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24/04/2024, 10:40 DEM_CAPTIM_21_E1 https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_CAPTIM_21/unidade_1/ebook/index.html 1/25 Captação de Imagem Unidade 1 – Linguagem cinematográfica Autora: Havane Melo Iniciar Introdução Estamos experimentando uma fase de grande abertura na produção audiovisual com a popularização dos meios de captura e dos suportes para vídeo em diversas plataformas na internet e serviços de streaming . São transformações enérgicas com surgimento de novas tecnologias que permitem a veiculação de pequenas, médias e grandes produções com diferentes direcionamentos. Em decorrência dessa ampliação na forma da circulação de conteúdo, cada vez mais há a necessidade da aplicação da linguagem pertinente e do domínio de técnicas de captação e edição de imagem para a produção e vídeos. É possível captar imagens através de diversos dispositivos, desde celulares até câmeras mais complexas, com inúmeras possibilidades de combinações entre lentes, �ltros e acessórios de apoio que permitem variados efeitos e movimentos visuais. O estudo da captação de imagem visa aprender a dominar essas variáveis, a controlar 24/04/2024, 10:40 DEM_CAPTIM_21_E1 https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_CAPTIM_21/unidade_1/ebook/index.html 2/25 1. Linguagem cinematográfica A imagem constitui o elemento base da linguagem cinematográ�ca (1990, p.21). Por isso, Marcel Martin inicia sua clássica obra de título homônimo ao deste tópico, com uma interessante re�exão de cunho técnico-�losó�co acerca das especi�cidades desta modalidade de linguagem. Além da imagem, o som aparece como elemento crucial para a interpretação do signi�cado simbólico produzido pelos elementos. Isso porque é através dele que acrescentamos elementos da vida real à cena e estimulamos a percepção do público. Na unidade III, teremos um momento dedicado ao estudo da criação e captação de ambiências sonoras para a obra audiovisual. Logo nos primórdios dos estudos acerca do cinema, teóricos como Sergei Eisenstein e Vsevolod Pudovkin percebem que a característica mais inerente à imagem fílmica é o movimento, atrelado ao tempo e o espaço. A sequência de imagens é o que origina a narrativa e dá sentido à vivência do espectador perante à obra apresentada. Esse conjunto de elementos – imagem, som e movimento – é o que desperta o sentimento as interferências externas como o som e a luz e a trabalhar a narrativa de modo a cativar o espectador a acompanhar um trabalho. O mais importante nesse momento do estudo é conhecer as principais técnicas da captação de imagem e munir-se de referências. Para tanto, vamos iniciar pela linguagem cinematográ�ca. Assim poderemos conhecer os principais planos e ângulos de câmeras, esquemas de composição e a importância da continuidade e do raccord . Ao longo do texto, vamos observar diversos exemplos que podem ampliar o repertório visual, fornecendo informações relevantes que podem ser aplicadas em casos concretos ou mesmo alimentar nossa bagagem cultural. Ademais, é uma disciplina prática, na qual a participação do aluno é essencial para uma vivência plena da aprendizagem. Sendo assim, além da leitura do material, é importante que o aluno consulte as referências citadas e pratique os exercícios propostos, colocando a câmera em mãos sempre que se sentir instigado. 24/04/2024, 10:40 DEM_CAPTIM_21_E1 https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_CAPTIM_21/unidade_1/ebook/index.html 3/25 de realidade, tornado a experiência de assistir a um �lme rica em experiências tanto visuais como psicológicas. Uma questão defendida por Martin diz respeito à imagem fílmica estar sempre no presente, posto fragmento da realidade exterior: Temos a prova imediata quando entramos no cinema com a sessão começada: se a ação que se apresenta aos nossos olhos constitui uma volta ao passado em relação à ação principal, evidentemente não a percebemos enquanto tal, e disso resulta a di�culdade na compreensão. Toda imagem fílmica está no presente: o pretérito perfeito, o imperfeito, eventualmente o futuro, são apenas produtos de nosso julgamento colocados diante de certos meios de expressão cinematográ�cos cuja signi�cação aprendemos a ler ( 1990, p.23-24 ). Outro fator determinante da linguagem cinematográ�ca é a câmera como equipamento de registro da realidade. Através dos movimentos, posicionamentos de ângulos e planos é possível interpor signi�cados para a narrativa visual. A câmera é móvel e pode representar a visão do espectador ou do personagem, seja como testemunha passiva ou como herói ativo, a depender das circunstâncias de seus posicionamento e manipulação. A forma como ela atua no cenário – através de planos, ângulos e enquadramentos – interfere nas possibilidades de interpretação. A seguir, vamos conhecer os principais planos e ângulos cinematográ�cos. 2. Planos e ângulos de câmeras O plano é a visão contínua, �lmada sem interrupção. Cada plano é uma tomada e pode ser determinado pela posição da câmera, conforme veremos a seguir. Se alguma recon�guração da captura da imagem é realizada, ou seja, se alteramos lente, movimento da câmera ou �lmamos uma nova ação, teremos então um novo plano. A cena é o lugar ou locação onde ocorre a ação. Pode ser formada por um plano ou por uma série de planos representando um acontecimento. Uma série completa de cenas ou planos forma uma sequência. 24/04/2024, 10:40 DEM_CAPTIM_21_E1 https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_CAPTIM_21/unidade_1/ebook/index.html 4/25 A parte de um plano cortada e usada separadamente é chamada de corte. Essa nomenclatura é utilizada para uniformizar a comunicação em estúdios, sets de �lmagem e ilhas de edição, favorecendo o entendimento entre os diversos pro�ssionais envolvidos em uma produção audiovisual. De acordo com o posicionamento da câmera, temos os seguintes tipos de planos: close-up , extreme close-up , two-shot , over-the-shoulder , ponto de vista, plongée , contra- plongée . 2.1. Planos de câmera O plano deve ser de�nido em relação ao objeto a ser �lmado e a sua imagem em proporção à área total de sua exibição na tela. As de�nições de planos que seguem não são absolutas e devem ser utilizadas para indicar o posicionamento da câmera que vai gerar a imagem a ser exibida na tela. Os planos não precisam ser extremos, ou seja, é possível que um plano aberto desemboque em um close através do movimento de câmera. De outro modo, os atores podem se aproximar ou se afastar da câmera. Todo o movimento pode ser considerado e gradualmente desenvolvido em uma produção audiovisual. Geralmente, essa parte �ca aos cuidados do diretor de fotogra�a em parceria com o diretor. A seguir, vamos explorar algumas de�nições de planos. No entanto, tenha em mente que as de�nições apresentadas não são absolutas. Elas representam algumas possibilidades que podem ser expandidas à medida que são aplicadas. 2.1.1. Grande Plano Geral Esse plano cobre uma grande área geral. É extenso em território e apresenta parte considerável do território, cenário ou acontecimento. Geralmente, é �lmado com câmera �xa, mas é possível ser coberto com panorâmica quando há uma ideia gradativa de exibição da imagem ou do interesse. 24/04/2024, 10:40 DEM_CAPTIM_21_E1 https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_CAPTIM_21/unidade_1/ebook/index.html 5/25 Planos enormes servem para ambientar o público e preparar a cena para o enquadramento a seguir, normalmente, uma visão geral da próxima cena, enquadrando ainda o ambiente e os primeiros personagens. Figura 1: MULHER Maravilha. Direção de Patty Jenkins. Estados Unidos. Fonte: Warner Bros. 2017. #PraCegoVer : na �gura existe uma das primeiras cenas do �lme Mulher Maravilha apresenta um grande plano geral da ilha de Themyscira , lar da raça Amazona, onde a protagonista Diana nasceu e cresceu escondida. 2.1.2. Plano Geral O importante desse planoé cobrir toda a área de ação: lugar, pessoas e objetos em cena. A composição tem a �nalidade de familiarizar o público apresentando quem são as pessoas, onde é o local e o que estão fazendo. 24/04/2024, 10:40 DEM_CAPTIM_21_E1 https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_CAPTIM_21/unidade_1/ebook/index.html 6/25 Figura 2: MULHER Maravilha. Direção de Patty Jenkins. Estados Unidos. Fonte: Warner Bros.2017. #PraCegoVer : na �gura, tem mulheres montadas a cavalo vestidas de forma medieval, sendo uma das mulheres sem capacete. Existe uma fonte na lateral inferior esquerda rodeada por vegetação e ao lado direito uma parede com imagens esculpidas. 2.1.3. Plano Médio Esse é um plano intermediário, cujo corte ocorre acima dos joelhos ou logo abaixo da cintura dos personagens. Funcionam bem em �lmagens televisivas ou equivalentes, pois apresentam toda a área de ação em uma margem restrita. Figur3: MULHER Maravilha. Direção de Patty Jenkins. Estados Unidos. Fonte: Warner Bros., 2017. #PraCegoVer : na �gura existem duas mulheres de costas em plano médio, ou seja, aparecem da cintura para cima, voltadas para uma porta fechada. 2.1.4. Close-up ou Plano detalhe O termo close-up tradicionalmente refere-se a pessoas. Inclui a cabeça e os ombros. O termo plano detalhe tanto a pessoas como a objetos. A aproximação pode reforçar a sensação de empatia, posto que a proximidade física é reservada àqueles que pertencem ao círculo íntimo de uma pessoa. Por outro lado, 24/04/2024, 10:40 DEM_CAPTIM_21_E1 https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_CAPTIM_21/unidade_1/ebook/index.html 7/25 se o personagem apresentado é um antagonista, podemos ressaltar o sentimento de rejeição através da ênfase na �sionomia em detalhes com signi�cados negativos. Quando utilizado em entrevistas, aproxima o entrevistado da audiência, reforçando a ideia de familiaridade. Figura 4: MULHER Maravilha. Direção de Patty Jenkins. Estados Unidos. Fonte: Warner Bros., 2017. #PraCegoVer : na �gura existe um close de uma menina, ou seja, o rosto e ombros dela estão destacados. 2.1.5. Two-shot O Two-shot ocorre quando dois personagens são �lmados no mesmo enquadramento. De acordo com a organização dos elementos, pode indicar harmonia ou desarmonia. Deste modo, a composição da cena auxilia na interpretação dos sentimentos. No caso de programas, shows ou entrevistas pode apresentar a interação de dois convidados em cena. Geralmente, o enquadramento corta na metade do tórax. Havendo mais atores na mesma cena temos um three-shot ou group-shot. 24/04/2024, 10:40 DEM_CAPTIM_21_E1 https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_CAPTIM_21/unidade_1/ebook/index.html 8/25 Figura 5: PSICOSE. Direção de Alfred Hitchcock. Estados Unidos. Fonte: Paramount Pictures, 1961. PB. 109 min. #PraCegoVer : Logo no início do �lme, conhecemos o relacionamento amoroso da protagonista através de vários enquadramentos no estilo two-shot. Na imagem existem duas cenas. A primeira cena esta em branco e preto e tem um homem e uma mulher em harmonia, olhando um para o outro, no mesmo foco em um cenário onde tem uma persiana fechada ao fundo. A segunda cena está em preto e branco, tem um homem e uma mulher em desarmonia, ou seja, não estão olhando um para o outro, o homem está sentado fazendo um gesto com as mãos e a mulher esta em pé de costas para ele em primeiro plano com a �sionomia de assustada. 2.1.6. Extreme close-up ou Primeiríssimo plano O primeiríssimo plano ressalta elementos detalhados, dando-lhes dimensões desproporcionais. Esse aspecto transmite signi�cados dramáticos para cenas e objetos, forçando a atenção do espectador para o peso daquela informação que está sendo transmitida. 24/04/2024, 10:40 DEM_CAPTIM_21_E1 https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_CAPTIM_21/unidade_1/ebook/index.html 9/25 Sua �nalidade é chamar a atenção para objetos e pessoas,apresentando um aspecto pouco usual da imagem. Também é utilizado para separarcenas, enfatizando a dramaticidade da narrativa. Figura 6: PSICOSE. Direção de Alfred Hitchcock. Estados Unidos. Fonte: Paramount Pictures. #PraCegoVer : na �gura existe uma sequência de suspense onde na primeira imagem aparece uma boca aberta, aparentando estar gritando de dor. Na segunda imagem aparece um olho com a câmera bem aproximada. 2.1.7. Over-the-shoulder O Over-the-shoulder ocorre quando a câmera é colocada por cima do ombro de um personagem, de modo que sua cabeça e ombro são vistos em primeiro plano e utilizados como recurso de enquadramento. Normalmente, esse personagem está de costas e temos outra pessoa sendo visualizada na mesma cena. É um plano que pode sugerir diferentes emoções como intimidade, tensão, imensidão, entre outros. O argumento é que vai auxiliar na interpretação do seu 24/04/2024, 10:40 DEM_CAPTIM_21_E1 https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_CAPTIM_21/unidade_1/ebook/index.html 10/25 signi�cado. Figura 7: PSICOSE. Direção de Alfred Hitchcock. Estados Unidos: Fonte: Paramount Pictures, 1961. PB. 109 min. #PraCegoVer : momentos em que a técnica over-the-shoulder é utilizada ao longo do �lme, geralmente em diálogos. Momentos em que a técnica over-the- shoulder é utilizada ao longo do �lme, geralmente em diálogos. Momentos em que a técnica over-the-shoulder é utilizada ao longo do �lme, geralmente em diálogos. Na �gura existe duas cenas, onde na primeira imagem tem um homem e uma mulher dialogando, a mulher está de costas em primeiro plano e o homem está de frente. Na segunda imagem, o homem está de costas em primeiro plano e a mulher está olhando para ele. Ambas as imagens estão em preto e branco. 2.1.8. Ponto de vista Esse plano pretende simular a visão subjetiva de um personagem, real ou �ctício. A lente é posta no nível dos olhos do personagem para que o público tenha a sensação 24/04/2024, 10:40 DEM_CAPTIM_21_E1 https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_CAPTIM_21/unidade_1/ebook/index.html 11/25 de que está vendo o que ele vê. Figura 8: ACOSSADO. Direção de Jean-Luc Godard. França, 1960. #PraCegoVer : na imagem tem duas cenas, onde na primeira imagem existe uma estrada rodeada de vegetação. Na segunda imagem tem um homem de chapéu, fumando um cigarro olhando diretamente para a câmera. Ambas as imagens estão em preto e branco. Outras nomenclaturas relativas aos planos cinematográ�cos ainda podem ser utilizadas, a saber: planos com câmera �xa; planos com câmera móvel; 24/04/2024, 10:40 DEM_CAPTIM_21_E1 https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_CAPTIM_21/unidade_1/ebook/index.html 12/25 planos de afastamento; planos de cobertura; planos de reação; planos descritos; planos frontais; planos neutros; primeiro plano; segundo plano. 2.1.9. Ângulos Os ângulos, juntamente com a iluminação, a profundidade de campo, o movimento de câmera e as pessoas em ação, são responsáveis pela noção de profundidade da imagem que é captura de forma bidimensional. A captura em ângulo de 45º favorece a noção de volume, pois a inclinação da câmera obtém melhor o efeito. Ainda assim, temos ângulos frontais, laterais, traseiros, oblíquos. A seguir, vamos conhecer os dois principais ângulos mais empregos na linguagem audiovisual e sua importância para a comunicação. 2.3.10. Plongée O plongée ocorre quando a câmera está voltada de cima para baixo, fazendo o objeto parecer menor ou o personagem mostrar-se vulnerável. Figura 9: PSICOSE. Direção de Alfred Hitchcock. Estados Unidos. Fonte: Paramount Pictures, 1961. 24/04/2024, 10:40 DEM_CAPTIM_21_E1 https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_CAPTIM_21/unidade_1/ebook/index.html 13/25 #PraCegoVer : na �gura existe o plongê direcionado para os pés da personagem que foi escolhido para mostrar o sangue escorrendo junto com a água que caída do chuveiro representando, assim,que a personagem havia sido gravemente ferida. 2.1.11. Contraplongée O plano contraplongée ocorre quando a câmera é colocada de baixo para cima, de modo a ressaltar o objeto ou personagem �lmado. Esse plano ressalta a dominância, imposição, relevância daquilo que está em destaque, ressaltando sua magnitude. Por outro lado, se associado a um ponto de vista pode demonstrar a fragilidade do personagem que observa o objeto em destaque. Figura 10: PSICOSE. Direção de Alfred Hitchcock. Estados Unidos. Fonte: Paramout PSICOSE. Direção de Alfred Hitchcock. Estados Unidos: Paramount Pictures, 1961. #PraCegoVer : na �gura existe ave empalhada e, assim, reforçar o ar sinistro da cena em contraste com �sionomia de um personagem homem. imagem em preto e branco. O tamanho da imagem e o posicionamento da câmera indicam a importância que os elementos da cena terão para o espectador e essas informações serão passadas através do ângulo escolhido. Convém esclarecer, no entanto, que o ângulo funciona 24/04/2024, 10:40 DEM_CAPTIM_21_E1 https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_CAPTIM_21/unidade_1/ebook/index.html 14/25 em associação ao plano e é a composição que formada que passará a mensagem a ser interpretada. 3. Composição A composição é a disposição dos elementos visuais no quadro da cena. É realizada pelo diretor de fotogra�a e pode ser composta por atores, objetos ou movimentos. A harmonização de todos esses aspectos visa gerar reações positivas no público, mantendo seu interesse na ação subsequente. A composição deve ser direcionada para o ponto de interesse da cena, em que se espera que do público a atenção mais concentrada. A composição pode abranger imagens estáticas ou cinematográ�ca. Imagens estáticas geralmente referem-se a fotogra�as, enquanto as cinematográ�cas a imagens em movimento. A qualidade deste segundo tipo de imagem mede-se por uma composição planejada e movimentos relevantes que auxiliam na compreensão narrativa. Não há desperdício de informações ou de ações desnecessárias. A composição de cena deve iniciar pelo posicionamento dos elementos visuais – cenário, objetos e atores – e seguir pela iluminação, determinação de movimentos de câmeras e atores, divisão da sequência em planos e, por �m, deliberação sobre os ângulos que vão cobrir a ação. 3.1 . Elementos de composição A linguagem da composição é formada pelos elementos: linhas, forma, massa e movimentos. 3.1.1. Linhas 24/04/2024, 10:40 DEM_CAPTIM_21_E1 https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_CAPTIM_21/unidade_1/ebook/index.html 15/25 As linhas formam o elemento mais básico de qualquer composição e estão presentes de forma abundante no espaço, seja em relação aos lugares ou aos objetos. Portanto, como regra fundamental, para tornar a composição mais interessante, as linhas reais não devem dividir a imagem em partes iguais. Em outras palavras, não devemos ter um elemento vertical ou horizontal no centro do �lme, cortando o quadro em dois. Devemos acomodar o objeto com linhas de modo que o espectador as reconheça de forma natural, através de um único alinhamento marcante na base, no topo ou na lateral. Cada tipo de linha desperta uma representação especí�ca como, por exemplo: Linhas retas – força, �rmeza, masculinidade; Linhas curvas suaves – feminilidade, beleza; Linhas diagonais paralelas - ação,energia; Linhas diagonais opostas – con�ito, etc. Figura 11: O ILUMINADO. Direção de Stanley Kubrick. Estados Unidos. Fonte: Warner Bros., 1980. #PraCegoVer : na �gura existe a longa linha sinuosa rodeada de vegetação da estrada que representa a distância que os personagens tiveram que percorrer para chegar ao distante Hotel Overlook , onde se passa a maior parte do �lme. 3.1.2. Formas 24/04/2024, 10:40 DEM_CAPTIM_21_E1 https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_CAPTIM_21/unidade_1/ebook/index.html 16/25 Todos os objetos, naturais ou arti�ciais, podem ser reduzidos a formas geométricas básicas. Para gerar uma composição harmônica, as formas físicas e abstratas devem ser consideradas, respeitando-se também sua profundidade. O triângulo é uma forma que possui diferentes interpretações, de acordo com seu posicionamento. Se a base é larga e está para baixo produz sensação de estabilidade, como uma pirâmide. Um triângulo baixo e de base larga, por exemplo, pode ser associado a montanhas. Ademais, o número três é muito agradável para o cérebro humano, tornando mais fáceis de montar composições criativas com três atores ou elementos no quadro, exigindo diferentes níveis de atenção do espectador. Figura 12: SETE anos no Tibet. Direção de Jean-Jacques Annaud. Estados Unidos: 1997. #PraCegoVer : na �gura existe montanhas que são formas naturais que podem ser equiparadas a triângulos com a base larga. Quanto mais íngreme, alta a ponta do triângulo. A forma circular ou oval mantém a atenção em todos os pontos da forma, fazendo com que o olhar passe por todos os objetos que estejam organizando a composição. O diretor de fotogra�a deve ter isso em mente na hora de montar uma cena oval. Pode ser interessante para apresentar diálogos entre grupos de pessoas. 24/04/2024, 10:40 DEM_CAPTIM_21_E1 https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_CAPTIM_21/unidade_1/ebook/index.html 17/25 A cruz é uma das poucas formas que aceita bem a centralização, pois é uma forma que transmite força e con�ança. Sua variação são as linhas radiantes, rami�cada no centro. A forma em L é �exível e pode ser gerada a partir da combinação de elementos diferentes como uma árvore e um caminho, por exemplo. É bastante �exível e útil para paisagens ou planos gerais. Transmite repouso e equilíbrio. 3.1.3. Massa Refere-se ao peso visual de um objeto, à sua área. Agrupar elementos de uma cena é uma forma de fortalecer a massa em uma composição. Ganha força se estiver separado do segundo plano pela cor, iluminação ou contraste, por exemplo: uma montanha escura sobre um segundo plano claro ou vice-versa. Figura 13: SETE anos no Tibet. Direção de Jean-Jacques Annaud. Estados Unidos: 1997. #PraCegoVer : na �gura existe escalador e a montanha para o terço esquerdo da tela em contraste com o vazio total do lado oposto enfatiza a grandiosidade e o perigo da ação. 3.1.4. Movimento O movimento é um elemento característico da composição cinematográ�ca e possui propriedades estéticas e psicológicas que contribuem para a transmissão da 24/04/2024, 10:40 DEM_CAPTIM_21_E1 https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_CAPTIM_21/unidade_1/ebook/index.html 18/25 mensagem visual. Movimento horizontais sugerem deslocamentos. Se ocorrem da esquerda para a direita, facilitam o entendimento e são convidativos para serem seguidos pelo olhar. Já movimentos da direita para a esquerda transmitem resistência e impacto, di�cultando o acompanhamento suave. O movimento vertical ascendente pode ser exaltação e liberdade, enquanto no descendente pode ser sinal de choque, queda, peso e perigo. Além desses, temos ainda os movimentos: diagonal, de pêndulo, em cascata, de dispersão, interrompidos. 4. Continuidade Um �lme ou uma produção audiovisual deve apresentar um �uxo de imagens contínuo, �lmado de maneira coerente, com uma sonoridade complementar. Os elementos devem estar integrados e, para tanto, é necessária atenção especial à continuidade da história. Em produções muito grandes, como �lmes ou seriados, existe um pro�ssional dedicado exclusivamente a acompanhar a continuidade da produção chamado de continuista. Essa pessoa garante que nenhuma ponta �que solta na narrativa, nenhum objeto apareça fora do lugar, ou que �gurinos ou maquiagens apareçam de forma diferente de uma cena para outra, entre outros detalhes que podem passar despercebidos em meio às tantas variáveis que podem compor uma produção. Um �lme, factual ou �ccional, é o registro de um acontecimento no espaço-tempo. Asuavidade da passagem do tempo e do espaço é que vão conquistar a atenção do espectador e, para tanto, existem algumas técnicas que veremos a seguir. 4.1. Continuidade temporal 24/04/2024, 10:40 DEM_CAPTIM_21_E1 https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_CAPTIM_21/unidade_1/ebook/index.html 19/25 O tempo do vídeo pode ser presente, passado, futuro ou condicional. Todos podem ser utilizados de forma separada ou combinada na mesma produção. No tempo presente, a cena retrata o fato acontecendo no agora e o espectador sente-se como se estivesse participando dos acontecimentos. É uma técnica simples e bastante e�caz, pois não gera confusão interpretativa. Funciona muito bem para documentários e a�ns. No tempo passado, destaca-se a técnica do �ashback: quando um personagem conta algo que ocorreu anteriormente e que ainda não foi mostrado ao público. No tempo futuro, temos o �ashforwards : quando um personagem narra fatos que vão ou que poderiam acontecer no futuro e retorna ao presente. A continuidade condicional, por sua vez, não lida com o tempo real. Utiliza como recurso a imaginação, o pensamento, o olhar, a observação do ator ou qualquer outra circunstância abstrata. 4.2. Continuidade espacial: direção de tela Conforme temos visto até aqui, o audiovisual é a imagem em constante movimento na tela e, por isso, a composição muda constantemente. Do mesmo modo, cada direção da tela para qual a imagem se movimente possui signi�cado e interfere na interpretação da sequência. A direção de tela refere-se, portanto, à direção para qual o personagem ou objeto está se movimento, podendo seguir quatro eixos: Eixo X Eixo Y 24/04/2024, 10:40 DEM_CAPTIM_21_E1 https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_CAPTIM_21/unidade_1/ebook/index.html 20/25 Eixo Z Eixo XY Observe as imagens a seguir e �que atento à importância dramáticada direção de tela (VAN SIJLL, J. 2017, P. 21 e 26): Figura 14: Percepções de movimentos. Fonte: VAN SIJLL, J. 2017, P. 21 e 26. As �guras acima resumem as percepções de movimentos de acordo com a estabilidade dos eixos e a direção percorrida na tela. Figura 15: Leitura de movimentos diagonais. Fonte: VAN SIJLL, J. 2017, P. 21 e 26. 24/04/2024, 10:40 DEM_CAPTIM_21_E1 https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_CAPTIM_21/unidade_1/ebook/index.html 21/25 Leituras dos movimentos diagonais na tela de acordo com a direção do objeto ou da ação em cena. Teste seus conhecimentos ( Atividade não pontuada ) Os ângulos, juntamente com a iluminação, a profundidade de campo, o movimento de câmera e as pessoas em ação, são responsáveis pela noção de profundidade da imagem que é capturada de forma bidimensional. Explique os dois principais ângulos cinematográ�cos e resultados que provocam em uma narrativa. 5. Raccord Além dos recursos temporal e espacial, a continuidade no cinema pode ser mantida através de outros recursos como iluminação, cor, som, movimento, �gurino, cenário e atuação. Raccord é o termo utilizado para descrever a ilusão de continuidade entre planos, capaz de garantir a imersão emocional do público. Sua �nalidade é garantir a junção entre planos, através de um corte quase imperceptível. Existem várias regras que visam a continuidade do raccord como, por exemplo, a direção da imagem: O objeto em movimento deve manter a direção durante toda a sequência do movimento, independente dos ângulos de câmeras; Se um personagem ou objeto se move para a direita deve sair do quadro pela direita, independe independente dos ângulos de câmeras; A câmera deve seguir o olhar dos personagens, etc. 24/04/2024, 10:40 DEM_CAPTIM_21_E1 https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_CAPTIM_21/unidade_1/ebook/index.html 22/25 Figura 13: PSICOSE. Direção de Alfred Hitchcock. Estados Unidos. Fonte: Paramount Pictures, 1961. #Pracegover : na �gura mostra um bom exemplo de raccord ocorre quando policial aborda a personagem mulher dentro de um carro em fuga. A câmera muda o enquadramento de modo quase imperceptível, seguindo o movimento que a personagem faz com o rosto. Em algumas situações, não é possível gravar a sequência completa no mesmo momento, por diversas razões. Assim, as cenas podem ser gravadas em dias ou horários diferentes e posteriormente organizadas na montagem. Quando não há uma coerência perfeita entre todos os elementos da sequência, diz-se que houve falha de raccord . Um exemplo de falha de raccord seria a mudança da cor da camisa do ator de um corte para outro sem justi�cativa narrativa; uma mudança brusca de iluminação injusti�cada ou mesmo uma quebra de eixo (personagem estava andando para a direita da tela e logo após o corte surge na esquerda). A falha de raccord é responsável pela quebra na atenção do espectador, prejudicando sua experiência imersiva e gerando sensação de estranhamento e confusão. Para o audiovisual, essa situação prejudica bastante a qualidade de um trabalho e deve ser severamente evitada. Teste seus conhecimentos ( Atividade não pontuada ) O plano é a visão contínua de uma cena, �lmada sem interrupções. Cada plano é uma tomada e pode ser determinado pela posição da câmera. Quais os seis principais planos de câmera que podem ser utilizados para �lmar uma 24/04/2024, 10:40 DEM_CAPTIM_21_E1 https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_CAPTIM_21/unidade_1/ebook/index.html 23/25 composição? Pensando nisto, o que seria então conteúdo digital? Síntese Essa unidade foi dedicada ao estudo da linguagem cinematográ�ca. Aprendemos que a câmera é um equipamento capaz de executar o registro da realidade e que através dos seus movimentos, posicionamentos de ângulos e planos é possível interpor signi�cados para a narrativa visual. Vimos que o plano é a visão contínua da ação, �lmada sem interrupção. Ele é composto pela cena, o lugar onde ocorre a ação. Uma série completa de cenas ou planos forma uma sequência. O plano cinematográ�co é de�nido em relação ao objeto e a imagem a ser exibida na tela. As principais possibilidades são: plano geral, plano médio, close up, over-the- shoulder, two-shot, entre outros. Vimos também interpretações proporcionadas pelos ângulos plongée e contraplongée. Entendemos que a composição é a disposição dos elementos visuais no quadro, capaz de gerar reações emocionais e manter o interesse do espectro na imagem. Sua organização deve iniciar pelo posicionamento dos elementos visuais, iluminação, movimento de câmeras e atores, divisão da sequência em planos para, �nalmente, decidir os ângulos de cobertura. Em relação aos elementos de composição, estudamos os signi�cados das linhas, das formas, das massas e dos movimentos de pessoas e objetos em cena. Aprendemos que a continuidade é o que garante o interesse do público no vídeo e prende sua atenção. É responsável pela coerência da obra através da integração entre os elementos, cenas, cortes e narrativa. Pode ser temporal ou espacial. Por �m, observamos que raccord é uma técnica de continuidade entre planos cujo corte é imperceptível. Quando essa coerência não é perfeita e ocorrem erros de 24/04/2024, 10:40 DEM_CAPTIM_21_E1 https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_CAPTIM_21/unidade_1/ebook/index.html 24/25 continuidade, dizemos que houve falha de raccord , gerando, assim, momentos desconfortáveis para o espectador. Download do PDF da unidade Bibliografia COMPARATO,Doc. Da criação ao roteiro: teoria eprática . São Paulo: Summus, 2009. MARCEL,Martin. A linguagem cinematográ�ca. São Paulo: Editora Brasiliense, 1990. MASCELLI,Joseph V. Os cinco Cs da cinematogra�a:técnicas de �lmagem. São Paulo: Summus Editorial, 2010. OLIVEIRA,Mayara F. Raccords e faux raccords e aconstrução do discurso na linguagem cinematográ�ca . Dissertação(Mestrado). Meios e Processos Audiovisuais. Escola de Comunicação e Artes.Universidade de São Paulo. Referências Imagéticas:VANSIJLL, Jennifer. Narrativacinematográ�ca: contando histórias com imagens em movimento; as 100 convençõesmais importantes do mundo do cinema que todo cineasta precisa saber . SãoPaulo: Editora WMF Martins Fontes, 2017. WATTS,Harris. Direção de câmera: um manual detécnicas de vídeo e cinema. São Paulo: Summus, 1999. Referências Imagéticas: ACOSSADO. Direção de Jean-Luc Godard.França, 1960. PB. 90 min. MULHER Maravilha. Direção de Patty Jenkins. Estados Unidos: Warner Bros., 2017. Cor. 141 min. 24/04/2024, 10:40 DEM_CAPTIM_21_E1 https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DEM_CAPTIM_21/unidade_1/ebook/index.html 25/25 O ILUMINADO . Direção de Stanley Kubrick. Estados Unidos: Warner Bros., 1980. Cor. 144 min. PSICOSE. Direção de Alfred Hitchcock. Estados Unidos: Paramount Pictures, 1961. PB. 109 min. SETE anos no Tibet. Direção de Jean-Jacques Annaud. Estados Unidos: 1997. Cor. [1] 139min.Tudo ok. Só tem alguns erros em algumas palavras.