela se dá- na maioria das vezes- no ambiente doméstico. Essa situação dificulta as denúncias contra os agressores, pois muitas mulheres temem expor questões que acreditam ser de ordem particular. Com efeito, ao longo das últimas décadas, a participação feminina ganhou destaque nas representações políticas e no mercado de trabalho. As relações na vida privada, contudo, ainda obedecem a uma lógica sexista em algumas famílias. Nesse contexto, a agressão parte de um pai, irmão, marido ou filho; condição de parentesco essa que desencoraja a vítima a prestar queixas, visto que há um vínculo institucional e afetivo que ela teme romper. Outrossim, é válido salientar que a violência de gênero está presente em todas as camadas sociais, camuflada em pequenos hábitos cotidianos. Ela se revela não apenas na brutalidade dos assassinatos, mas também nos atos de misoginia e ridicularização da figura feminina em ditos populares, piadas ou músicas. Essa é a opressão simbólica da qual trata o sociólogo Pierre Bordieu: a violação aos Direitos Humanos não consiste somente no embate físico, o desrespeito está –sobretudo- na perpetuação de preconceitos que atentam contra a dignidade da pessoa humana ou de um grupo social. 135 Destarte, é fato que o Brasil encontra-se alguns passos à frente de outros países o combate à violência contra a mulher, por ter promulgado a Lei Maria da Penha. Entretanto, é necessário que o Governo reforce o atendimento às vítimas, criando mais delegacias especializadas, em turnos de 24 horas, para o registro de queixas. Por outro lado, uma iniciativa plausível a ser tomada pelo Congresso Nacional é a tipificação do feminicídio como crime de ódio e hediondo, no intuito de endurecer as penas para os condenados e assim coibir mais violações. É fundamental que o Poder Público e a sociedade – por meio de denúncias – combatam praticas machistas e a execrável prática do feminicídio. 136 6.21. Redação 21 Tema: Publicidade infantil em questão no Brasil Ano: 2014 Autor: Carlos Eduardo Lopes Marciano Título: O verdadeiro preço de um brinquedo É comum vermos comerciais direcionados ao público infantil. Com a existência de personagens famosos, músicas para crianças e parques temáticos, a indústria de produtos destinados a essa faixa etária cresce de forma nunca vista antes. No entanto, tendo em vista a idade desse público, surge a pergunta: as crianças estariam preparadas para o bombardeio de consumo que as propagandas veiculam? Há quem duvide da capacidade de convencimento dos meios de comunicação. No entanto, tais artifícios já foram responsáveis por mudar o curso da História. A imprensa, no século XVIII, disseminou as ideias iluministas e foi uma das causas da queda do absolutismo. Mas não é preciso ir tão longe: no Brasil redemocratizado, as propagandas políticas e os debates eleitorais são capazes de definir o resultado de eleições. É impossível negar o impacto provocado por um anúncio ou uma retórica bem estruturada. O problema surge quando tal discurso é direcionado ao público infantil. Comerciais para essa faixa etária seguem um certo padrão: enfeitados por músicas temáticas, as cenas mostram crianças, em grupo, utilizando o produto em questão. Tal manobra de “marketing” acaba transmitindo a mensagem de que a aceitação em seu grupo de amigos está condicionada ao fato dela possuir ou não os mesmos brinquedos que seus colegas. Uma estratégia como essa gera um ciclo interminável de consumo que abusa da pouca capacidade de discernimento infantil. Fica clara, portanto, a necessidade de uma ampliação da legislação atual a fim de limitar, como já acontece em países como Canadá e 137 Noruega, a propaganda para esse público, visando à proibição de técnicas abusivas e inadequadas. Além disso, é preciso focar na conscientização dessa faixa etária em escolas, com professores que abordem esse assunto de forma compreensível e responsável. Só assim construiremos um sistema que, ao mesmo tempo, consiga vender seus produtos sem obter vantagem abusiva da ingenuidade infantil. 138 6.22. Redação 22 Tema: Publicidade infantil em questão no Brasil Ano: 2014 Autora: Nathalia Cardozo Produtos e serviços são necessários a qualquer sociedade. Dentre eles, estão serviços de planos de saúde, financiamento de moradias, compra de roupas e alimentos, entre outros elementos presentes no âmbito social. A publicidade e a propaganda exercem papel essencialna divulgação desses bens. No entanto, é preciso atenção por parte dos consumidores para analisar e selecionar que tipos de propagandas são fidedignas, e no caso de publicidade direcionada a crianças e adolescentes, essa medida nem sempre é possível. Em um primeiro plano, é importante constatar que as crianças não possuem capacidade de analisar os prós e contras da compra de um produto. Nesse sentido, os elementos persuasivos da propaganda têm grande influência no pensamento dos indivíduos da Primeira Idade, já que personagens infantis, brinquedos e músicas conhecidas por eles estimulam uma ideia positiva sobre o produto ou serviço anunciado, mas não uma análise do mesmo. Infere-se, assim, que a utilização desses recursos é abusiva, uma vez que vale-se do fato de a criança ser facilmente induzida e do apego às imagens de caráter infantil, considerando apenas o êxito do objetivo da propaganda: persuadir o possível consumidor. Além disso, observa-se que as ações do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) são importantes, porém insuficientes nesse quesito. O Conar busca, entre outros aspectos, impedir a veiculação de propagandas enganosas, porém respeita o uso da persuasão. Assim, ao longo dos anos, pode-se perceber que o Conar não considera o apelo infantil abusivo e permitiu a transmissão de propagandas destinadas ao público infantil, já que essas permanecem na mídia. Diante desse raciocínio, é possível considerar a resolução do 139 Conselho Nacional de Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) válida e necessária para a contenção dos abusos propagandísticos evidenciados. Tendo em vista a realidade abusiva da propaganda infantil, é necessário que o Conar e o Conanda trabalhem juntos para providenciar uma análise ainda mais criteriosa dos anúncios publicitários dirigidos à primeira infância, a fim de verificar as técnicas de indução utilizadas. Ademais, a família e o sistema educacional brasileiro devem proporcionar às crianças uma educação relacionada a questões analíticas e argumentativas para que, já na adolescência, possam distinguir de maneira cautelosa as intenções dos órgãos publicitários e a validez das propagandas. Dessa forma, será possível conter os abusos e estabelecer justiça nesse contexto. 140 6.23. Redação 23 Tema: Publicidade infantil em questão no Brasil Ano: 2014 Autora: Mariana Pereira Pimenta A publicidade vem sendo valorizada com a constante globalização, onde o marketing se apropria em atingir diferentes parcelas populacionais. A questão da publicidade infantil vem ganhando destaque no cenário mundial, sendo criticadas suas grandes demandas dirigidas à criança, persuadindo-as em favor do consumismo. Com a crescente classe média do país, onde milhares de brasileiros são favorecidos pelos créditos governamentais, o consumismo vem afetando toda essa parcela populacional, deixando no passado a falta de eletrodomésticos e a participação social favorecida as elites. Com participação das principais mídias, agrava o abuso do imaginário infantil ao mesmo tempo em que favorece na distinção do benéfico e maléfico ao padrão de vida individual. É cabível que a anulação da publicidade infantil põe em xeque os ideais democráticos, confrontando tanto as famílias como o mercado publicitário, discriminando tal faixa etária ao mesmo tempo prejudicando o mercado consumidor, fator que pode levar a uma crise interna e abdicar do desenvolvimento comercial de um país subdesenvolvido. Portanto, a busca da comercialização muitas vezes abrange seu favorecimento através do imaginário infantil com os ideais seguidos por seus ídolos. Entretanto, é de responsabilidade dos pais na conscientização do bom e/ou ruim, em conjunto com a escolaridade infantil na abdicação do consumismo ao mesmo tempo em que o governo estude medidas preventivas que busquem o controle da exploração publicitária sem que atrapalhe o andar econômico do país. 141 6.24. Redação 24 Tema: Publicidade infantil em questão no Brasil Ano: 2014 Autor: José Querino de Macêdo Neto Se o conceito censitário de publicidade entende o uso de recursos estilísticos da linguagem, a exemplo da metáfora e das frases de efeito, como atrativo na vendagem de produtos, a manipulação de instrumentos a serviço da propaganda infantil produz efeitos que dão margem mais visível ao consumo desnecessário. Com base nisso, estabelecem-se propostas de debate social acerca do limite de conteúdos designados a comerciais televisivos que se dirigem a tal público. Faz-se preciso, no entanto, que se ressaltem as intenções das grandes empresas de comércio: o lucro é, sobretudo, ditador das regras morais e decisivo na escolha das técnicas publicitárias. Para Marx, por exemplo, o capital influencia, através do acúmulo de riquezas, os padrões que decidem a integração de um indivíduo no meio em que ele se insere — nesse caso, possuir determinados produtos é chave de aceitação social, principalmente entre crianças de cuja inocência se aproveita ao inferir importâncias na aquisição. Em contraposição a esses avanços econômicos e aos interesses dos grandes setores nacionais de mercado infanto-juvenil, os órgãos de ativismo em proteção à criança utilizam-se do Estatuto da Criança e do Adolescente para defender os direitos legítimos da não-ludibriação, detidos por indivíduos em processo de formação ética. Não obstante, a regulamentação da propaganda tende a equilibrar os ganhos das empresas com o crescente índice de consumo desenfreado. Cabe, portanto, ao governo, à família e aos demais segmentos sociais estimular o senso crítico a partir do debate em escolas e creches, de forma a instruir que as necessidades individuais devem se sobrepor às vontades que se possuem, a fim de coibir o abuso comercial e o superconsumo. 142 6.25. Redação 25 Tema: Publicidade infantil em questão no Brasil Ano: 2014 Autor: João Pedro Maciel Schlaepfer Título: Quem Sabe o que é Melhor Para Ela? Desde o final de 1991, com a extinção da antiga União Soviética, o capitalismo predomina como sistema econômico. Diante disso, os variados ramos industriais pesquisam e desenvolvem novas formas e produtos que atinjam os mais variados nichos de mercado. Esse alcance, contudo, preocupa as famílias e o Estado quando se analisa a publicidade voltada às crianças em contraponto à capacidade de absorção crítica das propagandas por parte desse público-alvo. Por ser na infância que se apreende maior quantidade de informações, a eficiência da divulgação de um bem é maior. O interesse infantil a determinados produtos é aumentado pela afirmação do desejo em meios de comunicação, sobretudo ao se articular ao anúncio algum personagem conhecido. Assim, a ânsia consumista dos mais jovens é expandida. Além disso, o nível de criticidade em relação à propaganda é extremamente baixo. Isso se deve ao fato de estarem em fase de composição da personalidade, que é pautada nas experiências vividas e, geralmente, espelhada em um grupo de adultos-exemplo. Dessa forma, o jovem fica suscetível a aceitar como positivo quase tudo o que lhe é oferecido, sem necessariamente avaliar se é algo realmente imprescindível. Com base nisso, o governo federal pode determinar um limite, desassociando personagens e figuras conhecidas aos comerciais, sejam televisivos, radiofônicos, por meios impressos ou quaisquer outras possibilidades. A família, por outro lado, tem o dever de acompanhar e instruir os mais novos em como administrar seus desejos, viabilizando alguns e proibindo outros. 143 Nesse sentido, torna-se evidente, portanto, a importância da assessoria parental e organização do Estado frente a essa questão. Não se pode atuar com descaso, tampouco ser extremista. A criança sabe o que é melhorpara ela? Talvez saiba, talvez não. Até que se descubra (com sua criticidade amadurecida), cabe às entidades superiores auxiliá-la nesse trajeto. 144 6.26. Redação 26 Tema: Publicidade infantil em questão no Brasil Ano: 2014 Autor: Juan Costa da Costa Título: Quem Sabe o que é Melhor Para Ela? Muito se discute acerca dos limites que devem ser impostos à publicidade e propaganda no Brasil - sobretudo em relação ao público infantil. Com o advento do meio técnico-científico informacional, as crianças são inseridas de maneira cada vez mais precoce ao consumismo imposto por uma economia capitalista globalizada - a qual preconiza flexibilidade de produção, adequando-se às mais diversas demandas. Faz-se necessário, portanto, uma preparação específica voltada para esse jovem público, a fim de tornar tal transição saudável e gerar futuros consumidores conscientes. Um aspecto a ser considerado remete à evolução tecnológica vivenciada nas últimas décadas. Os carrinhos e bonecas deram lugar aos "smartphones", videogames e outros aparatos que revolucionaram a infância das atuais gerações. Logo, tornou-se essencial a produção de um marketing voltado especialmente para esse consumidor mirim - objetivando cativá-lo por meio de músicas, personagens e outras estratégias persuasivas. Tal fator é corroborado com a criação de programas e até mesmo canais voltados para crianças (como Disney, Cartoon Network e Discovery Kids), expandindo o conceito de Indústria Cultural (defendido por filósofos como Theodor Adorno) - o qual aborda o uso dos meios de comunicação de massa com fins propagandísticos. Somado a isso, o impasse entre organizações protetoras dos direitos das crianças e os grandes núcleos empresariais fomenta ainda mais essa pertinente discussão. No Brasil, vigoram os acordos isolados com o Poder Público - sem a existência de leis específicas. Recentemente, a Conanda (Comissão Nacional de Direitos da Criança e do Adolescente) emitiu resolução condenando a publicidade 145 direcionada ao público infantil, provocando o repúdio de empresários e propagandistas - que não reconhecem autoridade dessa instituição para atuar sobre o mercado. Diante desses posicionamentos antagônicos, o debate persiste. Com o intuito de melhor adequar os "consumidores do futuro" a essa realidade, e não apenas almejar o lucro, é preciso prepará-los para absorver as muitas informações. Isso pode ser obtido por meio de campanhas promovidas pelo Poder Público nas escolas (com atividades lúdicas e conscientizadoras) e na mídia (TV, rádio, jornais impressos, internet), bem como a criação de uma legislação específica sobre marketing infantil no Brasil - fiscalizando empresas (prevenindo possíveis abusos) - além de orientação aos pais para que melhor lidem com o impulso de consumo dos filhos (tornando as crianças conscientes de suas reais necessidades). Dessa forma, os consumidores da próxima geração estarão prontos para cumprirem suas responsabilidades quanto cidadãos brasileiros (preocupados também com o próximo) e será promovido o desenvolvimento da nação. 146 6.27. Redação 27 Tema: Publicidade infantil em questão no Brasil Ano: 2014 Autora: Maria Eduarda de Aquino Correa Ilha Título: Consumidores do futuro De acordo com o movimento romântico literário do século XIX, a criança era um ser puro. As tendências do Romantismo influenciavam a temática poética brasileira através da idealização da infância. Indo de encontro a essa visão, a sociedade contemporânea, cada vez mais, erradica a pureza dos infantes através da influência cultural consumista presente no cotidiano. Nesse contexto, é preciso admitir que a alegação de uma sociedade conscientizada se tornou uma maneira hipócrita de esconder o descaso em relação aos efeitos da publicidade infantil no país. Em primeiro plano, deve-se notar que o contexto brasileiro contemporâneo é baseado na lógica capitalista de busca por lucros e de incentivo ao consumo. Esse comportamento ganancioso da iniciativa privada é incentivado pelos meios de comunicação, que buscam influenciar as crianças de maneira apelativa no seu dia-a-dia. Além disso, a ausência de leis nacionais acerca dos anúncios infantis acaba por proporcionar um âmbito descontrolado e propício para o consumo. Desse modo, a má atuação do governo em relação à publicidade infantil resulta em um domínio das influências consumistas sobre a geração de infantes no Brasil. Por trás dessa lógica existe algo mais grave: a postura passiva dos principais formadores de consciência da população. O contexto brasileiro se caracteriza pela falta de preocupação moral nas instituições de ensino, que focam sua atuação no conteúdo escolar em vez de preparar a geração infantil com um método conscientizador e engajado. Ademais, a família brasileira pouco se preocupa em controlar o fluxo de informações consumistas disponíveis na televisão e internet. 147 Nesse sentido, o despreparo das crianças em relação ao consumo consciente e às suas responsabilidades as tornam alvos fáceis para as aquisições necessárias impostas pelos anúncios publicitários. Torna-se evidente, portanto, que a questão da publicidade infantil exige medidas concretas, e não um belo discurso. É imperioso, nesse sentido, uma postura ativa do governo em relação à regulamentação da propaganda infantil, através da criação de leis de combate aos comerciais apelativos para as crianças. Além disso, o Estado deve estimular campanhas de alerta para o consumo moderado. Porém, uma transformação completa deve passar pelo sistema educacional, que em conjunto com o âmbito familiar pode realizar campanhas de conscientização por meio de aulas sobre ética e moral. Quem sabe, dessa forma, a sociedade possa tornar a geração infantil uma consumidora consciente do futuro, sem perder a pureza proposta pelo Movimento Romântico. 148 6.28. Redação 28 Tema: Publicidade infantil em questão no Brasil Ano: 2014 Autora: Paula Lage Freire Título: Responsabilidade social A Revolução Técnico-Científica do século XX inaugurou a Era da Informação e possibilitou a divulgação de propagandas nos meios de comunicação, influenciando o consumo dos indivíduos de diferentes faixas etárias. Nesse contexto, a publicidade destinada ao público infantil é motivo de debates entre educadores e psicólogos no território nacional. Assim, a proibição parcial da divulgação de produtos para as crianças é essencial para um maior controle dos pais e para um menor abuso de grandes empresas sobre os infantes. Os indivíduos com idade pouco avançada, em sua maioria, ainda não possuem condições emocionais para avaliar a necessidade de compra ou não de determinado brinquedo ou jogo. Isso porque eles não desenvolveram o senso crítico que possibilita uma escolha consciente e não impulsiva por um produto, como já observou Freud em seus estudos sobre os desejos e impulsos do homem. Consequentemente, os pais, principais responsáveis pela educação dos filhos, devem ter o controle sobre o que é divulgado para eles, pois possuem maior capacidade para enxergar vantagens e desvantagens do que é anunciado. Além disso, pela pouca maturidade, as crianças são facilmente manipuláveis pela mídia. Isso ocorre por uma crença inocente em imagens meramente ilustrativas, que despertam a imaginação e promovem o deslocamento da realidade, deixando a sensação de admiração pelo produto. Como consequência, empresas interessadas na venda em larga escala e no lucro aproveitam esse quadro para divulgar propagandas enganosas, em muitos casos. 149 Portanto, é fundamental uma regulação da publicidade infantil, permitindo-se o controle de responsáveis e impedindo-se ações irresponsáveis de muitas empresas. Faz-se necessário, então, que propagandas comconteúdo infantil sejam direcionadas aos responsáveis em horários mais adequados, à noite, por exemplo, evitando-se o consumo excessivo dos anúncios pelas crianças. Ademais, o Governo Federal deve promover uma central nacional de reclamações para denúncias de pais, via internet ou telefonema, que avaliem determinada informação como abusiva ou desnecessária na mídia. Assim, infantes viverão com maior segurança e proteção. 150 7. Referências Bibliográficas Beduka: Redação url: https://beduka.com/blog/dicas/redacao-enem/ Corrija-me https://www.corrijame.com.br/ Brasil Escola: Redação e gramática url: https://brasilescola.uol.com.br/redacao url: https://brasilescola.uol.com.br/ gramática Infoescola: Redação url: https://www.infoescola.com/redacao Toda a matéria: Redação url: https://www.todamateria.com.br/redacao Pré-UFSC Joinville: Redação url: https://preufsc.joinville.ufsc.br/leitura-e-interpretacao-textual/ Mundo da Educação: Redação url: https://mundoeducacao.uol.com.br/redacao Português: Gramática e Redação url: https://blogdoenem.com.br/ Português: Portal do MEC http://portal.mec.gov.br/ Projeto Redação https://www.projetoredacao.com.br/ 151 Editoração de livros 51 99314-1899 contato@digilivro.com.bre das formas de fazê-la, como o uso de tópicos frasais, que são formas de apresentar uma ideia, acompanhada de elementos de coesão textual (uma breve argumentação fundamentada no tópico frasal) que funcionará como ponte para a argumentação a ser defendida nos parágrafos seguintes de desenvolvimento. Por exemplo: vamos entender a construção de um tópico frasal utilizando o tema “Violência Urbana”. Tópico Frasal: “Não existe relação entre a violência urbana (tema) e a pobreza ou mesmo o racismo”. Coesão Contextual: “Entende-se que o real motivo é a desigual social, que privilegia poucos, enquanto desfavorece muitos, distante de oferecer oportunidades iguais”. O tópico frasal é o que dará a ideia central da redação. Cuidado! Fugir do tema zera a redação! Assim, mantenha a coerência. É uma forma de 12 mostrar a organização das ideias e domínio da escrita. Ele apontará para o corretor qual é seu posicionamento diante do tema proposto. Vamos ver a seguir alguns modelos de introdução de redação: 1.3.1. Conceituação É uma das formas mais utilizadas na introdução de redações. O objetivo é explicar (conceituar) um certo termo e demonstrar a importância deste para o tema proposto. Por exemplo, baseado na proposta Enem de 2020 “Estigmas associados às doenças mentais na sociedade brasileira”. “Estigma” é um termo usado para definir algum tipo de marca negativa ou preconceito socialmente difundido e que deprecia alguém ou algo. Pode ser relativo à condição social, moral, racial ou da condição física, como as doenças mentais. No Brasil, o preconceito sobre doenças mentais está difundido e representa um estorvo para o tratamento dos acometidos por males como depressão, bipolaridade, ansiedade, entre outras. Assim, devemos discutir sobre o assunto para propor medidas capazes de reduzir o problema. 1.3.2. Citações Modelo de introdução útil quando o aluno, por exemplo, conhece alguma citação relevante sobre o assunto, e que serve como gancho para iniciar o texto. As citações devem ser realizadas já na contextualização (introdução) do texto, ou seja, no primeiro período do parágrafo introdutório. Não se deve usar dados numéricos na introdução da redação. Estes dados devem fazer parte da sua argumentação, assim, você os descreve no desenvolvimento. Citações, de um modo geral, enriquecem na introdução por apresentar domínio e repertório sociocultural. 13 Vamos ver alguns exemplos: imagine que o tema proposto fosse: “Guerra, um mal ou um bem necessário para o desenvolvimento da ciência?”. Você poderia iniciar, por exemplo, sua abordagem com citações do tipo: “Ninon de Lenclos, uma cortesã, escritora e patrona de artes da idade média, certa vez afirmou: “O amor é como a guerra; fácil de começar e muito difícil de terminar”. Ou ainda: “O cientista alemão Albert Einstein, certa vez afirmou: “Não sei como será a terceira guerra mundial, mas sei como será a quarta: com pedras e paus”. Ainda, “Jean-Paul Sartre, filósofo, escritor e crítico francês, disse: Quando os ricos fazem a guerra, são sempre os pobres que morrem”. Ou dependendo da abordagem a ser tomada, referente ao mesmo autor Sartre: “Nunca se é homem enquanto se não encontra alguma coisa pela qual se estaria disposto a morrer”. 1.3.3. Legislação Neste modelo, a introdução inicia fazendo uma menção a uma determinada lei a qual deve ser contraposta, para evidenciar um descompasso entre a teoria e a prática. Veja o exemplo abaixo onde o tema da redação é: “Garantia do acesso integral à educação para portadores de deficiência no Brasil”. “A Constituição Federal de 1988, no seu artigo 205, afirma que é dever do Estado garantir acesso à educação. Porém, há localidades onde as escolas não possuem recursos físicos e matérias, como, por exemplo, intérprete de libras ou pessoas capacitadas ao trato com altistas e, por consequência, atrapalham o acesso de portadores de deficiência ao ensino”. 1.3.4. Filmes e Séries 14 Esse modelo é bastante atrativo e faz uso de um filme ou série para posicionar o leitor a respeito do assunto que será abordado. Para uma redação é prático e cria um vínculo com o leitor, especialmente devido à atualidade das obras que podem ser usadas. Confira um exemplo disso com o tema: “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”: Na série “Bom dia, Verônica” (2020), uma policial investiga um predador sexual e descobre um casal com um segredo horrível e um grande esquema de corrupção. O abusador coage, espanca e obriga sua esposa a o ajudar a obter suas vítimas. Como nessa ficção, existem inúmeros casos de violência contra a mulher que acontecem diariamente no Brasil, mesmo com leis que visam proteção. Sabendo-se disso, é crucial, propor um debate para buscar medidas eficazes em seu combate. 1.3.5. Método Dedutivo É um dos modelos mais abrangentes e que pode ser usado em qualquer tema de redação. O objetivo é introduzir o assunto de uma visão geral para uma visão particular. Para entender melhor, veja o exemplo, a partir do tema da Famema 2020: “A redução da maioridade penal pode colaborar para a redução da violência no Brasil?” Nosso país enfrenta uma onda crescente de violência, e essa elevação é frequentemente atribuída a atos criminosos de jovens delinquentes, associados à impunidade. Justamente por essa razão que a sociedade civil tem falado cada vez mais na necessidade de se reduzir a maioridade penal de 18 para 16 anos, objetivando coibir a ação desses jovens. Porém, essa medida não é capaz de combater a criminalidade por si só, como se vê em outros países em que ela existe, estando distante da efetiva solução. 15 Veja que o exemplo de introdução foi elaborado em três períodos distintos. O primeiro propõe uma visão mais ampla do assunto, o segundo insere especificamente o problema e o terceiro apresenta a tese e define a posição que será defendida pelo redator. 1.3.6. Referência Histórica Esse método representa uma ótima opção de introdução e aponta para os conhecimentos do autor a respeito de fatos históricos marcantes para o mundo ou para uma sociedade. Em outras palavras, a contextualização do tema faz uma relação com o que já aconteceu na história e assim exemplifica um determinado problema. Temas como: sociedade, política, economia, cultura, entre outros podem ser uma oportunidade de utilizar essa estratégia. Por exemplo. Em uma redação sobre “Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil” (Enem 2016), ficaria, por exemplo, assim: Durante o processo de colonização do Brasil, em uma visão Europeia da época, tivemos a imposição do catolicismo sobre os povos escravizados, as culturas de matriz indígena e africana, fazendo com que as sofressem com esse preconceito durante muitos anos. Lamentavelmente essa herança está muito presente e prevalece até hoje, fomentando casos de intolerância religiosa. Assim, é indispensável promover um amplo debate sobre o assunto para podermos encontrar soluções para o seu combate. 1.3.7. Narrativa Com Base Real Nessa modalidade de introdução, como o nome sugere, é possível utilizar um fato importante que foi noticiado e que ganhou repercussão nacional. Neste ponto é importante estar atualizado e estar em dia com a leitura dos periódicos. Veja abaixo um exemplo a partir do tema de redação da Unesp 2018: “Liberar o porte de armas de fogo a todos os cidadãos diminuirá a violência no Brasil?” 16 Em 2022 foi amplamente noticiado pela mídia que as mortes por armas de fogo nos EUA atingiram o nível mais alto em quase 30 anos. Embora a quantidade de massacres devido a tiroteios tenha diminuído em relação ao ano anterior, o número de tragédias por armas de fogo só aumenta. E, como sabemos, em muitas localidades dos EUA o porte de armasé permitido e facilitado. Logo, verifica-se que liberar o porte de armas para civis apenas irá aumentar a violência no Brasil, já elevada. 1.3.8. Analogia ou Comparação Aqui, nesta modalidade de introdução, a proposta é uma comparação entre um determinado assunto e o tema proposto de maneira criativa. Esse é um modo em que sua criatividade adiciona preciosos pontos na avaliação. Vamos entender por meio de mais um exemplo, baseado no tema do ENEM 2022, “Os desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil”. Uma receita culinária possui ingredientes que devem ser dosados em quantidades adequadas, maiores ou menores, o fato de aumentar ou reduzir pode arruinar o resultado. Assim como na receita, o Brasil é marcado pela influência indígena, quilombola, cabocla, entre outras. Mesmo alguns grupos sendo minoria, isso não inviabiliza a sua relevância para o Brasil, tendo contribuído nas artes, culinária, dança, etc. Logo, verifica-se a necessidade de promover a valorização mesmo para os menores grupos. 1.3.9. Mitos e Lendas Tipo de introdução considerado por muitos como um dos melhores métodos, porque várias redações com nota mil usaram esse recurso. Para entender melhor, veja o modelo abaixo baseado no tema: “O culto à padronização corporal no Brasil: a ditadura da beleza”. Conforme a mitologia, Narciso teria longa vida se não visse seu rosto. De beleza descomunal despertava amor em homens e mulheres. O rapaz 17 frívolo, arrogante e orgulhoso menosprezava quem o amava. Para lhe castigar, a deusa Nêmeses o condenou a apaixonar-se pelo seu reflexo. Inebriado pela sua beleza definhou olhando-se na água. Assim como no mito, na indústria da moda e nas mídias sociais a beleza escraviza. Vê-se então, que muitos não medem as consequências para ter o corpo perfeito. 1.3.10. Referência Literária Modalidade de introdução bastante eficaz e que demonstra um repertório de conhecimento literário que pode surpreender o corretor da redação. Mas, para que tenha eficiência, é preciso lembrar que o livro que você leu tenha uma íntima associação com o tema proposto. Observe o exemplo abaixo, pautado no tema de redação FAMERP 2019: “Obrigatoriedade da vacinação: entre a prevenção a doenças e o respeito às escolhas individuais”. O livro “Capitães da Areia”, do escritor baiano Jorge Amado, ambientado em Salvador, no início do século XX, aborda um surto de varíola que preocupa as autoridades sanitárias, enquanto a população se recusa a se submeter ao tratamento recomendado. De forma similar à obra, hoje é possível constatar que o país enfrenta uma crescente onda antivacina, que questiona e defende o direito individual de escolha. Frente a isso, vamos abordar os prós e contras com detalhes. 1.3.11. Divisão em Tópicos Tipo de introdução também muito usada, afinal é capaz de evidenciar o domínio da língua, repertório e criatividade. Para realizar esse método, você deve desmembrar algum termo, alguma palavra- chave e demonstrar as ideias principais. Ocorre quando existe o objetivo de separar ideias e elementos para evidenciar as ideias usadas na discussão de um tema. Vamos exemplificar com o tema: “Desafios da educação no Brasil”. 18 “Educação difere de ensino! Educação é uma condição proveniente do seio familiar, reforçado ou corrigido pela escola, enquanto o ensino é um processo acadêmico demorado, complexo e amplo. No Brasil divide-se em ciclos conforme a faixa etária: educação básica, ensino médio, ensino superior, Pós-graduação (doutorado ou mestrado) e EJA (Ensino de Jovens e Adultos). A qualidade nessas etapas somadas a educação familiar forma um ser humano maduro, capaz de tomar decisões equilibradas e definir com sabedoria seu destino.” 1.4. Desenvolvimento (Defesa do Ponto de Vista) Como você já deve ter entendido, um texto dissertativo- argumentativo requer a defesa de um ponto de vista (tese), oferecendo justificativas plausíveis, independentemente da sua opinião a favor ou contra, a partir de um determinado assunto ou tema proposto, geralmente polêmico e atual. Obviamente sem se desviar da proposição. A defesa desse ponto de vista se dará no desenvolvimento do texto, com a apresentação de argumentos consistentes capazes de sustentá-lo. Este é o momento para apresentar informações detalhadas com dados quantitativos e qualitativos, isto é, que contenham números ou justificativas que sustentem a sua proposição. E você também deve desenvolver os argumentos que foram propostos na introdução sem que exista divergência de ideias. No primeiro parágrafo do desenvolvimento do tema discorremos sobre um primeiro argumento, se for o caso com números e detalhes. Num segundo parágrafo desenvolvemos uma segunda linha de raciocínio de argumentação. Lembrando que podem ser acrescidas mais justificativas (não apenas duas), mas sem que o texto fique vazio ou desconexo, ou mesmo confuso! Evite colocar justificativas em excesso para não poluir https://cursoenemgratuito.com.br/tecnica-para-redacao/ 19 demasiadamente o texto, sem que elas se auto sustentes e sejam interconectadas e coerentes. Foque nas principais. Muitas vezes, menos é mais! Visando aperfeiçoar o processo do desenvolvimento pode ser interessante realizar argumentações por meio de comparações, exemplificações ou até mesmo quantificação. 1.4.1. Argumentação Mas você sabe o que é argumentação e de que forma pode realiza- la? A argumentação é um método linguístico essencial para construção de uma boa redação, empregada para detalhar o raciocínio que sustenta a sua tese (ponto de vista), de forma a sensibilizar e influenciar o leitor, por meio de argumentos na defesa da sua ideia. Uma boa argumentação deve ser realizada conforme segue: 1º) apresentar e organizar adequadamente suas proposições; 2º) por meio de operadores argumentativos desenvolver o raciocínio em defesa da sua tese. Como vimos, na introdução, que logicamente é a primeira parte do texto da redação, são apresentadas, de modo sucinto, as principais ideias que devem ser desenvolvidas posteriormente, fazendo, portanto, a contextualização do tema e a defesa do seu ponto de vista. Portanto, a estrutura do seu texto deve ser organizada, objetiva e abrangente, contendo a(s) ideia(s) geral(s). Ao entender que introduzir é apresentar aquilo que se vai explanar, surge a importância de uma escrita que traga, sem “enrolação”, as futuras apresentações do texto. Para que a introdução seja organizada e clara, facilitando o posterior desenvolvimento das ideias chave, devem ser apontadas, com foco, as futuras argumentações. Há, portanto, a necessidade de uma apresentação que passe ao leitor do texto o entendimento daquilo que será lido. 20 Uma questão que deve ser avalizada atentamente é a orientação argumentativa. Isso permite que o leitor da redação possa entender o que será abordado no desenvolvimento do texto. Assim sendo, pode-se ter idealmente duas orientações argumentativas em uma introdução. As duas orientações argumentativas colocadas na introdução serão importantes para desenvolver no primeiro, e no segundo parágrafo. Sempre prestando a atenção para preservar a concordância entre a introdução e o restante do texto. No desenvolvimento do texto não use informações e ideias pessoais, argumente com embasamento no tema. Para isso, devem ser deixados dois parágrafos de desenvolvimento. Primeiramente, dá-se início ao desenvolvimento, trazendo um tópico frasal, que fará a síntese do que será defendido. Posteriormente, seguindo a ideia trazida pela primeira orientação argumentativa, esta deve ser trabalhada. No fechamento ou conclusão há algumas divergências entre as instituições. No entanto, no geral, a conclusão é aquela que desfecha o texto, e reforça o abordado nodesenvolvimento. Nessa parte é esclarecido o ponto de vista, é retomado o que fora apresentado na introdução e ratificado, por meio da paráfrase, a tese. Ela deve trazer uma reflexão geral, e, em se tratando do Enem, deve trazer proposta ou propostas de solução para o tema trabalhado. 1.4.2. Operadores Argumentativos Como vimos, para poder realizar a sua argumentação no texto é preciso empregar operadores argumentativos. Eles consistem de uma associação de advérbios, conjunções e expressões de ligação que estabelecem relações de sentido lógico no decorrer do texto. Existem diversos tipos de operadores argumentativos, vamos abordar tipos e alguns exemplos: 21 Causa e explicação (ou causa e consequência): permitem a inserção de explicações (por causa de, de modo que, por isso, porque, já que, visto que, pois, isto é, assim como, no caso, dessa forma, prova disso, para isso, em consequência, isto acarreta); Junção ou soma: permite uma união de argumentações (e, também, aliás, ainda, outrossim, não só, além disso, acrescenta-se, adicionalmente, ademais, mas também); Comparação: como o termo se auto justifica permite realizar comparações (...que, mais que, tão…como, tão...quanto, menor que, diferente de, tanto...quanto, tal qual, da mesma forma, da mesma maneira); Condição: sugerem uma condição para a realização de algo (se, caso, desde que, contanto que, exceto se, salvo se, a menos que, a não ser que, sem que; Condição temporal: indicam uma relação de tempo (quando, assim que, logo que, o momento que, à medida que, a princípio, na mesma época, à época, anteriormente, posteriormente, antes, depois, a princípio, pouco antes, pouco depois, hoje, atualmente); Oposição ou contraposição: visa contrapor uma conclusão contrária (mas, porém, contudo, infelizmente, não obstante, em contraponto, todavia, embora, ainda que, posto que, no entanto, entretanto, apesar de, se bem que, mesmo que, senão); Finalidade ou objetivo: explicam um fim ou objetivo (para, para que, a fim de que, visando, objetivando); Indicação de conformidade: relaciona itens (segundo, conforme, de acordo com, em consonância, como salienta, como considera); 22 Introdução de pressupostos: pressupõe alguma circunstância ou situação: (já, ainda, agora); Condição entre um antecedente e um consequente: estabelece uma comparação, por exemplo, se não forem ao médico não melhorarão! (se, caso); Alternância: alterna entre uma coisa e outra (ou… ou, ora… ora, já… já, não… nem, quer… quer, seja… seja, talvez… talvez); Consequência: estabelece condição de causa e consequência (tão... que, tal... que, tanto... que, tamanho... que, de forma que, de sorte que, de maneira que); Reforço argumentativo: indicam o argumento mais forte de um enunciado (até, mesmo, pelo menos, no mínimo, até mesmo, inclusive); Conclusão: naturalmente será usado quando quisermos fazer um desfecho conclusivo (consequentemente, por essa razão, dessa maneira, então, concluímos que, portanto, pois, logo, diante do exposto, desta forma, em resumo, por conseguinte, a seguir); Conclusão oposta: permite a abordagem de conclusões de ideais opostas (ou, ou então, quer isso… quer aquilo, em contrapartida, contrariamente). 1.5. Conclusão (Fechamento da ideia) Na conclusão você deve procurar manter a coerência entre todas as argumentações defendidas e aquilo que de fato foi proposto no tema da redação. Focar no detalhamento e na viabilidade de exposto. Não divagar com questões pessoais que não se encaixem no tema ou na proposta. 23 Nessa parte do texto é necessário que haja argumentação e exemplificação para defender a tese ou ideia exposta na introdução. É importante chamar a atenção que se o seu desenvolvimento for construído com auxílio de fontes históricas, dados, pesquisas, na conclusão, os argumentos usados devem ser respeitados. Siga a seguinte premissa: afirmação, explicação, exemplificação e conclusão. Buscar se manter atualizado aos fatos que ocorrem no Brasil e também no mundo. Mesmo que a proposta dos temas seja fundamentada em acontecimentos do Brasil, o conhecimento das questões a nível internacional ajuda a desenvolver um repertório de argumentações amplo e confiável. A ideia principal da conclusão tem como proposta relembrar e reforçar ao leitor a respeito do que você foi abordado ao longo do texto. Não é o momento de expor ideias novas. Nos vestibulares tradicionais, você encerra seu texto assim. Sendo assim, você deve retomar o que escreveu de forma sucinta e conclusiva. Porém, na conclusão da redação para o Enem temos uma mudança significativa. A diferença é que, na conclusão do texto dissertativo-argumentativo, você deve apresentar soluções para as questões que foram levantadas anteriormente. É o que chamamos de “proposta de intervenção”. Dessa maneira é preciso que as frases-chave de cada parágrafo sejam retomadas. E, quando o leitor finalizar a leitura, deve estar convicto que você propôs as melhores soluções possíveis dentro do contexto. É comum lermos e ouvirmos diversas pessoas dizer que o aluno deve decorar citações para poder utilizar nas redações. Antes de citar algum filólogo, cientista, estudioso, ou outra pessoa com declarações públicas, ou mesmo uma frase de efeito, certifique-se se que ela está de acordo com o seu o tema que foi proposto. 24 Uma série ou filme que seja de seu domínio ou ainda um trecho de música pode ter tanta eficácia quanto qualquer outra citação, desde que esteja contextualizado com o tema. 1.6. Outras Considerações 1.6.1. Respeito aos Direitos Humanos É importante manter-se sempre respeitando os direitos humanos para não ser penalizado. 1.6.2. Rasuras e legibilidade Evite ao máximo rasuras, procure usar o espaço de rascunho e depois passe a limpo a redação com as devidas correções com calma e atenção, mantendo uma letra legível, pois se o corretor não entender sua letra perderá pontos importantes. E se, ainda assim, no processo de escrita por acaso errar, nunca rasure, escreva, digo, e corrija o erro. Recomenda-se, especialmente se tiver dificuldades com a redação, mas mesmo que não tenha, que procure fazê-la em primeiro lugar, pois no início sua concentração é maior, depois parta para as questões de alternativa simples ou de outras matérias. 1.6.3. Ortografia e Margem Tome todo o cuidado possível com a ortografia. Palavras com grafia incorreta reduzem a pontuação final. Recomenda-se sempre a leitura que aumenta seu vocabulário e certeza da grafia. Se não tiver certeza da escrita, evite o uso da palavra, use sinônimos. Preste atenção e mantenha o afastamento de margem no início de cada parágrafo. Assim como os parágrafos desse texto. 25 1.6.4. Gírias, Palavras Populares e Outro Idioma Evite o uso de gírias e palavras que não estejam seguindo a norma culta ou de baixo calão, mas, caso seja necessário o seu uso, as coloque entre aspas “ ”. Para palavras em outro idioma as coloque entre aspas também. 1.6.5. Pontuação e Acentuação Da mesma forma que a grafia das palavras é importante que observe a correta acentuação gráfica, especialmente a crase (agudo, grave, circunflexo, til, cê-cedilha, etc.). Se também não tiver certeza da acentuação é recomendado que efetue a troca da palavra por outra. Cuide a pontuação (ponto final, vírgula, ponto e vírgula, etc.). 1.6.6. O Que Zera a Nota da Redação Em primeiro lugar a nota da redação irá zera se houver a fuga total ao tema proposto na redação, independentemente de ser para o ENEM ou para vestibulares. E, em especial no caso do ENEM a não obediência à estrutura dissertativa-argumentativa (um parágrafo de introdução, dois de desenvolvimento e argumentação e um de conclusão comsoluções para os problemas propostos nos parágrafos de desenvolvimento. Ainda irá zerar, a redação que tiver um número de linhas abaixo do número informado pela instituição avaliadora. O uso de palavras impróprias ou de baixo calão gratuitamente, uso de desenhos para expressar algo que deveria ter sido realizado por meio de texto. A desconexão de parte da redação ao tema que tenha sido proposto, dependendo da banca examinadora pode zerar a redação e também o desrespeito aos direitos humanos. Além de redações entregues em branco, mesmo que tenha sido escrita em forma de rascunho e que não tenha sido passada a limpo. O rascunho será desprezado nesse caso. 26 O uso porventura de informações inventadas ou mesmo falsas “Fake News” como argumentação explicativa irá zerar a nota da redação. E, por fim, cópia integral de texto, mesmo que tenha sido memorizado, como forma autoral, sem que seja empregado como uma referência justificável no texto, com menção ao autor irá zerar a redação se detectada pelo corretor. Fuga total ou parcial ao tema; Não obediência à estrutura dissertativa-argumentativa; Texto inferior ao mínimo solicitado; Palavras impróprias ou desenhos, Desrespeito aos direitos humanos; Redação em branco, mesmo tendo escrito em rascunho; Cópia literal de outro autor; Falsificação de informações. 1.6.7. Coesão, Coerência e Concordância Observe a coesão e coerência entre as afirmações. A coesão se refere ao encadeamento das proposições entre as diferentes frases e parágrafos. A coerência textual corresponde à ligação entre as ideias do texto, que deve ser feita de maneira lógica para transmitir corretamente a mensagem. Cuidar a ordem de palavras e uso de vírgulas que pode modificar completamente o contexto. Por exemplo: Um navio brasileiro entrava um navio japonês no porto! Correto: Um navio brasileiro, entrava (tranca) um navio japonês no porto! Outro exemplo de escrita: Matar não, salvar! Ou Matar, não salvar! A concordância verbal garante que os verbos concordem com os sujeitos. Por exemplo: na frase: “João e Maria conversaram até ZERA A REDAÇÃO 27 amanhecer”, João e Maria (os dois) conversaram. Outro exemplo: Portas e janelas ficarão com a pintura pronta até amanhã. A concordância nominal garante que os substantivos concordem com adjetivos, artigos, numerais e pronomes. Por exemplo: “Aprendi os idiomas inglês e italiano na hora certa”. 2. Ferramentas de Coesão Textual Conforme vimos anteriormente, para estabelecer uma relação semântica (que estabeleça sentido entre as palavras e frases) e comunicar ideias de maneira lógica, é necessário o uso de elementos de coesão. Vamos abordar a seguir advérbios, conjunções, preposições e pronomes relativos e citaremos os principais conectivos para estruturar cada parágrafo de sua redação. 2.1. Advérbios Um advérbio é uma palavra que modifica o sentido de um verbo, de um adjetivo ou do próprio advérbio. A palavra “advérbio” é composta por “ad” (ou “junto de”) e “verbo”, isto é, significa o termo que acompanha o verbo. Dessa forma, advérbio é aquela palavra que vai ter a função de trazer circunstância a ação de um verbo, ou circunstância a um adjetivo ou advérbio, podendo ser então uma afirmação, dúvida, intensidade, lugar, tempo, modo e negação. Vamos ver um exemplo: Hoje eles talvez anunciem o resultado do sorteio mais cedo. Análise da frase: Hoje (advérbio de tempo) eles (pronome) talvez (advérbio de dúvida) anunciem (verbo) o (artigo) resultado (substantivo) do (preposição de + o) sorteio (substantivo) mais (advérbio de intensidade) cedo (advérbio de tempo). 28 Assim como em algumas outras classes gramaticais, temos a locução, neste caso, adverbial. A locução adverbial vai acontecer pela união de duas ou mais palavras advérbio, dando sentido de apenas um advérbio. Veja: De longe, observava os meninos na calçada, em cima de um velho cobertor. A tempestade chegou de repente, durante a madrugada, e arrasou a plantação. TIPOS DE ADVÉRBIOS LUGAR AQUI, ALI, LÁ, PERTO, LONGE, EMBAIXO... TEMPO HOJE, AMANHÃ, NUNCA, CEDO, SEMPRE... MODO BEM, MAL, CALMAMENTE, INTEGRALMENTE... AFIRMAÇÃO SIM, CERTO, CORRETAMENTE, REALMENTE... NEGAÇÃO NÃO, NUNCA, JAMAIS, NEM, TAMPOUCO... DÚVIDA TALVEZ, POSSIVELMENTE; PROVAVELMENTE... INTENSIDADE MUITO; POUCO; DEMAIS; MENOS, TANTO... EXCLUSÃO SALVO; EXCETO; APENAS; SOMENTE... INCLUSÃO INCLUSIVE; TAMBÉM; MESMO; AINDA... ORDEM PRIMEIRAMENTE; ULTIMAMENTE; DEPOIS... Os advérbios e locuções adverbiais, assim como as outras classes gramaticais, possuem classificações. Essas classificações variam quanto a afirmação, dúvida, intensidade, lugar, tempo, modo e negação. Atente que há, em alguns casos, o uso das terminações (sufixo) “mente”, que denota que tal palavra está tendo função de advérbio. Mas, este uso deve acontecer quando há uma sequência. Assim, pode-se fazer o uso apenas no último advérbio. Perceba: O homem conta fria e pausadamente seus planos. Ela dormia tranquila, calma e sossegadamente. É importante chamar a atenção que, embora haja a tabela que elucida qual tipo de advérbio se trata, o fundamental é compreender a 29 função em questão. Pois por haver muitas classificações, o ideal é buscar entender e não decorar. Um caso é o seguinte: Vive-se mal em alguns lugares. (Mal = advérbio de modo) Mal cheguei e já iniciaram a reunião. (Mal = advérbio de tempo). Vamos ver algumas frases de exemplo para compreender um pouco mais esse ponto: Eu estou aqui aguardando meu amigo. (Adv. de lugar) Amanhã irei estudar. (Adv. de tempo) O rapaz estudava calmamente para o exame. (Adv. de modo) Estou realmente empolgado com este show! (Adv. de afirmação) Nunca maltrate os animais! (Adv. de negação) Talvez haja prova na semana que vem. (Adv. de dúvida) Ele repetiu tanto que decorou o poema. (Adv. de intensidade) Ele resolveu apenas duas questões. (Adv. de exclusão) Também aprenderemos a fazer isso. (Adv. de inclusão) Primeiramente é preciso ler muito. (Adv. de ordem) Além destes, existe alguns advérbios, que podemos classificar como advérbios interrogativos, empregados em interrogativa direta ou indireta, indicando circunstâncias de tempo, lugar, modo e causa. Exemplos de advérbios interrogativos são: Onde? (Advérbio interrogativo de lugar) Por que? (Advérbio interrogativo de causa) Como? (Advérbio interrogativo de modo Quando? (Advérbio interrogativo de tempo) 2.1.1. Interrogação Direta e Indireta Vamos recapitular a definição de interrogação direta e indireta. As 30 interrogações diretas são aquelas iniciadas com palavras interrogativas e ao fim da frase é feito o emprego de ponto de interrogação. Já a interrogação indireta é o oposto, pois, não inicia com palavras interrogativas e ao fim da frase faz-se o emprego do ponto final. Onde está sua carteira? (Interrogação direta, iniciando com advérbio de interrogação de lugar) Perguntei onde estava sua carteira. (Interrogação indireta, iniciando com o verbo) 2.1.2. Flexão de Grau: Comparativo e Superlativo Embora os advérbios sejam pertencentes da classe gramatical invariável, possui flexão de grau: comparativo e superlativo. O grau comparativo poderá ser de: Superioridade: mais (advérbio) que Inferioridade: menos (advérbio) que Igualdade: “tanto (advérbio) quanto” ou ainda “bem ... como”, “tão ... como”. Ele come mais lentamente do que eu. Ele come menos lentamente do que eu. Ele come tão lentamente como eu. O grau superlativo poderá ser: Analítico: utilização de advérbio de intensidade: muito...; bastante...; pouco... Sintético: Faz-se o uso do prefixo “íssimo” no radical do advérbio. 31 Importante SufixoRadical Prefixo In feliz mente Era longíssimo o sítio de meus avôs. A secretária anotou rapidíssimo o endereço. 2.1.3. Locuções Adjetivas Uma Locução Adjetiva é um conjunto de duas ou mais palavras que, juntas, terão a função de um advérbio, assim, trarão circunstância ao verbo, adjetivo ou advérbio. Deve virar à esquerda. (à esquerda = locução adverbial de lugar) Ele sabia o conteúdo de cor. (de cor = locução adverbial de modo) Classificação Locução adverbial de lugar à esquerda; à direita; à frente; ao lado; Locução adverbial de tempo à tarde; à noite; em breve; às vezes; Locução adverbial de modo ao contrário; às pressas; à vontade; Locução adverbial de afirmação com certeza; sem dúvida; por certo; Locução adverbial de negação de forma alguma; de modo algum; de jeito nenhum; Locução adverbial de intensidade de muito; de pouco; de todo; Locução adverbial de dúvida com certeza; quem sabe; 32 Onde e para que usar os advérbios? Como já fora citado, os advérbios e as locuções adverbiais trarão circunstâncias, principalmente ao verbo, mas também ao adjetivo e advérbio. Desta forma é possível dar ênfase, marcar o verbo fazendo o uso de advérbios de intensidade. O Brasil precisa de uma reforma na educação. O Brasil precisa muito de uma reforma na educação. O governo se mostrou contra o projeto O governo se mostrou totalmente contra o projeto. Como você pode perceber o uso do muito traz uma percepção de importância, necessidade e de vigência. E assim, durante a escrita de sua redação é interessante se pensar nesses tipos, fazendo as “jogadas” com as palavras, tornando a redação mais rica e fluida. Por isso, é muito importante estudar e buscar compreender tal uso. 2.2. Conjunções A conjunção, também conhecida como conectivo é uma classe de vocábulos (palavras e expressões) que servem de ligação entre elementos de uma sentença, sejam eles termos de uma mesma oração ou orações de um mesmo período. As conjunções servem de ponte entre esses elementos, dando mais fluidez ao enunciado. Segundo Cunha e Cintra (Cunha e Cintra, 2016) elas podem ser responsáveis por relacionar duas orações com mesma função gramatical, orações coordenativas, ou por ligar duas orações, das quais uma determina ou completa o sentido da outra, orações subordinativas. 33 2.2.1. Conjunções Coordenativas As conjunções coordenativas têm a função de ligar dois termos independentes, estabelecendo relações de adição, adversão, alternância, conclusão ou explicação. Desse modo não há mudança na construção dos elementos. São recursos bastante interessantes para aplicação em redações. Expressam a conjunção de diferentes ideias, razão pela qual assim são chamadas. Dividem-se em: Aditivas: ligam duas orações ou dois termos com função idêntica, estabelecendo relação de adição. São as seguintes: e, nem, mas também, como também, bem como, etc. Dona Maria acordou e levantou-se imediatamente. Meu filho não toma café, nem leite. Adversativas: ligam duas orações ou dois termos de mesma função, acrescentando-lhes uma ideia de contraste, oposição. Recurso que torna a redação interessante e contrastante. São as seguintes: mas, porém, todavia, contudo, no entanto, entretanto. Alertei-o do perigo, mas ele não me ouviu. Escrever não é fácil, no entanto, estudando e praticando se aprende. Alternativas: ligam duas orações ou dois termos com sentido diferente, indicando que o cumprimento de um fato não possibilita o cumprimento de outro. São as seguintes: ou, ou...ou, ora...ora, quer...quer, seja...seja, já...já, nem...nem. Para Marília, ou fugia com o amado, ou viveria toda a vida triste. Será que devo comer macarrão ou arroz? Ora estava lendo, ora chorava pelos cantos da casa. 34 Conclusivas: ligam à oração anterior uma outra oração que permitirá conclusão, consequência. São as seguintes: logo, pois, portanto, por conseguinte, por isso, assim, etc. Sua carteira de motorista está vencida, logo não pode dirigir. Amo Machado de Assis, portanto o leio muito. Explicativas: ligam duas orações, a segunda justifica a ideia da primeira. São: que, porque, pois, porquanto. Não venha aqui hoje, porque preciso terminar umas tarefas. Vamos almoçar, mãe, que estou com fome. 2.2.2. Conjunções Subordinativas Tais conjunções são classificadas em causais, concessivas, condicionais, finais, temporais, comparativas, consecutivas e integrantes. Todas elas, exceto as integrantes, iniciam orações adverbiais. Desse modo, as integrantes ficam responsáveis pelas orações substantivas. Causais: iniciam orações subordinadas que denotam causa. São as seguintes: porque, pois, porquanto, como, pois que, por isso que, já que, uma vez que, visto que, visto como, que, etc. Tenho estudado muito, porque em breve serei submetido a uma avaliação. Como já era idosa não pôde sair de casa. Concessivas: iniciam orações subordinadas com sentido contrário à principal, mas com incapacidade de impedi-la. São as seguintes: embora, conquanto, ainda que, mesmo que, posto que, bem que, se bem que, por mais que, por menos que, apesar de que, nem que, que, etc. 35 Estava sempre a sorrir, embora tivesse uma vida dura. Nem que fosse torturada, ela jamais deixaria seu filho. Condicionais: iniciam orações subordinadas que indicam condição para que se realize ou não o fato da oração principal. São as seguintes: se, caso, contanto que, salvo se, sem que, dado que, desde que, a menos que, a não ser que, etc. Caso chovesse, o encontro seria adiado. As aulas serão ministradas online, desde que todos tenham acesso à internet. Finais: iniciam orações subordinadas que indicam finalidade para a oração principal. São as seguintes: para que, a fim de que, porque. O amor do professor pela profissão não bastava para que ele trabalhasse por tão pouco. A reunião foi marcada a fim de que fossem esclarecidos os fatos. Temporais: iniciam orações subordina- das que indicam situação de tempo. São as seguintes: quando, antes que, depois que, até que, logo que, sempre que, assim que, desde que, todas as vezes que, cada vez que, apenas, mal, que, etc. Quando voltar para cá, traga contigo, mamãe. João morava sozinho, desde que sua esposa faleceu. Enquanto ela viver, nada será triste. Consecutivas: iniciam orações que indicam consequência do que fora declarado na oração anterior. São as seguintes: que, de forma que, de maneira que, de modo que, de sorte que, etc. A piada foi tão engraçada, que Maria afinou-se de tanto rir. A disciplina é muito complexa, de modo que os alunos precisam estudar muito. 36 Comparativas: iniciam orações que encerram com uma comparação. São: que, do que, qual, quanto, como, assim como, bem como, como se, que nem. Correu como se estivesse sendo perseguida por bandidos. Mais do que palavras, falam de verdades. Como que nem um animal faminto. Integrantes: introduzem orações que servem como sujeito, objeto direto, objeto indireto, predicativo, complemento nominal ou aposto de uma oração. São as seguintes: que, se. Sugestões de uso: Quando o verbo apresenta certeza, faz-se uso do que: Não tenho dúvidas de que ela me ama. Sua resposta era que sim, que toparia ajudar. Quando o verbo apresenta incerteza, faz-se uso do se: a) Dúvida: Os pais queriam saber se ele estava bem ou se estava mal. b) interrogação indireta: A questão era se ainda faria sentido continuar. Atenção! Segundo Cunha e Cintra (Cunha e Cintra, 2016), “A Nomenclatura Gramatical Brasileira inclui ainda as conjunções conformativas e proporcionais, que a Nomenclatura Gramatical Portuguesanão distingue das comparativas”. 37 Conformativas: iniciam orações subordinadas que indicam conformidade com a ideia da oração principal. São: conforme, como, consoante, segundo, etc. Como disse, não estarei presente. Cada um vê a vida consoante a criação que teve. Proporcionais: iniciam orações que apresentam fatos que realizados ou a serem realizados ao mesmo tempo com o da oração principal. São: à medida que, ao passo que, à proporção que, enquanto, quanto mais...mais, quanto mais...tanto mais, quanto mais...menos, quanto mais...tanto menos, quanto menos...menos, quanto menos...tanto menos, quanto menos...mais, quanto menos...tanto mais. À medida que os anos passavam, os cabelos caíam. A violência aumentava, à proporção que a educação era deixada de lado. Quanto mais se estuda, mais se quer estudar. 2.2.3. Polissemia conjuncional Algumas conjunções podem pertencer a mais de uma das classes apresentadas, portanto, é de suma valia que se analise o contexto em que elas são colocadas. Exemplos de conjunções que podem ser polissêmicas: que, como, porque, se, etc. 2.2.4. Locuções conjuntivas Conforme descrito por Cunha e Cintra (Cunha e Cintra, 2016), “[...] há numerosas conjunções formadas da partícula que antecedida de advérbios, de preposições e de particípios: desde que, antes que, já que, até que, sem que, dado que, posto que, visto que, etc.”. Todas essas são locuções conjuntivas. 38 2.3. Preposições As preposições são uma classe gramatical de palavras que são usadas para marcar as relações que substantivos, adjetivos, verbos e advérbios desempenham em um discurso. Isto é, corresponde a uma classe de palavras invariável que liga dois elementos da oração subordinando o segundo ao primeiro, ou seja, o regente e o regido. Há diferentes possibilidades de relação, como as de tempo “desde” e “após”, a de oposição “contra”, etc. Explicaremos em detalhes no próximo tópico. Temos inúmeras preposições, e é fundamental o conhecimento de todas elas. Embora seja recomendável que as memorize, não fique aflito caso esqueça algumas. O importante efetivamente é saber utilizá-las. 2.3.1. Preposições Essenciais Vamos iniciar abordando as chamadas preposições “essenciais” que são: a, após, ante, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, per, perante, por, sem, sob, sobre, trás. Perceba a presença do “a”, muito utilizado como artigo, como por exemplo, em “a casa” ou “a caixa” ou “a senhora”. No caso das preposições, o “a” agora funciona como um elemento de ligação. Vamos ver um exemplo com o verbo “ir”: Na frase: “O homem deseja ir” não é informado o local desejado, correto? Portanto, pode-se dizer que “o homem deseja ir para algum lugar”. Veja que o verbo “ir” nesse caso necessita de um auxiliar para ligar-se ao resto da oração, e como dito anteriormente, as preposições existem justamente com esse propósito, afinal, por exemplo, “o homem deseja ir casa” soaria muito estranho. Veja assim, que “O homem deseja ir + preposição + lugar” 39 O homem deseja ir para casa; O homem deseja ir até o centro; O homem deseja ir por ali; O homem deseja ir em frente. Entretanto, suponha que o local seja, por exemplo a clínica. Dessa forma, “O homem desejar ir a + a clínica”, visto que quem vai, vai a algum lugar, e clínica é um substantivo feminino que leva o artigo “a”. Quando uma preposição se junta a um artigo pode se combinar ou contrair, e como se tratam de dois “as”, ocorre uma fusão, surge a crase e se transformam em um “à” (craseado). Esse “a” não só pode ser preposição ou artigo, como também pode ser um pronome oblíquo quando substitui o substantivo: “deixamos a irmã dele em casa” pode ser escrito como “a deixamos em casa”. 2.3.2. Preposições Acidentais Antes de vermos mais sobre as combinações e contrações das preposições, é necessário falar sobre as chamadas “acidentais”, que são provenientes de outras classes gramaticais. As preposições acidentais, como o próprio nome sugere, são aquelas que não possuem originalmente a função de preposição, mas que podem acabar exercendo essa função em determinados contextos. São preposições acidentais: afora, como, conforme, consoante, durante, exceto, feito, fora, mediante, que, salvo, segundo visto, entre outras. Mas, destas, a preposição “que”, provavelmente, é uma das mais problemáticas, por isso a veremos em detalhes: Exemplos de usos do “que”: 40 O quê? Não é possível! (Interjeição) - Aqui está sendo usado como forma de expressão para contrariedade e espanto. Leva acento circunflexo por estar no final de uma frase. Essa pessoa tem um certo quê interessante. (Substantivo) - Sinônimo de “um tanto”, “certa coisa”. Não é elemento de coesão. Que divertido! (Advérbio) - Sinônimo de “quão” e “quanto”. Não é elemento de coesão. Que houve? (Pronome substantivo) - “Que coisa aconteceu?” Não é elemento de coesão. É importante que você venha me visitar. (Conjunção) - É um elemento de coesão, visto que está ligando duas orações. Perceba como as orações dos verbos “é” e “venha” estão conectadas. Aquelas foram as pessoas que nos roubaram. (Pronome relativo) - O “que” vem após o substantivo (pessoas) e é relativo a elas. Também pode ser trocado por “as quais”, provando ser um pronome relativo. É um elemento de coesão. Tenho que ler o livro. (Preposição) - Veja que aqui, quem “tem”, tem que fazer algo. Portanto, “que” age como elemento de coesão. 2.3.3. Combinações e Contrações de Preposições As preposições a, de, em e per se unem a outras palavras, formando um único vocábulo. Ocorre combinação quando a preposição não perde nenhum som na fusão das palavras. Se juntarmos a preposição “a” aos artigos definidos “o” e “os”, por exemplo, as palavras formadas mantêm uma pronúncia aproximada dos 41 termos originais: “ao” e “aos”: Fomos ao médico. Fomos aos circos. E também pode combinar-se com o advérbio “onde”: Vou aonde você vai. Já a contração acontece quando há perda de fonema: De + artigos De + o(s) Do(s) De + a(s) Da(s) De + um Dum De + uma Duma De + uns Duns De + umas Dumas De + pronomes demonstrativos De + este(s) Deste(s) De + esta(s) Desta(s) De + esse(s) Desse(s) De + essa(s) Dessa(s) De + aquele(s) Daquele(s) De + aquela(s) Daquela(s) De + isto Disto De + isso Disso De + aquilo Daquilo De + o(s) Do(s) De + a(s) Da(s) De + pronome pessoal De + ele(s) Dele(s) De + ela(s) Dela(s) 42 De + pronome indefinido De + outro(s) Doutro(s) De + outra(s) Doutra(s) De + advérbios De + aí Daí De + aqui Daqui De + ali Dali Em + artigos Em + a Na Em + o No Em + um Num Em + uma Numa Em + uns Nuns Em + umas Numas Em + pronomes demonstrativos Em + este(s) Neste(s) Em + esta(s) Nesta(s) Em + isto Nisto Em + isso Nisso Em + aquilo Naquilo Em + esse(s) Nesse(s) Em + essa(s) Nessa(s) Em + aquele(s) Naquele(s) Em + aquela(s) Naquela(s) Em + a(s) Na(s) Em + o(s) No(s) Per + artigos Per + a(s) Pela(s) Per + o(s) Pela(s) A + artigo feminino (ocorre crase) A + a(s) À(s) 43 A + pronomes demonstrativos (ocorre crase) A + aquele(s) Àquele(s) A + aquela(s) Àquela(s) A + aquilo Àquilo 2.3.4. Crase A propósito, agora é conveniente tratarmos sobre o uso da crase. Crase nada mais é do que a contração da preposição a associada com outro a. Este que pode ser artigo definido, pronome demonstrativo ou o a inicial dos pronomes aquela, aquele, aquilo. A crase é sinalizada pela marcação via acento grave (`). 2.3.4.1. Antes de Palavras Femininas Como regra geral, a crase somente deve ser usada antes de palavras femininas que admitem artigo, desde que o termoregente exija preposição. A exceção são os pronomes demonstrativos aquele e aquilo. Veja o exemplo: Precisamos observar a + as leis = precisamos observar às leis. Observe que, quem obedece, obedece a alguma coisa ou a alguém. Esse é um termo regente que exige a preposição “a”. Outros exemplos: Eu fui à padaria comprar pão (padaria = feminino a+a=à). 44 Dirigi-me à que estava de crachá (nessa frase temos a preposição a exigida pelo verbo dirigir-se e “dirigi-me + a”, também, o pronome demonstrativo “a” + que estava no lugar de um substantivo feminino). Repare que no exemplo de uma palavra masculina (onde não há crase) é exigido o uso do “o”, como em “Fui a + o teatro”: Fui ao teatro (teatro = masculino a+o=ao). Se, por acaso, não ocorrerem ambas as situações (a+a), a crase não deve ser usada, como no exemplo: Rasparam + a barba. Repare que, quem raspa, raspa algo e não a algo, portanto, o termo regente não exige a preposição “a”. 2.3.4.2. Antes de Nomes Próprios Geográficos Cidades: Via de regra não deve ser usada crase diante de nomes de cidades, porque eles não admitem artigo definido (ninguém diz o Blumenau), como nos exemplos: Sejam muito bem-vindos a Salvador. Vamos a Blumenau. Refiro-me a Porto Alegre. Para saber se há ou não o uso da crase observe se há verbo ou nome exigindo preposição. Quando modificados por algum elemento restritivo ou qualificativo é que os nomes de cidade podem receber o artigo feminino, logo a crase. São poucos casos. Exemplos: 45 Fomos à bela Porto Alegre. Bem-vindos à Florianópolis das 42 praias. (Qualificativo) Refiro-me à Brasília dos excluídos, não a dos ricos. (Restritivo) Uma dica muito útil para memorização é a seguinte: para nomes próprios de cidade/estado/país aplique a seguinte frase: Dica de Memorização Vim da... crase há! Vim de... crase para quê? Todos nós fomos à Argentina. Bem-vindos à Bahia. (Vim da Bahia) Vamos à Paraíba, a Porto Alegre e a Santa Catarina. (Vim da Paraíba, vim de Santa Catarina) Tudo isso pertence a Goiás. (Vim de Goiás) Estados: em princípio, só dois estados brasileiros admitem a crase, pois são femininos: a Bahia e a Paraíba. Os demais são nomes masculinos (o Amapá, o Acre, o Amazonas, o Ceará, o Espírito Santo, o Maranhão, o Mato Grosso do Sul, o Pará, o Paraná, o Piauí, o Rio de Janeiro, o Rio Grande do Norte, o Rio Grande do Sul, o Tocantins). Ou ainda não são determinados por artigo (Alagoas, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Pernambuco, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo, Roraima, Sergipe). No caso específico de Mato Grosso, embora originalmente o artigo seja dispensável, há uma hesitação: quando não acompanhada da palavra “estado”, é comum (provavelmente por analogia com o Mato Grosso do Sul) a construção “o Mato Grosso, do Mato Grosso, no Mato Grosso”. Mas sempre se dirá “o Estado de Mato Grosso”, considerada a forma oficial. 46 Países: a presença da crase diante de um nome de país depende de ser esse nome determinado ou não pelo artigo feminino A. Entre os países que levam artigo – e que constituem a maioria – alguns são masculinos (o Canadá, os Estados Unidos, o Japão, o Chile), outros femininos (a Rússia, a Venezuela, a Índia). Existem países que rejeitam o artigo, como Portugal, Israel, Angola, Moçambique, São Salvador, Liechtenstein. E há nomes que se usam tanto com o artigo quanto sem ele, principalmente quando regidos de preposição. O mesmo vale para os continentes. Exemplos: Chegaremos à Dinamarca em pouco tempo. Viajaremos a Roma. Vamos a Veneza. Voltaremos a Campinas. Bem-vindos à Argentina. Quanto à Europa, prefiro à França, à Espanha e à Alemanha. Não fomos a Londres. Enviamos nossos livros à Colômbia. Observação: as localidades África, Ásia, Europa, Espanha, Holanda, França e Inglaterra recebem ou não artigo, sendo opcional o uso da crase. Vou a África. Ou Vou à África. Fomos a Europa. Ou Fomos à Europa. Se o nome da localidade estiver determinado de alguma maneira, haverá crase obrigatória. Veja os exemplos: Fomos a Roma. Fomos à Roma antiga. (Nome determinado) 47 Voltarei a São Luiz. Voltarei à São Luiz de Aluízio Azevedo. (Nome determinado) Fui a Jerusalém. Fui à Jerusalém das muitas civilizações. (Nome determinado) 2.3.4.3. Com Pronomes Demosntrativos Em relação aos pronomes demonstrativos: aquele(s), aquela(s), aquilo, quando o termo regente exigir a preposição “a” devemos usar a crase e associar o a do pronome. Assisti àquele filme. Nessa frase temos a preposição “a” exigida pelo verbo assistir e, também, o “a” inicial do pronome demonstrativo aquele. (Troque os pronomes “aquele”, “aquela”, ”aquilo” por “a esta”, “a essa”, “a isto”, “a isso”, e, havendo a possibilidade dessa troca, usa-se crase. Outros exemplos: Fui a + aquele cinema = fui àquele cinema. Puxei + aquele fio = o termo regente não exige preposição “a”. Lembrando, não confunda a (artigo), a (preposição) e a (pronome demonstrativo). Artigo a(s): usado antes de substantivo feminino e diante de alguns pronomes, concordando em número (singular e plural). A bolsa As bolsas A estrada As senhoras A casa A outra A felicidade As mesmas 48 As ações As garças A matéria A água A partir A pé A começar A mulheres A falar A Jorge A você A cavalo A elas A milanesa A pessoas A água Preposição a: diante de outras palavras que não admitem artigo ou então com as quais não concordam, indicando subordinação entre os termos. Pronome demonstrativo a(s): quando substitui um substantivo feminino. Veja os exemplos: Conheço a que está de chapéu. Conheço a “pessoa” que está de chapéu. Vi a de cabelos verdes ontem. Vi a “mulher” de cabelos verdes ontem. 2.3.4.4. Antes dos Pronomes a, as Deve-se usar a crase com os pronomes “a” e “as”, quando representam aquela ou aquelas, desde que o termo regente exija preposição. A crase com o pronome demonstrativo a(s) depende apenas da regência. Acompanhe os exemplos: Esta cena é igual a (aquela) que vimos = esta cena é igual à que vimos. Esta cena é igual a (aquelas) que vimos = esta cena é igual às que vimos. Referente às frases, porque se algo é igual, deve ser igual a algo 49 ou a alguém. Veja outro exemplo, agora sem o uso de crase. Comi a (fruta) que estava madura = comi a que estava madura. Sem crase, porque o verbo comer não exige preposição. Podemos dizer: comi maçã ou comi a maça, ou ainda, comi arroz ou comi o arroz. Assim sendo, o “a” da primeira frase é apenas o pronome demonstrativo. Refiro-me à de cabelos loiros = refiro-me à (aquela garota) de cabelos loiros. Com crase, porque o verbo referir-se exige a preposição “a”. Assim sendo, o “a” da segunda frase é, ao mesmo tempo, preposição e pronome demonstrativo. 2.3.4.5. Antes de Pronomes Relativos Antes dos pronomes relativos a “qual” ou “as quais”, quando o termo regente exigir preposição: Esta é a moça à qual me referi. (Quem se refere, se refere a algo ou alguém.) Estas são as moças às quais nos referimos. 2.3.4.6. Na indicação de Horas A crase deve ser obrigatoriamente usada na indicação de horas, veja nos exemplos: Chegamos à uma hora. Saímos às três horas. 50 2.3.4.7. Locuções Adverbiais Femininas Devemos também empregar a crase nas locuções adverbiais femininas, que são um conjunto de duas ou mais palavras que, quando agrupadas, desempenham função de advérbio. No caso das femininas observe que as que podem ser determinadas participam da locução adverbial, ou seja, são as palavras do tipo por exemplo (à) direita, (à) esquerda, (à) tarde, (à)