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A PSICANÁLISE - O termo psicanálise é usado para se referir a uma teoria, a um método de investigação e a uma prática profissional. - A teoria se caracteriza por um conjunto de conhecimentos sistematizados sobre o funcionamento da vida psíquica. - O método de investigação se caracteriza pelo método interpretativo, que busca o significado oculto daquilo que é manifesto por meio de ações e palavras ou pelas produções imaginárias, como os sonhos, os delírios, as associações livres, os atos falhos. - A prática profissional refere-se à forma de tratamento – a Análise – que busca o autoconhecimento ou a cura, que ocorre através desse autoconhecimento. - as afecções mais diretamente acessíveis à investigação analítica: Neurose; Psicose ( Paranóia e esquizofrenia; Melancolia e Mania); Perversão. - Neurose entendida como afecção psicogênica em que os sintomas são a expressão simbólica de um conflito psíquico que têm as suas raízes na história infantil do indivíduo. - Psicose que se caracteriza pela ruptura entre o ego e a realidade. - Perversão caracterizada pelo desvio em relação ao ato sexual “normal”, definido este como coito que visa a obtenção do orgasmo por penetração genital, com uma pessoa do sexo oposto. - A psicanálise é usada como base para psicoterapias, aconselhamento, orientação. - É aplicada no trabalho com grupos e instituições. - A Psicanálise também é um instrumento importante para a análise e compreensão de fenômenos sociais relevantes: as novas formas de sofrimento psíquico, o excesso de individualismo no mundo contemporâneo, a exacerbação da violência. - Breuer denominou método catártico o tratamento que possibilita a liberação de afetos e emoções ligadas a acontecimentos traumáticos que não puderam ser expressos na ocasião da vivência desagradável ou dolorosa. Essa liberação de afetos leva à eliminação dos sintomas. - Freud afirma que desde o início de sua prática médica usara a hipnose, não só com objetivos de sugestão, mas também para obter a história da origem dos sintomas. - repressão é o processo psíquico que visa encobrir , fazer desaparecer da consciência, uma idéia ou representação insuportável e dolorosa que está na origem do sintoma. - estes conteúdos psíquicos localizam-se no inconsciente. - o inconsciente exprime o conjunto dos conteúdos não presentes no campo atual da consciência. É constituído por conteúdos reprimidos, que não têm acesso aos sistemas pré-consciente/consciente, pela ação de censuras internas. Estes conteúdos podem ter sido conscientes, em algum momento, e ter sido reprimidos, isto é, foram para o inconsciente, ou podem ser genuinamente inconscientes. O inconsciente é um sistema do aparelho psíquico regido por leis próprias de funcionamento. Por exemplo, é atemporal, não existem as noções de passado e presente. - o pré-consciente refere-se ao sistema onde permanecem aqueles conteúdos acessíveis à consciência. É aquilo que não está na consciência, neste momento, e no momento seguinte pode estar. - o consciente é o sistema do aparelho psíquico que recebe ao mesmo tempo as informações do mundo exterior e as do mundo interior. Na consciência, destaca-se o fenômeno da percepção,a atenção, o raciocínio. A Descoberta da Sexualidade Infantil - A função sexual existe desde o princípio da vida, logo após o nascimento, e não só a partir da puberdade como afirmavam as idéias dominantes. - O período de desenvolvimento da sexualidade é longo e complexo até chegar à sexualidade adulta, onde as funções de reprodução e de obtenção do prazer podem estar associadas, tanto no homem como na mulher. Esta afirmação contrariava as idéias predominantes de que o sexo estava associado, exclusivamente, à reprodução. - A libido, nas palavras de Freud, é a “energia dos instintos sexuais e só deles”. No processo de desenvolvimento psicossexual, o indivíduo, nos primeiros anos de vida, tem a função sexual ligada à sobrevivência, e, portanto, o prazer é encontrado no próprio corpo. O corpo é erotizado. - Freud postula as fases do desenvolvimento sexual em: : fase oral - a zona de erotização é a boca. : fase anal - a zona de erotização é o ânus. : fase fálica – a zona de erotização é o órgão sexual - em seguida vem um período de latência que se prolonga até a puberdade e se caracteriza por uma diminuição das atividades sexuais. : fase genital – quando o objeto de erotização ou de desejo não está mais no próprio corpo, mas em um objeto externo ao indivíduo – o outro. Complexo de Édipo - O menino (no Complexo de Édipo positivo) apresenta desejo sexual pela mãe, e tem no pai um rival. Na sua forma negativa, o amor é pelo progenitor do mesmo sexo e o ódio, pelo progenitor do sexo oposto. Acontece entre 3 e 5 anos, durante a fase fálica. Períodos da constituição do Complexo de castração: 1} Todos têm um pênis. 2} O pênis é ameaçado ( aparece na época das ameaças verbais que visam proibir o menino das suas práticas auto-eróticas). 3} Existem seres sem pênis, logo a ameaça é bastante real. 4} A mãe também é castrada( emergência da angústia). 5} Término do complexo de castração e término do complexo de Édipo, pois há a “renúncia” do amor incestuoso com a mãe em prol da preservação do pênis, através do reconhecimento da lei paterna que torna possível a afirmação da identidade masculina. - No processo terapêutico e de postulação teórica, Freud, inicialmente, entendia que todas as cenas relatadas pelos pacientes tinham de fato ocorrido. Posteriormente, descobriu que poderiam ter sido imaginadas, mas com a mesma força e conseqüências de uma situação real. Aquilo que para o indivíduo, assume valor de realidade é a realidade psíquica. E é isso o que importa, mesmo que não corresponda à realidade objetiva. - O funcionamento psíquico é concebido a partir de três pontos de vista: : o econômico - existe uma quantidade de energia que “alimenta” os processos psíquicos. : o tópico – o aparelho psíquico é constituído de um número de sistemas que são diferenciados quanto a sua natureza e modo de funcionamento, o que permite considerá-lo como “lugar” psíquico. : o dinâmico – no interior do psiquismo existe forças que entram em conflito e estão, permanentemente ativas. A origem dessas forças é a pulsão. - A pulsão refere-se a um estado de tensão que busca, através de um objeto, a supressão deste estado. Eros é a pulsão de vida e abrange as pulsões sexuais e as de autoconservação. Tanatos é a pulsão de morte, pode ser autodestrutiva ou estar dirigida para fora e se manifestar como pulsão agressiva ou destrutiva. Pulsão→pressão (energia) →fonte(excitação corporal) →objeto(objeto escolhido) – pela pp história do sujeito, pode ser uma pessoa, um objeto parcial (partes do corpo), um objeto real ou fantasioso. →alvo(abolir o estado de tensão) -Instinto - seria um esquema de comportamento herdado, pp de uma espécie animal que pouco varia de um indivíduo para outro, se desenrolando segundo uma sequência temporal e que parece corresponder a uma finalidade. Inervação –processo fisiológico de transmissão de energia ao longo de uma via nervosa. Conversão – mecanismo de formação de sintomas que consiste numa transposição de um conflito psíquico numa tentativa de resolvê-lo em termos de sintomas somáticos, motores ou sensitivos. O que especifica os sintomas de conversão é a sua significação simbólica, isto é, eles exprimem, pelo corpo, representações recalcadas. - Sintoma, na teoria psicanalítica, é uma produção – quer seja um comportamento, quer seja um pensamento - resultante de um conflito psíquico entre o desejo e os mecanismos de defesa. O sintoma, ao mesmo tempo em que sinaliza, busca encobrir um conflito, substituir a satisfação do desejo. Ele é ou pode ser o ponto de partida da investigação psicanalítica na tentativa de descobrir os processos psíquicos encobertos que determinam sua formação. A Segunda Teoria do Aparelho Psíquico Entre 1920 e 1923, Freud remodela a teoriado aparelho psíquico e introduz os conceitos de id, ego e superego para referir-se aos três sistemas da personalidade. Das Es -O id ou isso - constitui o pólo pulsional da personalidade. - este é amorfo, caótico e desorganizado. - seus conteúdos (expressão psíquica das pulsões) são inconscientes (hereditários e inatos/recalcados e adquiridos) expressos inicialmente numa organização somática e que no id encontram as representações psíquicas dos impulsos. As características atribuídas ao sistema inconsciente, na primeira teoria, são, nesta teoria, atribuídas ao id. É regido pelo princípio do prazer. Freud descreve o id como um caldeirão de fervilhantes excitações. O id desconhece juízos de valor, nem bem nem o mal, nenhuma moralidade. O id busca satisfação imediata, sem considerar as exigências da realidade, funcionando, então, no sentido da busca da redução da tensão e da evitação da dor→Princípio do Prazer Das Ich – O Eu ou o Ego – serve de mediador entre o id e o mundo externo. Tem de regular ou controlar os impulsos do id de modo que a solução seja menos imediata e mais realista. O ego opera de acordo com o Princípio da Realidade. funções: - controlar as exigências dos impulsos - autopreservação - garantir a saúde - segurança e sanidade da personalidade Ego ideal – formação intrapsíquica definida como um ideal narcísico de onipotência forjado a partir do modelo do narcisismo infantil. O ego ideal serve de suporte ao que foi descrito sob o nome de identificação heróica (identificação com personagens excepcionais e prestigiosos); O Ego Ideal é ainda revelado por admirações apaixonadas por grandes personagens da história ou da vida contemporânea, caracterizados pela sua independência, pelo seu orgulho, pelo seu ascendente. A formação do ego ideal tem implicações sado-masoquistas. (identificação com o agressor) Ideal de Ego ou Ideal do Eu – instância da personalidade resultante da convergência do narcisismo (idealização do ego) e das identificações com os pais, com os seus substitutos e com os ideais coletivos. Enquanto instância diferenciada, o ideal do ego constitui um modelo a que o sujeito procura conformar-se. Ideal do ego: - auto-observação - consciência moral - censura dos sonhos - exercício de influência essencial no recalque hipnose→ideal de ego hipnotizador constitui o único objeto e não se presta atenção a mais ninguém que não seja ele. - chefe primitivo - olhar(força)→visão(perigosa e insuportável) - atitude→passivo-masoquista - Podemos entrar em relação com( e/ou dominar) o outro pela potência e brilho de nosso olhar, pela intensidade e modulação da voz (o poder mágico das palavras), ou pelo “esplendor” de nosso sexo. Para Lacan, o ego ideal é igualmente uma formação essencialmente narcísica que tem a sua origem na fase do espelho e que pertence ao registro do imaginário. A apreensão do corpo como unidade que faz surgir o júbilo no “estádio do espelho”, só é possível porque a criança é, em princípio, constituída como unidade pelo olhar do outro sobre ela e pelo discurso que a designa como ser único. Nós só podemos nos ver porque o outro nos vê e nos fala de nós. O olhar e a linguagem formam um par indissolúvel. A onipotência, a capacidade de hipnotizar e de subjugar (aliadas ao pronunciamento de um discurso de amor) do objeto perigoso constitui sem dúvida os ornamentos e a astúcia que permitem tratá-lo como objeto de amor e encarnação do ideal. - A ideologia, em Freud, é o que permanece da voz e da obra dos grandes homens, e não o que poderia ser considerado como o obscurecimento de relações sociais reais ou sua substituição por relações falsas. - não lutamos nunca por simples palavras, mas por palavras mágicas investidas libidinalmente. - toda ideologia é criadora de um novo espaço imaginário que vai suscitar alguns projetos e desencorajar outros, que vai instituir valores, normas de comportamento. Motivações induzidas no ego Origem superego O ego obedece ao superego por medo da punição Formado a partir da imagem dos personagens temidos Ideal do ego O ego submete-se ao ideal do ego por amor Formado a partir da imagem dos objetos amados Das Líber-Ich – O Super-Eu ou o Superego – Se desenvolve a partir das regras de condutas ensinadas pelos pais sendo definido como herdeiro do Complexo de Édipo, pois constitui-se da internalização das exigências e interdições parentais, representando, assim, todas as restrições morais. Os comportamentos errados (punidos) tornam parte da consciência da criança, que é uma parte do superego; já os comportamentos corretos (recompensados) se tornam parte do ego ideal, que também constitui o superego. Freud descreve as funções do superego em: - consciência, auto-observação e formação de ideais. - restringe, proíbe, julga, ou seja, instaura-se como porta-voz da lei moral. O Superego não tenta adiar a satisfação do id, mas inibi-la por completo. Os Mecanismos de Defesa A percepção de um acontecimento, do mundo externo ou do mundo interno, pode ser algo muito constrangedor, doloroso, desorganizador. Para evitar este desprazer, a pessoa “deforma” ou suprime a realidade – deixa de registrar percepções externas, afasta determinados conteúdos psíquicos, interfere no pensamento. São vários os mecanismos que o indivíduo pode usar para realizar esta deformação de realidade, chamados de mecanismos de defesa. São processos realizados pelo ego e são inconscientes, isto é, ocorrem independentemente da vontade do indivíduo. Para Freud, defesa é a operação pela qual o ego exclui da consciência os conteúdos indesejáveis, protegendo, desta forma, o aparelho psíquico. O ego – uma instância a serviço da realidade externa e sede dos processos defensivos – mobiliza estes mecanismos, que suprimem ou dissimulam a percepção do perigo interno, em função de perigos reais ou imaginários localizados no mundo exterior. O uso destes mecanismos não é, em si, patológico, contudo distorce a realidade, e só o seu desvendamento pode nos fazer superar essa falsa consciência, ou melhor, ver a realidade como ela é. Estes mecanismos são: Recalque – o indivíduo “não vê”, “não ouve” o que ocorre. Existe a supressão de uma parte da realidade. O recalcamento é uma operação pela qual o sujeito procura repelir ou manter, no inconsciente, representações ligadas a uma pulsão. Sublimação – é uma defesa bem-sucedida e consiste em usar a energia originalmente dirigida para propósitos sexuais ou agressivos para novas finalidades, com freqüência metas artísticas, intelectuais ou culturais. Repressão – uma forma de evitar a realidade, afastando-a do consciente. Negação – uma forma de excluir a realidade, negando um fato que perturba o ego. Racionalização – uma forma de redefinir a realidade, aceitando a pressão do superego e tornando as atitudes moralmente aceitáveis.O ego coloca a razão a serviço do irracional e utiliza para isto o material fornecido pela cultura, ou mesmo pelo saber científico. Formação Reativa - uma forma de inversão. Este mecanismo substitui comportamentos e sentimentos que são diametralmente opostos ao desejo real, ou seja, é uma inversão clara e, em geral, inconsciente do desejo. Projeção uma forma de colocar sentimentos internos no mundo externo, consistindo no fato de atribuir a uma pessoa, animal ou objeto as qualidades, sentimentos ou intenções que se originam em si próprio. Isolamento - uma forma de dividir a realidade, ou seja, é um modo de separar as partes da situação provocadora de ansiedade do resto da psique, de maneira que reste pouca ou nenhuma reação emocional ligada ao acontecimento. Regressão – uma forma de escapar através de um retorno a um nível de desenvolvimento anterior ou a um modo de expressão mais simples ou mais infantil. Anulação Retroativa – maneira pela qual o sujeito se livra da tensão se esforçando para fazercom que pensamentos, palavras, gestos e atos passados não tenham acontecido, utilizando para isso, um pensamento ou um comportamento com uma significação oposta.
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