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aula 3 - antropometria

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173
U N I D A D E V I - P R I N C Í P I O S D E
 A N T R O P O M E T R I A
Introdução
No capítulo anterior aprendemos a utilizar os princípios da biomecânica para auxiliar na análise da situação de trabalho. Vimos que o corpo humano pode ser considerado uma alavanca e que, utilizando as
recomendações propostas, poderemos evitar a ocorrência de fadiga e distúrbios
ósteo-musculares. Assim, aprendemos a respeitar os limites do nosso corpo em
função das exigências impostas por algumas tarefas; isto é, algumas condições de
trabalho possuem exigências além de um limite físico aceitável para o nosso corpo.
Neste capítulo, apresentaremos as características dimensionais do sistema humano-
tarefa-máquina. Veremos que a otimização da interface usuário-produto é definida
por uma boa adequação entre o produto e os usuários extremos. Iremos estudar
os conceitos da antropometria estática e dinâmica, além das recomendações para
o uso correto dos dados antropométricos e assentos para o trabalho e lazer.
6.1 A interface Usuário –Produto
O corpo humano tem se transformado por milhares de anos. Durante este tempo,
ele ficou mais adaptado a certas situações. A caça e a procura por alimentos
adaptaram segmentos corporais de forma a torná-los mais fortes. Habilidades
práticas como a construção de abrigo e proteção exigiram um controle mais
adequado das mãos. De acordo com DREYFUSS ASSOCIATES (2005), a adequação
humana ao meio material começou com a criação de ferramentas no período pré-
histórico, “conforme comprovam as ferramentas de ossos e pedras, encontradas
no Quênia, datadas de 1 milhão de anos atrás.”
174
Na Turquia. foram encontrados espelhos, datados de 9.000 anos atrás, com bordas
afiadas e cobertos com um material parecido com argamassa, para a proteção do usuário
e maior conforto. As bigas de guerra, usadas há 4.000 anos no Paquistão, eram projetadas
para acomodar o cocheiro e o arqueiro ao lado. Os guerreiros situavam-se num espaço
entre as rodas. Tais espaços tinham largura quase idêntica à dos trilhos-padrão dos trens
de carga nos primeiros gabaritos ferroviários na idade moderna.
Acorde DREYFUSS ASSOCIATES (op. cit.), os antigos egípcios utilizavam como
medida o cúbito (distância do cotovelo a ponta do dedo médio) para projetar
diversos itens, tais como cadeiras e camas. Segundo o autor, a prática de se projetar
utilizando como referência partes do corpo também pode ser constatada na Idade
Média: a altura de um assento equivalia a cinco punhos ou ao comprimento de
meia perna.
A Revolução Industrial foi responsável pela introdução da máquina e,
consequentemente, a produção de produtos em série. Uma das principais
características da era da máquina foi a mudança na relação entre o consumidor e
o produtor: aquele produto que era anteriormente encomendado pelo usuário
diretamente ao fabricante, passou a ser produzido em série sem o contato direto
entre o comprador e o fabricante. Assim, a cama que era projetada para medidas
específicas do comprador passou a ser produzida industrialmente em tamanho
padrão. A conseqüência é que as pessoas passaram a se acomodar ao produto e
não o inverso.
FÁBULA DE PROCRUSTO
Conta-se que na Antiga Grécia havia um personagem de nome Procrusto. Ele
possuía uma hospedaria na margem de uma estrada aonde acolhia os viajantes
exaustos. Para estes viajantes, Procrusto propunha um trato: eles poderiam
beber e comer a vontade e não pagariam nada, desde que se adequassem a
cama que lhes seria oferecida quando fossem se recolher. Caso contrátio, teriam
que pagar a conta que lhes fosse apresentada. Devido ao estado de exaustão,
comum aqueles viajantens, eles costumavam concordar.
175
Ao se recolherem, Procrusto oferecia duas camas: uma muito grande e outra
muito pequena. Para caber na primeira, os viajantes teriam que ter as suas
pernas esticadas até que pudessem se adequar a cama. Para a segunda, teriam
que ter as pernas cortadas para que coubessem na cama. Os hóspedes
preferiam pagar a conta exorbitante que Procrusto lhes oferecia.
Considerando a Fábula de Procrusto resumida acima, podemos considerar que
o ser humano moderno adequa-se a muitos produtos de consumo com os quais
ele se relaciona. Descreva os tipos de problemas que você acredita que podem
ocorrer quando os usuários têm que se adequar às dimensões dos produtos de
uso diário ao invés de ter os produtos adequados às dimensões do seu corpo.
Pense numa cadeira, por exemplo.
No mundo tecnológico de hoje, muitas atividades básicas são desempenhadas
por máquinas. No entanto, as tarefas desenvolvidas dependem de atributos físicos
que não mudaram significativamente nestes anos. Independente de estarmos
executando atividades de trabalho ou lazer, é importante que os produtos, máquinas
e equipamentos sejam projetados para adequar o tamanho, forma e habilidade
das pessoas que os usam.
É possível comprar produtos como óculos, roupas ou calçados de diversos
tamanhos de forma a se adequar as dimensões dos usuários. Entretanto, a maior
parte dos produtos, equipamentos e ambientes são projetados para serem usados
por um grande número de pessoas. Sendo assim, é vital que os designers
entendam as relações ou interfaces entre estes produtos, máquinas e
equipamentos e aqueles que os usam.
Você acha que os produtos que você manuseia são adequados ao seu
dimensionamento? E estes produtos também consideraram as diferenças
dimensionais de outros usuários como a sua mãe ou esposa, por exemplo?
176
Considere o modelo comunicacional do sistema humano-tarefa-máquina
apresentado por GRANDJEAN (sub-capítulo 4.3, página 51). A partir deste modelo,
temos que a relação entre um usuário e um produto é realizada através de uma
interface definida, por um lado, pelas mãos e pés, e por outro, pelos dispositivos
de controle da máquina (pedais, botões, alavancas, etc.).
Este sistema estará bem adequado a partir da acomodação dos dispositivos da máquina
(variáveis dimensionais) aos componentes humanos (variáveis antropométricas). A
Figura 6.1, a seguir, apresenta um exemplo desta interface usuário-produto:
 
• Serrote 
 
• Escova de dente 
Usuário Interface Resultado 
• Marceneiro 
 
• Usuário 
Produto 
• Mãos/pega 
 
• Mãos/pega 
 
• Cerdas/dente
• Facilidade no uso 
 Pressão/fadiga 
• Facilidade no uso 
 Pressão/fadiga 
• Remoção de placas 
Figura 6.1 – Interface usuário-produto.
Liste exemplos de interfaces entre o usuário e alguns produtos de consumo
em diferentes situações. Apresente exemplos que envolvam mais de uma pessoa.
Quais os resultados de tais interfaces?
Imagine o usuário em cada uma das situações abaixo e, através de um quadro
semelhante ao apresentado acima descreva as diferentes interfaces entre o
usuário e o produto.
[a] Usando um telefone público.
[b] Visitando um dentista.
[c] Trabalhando na secretaria de um curso de extensão.
• Cerdas/dente
177
6.2 O que é Antropometria?
6.2.1 Definição de Antropometria
Os dados antropométricos definem as medições de tamanho, peso e proporção
do corpo humano aplicáveis a um correto dimensionamento de projeto de
produtos, equipamentos e postos de trabalho.
O uso correto das medidas antropométricas permite identificar o nível de
adequação de produtos, instrumentos, equipamentos, máquinas e postos de
trabalho aos usuários diretos, eventuais ou não, e aos indiretos, por exemplo,
aqueles envolvidos na manutenção.
O termo antropometriaantropometriaantropometriaantropometriaantropometria deriva do grego antropos, significando “humano” e
metrikos, que significa “medida de”. As medições dos seres humanos podem ser
importantes para diversas aplicações, incluindo a criminologia, medicina legal e
seleção de pessoal. Entretanto, este texto está direcionado ao design de produtos,
máquinas, equipamentos e postos de trabalho.
Antropometria é uma disciplina baseada na antropologia física, que estuda a
forma e as dimensões dos segmentos do corpo humano.
6.2.2 Origens da Antropometria
O interesse de filósofos, artistas, teóricos e arquitetospelas proporções do corpo
humano remonta a muitos séculos atrás com os registros de Marco Polo (1273-
1295) sobre a existência de um grande número de raças que diferiam em termos
de dimensões corporais. Durante o Renascimento, Leonardo da Vinci concebeu
um famoso desenho das proporções da figura humana, baseado nos trabalhos do
arquiteto e teoricista Vitruvio, que viveu em Roma no século I a.C (Figura 6.2). O
desenho de Leonardo é utilizado, por muitos, como símbolo da Ergonomia.
178
Figura 6.2 - Desenho de Leonardo da Vinci
Considera-se o matemático belga Quetlet, que em 1870 publicou a obra
Anthropometrie, como sendo aquele que descobriu, estruturou e atribuiu o nome
a esta disciplina.
Para saber mais sobre a Seção Áurea e o famoso desenho de Leonardo da Vinci,
consulte:
PANERO, J. e ZELNIK, M. Dimensionamento humano para espaços
interiores: um livro de consulta e referência para projetos. Barcelona,
Gustavo Gili, 2002, págs. 15-19.
De acordo com ROEBUCK (1995), a antropometria, ramo da antropologia física,
foi concebida originalmente há cerca de 200 anos atrás com a intenção de distinguir
raças e grupos étnicos, para identificar criminosos e auxiliar no diagnóstico médico.
Durante a Segunda Guerra Mundial, este tema sofreu um grande impulso devido
à necessidade de se conciliar as dimensões humanas com a sofisticada tecnologia
bélica disponível. O enfoque vigente era a resolução de problemas de diversas
complexidades que incluíam controle de comandos, botões, painéis, mesas com
instrumental de alta precisão, cockpits de aeronaves e fardamentos.
179
Sendo assim, os primeiros estudos antropométricos foram baseados na população
militar: soldados, marinheiros e pilotos. Embora fosse relativamente fácil coletar
informações desta população, tais como altura, peso e alcance dos braços, a sua
utilização era limitada para a população em geral. Embora milhares de pessoas
tenham tomado parte nestes estudos, a população militar não era representativa
de todos os membros da sociedade. Tais levantamentos não incluíam, por exemplo,
idosos, crianças, mulheres grávidas e deficientes. Isto limitava o uso destes dados
pelos designers.
Mais recentemente, a antropometria se tornou útil na adequação de ambientes
industriais e é identificada com o desenvolvimento dos requisitos de design e
avaliação de veículos modernos, locais de trabalho, equipamentos e peças do
vestuário. Infelizmente as aplicações da antropometria no design de caráter social,
como os espaços e mobiliários urbanos, sanitários públicos, mobiliário escolar, etc
ainda deixam muito a desejar.
6.2.3 Aplicações da Antropometria
As aplicações para a antropometria podem ser encontradas em quase todas as
áreas do design. Observando-se os mobiliários, de cadeiras a armários, pode-se
constatar que eles desempenharão melhor os seus propósitos se estiverem
adequados aos requisitos dimensionais de seus usuários. Tanto os produtos de
consumo, variando de equipamentos para cozinhar até computadores, quanto os
produtos industriais podem ser usados de maneira mais fácil, eficiente e segura
se os fatores antropométricos forem considerados no seu design. As dimensões
humanas também são igualmente importantes no design de ambientes nos quais
objetos, máquinas e equipamentos são utilizados – de cozinha, escritório e chão
da fábrica, até submarinos e veículos espaciais.
Os dados fornecidos pela antropometria no projeto de produtos, máquinas e
equipamentos incluem as diversas variedades de tamanhos, proporções,
mobilidade, força e outros fatores que definem fisicamente os seres humanos.
180
A antropometria auxilia, entre outros, na:
· Conformação de pegas, botões e manípulos
· Avaliação de posturas e distâncias para atingir controles
· Especificação de espaços que separam o corpo do equipamento ao redor
· Identificação de objetos ou elementos que obstruem o movimento.
É importante considerar que a antropometria deve ser utilizada em conjunto com
a biomecânica em diversas situações, como na análise de forças e torques durante
a condução manual de materiais, adequação de operadores a veículos, conforto e
desempenho humano em geral.
O quadro a seguir apresenta os erros comumente incorridos numa má aplicação
dos princípios da antropometria (PHEASANT, 1990).
1. Se o design é satisfatório para mim, também o será para todos.
2. Se o design é satisfatório para uma pessoa média, também o será para todos.
3. A variabilidade das pessoas é tão grande que estas diferenças não podem ser
consideradas no design, mas uma vez que as pessoas se adaptam facilmente
isto não importa muito.
4. A Ergonomia é cara e uma vez que os produtos são comprados mais pela
aparência, as considerações ergonômicas podem ser perfeitamente ignoradas.
5. A Ergonomia é uma idéia excelente. Eu sempre projeto considerando os
aspectos ergonômicos, mas eu faço isto intuitivamente e confiando no meu
bom senso de forma que eu não preciso de nenhum estudo experimental ou
tabela de dados antropométricos.
Quadro 6.1 – Os cinco erros cometidos por uma má aplicação da antropometria
(PHEASANT, 1990).
181
Considere um posto de trabalho qualquer numa indústria que você conheça.
Tente identificar quais seriam as variáveis dimensionais do elemento máquina
no sistema humano-tarefa-máquina (p.ex.: altura, largura, profundidade).
Agora, pense quais seriam as partes do corpo do usuário (p. ex.: altura do
cotovelo, altura do umbigo, largura do quadril, alcance entre o ombro e a
ponta dos dedos) que você relacionaria com cada variável dimensional. Faça
uma tabela relacionando as variáveis dimensionais com as variáveis
antropométricas. Utilize as suas próprias palavras e compartilhe o resultado
com os seus colegas.
6.3 Diferenças Individuais
A utilização de dados antropométricos confronta-se com as dispersões usuais da
população estudada.
Os seres humanos apresentam características físicas diversas dependendo do
país de origem, sexo, idade, classe social, raça e etnia, dieta e saúde, atividades
físicas (esportes e exercícios), etc. Estudos estatísticos comprovam que, sob o
ponto de vista da antropometria, as diferenças mais importantes entre os grupos
populacionais não são o tamanho dos membros em si, mas a proporção entre as
diferentes partes do corpo. De acordo com GUIMARÃES (2000), existem
diferenças raciais entre a proporção dos membros inferiores e o tronco: no caso
dos americanos e da maioria dos europeus, o comprimento da perna é 48% da
estatura. Já para os coreanos e japoneses, afirma a autora, o comprimento da
perna é 46% da estatura. Comparando com os brancos, os negros americanos
têm pernas mais longas em relação ao seu tronco.
A Figura 6.3, na próxima página, apresenta as variações extremas do corpo humano
de acordo com DIFFRIENT et alli. (1974).
182
Três aspectos fundamentais nas diferenças individuais estão relacionados a:
····· Influência do sexo;
····· Influência da idade;
····· Influência étnica.
Figura 6.3 - Variações Extremas do Corpo Humano (DIFFRIENT et alli., 1974).
183
6.3.1 Influência do Sexo
As diferenças biológicas entre os homens e as mulheres são bem conhecidas:
dimensões antropométricas, forças musculares, capacidade cardio-vascular e o
funcionamento do aparelho reprodutor feminino.
Homens e mulheres apresentam diferenças antropométricas significativas, não
apenas em dimensões absolutas, mas também nas proporções dos diversos
segmentos corporais.
····· As mulheres costumam ser cerca de 12 cm menores que os homens.
Entretanto, se forem considerados os segmentos do corpo, nem sempre são
menores que os homens na mesma proporção da estatura.
····· Mesmo naqueles casos em que há predominância da mão-de-obra feminina,
muitas vezes as máquinas, acessórios e postos de trabalho foram projetados
para o uso dos homens. A falta de adaptação a esses equipamentos torna o
trabalho mais difícil e mais fatigante para elas.
····· As mulheres têm uma capacidade muscular de aproximadamente dois terços
dos homens e capacidade pulmonar de 70%.
····· O limite para carregamentomanual de cargas para as mulheres deve ser fixado
em 20 kg no máximo.
6.3.2 Influência da Idade
Todos os países que se modernizam apresentam tendências de aumento de vida
média da população, devido tanto ao decréscimo da taxa de natalidade, como à
melhoria das condições de higiene e saúde. Conseqüentemente, existirão mais
pessoas na faixa dos 40 e 50 anos envolvidas no trabalho e haverá a necessidade
de se aplicar a Ergonomia aos projetos de objetos e ambientes, levando-se em
conta as particularidades de uma população mais idosa.
184
····· A estatura das pessoas começa a diminuir gradativamente depois dos 50 anos.
Os homens perdem 3 cm até os 80 anos e as mulheres 2,5 cm.
····· Há uma redução dos alcances e da flexibilidade, especialmente dos braços,
requerendo especial atenção no uso de tabelas antropométricas aplicadas à
população mais idosa.
····· A força muscular começa a declinar significativamente após os 40 anos. A força
máxima exercida pelo homem ocorre aos 25 anos (100%) e se reduz a 95%
aos 40, 80% aos 50 e 50% aos 60 anos. A Figura 6.4, a seguir, apresenta a
evolução da força muscular máxima entre homens e mulheres.
Figura 6.4 Evolução da potência muscular máxima entre homens e mulheres em
função da idade (GRANDJEAN,1981).
····· Aos 50 anos, as mulheres conseguem exercer aproximadamente a metade da
força dos homens de mesma idade.
····· O declínio da força, tanto masculina, quanto feminina, não ocorre
uniformemente: os braços e as mão são menos afetados pela idade que o
tronco e pernas.
····· Com a idade, os movimentos se tornam mais lentos. Os tempos de reação
para uma pessoa de 60 anos são 20% menores do que os de um jovem de 20
185
anos. Isto tende a se acentuar em tarefas mais complexas que exijam a
capacidade de discriminação entre vários estímulos diferentes.
····· A visão vai perdendo gradativamente a sua eficiência a partir dos 20 anos com
um decréscimo da acuidade visual, capacidade de acomodação, adaptação ao
escuro e visão de cores.
····· A perda da audição ocorre sobretudo em sons agudos acima de 1000 hertz.
····· Há pouca redução da memória de curta duração, mas a informação passa a
ser retida por menos tempo e as informações armazenadas temporariamente
são facilmente perturbadas.
6.3.3 Influência Étnica
Diversos estudos antropométricos realizados durante várias décadas comprovaram
a influência da etnia nas medidas antropométricas. O menor homem é o pigmeu
da África Central, com a estatura média de 143,8cm. O mais alto encontra-se na
região sul do Sudão com a média de 182,9 cm.
De acordo com Roberts (1975), apud Guimarães (2004), as variações do corpo
ocorrem em função de adaptações climáticas. Sendo assim, os povos de clima
quente tendem a ter o tronco fino e membros superiores e inferiores mais longos,
facilitando a troca de calor com o ambiente, enquanto que os de clima mais frio
têm tronco volumoso e arredondado e membros inferiores e superiores mais
curtos para facilitar a conservação de calor.
Há uma forte correlação de carga genética com as proporções corporais, mas não
com as dimensões do corpo em si. As medidas antropométricas de um povo
podem modificar-se com a época, pois as alterações alimentares, saúde, a prática
de esportes, melhoria da qualidade de vida, podem fazer a pessoa crescer.
De acordo com IIDA (1990), um estudo realizado com filhos de imigrantes
japoneses nos Estados Unidos constatou um crescimento médio de 11 cm a mais
em estatura, em relação à geração de seus pais. No entanto, as proporções
186
corporais não se modificaram. Este crescimento é mais pronunciado quando povos
sub-alimentados passam a consumir maior quantidade de proteínas.
Assim, cumpre chamar a atenção para os aspectos nutricionais de uma dada
população, uma vez que este fator pode ser determinante para as diferenças físicas
encontradas e pode explicar por que, a cada geração a estatura dos indivíduos de
uma população tende a aumentar. As armaduras dos guerreiros europeus da idade
média (em torno de 1,50m) não servem mais para os soldados de nenhum exército
da era moderna. Mesmo o cockpit de um avião utilizado durante a Segunda Guerra
Mundial não se adeqüa aos pilotos atuais que possuem altura em torno de 1,70m.
De acordo com GUIMARÃES (2004), as medidas antropométricas podem se alterar
com a época, não só pelos hábitos alimentares, mas também pela atenção com a
saúde e a prática de esportes; ou seja, com a melhoria da qualidade de vida.
A autora cita uma pesquisa do IBGE sobre Padrões de Vida na qual afirma que a
população brasileira, em menos de dez anos, de 1989 a 1997, cresceu 2 centímetros,
atingindo a altura média de 1,70m, ou seja, 0,5cm a mais que os seus vizinhos da
América Latina. Este dado coincide com outros referentes à melhoria da qualidade
de vida do brasileiro: aumento de 70,1% para 77,6% do número de domicílios
com abastecimento de água; 35,4% para 40,3% das moradias servidas pela rede
de esgoto; aumento da expectativa de vida de 62 para 66 anos e aumento da
duração média de aleitamento de 9,2 para 11,8 meses.
6.3.4 Biotipo
As diferenças físicas individuais são encontradas em todas as populações mundiais.
Tais diferenças tendem a se acentuar durante o crescimento até a idade adulta.
O psicólogo americano, William Sheldon, realizou, na década de 40, uma pesquisa
com 4.000 estudantes da Universidade de Harvard com o objetivo de identificar
tipos físicos. Para isto, procedeu o levantamento dos dados antropométricos e
187
fotografou esta população, encontrando três características dominantes:
····· EctomorfoEctomorfoEctomorfoEctomorfoEctomorfo - Tipo de formas longas e finas, esguio, com um mínimo de gordura
e pouca definição muscular.
····· MesomorfoMesomorfoMesomorfoMesomorfoMesomorfo - Tipo de forma física angulosa, com músculos bem delineados e
aparentes, com ângulo bem marcado e pouca gordura subcutânea.
- Endomorfo- Endomorfo- Endomorfo- Endomorfo- Endomorfo – Tipo de formas arredondadas e macias, com grande depósito
de gordura.
A Figura 6.5, apresentada por CRONEY (1978), representa estes três tipos básicos
do corpo humano. O autor afirma que a maioria das pessoas não pertence
rigorosamente a nenhum destes três tipos físicos, mas apresentam uma mistura
de tais características.
Figura 6.5 – Os três tipos básicos do corpo humano encontrados por Sheldon em
1946 (CRONEY, 1978).
188
· Considerando as diferenças individuais, apresente dez aspectos fisiológicos
que os seres humanos normalmente diferem uns dos outros.
· Identifique cinco produtos que são disponíveis em diferentes tamanhos de
forma a adequar as diferenças fisiológicas dos usuários. Que tipo de variações
no tamanho são disponíveis? Existem produtos que apresentam
inconveniência no uso por conta do tamanho?
· Que dificuldades podem ocorrer na casa, na escola ou na fábrica se os designers
considerarem apenas a pessoa média? Comece considerando as portas.
6.4 A Falácia do Homem Médio
De acordo com HERTZBERG (1968), não existe uma coisa conhecida como
“homem médio” ou “mulher média”. Existem homens que estão na média em
relação ao peso ou estatura, mas somente 4% da população corresponde à média
em relação a três dimensões, e apenas 1% da população estará na média ao
considerarmos quatro dimensões. A fração torna-se insignificantemente pequena
à medida que se aumenta o número de dimensões incluídas.
Não existe nenhum homem que tenha 10 dimensões médias. Assim, o conceito
de homem médio é fundamentalmente incorreto, porque tal criatura não existe.
Temos, portanto, de considerar que ninguém é médio em relação a todas as
dimensões, e poucas pessoas o são para algumas.
Ninguém é médio com relação a todas as dimensões e poucas pessoas o são
para algumas.
Ao projetar para uma pessoa média, corre-se o risco de estar privilegiando
50% da população e prejudicando os 50% restantes.
189
Existem certos tipos de equipamentos e produtos em que se trabalha com o valor
médio. O percentil 50%, por sua vez, representa bastante aproximadamente o
valor médiode uma dimensão para certo grupo mas, em nenhuma circunstância,
deve ser mal interpretado, afirmando-se que este valor corresponde à dimensão
corporal indicada do homem médio.
Por outro lado, deve-se ter em mente que ao trabalhar com o valor médio, isto
não significa satisfazer a todas as pessoas, mas que, coletivamente, causará menos
inconvenientes e dificuldades que os que ocorreriam caso se trabalhasse com o
percentil maior ou menor.
6.4.1 Percentis
Estatisticamente, as medidas do corpo humano de qualquer população dada,
distribuem-se em algum lugar pelo meio da curva de distribuição, enquanto um
pequeno número de medidas extremas distribuem-se em uma das extremidades
do espectro.
Um projeto que atenda à faixa de usuários que compreenda todo o espectro –
100% - da população apresenta-se como técnica e economicamente inviável. Por
conta disto, num projeto objetiva-se, em princípio, a adaptação às características
dimensionais de no mínimo 90% dos usuários; ou seja, as pessoas cujas dimensões
variam entre os percentis 5% e 95%.
Por conta da pequena probabilidade de incidência, os dois extremos da população
são desconsiderados. Para isto, a maioria dos dados antropométricos é, em geral,
apresentada sob forma de percentispercentispercentispercentispercentis. A população é dividida em 100 categorias
percentuais, a partir da menor para a maior, em relação a algum tipo específico de
dimensão corporal.
Esta distribuição dos dados antropométricos aproxima-se de uma curva simétrica
em forma de sino (Curva de Gauss ou Curva Normal) e significa que a maior
190
porcentagem da população encontra-se localizada em torno da área central da curva.
A Figura 6.5 apresenta a curva de distribuição da altura de uma dada população.
Figura 6.5 - Exemplo de um Histograma de distribuição da altura de uma dada
população.
6.4.2 Cuidados a se Observar na Utilização dos Valores dos
Percentis
No projeto de um produto, máquina ou equipamento, o ideal seria dimensioná-los de
forma a adequar toda a população de usuários. No entanto, isto seria economicamente
inviável.Desta forma recomenda-se identificar a população de usuários, as funções que
o produto irá cumprir e as circunstâncias de uso. Geralmente não se utilizam todas as
medidas que compõem a distribuição da população (percentis 1 a 99) e sim, desprezam-
se os extremos (5% superior e 5% inferior), compreendendo 90% de toda a população.
Esta é uma solução de compromisso, portanto não ideal, mas que não trará grandes
transtornos para este grupo.
Uma medida do 5%il significa dizer que 5% das pessoas medidas têm dimensões
inferiores a este padrão, e que 95% possuem dimensões superiores a este padrão
de 5%. Uma medida do 95%il significa dizer que 95% das pessoas medidas
possuem dimensões inferiores a este padrão, e que apenas 5% têm dimensões
superiores aos 95%.
191
Assim, apresentamos certos cuidados na utilização dos valores dos percentis:
[i] Um percentil é um ponto de uma escala de percentagem cumulativa para
uma população especificada.
····· A estatura que corresponde ao valor do 95%il de um grupo particular
(população ou amostra) pode ser maior ou menor que a estatura
correspondente ao valor do 95%il de outro grupo particular.
[ii] Percentis antropométricos em indivíduos reais referem-se a uma, e somente
uma, dimensão do corpo.
····· O valor do 95%il da altura não nos permite concluir que este indivíduo terá
os valores do 95%il de altura do cotovelo, de altura de joelho, profundidade
do tronco ou circunferência da cabeça.
[iii] Um percentil é uma escala ordinal.
····· Ela mostra a ordem de uma graduação numa escala, mas por si mesma, esta
escala não dá nenhuma informação sobre os intervalos entre os pontos de
graduação. Assim, em relação a algumas dimensões quaisquer, o intervalo
entre 70 e 75%il pode ser somente 0.5 cm, enquanto o intervalo entre 95 e
o 99%il pode ser 5 cm.
····· Vale esta observação como advertência para evitar que ao se conhecer a
diferença entre os percentis 90º e 95º,use-se este valor dividido por dois,
para obter o do 92,5%il.
[iv] Os valores de graduações de percentis conhecidos não devem ser usados
para inferir valores de variáveis cujos valores não são conhecidos.
····· A soma ou subtração de valores de partes do corpo para inferir o valor de um
segmento maior ou menor conduz a resultados espúrios.
Ex.: A tentativa de obter o valor do 95%il do comprimento do braço superior (ombro-
cotovelo), a partir da diferença entre o valor do 95%il da altura do ombro e o
valor do 95%il da altura do cotovelo, apresenta um erro de 2,79 cm.
Recomenda-se não realizar operações aritméticas com os percentis, pois poderá
causar graves erros projetuais.
192
6.5 Antropometria Estática e Dinâmica
Os designers usam tanto as informações da antropometria dinâmica quanto da
estática na melhoria das interfaces usuários-produtos, máquinas e equipamentos.
Por exemplo, no design de uma estação para uso de computador devem-se
considerar medidas estáticasestáticasestáticasestáticasestáticas como a altura entre a superfície de assento e o
computador, o alcance entre o usuário e o teclado, os movimentos da cabeça e do
corpo requeridos para ler e escrever , etc. No design de uma cozinha, haverá a
necessidade de se considerar uma série de atividades dinâmicasdinâmicasdinâmicasdinâmicasdinâmicas como as que
permitem que o usuário se incline para baixo ou para cima para alcançar os armários,
se inclina sobre a bancada e a pia, e se mantenha de pé enquanto prepara a comida.
Em ambos os casos os designers necessitam estabelecer o quanto as pessoas podem
se mover e inclinar de forma confortável. Isto significa que os designers precisam
estabelecer o envoltório de alcanceenvoltório de alcanceenvoltório de alcanceenvoltório de alcanceenvoltório de alcance das pessoas para as quais se está projetando.
De maneira geral, a única forma de se definir este envoltório é através do uso de
manequins antropométricos em escala e a construção de mock-ups de teste.
Figura 6.6 – Exemplo de trabalho com componentes estáticos preponderantes
(escritório) e com componentes dinâmicos mais acentuados (cozinha).
193
6.5.1 Antropometria Estática
A maioria das tabelas antropométricas disponíveis apresentam dados referentes
à antropometria estática, como , por exemplo, DIFFRIENT et al. (1978),
DREYFUSS ASSOCIATES (2005), INT (1988), PANERO e ZELNIK (2002). Os
dados da antropometria estática referem-se às dimensões físicas do corpo humano
parado ou com poucos movimentos. Lida com as dimensões estruturais do corpo,
tomadas com os sujeitos em posições fixas e estandardizadas: alturas, larguras,
comprimentos e perímetros. A antropometria estática deve ser aplicada ao projeto
de objetos sem partes móveis ou com pouca mobilidade, como no caso do
mobiliário em geral.
No Brasil, foram realizados apenas levantamentos parciais com amostras da
população brasileira. Como exemplo, citamos:
( i ) o estudo realizado por IIDA e WIERBICKI (1973), que mensurou 17 variáveis
antropométricas numa amostra de 257 homens e 320 mulheres da linha de
produção da Philips do Brasil, na cidade de Guarulhos, S.P.
( ii ) o estudo conduzido pelo Instituto Nacional de Tecnologia – INT junto a 3100
trabalhadores (adultos e do sexo masculino) em 26 empresas da indústria de
transformação do estado do Rio de Janeiro (INT, 1988).
Embora ambas as pesquisas tenham importância pelo seu pioneirismo e uso de
procedimentos metodológicos científicos, não se pode afirmar que representem
a população brasileira.
No Brasil, ainda não existem medidas antropométricas normalizadas que
representem toda a população brasileira.
194
Na sua opinião, porque ainda não dispomos de medidas antropométricas
abrangentes e confiáveis que possam representar a população brasileira do
Oiapoque ao Chuí?
Alguns autores brasileiros (IIDA, 1990; GUIMARÃES, 2004 e MORAES, 2004),
afirmam que, na falta de dados brasileiros, pode-se recorrer a tabelas estrangeiras
com pouca probabilidade de se errar. IIDA (op.cit) comenta que,comparando o
levantamento realizado na Philips brasileira (IIDA e WIERBICKI ,1973) com a
matriz holandesa, a diferença constatada foi de, no máximo, 3% das medidas.
GUIMARÃES e BIASOLLI (2000), com base num estudo realizado com
trabalhadores da indústria automobilística John Deere Brasil, situada no Rio Grande
do Sul, concluíram que muitas medidas eram aproximadamente iguais às da
população americana, a partir dos dados de PANERO e ZELNIK (1993).
Na falta de dados antropométricos que representem a população brasileira,
recomenda-se o uso dos dados estrangeiros, obedecendo uma certa cautela.
O dados da antropometria estática, fornecidos através das tabelas antropométricas,
são largamente utilizados no projeto de produtos, equipamentos, postos de
trabalho, etc. Sua adequação dependerá de uma compatibilidade entre as medidas
encontradas no elemento máquina e as requeridas no elemento humano do
sistema humano-tarefa-máquina. Assim, a altura de uma bancada ou cadeira de
trabalho pode estar adequada para uma pessoa alta e não para uma pessoa baixa.
Esta inadequação pode ter como conseqüência as tensões musculares, dores,
fadiga e doenças ocupacionais. Uma adequação no posto de trabalho, que
considere estas diferenças dimensionais, pode evitar tais constrangimentos físicos
e eliminar riscos ergonômicos.
MORAES (1983), em sua dissertação de mestrado, realizou um levantamento
das variáveis antropométricas apresentadas por diversos autores e sistematizou a
195
informação em figuras e tabelas. A Figura 6.7, a seguir, apresenta um exemplo de
medidas antropométricas estáticas com as variáveis correspondentes. Na figura,
podemos ver um exemplo de um manequim contendo os pontos de referência
de cada variável antropométrica, definidos por códigos, e uma tabela que
apresenta: o nome de cada variável; os pontos anatômicos que as delimitam; a
aplicação projetual; os percentis indicados para a sua correta aplicação; os valores
de cada percentil (para homens e mulheres); e a fonte na qual tal dado foi obtido.
Figura 6.7 - Ilustração das variáveis antropométricas estáticas para o sujeito de pé,
na vista frontal (MORAES, 1983),
196
Tabela 6.1 - Medidas antropométricas estáticas para o sujeito de pé, na vista
frontal (MORAES, 1983),
Observações necessárias para a correta seleção e aplicação de dados
antropométricos:
····· Observe as denominações padronizadas referentes aos pontos limites de cada
variável.
Ex.: largura do ombro com largura bi-deltóide, quando se deseja a largura do
tronco.
····· Proceda a aplicação correta de cada variável antropométrica na definição das
dimensões de projeto.
Ex.: a altura da cavidade popliteal com relação à altura da superfície do assento.
····· Realize a correta seleção do percentil em função das restrições impostas pela
relação do ser humano com o produto.
197
Ex.: a seleção do 5%il da profundidade da cavidade popliteal, na profundidade do
assento, de modo a evitar desconforto e dificuldades na circulação sangüínea,
ou a seleção do 95%il da largura dos quadris aplicado a largura do assento, de
modo a acomodar os usuários maiores.
····· Use manequins antropométricos bi ou tri-dimensionais no layout do posto de
trabalho, em função das necessidades de espaço dos indivíduos maiores e das
restrições de alcance impostas pelos menores.
Usando estas recomendações, pode-se concluir que os dados obtidos na literatura
estrangeira podem ser operados e aplicados à população brasileira.
Atenção: Na falta de medidas, não saía por aí fazendo seu próprio levantamento
antropométrico.
A falta de rigor científico e instrumentos adequados no levantamento antropométrico
faz com que se incorra em dois tipos de erros: falta de representatividade amostral
e procedimento técnico inadequado, devido ao uso incorreto do instrumental e
treinamento inadequado daqueles que irão realizar a medição.
Obtenção das medidas antropométricasObtenção das medidas antropométricasObtenção das medidas antropométricasObtenção das medidas antropométricasObtenção das medidas antropométricas
Os métodos de obtenção de medidas antropométricas se classificam basicamente
em métodos diretos e indiretos.
Métodos diretosMétodos diretosMétodos diretosMétodos diretosMétodos diretos
Envolvem contato direto de instrumentos antropométricos (antropômetros) com
a superfície do corpo. A Figura 6.8 apresenta exemplos de alguns antropômetros:
Além destes, também é muito comum o uso da fita antropométrica.
198
Figura 6.8 – Instrumentos para a medição antropométrica: [a] antropômetro; [b]
réguas curvas para antropômetro; [c] calibrador extensível e [d] compasso
deslizante.
Os antropômetros constituem geralmente de uma haste, como pode ser visto
nas figuras acima, com um ou mais conjunto de réguas com escalas, montados a
certo ângulo, de forma a percorrer a haste na qual está montado. A montagem
das réguas de escala também permite ajustes deslizantes perpendiculares à haste.
As réguas podem ser retas ou curvas e marcadas em milímetros e centímetros.
A maior parte dos antropômetros usa uma das seguintes técnicas de medição:
····· Aproximar a superfície da régua com escala para um leve toque com a pele,
como na medição da largura bi-deltóide, por exemplo.
····· Aplicar uma pressão firme contra a pele, na protuberância do osso, como na
medição da largura cotovelo a cotovelo.
É necessário um treinamento exaustivo para que se aprenda como localizar
adequadamente os pontos de medição, especialmente aqueles determinados
pela apalpação com os dedos. A Figura 6.9, a seguir, apresenta exemplos do uso
de antropômetros para a medição de segmentos do corpo humano
199
Figura 6.9 – Exemplo do uso de antropômetros na obtenção de medidas do corpo
humano: [A] largura da mão, [B] largura horizontal do rosto e [C] estatura [foto].
Métodos indiretosMétodos indiretosMétodos indiretosMétodos indiretosMétodos indiretos
Os métodos indiretos envolvem fotos do corpo ou partes dele contra uma malha
quadriculada, marcada em escala, sobre uma superfície, para registro do corpo
no plano de referência. De acordo com ROEBUCK (1995), embora simples, tais
métodos facilitam o registro e são úteis aos propósitos da engenharia.
A figura abaixo apresenta uma ilustração do uso do método. Pode-se observar
que a malha em escala nos dois planos torna possível localizar os pontos nas duas
dimensões, de forma imediata e direta, quando se segura um simples bloco de
madeira, ou outro material rígido, apoiado em direção à malha de medição. Se o
bloco também possui uma escala orientada perpendicularmente à superfície que
contém a malha de medição, pode-se, então, ler três coordenadas com uma
simples medição.
200
Figura 6.10 – Obtenção de medida antropométrica através de método indireto
ROEBUCK (1995).
Outra forma de se obter os dados antropométricos é através de medidas obtidas
por modelagens computadorizadas ou sistemas de escaneamento corporal. O
desenvolvimento destas técnicas tem focado a atenção sobre as antigas e atuais
deficiências no recolhimento dos dados antropométricos. Pareceres e aplicação
de métodos criaram novas demandas para dados mais detalhados e integrados.
A fotogrametria digital é uma técnica utilizada para a modelagem computadorizada
com o objetivo de reconstruir a imagem tri-dimensional do corpo humano numa
imagem bi-dimensional. Neste contexto, desponta o software DIGITA, uma
metodologia para análise antropométrica estática, que utiliza técnicas e requisitos
da fotogrametria. Sua metodologia é composta por dois softwares, sendo um
programa que permite gerar uma base de dados e um programa de coleta e
armazenamento de informações em uma base de dados.
201
Assim, o Sistema DIGITA, criado no Departamento de Ergonomia da Faculdade
de Motricidade Humana da Universidade Técnica de Lisboa, surge como uma
ferramenta que possibilita o registro e a localização dos pontos de referência
antropométricas no espaço, obtidos a partir de fotografias digitais. A Figura 6.10
apresenta um detalhe do software. Numa pesquisa realizada com 200indivíduos
na cidade de Recife, BARROS (2004) validou o uso do Sistema Digita, obtendo
dados de19 segmentos antropométricos da amostra.
Figura 6.10 – Detalhe da janela principal do software DIGITA., onde: (A) Ficha do
indivíduo; (B) Indicação do arquivo de imagens; (C) Calibração e calibrador da
imagem; (D) Medidas anatômicas; (E) Zoom; BARROS (2004).
Dentre os sistemas de escaneamento digital, cita-se o CAESAR (Civilian American
and European Surface Anthropometric Resource), que é um projeto que usa
tecnologa digial 3D para a captura de milhares de pontos do corpo humano. O
seu objetivo é prover dados para serem disponibilizados em softwares de CAD.
Que saber mais sobre o CAESAR? Visite o site: www.sae.org/caesar.
202
6.5.2 Antropometria Dinâmica
A antropometria dinâmica mede os alcances dos movimentos. Embora os
movimentos de cada parte do corpo sejam medidos mantendo-se o resto do
corpo estático, observa-se que, na prática, cada parte do corpo não se move
isoladamente, mas há uma conjugação de diversos movimentos para se realizar
uma função. O alcance das mãos, por exemplo, não é apenas limitado pelo
comprimento dos braços. Ele envolve também o movimento dos ombros, rotação
do tronco, inclinação das costas e o tipo de função que será exercida pelas mãos.
Poucas tabelas apresentam dados de antropometria dinâmica, como é o caso de
PANERO e ZELNIK (2002) e DREIFUSS ASSOCIATES (2005). Tais dados
expressam dimensões relacionadas a medidas funcionais que envolvem
características tridimensionais, como é o caso dos alcances e movimentos.
Muitas técnicas para o registro do movimento são utilizadas através de gravação com
recursos de filmagem e fotografia. Um exemplo é quando se utiliza o recurso de
fotografias seqüenciais, disponível em diversas câmeras fotográficas. Através deste
recurso, com uma pequena luz na parte do corpo que se deseja registrar o movimento,
deixa-se o obturador da câmera aberto e têm-se o movimento realizado pelo corpo
com destaque para o ponto de luz. Outra forma de registro, mais simples e direta, é
através de riscos de caneta ou giz sobre uma folha de papel num determinado plano.
De acordo com IIDA (1990), o registro dos movimentos é geralmente realizado em um
sistema de planos triortogonais que compreendem os planos sagitais (verticais),
transversais (horizontais) e frontais (Figura 6.11). O alcance de uma mão poderá ser
registrado nestes três planos se forem conjugados entre si. A Figura 6.12, apresenta
exemplos de registros nos planos transversais e sagitais para uma pessoa sentada. A
Figura 6.13 apresenta exemplos de registros nos planos transversais e sagitais para uma
pessoa de pé. Observa-se que estes registros podem oferecer dois tipos de alcance:
um para a área preferencial e outro para o alcance máximo. O primeiro corresponde ao
movimento realizado mais facilmente, apenas com o movimento dos braços, enquanto
o de alcance máximo envolve movimentos simultâneos do tronco e ombros.
203
Os registros de movimentos são importantes porque delimitam o espaço onde
deverão ser colocados os objetos, como os controles de máquinas ou peças
para montagens, que exigem manipulação freqüente (IIDA, 1990).
Figura 6.11 – Planos triortogonais para a definição dos registros dos movimentos
corporais (IIDA, 1990).
204
Figura 6.12 – Exemplo de registros da antropometria dinâmica nos planos
transversal e sagital para a definição de zonas preferenciais e máximas de alcance
para a posição sentada (IIDA, 1990).
Figura 6.13 – Exemplo de registros da antropometria dinâmica nos planos
transversal e sagital para a definição de zonas preferenciais e máximas de alcance
para a posição de pé (SEMINARA, 1979 apud IIDA, 1990).
205
A fisiologia utiliza alguns termos próprios para designar os movimentos musculares.
Os movimentos dos membros que tendem a se afastar do corpo ou de suas
posições normais de descanso chamam-se abdução e o movimento oposto, adução.
O movimento do braço acima da horizontal é elevação. O movimento do braço
para a frente é flexão e o movimento inverso, trazendo o braço acima da horizontal
é extensão. O movimento de rotação da mão, quando o polegar gira para dentro
do corpo, chama-se pronação, e quando gira para fora, chama-se supinação.
O uso da antropometria dinâmica nos espaços de trabalho
O design dos espaços de trabalho inclui o que se denomina como envelope de
alcance (incluindo aqui os alcances manuais e visuais). Trata-se de um espaço tri-
dimensional, onde tipicamente o operador manuseia produtos, controles e
monitora visualmente mostradores e monitores.
Muitos trabalhos são realizados em espaços reduzidos. Os limites de alcance são
definidores para os constrangimentos posturais e conseqüentes comprometimentos
físicos. Os limites dos alcances são definidos pelo alcance das mãos e olhos, a
limitação biológica de alcance (limitada pela capacidade de alcance dos braços e
mãos) e a natureza da tarefa a ser desempenhada. De maneira geral, os fatores
que determinam o dimensionamento do espaço de trabalho são a postura e o
tipo de atividade desempenhada.
Projetos dimensionalmente inadequados de máquinas, assentos ou bancadas
de trabalho obrigam o trabalhador a assumir posturas impróprias.
A área de alcance sobre uma superfície de trabalho pode ser traçada a partir de
um arco horizontal de preensão e a área da altura da superfície. De acordo com
GRANDJEAN (2005), o espaço de preensão mais próximo, onde devem ocorrer
as ações mais importantes ou freqüentes deverá estar dentro de um raio de 35
cm para os homens e 45cm para as mulheres. (Figura 6.14).
206
Figura 6.14 – Área de trabalho proximal e distal para homens e mulheres
(GUIMARÃES, 2004).
Dimensão ocultaDimensão ocultaDimensão ocultaDimensão ocultaDimensão oculta
De acordo com HALL (1977), um ambiente é composto de três dimensões:
····· Área 1 – a área imediata da superfície de trabalho
····· Área 2 – a área de alcance distal (alcance do braço)
····· Área 3 – espaço “oculto” limite.
Um recinto fechado que só permite movimento dentro da área 1 é considerado
como confinado. Quando se amplia para a área 2, considera-se como pequeno.
Na área 3, considera-se como adequado e, em alguns casos, amplo. Um espaço
é considerado adequado quando as pessoas conseguem se movimentar nele,
sem esbarrar em pessoas ou objetos. Dependendo da cultura, a maioria das
pessoas detestam ser tocadas ou esbarradas.
Denomina-se proxêmica o estudo das distâncias que as pessoas procuram
manter dependentemente de contextos sócio-culturais diversos.
207
Classificam-se as distâncias ocultas, em função da cultura de cada povo, em:
····· Distância íntima – representa a fase mais próxima de contato interpessoal
associada a amor, luta, conforto, proteção.
····· Distância pessoal – representada pela fase próxima, de 50 a 80cm que pode
ser idealizada pela forma de uma bolha imaginária ao redor de cada um.
····· Distância social – É a fase na qual são realizados negócios impessoais, reuniões
sociais, distância em local de trabalho. Na fase próxima, apresenta a distância
de 1,20m a 2,10m. Na fase afastada, de 2,10m a 3,50m. Esta última é
configurada pela distância em situação de negócios mais formais.
····· Distância pública – Na fase próxima, de 3,50m a 7,50m, torna-se possível a
ação de fuga ou defesa. Na fase afastada, de 7,50m ou mais, é estabelecida a
distância de figuras públicas importantes.
De acordo com GUIMARÃES (2004), no meio ambiente de trabalho, a arquitetura
do espaço pode impedir ou facilitar as distâncias interpessoais, oportunizando o
surgimento de problemas tais como falta de privacidade em escritórios do tipo
aberto (panorâmico). Barreiras arquitetônicas são elementos construídos que se
tornam obstáculos ao ser humano enquanto ser social e trabalhador.
Para saber mais sobre as dimensões ocultas:
PANERO, J. e ZELNIK, M. Dimensionamento humano para espaços
interiores: um livro de consulta e referência para projetos. Barcelona,
Gustavo Gili, 2002, págs. 38-43.
6.6 Princípios para a Aplicação de Dados AntropométricosIIDA (1990) apresenta quatro princípios básicos para a aplicação dos dados
antropométricos, descritos a seguir:
208
11111ooooo. P. P. P. P. Princípio: Princípio: Princípio: Princípio: Princípio: Projeto para o tipo médiorojeto para o tipo médiorojeto para o tipo médiorojeto para o tipo médiorojeto para o tipo médio
····· Não existe indivíduo médio. A pessoa média é uma abstração matemática obtida
de medidas quantitativas como peso ou estatura.
····· Projetar para uma pessoa média pode conduzir a erros grosseiros: 50% de
qualquer grupo (maior ou menor) sofrerá prejuízos ao utilizar um produto
dimensionado para o 50%il. Ex.: os menores que 50% não alcançarão um
controle projetado para o operador do 50%il ou, no caso do projeto de uma
cadeira para acomodar a mulher do 50%il, a outra metada que tem quadris
maiores não se acomodarão confortavelmente.
····· Uma pessoa pode estar na média em uma ou duas dimensões corporais mas,
por conta de não haver correlação perfeita entre os diversos segmentos do
corpo, é virtualmente impossível encontrar alguém na média em mais que
poucas dimensões.
· Apesar disto, existem certos tipos de problemas que podem ser razoavelmente
resolvidos considerando a média dos valores antropométricos observados. Tal
situação envolve trabalhos onde não é apropriado projetar para um extremo
da população ou o fornecimento de ajustes não é a melhor opção. Ex.: esteira
de um caixa de supermercado, banco de praça, etc.
····· O projeto para o tipo médio deve ser feito após cuidadosa avaliação da situação
e nunca como a opção mais fácil para o projeto.
22222ooooo. P. P. P. P. Princípio: Design para os indivíduos extremosrincípio: Design para os indivíduos extremosrincípio: Design para os indivíduos extremosrincípio: Design para os indivíduos extremosrincípio: Design para os indivíduos extremos
····· Tente acomodar toda (ou virtualmente toda) a população de usuários extremos
ao produto, equipamento, ou posto de trabalho.
····· Projetar para as populações máximas ou mínimas significa acomodar toda (ou
virtualmente toda) população de usuários (máximo ou mínimo) a uma
característica do projeto.
Exemplo de projeto para a população máxima: altura de portas, saídas de
emergência, robustez de equipamentos de apoio (escadas de corda, bancos
de trabalho, etc.).
Exemplo de projeto para a população mínima: alcance do botão de controle
do operador e a força requerida para operar um controle.
209
A Figura 6.14 apresenta um exemplo de projeto seguindo este princípio: o batente
de porta. Seguindo este exemplo, observa-se que um batente de porta é projetado
para a estatura do maior usuário (percentil 95%, altura de 1,82 m) pois, deste
modo, todos os menores que esta estatura serão contemplados. Neste projeto,
considera-se 2,10 m para permitir a passagem de cargas.
Figura 6.14 – Exemplo de projeto utilizando o 2º. Princípio – Design para os
indivíduos extremos (IIDA, 1990).
33333ooooo. P. P. P. P. Princípio: Design para faixas da populaçãorincípio: Design para faixas da populaçãorincípio: Design para faixas da populaçãorincípio: Design para faixas da populaçãorincípio: Design para faixas da população
····· Alguns equipamentos podem ter certas medidas ajustáveis para se acomodar
melhor aos seus usuários. Ex. assentos de automóveis, cadeiras de escritórios,
alturas de mesas e bancadas de trabalho, apoio para os pés, etc.
····· No projeto de tais equipamentos, é comum se fornecer o ajuste que contemple
da mulher do 5o. percentil ao homem do percentil 95 da característica relevante
da população (altura do assento, alcance dos braços, etc.).
210
····· Geralmente, o projeto para faixas da população é o método de design preferido,
mas nem sempre é possível por conta dos custos.
····· Esta opção de design é uma solução de compromisso entre aumentar o conforto
e não aumentar demasiadamente o custo.
44444ooooo. P. P. P. P. Princípio: Design para o indivíduorincípio: Design para o indivíduorincípio: Design para o indivíduorincípio: Design para o indivíduorincípio: Design para o indivíduo
····· Existem casos de produtos projetados especificamente para um indivíduo. Tais
casos são raros no meio industrial.
Ex.: aparelhos ortopédicos, sapatos maiores que o tamanho 44, roupas feitas
sob medida, etc.
Do ponto de vista industrial, quanto mais padronizado for o produto, menores
serão os seus custos de produção e de estoque. Assim, as aplicações do primeiro
e segundo princípios são mais econômicas. O custo aumenta consideravelmente
para o terceiro princípio, sendo praticamente proibitivo para o quarto princípio.
No projeto de um produto, o ideal seria dimensioná-lo de forma a atender 100%
da população usuária. No entanto, isto representa um aumento nos custos da
produção para atendimento dos poucos usuários de características de menor
intensidade. As análises de custo/benefício indicam que soluções de compromisso
precisam ser estabelecidas.
6.7 Manequins Antropométricos
São representações bi ou tridimensionais das formas humanas usadas para
representar o corpo humano em situações de projetos de posto de trabalho, uso
de produtos ou equipamentos. Fornecem condições para a visualização da relação
espacial do homem na situação de projeto e, ao mesmo tempo, atuam como uma
ferramenta de medição e avaliação de dados numéricos relacionados à análise e
design dos fatores humanos.
211
Os manequins antropométricos são úteis após a definição do perfil informacional
e acional para se posicionar o usuário(a) ou trabalhador(a) com relação aos seus
equipamentos e mobiliários. Eles possibilitam definir o perfil configuracional,
possibilitando plotar alturas, larguras, profundidades e entornos do posto de
trabalho ou local de lazer.
Os manequins bidimensionais são formas articuladas, feitas de plástico
transparente, úteis quando se projeta usando papel e caneta. São feitos em escala
que varia de 1/20 a 1/1 (Figura 6.15).
Os manequins tridimensionais são modelos computadorizados ou bonecos em
escala natural representando as formas humanas usados para checar o
dimensionamento de situações de trabalho e visualizar as relações espaciais do
modelo com o ambiente (Figura 6.16). São usados para simulação de força e
podem acoplar dispositivos eletrônicos para medir situações de desconforto, calor,
simulação de movimentos, etc. O seu uso inclui o estudo de conforto de assentos,
simulação de acidentes automobilísticos e verificação de espaços de trabalho.
Modelos computadorizados são úteis apenas nas fases iniciais do projeto.
De acordo com MORAES (2004), os manequins antropométricos são
particularmente úteis após se definir o perfil informacional e acional que acomodará
os usuários(as)/trabalhador(a) extremos(as) no posto de trabalho ou ambiente de
lazer. Neste momento, são plotadas as dimensões referentes às alturas, larguras,
profundidades e entornos. Para isto, podem ser utilizados alguns softwares CAD
de antropometria. Como exemplo, citamos o SAMMIE, que foi desenvolvido em
conjunto pelas Universidades de Loughborough e Nottingham, na Inglaterra (Figura
6.17).
212
Figura 6.15 – Exemplo de manequins antropométricos bidimensionais.
Figura 6.16 – Exemplo de manequins antropométricos tridimensionais.
213
 
 
Figura 6.17 – Exemplo do SAMMIE, manequim antropométrico tridimensional
desenvolvido na Inglaterra.
Recomendações para a seleção e aplicação de dados
antropométricos
• Defina a aplicação correta de cada variável antropométrica na definição das
dimensões de projeto. Ex.: a altura da cavidade popliteal com relação à altura
da superfície do assento.
• Defina a população para o uso do equipamento ou da facilidade. Isto estabelece
a extensão dimensional que precisa ser considerada. Ex.: crianças, mulheres,
diferentes grupos de idades, população mundial, diferentes raças.
• Determine que princípio deve ser aplicado. Ex.: design para o tipo médio,
design para indivíduos extremos, design para faixas da população ou design
para o indivíduo.
• Quando relevante, selecione a percentagem da população aser acomodada
(por exemplo, 90%il, 95%il) ou que seja relevante para o problema.
• Identifique as tabelas antropométricas apropriadas para a população e extraia
os valores relevantes.
214
• Para o uso de tabelas, observe: a) o país onde foram tomadas as medidas; b)
os tipos de atividades exercidas pelas pessoas que foram medidas; c) a faixa
etária; d) a época e e) as condições da mensuração (sujeitos vestidos, nus,
semi-nus, com sapatos, descalços, etc.).
• Se roupas especiais devem ser usados no local de trabalho, adicione a porção
referente a roupa (algumas das quais estão disponíveis na literatura
antropométrica).
• Construa mock-ups e modelos (de preferência em escala 1 X 1) do
equipamento ou facilidade que estiver sendo projetado.
• Simule a realização da tarefa com os usuários menores e maiores usando o
mock-up ou modelo.
Manequins antropométricos não se coçam!
Todos os dados antropométricos do mundo não são capazes de substituir um
mock-up em escala natural.
Considerando que agora você já sabe como dimensionar a interface humano-
tarefa-máquina, agora precisaremos apresentar para você a conseqüência de uma
eventual não adequação desta interface. Isto se expressa através dos custos
humanos do trabalho. Este será o tema da nossa próxima Unidade.

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