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DIREITO PENAL 2 ILICITUDE (antijuridicidade) ONDE HÁ FUMAÇA, HÁ FOGO. Assim, a tipicidade é indício de que o fato também é ilícito. Assim, a ilicitude ou antijuridicidade é a contradição entre a conduta e o ordenamento jurídico (fato contrário ao direito, pela qual a ação ou omissão típicas tornam-se ilícitas. FASES DAAPRECIAÇÃO Em primeiro lugar dentro da primeira fase do raciocínio, o intérprete verifica se o fato é típico ou não. Na hipótese de atipicidade, encerra-se desde logo qualquer indagação acerca da ilicitude. Ao contrário, se o fato for típico, passa-se à segunda fase da apreciação verificando-se se a conduta é ilícita. Muitas vezes, o fato poderá ser típico e não ser ilícito, se o mesmo estiver acobertado por uma das causas de exclusão da ilicitude, daí resultando que não haverá crime. CAUSAS LEGAIS DA EXCLUSÃODA ILICITUDE O Art. 23 do Código Penal elenca as causas que excluem a ilicitude da conduta, são elas: estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento de dever legal e no exercício regular de direito. Exclusão de ilicitude Art. 23 CP . Não há crime quando o agente pratica o fato: I - em estado de necessidade; II - em legítima defesa; III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. ESTADODE NECESSIDADE Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. § 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo. § 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços Estado de necessidade é uma das causas de exclusão de ilicitude da conduta de quem, não tendo o dever legal, de enfrentar uma situação de perigo ATUAL, a qual não provocou por sua vontade, sacrifica um bem jurídico ameaçado por esse perigo para salvar outro próprio ou alheio, cuja perda não era razoável exigir. No estado de necessidade, existem 2 ou mais bens jurídicos postos em perigo, de modo que a preservação de um depende da destruição dos demais. Ex.: Um pedestre joga-se na frente de um motorista, que, para preservar a vida humana, opta por desviar seu veículo e colidir com outro que se encontrava estacionado nas proximidades. Requisitos do estado de necessidade: 1. Uma situação de perigo ● A situação de perigo deve ser ATUAL (está acontecendo). ● A situação de perigo deve ameaçar direito (bem jurídico) próprio ou de terceiro. ● A situação de perigo não pode ter sido causada voluntariamente pelo agente. 2. Conduta lesiva - somente se admite o sacrifício de um bem quando não houver outra maneira de se efetuar um salvamento. 3. Requisito subjetivo: se na sua mente o agente desejava cometer um crime, ou seja, se a sua vontade não era salvar alguém, mas provocar o mal, inexistirá o estado de necessidade, mesmo que, por uma incrível coincidência, a ação danosa acabe por salvar algum bem jurídico Natureza Jurídica do Estado de Necessidade: ● Estado de Necessidade Justificante (Teoria Unitária - adotada pelo CP): todo estado de necessidade tem a finalidade de eliminar a ilicitude do fato típico praticado pelo agente. Para esta teoria não importa se o bem protegido pelo agente é de valor superior ou igual àquele que está sofrendo a ofensa, ou seja, exige apenas que o bem jurídico sacrificado seja de igual valor ou de valor inferior ao bem jurídico preservado. ● Estado de Necessidade Exculpante (Teoria Diferenciadora - origem no Direito Penal Alemão): estabelece a diferença entre o Estado de Necessidade Justificante (exclui a ilicitude) e o Estado de Necessidade Exculpante (que exclui a culpabilidade). Haverá Estado de Necessidade Justificante somente quando o bem afetado for de valor inferior àquele que se defende. Nas demais situações, quando o bem salvaguardado for de valor igual ou inferior àquele que se agride, o Estado de Necessidade seria exculpante e excluiria a culpabilidade do agente, pela inexigibilidade de conduta adversa. LEGÍTIMADEFESA Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se também em legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes. É uma causa de exclusão da ilicitude, que consiste em repelir injusta agressão, atual ou iminente a direito próprio ou alheio, usando moderadamente dos meios necessários Requisitos da Legítima Defesa: 1. Uma agressão injusta (é toda conduta humana que ataca um bem jurídico 2. Agressão atual ou iminente: a agressão tem que estar acontecendo ou prestes a acontecer 3. o bem agredido pode ser próprio ou alheio 4. Repulsa com os meios necessários (são os meios lesivos colocados à disposiçãos do agente no momento que sofre a agressão) ex.: Se o sujeito tem um pedaço de pau a seu alcance e com ele pode tranquilamente conter a agressão, o emprego de arma de fogo se revela desnecessário. 5. Uso moderado dos meios (o meio usado para a repulsa deve ser utilizado moderadamente). ex.: o número exagerado de golpes, pode revelar imoderação por parte do agente. 6. Requisito subjetivo - o agente tem que ter consciência que age para se defender ou defender a terceiro de uma agressão injusta, atual ou iminente. DIFERENÇAS ENTRE ESTADODE NECESSIDADE E LEGÍTIMADEFESA Semelhanças: A) Ambos os institutos são causas de exclusão de ilicitude B) Em ambos os institutos se apresentam perigos para um bem jurídico próprio ou de terceiro Diferenças: A) Na legítima defesa o perigo provém de uma agressão injusta do homem e a reação se dirige contra o autor da agressão. Já no estado de necessidade, o perigo é originário de fatos da natureza, de ataque de seres irracionais ou mesmo de uma conduta humana e para se livrar do perigo, o agente sacrifica bem jurídico alheio. B) Na legítima defesa pode ser atual ou iminente, já no estado de necessidade o perigo deve ser atual. EXCESSO O excesso é quando, inicialmente, você atua dentro da excludente, mas posteriormente age em excesso. É a intensificação desnecessária de uma ação inicialmente justificada. Quando o agente atuar amparado por alguma causa de exclusão da ilicitude e ultrapassar os limites da excludente, ocorrerá o excesso, que pode ser doloso ou culposo. EXCESSODOLOSO Ocorrerá quando o agente, ao se defender de uma injusta agressão, emprega meio que sabe ser desnecessário ou, mesmo tendo consciência de sua desproporcionalidade, atua com imoderação. O agente responderá por crime doloso. EXCESSOCULPOSO Ocorre quando o agente se excede por imprudência ou negligência, responderá a título de culpa, pois quebrou o dever objetivo de cuidar. O agente responderá por crime culposo. EXCESSO EXCULPANTE Não se cuida de excesso culposo, pois neste o excesso deriva de falta do dever objetivo de cuidado, enquanto que, no excesso exculpante, a resposta excessiva deriva de uma situação de medo, pânico ou perturbação de ânimo. O excesso exculpante exclui a culpabilidade do agente por não ser exigível o outro comportamento que naquela situação foi por ele adotado. OFENDÍCULO☠😵 Os ofendículos constituem uma forma de exercício regular do direito de defesa da propriedade, como por exemplo: cacos de vidro, cerca elétrica, cão bravo, ponta de lança em muros, telas elétricas, etc. Porém, parte da doutrina os classifica como legítima defesa preordenada, pois embora preparados com antecedência só atuam no momento da agressão. De uma forma ou de outra, os ofendículos atuam como causa de exclusão da ilicitude.* Natureza Jurídica dos Ofendículos: quando ele coloca o ofendículo no seu imovel, ele está no seu exercício regular do direito - a partir do momento que o agente entra na propriedade, o ofendículoserve como instrumento de legítima defesa. CULPABILIDADE É um juízo de reprovação que irá recair sobre a pessoa do agente ou ainda um juízo de reprovabilidade sobre o sujeito que cometeu a conduta típica e ilícita. A culpabilidade é composta de 3 elementos, a saber: a imputabilidade, a potencial consciência da ilicitude e da exigibilidade de conduta diversa. CAUSAS QUE EXCLUEM A CULPABILIDADE - DIRIMENTES CAUSAS QUE EXCLUEM A ILICITUDE - DESCRIMINANTES IMPUTABILIDADE artigo 26 É a capacidade da pessoa entender que o fato é ilícito e de agir de acordo com esse entendimento. O agente deve ter condições físicas, psicológicas e mentais de saber que está realizando um ilícito penal. INIMPUTÁVEIS( dirimentes) - Exclusão da Imputabilidade Penal 1. Doença mental (artigo 26) - É a perturbação mental ou psíquica de qualquer ordem capaz de eliminar e afetar a capacidade de entender o caráter criminoso do fato ou a de comandar a vontade de acordo com esse entendimento. 2. Desenvolvimento mental incompleto (artigo 26) - É o desenvolvimento que ainda não se concluiu devido a recente idade cronológica do agente (menor de idade) 3. Desenvolvimento mental retardado (artigo 26) - É o incompativel com o estado de vida que se encontra a pessoa, estando portanto abaixo do desenvolvimento normal para aquela idade cronologica (surdos, mudos, pessoa com síndrome de down etc) 4. Embriaguez completa (caso fortuito ou força maior) art. 28 parg. 1 cp - cachaça hehehe Somente a embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior irá excluir a imputabilidade penal. POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE *Um dos requisitos da culpabilidade é a potencial consciência da ilicitude do fato. Caracteriza-se em investigar se o sujeito ao praticar o crime, tinha a possibilidade de saber que fazia algo errado ou injusto, de acordo com o meio social que o cerca, as tradições e costumes do local, etc. A potencial consciência da ilicitude do fato só é eliminada quando o sujeito além de não conhecer o caráter ilícito do fato, não tinha nenhuma possibilidade de fazê-lo. CAUSADE EXCLUSÃODA POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE A dirimente que irá excluir o segundo elemento da culpabilidade é o chamado ERRO SOBRE A ILICITUDE DO FATO (Art. 21), também conhecido como ERRO DE PROIBIÇÃO, que é a errada compreensão de determinada regra, que pode levar o agente a supor que certa conduta ilícita, seria lícita. No erro de proibição, o agente pensa agir plenamente de acordo com o ordenamento jurídico, mas na verdade, pratica um fato ilícito, em razão da equivocada compreensão do direito. Obs.: O erro de proibição para excluir a culpabilidade deve ser inevitável, se o erro for evitável, não há exclusão da culpabilidade, e sim causa geral de diminuição de pena. Ex.: homem do interior que persegue uma moça (stalker), mas não tem conhecimento que esse ato é ilícito. Ele não tem como saber sobre essa nova lei. EXIGIBILIDADE DE CONDUTADIVERSA (DIFERENTE) 1. Coação Moral irresistível art 22 cp. é a coação de natureza moral que afeta o psicológico do agente. 2. Obediência Hierárquica, hierarquia é relação de direito público para que a máquina Art. 22 CAUSAS DE EXCLUSÃODE CULPABILIDADE SUPRALEGAL - Estado de Necessidade Exculpante - Excesso Exculpante - Legítima Defesa Putativa TEORIA DA PENA CONCURSODE PESSOAS (AGENTES) Aparecerá o concurso de agentes quando duas ou mais pessoas colaborarem para a prática da mesma infração penal. O tema é tratado no código penal do artigo 29 que adota a teoria monista ou unitária. ESPÉCIES DE CONCURSOS DE PESSOAS Coautoria: São coautores os que executam o comportamento que a lei define como crime, muito embora suas condutas não precisam ser idênticas. Na coautoria os agentes praticam o fato típico - o que EXECUTA o que está no tipo penal. Participação: O partícipe é quem mesmo não praticando a conduta descrita na lei como crime contribui de qualquer modo para sua realização. A participação é sempre acessória da conduta principal. O comportamento do partícipe não se amolda diretamente ao tipo penal incriminador, necessitando de uma causa de adequação que vem a ser o artigo 29 do código penal. - Não executa diretamente a ação do tipo penal. Há dois tipos de participação: moral e material. Obs.: Se, por exemplo, dois agentes praticam uma parte da execução do tipo penal, os dois são COAUTORES, já que ambos praticam o tipo penal. Ex.: Roubar (Art. 157) - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa. Se um subtrai e outro ameaça, ambos são autores, nenhum se encaixando ao agente partícipe. Obs 2.: O Código Penal não dá a definição de autor, uma vez que a sua conduta se amolda de forma imediata ou direta ao tipo penal incriminador. Ex.: Quem ameaça a vítima com revólver para que outrem subtraia dinheiro é coautor de roubo. FORMASDE PARTICIPAÇÃO Existem duas formas de participação: moral e material. Participação Moral: a pessoa contribui moralmente para o crime, agindo sobre a vontade do autor, quer provocando-o para que nele surja a ideia de cometer o crime (induzimento), quer estimulando a ideia criminosa já existente (instigação). Participação Material: a pessoa contribui materialmente para o crime, por meio de um comportamento positivo ou negativo, como por exemplo, emprestando a arma para a prática do homicídio, assim como da conduta do vigia que não fechando a porta que deveria fechar para facilitar o roubo ou furto. REQUISITOS DOCONCURSODE PESSOAS Para que exista concurso de agentes, também conhecido como concurso de pessoas, são necessários alguns requisitos, são eles: 1. Pluralidade de condutas: exige-se no mínimo duas condutas, duas principais realizadas pelos coautores, ou uma principal e outra acessória, praticadas respectivamente pelo autor e pelo partícipe. 2. Nexo causal entre as condutas: todos os comportamentos tem que ter contribuído de qualquer forma para o resultado. 3. Vínculo Subjetivo entre os Agentes: é imprescindível a unidade de desígnios (vontade), ou seja, a vontade de todos de contribuir para o resultado. Sem que haja um concurso de vontades, objetivando um fim comum, desaparecerá o concurso de agentes. NÃO NECESSITA DE ACORDO PRÉVIO ENTRE OS ENVOLVIDOS, bastando que a vontade de um seja aderida pelo outro. 4. Identidade de Infração para todos os Participantes: Teoria Monista ou Unitária disciplinada no Art. 29 do Código Penal. TEORIAMONISTA UNITÁRIA TEMPERADAOUMITIGADA Art. 29 adota a teoria Monista, pois todos os que participaram vão pagar pelo mesmo crime. No entanto, o próprio CP apresenta exceções. Pela teoria monista ou unitária, alojada no art. 29 caput do cp, haverá crime único para autor e partícipe. Entretanto tal teoria é mitigada, uma vez que mede-se o grau de atuação ou de culpabilidade de cada um deles. Para individualizar cada um deles. EXCEÇÕES DA TEORIAMONISTAOUUNITÁRIA Menor Importância na Infração Penal A redução da pena do partícipe que teve participação de menor importância na infração penal ocorre na proporção do parágrafo primeiro do Art. 29 do Código Penal. Cooperação Dolosamente Distinta (Desvio Subjetivo de Conduta) Embora o Código Penal tenha adotado a teoria monista quando tratou do concurso de agentes, há uma flagrante exceção à regra. Ocorre no caso da cooperação dolosamente distinta, também chamada de desvio subjetivo de conduta que aparecerá quando algum dos concorrentes se exceder e praticar fato mais grave do que aquele combinado por todos. Assim, embora todos os coautores e partícipes devam, em regra, responder pelo mesmo crime, excepcionalmente para se evitar a responsabilidade objetiva, o legislador determina a imputação para outra figura típica, no caso de um dos participantes praticar um crime mais grave do que aquele combinado por todos. TEORIAS A RESPEITO DAAUTORIA Teoria Restritiva Para esta teoria, autor é somente quem realiza a conduta principal descrita no tipo penal, ou seja, é somente quem pratica o núcleo constante do tipo legal, assim, autor é quem mata, subtraicoisa alheia móvel, obtém vantagem ilícita, etc. É a teoria adotada pelo Código Penal. Teoria Extensiva Para esta teoria, o autor não é somente aquele que realiza o núcleo do tipo, mas também quem concorre de qualquer modo para o crime, não importando se tal cooperação é decisiva ou insignificante. Essa teoria não faz qualquer distinção entre autor e partícipe. Com a reforma da Parte Geral do Código Penal, ocorrida em 1984, esta teoria não é mais utilizada em nosso ordenamento jurídico. Teoria do Domínio do Fato Surgiu como complementação da teoria restritiva, para esta teoria, é também autor quem detém o controle final do fato, dominando toda a ação delituosa, com plenos poderes para decidir sobre sua prática do mandante assim como o autor intelectual do crime, embora não realizem o núcleo do tipo, devem ser considerados autores, uma vez que ambos detêm o controle final do fato até a sua consumação, pois planejam toda a ação delituosa coordenando e dirigindo a ação dos demais. FORMASDE AUTORIA AutoriaMediata Indireto O Autor mediato é aquele que se serve de pessoas sem discernimento para realizar por ele a conduta típica. A pessoa sem culpabilidade é usada como mero instrumento de atuação. O autor mediato pode também se utilizar de um animal irracional para a prática do crime. Autoria Colateral Na autoria colateral, mais de um agente realiza a conduta típica, sem que exista um vínculo subjetivo entre eles. Ex.: A e B decidem matar C, sem que um conheça a conduta do outro. Ambos disparam simultaneamente na vítima, causando a morte da mesma. Em razão da ausência de unidade de desígnios cada um responderá pelo crime que cometeu, ou seja, o homicídio consumado e outro tentado. Autoria Incerta Ocorrerá quando na autoria colateral, não se sabe precisar quem foi o causador do resultado. No exemplo anterior, aparecerá a autoria incerta, quando for impossível determinar qual dos dois executores efetuou o disparo causando a morte da vítima. Nesse caso, para se evitar a responsabilidade objetiva em relação a um dos executores, os dois deverão responder por homicídio tentado, apesar de ter ocorrido a morte da vítima. EM NENHUMA DAS TRÊS AUTORIAS NÃO HÁ CONCURSO DE AGENTES. TEORIA DA PENA SANÇÃO PENAL A sanção penal comporta duas espécies: a pena e a medida de segurança. PENA É uma sanção aflitiva imposta pelo Estado, mediante uma ação penal, pela prática de uma infração penal, consistente na diminuição de um bem jurídico ao autor do ato ilícito e com a finalidade de que não volte a delinquir. Finalidade da pena: preventiva e retributiva. É retributiva porque retribui o mal injusto causado pelo agente com o cometimento do crime com o mal justo da aplicação da pena. Já o caráter preventivo divide-se na prevenção geral e na prevenção especial. A prevenção geral consiste na intimidação que a pena cominada ao delito gera no âmbito social. A prevenção especial consiste na segregação do condenado para que o mesmo não volte a delinquir. Características da pena 1. Legalidade: provém do princípio da legalidade ou reserva legal (cf art. 5, XXXIX, e Art. 1 do CP.) 2. Anterioridade: a lei já deve estar em vigor na época em que for praticada a infração penal (cf, art. 5, XXXIX e Ar. 1 do CP) 3. Personalidade: a pena não poderá passar da pessoa do condenado (Art. 5, 46, da CF) 4. Individualidade: a sua imposição e cumprimento deverão ser individualizados de acordo com a culpabilidade do sentenciado (cf, art. 5 inciso 46) 5. Proporcionalidade: a pena deverá ser proporcional ao crime praticado pelo agente. 6. Inderrogabilidade: salvo às exceções legais, a pena não pode deixar de ser aplicada sob nenhum fundamento. Um exemplo de excessão prevista a essa regra é o caso do perdão judicial no crime de homídio culposo art 121 paragrafo 5. Espécies de Pena A) Pena privativa de liberdade: com relação ao crime a pena privativa de liberdade pode ser RECLUSÃO ou DETENÇÃO. A diferença entre eles reside no regime inicial de cumprimento da pena. A reclusão admite regime inicial fechado, semiaberto ou aberto. A Detenção não admite regime inicial fechado, somente semiaberto ou aberto, pode ser regime fechado posteriormente em caso de necessidade (regressão da pena). A pena privativa de liberdade para contravenção penal é a prisão simples que não admite regime fechado jamais!!! B) Pena Pecuniária (multa): é a pena que incide sobre o patrimônio do condenado e está disciplinada no Art. 49 do Código Penal C) Penas Restritiva de Direitos: as penas restritivas de direitos são autônomas e servem para que o juiz as utilize para substituir a aplicação de uma pena privativa de liberdade. O tema é tratado dos Arts. 43 e 44 do CP. Porém para que o juiz proceda a substituição, serão necessários a presença de alguns requisitos que deverão resistir concomitantemente (ao mesmo tempo), são eles: ● A pena aplicada ao réu na sentença condenatória (pena em abstrato) não pode ultrapassar 4 anos. ● O crime praticado não pode ter sido cometido com violência ou grave ameaça a pessoa. ● O réu não pode ser reincidente emcrime doloso ● As circunstâncias judiciais do ARt. 59 do CP devem autorizar a substituição Fixação da Pena prova Para que o juiz estabeleça a pena definitiva ao réu após verificar que o acusado praticou um fato típico e ilícito e que agiu com culpabilidade, vai nos termos do Art. 68 do CP individualizar a pena do acusado, para isso, irá percorrer o denominado método trifásico. Na primeira fase, o juiz irá analisar as circunstâncias judiciais do Art. 59 do CP para estabelecer a chamada “pena base”. Já na segunda fase, deve-se verificar se existem circunstâncias atenuantes em favor do réu e posteriormente a incidência ou não de circunstâncias agravantes, finalizando assim a segunda fase. Na última fase, o juiz irá analisar se existem causas de diminuição de pena e por fim, causas de aumento de pena, para estabelecer a pena definitiva a ser aplicada ao acusado. PRIMEIRA FASE Circunstâncias Judiciais: são circunstâncias que são analisadas na primeira fase da individualização da pena para que o juiz encontre o que se denomina de pena base, as circunstâncias judiciais são: ● Culpabilidade: aqui não se trata da culpabilidade como elemento do crime ou pressuposto da pena e sim o grau de intensidade do dolo ou culpa do agente. ● Antecedentes: são os fatos da vida pregressa do agente, tudo o que ele fez antes da prática do crime. ● à Conduta Social: refere-se ao relacionamento familiar e social do acusado. ● Personalidade do Agente: é a índole do agente ● Motivos do crime: são os precedentes psicológicos propulsores da conduta. ● Circunstâncias: as circunstâncias dizem respeito à duração do tempo do crime, ao local da infração, à atitude de frieza do agente, etc. ● Consequências do crime: as consequências dizem respeito à extensão do dano produzido pelo crime ● Comportamento da vítima: verifica-se se a vítima contribuiu para o crime, essa circunstância é levado em consideração para o abrandamento da pena do acusado. SEGUNDA FASE Circunstâncias Atenuantes: Iniciando a segunda fase da dosimetria da pena deve o juiz analisar primeiramente as circunstâncias atenuantes escritas no artigo 65 do código penal, como por exemplo a idade do agente no momento da prática do crime. As Circunstâncias Atenuantes do artigo 65 são consideradas numerus clausus, ou seja, fazem parte de um rol taxativo, porém, o próprio CP do Art. 66 permite ao juiz atenuar a pena do acusado por uma circunstância relevante não prevista em lei, conhecida como circunstância atenuante inominada. Circunstâncias Agravantes: Finalizando a segunda fase, deve o juíz analisar as circunstâncias agravantes elencadas no Art. 61 do CP, como por exemplo, a reincidência (Art. 61, I, CP). No caso do crime ter sido praticado em concurso de agentes pode ser aplicada a agravante descrita no Art. 62 do CP. TERCEIRA FASE Na última fase deve o juiz analisar a causa de diminuição de pena prevista na parte especial e também na parte geral, finalizando a individualizaçãoda pena o juiz irá aferir se existem causas de aumento de pena da parte especial e posteriormente da parte geral, encontrando assim, a pena definitiva a ser imposta ao réu. MEDIDA DE SEGURANÇA Diferença entre pena e medida de segurança: a) A pena tem natureza retributiva e preventiva, a medida de segurança tem apenas natureza preventiva; b) A pena é proporcional à gravidade da infração. A medida de segurança é proporcional à periculosidade do agente. c) A pena liga-se ao agente através de um juízo de culpabilidade. A medida de segurança liga-se ao agente através de um juízo de periculosidade. d) A pena é fixada quanto ao mínimo e quanto ao máximo. A medida de segurança é indeterminada e) A pena é aplicada aos imputáveis e semi-imputáveis. A medida de segurança é aplicada somente aos inimputáveis. CONCURSODE CRIMES prova Conceito: significa a prática de várias infrações penais feitas por um só agente, ou por um grupo de pessoas atuando em conjunto. Diversamente do concurso de pessoas, onde um só crime é cometido, embora o vários agentes no caso do concurso de crimes, busca-se estudar qual a pena justa para quem comete mais de um crime. SISTEMASADOTADOSDOCONCURSODE CRIMES 1. Sistemada Exasperação da Pena É o critério que permite quando o agente pratica mais de um crime, a fixação de somente uma das penas, porém acrescida de uma cota a parte que sirva para representar a punição por todos os crimes praticados. 2. Sistemada acumulaçãomaterial Significa que a materialização de mais de um crime implicará na punição por todos eles, somando-se as penas 3. SistemadaAbsorção leva em consideração que no caso de concurso de crimes, possa haver a fixação da pena com base na mais grave absorvido as demais. Esse sistema não é adotado expressamente, porém, há casos em que a jurisprudência, levando em conta o critério da consunção, no conflito aparente de normas, termina por determinar que o crime mais grave absorve o menos grave, evitando-se assim a soma das penas. ESPÉCIES DE CONCURSOS DE CRIMES 1. ConcursoMaterial: ACUMULAÇÃOMATERIAL ocorrerá quando mediante mais de uma ação ou omissão pratica dois ou mais crimes, deverá ser punido pela soma das penas privativas de liberdades, em que haja incorrido. O concurso material poderá ser homogêneo ou heterogêneo. Homogêneo: os crimes praticados pelo agente são idênticos, como por exemplo dois roubos qualificados Heterogêneo: ocorrera quando os dois ou mais crimes forem diferentes como por exemplo um estupro e o homicídio 2. Concurso Formal: Concurso Formal Perfeito e Próprio: EXASPERAÇÃO (Inicial Art.70) O agente, com uma única conduta, dá causa a dois ou mais resultados típicos, deve ser punido pela pena do crime mais grave, ou, por um só dos crimes, se os mesmos forem idênticos, porém, em qualquer caso aumentada de um sexto até a metade. Ocorrerá o concurso formal homogêneo quando os crimes forem idênticos. Ex.: lesões corporais causadas em várias vítimas decorrentes de acidentes de veículo automotor Haverá concurso formal heterogêneo quando os crimes forem diferentes. Ex.: em acidente de veículo automotor, o motorista fere dois indivíduos e causa a morte de um terceiro, nesse caso, o concurso formal é heterogêneo, pois houve lesões corporais e homicídio. Concurso Formal Imperfeito ou Impróprio: ACUMULAÇÃOMATERIAL (Final, Art 70) Se a conduta única é dolosa e os delitos concorrentes resultam de desígnios autônomos (vontade de atingir mais bens jurídicos). Aparentemente, há uma só ação, porém o agente intimamente deseja outros resultados, ou aceita o risco de produzi-los. Essa espécie de concurso formal só é possível nos crimes dolosos. A expressão desígnios autônomos abrange tanto o dolo direto quanto o dolo eventual. Tradicional exemplo nos fornece o prof. Basileu Garcia: se o agente enfileira Fileira várias pessoas e com o único tiro e consegue matá-las ao mesmo tempo Não merece o benefício do concurso formal, pois agiu com desígnios autônomos, nesse caso apesar do concurso ser formal, as penas serão somadas. 3. CrimeContinuado (Continuidade Delitiva): FICÇÃO JURÍDICA É a forma mais polêmica de concurso de crimes. Ocorre quando o agente mediante mais de uma ação ou omissão Pratica 2 ou mais crimes Da mesma espécie Em condições de tempo, lugar e maneira de execução semelhantes Cria-se uma suposição De que os subsequentes São uma continuação do primeiro, formando o crime continuado. Por isso, o crime continuado é considerado Ficção jurídica, pois sabidamente Existem vários crimes Mas o legislador Por uma ficção presume que eles constituem um só crime. Requisitos do crime continuado: a) Os crimes praticados devem ser da mesma espécie (Afetam o mesmo bem jurídico). Com relação ao conceito de crimes da mesma espécie, existem duas posições: 1. São crimes da mesma espécie, os que tiverem previstos no mesmo tipo penal, tanto faz, que sejam figuram simples, qualificadas, consumadas ou tentadas, dolosas ou culposas. 2. são crimes da mesma espécie os que protegem o mesmo bem jurídico, embora previstos em tipos penais diferentes, assim, seriam crimes da mesma espécie o roubo e o furto , pois ambos protegem o patrimônio. b) Condição de lugar - a prática do mesmo crime seguidamente em locais diversos não exclui a continuidade AÇÃO PENAL prova É o direito de pedir ao juiz a aplicação do direito penal objetivo a um caso concreto. No direito penal brasileiro a ação penal é dividida em duas espécies: a Pública e a Privada. (ART 100 Cap CP) AÇÃO PÚBLICA é promovida pelo MP AÇÃO PRIVADA é promovida pela vítima ou por seu representante legal. A ação penal pública divide-se em incondicionada e condicionada (a representação ou a requisição do ministro da justiça) AÇÃO PENAL PÚBLICA AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA: Nesta espécie de ação penal o titular exclusivo é o MP por força do ART 129, 1.CF. Nesta espécie de ação penal a atuação dos órgãos que compõem a persecução penal (polícia Judiciária e MP) não fica vinculada ao preenchimento de qualquer requisito ou condição, ou seja a polícia civil e o MP podem agir de ofício. AÇÃO PENAL PÚBLICACONDICIONADA: é aquela cujo exercício se subordina a uma condição. Está tanto pode ser a manifestação de vontade do ofendido ou de requisição do Min da justiça de seu representante legal (representação) assim como a AÇÃO PENAL PÚBLICACONDICIONADAÀ REPRESENTAÇÃO: OMP titular da ação ação penal não pode e dar início a ação penal, oferecendo a denúncia, se a vítima ou seu representante legal não o autorizarem por meio de uma manifestação de vontade chamada de REPRESENTAÇÃO A representação pode ser dirigida ao juiz, ac representante do MP ou ao delegado de polícia de 6 a no prazo meses, contando do dia em que se vier a saber quem é o autor do crime. O prazo é decadencial e não se interrompe. AÇÃO PENAL PÚBLICACONDICIONADAÀ REQUISIÇÃODOMIN DA JUSTIÇA A ação penal para ser instaurada dependerá da requisição do ministro da justiça. Não existe um prazo decadencial para que o ministro da justiça requisite a instauração da ação penal, só mesmo poderá fazê-lo a qualquer tempo enquanto não estiver extinta a punibilidade do agente como por exemplo a prescrição. AÇÃO PENAL PRIVADA É aquela em que o estado titular exclusivo do direito de punir, transfere a legitimidade para propor ação penal à vítima ou a seu representante legal. O prazo para se ingressar com a queixa sáda 6 meses a contar do dia em que se vier a saber quem foi o autor do crime AÇÃO PENAL PRIVADA EXCLUSIVAMENTE PRIVADAOU PROPRIAMENTE DITA Essa espécie de ação privada pode ser proposta pelo ofendido ou por seu representante legal. Neste caso, se o ofendido for menor de 18 anos ou mentalmente enfermo, o direito de queixa só poderá ser exercido pelo representante legal. Se o ofendido for maior de 18 anos, o direito de queixa poderá ser exercido por ele ou por seu representante legal. (ver súmula 594 STF). Esta espécie de ação privada admite a sucessão processual em caso de morte ou ausência do querelante. (Art. 100 parágrafo 4), o prazo para se ingressar com aqueixa será de 6 meses, contando do dia em que se vier a saber quem foi o autor do crime (Art. 38 do cpp) AÇÃO PRIVADA PERSONALÍSSIMA Nesta espécie de ação privada, a legitimidade para ingressar com a queixa é atribuída única e exclusivamente ao ofendido, sendo seu exercício vedado até mesmo ao seu representante legal, inexistindo ainda sucessão processual por morte ou ausência. O prazo será o mesmo estipulado no Art. 38 do CPP. AÇÃO PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA Começa o prazo: quando esgota o MP É proposta nos crimes de ação penal pública incondicionada ou condicionada quando o ministério público deixar de oferecer a denúncia no prazo fixado em lei. A ação privada subsidiária da pública só tem lugar no caso de inércia do ministério público do oferecimento da denúncia e nunca no pedido de arquivamento ou de devolução do inquérito policial para novas diligências. O prazo para se ingressar com a queixa subsidiária será de 6 meses a contar do encerramento do prazo para o oferecimento da denúncia (5 dias se o indiciado estiver preso e 15 dias se estiver solto) - Art. 46 CPP. RENÚNCIA E PERDÃO São dois institutos que incidem somente na ação penal privada. Renúncia é a desistência de exercer o direito de ingressar com a queixa. Já o perdão ocorre quando a ação privada já está instaurada e o querelante desiste de dar prosseguimento à ação. Como se nota, a renúncia ocorre antes de instaurada a ação penal, e o perdão depois. semelhança: - as duas são da ação privada - São extinção da punibilidade PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Apesar de ambas extinguerem a punibilidade do agente, os seus conceitos não se confundem. Na decadência, será extinto o direito de ação e por via oblíqua (indireta). Já a prescrição, o estado irá perder diretamente a pretensão de punir e a pretensão de executar a punição pelo decurso do tempo, assim a prescrição irá extinguir diretamente a pretensão estatal. Diferenças: - A decadência só se verifica dos crimes de ação privada e nos de ação penal pública condicionada à representação. A prescrição, por sua vez, é capaz de atingir qualquer espécie de crime. - A decadência só pode ocorrer antes do início da ação penal. A prescrição pode operar antes, durante e após a ação penal. - O prazo decadencial é ininterrupto. Já o prazo prescricional sofrerá interrupção e suspensão. - A decadência importa na perda do direito de ação E por via oblíqua o estado perde o direito de punir. na prescrição, opera-se imediatamente em relação ao estado a perda do direito de punir, fulminando qualquer possibilidade do direito de ação. Semelhanças: - ambas são causas de extinção da punibilidade (art. 107, iv, cp) - Ambas ocorrem pela inércia do titular de um direito durante determinado tempo legalmente definido. CASOS DE IMPRESCRITIBILIDADE Dois casos: A) Racismo art. 5 inciso 42 cf B) Ação de grupos armados civis ou militares contra a ordem constitucional e o estado democratico art. 5 inciso 44 cf