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Questões Básicas para o Estudo da Personalidade

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Questões Básicas para o Estudo da Personalidade
- a personalidade como problema contemporâneo, isto é, o aparecimento da personalidade como conceito de nossa vida social.
- o autor e a máscara, o problema da relação entre a aparência de uma pessoa e sua realidade psicológica.
- pessoa e personagem, onde se tenta compreender a relação entre a imagem que formamos de uma pessoa e sua realidade total.
- fantasia e realidade, isto é a relação entre a imaginação de uma pessoa e aquilo que ela é.
-biografia e autobiografia, onde se procura verificar até que ponto somos capazes de contar a história da vida de outra pessoa, e até que ponto ela mesma é capaz de fazê-lo.
Problemas Psicológicos no Estudo da personalidade
- A noção de individualidade psicológica não é uma criação de nossa época, nova é a ênfase que hoje se dá a essa noção.
-Raízes intelectuais estejam no Renascimento, o seu desenvolvimento ocorre no Romantismo, em pleno século XIX.
-No Romantismo procura-se a individualidade, já então, a originalidade passa a ser o verdadeiro sinal de grandeza literária e humana. Passamos a valorizar a inovação e a diferença entre os homens.
- O “conhece-te a ti mesmo” socrático deveria conduzir à descoberta de uma humanidade comum a todos os homens, não pensava que cada um, através desse conhecimento chegasse a descobrir a própria originalidade.
-Já no Renascimento, ao lado da continuidade da tradição, as inovações técnicas e os novos conhecimentos permitiriam o aparecimento de homens preocupados com a sua individualidade e com as diversidades de caráter e de opiniões entre os homens.
-O “cogito, ergo sum”, de Descartes, não é, de forma alguma, uma resposta psicológica às dúvidas e inquietações do intelectual do século XVII.
- O momento do “cogito” interessa a Descartes apenas na medida em que representa um ponto de partida para a análise das idéias inatas, comuns a todos os homens, e capazes de garantir a possibilidade de conhecer, não o mundo psicológico, mas o universo físico.
-Se a democratização política, criada pela Revolução Francesa, e a democratização econômica, criada pela Revolução Industrial, permitiram o maior desenvolvimento das características diferenciadoras do indivíduo, criaram, também, condições para o seu desaparecimento.
- Para os otimistas, o homem nunca dispôs de tantos recursos e tantas oportunidades para o seu desenvolvimento.
- Para os pessimistas, a sociedade de massa é, fundamentalmente, um ambiente propício à mediocridade e ao desaparecimento da verdadeira individualidade.
- O processo de industrialização cria atividades muito diferentes, para as quais são exigidas características psicológicas às vezes muito específicas, características por vezes distantes de traços de personalidade. Outras, no entanto, referem-se à possibilidade de ajustar-se aos outros, de realizar trabalho coletivo, de liderar grupos políticos ou de trabalho.
- É provável que a vida contemporânea apresente condições mais difíceis de ajustamento psicológico.
-Freud foi o primeiro a denunciar essa relação entre o desenvolvimento do processo de civilização e o número de desajustamentos.
- Para ele o progresso da civilização exige uma repressão cada vez maior dos instintos biológicos, e esta repressão antinatural explica o aumento do número de neuroses.
 - A nossa cultura tende a explicar o fracasso através do indivíduo e não mais através de conceitos tradicionais do destino e dos valores sobrenaturais.
- Isso permitiria compreender o sentimento de culpa, fundamento da angústia, pois substituímos a noção de pecado pela de neurose.
O Ator e a máscara
- persona, isto é a máscara teatral.
- a máscara, entendida como objeto cênico, é ambígua e polivalente.
-a máscara, aspecto superficial e falso, venha a indicar o aspecto mais profundo e característico do indivíduo?
- É possível pensá-la como recurso de falsidade, destinado a esconder a identidade verdadeira do ator.
- o aspecto que o indivíduo decide revelar não é menos característico de sua pessoa do que os outros, hipoteticamente guardados.
- às vezes, a apresentação de um disfarce é a oportunidade para revelar-se.
- o aspecto exterior, embora “falso”, tem um efeito dinâmico muito significativo.
- ao ser identificado através desse aspecto exterior, o indivíduo acaba, também, por identificar-se através dele, pois, “os outros são os nossos espelhos”.
- A noção de eu, assim como a de personalidade, não chegaria a desenvolver-se num indivíduo isolado; além disso, a noção de diferenças ou peculiaridades individuais só é possível através do julgamento social.
- A origem da palavra personalidade mostra, ainda, um outro aspecto importante: a associação entre o comportamento cotidiano e a representação teatral.
- a representação teatral só é possível porque aceitamos a possibilidade de apresentar, exteriormente, um comportamento que não corresponde a sentimentos pessoais do ator, isto é, aceitamos a possibilidade de fingimento.
- a representação teatral, exatamente por ser falsa, exige uma expressão mais profunda ou completa de aspectos e sentimentos que, na sua apresentação cotidiana, nem sempre revelam toda a sua significação.
- se a representação teatral não indica todos os comportamentos reais ou possíveis do indivíduo, intensifica os mais importantes ou significativos; ao fazê-lo, pode revelar os aspectos decisivos para a nossa compreensão do homem.
- Supomos que, atrás de diferentes aparências, exista um mesmo ator, capaz, em diferentes ocasiões, de apresentar cada uma de suas máscaras.
- No entanto, se aprofundarmos um pouco mais nossa indagação, veremos que essa sinceridade, maior ou menor, é uma das características da personalidade.
- Num extremo, estariam os indivíduos interessados em apresentar-se de várias maneiras a diferentes espectadores; no outro, estariam aqueles cujas aparências apresentam grande uniformidade.
- Uma das revelações mais importantes de Freud foi afirmar a existência de uma região interior, inconsciente, inacessível ao conhecimento direto do ator.
- As técnicas projetivas supõem que o indivíduo não pode revelar-se diretamente, seja porque se recusa a isso, seja porque não conseguiria fazê-lo. Seja como for, tanto num caso como em outro temos a suposição de um indivíduo incapaz de revelar-se direta ou conscientemente.
- No extremo oposto, encontramos as teorias cognitivas, cuja ênfase se refere aos aspectos racionais, inteligíveis, autênticos e ajustadores do indivíduo. Acentuam a unidade da personalidade, e sua busca de organização e ajustamento.
- Tendem a acentuar, não a heterogeneidade entre ator e mascar, mas a sua estreita correspondência. Para eles, vemos o indivíduo, não apesar da máscara, mas através desta.Daí uma análise dos aspectos mais aparentes e mais imediatos, por onde o ator, queira ou não fazê-lo, acaba por revelar-se.
- O processo de ajustamento aos outros e a si mesmo é longo, e cheio de dificuldades. A falsidade da máscara nem sempre é um ato intencional, realizado com má fé; muitas vezes, antes de enganar aos outros, o indivíduo precisa enganar a si mesmo. De outro lado, pode aceitar de boa fé, uma identificação falsa, imposta pelos outros.
Pessoa e personagem
- A consideração da relação entre ator e máscara nos conduz a um outro problema: o da relação entre a pessoa total e a imagem que dela fazemos.
- pessoa total aqui denominada pessoa; a imagem que apresentamos de uma pessoa foi denominada personagem.
- Sabemos que é impossível conhecer integralmente uma pessoa, e se pretendermos conhecer, precisamos simplificar e esquematizar. Ao fazê-lo, reduzimos a pessoa a alguns traços mais importantes ou ostensivos, e passamos a reagir a estes últimos, como se constituísse a pessoa. 
-Contudo, além da personagem que criamos, a pessoa continua a agir e a desenvolver-se, a contradizer nossos esquemas, a fugir de nossas predições.
- Aparentemente, é mais fácil compreender as personagens exemplares do romance e do teatro do que entender alguém próximo. Pode-se dizer que essas personagenssão completas porque, a seu respeito, tudo foi inventado. Ao contrário, as pessoas reais permaneceriam rebeldes às nossas tentativas de descrição e explicação.
- Todavia, esse é apenas um aspecto da questão. Na verdade, é através de personagens que nos tornamos capazes de compreender as pessoas, embora essa compreensão sempre seja fragmentária e incompleta.
- Portanto, o inventado, na descrição da personagem, não é uma fantasia gratuita do artista, independente de seu conhecimento dos homens e de si mesmo. Embora se possa dizer que seja uma simplificação, é preciso acrescentar que é também uma ampliação das características humanas mais significativas e mais profundas.
- Com as pessoas concretas, por serem demasiadamente complexas para uma apreensão global e total; as suas ações, consideradas isoladamente, seriam caóticas e incompreensíveis.
- Por isso, ligamos as ações a traços relativamente estáveis das pessoas, por isso, também, as nossas impressões de pessoa tendem a organizar-se através de traços ordenados e coerentes. Contudo, podemos em vez de procurar a pessoa real, julgá-la através de estereótipos, e ignorar as suas verdadeiras características. Neste caso, em vez de um processo de conhecimento, encontramos um processo de negação das diferenças ou peculiaridades individuais.
- Portanto, podemos pensar em dois extremos: num estaria a pessoa real, com todas as suas características diferenciadoras.
- No outro, o estereótipo de grupos, no qual tentamos incluir todas as pessoas de determinada categoria.
- A análise da significação das imagens, ou impressões, que formamos das pessoas, dividiu a psicologia contemporânea em duas grandes correntes divergentes.
- De um lado, a corrente que acentua a influência das características do percebedor na imagem que se forma do objeto percebido.
- Certas pessoas tendem a simplificar, tanto positiva, quanto negativamente.
- Essas pessoas, denominadas “autoritárias”, são incapazes de tolerar a ambigüidade, e por isso, precisam colocar os indivíduos em categorias fixas e imutáveis.
- Essa necessidade decorre da impossibilidade de aceitar, em si mesmo, determinadas características indesejáveis. Em outras palavras, quanto mais cegos estamos para nossas deficiências, mais facilmente as projetamos em outros indivíduos ou grupos.
- Uma segunda corrente acentua os aspectos cognitivos e realistas da percepção de pessoas. O seu interesse está centralizado na percepção “tal como ocorre na vida diária”, com todas as suas complexidades e aparentes contradições. Segundo esses teóricos, devemos partir dessas situações da vida diária, e procurar, não os seus aspectos deformadores e talvez doentios, mas as suas características de ajustamento e adequação.
- Todavia, não apenas formamos imagens simplificadas dos outros. Também em nossa autodescrição acabamos por simplificar e esquematizar. É uma ilusão pensar que cada um de nós se conhece mais e melhor do que os outros seriam capazes de fazê-lo. O mundo interior não é mais verdadeiro que o exterior, e é muitas vezes mais falso. Vale dizer, cada um de nós é, também, personagem de si mesmo. Para nós mesmos, assim como para os outros, apresentamos imagens simplificadas de nossa realidade psicológica. Evidentemente, essa realidade psicológica pode estar cheia de má fé, e ter como objetivo enganar a si mesmo ou enganar os outros. No entanto, mesmo quando isso não ocorre, sentimos que não dizemos tudo a nosso próprio respeito, não apenas por pudor, mas também porque seria impossível fazê-lo.
Biografia e autobiografia
- Na psicologia contemporânea encontramos duas tendências opostas quanto ao significado da história de vida para o conhecimento da pessoa.
- De um lado tanto a psicanálise quanto outras técnicas de psicoterapia baseiam seu conhecimento quase que exclusivamente na história de vida.
- Para os psicanalistas a personalidade resulta da história de individual, o conhecimento do indivíduo só é possível através da reconstrução dos acontecimentos determinantes.
- Contudo essa volta ao passado resulta em inúmeras dificuldades teóricas.
- A história de vida, como tal, pouco nos diz, e praticamente nada explica do comportamento no momento presente.
- A explicação é dada, não tanto pelos acontecimentos anteriores e reação pessoal. 
- A história de vida pode ser interpretada de várias formas, e é impossível dizer qual delas é a mais correta. É inevitável a seleção de alguns acontecimentos, supostamente mais significativos, através dos quais se dá a explicação para uma personalidade determinada.
- A biografia e a autobiografia, nos melhores casos são materiais de que o psicólogo lança mão, assim como o historiador se vale de documentos primários.
- A autobiografia revela, quase sempre, uma atitude de admiração por si mesmo, ou a necessidade de desculpar-se ou engrandecer-se. Ninguém é neutro diante da própria história.
- O seu valor precisa ser aferido através de esquemas alheios aos depoimentos; a sua significação, no caso de uma personalidade concreta, só pode ser compreendida dentro da situação de um determinado momento.
- Portanto o psicólogo oscila entre duas exigências contraditórias: de um lado, a avaliação dos aspectos individuais só pode ser feita através de elementos gerais, de outro, a tentativa de ver aspectos gerais nas características individuais pode contribuir para falsear a nossa compreensão do indivíduo.
- Os gestaltistas tendem a descrever a personalidade num determinado momento. Não que eles neguem o sentido e a influência dos acontecimentos passados; no entanto, não admitem uma influência genérica, e entendem que o passado só pode influir se sua presença for claramente verificada na situação momentânea.
- A descrição correta de uma personalidade só pode ser feita através da inclusão da situação presente. Por isso, é freqüentemente ilusória a tentativa de encerrar o indivíduo na sua história de vida, ou pensá-lo como “encapsulado” em sua autobiografia.
Fantasia e realidade
 
- O homem não é apenas aquilo que diz ou faz, mas também aquilo que sonha, devaneia e imagina; além disso, muito do que diz ou faz foi antes imaginado e vivido no seu mundo interior e grande parte de seu devaneio se refere ao que já foi dito ou feito.
- A relação entre fantasia e realidade não é uniforme em todos.
- Em alguns, a fantasia pode ocupar o primeiro plano, e reduzir ou eliminar o mundo real; em outros, o domínio da fantasia se restringe a uma face condenada, ciosamente mantida; em outros, ainda, a fantasia é um domínio tão nítido quanto a realidade, e os dois domínios se interpenetram e mutuamente se iluminam.
- A fantasia pode ser um recurso para fugir à realidade, mas pode ser também um recurso de compreensão e análise. Existem fantasias nitidamente compensatórias, mas outras constituem formas inteligentes de enfrentar a realidade.
- Não apenas existem diferenças individuais quanto à função e à relativa importância da fantasia; em cada indivíduo, existem notáveis diferenças entre os vários níveis de fantasia.
- Alguns devaneios são percebidos e vividos como eventualidades prováveis ou possíveis. A fantasia tem um objetivo de preparação para a realidade.
- Outros são percebidos e vividos como coisas ou acontecimentos impossíveis, a que o indivíduo se apega compulsivamente. É nitidamente compensatória, e tende a aparecer, provavelmente, sempre que as condições reais se tornam extremamente difíceis.
- Portanto, é insatisfatória uma análise que procure descobrir apenas os comportamentos manifestos do indivíduo, ou, inversamente, apenas as suas fantasias; de outro lado, é incompleta a análise incapaz de distinguir entre os vários níveis de fantasia, assim como as interações entre esta e a realidade vivida.
- Muitas vezes, a fantasia é uma imagem especular da vida cotidiana do artista, na arte ele coloca aquilo que desejaria “ser” na vida real.
- Há no conteúdo da fantasia diferentes níveis.
- O mais pobre de tais níveis ocorre na fantasia que se poderia denominar “heróica”, embora o seu conteúdopossa variar, enormemente, de indivíduo para indivíduo.
- Nessa fantasia, o indivíduo é sempre o herói, a figura central da ação; as maiores dificuldades são superadas, pois foram criadas exatamente para a superação. 
- É difícil saber qual a importância atribuída pela pessoa a esse tipo de devaneio, porque ele pode ser mantido em segredo.
- Também não se pode dizer que esse devaneio seja sempre compensador, embora em muitos casos isto ocorra; a necessidade dessa fantasia não depende apenas do nível de aspiração da pessoa. De qualquer modo, embora esse nível de fantasia possa ter grande importância para a manutenção do equilíbrio da pessoa.
- A fantasia criadora que é capaz de integrar aspectos inconscientes e adquirir uma significação social. O aspecto mais freqüente desse tipo de fantasia é o sonho.
- Se o sonho tem um valor indiscutível no trabalho criador – o que pode ser verificado pelo fato de a pessoa sonhar com soluções de problemas e ser capaz de compor poesia durante o sonho – é difícil avaliar a sua relação com a personalidade de vigília.

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