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O Sentimento de infância e o Estatuto da Criança e Adolescente O Sentimento de infância e o Estatuto da Criança e Adolescente O sentimento de infância surge em determinada época, ou sempre existiu, mas por conveniências era desconsiderado. O sentimento de infância presente na sociedade moderna, nem sempre recebeu esta importância. Ariès, por meio do estudo da iconografia da época, observou que a distinção entre o mundo do adulto e o mundo infantil foi algo que surgiu no final do século XVI e durante o século XVII. Durante a idade média, inexistia um sentimento de infância e ainda menos de adolescência. Até o século XVIII a adolescência foi confundida com infância. A criança era vista como adulto em miniatura, logo que apresentava algum desenvolvimento misturava-se ao mundo dos adultos, participando das mesmas atividades como festas, jogos e brincadeiras. O Sentimento de infância e o Estatuto da Criança e Adolescente O índice de natalidade elevado, somado a crença de que as crianças não tinham personalidade, os números de óbitos infantis eram elevados, sem que os adultos se preocupassem muito com isso, diferenciando-se da atualidade. A partir do século XVII, começa-se a perceber um novo sentimento em relação à infância. Começou- se reconhecer na criança personalidade e alma infantil, sob influência direta da cristianização dos costumes. A evolução do sentimento da infância também pode ser percebida na análise dos trajes, jogos brincadeiras, noções de sexualidade e escolaridade. O Sentimento de infância e o Estatuto da Criança e Adolescente Ariès vai chamar de paparicação, os gestos de carinho que começam a ser identificados no cuidado com as crianças a partir do século XVIII. No século XVII, tem início a produção de literatura moral e pedagógica direcionada para a infância, deixando claro desta forma o surgimento de um novo conceito segundo Ariès: o de inocência infantil. O sentimento de um estado particular da vida humana começa a se moldar a partir do surgimento da escola. Com o surgimento do chamado sentimento de infância, passa a ser comum a irritação em função da infantilidade. O Sentimento de infância e o Estatuto da Criança e Adolescente Outra consequência do surgimento deste novo sentimento, segundo Ariès, foi a necessidade de preservar a criança da sexualidade tolerada, fortalecê-la desenvolvendo o caráter e a razão, além de preservá-la da sujeira da vida. A criança passa a ser o centro da família, merecedora dos cuidados daqueles que deveriam ser os responsáveis não só por colocá-los no mundo, mas também enviá-los a escola. Esse sentimento resultou numa aproximação das pessoas de um núcleo familiar com a consequente retração da sociabilidade. O Sentimento de infância e o Estatuto da Criança e Adolescente Concepção atual de infância – ECA: perspectiva história datada. O atendimento público às crianças e adolescentes é recente em nossa história. Durante o Período Colonial e o Período Imperial não há registro de instituições públicas que atendesse às crianças e os adolescentes. A igreja, por meio de suas organizações, recolhia as crianças que se apresentavam em situação de risco pessoal e social. Período da Doutrina da Indiferença: ações pautadas em uma perspectiva assistencialista, marcada por ações paliativas O Sentimento de infância e o Estatuto da Criança e Adolescente Doutrina da Situação Irregular: no final do século XIX e no decorrer do século XX, concomitante ao atendimento assistencialista, surge a visão de que as condutas antissociais das crianças e adolescentes deveriam ser encaradas como caso de polícia. O tratamento da questão passa a se basear em um modelo disciplinar: corrigir e redimir. Essa visão de infância baseou as políticas direcionadas a esta população até a década de 1980. No decorrer desta década torna-se mais intensa a luta pelas Direitos Humanos, é quando vislumbramos mais mudanças. O Sentimento de infância e o Estatuto da Criança e Adolescente A sociedade civil e a ONU, por meio da Convenção sobre os Direitos da Criança (1989), impulsionam a promulgação da lei 8.069/1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente. O ECA regulamenta o artigo 227 da Constituição Federal Brasileira de 1988 que atribui à criança e ao adolescente prioridade absoluta no atendimento aos seus direitos como cidadãos brasileiros. O Sentimento de infância e o Estatuto da Criança e Adolescente Doutrina da Proteção Integral: reconhece que as crianças e adolescentes são pessoas em condição peculiar de desenvolvimento, tendo como direitos fundamentais: a vida, a saúde, a alimentação, a educação, o lazer, a profissionalização, a cultura, a dignidade, o respeito, a liberdade, a atenção integral e convivência familiar e comunitária. Significa que a criança e o adolescente deixam de ser vistos como portadores de necessidades, de carências, de vulnerabilidades, para serem reconhecidos como sujeitos de direitos exigíveis em lei. O Sentimento de infância e o Estatuto da Criança e Adolescente A fim de promover e proteger os direitos das crianças e adolescentes, o ECA cria uma estrutura fundamental que é composta por: Dois órgãos: Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e o Conselho Tutelar; E por recursos destinados ao atendimento dessa população por meio do Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. O CMDCA, o CT e o FMDCA articulados com o Poder Judiciário e o Ministério Público, correspondem à estrutura fundamental da rede municipal. O atendimento deve acontecer por meio de um conjunto de ações articuladas. ECA: VISÃO GERAL 11 1 - ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO: Estado de Direito - Estado que tem o seu poder limitado às leis (manutenção da ordem, proteção da liberdade e da propriedade) Estado Democrático – Além da mera submissão à lei, deve haver a submissão à vontade popular e aos fins propostos pelos cidadãos (devem ser perseguidos certos fins, guiando-se por certos valores, o que não ocorre de forma tão explícita com o Estado de Direito, que se resume em submeter-se às leis, sejam elas quais forem) O Estado Democrático de Direito agrega os princípios do Estado Democrático e do Estado de Direito, mas não como simples reunião formal de seus elementos – revela um conceito novo que os supera, à medida em que incorpora um componente de transformação do status quo. A novidade no Estado Democrático de Direito é a incorporação da questão da igualdade aos modelos anteriores como um conteúdo próprio a ser buscado, através de medidas assecuratórias ao cidadão e à comunidade, de condições indispensáveis à vida, com dignidade. Há um propósito de solidário, até então inexistente, que inclui solucionar os problemas da vida individual e coletiva. 2 – CONSTITUIÇÃO E DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA: É o documento inaugural de todo Estado, que o cria ou, mais realisticamente, o recria, nas bases que estabelece. Caberia à Constituição, ao “fixar as bases do novo Estado, formular opção política por determinados valores e estabelecer metas de atuação para o Poder Público recém constituído? Na segunda metade do Sec. XX as Constituições transformaram-se em repositórios jurídicos de valores compartilhados pela sociedade sob a forma de opções políticas fundamentais e de programas de ação vinculantes para os poderes públicos. Reconhece-se que o direito não surge no mundo por si só, mas relaciona-se de forma indissociável com valores que lhe são prévios, ideais de justiça e de humanidade que se colhem na consciência humana e na experiência civilizatória dos povos. O reflexo nas Constituições foi a introdução, nos textos, de cláusulas veiculando de forma expressa a decisão política do constituinte a) por determinados valores fundamentais e orientadores da organização política; b) por certos limites, formas e objetivos dirigidos à atuação política do Estado, com a finalidade de promover a realização desses valores. Sob a forma de normas-princípios, os valores passaram a ser as idéias centrais das Cartas Constitucionais. Nessa linha, o constituinte brasileiro consagrou como fundamento do Estado brasileiro o homem e a sua dignidade. O Estado e todo o seu aparato, portanto, são meios para o bem-estar do homem e não fins em si mesmos ou meios para outros fins. A dignidade da pessoa humana é hoje um axioma jursfilosófico, e, além disso, no nosso sistema, um comando jurídico dotado de superioridade hierárquica. Ao juridicizar, através de princípios, valores fundamentais e ações políticas que entende decorrerem de forma direta e imediata de tais valores, a Constituição coloca a seu serviço o instrumental jurídico do Dir. Const. , retirando-os do debate meramente político. Esse instrumental pode ser dividido em duas grandes frentes: existencial (cláusula pétrea) e operacional (eficácia jurídica e sindicabilidade judicial). O Constituinte, além de fixar a dignidade da pessoa humana como princípio central do Estado, juridicizando o valor humanista, disciplinou a matéria ao longo do texto através de um conjunto de outros princípios, subprincípios e regras, que procuram concretizá-lo e explicitar os efeitos que dele devem ser extraídos. PARTE GERAL (arts. 1º a 85): Disposições Preliminares (arts. 1º ao 6º) Direitos Fundamentais (arts. 7º a 69) Prevenção (arts. 70 a 85) 12 PARTE ESPECIAL (arts. 86 a 258): Da Política de Atendimento (arts. 86 a 89) Das Medidas de Proteção (arts. 98 a 102) Da Prática de Ato Infracional (arts. 103 a 128) Das Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsável (arts. 129 a 130) 13 PARTE ESPECIAL (arts. 86 a 258): Do Conselho Tutelar (arts. 131 a 140) Do Acesso à Justiça (arts. 141 a 224) Dos Crimes e das Infrações Administrativas (arts. 225 a 258) Obs: Disposições Finais e Transitórias (arts. 259 a 267) 14 PARTE GERAL 15 1 - ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO: Estado de Direito - Estado que tem o seu poder limitado às leis (manutenção da ordem, proteção da liberdade e da propriedade) Estado Democrático – Além da mera submissão à lei, deve haver a submissão à vontade popular e aos fins propostos pelos cidadãos (devem ser perseguidos certos fins, guiando-se por certos valores, o que não ocorre de forma tão explícita com o Estado de Direito, que se resume em submeter-se às leis, sejam elas quais forem) O Estado Democrático de Direito agrega os princípios do Estado Democrático e do Estado de Direito, mas não como simples reunião formal de seus elementos – revela um conceito novo que os supera, à medida em que incorpora um componente de transformação do status quo. A novidade no Estado Democrático de Direito é a incorporação da questão da igualdade aos modelos anteriores como um conteúdo próprio a ser buscado, através de medidas assecuratórias ao cidadão e à comunidade, de condições indispensáveis à vida, com dignidade. Há um propósito de solidário, até então inexistente, que inclui solucionar os problemas da vida individual e coletiva. 2 – CONSTITUIÇÃO E DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA: É o documento inaugural de todo Estado, que o cria ou, mais realisticamente, o recria, nas bases que estabelece. Caberia à Constituição, ao “fixar as bases do novo Estado, formular opção política por determinados valores e estabelecer metas de atuação para o Poder Público recém constituído? Na segunda metade do Sec. XX as Constituições transformaram-se em repositórios jurídicos de valores compartilhados pela sociedade sob a forma de opções políticas fundamentais e de programas de ação vinculantes para os poderes públicos. Reconhece-se que o direito não surge no mundo por si só, mas relaciona-se de forma indissociável com valores que lhe são prévios, ideais de justiça e de humanidade que se colhem na consciência humana e na experiência civilizatória dos povos. O reflexo nas Constituições foi a introdução, nos textos, de cláusulas veiculando de forma expressa a decisão política do constituinte a) por determinados valores fundamentais e orientadores da organização política; b) por certos limites, formas e objetivos dirigidos à atuação política do Estado, com a finalidade de promover a realização desses valores. Sob a forma de normas-princípios, os valores passaram a ser as idéias centrais das Cartas Constitucionais. Nessa linha, o constituinte brasileiro consagrou como fundamento do Estado brasileiro o homem e a sua dignidade. O Estado e todo o seu aparato, portanto, são meios para o bem-estar do homem e não fins em si mesmos ou meios para outros fins. A dignidade da pessoa humana é hoje um axioma jursfilosófico, e, além disso, no nosso sistema, um comando jurídico dotado de superioridade hierárquica. Ao juridicizar, através de princípios, valores fundamentais e ações políticas que entende decorrerem de forma direta e imediata de tais valores, a Constituição coloca a seu serviço o instrumental jurídico do Dir. Const. , retirando-os do debate meramente político. Esse instrumental pode ser dividido em duas grandes frentes: existencial (cláusula pétrea) e operacional (eficácia jurídica e sindicabilidade judicial). O Constituinte, além de fixar a dignidade da pessoa humana como princípio central do Estado, juridicizando o valor humanista, disciplinou a matéria ao longo do texto através de um conjunto de outros princípios, subprincípios e regras, que procuram concretizá-lo e explicitar os efeitos que dele devem ser extraídos. PÚBLICO ALVO Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente. Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade. Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade. 16 DIREITOS FUNDAMENTAIS Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. 17 DIREITOS FUNDAMENTAIS Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. 18 DIREITOS FUNDAMENTAIS Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende: a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública; c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas; d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude. 19 DIREITOS FUNDAMENTAIS Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais 20 VIDA E SAÚDE (arts. 7 a 14) Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência. 21 VIDA E SAÚDE (arts. 7 a 14) Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras providências legais. 22 LIBERDADE, RESPEITO E DIGNIDADE (arts. 15 a 18) Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos: I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais; II - opinião e expressão; III - crença e culto religioso; 23 LIBERDADE, RESPEITO E DIGNIDADE (arts. 15 a 18) IV - brincar, praticar esportes e divertir-se; V - participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação; VI - participar da vida política, na forma da lei; VII - buscar refúgio, auxílio e orientação. 24 LIBERDADE, RESPEITO E DIGNIDADE (arts. 15 a 18) Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais. 25 CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA (arts. 19 a 52) Art. 19. Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes. 26 CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA (arts. 19 a 52) Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensão do pátrio poder. Parágrafo único. Não existindo outro motivo que por si só autorize a decretação da medida, a criança ou o adolescente será mantido em sua família de origem, a qual deverá obrigatoriamente ser incluída em programas oficiais de auxílio. 27 EDUCAÇÃO, CULTURA, ESPORTE E LAZER (arts. 53 a 59) Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - direito de ser respeitado por seus educadores; 28 EDUCAÇÃO, CULTURA, ESPORTE E LAZER (arts. 53 a 59) III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores; IV - direito de organização e participação em entidades estudantis; V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência. Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais. 29 EDUCAÇÃO, CULTURA, ESPORTE E LAZER (arts. 53 a 59) Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de: I - maus-tratos envolvendo seus alunos; II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgotados os recursos escolares; III - elevados níveis de repetência. 30 PROFISSIONALIZAÇÃO E PROTEÇÃO NO TRABALHO (arts. 60 a 69) Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze (leia-se dezesseis)* anos de idade, salvo na condição de aprendiz. * Art. 7 CRFB/88 - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: … inciso XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) 31 PARTE ESPECIAL: OS INSTRUMENTOS 32 1 - ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO: Estado de Direito - Estado que tem o seu poder limitado às leis (manutenção da ordem, proteção da liberdade e da propriedade) Estado Democrático – Além da mera submissão à lei, deve haver a submissão à vontade popular e aos fins propostos pelos cidadãos (devem ser perseguidos certos fins, guiando-se por certos valores, o que não ocorre de forma tão explícita com o Estado de Direito, que se resume em submeter-se às leis, sejam elas quais forem) O Estado Democrático de Direito agrega os princípios do Estado Democrático e do Estado de Direito, mas não como simples reunião formal de seus elementos – revela um conceito novo que os supera, à medida em que incorpora um componente de transformação do status quo. A novidade no Estado Democrático de Direito é a incorporação da questão da igualdade aos modelos anteriores como um conteúdo próprio a ser buscado, através de medidas assecuratórias ao cidadão e à comunidade, de condições indispensáveis à vida, com dignidade. Há um propósito de solidário, até então inexistente, que inclui solucionar os problemas da vida individual e coletiva. 2 – CONSTITUIÇÃO E DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA: É o documento inaugural de todo Estado, que o cria ou, mais realisticamente, o recria, nas bases que estabelece. Caberia à Constituição, ao “fixar as bases do novo Estado, formular opção política por determinados valores e estabelecer metas de atuação para o Poder Público recém constituído? Na segunda metade do Sec. XX as Constituições transformaram-se em repositórios jurídicos de valores compartilhados pela sociedade sob a forma de opções políticas fundamentais e de programas de ação vinculantes para os poderes públicos. Reconhece-se que o direito não surge no mundo por si só, mas relaciona-se de forma indissociável com valores que lhe são prévios, ideais de justiça e de humanidade que se colhem na consciência humana e na experiência civilizatória dos povos. O reflexo nas Constituições foi a introdução, nos textos, de cláusulas veiculando de forma expressa a decisão política do constituinte a) por determinados valores fundamentais e orientadores da organização política; b) por certos limites, formas e objetivos dirigidos à atuação política do Estado, com a finalidade de promover a realização desses valores. Sob a forma de normas-princípios, os valores passaram a ser as idéias centrais das Cartas Constitucionais. Nessa linha, o constituinte brasileiro consagrou como fundamento do Estado brasileiro o homem e a sua dignidade. O Estado e todo o seu aparato, portanto, são meios para o bem-estar do homem e não fins em si mesmos ou meios para outros fins. A dignidade da pessoa humana é hoje um axioma jursfilosófico, e, além disso, no nosso sistema, um comando jurídico dotado de superioridade hierárquica. Ao juridicizar, através de princípios, valores fundamentais e ações políticas que entende decorrerem de forma direta e imediata de tais valores, a Constituição coloca a seu serviço o instrumental jurídico do Dir. Const. , retirando-os do debate meramente político. Esse instrumental pode ser dividido em duas grandes frentes: existencial (cláusula pétrea) e operacional (eficácia jurídica e sindicabilidade judicial). O Constituinte, além de fixar a dignidade da pessoa humana como princípio central do Estado, juridicizando o valor humanista, disciplinou a matéria ao longo do texto através de um conjunto de outros princípios, subprincípios e regras, que procuram concretizá-lo e explicitar os efeitos que dele devem ser extraídos. POLÍTICA DE ATENDIMENTO (arts. 86 a 87) Art. 86. A política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente far-se-á através de um conjunto articulado de ações governamentais e não-governamentais, da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. 33 POLÍTICA DE ATENDIMENTO (arts. 86 a 87) Art. 87. São linhas de ação da política de atendimento: I - políticas sociais básicas; II - políticas e programas de assistência social, em caráter supletivo, para aqueles que deles necessitem; III - serviços especiais de prevenção e atendimento médico e psicossocial às vítimas de negligência, maus-tratos, exploração, abuso, crueldade e opressão; 34 POLÍTICA DE ATENDIMENTO (arts. 86 a 87) IV - serviço de identificação e localização de pais, responsável, crianças e adolescentes desaparecidos; V - proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direitos da criança e do adolescente. 35 POLÍTICA DE ATENDIMENTO (arts. 86 a 87) Art. 88. São diretrizes da política de atendimento: I - municipalização do atendimento; II - criação de conselhos municipais, estaduais e nacional dos direitos da criança e do adolescente, órgãos deliberativos e controladores das ações em todos os níveis, assegurada a participação popular paritária por meio de organizações representativas, segundo leis federal, estaduais e municipais; III - criação e manutenção de programas específicos, observada a descentralização político-administrativa; 36 POLÍTICA DE ATENDIMENTO (arts. 86 a 87) IV - manutenção de fundos nacional, estaduais e municipais vinculados aos respectivos conselhos dos direitos da criança e do adolescente; V - integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério Público, Defensoria, Segurança Pública e Assistência Social, preferencialmente em um mesmo local, para efeito de agilização do atendimento inicial a adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional; VI - mobilização da opinião pública no sentido da indispensável participação dos diversos segmentos da sociedade. 37 MEDIDAS DE PROTEÇÃO (arts. 98 a 102) Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados: I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; III - em razão de sua conduta. 38 MEDIDAS DE PROTEÇÃO (arts. 98 a 102) Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autoridade competente poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas: I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade; II - orientação, apoio e acompanhamento temporários; III- matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental; 39 MEDIDAS DE PROTEÇÃO (arts. 98 a 102) IV - inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança e ao adolescente; V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial; VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; VII - abrigo em entidade; VIII - colocação em família substituta. 40 MEDIDAS AOS PAIS OU RESPONSÁVEIS (arts. 129 a 130) Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável: I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família; II - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; III - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; IV - encaminhamento a cursos ou programas de orientação; 41 MEDIDAS AOS PAIS OU RESPONSÁVEIS (arts. 129 a 130) V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua frequência e aproveitamento escolar; VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a tratamento especializado; VII - advertência; VIII - perda da guarda; IX - destituição da tutela; X - suspensão ou destituição do pátrio poder. 42 MEDIDAS AOS PAIS OU RESPONSÁVEIS (arts. 129 a 130) Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão ou abuso sexual impostos pelos pais ou responsável, a autoridade judiciária poderá determinar, como medida cautelar, o afastamento do agressor da moradia comum. 43 CRIMES (arts. 228 a 244-A) Art. 241. Apresentar, produzir, vender, fornecer, divulgar ou publicar, por qualquer meio de comunicação, inclusive rede mundial de computadores ou internet, fotografias ou imagens com pornografia ou cenas de sexo explícito envolvendo criança ou adolescente: (Redação dada pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003) Pena - reclusão de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. 44 CRIMES (arts. 228 a 244-A) § 1o Incorre na mesma pena quem: (Incluído pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003) I - agencia, autoriza, facilita ou, de qualquer modo, intermedeia a participação de criança ou adolescente em produção referida neste artigo; II - assegura os meios ou serviços para o armazenamento das fotografias, cenas ou imagens produzidas na forma do caput deste artigo; III - assegura, por qualquer meio, o acesso, na rede mundial de computadores ou internet, das fotografias, cenas ou imagens produzidas na forma do caput deste artigo. 45 CRIMES (arts. 228 a 244-A) § 2o A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos: (Incluído pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003) I - se o agente comete o crime prevalecendo-se do exercício de cargo ou função; II - se o agente comete o crime com o fim de obter para si ou para outrem vantagem patrimonial. 46 INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS (arts. 245 a 258) Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar à autoridade competente os casos de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente: Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência. 47 INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS (arts. 245 a 258) Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres inerentes ao pátrio poder ou decorrente de tutela ou guarda, bem assim determinação da autoridade judiciária ou Conselho Tutelar: Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência. 48 AÇÕES JUDICIAIS Perda ou Suspensão do Poder Familiar e Destituição da Tutela (arts. 155 a 164) Colocação em Família Substituta (arts. 165 a 170) 49 AÇÕES JUDICIAIS Apuração de Irregularidades em Entidade de Atendimento (arts. 191 a 193) Apuração de Infração Administrativa às Normas de Proteção à Criança e ao Adolescente (arts. 194 a 197) Proteção judicial dos interesses individuais, coletivos e difusos (arts. 208 a 244) OBS: Ações penais 50 PARTE ESPECIAL: OS ATORES 51 1 - ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO: Estado de Direito - Estado que tem o seu poder limitado às leis (manutenção da ordem, proteção da liberdade e da propriedade) Estado Democrático – Além da mera submissão à lei, deve haver a submissão à vontade popular e aos fins propostos pelos cidadãos (devem ser perseguidos certos fins, guiando-se por certos valores, o que não ocorre de forma tão explícita com o Estado de Direito, que se resume em submeter-se às leis, sejam elas quais forem) O Estado Democrático de Direito agrega os princípios do Estado Democrático e do Estado de Direito, mas não como simples reunião formal de seus elementos – revela um conceito novo que os supera, à medida em que incorpora um componente de transformação do status quo. A novidade no Estado Democrático de Direito é a incorporação da questão da igualdade aos modelos anteriores como um conteúdo próprio a ser buscado, através de medidas assecuratórias ao cidadão e à comunidade, de condições indispensáveis à vida, com dignidade. Há um propósito de solidário, até então inexistente, que inclui solucionar os problemas da vida individual e coletiva. 2 – CONSTITUIÇÃO E DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA: É o documento inaugural de todo Estado, que o cria ou, mais realisticamente, o recria, nas bases que estabelece. Caberia à Constituição, ao “fixar as bases do novo Estado, formular opção política por determinados valores e estabelecer metas de atuação para o Poder Público recém constituído? Na segunda metade do Sec. XX as Constituições transformaram-se em repositórios jurídicos de valores compartilhados pela sociedade sob a forma de opções políticas fundamentais e de programas de ação vinculantes para os poderes públicos. Reconhece-se que o direito não surge no mundo por si só, mas relaciona-se de forma indissociável com valores que lhe são prévios, ideais de justiça e de humanidade que se colhem na consciência humana e na experiência civilizatória dos povos. O reflexo nas Constituições foi a introdução, nos textos, de cláusulas veiculando de forma expressa a decisão política do constituinte a) por determinados valores fundamentais e orientadores da organização política; b) por certos limites, formas e objetivos dirigidos à atuação política do Estado, com a finalidade de promover a realização desses valores. Sob a forma de normas-princípios, os valores passaram a ser as idéias centrais das Cartas Constitucionais. Nessa linha, o constituinte brasileiro consagrou como fundamento do Estado brasileiro o homem e a sua dignidade. O Estado e todo o seu aparato, portanto, são meios para o bem-estar do homem e não fins em si mesmos ou meios para outros fins. A dignidade da pessoa humana é hoje um axioma jursfilosófico, e, além disso, no nosso sistema, um comando jurídico dotado de superioridade hierárquica. Ao juridicizar, através de princípios, valores fundamentais e ações políticas que entende decorrerem de forma direta e imediata de tais valores, a Constituição coloca a seu serviço o instrumental jurídico do Dir. Const. , retirando-os do debate meramente político. Esse instrumental pode ser dividido em duas grandes frentes: existencial (cláusula pétrea) e operacional (eficácia jurídica e sindicabilidade judicial). O Constituinte, além de fixar a dignidade da pessoa humana como princípio central do Estado, juridicizando o valor humanista, disciplinou a matéria ao longo do texto através de um conjunto de outros princípios, subprincípios e regras, que procuram concretizá-lo e explicitar os efeitos que dele devem ser extraídos. PODER EXECUTIVO E ENTIDADES DE ATENDIMENTO Poder Executivo: é responsável pela implantação e pela implementação de políticas públicas Entidades de atendimento (governamentais ou não governamentais) : são responsáveis pela execução de projetos e de programas 52 CONSELHOS DOS DIREITOS Conceito: Órgãos deliberativos e controladores das ações da política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente (art. 88, II, do ECA). Características (art. 88, II, do ECA): - Paridade; - Participação popular na gestão do poder público. 53 CONSELHOS DOS DIREITOS Principais atribuições: Inscrição de programas de entidades de atendimento (governamentais e não governamentais) – art. 90, par. único, ECA; Registro de entidades não-governamentais (art. 91, caput, ECA); Processo de escolha dos Conselheiros Tutelares (art. 139, ECA). 54 CONSELHOS TUTELARES (arts. 131 a 140) Conceito: “Órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente definidos nesta Lei" (art. 131, do ECA). Características: Permanência (ação contínua e ininterrupta); Autonomia (Poder Executivo, CMDCA, Ministério Público e Poder Judiciário); Órgão colegiado (art. 132, do ECA e art. 8º da Resolução 75/2001 do CONANDA) e Órgão não jurisdicional. 55 CONSELHOS TUTELARES (arts. 131 a 140) Principais Atribuições: Art. 136. I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas no art. 101, I a VII; II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as medidas previstas no art. 129, I a VII; 56 CONSELHOS TUTELARES (arts. 131 a 140) Principais Atribuições: Art. 136. IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua infração administrativa ou penal contra os direitos da criança ou adolescente; V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência; IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta orçamentária para planos e programas de atendimento dos direitos da criança e do adolescente; 57 CONSELHOS TUTELARES (arts. 131 a 140) Principais Atribuições: Art. 136. X - representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da Constituição Federal; XI - representar ao Ministério Público, para efeito das ações de perda ou suspensão do pátrio poder. Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente poderão ser revistas pela autoridade judiciária a pedido de quem tenha legítimo interesse. 58 CONSELHOS TUTELARES (arts. 131 a 140) Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente poderão ser revistas pela autoridade judiciária a pedido de quem tenha legítimo interesse. 59 SISTEMA DE JUSTIÇA Poder Judiciário (arts. 145 a 151) Art. 145. Os estados e o Distrito Federal poderão criar varas especializadas e exclusivas da infância e da juventude, cabendo ao Poder Judiciário estabelecer sua proporcionalidade por número de habitantes, dotá-las de infra-estrutura e dispor sobre o atendimento, inclusive em plantões. 60 SISTEMA DE JUSTIÇA Ministério Público (arts. 200 a 205) Art. 201. Compete ao Ministério Público: V - promover o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção dos interesses individuais, difusos ou coletivos relativos à infância e à adolescência, inclusive os definidos no art. 220, § 3º inciso II, da Constituição Federal; 61 SISTEMA DE JUSTIÇA Ministério Público (arts. 200 a 205) Art. 201. Compete ao Ministério Público: VII - instaurar sindicâncias, requisitar diligências investigatórias e determinar a instauração de inquérito policial, para apuração de ilícitos ou infrações às normas de proteção à infância e à juventude; 62 SISTEMA DE JUSTIÇA Ministério Público (arts. 200 a 205) Art. 201. Compete ao Ministério Público: X - representar ao juízo visando à aplicação de penalidade por infrações cometidas contra as normas de proteção à infância e à juventude, sem prejuízo da promoção da responsabilidade civil e penal do infrator, quando cabível; 63 SISTEMA DE JUSTIÇA Ministério Público (arts. 200 a 205) Art. 201. Compete ao Ministério Público: § 2º As atribuições constantes deste artigo não excluem outras, desde que compatíveis com a finalidade do Ministério Público. § 3º O representante do Ministério Público, no exercício de suas funções, terá livre acesso a todo local onde se encontre criança ou adolescente. 64 SISTEMA DE JUSTIÇA ADVOGADO OU DEFENSOR PÚBLICO (arts. 206 e 207) Art. 206. A criança ou o adolescente, seus pais ou responsável, e qualquer pessoa que tenha legítimo interesse na solução da lide poderão intervir nos procedimentos de que trata esta Lei, através de advogado, o qual será intimado para todos os atos, pessoalmente ou por publicação oficial, respeitado o segredo de justiça. Parágrafo único. Será prestada assistência judiciária integral e gratuita àqueles que dela necessitarem. 65 ADOLESCENTE E ATO INFRACIONAL (arts. 103 a 128) 66 1 - ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO: Estado de Direito - Estado que tem o seu poder limitado às leis (manutenção da ordem, proteção da liberdade e da propriedade) Estado Democrático – Além da mera submissão à lei, deve haver a submissão à vontade popular e aos fins propostos pelos cidadãos (devem ser perseguidos certos fins, guiando-se por certos valores, o que não ocorre de forma tão explícita com o Estado de Direito, que se resume em submeter-se às leis, sejam elas quais forem) O Estado Democrático de Direito agrega os princípios do Estado Democrático e do Estado de Direito, mas não como simples reunião formal de seus elementos – revela um conceito novo que os supera, à medida em que incorpora um componente de transformação do status quo. A novidade no Estado Democrático de Direito é a incorporação da questão da igualdade aos modelos anteriores como um conteúdo próprio a ser buscado, através de medidas assecuratórias ao cidadão e à comunidade, de condições indispensáveis à vida, com dignidade. Há um propósito de solidário, até então inexistente, que inclui solucionar os problemas da vida individual e coletiva. 2 – CONSTITUIÇÃO E DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA: É o documento inaugural de todo Estado, que o cria ou, mais realisticamente, o recria, nas bases que estabelece. Caberia à Constituição, ao “fixar as bases do novo Estado, formular opção política por determinados valores e estabelecer metas de atuação para o Poder Público recém constituído? Na segunda metade do Sec. XX as Constituições transformaram-se em repositórios jurídicos de valores compartilhados pela sociedade sob a forma de opções políticas fundamentais e de programas de ação vinculantes para os poderes públicos. Reconhece-se que o direito não surge no mundo por si só, mas relaciona-se de forma indissociável com valores que lhe são prévios, ideais de justiça e de humanidade que se colhem na consciência humana e na experiência civilizatória dos povos. O reflexo nas Constituições foi a introdução, nos textos, de cláusulas veiculando de forma expressa a decisão política do constituinte a) por determinados valores fundamentais e orientadores da organização política; b) por certos limites, formas e objetivos dirigidos à atuação política do Estado, com a finalidade de promover a realização desses valores. Sob a forma de normas-princípios, os valores passaram a ser as idéias centrais das Cartas Constitucionais. Nessa linha, o constituinte brasileiro consagrou como fundamento do Estado brasileiro o homem e a sua dignidade. O Estado e todo o seu aparato, portanto, são meios para o bem-estar do homem e não fins em si mesmos ou meios para outros fins. A dignidade da pessoa humana é hoje um axioma jursfilosófico, e, além disso, no nosso sistema, um comando jurídico dotado de superioridade hierárquica. Ao juridicizar, através de princípios, valores fundamentais e ações políticas que entende decorrerem de forma direta e imediata de tais valores, a Constituição coloca a seu serviço o instrumental jurídico do Dir. Const. , retirando-os do debate meramente político. Esse instrumental pode ser dividido em duas grandes frentes: existencial (cláusula pétrea) e operacional (eficácia jurídica e sindicabilidade judicial). O Constituinte, além de fixar a dignidade da pessoa humana como princípio central do Estado, juridicizando o valor humanista, disciplinou a matéria ao longo do texto através de um conjunto de outros princípios, subprincípios e regras, que procuram concretizá-lo e explicitar os efeitos que dele devem ser extraídos. NOÇÕES PRELIMINARES Ato infracional: toda conduta descrita como crime ou contravenção penal (art. 103). São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, que estarão sujeitos às medidas sócio-educativas previstas na lei (art. 228 CRFB/88 e art. 104 do ECA). 67 NOÇÕES PRELIMINARES Para os efeitos do ECA, considera-se a idade do adolescente à data do fato (art. 104 § único) A criança que pratica ato infracional, de acordo com o ECA, estará sujeita às medidas protetivas descritas no art. 101 da lei (art. 105). 68 DIREITOS INDIVIDUAIS - nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente (art. 106 do ECA e art. 5º, LXI da CRFB/88); - a apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra recolhido serão incontinente comunicados à autoridade judiciária competente e a família do apreendido ou à pessoa por ele indicada (art. 107 do ECA e art. 5º, LXII da CRFB/88) OBS: arts. 230 e 231 do ECA. 69 GARANTIAS PROCESSUAIS - nenhum adolescente será privado de sua liberdade sem o devido processo legal (art. 110 do ECA e art. 5º, LIV, LV e LXIII CRFB/88); são asseguradas ao adolescente, entre outras, as seguintes garantias processuais: pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, mediante citação ou meio equivalente; assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados, na forma da lei; ser ouvido pessoalmente pela autoridade competente; solicitar a presença de seus pais ou responsável em qualquer fase do procedimento (art. 101 ECA). OBS: arts. 234 e 235 ECA 70 MEDIDAS SÓCIO-EDUCATIVAS São medidas socio-educativas (art. 112): I-) advertência (art. 115); II-) obrigação de reparar o dano (art. 116); III-) prestação de serviços à comunidade (art. 117); IV-) liberdade assistida (arts. 118/119); V-) inserção em regime de semiliberdade (art. 120); VI-) internação em estabelecimento educacional (arts. 121/125); VII-) qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. 71 PROCEDIMENTO (Arts. 171 a 190) Ato Infracional: Delegacia Policial (arts. 172/175) Ministério Público (arts. 179/180) Poder Judiciário (arts. 180 e ss.) 72
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