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* * FORÇA E MOVIMENTO - II CAPÍTULO 6 * * INTRODUÇÃO Estudo mais aprofundado de três tipos de força muito importantes: a força de atrito, a força de arrasto e a força centrípeta. Num projeto de um veículo de competição como o F-1 todas estas forças são estudadas. O atrito é fundamental para a aderência à pista e para a arrancada. O arrasto deve ser minimizado para melhorar o consumo de combustível. * * * A força centrípeta é necessária para que o veículo consiga completar as curvas com segurança. * * * ATRITO Os atritos são inevitáveis e indispensáveis para a nossa vida cotidiana. Se não fosse reduzido, ele faria todo movimento e rotação cessar-se. Cerca de 20% do combustível consumido por um automóvel são usados para compensar as perdas por atrito. Sem o atrito, porém, não poderíamos caminhar e nem movimentar um veículo. * * * Estudaremos o atrito entre duas superfícies que estejam em repouso ou em movimento relativo a baixa velocidade. O que ocorre a um livro que você empurra momentaneamente numa mesa horizontal? Ele desliza até parar. Isto implica numa força paralela à superfície e oposta ao movimento. * * * O que é necessário para manter o livro movendo-se com velocidade constante sobre a mesa? Aplicar uma força constante no sentido do movimento. Isto demonstra que existe uma força de atrito oposta ao movimento e com módulo igual ao da força aplicada sobre o livro. * * * Um caixote é empurrado sobre uma superfície horizontal mas não se move. Por quê? Outra força deve estar se opondo ao movimento com a mesma intensidade da força aplicada. A força aplicada é aumentada, mas ainda assim o caixote não se move. O que ocorreu? * * A força de atrito também aumentou da mesma intensidade da força aplicada. Continuando a aumentar a força aplicada, num certo momento o caixote entrou em movimento. O atrito deixou de existir ou parou de aumentar? Ele parou de aumentar. Ele só cresce até um certo valor limite. * * * Análise das forças envolvidas no caixote: Enquanto ele está em repouso sob a ação da força aplicada (F) existe uma força de atrito estático (fs). À medida que a força aplicada cresce, a força de atrito estático também aumenta equilibrando o sistema. * * * Para uma certa intensidade da força aplicada, o caixote entra em movimento. O movimento é acelerado, o que mostra que o atrito mudou. * * * A força de atrito cinético (fk) é menor do que o estático. * * * Para manter o caixote em movimento com velocidade constante deve-se reduzir a força aplicada. A força de atrito é a resultante de muitas forças entre os átomos das superfícies dos dois corpos envolvidos. * * * Duas superfície metálicas lisas e limpas, colocadas no vácuo, não podem deslizar uma sobre a outra. Os átomos das duas superfícies interagem e soldam-se a frio. Na prática isto não ocorre devido à irregularidades das superfícies e impurezas presentes nelas. No contato, apenas os pontos salientes se tocam. * * * A área microscópica de contato é muito menor do que a macroscópica. Ainda assim há pontos de soldagem à frio que originam o atrito estático entre as superfícies. * * * Se a força aplicada é suficiente para deslizar as superfícies, ocorre a ruptura das soldas e o movimento inicia-se. Durante o movimento há a formação e ruptura de novas soldas devido aos novos contatos aleatórios entre as superfícies. * * * PROPRIEDADES DO ATRITO Seja um corpo apoiado sobre uma superfície sujeito a uma força F que tende a deslizá-lo sobre a superfície. Se o corpo não se move, a força de atrito estático (fs) e a componente de F paralela à superfície são iguais em módulo e têm sentidos opostos. O módulo de fs tem o valor máximo: fs,max = sN * * * Se o módulo da força F for ligeiramente maior que fs,max, o corpo começará a mover-se. Se o corpo começar a deslizar sobre a superfície, o módulo da força de atrito decrescerá rapidamente para fk: fk = kN Enquanto o corpo continuar a mover-se, o módulo da força de atrito cinético é constante e igual a fk. * * * Os coeficientes de atrito são adimensionais e devem ser obtidos experimentalmente. Eles são descritos para o atrito entre duas superfícies. * * * Exercício 6.1 A figura abaixo mostra um bloco inicialmente estacionário de massa m sobre um piso. Uma força de módulo 0,500 mg é aplicada com um ângulo de = 20,0° para cima. Qual é o módulo da aceleração do bloco se (a) s = 0,600 e k = 0,500 e (b) s = 0,400 e k = 0,300. Respostas: (a) zero (b) 2,17 m/s2 * * * Exercício 6.2 Um trenó com um pinguim, pesando 80 N, está em repouso sobre uma ladeira de ângulo 20° com a horizontal. Entre o trenó e a ladeira o coeficiente de atrito estático é 0,25 e o coeficiente de atrito cinético é 0,15. (a) Qual é o menor valor da força F, paralela ao plano, que impede o trenó de deslizar ladeira abaixo? (b) Qual é o menor valor da força F que faz o trenó começar a subir a ladeira? (c) Qual é o valor de F que faz o trenó subir a ladeira com velocidade constante? Respostas: (a) 8,6 N (b) 46 N (c) 39 N * * * FORÇA DE ARRASTO Fluido: substância capaz de escoar (líquido ou gás). Força de arrasto: força que se opõe ao movimento relativo entre um sólido e um fluido. Se o fluido for o ar, o corpo for rombudo (sem ponta, como uma bola) e o movimento produzir turbulência atrás do corpo, temos que a força de arrasto é: D = ½ CAv2. * * * Sendo C o coeficiente (experimental) de arrasto e a massa específica do fluido. Apesar de C variar com a velocidade do corpo, será tratado como constante em nossos estudos. A área A é da seção reta efetiva do corpo, ou seja, a área do corpo situada num plano perpendicular à direção de sua velocidade. * * * Um esquiador adota a “posição de ovo” para reduzir a área A e o arrasto D. * * * Quando um corpo rombudo cai a partir do repouso, a força de arrasto é dirigida para cima e vai aumentando com a velocidade do corpo. Da 2ª lei de Newton, temos que: D – Fg = ma Após um certo tempo de queda, a força de arrasto se iguala à força da gravidade. Da expressão anterior, temos que a = 0 a partir de então. * * * O corpo passa a cair com velocidade constante, a velocidade terminal. Da expressão de D e da 2ª lei, temos que: ½ C A vt2 - Fg = 0. De onde temos que a velocidade terminal é dada por: * * * * * * Um gato precisa cair seis andares para atingir sua velocidade terminal. Antes disto, seu movimento é acelerado. Ao sentir a aceleração, o gato mantém as patas abaixo do corpo, encolhe a cabeça e curva a espinha, o que reduz a área A. Com isto, sua velocidade terminal aumenta e ele se ferirá em quedas pequenas. * * * Se a queda é mais longa e o gato atinge a sua velocidade terminal, ele relaxa o corpo, estica as patas e o pescoço para fora e endireitando a espinha, o que aumenta a área A. Com o aumento do arrasto, sua velocidade terminal irá diminuir, o que irá reduzir a possibilidade do felino se machucar. * * * Os seres humanos saltam de grandes alturas pelo prazer de “voar”. Assumindo uma posição de águia, é possível permanecer mais tempo no ar pois a força de arrasto é maior e a velocidade terminal menor. * * * Exercício 6.3 A velocidade terminal de um para-quedista é de 160 km/h na posição de águia e 310 km/h na posição de mergulho de cabeça. Supondo que o coeficiente de arrasto C do para-quedista não mude de uma posição para a outra, determine a razão entre a área da seção reta efetiva A na posição de menor velocidade e a área na posição de maior velocidade. * * * MOVIMENTO CIRCULAR UNIFORME Num movimento circular uniforme, o módulo de sua velocidade é constante, mas a sua direção varia. Esta variação se deve à existência de uma aceleração centrípeta: * * * Fazendo uma curva de carro: Você está sentado no banco traseiro de um automóvel em alta velocidade em uma estrada plana. Se o motorista faz uma curva para a esquerda, você escorrega para a direita, sendo comprimido contra esta lateral do veículo. Por que isto ocorre? * Durante o movimento circular há uma força centrípeta, responsável pela sua aceleração centrípeta. * * Neste caso, a força centrípeta é a força de atrito exercida pela estrada sobre os pneus do veículo. No seu corpo, inicialmente atua como centrípeta a força exercida pelo banco do veículo. * Como ela é insuficiente, o assento do veículo desliza sob você. A força centrípeta será exercida então pela lateral do veículo. * * Girando em torno da Terra: Você está a bordo do ônibus espacial Atlantis. Quando ele entra em órbita em torno da Terra, você flutua no seu interior aparentemente sem gravidade. O que aconteceu? * * * A força centrípeta agora é a atração gravitacional da Terra sobre você e sobre o ônibus espacial. Esta força é dirigida para o centro da Terra que é o centro do movimento * * * Um disco de metal gira sobre uma mesa sem atrito, preso por uma corda: Qual força é responsável pela aceleração centrípeta? * * * A tração é a força exercida radialmente pela corda sobre o disco. Sem a corda, o disco mover-se-ia em linha reta. A força centrípeta não é uma nova força. Ela é a força resultante responsável pela mudança da orientação da velocidade. Da 2ª lei de Newton, temos que : Fc = mac. * * * Como ac = v2/R, temos que: Sendo a velocidade escalar constante, o módulo da força centrípeta também será. A direção do vetor velocidade e da força centrípeta variam continuamente, apontando para o centro do círculo. * * * Estes vetores podem ser representados em relação a um eixo radial r. O sentido positivo deste eixo é do centro para a periferia da circunferência. * * * Exercício 6.4 Um carro de montanha-russa tem uma massa de 1200 kg quando está lotado. Quando o carro passa pelo alto de uma elevação circular com 18 m de raio sua velocidade escalar se mantém constante. Nesse instante, quais são (a) o módulo FN e (b) o sentido (para cima ou para baixo) da força normal exercida pelo trilho sobre o carro se a velocidade deste é 11 m/s? Quais são (c) FN e (d) o sentido da força normal se v = 14 m/s? *
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