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e-Book 3 Carla Cristina Braz de Oliveira GOVERNANÇA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Sumário INTRODUÇÃO ������������������������������������������������� 3 TQM – TOTAL QUALITY MANAGEMENT ������� 4 EFQM – EUROPEAN FOUNDATION FOR QUALITY MANAGEMENT ������������������������������� 7 ISO 9000 ������������������������������������������������������11 CERTIFICAÇÃO TICKIT ��������������������������������17 ISO 20000 ����������������������������������������������������18 ISO 19770 ����������������������������������������������������21 ISO 15504 ����������������������������������������������������23 ISO 27001 ����������������������������������������������������25 CONSIDERAÇÕES FINAIS ����������������������������31 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS & CONSULTADAS ��������������������������������������������33 3 INTRODUÇÃO Vamos estudar, aqui, sobre algumas ferramentas que podem nos auxiliar na obtenção da qualidade em produtos e serviços, seja na área específica de TI ou em áreas mais gerais, mas que podem ser utilizadas na área de tecnologia. Assim, para a obtenção dessa qualidade verificare- mos a TQM (Total Quality Management), o modelo de excelência da EFQM e algumas ISOs, como: 9000, 20000, 19770, 15504 e 27001. A sigla ISO vem do acrônimo de International Organization for Standardization, ou seja, Organização Internacional de Padronização, sendo um meio de promover a normalização de produtos e serviços, utilizando determinadas normas para que haja qualidade nos resultados. Mais de 111 países integram essa importante organização internacional especializada em pa- dronização, na qual o Brasil é representado pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). 44 TQM – TOTAL QUALITY MANAGEMENT TQM, no inglês Total Quality Management, ou sim- plesmente Gestão da Qualidade Total, possui várias definições. Ora é conceituado como um sistema, ora como uma filosofia e, muitas vezes, como uma abordagem e metodologia. No entanto, o que se tem em comum em muitas dessas definições é que seu objetivo maior é a busca pela satisfação do cliente. A TQM baseia-se na melhoria contínua de produtos, serviços e processos. De acordo com Vieira (2007), a TQM é composta de cinco itens, aos quais as estratégias das orga- nizações são vinculadas: y Qualidade intrínseca: na qual o produto pro- duzido tem a qualidade do que foi proposto no planejamento; y Preço reduzido: os produtos devem ser plane- jados e executados de forma a garantir um preço baixo, porém com qualidade, utilizando matéria- -prima, mão de obra, fornecedores etc. que não percam tempo nem dinheiro; y Pontualidade: refere-se ao fato de ter sempre estoque mínimo que garanta a reposição automá- tica, assim o produto chegará sempre ao cliente no tempo estimado; 55 y Utilização segura: significa gerar produtos ou serviços de garantia com segurança; y Moral da equipe: refere-se a garantias relacio- nadas à capacitação e à motivação dos colabora- dores, gerando mudanças culturais, transformando e/ou melhorando rotinas. y Assim, com base nesses itens listados foram definidos alguns “mandamentos” da TQM: y 1° Mandamento – Comprometimento: esse comprometimento deve ser por parte geral da organização, desde a alta diretoria até os servi- ços operacionais com uma busca constante pela excelência; y 2° Mandamento – Mudança cultural: trata-se do primeiro passo da implantação da TQM, pois a premissa é que não são aceitos erros; para isso é preciso conhecer as necessidades do cliente e utilizar o modelo EPDCA (Avaliar, Planejar, Fazer, Controlar e Aperfeiçoar); y 3° Mandamento – Satisfação cliente-forne- cedor: nesse momento é preciso entender que o cliente é a razão de existir da organização, sem ele não há empresa; por isso, é preciso ter uma ótima interação com ele; y 4º Mandamento – Comunicação e dissemina- ção de informações: esse mandamento se refere à transparência o que permite que as informações cheguem ao seu destino da melhor forma; 66 y 5º Mandamento – Desenvolvimento de recur- sos: estes são referentes aos recursos humanos que, segundo a TQM, devem ser desenvolvidos, contribuindo para sua vida pessoal e profissional; y 6° Mandamento – Gestão participativa e trabalho em grupo: seguindo os mandamentos anteriores, obter uma gestão em que as decisões são conjun- tas e o trabalho em grupo serão práticas comuns; y 7º Mandamento – Sistemas e ferramentas: utilizar ferramentas e sistemas de controle de de- sempenho auxilia para que os clientes se sintam totalmente atendidos. Portanto, a Qualidade Total possui esses princípios fundamentais, mas suas características mais im- portantes são: foco no cliente, trabalho em equipe (com distribuição de tarefas e responsabilidades), e a procura constante para a resolução de problemas e erros; por isso, é imprescindível o envolvimento de todos os colaboradores da empresa no processo. 7 EFQM – EUROPEAN FOUNDATION FOR QUALITY MANAGEMENT Fundada em 1988, a EFQM (European Foundation for Quality Management) fornece um modelo para as organizações que desejam alcançar a exce- lência nos negócios por meio de um programa de aperfeiçoamento contínuo. Esse modelo, criado pela EFQM em 1991, cujo foco é a autoavaliação como processo de aprendizagem, tem por objetivo realizar diagnósticos e avaliações do grau de excelência que uma organização pode alcançar, estimulando sua melhoria contínua. Se- gundo Müller e Berger (2012), a técnica é capaz de localizar as forças e fraquezas nas organizações, e a aplicação desse modelo colabora favoravelmente para o processo da gestão como um todo. É dividido em meios (lideranças, pessoas, estraté- gias, parceiros e recursos; e processos, produtos e serviços), resultados (resultados pessoas, re- sultados clientes, resultados sociedades, e resul- tados-chave) e o aprendizado, a criatividade e a inovação como forma de feedback, assim como ilustra a figura abaixo: 8 Figura 1: Modelo EFQM. Meios Liderança Pessoas Estratégias Parcerias e Recursos Aprendizado, criatividade, inovação Processos, produtos e serviços Resultados Pessoas Resultados Clientes Resultados Chave Resultados Sociedade Resultados Fonte: EFQM, 2014. Nos meios apresentados, esse modelo de excelên- cia acredita que organizações excelentes devem ter lideranças flexíveis, íntegras e inspiradoras, que garantam sucesso à organização; que as estratégias sejam desenvolvidas por políticas, planos, objetivos e processos; que as pessoas sejam valorizadas por meio de uma cultura de motivação adequada; que os recursos sejam gerados com apoio de fornece- dores e clientes, e que haja a melhoria de processos, produtos e serviços com geração de valor. Já os quatro últimos critérios são baseados na re- flexão sobre os resultados que se deseja alcançar em relação aos clientes, às pessoas, à sociedade e ao negócio, e estabelecem que as organizações excelentes alcançam resultados sustentados notáveis quando vão ao encontro ou excedem as necessidades e expectativas. 9 Com base nesses critérios é realizada uma auto- avaliação, que segue sete etapas: y 1ª Etapa – Desenvolver e manter o comprome- timento: nessa etapa mostra-se a importância de um bom líder, capaz de delegar funções, mantendo um clima de confiança inter-relacional e o trabalho em conjunto; y 2ª Etapa – Desenvolver e desdobrar a estratégia de comunicação: esse é o momento do qual de- pende o sucesso do processo, já que estão nessa etapa: sensibilização, envolvimento e motivação de todos os colaboradores; y 3ª Etapa – Planejar o processo de autoavaliação: nesse momento, algumas técnicas de autoavaliação podem ser planejadas, mas é preciso conhecer a realidade da organização e disso dependerá, em grande parte, aquilo que se espera dos resultados. As técnicas mais utilizadas: são o Questionário, o Workshop, os Formulários e a Simulação; y 4ª Etapa – Selecionar e formar as pessoas dire- tamente envolvidas no processo: nesse momento,as funções são atribuídas: patrocinador, gestor de projeto, colaboradores, avaliadores, coordenador, facilitador, equipe de recolhimento de dados e de redação de relatório; y 5ª Etapa – Conduzir a autoavaliação: é nessa etapa em que a autoavaliação realmente acontece, identificando as áreas de melhoria e de pontos fortes e observando a evolução da organização; 10 y 6ª Etapa – Considerar os resultados e priori- zar: devido ao grande número de dados obtidos, é preciso selecionar as áreas de melhoria a serem tratadas; y 7ª Etapa – Estabelecer e implementar planos de ação: trata-se da fase final e mais delicada, na qual são gerados planos de ações, havendo a atribuição de responsabilidades para sua implementação, liderada por uma gestão firme e de forma a serem efetuadas as modificações necessárias. Assim, os resultados se baseiam em um sistema de pontuação, que permite avaliar o “escore”, cuja pontuação está dividida em 50% para os meios e os outros 50% para os resultados, em que cada critério possui uma pontuação específica, de acordo com o grau de importância que lhe foi atribuída. Porém, assim como toda ferramenta, esta também apresenta pontos fracos, já que suas melhorias são em nível de processos locais e não operacionais, de um ponto de vista mais geral e menos detalhista; além disso, utiliza muitos indicadores, tornando o controle mais difícil e mais prolixo, não priorizando as relações de causa e efeito entre os indicadores. 1111 ISO 9000 Em relação à gestão da qualidade, estudaremos agora a ISO 9000, formada pela ISO 9000, 9001, 9004 e 19011, que se tornaram oficiais em 1987 e, até então, são revisadas regularmente. Elas podem ser aplicadas em diversos tipos de organização, apresentando regras relacionadas a implantação, desenvolvimento, avaliação e continuidade do Sistema de Gestão da Qualidade. Vamos analisar cada uma detalhadamente. A ISO 9000 tem por objetivo apresentar princípios sobre gestão de qualidade, como ela mesma apresenta: Esta Norma provê os conceitos fundamentais, princípios e vocabulário para sistemas de gestão da qualidade (SGQ) e provê os fundamentos para outras normas de SGQ. Esta Norma é destinada a auxiliar o usuário a entender os conceitos fundamentais, princípios e vocabulário de gestão da qualidade, de forma que sejam capazes de implementar eficaz e eficientemente um SGQ e obter valor das outras normas de SGQ. Essa norma apresenta oito princípios, que são base para as demais normas da família. São elas: foco no cliente, liderança, envolvimento de pessoas, abordagem de processo, abordagem sistêmica 1212 para a gestão, melhoria contínua, abordagem fac- tual para tomada de decisão, e benefícios mútuos nas relações com os fornecedores, que formam a estrutura para as normas de sistema de gestão da qualidade na família NBR ISO 9000. Por ser uma norma puramente conceitual, consi- derada com um guia, ela não é certificável, mas estabelece as diretrizes, em termos de entendimento dos itens das demais normas. Já a ISO 9001 é a norma mais conhecida da família, sendo a única capaz de fornecer certificação. Um Sistema de Gestão da Qualidade fundamentado nessa norma funciona na base do PDCA (Plane- jar – Executar – Avaliar – Agir), aplicada de forma cíclica: y Planejar (Plan): é a etapa do planejamento, no qual o contexto juntamente com o problema é analisado, e cujo resultado é a elaboração de um documento que apresente os passos a serem tomados. É possível utilizar também outras ferra- mentas combinadas, como: Porquês ou Diagrama de Ishikawa. y Executar (Do): após completar inteiramente a fase do planejamento, é hora da etapa do fazer, de colocar a mão na massa. Importante que nesse momento todas as ferramentas necessárias para a execução já estejam prontas para ser utilizadas. 1313 y Avaliar (Check): é a etapa de avaliação, na qual se observa, por meio de auditorias e reuniões, o que foi executado e os erros e acertos, se o resultado esperado foi atingido, e quais foram os pontos positivos e negativos. y Agir (Act): é uma etapa delicada, é o momento de agir sobre os resultados obtidos na etapa anterior, portanto, caso os resultados da avaliação tenham sido positivos, deve-se incorporar o método/proces- so ou melhoria na rotina ou até mesmo em outros processos. Caso contrário, deve-se identificar os pontos de falhas e reiniciar o clico. Sua estrutura é dividida em dez itens, sendo os três primeiros mais introdutórios: escopo, referência, e termos e definições. Já os outros sete itens são as partes mais práticas para implementação do Sistema de Gestão de Qualidade, usando-se o PDCA. Observe: y Escopo: apresenta a finalidade da norma para as organizações, independentemente de seu ramo, já que é uma norma genérica; y Referência: indica quais são as referências bibliográficas e sua evolução de atualização; y Termos e definições: auxilia as nomenclaturas utilizadas na norma para sua melhor compreensão; y Contexto da organização: aborda o que pode ocorrer nas organizações, stakeholders, riscos 1414 e oportunidades do negócio, e o conhecimento interno e externo da organização; y Liderança: apresenta a importância de uma boa liderança, como deve ser implantada com foco no cliente; y Planejamento: como o próprio nome sugere, essa parte foca o planejamento e os passos para alcançá-lo com boa qualidade, mesmo diante de adversidades; y Suporte: discorre sobre todos os “setores” que compõem e apoiam uma organização, como financeiro, infraestrutura etc.; y Operação: apresenta a parte de execução dos processos finais da organização, assim como o desenvolvimento de novos produtos/serviços/ processos, controle de fornecedores, atendimento ao cliente, entrega etc.; y Avaliação de desempenho: apresenta a parte de análise de desempenho, averiguando como ocorreram os processos, por meio de auditorias, satisfação do cliente e análise crítica do SGQ; y Melhoria: destinado à melhoria contínua da qua- lidade, apresentando ações para serem aplicadas, caso os objetivos são tenham sido alcançados. Assim, enquanto a ISO 9001 contribui oferecendo às empresas mais confiança, possibilitando a produção de serviços e produtos mais consisten- tes, a ISO 9004 garante a satisfação do cliente, 1515 identificando e equilibrando as necessidades e expectativas dos clientes com seus interessados. A própria ISO 9004 faz essa comparação: A NBR ISO 9004 fornece orientação para um sis- tema de gestão da qualidade com objetivos mais amplos do que a NBR ISO 9001, especificamente no que tange à melhoria contínua do desempenho global de uma organização e sua eficiência, assim como sua eficácia. A NBR ISO 9004 é recomendada como uma orientação para organizações cuja Alta Direção deseja ir além dos requisitos estabelecidos na NBR ISO 9001, buscando melhoria contínua de desempenho. Entretanto, não tem propósitos de certificação ou finalidade contratual. (ISO 9004, 2000, p. 3) Assim, a ISO 9004 aborda tópicos como: alinha- mento e desdobramento de estratégias, políticas e objetivos, dentro de uma visão mais ampla de organização, missão, valores e cultura. E, por fim, temos a ISO 19011, que oferece di- retrizes para usuários realizarem auditorias de primeira, segunda ou terceira parte para sistemas de gestão, além de estabelecer requisitos para a competência e a avaliação de um auditor e de uma equipe auditora. E por que investir em uma auditoria? 1616 A auditoria auxilia no processo de identificação e antecipação de problemas, trabalhando na percepção de oportunidades futuras para expansão e cresci- mento corporativo. Dessa forma, o auditor enxerga a empresa de forma mais clara, levantando todos os setores da companhia e propondo melhorias. Para aprofundar seus conhecimentos sobre o conjunto de normas ISO 9000, acesse o documento oficial no link: http://www.standardconsultoria.com/f/files/814048ce- 04d8cdfe2b1ba9438be31009791895463.pdfe assista a esse vídeo sobre a ISO 9001 https://www.youtube. com/watch?v=FYpY-Cx43ao. SAIBA MAIS 17 CERTIFICAÇÃO TICKIT TickIT é uma certificação de sistemas de gerencia- mento da ISO 9000 para fabricantes de softwares e prestadores de serviços, direcionada a organizações cuja atividade comercial primária é o desenvolvimento e a distribuição de softwares, a operação de centros de dados, ou a prestação de serviços de informação. Foi criada pelo governo do Reino Unido para asse- gurar um método de registo do desenvolvimento de software baseado no standard ISO 9000-3. Essa certificação oferece as melhores práticas por todo o ciclo de desenvolvimento do software, desde a sua concepção até a entrega, reduzindo defeitos, entregas atrasadas e custos de manutenção altos e inesperados. Em resumo, tem por objetivo: y Garantir a aplicação apropriada das normas da família ISO 9000 ao desenvolvimento de software; y Garantir consistência na certificação de empresas; y Assegurar reconhecimento internacional nesse esquema de certificação. Atualmente, a iniciativa TickIT é limitada à Ingla- terra, embora outros países estejam considerando a sua aplicação. Em relação ao Brasil, algumas empresas já usaram a abordagem, mas seu uso é ainda muito restrito e pouco há na literatura es- pecializada sobre ela. 1818 ISO 20000 Agora, falaremos sobre a ISO 20000, que trata especificamente sobre a gestão de qualidade, direcionada aos serviços de TI. É o que apresenta como objetivo a ABNT NBR ISO/IEC 20000 (2008): “prover um padrão comum de referência para qualquer empresa que ofereça serviços de TI para clientes internos ou externos”. Dessa forma, a norma é publicada em três partes: ISO/IEC 20000-1, que apresenta os requisitos para desenvolvimento e implementação de um sistema de gestão de TI; ISO/IEC 20000-2, que esclarece sobre as melhores práticas para a gestão de serviços; e em sua parte 3 há a orientação sobre definição de escopo e aplicabilidade da ISO / IEC 20000-1. Nessa ISO podemos verificar alguns tipos de gerenciamento de serviços, que são termos bem comuns na área de Tecnologia da Informação. De acordo com Leite et al (2010), são eles: y Gerenciamento de configuração: gerencia, con- trola e monitora qualquer componente ou elemento existente na infraestrutura (Itens de Configuração) existente no Banco de Dados do Gerenciamento de Configuração (BDGC); y Gerenciamento de incidentes: gerencia os incidentes na infraestrutura, para que os serviços 1919 sejam reestabelecidos rapidamente, minimizando o impacto do incidente ao negócio, garantindo a qualidade do serviço e a sua disponibilidade aten- dam aos Acordos de Nível de Serviços acordados; y Gerenciamento de problemas: gerencia os problemas, identificando os motivos para obten- ção de soluções, acelerando o tempo de solução e gerando um banco de soluções; y Gerenciamento de mudanças: gerencia as mudanças, assegurando que elas sejam rápidas, fáceis, consistentes e autorizadas; y Gerenciamento de liberação: gerencia a distri- buição e o controle de liberação de software, de hardware e atualizações; y Gerenciamento de nível de serviço: deixa claro os acordos entre os clientes e a organização de TI, a respeito do tipo e da qualidade dos serviços oferecidos, toma as medidas cabíveis para suas implementações, e busca soluções que garantam o atendimento aos níveis estabelecidos; y Gerenciamento de disponibilidade: gerencia o presente, otimiza a cadeia de prestação de serviço, e acompanha o negócio; y Gerenciamento de capacidade: gerencia o futuro, monitorando e avaliando o desempenho dos serviços, planejando também novos negócios; y Gerenciamento de continuidade dos serviços de TI: gerencia o desastre, mantendo planos de 2020 contingência e de recuperação de desastres, so- brevivência do negócio, riscos e vulnerabilidades; y Gerenciamento financeiro para serviços de TI: gerencia os custos efetivos, a alocação dos recursos financeiros, e o Retorno do Investimento (Return of Investment – ROI). Não confunda os termos incidente e problema. Incidente é uma interrupção não planejada de um serviço de TI ou uma redução da qualidade de um serviço de TI. Já um problema é a existência de um erro, cuja causa é desconhecida; é a causa desconhecida de um ou mais incidentes. Portanto, os incidentes são causados por problemas que precisam ser resolvidos. FIQUE ATENTO 21 ISO 19770 O objetivo dessa ISO é fornecer a organizações, independemente de tamanho, informações e as- sistência, procurando diminuir riscos e custos na infraestrutura. Essa necessidade surgiu devido às mudanças que o departamento de TI sofreu, levando-o a assumir a função de realização de inventários do patrimônio tecnológico, que, cada dia mais, se moderniza, tornando essa atividade mais complicada. Assim, evidencia-se a importância de buscar sis- temas internacionais que normatizem a prática; nesse caso, a ISO 19770, que é dividida em cinco partes: y ISO / IEC 19770-1: é onde se encontra uma estrutura de processo que oferece padrão (boas práticas) para satisfazer os requisitos de gover- nança corporativa e garantir um suporte eficaz para o gerenciamento de serviços de TI em geral; y ISO / IEC 19770-2: fornece um padrão de da- dos para tags de identificação de software, que contêm informações como nome, edição e versão do software; y ISO / IEC 19770-3: fornece um padrão de dados para direitos de software, incluindo direitos de uso, limitações e métricas; 22 y ISO / IEC 19770-4: fornece um padrão de dados para medição de utilização de recursos; y ISO / IEC 19770-5: fornece a visão geral e o vocabulário. 2323 ISO 15504 A norma ISO 15504, também conhecida como Spice, começou a ser desenvolvida em 1993 pela ISO, porém, somente em 2003 ela foi oficialmente publicada. Essa norma tem por objetivo realizar avaliações de processos de software, melhoran- do-os; levantando pontos fracos e fortes, cujos resultados serão planos de melhorias, determinando a capacidade de viabilização e avaliação de um fornecedor em potencial. Assim, essa norma pode ser utilizada tanto por uma organização que deseja avaliar a capacidade de possíveis fornecedores de produtos de software quanto por organizações que desejam determinar a capacidade de seus processos (ISO, 2005). Para isso, está dividida em sete partes, que são apre- sentadas na tabela abaixo: Tabela 1: Normas e assuntos da família 15504. Norma Assunto ABNT NBR ISO/IEC 15504-1 Conceitos e Vocabulário ABNT NBR ISO/IEC 15504-2 Realização de uma avaliação ABNT NBR ISO/IEC 15504-3 Orientações para realização de uma avaliação ABNT NBR ISO/IEC 15504-4 Orientação do uso para melho- ria do processo e determina- ção da potencialidade de uso ABNT NBR ISO/IEC 15504-5 Exemplo de modelo de avalia- ção de processo 2424 Norma Assunto ABNT NBR ISO/IEC 15504-6 Exemplo de modelo de avalia- ção de processo de ciclo de vida do sistema ABNT NBR ISO/IEC 15504-7 Avaliação da maturidade de uma organização Fonte: ABNT NBR ISO/IEC 15504 25 ISO 27001 A informação é um bem valioso que pode alavancar ou quebrar uma empresa; assim, quando gerenciada de forma correta, ela permite operar com confiança. Diante disso, falaremos agora sobre a ISO 27001, pertencente à família ISO 27000, que representa um padrão de utilização no quesito gerenciamen- to e gestão de segurança da informação. Assim, segundo a própria norma ela: [...] cobre todos os tipos de organizações (por exemplo, empreendimentos comerciais, agências governamentais, organizações sem fins lucrativos). Esta Norma especifica os requisitos para estabelecer, implementar, operar, monitorar, analisar criticamente, manter e melhorar um SGSI documentado dentro do contexto dos riscos de negócio globais da organiza- ção. Ela especifica requisitos para a implementação de controles de segurança personalizados para as necessidades individuais de organizações ou suas partes. (ABNTNBR ISO/IEC 27001, 2006) Portanto, seu principal objetivo, na prática, é impedir que a informação seja utilizada por terceiros não desejados ou perdida de forma irremediável. No que se refere à sua estrutura, a imagem abaixo define: 26 Figura 2: Estrutura ISO 27001. Cláusula 4 Contexto da Organização Cláusula 6 Planejamento Cláusula 10 Melhoria Cláusula 8 Operação Cláusula 9 Avaliação de Desempenho Cláusula 7 Suporte Anexo A Objetivos de Controle & Controles Cláusula 5 Liderança Fonte: ISO 27001 (2006). Tais cláusulas ilustradas na imagem estão presentes nas dez seções presentes na ISO, que, de acordo com a ISO / IEC da International Organization for Standardization, são os mesmos da ISO 22301:2012, da nova ISO 9001:2015, e outras normas de ges- tão, permitindo uma integração mais fácil dessas normas, sendo dividida da seguinte maneira: y Seção 0: Introdução – explica o propósito da referente ISO e como ela é compatível com outras normas de gestão; y Seção 1: Escopo – explica sobre a generali- zação da norma e como ela pode ser aplicada a qualquer tipo de organização; 27 y Seção 2: Referência normativa – refere-se à ISO / IEC 27000 como uma norma em que termos e definições são dados; y Seção 3: Termos e definições – traz os termos e definições usados na norma ISO / IEC 27000; y Seção 4: Contexto da organização – refere-se à etapa de planejamento (do ciclo PDCA), definin- do requisitos para o entendimento de assuntos (externos e internos), partes interessadas e seus requisitos, e a definição do escopo do SGSI; y Seção 5: Liderança – também se refere à etapa de planejamento do ciclo PDCA, porém, foca as responsabilidades da Alta Direção, distribuindo os papéis e responsabilidades, e o conteúdo da política de segurança da informação de alto nível; y Seção 6: Planejamento – também se refere à etapa de planejamento do ciclo PDCA, porém, foca os requisitos para a avaliação de risco, tratamen- to de risco, Declaração de Aplicabilidade, plano de tratamento de risco, e define os objetivos de segurança da informação; y Seção 7: Apoio – esta seção é parte da etapa de planejamento do ciclo PDCA e define requisitos de disponibilidade de recursos, competências, conscientização, comunicação e controle de do- cumentos e registros; y Seção 8: Operação – esta seção é parte da etapa execução do ciclo PDCA e define a implementação da avaliação e tratamento de risco, assim como 28 controles e outros processos necessários para atingir os objetivos de segurança da informação; y Seção 9: Avaliação do desempenho – esta seção é parte da etapa verificação do ciclo PDCA e define requisitos para monitoramento, medição, análise, avaliação, auditoria interna, e análise crítica pela Direção; y Seção 10: Melhoria – esta seção é parte da etapa de atuação do ciclo PDCA e define requisi- tos para não conformidades, ações corretivas, e melhoria contínua. y Anexo A – este anexo disponibiliza um catálogo de 114 controles (salvaguardas) distribuídos em 14 seções (seções de A.5 até A.18). Assim, para implementá-la é necessário, principal- mente – como em qualquer norma –, obter apoio da Alta Direção; além de utilizar metodologia de gerenciamento de projeto, definindo-se o escopo do SGSI. Posteriormente, é preciso escrever a política de segurança da informação de alto nível, definir a metodologia de avaliação de risco, e realizar a avaliação de risco e o tratamento de risco. Para sua implementação também é necessário es- crever a Declaração de aplicabilidade e o Plano de tratamento de risco; e definir como medir a eficácia de controles e do SGSI. Dessa forma, implementar todos os controles e procedimentos aplicáveis, os programas de treinamento e conscientização, 29 e realizar as operações diárias prescritas pela documentação do SGSI. Após essa implementação, é preciso monitorar e medir o SGSI com a participação da auditoria interna; realizar a análise crítica pela direção para que, no fim do processo, possa se implementar ações corretivas (caso seja necessário). Você já parou para pensar quantas ISOs existem? Se eu tenho uma empresa ou faço parte dela, significa que temos que implantar todas elas? Calma! As nor- mas do sistema de gestão ISO são possíveis, mas não obrigatórias. Algumas organizações optam somente por implementar esses padrões internacionais para se beneficiarem das boas práticas que essas normas especificam. Isso porque elas apresentam vantagens, tais como: - Passa uma imagem de que a organização tem preocu- pação e compromisso com a segurança da informação; - Garante a realização de investimentos mais eficientes e orientados ao risco; - Incrementa os níveis de sensibilidade, participação e motivação dos colaboradores da organização para com a segurança da informação e entrega de produtos/ serviços de qualidade; REFLITA 30 - Levanta possibilidades de melhorias, sendo um pro- cesso em melhoria contínua; - Aumenta a confiança e a satisfação dos clientes, fornecedores e de todos os envolvidos no processo. Portanto, cabe à organização analisar os prós e os contras, e decidir sobre sua utilização. 3131 CONSIDERAÇÕES FINAIS Chegamos ao fim de mais uma etapa rumo ao conhecimento. Esse momento foi bem rico no que diz respeito a novidades, não foi? Verificamos alguns novos conceitos da área de Tecnologia da Informação e descobrimos várias ferramentas (conceituais) que nos ajudam no dia a dia. Entendemos a importância da qualidade na entre- ga de um produto e/ou serviço e, em busca dessa qualidade, vimos várias formas de chegar até ela. Você imaginava existirem tantas ISOs que podem ser utilizadas na TI e outras que foram feitas jus- tamente para essa finalidade? Provavelmente não, né? Uma dica: há outras que você pode conhecer. Para isso, basta aprofundar suas pesquisas. Exis- tem vários livros e artigos sobre isso; então, deixe sua curiosidade levar você além! E, em suas pesquisas on-line, reflita sobre outro ponto estudado: a segurança da informação. A popularização da tecnologia e o avanço da econo- mia digital colocaram a tecnologia da informação definitivamente no centro do ambiente empresarial e, com isso, surgiram muitas ameaças com as quais lidamos diariamente, sem mesmo nos darmos conta. Por isso, é necessário pensar nesse quesito, pois a Gestão da Segurança da Informação existe 3232 justamente para criar processos e sistemas para monitorar e proteger as informações. Portanto, procure aprofundar-se em todas as ISOs, filosofias, metodologias e certificação aqui apresentadas. Algumas são um pouco extensas, mas você não irá se arrepender por se especializar nessa área, até porque ela fará parte do seu dia a dia profissional. Referências Bibliográficas & Consultadas ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO 9001:2008: Sistemas de gestão da qualidade – requisitos. Rio de Janeiro, 2008. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Sistemas de gestão da qualidade – fundamentos e vocabulário: NBR ISO 9000. 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