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21 A CARACTERIZAÇÃO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL 1. Conceito · Trata-se de instituto jurídico que preconiza pela continuidade da atividade empresária, visando a manutenção da fonte de produção de bens e serviços, os pagamentos aos trabalhadores, recolhimento de impostos, atender ao interesse dos acionistas e demais stakeholders e, por último, atender à função social da empresa. Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica. · É a situação que conduz ao juízo universal da falência. Em poucas linhas, pode-se mencionar que apresentado o pedido de falência, poderá o devedor, diante da viabilidade de recuperação, apresentar o Plano de Recuperação Judicial, que deverá ser analisado pelos credores, em Assembleia Geral, além de ser devidamente aprovado; · Diante do quadro de falta de liquidez, que pode ser interna (problemas na gestão da sociedade empresária) ou externa (alteração estrutural do mercado que compromete a viabilidade econômica do empresário ou sociedade empresária), deve-se optar pela recuperação somente na possibilidade de efetiva restruturação da atividade. Caso contrário, deve-se optar pelo processo falimentar, regido pela Lei 11.101/2005. 2. Natureza do processo · Trata-se de uma natureza processual, que envolve, além disso, aspectos materiais de obrigação e de empresarial e até mesmo penais (crimes falimentares); · A recuperação judicial é um processo que possui uma relação jurídica dual, sendo a participação do Estado (mediante juízo universal da falência) e dos particulares (empresário, administrador judicial, Assembleia de Credores, Comitê de Credores); · Pode-se mencionar dentro da natureza jurídica que há a intervenção estatal baseada no atendimento da função social da empresa, haja vista que elas são as responsáveis pela oferta de grande parte dos postos de trabalho, geração de renda, geração de tributos, além de fornecer bens e serviços para a comunidade na qual estão inseridas; · Ao não se permitir que o processo possa ser manejado somente pelos particulares, o Estado denota a preocupação de o Poder Judiciário comandar o processo, mediante ações que denotam amplo interesse social; · O processo de recuperação judicial, por sua vez, não pode ser enxergado somente como pagamento de dívidas do devedor em relação aos seus credores. Seus propósitos são muito maiores que isso. A ideia é recuperar a atividade empresária, em seus mais variados aspectos, restabelecendo o equilíbrio econômico e financeiro que antes ela possuía; · Dessa forma, abandona-se a antiga sistemática e conotação que tal ramo do direito empresarial possuía, que era de punição ao empresário ou sociedade empresária insolvente. Nada impede de investigar tais causas, mas é acrescida a ideia de buscar o papel da empresa para a coletividade e os interesses ligados ao exercício da atividade econômica, reorganizar a atividade empresarial e manter tal atividade em pleno funcionamento, gerando emprego, renda e investimentos no meio social; · A recuperação judicial é dividida em 3 fases: (1) a fase de pedido e processamento (pedido até o deferimento do processamento), (2) fase do processamento do plano (apresentação até a decisão de concessão de recuperação), (3) fase de cumprimento do plano (aplicação do plano até a decisão final que o encerra). 3. Legitimidade ativa · A previsão para a legitimidade está dentro do artigo 48 da Lei 11.101/2005. Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que atenda aos seguintes requisitos, cumulativamente: I – não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado, as responsabilidades daí decorrentes; II – não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial; III - não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial com base no plano especial de que trata a Seção V deste Capítulo. (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014) IV – não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei. § 1o A recuperação judicial também poderá ser requerida pelo cônjuge sobrevivente, herdeiros do devedor, inventariante ou sócio remanescente. (Renumerado pela Lei nº 12.873, de 2013) § 2o Tratando-se de exercício de atividade rural por pessoa jurídica, admite-se a comprovação do prazo estabelecido no caput deste artigo por meio da Declaração de Informações Econômico-fiscais da Pessoa Jurídica - DIPJ que tenha sido entregue tempestivamente. (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013) · Trata-se de requerimento feito pelo devedor empresário, visto que só ele possui a legitimidade para pedir a recuperação judicial. A exceção fica por conta da morte do empresário. Em caso de falecimento, poderá requerer o cônjuge sobrevivente, os herdeiros do devedor, o inventariante ou o sócio remanescente; · Quanto ao período mínimo de fixação, a legislação foi prudente ao evitar que os atos sejam arquivados na Junta Comercial em um dia e, no outro, possa ser feito o pedido. Desse modo, com período mínimo, haverá credibilidade na recuperação judicial, bem como a preconização da maturidade no mercado; · Quanto ao inciso I, cumpre esclarecer que no prazo de citação do processo de falência, poderá ela apresentar e requerer que lhe seja deferido o plano de recuperação judicial, caso tenha viabilidade para ser recuperada, interrompendo o processo de falência contra si; · Quanto à Microempresa e Empresa de Pequeno Porte, o prazo será ampliado para 8 anos. O aumento de prazo pode ser explicado por se tratar de plano especial de exceção, o que impõe maior rigor para a sociedade voltar a pedir recuperação; · Outra vedação para a concessão de recuperação judicial está na questão da sociedade empresária não ter, em seu quadro, sócio, diretor ou controlador condenado anteriormente a crime falimentar. 4. Requisitos para o pedido · Para a questão dos quesitos, deve o devedor fundamentar a petição, explicando o seu estado econômico e as razões de pedir um plano de recuperação judicial; · Além disso, a petição deve ser instruída com os documentos constantes no artigo 51 da Lei 11.101/2005. Art. 51. A petição inicial de recuperação judicial será instruída com: I – a exposição das causas concretas da situação patrimonial do devedor e das razões da crise econômico-financeira; II – as demonstrações contábeis relativas aos 3 (três) últimos exercícios sociais e as levantadas especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita observância da legislação societária aplicável e compostas obrigatoriamente de: a) balanço patrimonial; b) demonstração de resultados acumulados; c) demonstração do resultado desde o último exercício social; d) relatório gerencial de fluxo de caixa e de sua projeção; III – a relação nominal completa dos credores, inclusive aqueles por obrigação de fazer ou de dar, com a indicação do endereço de cada um, a natureza, a classificação e o valor atualizado do crédito, discriminando sua origem, o regime dos respectivos vencimentos e a indicação dos registros contábeis de cada transação pendente; IV – a relação integral dos empregados, em que constem as respectivas funções, salários, indenizações e outras parcelas a que têm direito, com o correspondente mês de competência, e a discriminação dos valores pendentes de pagamento; V – certidão de regularidade do devedor no Registro Público de Empresas, o ato constitutivo atualizado e as atas de nomeação dos atuais administradores; VI – a relação dos bens particulares dos sócios controladores e dos administradores do devedor; VII – os extratos atualizados das contas bancárias do devedor e de suas eventuaisaplicações financeiras de qualquer modalidade, inclusive em fundos de investimento ou em bolsas de valores, emitidos pelas respectivas instituições financeiras; VIII – certidões dos cartórios de protestos situados na comarca do domicílio ou sede do devedor e naquelas onde possui filial; IX – a relação, subscrita pelo devedor, de todas as ações judiciais em que este figure como parte, inclusive as de natureza trabalhista, com a estimativa dos respectivos valores demandados. § 1o Os documentos de escrituração contábil e demais relatórios auxiliares, na forma e no suporte previstos em lei, permanecerão à disposição do juízo, do administrador judicial e, mediante autorização judicial, de qualquer interessado. § 2o Com relação à exigência prevista no inciso II do caput deste artigo, as microempresas e empresas de pequeno porte poderão apresentar livros e escrituração contábil simplificados nos termos da legislação específica. § 3o O juiz poderá determinar o depósito em cartório dos documentos a que se referem os §§ 1o e 2o deste artigo ou de cópia destes. · O legislador demonstrou, com o rol de documentos constantes no artigo 51 da Lei 11.101/2005, uma rigorosidade documental a ser apresentado quando da instrução do pedido. A doutrina critica a relação de bens particulares dos sócios e administradores, visto que a responsabilidade é limitada; · No antigo instituto da concordata, o requerente poderia juntar posteriormente os documentos, em razão do tempo necessário para sua elaboração. Contudo, pela nova sistemática da lei de falência, o juízo da falência pode assinalar prazo razoável para tanto; · Na falta de algum documento, se o juízo vislumbrar que pode ser ele apresentado sem muito ônus para o devedor, pode despachar no sentido de emendar a petição inicial. Caso não seja feita a emenda, somente restará o julgamento pela extinção do feito, sem resolver o mérito. 5. Juízo universal · Conforme já mencionado, o artigo 3º da LRE traz a competência para processamento e julgamento tanto do pedido de falência quanto do pedido de recuperação será o local do principal estabelecimento do devedor; · O juízo universal se liga a dois princípios, que são a universalidade e a unidade. Princípio da universalidade Princípio da unidade Um só juízo para todas as medidas judiciais. Visa dar eficiência ao processo, a fim de evitar a repetição de atos e contradições. · Outro aspecto a se levantar se encontra disposto dentro do artigo 6º da Lei 11.101/2005. Art. 6o A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário. § 1o Terá prosseguimento no juízo no qual estiver se processando a ação que demandar quantia ilíquida. § 2o É permitido pleitear, perante o administrador judicial, habilitação, exclusão ou modificação de créditos derivados da relação de trabalho, mas as ações de natureza trabalhista, inclusive as impugnações a que se refere o art. 8o desta Lei, serão processadas perante a justiça especializada até a apuração do respectivo crédito, que será inscrito no quadro-geral de credores pelo valor determinado em sentença. § 3o O juiz competente para as ações referidas nos §§ 1o e 2o deste artigo poderá determinar a reserva da importância que estimar devida na recuperação judicial ou na falência, e, uma vez reconhecido líquido o direito, será o crédito incluído na classe própria. § 4o Na recuperação judicial, a suspensão de que trata o caput deste artigo em hipótese nenhuma excederá o prazo improrrogável de 180 (cento e oitenta) dias contado do deferimento do processamento da recuperação, restabelecendo-se, após o decurso do prazo, o direito dos credores de iniciar ou continuar suas ações e execuções, independentemente de pronunciamento judicial. § 5o Aplica-se o disposto no § 2o deste artigo à recuperação judicial durante o período de suspensão de que trata o § 4o deste artigo, mas, após o fim da suspensão, as execuções trabalhistas poderão ser normalmente concluídas, ainda que o crédito já esteja inscrito no quadro-geral de credores. § 6o Independentemente da verificação periódica perante os cartórios de distribuição, as ações que venham a ser propostas contra o devedor deverão ser comunicadas ao juízo da falência ou da recuperação judicial: I – pelo juiz competente, quando do recebimento da petição inicial; II – pelo devedor, imediatamente após a citação. § 7o As execuções de natureza fiscal não são suspensas pelo deferimento da recuperação judicial, ressalvada a concessão de parcelamento nos termos do Código Tributário Nacional e da legislação ordinária específica. § 8o A distribuição do pedido de falência ou de recuperação judicial previne a jurisdição para qualquer outro pedido de recuperação judicial ou de falência, relativo ao mesmo devedor. · Trata-se de obrigatoriedade de procedimento concursal, a ser feito pelo juízo da falência, suspendendo todas as execuções individuais presentes e futuras do devedor. Por outro lado, caso o devedor esteja no polo ativo, tal processo prossegue, mas com comunicação obrigatória ao administrador judicial; · Algumas execuções e processos, contudo, não estão sujeitos à regra do artigo 6º da Le 11.101/2005. Trata-se das demandas ilíquidas (prosseguem até a liquidação do valor), ações trabalhistas (comunicado posteriormente ao juízo da falência), causas atreladas na Justiça Federal (somente até o julgamento do pedido); · Quanto aos créditos tributários, a Fazenda Pública poderá optar por manter o processo individual contra o devedor ou habilitar seus créditos no procedimento concursal. Em caso de habilitação, deverá ser ela feita mediante apresentação de certidão negativa no juízo da falência; · Para que o devedor possa se beneficiar da recuperação e não ter o pedido travado por conta da cobrança em execução fiscal, poderá ele parcelar tais tributos, o que enseja, então, a paralisação do processo e a possibilidade de conceder recuperação judicial; · Por outro lado, devem ser excetuados da recuperação judicial os créditos descritos nos §§ 3º e 4º do artigo 49 da Lei de Falência. Art. 49. Estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que não vencidos. § 3o Tratando-se de credor titular da posição de proprietário fiduciário de bens móveis ou imóveis, de arrendador mercantil, de proprietário ou promitente vendedor de imóvel cujos respectivos contratos contenham cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive em incorporações imobiliárias, ou de proprietário em contrato de venda com reserva de domínio, seu crédito não se submeterá aos efeitos da recuperação judicial e prevalecerão os direitos de propriedade sobre a coisa e as condições contratuais, observada a legislação respectiva, não se permitindo, contudo, durante o prazo de suspensão a que se refere o § 4o do art. 6o desta Lei, a venda ou a retirada do estabelecimento do devedor dos bens de capital essenciais a sua atividade empresarial. § 4o Não se sujeitará aos efeitos da recuperação judicial a importância a que se refere o inciso II do art. 86 desta Lei. · A lei busca assegurar que os bens garantidores permanecerão sob posse e uso do empresário a fim de se propiciar a continuidade da atividade empresarial. 6. Natureza do processo e deferimento do processamento · O pedido de recuperação judicial segue o rito do processo de conhecimento, tendo por finalidade a confirmação dos requisitos para determinada ação, terminando com o deferimento do pedido pelo juízo falimentar; · Na apresentação do pedido de recuperação judicial, dois pressupostos são analisados: (1) a legitimidade e (2) instrução do pedido; · Presente os dois requisitos, o juízo falimentar defere o processamento da recuperação, ato que não se confunde com o processamento da recuperação judicial. Art. 58. Cumpridas as exigências desta Lei, o juiz concederá a recuperação judicial do devedor cujo plano não tenhasofrido objeção de credor nos termos do art. 55 desta Lei ou tenha sido aprovado pela assembleia-geral de credores na forma do art. 45 desta Lei. · A participação do Ministério Público, nessa fase, acontece somente quando o juízo defere o processamento da recuperação judicial; · A decisão que defere o processamento judicial vem com uma série de atribuições a serem feitas, descritas dentro do artigo 52 da LF. Art. 52. Estando em termos a documentação exigida no art. 51 desta Lei, o juiz deferirá o processamento da recuperação judicial e, no mesmo ato: I – nomeará o administrador judicial, observado o disposto no art. 21 desta Lei; II – determinará a dispensa da apresentação de certidões negativas para que o devedor exerça suas atividades, exceto para contratação com o Poder Público ou para recebimento de benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, observando o disposto no art. 69 desta Lei; III – ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o devedor, na forma do art. 6o desta Lei, permanecendo os respectivos autos no juízo onde se processam, ressalvadas as ações previstas nos §§ 1o, 2o e 7o do art. 6o desta Lei e as relativas a créditos excetuados na forma dos §§ 3o e 4o do art. 49 desta Lei; IV – determinará ao devedor a apresentação de contas demonstrativas mensais enquanto perdurar a recuperação judicial, sob pena de destituição de seus administradores; V – ordenará a intimação do Ministério Público e a comunicação por carta às Fazendas Públicas Federal e de todos os Estados e Municípios em que o devedor tiver estabelecimento. § 1o O juiz ordenará a expedição de edital, para publicação no órgão oficial, que conterá: I – o resumo do pedido do devedor e da decisão que defere o processamento da recuperação judicial; II – a relação nominal de credores, em que se discrimine o valor atualizado e a classificação de cada crédito; III – a advertência acerca dos prazos para habilitação dos créditos, na forma do art. 7o, § 1o, desta Lei, e para que os credores apresentem objeção ao plano de recuperação judicial apresentado pelo devedor nos termos do art. 55 desta Lei. § 2o Deferido o processamento da recuperação judicial, os credores poderão, a qualquer tempo, requerer a convocação de assembleia-geral para a constituição do Comitê de Credores ou substituição de seus membros, observado o disposto no § 2o do art. 36 desta Lei. § 3o No caso do inciso III do caput deste artigo, caberá ao devedor comunicar a suspensão aos juízos competentes. § 4o O devedor não poderá desistir do pedido de recuperação judicial após o deferimento de seu processamento, salvo se obtiver aprovação da desistência na assembleia-geral de credores. · Processada a recuperação, ainda será expedido um edital para divulgar o pedido de recuperação e o deferimento de seu processamento nos termos do artigo 52, § 1º, da LRE; · A partir do deferimento da recuperação judicial, os credores poderão requerer a convocação de Assembleia Geral para a constituição do Comitê de Credores; · No primeiro momento, como visto, o juiz verifica a existência de condições jurídicas do pedido. Caso estejam satisfeitos, parte-se para uma análise de cunho econômico, onde haverá maior participação dos credores. É a partir desse momento de deferimento do processamento que se faz a habilitação dos credores, apresentando-se o plano de recuperação, assim como eles possuem o direito de requerer a convocação da Assembleia para constituir o Comitê de Credores; · Em que pese a divergência sobre a possibilidade de recorrer da decisão que admite o deferimento da recuperação judicial, hoje pacificou-se que cabe agravo de instrumento. 7. Acordo e denegação do pedido · Há divergência sobre a possibilidade de acordo ou não durante o processamento da recuperação judicial. A nova lei de falências indica que o devedor não poderá desistir do pedido de recuperação após o deferimento do seu processamento, salvo se a Assembleia Geral assim decidir; · Há que se perquirir pelo atendimento dos credores e devedores no cumprimento das obrigações ou se o procedimento irá proporcionar a recuperação da atividade. Os dois objetivos serão perseguidos, mas em momentos diferentes. Se o pedido for deferido, procura-se mais o refazimento da atividade do que pagamento dos credores. Se o devedor desiste do pedido, há mais um viés de pagamento de obrigações e atendimento ao interesse privado; · Os processos de recuperação judicial e de falência devem se compatibilizar com a não viabilização da disposição pelo interessado, mesmo que tal fato ocorra na prática. Há um interesse maior do que o simples interesse privado, que é a recuperação da atividade; · Caso os diretores ou administradores, por exemplo, estejam sendo investigados por crimes falimentares, não seria prudente, por parte do juízo da falência, admitir a desistência do pedido de recuperação judicial, sob pena de incorrer em impunidade e não averiguação da situação econômica do devedor; · Na nova sistemática trazida pela lei 11.101/2005, as formas de manifestação da vontade de acordo entre devedor e credores estão estabelecidos de forma a preconizar uma ampla negociação, ou seja, tanto requerida pelas partes quanto apresentada em contestação (após ajuizado processo de falência); · Por outro lado, denegado o pedido de recuperação judicial, cabe ao devedor duas saídas: a primeira se centra no pedido de autofalência e o segundo na homologação de recuperação extrajudicial; · Da extinção do pedido de recuperação judicial (não acolhimento do seu processamento), cabe recurso de apelação cível, por se tratar de sentença que extingue o processo sem resolução do mérito; · Ao indeferir o processamento da recuperação judicial, não cabe ao juízo decretar a falência de pronto, pois as hipóteses para tal ato estão elencadas em lei: não apresentar o plano de recuperação judicial no prazo legal, rejeição do plano em assembleia geral pelos credores, convolação do plano de recuperação judicial em falência. PROCESSO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL E DA RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL 1. Aprovação do plano de recuperação · Ao receber a petição inicial com o pedido da recuperação judicial ou a resposta à citação, no qual o devedor apresentar a recuperação judicial (em caso de viabilidade econômica), haverá um prazo de 60 dias para apresentação da recuperação judicial em juízo. Recebido tal plano, o juízo falimentar publicará edital de aviso aos credores, fixando prazo para que se manifestem; · Em caso de objeção, por parte de qualquer credor, deverá o juízo falimentar convocar a Assembleia Geral de Credores. A convocação será feita por edital, com informações sobre o local no qual poderão os credores obterem cópias do plano (este, por sua vez, será publicado na imprensa); · Caso a Assembleia não ocorra nos 180 dias (artigo 6º, § 4º, da Lei 11.101/2005), encerra-se o prazo de suspensão das ações e execuções contra o devedor. Basta dizer que dentro desse período de 180 dias, a devedora possui poder de barganha e negociação com seus credores para dispor sobre o Plano e buscar a aprovação em Assembleia Geral para esse fim. Art. 6o A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário. § 4o Na recuperação judicial, a suspensão de que trata o caput deste artigo em hipótese nenhuma excederá o prazo improrrogável de 180 (cento e oitenta) dias contado do deferimento do processamento da recuperação, restabelecendo-se, após o decurso do prazo, o direito dos credores de iniciar ou continuar suas ações e execuções, independentemente de pronunciamento judicial. · Fixou-se um termo de suspensão de 180 dias porque, pela sistemática da lei 11.101/2005, esse prazo seria mais do que suficiente para que o devedor apresente seu plano de recuperação, credores manifestem eventuais objeções, bem como seja realizada a assembleia-geral para sua aprovação (STJ, CC 110.250/DF, rel. Min. NancyAndrighi, j. 08.02.2010, Dje 10.02.2010); · o termo de 180 dias previsto no art. 6º, § 4º, guarda consonância com diversos outros prazos e procedimentos, tais com os do art. 53 e 56, §§ 1º e 4º, segundo os quais: (1) o plano de recuperação deverá ser apresentado em juízo no prazo improrrogável de 60 dias da publicação da decisão que deferir o processamento da recuperação judicial; (2) a realização da assembleia-geral de credores não excederá 150 dias, contados do deferimento do processamento da recuperação judicial; e (3) rejeitado o plano de recuperação pela assembleia-geral de credores, o juiz decretará a falência do devedor (STJ, CC 110.250/DF, rel. Min. Nancy Andrighi, j. 08.02.2010, Dje 10.02.2010); · Por se tratar de prazo material, previsto de forma diversa dos prazos processuais, a sua contagem ocorrerá em dias corridos. Contar esse prazo em dias úteis, conforme entendimento jurisprudencial, daria ensejo a uma prorrogação não prevista na lei de falências e recuperação judicial; · Por outro lado, com base na premissa de preservação da atividade empresarial (função social da empresa), o entendimento jurisprudencial, principalmente do STJ, vem relativizando a norma contida dentro do artigo 6º, § 4º, da LRE, no sentido de permitir que, em casos excepcionais, o prazo seja prorrogado; · A Assembleia que aprovar o Plano indicará os membros do Comitê de Credores, conforme descrito no artigo 56, § 2º da LRE. Quanto a modificações no plano, poderá ocorrer, desde que não acarrete diminuição de direitos dos credores ausentes. Em caso de rejeição, o juízo falimentar deverá decretar a falência do devedor; · Na Assembleia que aprova o plano de recuperação judicial, a aprovação deve contar com a concordância de todas as classes de credores (trabalhistas, com garantia real, quirografários, com privilégio especial, com privilégio geral ou subordinados); · Para fins de deliberação para aprovação da recuperação judicial, os votos dos credores excluídos não serão computados. Dentro das classes, as deliberações serão tomadas conforme indicado no artigo 45 da LRE (voto de cada classe de credores). Art. 45. Nas deliberações sobre o plano de recuperação judicial, todas as classes de credores referidas no art. 41 desta Lei deverão aprovar a proposta. § 1o Em cada uma das classes referidas nos incisos II e III do art. 41 desta Lei, a proposta deverá ser aprovada por credores que representem mais da metade do valor total dos créditos presentes à assembleia e, cumulativamente, pela maioria simples dos credores presentes. §2o Nas classes previstas nos incisos I e IV do art. 41 desta Lei, a proposta deverá ser aprovada pela maioria simples dos credores presentes, independentemente do valor de seu crédito. (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014) § 3o O credor não terá direito a voto e não será considerado para fins de verificação de quórum de deliberação se o plano de recuperação judicial não alterar o valor ou as condições originais de pagamento de seu crédito. · Quanto ao credores com garantia real, quirografários, com privilégio especial, com privilégio geral ou subordinados, o voto será por maioria, levando em consideração o valor total dos créditos representados na Assembleia e maioria simples dos credores presentes. Quanto aos créditos trabalhistas, o voto será de maioria dos credores presentes; · Se o plano não for aprovado na forma do artigo 45 da LRE, há uma outra maneira pela qual o juízo poderá conceder a recuperação. Trata-se do disposto no artigo 58 da LRE. Art. 58. Cumpridas as exigências desta Lei, o juiz concederá a recuperação judicial do devedor cujo plano não tenha sofrido objeção de credor nos termos do art. 55 desta Lei ou tenha sido aprovado pela assembleia-geral de credores na forma do art. 45 desta Lei. § 1o O juiz poderá conceder a recuperação judicial com base em plano que não obteve aprovação na forma do art. 45 desta Lei, desde que, na mesma assembleia, tenha obtido, de forma cumulativa: I – o voto favorável de credores que representem mais da metade do valor de todos os créditos presentes à assembleia, independentemente de classes; II – a aprovação de 2 (duas) das classes de credores nos termos do art. 45 desta Lei ou, caso haja somente 2 (duas) classes com credores votantes, a aprovação de pelo menos 1 (uma) delas; III – na classe que o houver rejeitado, o voto favorável de mais de 1/3 (um terço) dos credores, computados na forma dos §§ 1o e 2o do art. 45 desta Lei. § 2o A recuperação judicial somente poderá ser concedida com base no § 1o deste artigo se o plano não implicar tratamento diferenciado entre os credores da classe que o houver rejeitado. · Seja pelas duas maneiras, tanto no artigo 45, quanto no artigo 58, ambos da Lei 11.101/2005, a aprovação do plano de recuperação gera um prazo máximo de 2 anos de aplicação. Desse prazo, algumas situações podem ocorrer; · Em um primeiro momento, passados 2 anos e havendo a recuperação, o juízo falimentar irá extinguir o processo, mediante sentença; · Em um segundo momento, passados 2 anos e não tendo a recuperação judicial, o juízo falimentar irá decretar a falência do devedor; · Em um terceiro momento, dentro do prazo de 2 anos da execução do plano, se houver descumprimento de qualquer das suas obrigações, o juízo falimentar irá decretar a falência do devedor, de ofício ou a requerimento de qualquer credor; · A decisão que conceder a recuperação judicial, por ser decisão interlocutória, poderá ser combatida mediante agravo de instrumento, a ser impetrada por qualquer credor ou pelo Ministério Público. 2. Débitos tributários · Os débitos tributários, por sua vez, não estarão dentro da recuperação judicial. Por isso, pode-se afirmar que a aprovação ou não do plano não traz prejuízo a esse tipo, por seguir legislação própria; · Na prática, essa exigência de viabilidade tributária pode acarretar a inviabilidade de recuperação, vez que devedores em dificuldade possuem alta carga de dívida com o fisco. Por isso, o parcelamento se torna importante aliado nesse momento. 3. Concessão do regime de recuperação judicial · Ao receber o pedido de recuperação judicial, atestando que estão presentes todos os documentos, além de avaliar os elementos e condições da ação, bem como os pressupostos processuais, o juízo profere uma primeira decisão, que em nada se confunde com a sentença que concede a recuperação judicial. Despacho que defere a recuperação judicial Sentença que defere a recuperação judicial Decisão de eficácia jurídica ampla, que permite a continuidade do devedor na administração, além de impedir a decretação da falência. Trata-se de sentença na qual se reconhece a aprovação do plano, sua aplicação, com regime definido entre devedor e credores. · O despacho ainda possui outros efeitos, tais como requerer a convocação da Assembleia Geral, constituição de comitê de credores, prazos para habilitação do crédito (a ser feita pelo administrador judicial, conforme artigo 7º da LRE), apresentar o plano, suspensões das ações e execuções individuais contra o devedor; · Juntando-se o plano aprovado, bem como as certidões negativas, além de previstos todos os demais requisitos legais, cabe ao juízo universal conceder a recuperação, por prazo máximo de 2 anos; · Da decisão que concede a recuperação judicial, por ser decisão interlocutória, cabe agravo de instrumento, que poderá ser impetrado por qualquer credor ou pelo Ministério Público. 4. Descumprimento do plano de recuperação e extinção da recuperação judicial · Durante a aplicação do plano de recuperação judicial, havendo descumprimento de qualquer obrigação, haverá conversão e falência, a ser feito pelo mesmo juízo que sentenciou pela recuperação judicial. Como efeito, todos os créditos voltam para as mesmas condições contratadas antes da recuperação; · Cumpridas as obrigações dentro do prazo de 2 anos, cabe ao juízo da falência decretar, por sentença, o encerramento do processo e determinar o pagamento dos saldos remanescentes (honorários remanescentes) ao administradorjudicial, após a devida prestação de contas e aprovação do relatório final; · Além disso, cabem, como providencias complementares, as seguintes disposições: levantamento de custas judiciais pendentes, dissolução do comitê de credores, exoneração do administrador judicial, comunicação ao registro público de empresas; · Os créditos que não forem pagos dentro do plano de recuperação poderão ser exigidos, mas dessa vez em execuções individuais, por haver a previsão da novação das obrigações. 5. Convolação da recuperação judicial em falência · As hipóteses de convolação do plano de recuperação judicial em falência estão previstas dentro do artigo 73 da LRE. Art. 73. O juiz decretará a falência durante o processo de recuperação judicial: I – por deliberação da assembleia-geral de credores, na forma do art. 42 desta Lei; II – pela não apresentação, pelo devedor, do plano de recuperação no prazo do art. 53 desta Lei; III – quando houver sido rejeitado o plano de recuperação, nos termos do § 4o do art. 56 desta Lei; IV – por descumprimento de qualquer obrigação assumida no plano de recuperação, na forma do § 1o do art. 61 desta Lei. · Quanto ao inciso I, trata-se situação na qual a Assembleia Geral de Credores não aprova o plano com o quórum de mais da metade dos votos representantes dos créditos presentes; · O inciso II é auto explicativo, pois enseja a desistência do devedor de prosseguir, no prazo estipulado, na recuperação, visto que pode não existir a viabilidade de recuperar a atividade; · O inciso III enseja a falência pela rejeição do plano em Assembleia, salvo a exceção que existe dentro do artigo 58, § 1º, da LRE; · Além disso, se o devedor descumpre qualquer das obrigações, haverá a possibilidade de decretar a falência do devedor, durante o prazo de 2 anos do plano. 6. Recuperação extrajudicial 6.1. Requisitos legais · Cumpre esclarecer que a recuperação extrajudicial possui previsão legal dentro do artigo 161 da Lei de Falências. Esse mesmo artigo remete ao artigo 48, mencionando os requisitos para ter acesso à concessão da recuperação extrajudicial. Observa-se que são os mesmos requisitos exigíveis para a recuperação judicial; · Para acesso à recuperação extrajudicial, então, os requisitos consistem em: (1) exercer a atividade empresarial regularmente há dois anos, (2) não ser falido ou, se já tiver sido, já ter as obrigações e responsabilidades extintas por sentença transitada em julgado, (3) não ter, há menos de cinco anos, obtido concessão de recuperação judicial ou de concordata. Tratando-se de ME ou EPP, não ter, há menos de cinco anos, obtido concessão de recuperação judicial com base no plano especial já examinado; (4) não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa condenada por crime falimentar; · Além desses requisitos do artigo 48 da Lei de Falências, o próprio artigo 161 traz outro, dispondo que não haverá a concessão em caso de plano pendente de homologação ou se já tiver obtido a recuperação extrajudicial há menos de 2 anos; · Por fim, o preenchimento dos requisitos somente será necessário se o devedor desejar o plano de recuperação judicial com os credores, devidamente aprovado por estes interessados e, logo após, submetido a homologação pelo juízo competente. Se o objetivo do devedor for apenas negociar suas obrigações diretamente com o devedores, o preenchimento dos requisitos não é necessário. 6.2. O plano de recuperação extrajudicial · Em um primeiro momento, o plano de recuperação extrajudicial não pode contemplar o pagamento antecipado de dívidas e nem mesmo tratamento desfavorável aos credores, conforme disposto dentro do artigo 161, § 2º, da Lei de Falências; · Tal premissa e não desfavorecer e nem pagamento antecipado perfaz o princípio da par conditio creditorum (tratamento igualitário para todos). O devedor precisa respeitar os credores e não pagar as dívidas de forma antecipada. Atentar contra esse princípio do direito falimentar é atentar, de forma direta, contra a recuperação extrajudicial; · Em segunda lugar, os créditos aptos a figurarem dentro da recuperação extrajudicial são aqueles constituídos até a data do pedido de homologação em juízo, em obediência ao disposto na parte final do artigo 163, § 1º, da LF; · Na recuperação extrajudicial, havendo bem gravado com garantia real, a sua substituição somente poderá ser feita se houver autorização do credor titular da respectiva garantia, conforme disciplinado no artigo 163, § 4º, da LF; · Quanto ao uso de moeda estrangeira, a situação é prevista dentro do artigo 163, § 5º, da LF. Dispõe o aludido dispositivo que a variação cambial somente será afastada por expressa aprovação do respectivo credor, a ser feita dentro do plano de recuperação extrajudicial. 6.3. Credores submetidos ao plano · Na recuperação extrajudicial, não estão submetidos aos seus efeitos os credores titulares de créditos tributários, derivados das relações de trabalho ou decorrentes de acidentes do trabalho, bem como os credores titulares da posição de proprietários fiduciários de bens móveis ou imóveis, de arrendador mercantil, de proprietário ou promitente vendedor de imóvel cujos respectivos contratos contenham cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive em incorporações imobiliárias, ou de proprietário em contrato de venda com reserva de domínio (artigo 49, § 3º, da LF); · Estão sujeitos, então, à recuperação extrajudicial os credores com garantia real, os credores com privilégio especial, os credores com privilégio geral, os credores quirografários e os credores subordinados. Em relação aos subordinados, previstos no plano e devidamente homologado pelo juízo competente, serão eles submetidos ao que estiver previstos, com a ressalva de serem constituídos até a data do pedido de homologação; · Diferente do que ocorre na recuperação judicial, as ações e execuções contra o devedor que não estejam submetidos ao plano de recuperação extrajudicial não se suspendem em razão da homologação. Esse ato também não impede o pedido de falência a ser feito por qualquer credor, desde que presentes as hipóteses do artigo 94 da Lei de Falências. 6.4. Pedido de homologação previsto no artigo 162 da LRE · Para conseguir a homologação, deve o devedor, por petição fundamentada, comprovar os requisitos necessários para que o juízo competente possa homologar o pedido. Além disso, como dispõe o artigo 162, deve o devedor apresentar os documentos necessários, bem como as assinaturas dos credores que aderiram ao plano; · Na prática, o pedido de homologação é uma faculdade conferida ao devedor. Caso tenha a concordância dos credores, a homologação não se torna necessária. Se não conseguir tal ato, há uma negociação de dívidas, que pode ser executada entre credores e devedor; · Para um melhor tratamento e proteção do devedor, a homologação é requerida para fins de relevância jurídica. Uma vez aderido ao plano, assinado o documento, o credor só poderá desistir se os demais credores que também aderiram discordarem, conforme estabelecido no artigo 161, § 5º, da LF. 6.5. Pedido de homologação previsto no artigo 163 da LRE · Pelo disposto dentro do artigo 163 da LF, não será preciso que todos os credores submetidos ao plano de recuperação consintam com ele. Nesse caso, o devedor poderá requerer a homologação se o plano foi assinado por todos os credores que representem mais de 3/5 de todos os créditos nele abrangidos; · Nessa situação descrita dentro do referido artigo 163, a homologação se torna obrigatória se o devedor quiser obrigar todos os credores que não aderiram ao plano de recuperação extrajudicial; · Para efeitos da homologação, devem ser apresentados ao juízo a exposição da situação patrimonial do devedor, as demonstrações contábeis referentes ao último exercício social, os documentos que comprovem os poderes dos subscritores para transigir; · Nas alegações de impugnação, os credores poderão alegar o não preenchimento do percentual mínimo de credores que representem mais de 3/5 de todos os créditospor ele abrangidos, prática de atos de falência (artigo 94, inciso III, LF) ou descumprimento de qualquer outro requisito descrito em lei; · Desse modo, o devedor não pode se opor simplesmente ao plano de recuperação extrajudicial e nem apresentar matérias estranhas, fora dos requisitos descritos para as impugnações, apresentadas no artigo 163, § 3º, da LF; · O prazo para apresentar as impugnações será de 30 (trinta) dias, contado da publicação do edital mencionado no caput do artigo 164 da LF (edital que convoca todos os credores). Além disso, deve o credor juntar, no ato da impugnação, a comprovação do seu crédito, sob pena de não ser recebido (artigo 164, § 2º, da LF); · Passado o prazo das impugnações, o devedor terá um prazo de 5 dias para se manifestar (artigo 164, § 4º, da LF). Com ou sem manifestação, os autos serão conclusos ao juízo do feito, que decidirá no prazo de 5 dias acerca do plano de recuperação extrajudicial, homologando-o por sentença ou indeferindo, por sentença (artigo 164, § 5º, da LF); · Quanto à homologação, a que se refere o artigo 164, § 5º, da LF, o juízo competente deve analisar se o devedor não está usando de fraudes contra os seus credores. Caso haja prova da simulação de créditos ou de vícios de representação dos credores, a homologação será indeferida (artigo 164, § 6º, da LF); · Diferente da recuperação judicial, onde a rejeição implica na falência, na recuperação extrajudicial a rejeição não traz a falência do devedor. Por isso, terá ele duas opções: (1) interpor recurso de apelação, nos moldes descritos no artigo 164, § 7º, da LF ou (2) apresentar novo plano de recuperação extrajudicial para homologação, sanando as irregularidades anteriormente apontadas; · Se da sentença que indefere o plano de recuperação extrajudicial cabe apelação, da sentença que defere cabe o mesmo recurso, mas sem efeito suspensivo. Além disso, a sentença que defere o plano de recuperação extrajudicial se constitui em título executivo extrajudicial. 6.6. Procedimento do pedido de homologação · Independentemente de qual homologação for requerida, seja a disposta no artigo 162 ou a disposta no artigo 163, ambos da LF, o procedimento será o mesmo; · Pelo artigo 164 da LF, “o juiz ordenará a publicação de edital no órgão oficial e em jornal de grande circulação nacional ou das localidades da sede e das filiais do devedor, convocando todos os credores do devedor para apresentação de suas impugnações ao plano de recuperação extrajudicial”. 6.7. Efeitos da homologação · Via de regra, conforme a dicção do artigo 165 da LF, o plano de recuperação extrajudicial produz seus próprios e devidos efeitos após a homologação, não tendo efeito retroativo. Contudo, é lícito, conforme o § 1º do mesmo artigo 165, que o plano estabeleça efeitos anteriores em relação a valor ou forma de pagamento dos credores signatários; · Se o plano não foi homologado pelo juízo e já tiver sido pago os referidos valores mencionados no artigo 165, § 1º, aplica-se o disposto no § 2º, que prevê a possibilidade de o credor exigir seu direito em juízo, com dedução do que foi pago de forma adiantada. · Por fim, dispõe o artigo 166 da LF que “se o plano de recuperação extrajudicial homologado envolver alienação judicial de filiais ou de unidades produtivas isoladas do devedor, o juiz ordenará a sua realização, observado, no que couber, o disposto no art. 142 desta Lei”. PLANO DE RECUPERAÇÃO E EFEITOS QUANTO AO DIREITO DOS CREDORES 1. Noção · Deferida a recuperação judicial de qualquer devedor sujeito às disposições da Lei 11.101/2.005, há um novo regime jurídico, de cunho coletivo, no qual há manifestação dos credores por meio de Assembleia, bem como pela formação do quadro de credores; · Mesmo estando em recuperação judicial, o administrador primitivo da sociedade empresária será mantido nos negócios, com limitações legais, sob a fiscalização direta do administrador judicial e da Assembleia Geral de Credores; · Como condição para o prosseguimento do deferimento da recuperação judicial, caberá aos credores, devidamente organizados, por meio de órgão próprio, aprovar o Plano, sendo essa uma condição de afastabilidade da falência; · Ainda dentro desse plano, alguns fatores precisam ser ditos. O primeiro se trata na questão do convencimento dos credores, que precisam aprová-lo. Antes disso, o devedor precisa se esforçar para apresentar a viabilidade de seus negócios, sob pena de não conseguir a recuperação e acabar falindo; · Como medidas a serem deferidas junto com o processamento, está a habilitação dos créditos de cada credor, que deverá ser feita nos moldes próprio, já debatido anteriormente. 2. Plano de recuperação · O plano de recuperação judicial é um projeto onde são estabelecidas operações e mecanismos aptos a afastar a crise empresarial, propiciando a continuidade da atividade no mercado; · O prazo para apresentação do plano, pela dicção expressa do artigo 53 da LRE, é de 60 dias. Esse prazo não é prorrogável. Isso significa dizer que, transcorrido o prazo total e não apresentado o referido plano, haverá a transformação do processo de recuperação judicial em falência; · Durante a elaboração do plano, nada impede que devedor e credor possam negociar e entrar em acordo sobre seus termos. É até desejável tal ato, o que dá legitimidade para a sua execução, já que contou com a assistência direta dos credores; · A nova lei de falências não traz limites para concessões mútuas entre devedor e credores. Para e evitar a falência do devedor, o devedor precisa buscar o atendimento de todas as classes de credores, por conta da participação mais ativa que eles possuem; · A própria legislação traz um conteúdo mínimo para o plano de recuperação judicial (artigo 53 e seus incisos, todos da Lei 11.101/2005). É claro que o devedor precisa trabalhar para provar a viabilidade de seu negócio, sob pena de ter a falência decretada e não continuar no mercado. Art. 53. O plano de recuperação será apresentado pelo devedor em juízo no prazo improrrogável de 60 (sessenta) dias da publicação da decisão que deferir o processamento da recuperação judicial, sob pena de convolação em falência, e deverá conter: I – discriminação pormenorizada dos meios de recuperação a ser empregados, conforme o art. 50 desta Lei, e seu resumo; II – demonstração de sua viabilidade econômica; e III – laudo econômico-financeiro e de avaliação dos bens e ativos do devedor, subscrito por profissional legalmente habilitado ou empresa especializada. Parágrafo único. O juiz ordenará a publicação de edital contendo aviso aos credores sobre o recebimento do plano de recuperação e fixando o prazo para a manifestação de eventuais objeções, observado o art. 55 desta Lei. · Durante o manejo do plano de recuperação judicial, o devedor terá que pagar, no período máximo de 1 ano, os créditos derivados das relações de trabalho ou de acidentes do trabalho, anteriores à concessão da recuperação, conforme dicção do artigo 54 da LRE. Art. 54. O plano de recuperação judicial não poderá prever prazo superior a 1 (um) ano para pagamento dos créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho vencidos até a data do pedido de recuperação judicial. · Quanto ao pagamento de créditos na recuperação judicial, uma observação é importante: o plano, por si só, dura dois anos. Contudo, o pagamento dos créditos pode ultrapassar esse prazo; · A própria legislação (artigo 50 da LRE) prevê quais serão as medidas adotadas, dividindo-as em 4 categorias: natureza obrigacional, de natureza societária, de modificação de controle, e de titularidade. Natureza obrigacional Art. 50. Constituem meios de recuperação judicial, observada a legislação pertinente a cada caso, dentre outros: I – concessão de prazos e condições especiais para pagamento das obrigações vencidas ou vincendas; VII – trespasse ou arrendamento de estabelecimento, inclusive à sociedade constituída pelos próprios empregados; VIII – redução salarial, compensação de horários e redução da jornada,mediante acordo ou convenção coletiva; XI – venda parcial dos bens; XII – equalização de encargos financeiros relativos a débitos de qualquer natureza, tendo como termo inicial a data da distribuição do pedido de recuperação judicial, aplicando-se inclusive aos contratos de crédito rural, sem prejuízo do disposto em legislação específica; Natureza societária Art. 50. Constituem meios de recuperação judicial, observada a legislação pertinente a cada caso, dentre outros: II – cisão, incorporação, fusão ou transformação de sociedade, constituição de subsidiária integral, ou cessão de cotas ou ações, respeitados os direitos dos sócios, nos termos da legislação vigente; VI – aumento de capital social; XV – emissão de valores mobiliários; Modificação de controle Art. 50. Constituem meios de recuperação judicial, observada a legislação pertinente a cada caso, dentre outros: III – alteração do controle societário; IV – substituição total ou parcial dos administradores do devedor ou modificação de seus órgãos administrativos; XIV – administração compartilhada; Modificação de titularidade Art. 50. Constituem meios de recuperação judicial, observada a legislação pertinente a cada caso, dentre outros: X – constituição de sociedade de credores; XIII – usufruto da empresa; XVI – constituição de sociedade de propósito específico para adjudicar, em pagamento dos créditos, os ativos do devedor. · Contudo, pela nova formatação trazida pela Lei 11.101/2005, nada impede que o devedor traga outras possibilidades de negociação, de recuperação, previstas no próprio plano. Essa é uma diferenciação em relação à concordata, que tinha campo de atuação restrito; · Se for previsto no plano de recuperação judicial a venda de filiais ou de unidades de produção, deve-se seguir a dicção do artigo 60 da LRE e adotar as seguintes modalidades: leilão, proposta ou pregão; · Ao adquirir essas unidades, advindas de um plano de recuperação judicial, deve-se mensurar que os adquirentes estará livre de quaisquer ônus e não haverá sucessão, inclusive de natureza tributária. Por outro, mesmo que exista previsão na lei civil sobre responsabilidade solidária, pelo prazo de 2 anos, para aqueles que adquirem estabelecimento empresarial, a LRE afasta a solidariedade para as obrigações trabalhistas e tributárias, sendo esta uma inovação trazida pela legislação; · A finalidade de não prever a sucessão, por parte do legislador, é estimular a aquisição de unidades organizadas, impedindo o desmantelamento da empresa, além de uma maior aceitação na condução e na valoração do preço de venda, que será essencial para a retomada do estado de solvência. 3. Formação da massa subjetiva · Para formação da massa subjetiva, que são a relação de devedores a serem apurados, aceitos ou até mesmo recusados, para posterior classificação, deve-se usar o princípio da universalidade, ou seja, deve-se considerar todos os credores atingidos pela recuperação judicial, que estejam aptos e habilitados para tanto (ingressarem no plano); · Contudo, mesmo que a devedora esteja em recuperação judicial, determinados créditos não podem ser reivindicados, conforme descrito dentro do artigo 5º da LRE: as despesas para tomar parte na recuperação judicial (exceto as custas decorrentes do litígio) e as obrigações a título gratuito. Obrigações a título gratuito Despesas para tomar parte Decorre de título gratuito. São vistas nas doações, sendo situação na qual não há contraprestação econômica passada, presente ou futura para a sociedade empresária devedora. Situação de derrogação parcial do princípio da sucumbência. Significa dizer que há uma tentativa de socializar os prejuízos. É como se os credores tivessem que arcar com parte do prejuízo. 3.1. Função · A função básica na formação da massa subjetiva está na perspectiva que o Estado tem de interferir na atividade econômica, quando elenca motivos suficientes para tanto, por ter fortes influências no mercado (não haverá crescimento econômico), na arrecadação tributária (menos empresários e sociedades empresárias contribuindo com tributos), no meio social (menor a geração de empregos); · Vale dizer que a massa subjetiva é uma maneira de organizar os credores, dentro de uma relação jurídica processual, que irá apurar responsabilidades, forma de pagamento, além de ocorrência de crimes; · A participação de todos é ter a satisfação de seus interesse, perante um juízo competente, o que denota uma política legislativa; · A LRE traz uma participação mais efetiva para os credores, tanto na recuperação quanto na falência, mediante formação de quadro geral de credores, Assembleia Geral de Credores e formação do Comitê de Credores. 3.2. Distinção de categorias · Como categorias, podem ser mencionados: os credores concorrentes, os credores não concorrentes e os credores excluídos da recuperação. Credores concorrentes Credores não concorrentes Credores excluídos Estão sujeitos ao plano de recuperação judicial, atingindo todo o crédito anterior ao pedido, vencidos ou não. Decorrentes de obrigações contraídas durante a recuperação judicial (fornecedores, prestadores de serviços e até mesmo credores quirografários que prestem serviços). Não sofrem com o plano de recuperação judicial, conforme descrito no artigo 49, §§ 3º e 4º e os créditos tributários (via de regra). 3.3. Conceito de credor · Para se habilitar perante o plano, o credor precisa ter um título líquido, anterior ao pedido de recuperação judicial, desde que não integre o rol de credores excluídos pela lei (esse título pode ser tanto judicial quanto extrajudicial); · Caso o credor não tenha a liquidez necessária, terá que primeiro manejar a liquidação do título perante o Poder Judiciário. Nesse caso, a confirmação do crédito é posterior e não está sujeito aos efeitos da recuperação judicial; · Quanto ao credor advindo de ato ilícito praticado pela devedora (por meio de seus agentes), somente poderá ingressar na recuperação se já tiver, antes do ajuizamento da execução, título com valor liquidado. 3.4. Efeitos quanto ao direito dos credores 3.4.1. Credores anteriores e posteriores ao pedido de recuperação · A recuperação judicial atinge todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que não estejam vencidos. O objetivo é evitar que existam disputas entre os credores, visto que a recuperação possui como fundamento a recuperação da atividade empresarial, mediante negociação coletiva; · Caso os valores tenham sido liquidados antes do pedido, considerando aqui a data da constituição, poderão ingressar dentro do plano de recuperação judicial; · Conforme preconizado dentro do artigo 49, § 2º, da LRE, deve-se trazer a disposição sobre os créditos anteriores. Art. 49, § 2º. As obrigações anteriores à recuperação judicial observarão as condições originalmente contratadas ou definidas em lei, inclusive no que diz respeito aos encargos, salvo se de modo diverso ficar estabelecido no plano de recuperação judicial. · O plano de recuperação judicial pode alterar as condições de contratação originariamente definidas como parte da estratégia de reorganização da sociedade empresária devedora; · Além de pagar credores, a recuperação judicial deve proporcionar a volta da solvência empresarial, bem como restabelecer a regularidade do empresário ou da sociedade empresária quanto ao exercício de suas atividades; · Deve haver também, nos créditos apresentados para recuperação, a incidência de correção monetária; · Os efeitos da recuperação atingem todos os créditos, exceto os tributários (extraconcursais) bem como os garantidos por direito real em garantia, decorrentes de alienação fiduciária, de arrendamento mercantil, de promessa de compra e venda com cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade e de venda com reserva de domínio; · Em caso de credor que perdeu o prazo de habilitação, terá ele os efeitos da recuperação judicial, o que era bem diferente na concordata (o credor deveria manejar ação individual e aceitar as mesmas condições concedidos na concordataaos demais credores); · Em razão do disposto na lei 11.101/2005, a recuperação não atinge os créditos gerados após seu requerimento, atingindo somente os créditos existentes até o requerimento (vencidos ou vincendos). Disposição diferente vigora na falência. 3.4.2. Codevedores · Conforme previsto dentro do artigo 49, § 1º, da LRE, os credores do devedor em recuperação judicial conservam seus direitos e privilégios contra os coobrigados, fiadores e obrigados de regresso. 3.4.3. Novação dos créditos anteriores · Trata-se da situação na qual o devedor contrai com o credor nova dívida, substituindo a anterior. No entanto, via de regra, a novação, tal qual prevista dentro do artigo 360 do CC/2002, deveria extinguir os acessórios e garantias da dívida. Contudo, isso não ocorre dentro da LRE, a menos que tenha consentimento do credor (artigo 50, § 1º, da LRE); · Decretada a falência, os credores terão reconstituídos seus direitos e garantias nas condições originalmente contratadas, deduzidos os valores eventualmente pagos e ressalvados os atos validamente praticados no âmbito da recuperação judicial (artigo 61, § 2º, da LRE). EFEITOS DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL QUANTO AOS BENS, QUANTO À PESSOA DO EMPRESÁRIO E QUANTO AOS CONTRATOS 1. Manutenção do empresário na posse e administração dos bens · Há necessidade, em um primeiro momento, de fiscalizar toda a atuação da pessoa do devedor, de modo que a situação econômica dele não se agrave; · A recuperação judicial é um plano que possui como objetivo a recuperação do devedor, mediante prazos dilatados, descontos, novos ajustes, operações societárias. Por conta disso deve haver controle; · O devedor não perde a posse dos bens, pode agir em juízo, seus atos pode ser considerados legítimos se forem praticados dentro dos limites legais, terá administração controlada, não será substituído pelo administrador judicial (pode haver disposição em contrário, dentro do próprio plano de recuperação judicial, conforme trazido dentro do artigo 64 a LRE); · Essa disposição de manter o administrador da própria devedora decorre da necessidade que o legislador sentiu de trazer o próprio controle de quem já está no dia a dia e sabe das medidas adequadas para a sociedade em recuperação, evitando atitudes arriscadas; · Caso seja pelo afastamento, dentro do plano, mediante fiscalização do juízo universal e/ou do Comitê de Credores, nota-se a clara distinção que a lei faz entre empresa (atividade) e empresário (pessoa); · Enquanto não definido, com base no ato constitutivo, caberá ao administrador judicial exercer essas funções (artigo 65 da LRE); · Após a distribuição do pedido de recuperação judicial, o devedor não poderá alienar ou onerar bens ou direitos de seu ativo permanente, salvo evidente utilidade reconhecida pelo juiz, depois de ouvido o Comitê, com exceção daqueles previamente relacionados no plano de recuperação judicial (artigo 66 da LRE); · Em caso de necessidade de se alienar o estabelecimento empresarial, deverá haver o consenso dos credores submetidos ao plano de recuperação judicial, vez que essa alienação significa a transferência do conjunto de bens essenciais para a prática da atividade empresarial; · Em caso de recuperação judicial, o nome empresarial deverá ser acrescido do termo “em recuperação judicial”. 2. Efeitos quanto aos contratos · Quanto aos efeitos oriundos dos contratos, se for unilateral, caso seja favorável ao devedor, não será afetado. Se desfavorável, será preciso verificar se ele se sujeita ou não se sujeita à recuperação judicial. Crédito unilateral sujeito à recuperação judicial Crédito unilateral não sujeito à recuperação judicial Poderá ter as condições alteradas pelo próprio plano. Sua eficácia não será alterada. · Créditos posteriores o processamento da recuperação judicial: não são afetados, podendo ocasionar, em caso de inadimplemento, a grave consequência da falência. 3. Efeitos quanto à pessoa e aos bens dos sócios e administradores · Não haverá a mudança da sociedade empresária ou do empresário, tidos como devedores, no controle de suas atividades. Nesse caso, o que ocorrerá será apenas um controle, a ser feito por órgãos definidos na lei de falências e recuperação judicial (comitê e juízo competente); · Caso a recuperação judicial seja convertida em falência, poderá ter efeitos sobre os sócios e gestores (afastamento da direção da atividade).