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SOCIOLOGIA POLÍTICA
Professora Esp. Alessandra Domingues Gomes
Professor Esp. Cleber Henrique Sanitá Kojo
REITORIA Prof. Me. Gilmar de Oliveira
DIREÇÃO ADMINISTRATIVA Prof. Me. Renato Valença
DIREÇÃO DE ENSINO PRESENCIAL Prof. Me. Daniel de Lima
DIREÇÃO DE ENSINO EAD Profa. Dra. Giani Andrea Linde Colauto
DIREÇÃO FINANCEIRA Eduardo Luiz Campano Santini
DIREÇÃO FINANCEIRA EAD Guilherme Esquivel
COORDENAÇÃO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO Profa. Ma. Luciana Moraes
COORDENAÇÃO ADJUNTA DE ENSINO Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo
COORDENAÇÃO ADJUNTA DE PESQUISA Profa. Ma. Luciana Moraes
COORDENAÇÃO ADJUNTA DE EXTENSÃO Prof. Me. Jeferson de Souza Sá
COORDENAÇÃO DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal
COORDENAÇÃO DE PLANEJAMENTO E PROCESSOS Prof. Me. Arthur Rosinski do Nascimento
COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA EAD Profa. Ma. Sônia Maria Crivelli Mataruco
COORDENAÇÃO DO DEPTO. DE PRODUÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS Luiz Fernando Freitas
REVISÃO ORTOGRÁFICA E NORMATIVA Beatriz Longen Rohling
Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante
Caroline da Silva Marques
Eduardo Alves de Oliveira
Jéssica Eugênio Azevedo
Marcelino Fernando Rodrigues Santos
PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Bruna de Lima Ramos
Hugo Batalhoti Morangueira
Vitor Amaral Poltronieri
ESTÚDIO, PRODUÇÃO E EDIÇÃO André Oliveira Vaz
DE VÍDEO Carlos Firmino de Oliveira
Carlos Henrique Moraes dos Anjos
Kauê Berto
Pedro Vinícius de Lima Machado
Thassiane da Silva Jacinto
FICHA CATALOGRÁFICA
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP
G633s Gomes, Alessandra Domingues
Sociologia política / Alessandra Domingues Gomes, Cleber
Henrique Sanitá Kojo. Paranavaí: EduFatecie, 2023.
125 p.
1 . Sociologia política - Brasil. 2. Bem-estar social. 3. Elites
(Ciênias sociais). I. Kojo, Cleber Henrique Sanitá. II. Centro
Universitário UniFatecie. III. Núcleo de Educação a Distância.
IV. Título.
CDD:23.ed. 306.2
Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577
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AUTORES
Prof.ª Especialista Alessandra Domingues Gomes
● Licenciatura Plena em História – Unespar.
● Licenciatura Plena em Filosofia – Unimes.
● Licenciatura Plena em Pedagogia – Unimes.
● Licenciatura Plena em Letras/Português – Uniasselvi.
● Especialista em Educação Especial (Faculdade Integrada do Vale do Ivaí).
● Especialista em Educação Especial e Libras (Faculdade Integrada do Vale do Ivaí).
● Especialista em Gestão Educacional e organização pública (Faculdade Integrada do
Vale do Ivaí).
● Especialista em Tutoria em EAD (Universidade Estadual de Londrina).
Ampla experiência como docente da educação básica (Fundamental e Médio),
Professora formadora e produtora de Materiais nas áreas de história, filosofia, sociologia e
pedagogia.
Link do currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/8765496270465438
http://lattes.cnpq.br/8765496270465438
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Professor Esp. Cleber Henrique Sanitá Kojo.
● Licenciatura Plena em História pela UNESPAR – FAFIPA, Paranavaí.
● Licenciatura Plena em Sociologia pela UNAR - Centro Universitário de Araras “Dr.
Edmundo Ulson”.
● Licenciatura Plena em Pedagogia pela Unifatecie.
● Licenciatura Plena em Educação Física pela Unifatecie
● Especialista em História e Geografia pela Faculdade Integrada do Vale do Ivaí.
● Especialista em Gestão Escolar, Supervisão e Orientação pela ESAP - Faculdades
Integradas do Vale do Ivaí.
● Especialista em Educação de Jovens e Adultos pela ESAP – Faculdades Integradas
do Vale do Ivaí.
● Docente da educação básica (Fundamental e Médio) da SEED, PR.
● Docente do ensino superior na UniFatecie.
● Coordenador Pedagógico da educação básica (Médio) do Colégio Fatecie Premium.
● Coordenador de cursos da EAD UniFatecie.
● Supervisor de tutoria e Tutor da EAD UniFatecie.
● Produtor de livros e materiais para EAD.
Ampla experiência como docente da educação básica (Fundamental e Médio), Pro-
fessor de cursinhos pré-vestibulares em história e filosofia e prática docente na educação
à distância.
Link do currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/7716876167354361
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APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Seja muito bem-vindo(a)!
Sejam bem-vindos(as) ao nosso curso de Sociologia Política. A partir de agora
partiremos para uma viagem no tempo para buscar nas nossas experiências históricas e
algumas explicações para conhecermos os conceitos e os fatos históricos para constituição
do mesmo no passado recente do Brasil.
Em nosso ponto inicial da viagem sobre a sociologia política, abordaremos o conceito
básico do que é a sociologia política. Além de visualizar a Filosofia Política em Maquiavel.
Um pensador que demonstra passo a passo de como se fazer a política. Seguiremos nosso
estudo, identificando o conceito básico de Ciência Política. Por fim, terminaremos nosso
capítulo conhecendo os conceitos de Políticas Públicas e Política Social.
Na segunda unidade, nosso foco será o conceito de Elite e os pressupostos his-
tóricos. Passaremos também pela definição de Elitismo. Conhecendo personagens como
Gaetano Mosca, Vilfredo Pareto e Robert Michels. Que descortinarão nossos olhos sobre o
tema proposto. Continuaremos nossa viagem apresentando a denúncia contra a Elite com
uma forte crítica à elite liberal.
Já na Unidade III, teremos como objetivo de conhecimento: o conceito de Estado
e o bem-estar social, enfatizando seu compromisso com as políticas públicas. Seguiremos
nosso estudo compreendendo a responsabilidade do Estado enquanto regulador e
responsável pela economia e política nacional. Contextualizando o processo da dimensão
da política enquanto órgão competente quanto às responsabilidades junto ao Estado de
direito democrático. Então terminaremos o capítulo problematizando as questões que
envolvem o bem-estar social e influência do neoliberalismo nas políticas públicas na
sociedade contemporânea.
Enfim, finalizaremos nossa aventura na Unidade IV com uma questão polêmica.
Mas extremamente necessária no campo da sociologia política. Vale ressaltar que nesse
momento de nosso estudo, será necessário abandonar toda e qualquer ideologia existente
em nossas entranhas, para que o processo de ensino e aprendizagem alcance seu objetivo.
Vale ressaltar que abordaremos a Compreensão do Brasil Contemporâneo. Passando
pelo Neoliberalismo de Fernando Henrique Cardoso e conhecendo o fenômeno chamado
“Lulismo”. Seguiremos nossa viagem conhecendo a hegemonia e a nova classe média.
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Para que atrelado a isso, tudo possamos conhecer sobre as manifestações populares a
partircontextualizada.
1.1 “Os que governam e que são governados”, esfera privada:
Quando pensamos o que pode representar a ideia de governar e ser governado
na esfera privada, a primeira palavra que nos vem à mente, é a ideia do poder. A elite
enquanto classe dominante assumiu esse papel a partir do momento em que foi vista como
a classe que possui o controle econômico, o poder de decisões, e a superioridade diante
das classes que são dominadas.
40UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES
A partir desse princípio, primeiramente buscamos entender o significado de poder.
De acordo com Japiassu (2006, p. 222), “a palavra poder significa a capacidade, faculdade,
possibilidade de realizar algo, derivada de um elemento físico ou natural, ou conferida por
autoridade institucional, por exemplo: poder de criar, poder de nomear, e demitir, de esco-
lher etc”.
Ainda Japiassu (2006), descreve sobre Michel Foucault no qual faz um exame das
relações entre saber e poder, ciência e dominação, controle, na formação da sociedade
contemporânea. Essa genealogia parte da constatação de que o poder é exercido na
sociedade não apenas através do Estado e das autoridades formalmente constituídas, mas
de maneiras diversas, em uma multiplicidade de sentidos, em níveis distintos e variados,
muitas vezes sem nos darmos conta disso. A partir desse pensamento é possível não só
entender o sentido do poder, mas também compreender qual a relevância e o resultado do
uso desse poder na formação de uma sociedade.
Antigos filósofos como Aristóteles já abordavam a questão do poder, sua força e
seu fascínio diante da sociedade. Aristóteles entendia o poder como elemento natural, que
faz parte das relações sociais e não visto somente como um ato de dominação pela força.
Assim como Aristóteles, Karl Marx (2013), já na idade moderna, compreendeu o sentido de
poder como uma dominação política existente na humanidade, na qual não só criou uma
divergência entre diferentes classes, mas também contribuiu para o desenvolvimento do
capitalismo industrial.
Ainda na idade moderna, Thomas Hobbes (2019) e John Locke (1996) também
discutiam sobre as questões relacionadas ao poder. Enquanto Hobbes defendia a
monarquia e o controle do estado, Locke compreendia que o poder deveria ser dissolvido
nas instituições, a fim de garantir o direito à população, em que o poder seria de origem
política e de domínio da esfera estatal.
O sociólogo Max Weber (2014) compreende o poder como uma imposição sobre os
indivíduos. Essa imposição é dada como uma força de ordem ou não, em que as pessoas
são submetidas ao poder e ao aceitá-lo passa a ser submetida à autoridade de outra pessoa.
Nesse princípio de Vader podemos imaginar que os indivíduos têm poder de escolher e podem
ou não aceitar essa submissão ao poder. No entanto, se pensarmos no sentido de controle
através das classes sociais, a imposição da elite sobre as classes populares muitas vezes
de uma forma velada, entende-se que o indivíduo submetido não o faz por aceitação ou
concordância, mas pelo fato de ser parte do grupo que é governado, ou seja, a necessidade
de sobrevivência e a falta de opção o leva à submissão, à submissão econômica, à submissão
social, geradas pela dependência econômica na maioria dos casos.
41UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES
Segunda condição essencial para o possuidor do dinheiro encontrar no
mercado força de trabalho como mercadoria: o dono dessa força não pode
vender mercadoria em que encarne seu trabalho e é forçado a vender sua força
de trabalho que só existe nele mesmo… Quem quiser vender mercadoria que
não seja sua força de trabalho tem que possuir meios de produção, tais como
matérias-primas, instrumentos de produção e, etc. (MARX, 2013, p.313).
O poder, na sociedade atual, pode ser entendido de maneiras diferentes. Podemos
classificá-lo como poder ideológico: pode influenciar as massas através de sua retórica,
seu poder de convencimento, através de mídias, o que pode ser expresso pelas relações
sociais, pelo mundo do trabalho, ou religião. O poder político está diretamente ligado ao
estado, podendo ser visto de forma legal quando sua finalidade e a vida política ou tido
como ilegítimo quando busca a dominação de pessoas ou classes. O poder econômico
está diretamente ligado com a instituição privada através de bens e riquezas que levam à
manipulação daqueles que necessitam do poder econômico de outros.
Então, se o poder político está relacionado com ideologia, economia, política, ele
também se encontra subdividido em grupos que determinam essa relação de poder, que
podemos exemplificar através das relações familiares em que pais e mães exercem poder
sobre os filhos, professores e alunos, em que o professor é visto como autoridade no
âmbito acadêmico ou escolar, as relações de governantes e governados no âmbito político
pelo qual aquele que governa exerce o poder sobre os governados e ainda a relação patrão
e empregado que toda a força de poder vendo patrão aquele que detém a posse sobre
aquele que necessita de sua sobrevivência através da sua força de trabalho.
É nesse último item, a relação patrão empregado, que nos deparamos com as ques-
tões relacionadas com o mundo privado. A relação de trabalho é a que mais se sobrepõe
quanto às relações privadas, pois em uma sociedade economicamente desigual em que as
massas, ou seja, os governados necessitam sobreviver e seu único meio de alcançar essa
necessidade é através de sua força de trabalho. Quando os governantes entendem isso,
passam a utilizar dos meios de produção para controlar seus governados por saber que os
mesmos mantém uma relação de dependência econômica com eles.
Para transformar dinheiro em capital, tenho possuidor do dinheiro de encontrar
o trabalho livre no mercado de mercadorias, livre nos dois sentidos, o de dispor, como
pessoa livre, de sua força de trabalho como sua mercadoria, e o de estar livre, inteiramente
despojado de todas as coisas necessárias a materialização de sua força de trabalho, não
tendo, além desta, outra mercadoria para vender. (MARX, 2013, p.199).
42UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES
Em uma sociedade que é controlada por pequenos grupos que representam o
poder e se eu for em uma maioria desprovida de poder. Esse controle acontece exatamente
pelo fato de que é a minoria que se concentra em controlar essas organizações. Assim
entendemos que a elite estará sempre na posição de controle.
Tal constatação não significa que essa elite representada pelas minorias não
significa que sejam os melhores, mas você tem o mecanismo para que a economia possa
girar e, dessa maneira, as diversas sociedades possam sobreviver em sociedade.
Ao longo das décadas, a velha elite baseada nas famílias tradicionais da sociedade
se mesclaram com os chamados novos-ricos. Mesmo que haja uma diferença de costumes,
valores e heranças culturais e sociais, esses grupos se unificam por representarem os
mesmos interesses, nesse sentido, o sistema educacional tem papel de extrema importância,
a educação apresenta os mesmos valores unificando as classes. A escola tem papel de
agregar e apagar essas distinções presentes nesses grupos, transformando-os em um
mesmo grupo, distintos do restante da sociedade por representarem os considerados
grupos superiores, aqueles que governam. A escola assumirá um poder de socialização,
assim como os laços familiares, as amizades, as influências sociais e pessoais.
A união entre os muitos recursos executivos acaba por gerar aquilo que Wright
Mills chama de riscos associados. Este alto grau de associação… Transforma cada vez
mais interesses localizados e particulares em interesses amplos e de classe… Esse grupo
passa, assim, a controlar todo tipo de privilégio: altas rendas, isenção de impostos, influência
social e política. Tudo isso permite a seus membros participar direta ou indiretamente das
decisões que afetam a vida de milhões de pessoas. (PERISSINOTTO,2018, p. 117)
Com o desenvolvimento do capitalismo e o acúmulo de riquezas cada
vez mais, surgiram novos-ricos e pessoas que se tornaram extremamente
influentes dentro da sociedade. Essa influência também resulta em um
acúmulo de vantagens em que a influência possibilita a conquista de mais
riquezas. A elite comandada por pessoas muito ricas, que buscam associarem-
se com todo aquele que também tem vantagens de oportunizar e, assim,
na sociedade econômica privada formar grandes corporações, formada por
pessoas altamente qualificadas que tiveram oportunidade de se apropriarem
de conhecimento e estratégias que garantem cada vez mais sucesso no
âmbito econômico e social. Esses grupos estão presentes nas associações
industriais, comércio, bancos, transformando interesses não só particulares,
como também amplo e dessas classes dominantes.
1.2 “Os que governam e que são governados”, esfera pública:
Na história contemporânea, quando analisamos a sociedade e os grupos sociais
que a ela pertence, nos deparamos com uma elite que controla a sociedade através de
grupos poderosos e unificados, tendo eles o controle e a capacidade de decisão.
43UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES
Quando analisamos os grupos políticos presentes na sociedade atual é possível
identificá-la em grupos como, por exemplo: o político profissional, aquele que vive da
política e que se reelege a cada mandato tendo seus grupos e alianças já firmados, a
fim de garantir sua permanência nos grupos políticos; o político que é um ex-burocrata,
ou seja, são aqueles que possuem uma formação, experiência ou conhecimento que
justifique sua permanência, na qual podem contribuir para o processo político e assim
acabam fazendo parte da vida pública através de indicações, de escolhas de partidos, de
acordos políticos; o político não profissional, é aquele que não idealizou em um primeiro
momento fazer parte do mundo da política, mas devido a condições de aceitação pública,
indicação, acontecimentos sociais que o tornem uma pessoa pública e conhecida o levam
a candidaturas e muitas vezes à eleição, muitos deles não têm qualquer conhecimento
sobre políticas públicas sobre as questões sociais, mas se aventuram na vida política por
questões econômicas, de visibilidade ou vaidade.
É claro o entendimento de que, quem governa são aqueles que pertencem à elite,
sua posição social irá identificar quem fará parte desse processo, é importante não só o seu
posicionamento social, como também a sua origem, pois no processo eleitoral muitas vezes
isso se torna decisivo na escolha daqueles que votam, como, por exemplo, as pessoas
votarem em candidatos que tem em seu histórico familiares como pais e avós que tiveram
um histórico de sucesso encargos políticos no passado.
Neste contexto, nos deparamos com aquele grupo que é dirigido, muitas vezes
manipulado, ou seja, a massa. É através das massas que é possível gerar a chamada opinião
pública, esse grupo é formado por indivíduos com capacidade de análise, discussão e
reflexão. São pessoas que possuem uma opinião independente, que representam a maioria
da sociedade, por esse motivo se tornam o público-alvo em períodos eleitorais, garantindo,
assim, a eleição daqueles que fazem parte dos que governam, ou seja, das elites.
Muitos compreendem que o homem de massa é o homem incapaz de pensar
criticamente e de agir com racionalidade, sendo assim fácil de manipular e estimular a
tomar decisões nem sempre as mais assertivas. Essas características são constituídas
socialmente, fazem parte do processo de concentração econômica nas elites. Nesse
processo a sociedade de massa é funcional para o poder da elite, pois a manipulação
pode impedir o surgimento de uma visão crítica do poder, impedindo uma visão clara e
construtiva sobre o poder político e a elite, mantendo a classe dominada fora do processo
reflexivo e construtivo da política.
As diversas situações de descaso, promessas infundadas e jamais cumpridas, a
falta de políticas públicas consistentes que garantam o direito da sociedade são alguns dos
44UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES
motivos que em muitos casos tem criado um pensamento mais crítico junto à sociedade
de massa. Embora esse grupo tenha muitas vezes a característica de ser facilmente ma-
nipulado, gerado pela falta de pesquisa, do conhecimento científico e social, e do senso
crítico, nos últimos anos, esse mesmo grupo social, as chamadas massas, têm se mostrado
críticas e construtivas, buscando mudar o cenário político, efetivando a busca por seus
direitos através de manifestações e pelo voto.
Não é prioritário saber quem governa ou quem controla diretamente o Esta-
do, mas sim saber quais os efeitos que as ações estatais produzem sobre
a estrutura social, não se trata de estudar “Quem toma as decisões”?, mas
se estas reproduzem o domínio de uma classe social sobre a outra, enfim a
pergunta fundamental não é “Quem controla o estado”?, Mas o que o Estado
faz, não é “Quem decide?”, mas o que é decidido e quais os efeitos objetivos
da decisão. (PERISSINOTTO, 2018, p. 188)
Concluindo, a relação entre dominantes e dominados, ou seja, os que governam
e os que são governados, encontramos a elite estatal, formada por aqueles que controlam
as instituições do Estado, por essa razão são eles que exercem o poder político. Em
grande parte, são elementos das classes economicamente dominantes, assim em vários
momentos da história esses indivíduos tendem a tomar decisões que favoreçam os
interesses capitalistas. Nesse sentido, as classes dos governados em diversas situações
ficam desprovidas da efetivação de seus direitos, criando assim a eterna luta de classes.
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ELITISMO EM: GAETANO
MOSCA; VILFREDO PARETO E
ROBERT MICHELS2
TÓPICO
UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES
2.1 Gaetano Mosca
Gaetano mosca nasceu na Sicília em 1858 e faleceu em Roma em 1941. Jurista
e teórico político, foi um dos grandes defensores e precursor da teoria das elites. Para
Mosca (2009), toda a sociedade é dividida em dois grupos: os que comandam e os que são
comandados, aqueles que comandam ficam destinados ao poder. Mosca era formado em
direito, foi docente na universidade de Palermo, na universidade de Turim e na universidade
de Roma.
Devido à ascensão do fascismo e às críticas feitas por mosca, suas atividades
universitárias foram interrompidas por não concordar com o novo regime. Mosca foi autor
de livros como: Sulla teorica dei governi e Sul governo parlamentar e história das doutrinas
políticas, Elementi de ciência política entre outras obras.
Ao longo das décadas, as ideias de música repercutiram por todo mundo, música
defendia ideias como paciência, ser um resultado de um sistema de observações, pelo uso
de métodos em busca de verdades indiscutíveis, o que seria impossível a uma observação
comum, sendo assim a ciência deveria ser um procedimento de observação rigoroso, a
fim de se chegar a resultados exatos e específicos. Isso explicaria a evolução biológica se
dando por aquele mais preparado e que alcançou resultados mais exatos em sua busca
científica, compreendendo o que é história da humanidade se faz pelo homem que tem o
predomínio da economia, da sociedade e da política assim como o conhecimento científico.
Sendo assim, o que faz um homem se sobrepor ao outro é a sua capacidade de crescimen-
to, de predominância, e não a luta pela sobrevivência.
46UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES
Mosca valorizava o conhecimento e o método histórico como forma de encontrar as
respostas científicas referentes às sociedades humanas. Nesse método são consideradas as
observações de grupos e sociedades políticas em diversos períodos históricos, produzindo
uma análise baseada na observação.
Para Mosca (2009), o mais importante era identificar as modificações, as ações,
as regularidades da sociedade. Essa identificação, de acordo com Mosca, deveria ser feita
através de observação para que se pudesse chegara uma conclusão histórica e realista.
Essa observação proporcionou a constatação de que a sociedade é dividida entre os que
governam e aqueles que são governados. Para ele, aqueles que governam estão entre
a classe política, os grandes empresários, aqueles que detém o poder e, por outro lado,
encontramos aqueles que são governados que são conhecidos como as massas.
Para Mosca, a classe que mais deveria ser observada seria a dos que governam,
pois está sob influência e decisão desses homens o futuro da sociedade.
Dessa condição, como veremos mais adiante, derivar a outra, não menos
fundamental, a saber, a de que é essa classe é organizada. A classe política
é, portanto, uma minoria organizada, termo frequentemente utilizado por
mosca. Segundo, é importante atentar para a ideia de que a classe política é
aquela que monopoliza os recursos de poder e os utiliza em benefício próprio
ponto, além disso, essa classe exerce todas as funções políticas e não
apenas a tela dos governos, isto é, ela controla vários recursos (econômicos,
religiosos, escolares, etc.) que podem ser usados para influenciar as decisões
políticas. Ao contrário, a massa de governados é definida como oposto
da classe política, são governados e por isso dominados porque não tem
a posse dos meios de governo e por que são uma maioria desorganizada.
(PERISSINOTTO, 2018, p. 30)
Conforme Mosca (2009), toda mudança social é fundamentada historicamente
na mudança de quem está no poder, aquele que o assume. Assim, a possibilidade de
mudanças se fará através das fontes de poder em que , em muitos casos, não parece
interessante, pois temos classes políticas baseadas na política aristocrática, definidas por
sua origem, que tem a lutar para que não haja a manutenção desse poder, para que fique
em volta desse mesmo processo hereditário, ou seja, para que fique nos seus próprios
membros familiares como filhos, netos, etc.
Esse fato historicamente tende a mudar, muitas dessas classes declinam e perdem
seu poder não significando o fim de um monopólio. Com o fim de uma dinastia política,
a tendência é que surjam novas forças políticas e isso fará com que os governantes
se mantenham no poder em sua grande maioria, enquanto as massas continuam a ser
governadas.
47UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES
O domínio da classe política sobre o resto da sociedade não é entendido
por mosca como sendo exclusivamente o resultado de uma relação de força
entre dominantes e dominados. Segundo o estudioso italiano, a classe política
justifica o seu poder procurando dar de uma base moral ilegal, apresentando
este mesmo poder como consequência necessária de doutrinas e crenças
geralmente reconhecidas e aceitas na sociedade comandada por esta classe.
(PERISSINOTTO, 2018, p. 37)
Para Mosca (2009), a ideia da soberania popular não passa de um engodo, pois
na sociedade contemporânea é possível observar que a vontade popular não predomina
sobre as questões políticas, pois por mais que o homem tenha direito ao voto nem sempre
as opções são necessariamente uma solução para os problemas sociais assim como ao
ser eleito aquele que governa passará a manipular a política de acordo com suas vontades,
sendo assim, essa mudança de comportamento, essa divergência entre a fala e a ação
daqueles que governam faz com que a sociedade se torne refém de uma política social de
uma política pública, na qual a sua vontade estará sempre em segundo plano.
Mosca (2009), entende que o fim do despotismo poderia se dar através da
solidariedade, contando com uma proteção jurídica. No entanto, ele entende que a maioria
dos indivíduos pensa mais em si próprios do que no coletivo, assim o autor entende que
a proteção jurídica proporciona uma conduta moral, evitando desvio de ações através da
política, da religião, entre outros mecanismos.
Para Mosca (2009), o caminho mais provável para garantir um contra peso seria
através da proteção jurídica liberal, limitando o poder daqueles que governam.
No entanto, esse sistema só terá resultados através de uma sociedade organizada,
na qual estaria presente uma diversidade social através da sua representatividade. Ele ainda
coloca que o voto não deveria ser geral, mas sim o sistema representativo em que apenas
uma parte da sociedade estaria autorizada ao voto, essa parte estaria sendo determinada
através de sua renda.
Nesse sistema, iria garantir que as minorias também estivessem organizadas,
evitando o despotismo. Mosca era contra o sistema democrático, acreditando que os
princípios políticos deveriam ser mistos divididos entre um governo monárquico, democrático,
e aristocrático sem haver predominância de nenhum deles, garantindo assim uma política
organizada em que os grupos se controlariam entre si.
48UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES
2.2 Vilfredo Pareto
Wilfried Fritz Pareto nasceu na França em 1848, e morreu na Suíça em 1923. Filho
de nobres, em sua trajetória foi sociólogo, teórico político e economista italiano. Em
suas obras abordou sobre as elites dominantes, sobre a teoria do comportamento político
e a essência racional do homem. Pareto graduou-se em matemática e física e também se
tornou engenheiro. Também ficou conhecido por seus estudos em matemática e análise
econômica. Foi na sociologia que Pareto buscou alcançar aquilo que a economia não
explicava, o pensamento daquilo que não está voltado para lógica, mas para as relações
humanas.
Pareto (1991), graduou-se através da tese dos princípios fundamentais do equilíbrio
dos Estados sólidos. Esse tema esteve presente nos estudos de Pareto principalmente
pela ideia do equilíbrio, palavra-chave de seus estudos, ele também estudou economia
através das obras de Adam Smith, pelo qual aprofundou seus estudos quanto à economia,
à política, e os movimentos sociais.
Através das suas pesquisas e estudos de Pareto, assim como Mosca, acreditava
na impossibilidade de produzir um estudo neutro quanto às questões sociais e políticas,
pois acreditava que os cientistas naturais se deixavam influenciar por preconceitos e
paixões. Para Pareto (1991), o método lógico experimental é aquele que irá proporcionar
um conhecimento sistematizado para um sociólogo, buscando verdades e conclusões.
Para ele, a busca por identificar regularidades é ação que faz com que o homem busque
as experiências e a partir delas chegue a conclusões nas quais possa não só compreender
como colaborar com o desenvolvimento da sociedade.
Através da observação da busca pelas experiências como forma de alcançar a
verdade, Pareto (1991), buscou a distinção entre verdade e utilidade. Para ele a verdade
vem através da ciência, no entanto, isso não significa que seja socialmente útil, sendo
assim nem tudo que é verdadeiro caracteriza positividade para o equilíbrio social.
Pareto (1991) buscava através de suas obras encontrar o equilíbrio e como a
sociedade alcançou esse equilíbrio ao longo dos tempos. Ele entendia que através da
observação que todo fenômeno social pode ser visto como a realidade, exatamente como
ela se apresenta, ou seja, aquilo que é objetivo e, por outro lado, como ela é vista ao espírito
de alguns homens, que é entendida como subjetiva. Ele compreende que a ação subjetiva
compreende uma relação lógica entre meio e fim. Um exemplo de uma ação subjetiva seria
uma penitência religiosa, a fim de alcançar alguma Graça como, por exemplo, um trabalho.
O trabalho como ação humana é algo objetivo, no entanto, a ação da penitência é algo
subjetivo, por isso é uma relação lógica.
49UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES
Para Pareto (1991) as relações lógicas são frutos de um processo de raciocínio que
busca através da observação compreender e analisar o seu meio e dessa forma gerar uma
relação lógica em todos os seus componentes.
Pareto (1991) discutia sobre a questão da democracia em um mundo contemporâneo
e sua reflexão nos faz pensar sobre a questão do verdadeiro valor da democraciae a
liberdade democrática da sociedade como um todo.
Em todo governo democrático entende-se que a soberania é popular, que as
decisões serão tomadas pelo povo e para o povo, no entanto, é fato que em um processo
democrático em que os representantes do povo são eleitos através do voto, a soberania
popular não é uma realidade, pois as decisões trazidas pelos eleitos nem sempre contemplam
as necessidades e a realidade do povo, levando por terra a ideia do princípio de igualdade
e participação política popular.
Quanto aos fenômenos sociais e políticos, Pareto (1991), criou uma teoria iden-
tificada como resíduos. Nela ele discute que a verdade quanto aos fenômenos sociais e
políticos não está naquilo que é defendido pelo homem de maneira explicativa, no entanto,
abstrata, pois a verdade estará em sentimentos profundos, na explicação instintiva.
Ainda sobre a teoria dos resíduos, conforme Pareto (1991), sua discussão
quanto à heterogeneidade social. Neste momento, Pareto reflete sobre a questão da
homogeneidade da sociedade, para ele esse fato não existe, pois os homens são físicas,
moral e intelectualmente diferentes. Assim, vivendo em uma sociedade desigual, essa
mesma sociedade deve ser dividida em dois lados, um considerado o estrato superior e o
outro o chamado estrato inferior. Para ele, o estrato superior com quem as elites, as classes
eleitas formadas por indivíduos economicamente superiores detentores do poder. Pareto
conclui que a ideia de elite está de fato associada ao seu termo etimológico original, ou
seja, significa que são os melhores, os eleitos.
O conceito defendido por Pareto (1991), acaba por dividir a elite. Para ele, a sociedade
divide a elite governante e elite não governante, a elite não governante representa o grupo
que se destaca em suas atividades, no entanto, não estão no controle político. Para Pareto
(1991), a classe governante é aquela que direta ou indiretamente influenciam o governo,
sendo assim a elite política se forma não só por aqueles que foram eleitos, mas também
por aqueles que controlam a economia, a cultura, religião, ou saber, etc. Assim, aquele
que não representa a elite é considerado como não elite, ou seja, as massas consideradas
inferiores, no entanto, essas classes devem se manter próximas, para que haja a circulação
das elites para ocorrer o equilíbrio social.
50UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES
2.3 Robert Michels
Nascido na Alemanha em 1876 e faleceu em Roma em 1936. Robert Michels le-
cionou em universidades durante quase toda a sua vida, tornando-se um especialista em
sociologia e política. Foi autor de importantes obras como: Zur Soziologie dês Parteiwesens
in der modernen Demokratie e Corso di sociologia política.
Em sua militância fez parte do partido social democrata alemão e partido socialista
italiano, assim como posteriormente se juntou ao sindicalismo revolucionário. Se tornou do-
cente universitário onde abordava temas como economia política. Foi muito próximo a Max
Weber, no entanto, futuramente afastou-se retomando bases teóricas de Mosca e Pareto.
Michels foi aluno de Weber que teve grande contribuição para o seu sucesso,
pois o orientava quanto aos temas a serem desenvolvidos em suas pesquisas. Ele era
um militante do movimento socialista, mas devido à desorganização interna, a falta de
democracia acabou afastando-se do movimento, compreendendo com isso a importância da
formação de minorias dominantes, mesmo onde o discurso democrático era mais presente
e se mostrava mais adepto ao radicalismo.
Através da obra “Sociologia dos Partidos Políticos” (1982), ele cita a divisão entre
governantes que ele chama de oligarquia ao invés de elite, grupo esse organizado, a fim
de gerar interesses próprios ao invés de representar o grupo no qual foi escolhido para. Do
outro lado estão as multidões, que em sua interpretação esse grupo tenha necessidade de
submissão alguém que os governe.
Michels (1982), enfatiza que qualquer tipo de reivindicação, seja de grupos elitizados
ou pelas massas, existe a necessidade de uma organização, pois para ele não existe a
democracia sem necessariamente se organizar. No entanto, ele ainda coloca que a partir
do momento em que essa organização se faz presente, ela permite reunir forças, ela estará
se colocando claramente contra os princípios democráticos. Essa observação se faz, pois
Michels se aprofundou nos estudos sobre a organização operária de orientação socialista,
em especial a corrente marxista no início do século XX. Para esses grupos, a democracia
deveria ser destinada como um autogoverno das massas, definindo o destino de cada
comunidade.
Para Michels (1982), a democracia é um sistema político inviável. Isso porque, de
acordo com o sociólogo, consultar o reunir as massas é algo inviável em cada momento
que for necessária uma tomada de decisões, por isso elas devem ser representadas. Ele
ainda coloca que não existe a possibilidade de consultar as massas a todo instante. E
isso representa a participação ativa daqueles que possuem o conhecimento que seriam os
51UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES
técnicos e profissionais especializados como, por exemplo, economistas, advogados, entre
outros.
De acordo com Michels (1982), teríamos então uma lei sociológica, em que o poder
se concentra nas mãos de chefes e especialistas, e aos poucos é retirado das massas
esse mesmo poder de decisão. Para ele, isso não significa concentrar o poder nas mãos
das minorias, mas sim faz parte de uma exigência organizacional, refletindo assim em uma
hierarquia.
Como resultado da crescente complexidade das tarefas organizacionais e da
especialização das funções no seu interior, as oligarquias são conduzidos há
uma posição de superioridade intelectual contra a posta a uma incompetência
formal e real das massas. Para Michels, portanto, trata-se da seguinte
equação: a expansão das organizações exigem especialização das funções,
está por sua vez, conduz a profissionalização, que por fim, vem acentuar as
diferenças entre chefes e as massas no que se refere ao grau de instrução
possuído por ambos. (PERISSINOTTO, p.88, 2018)
Assim, Michels (1982), refere-se à superioridade intelectual em comparação às
massas. Para ele, essa superioridade é algo indispensável, pois esses chefes que se tem
conhecimento. Outra questão considerável é a necessidade de mobilização e agilidade
quanto à solução de problemas. Para ele é necessário ações que tragam uma solução
imediata e ágil para os problemas surgidos. E nesse sentido a democracia não colabora com
essa agilidade, pois ela demanda de consultas e assembleias e reuniões que tornam esse
processo bastante lento. Conclui-se então que a representação democrática é uma farsa
em que a vontade dos pequenos grupos representam o que seria o desejo das massas, o
que de fato nem sempre é uma realidade.
52
A DENÚNCIA
CONTRA A ELITE3
TÓPICO
Desde o surgimento da teoria das elites através de Gaetano Mosca no século
XIX, muitas são as discussões que permeiam este tema. É de conhecimento que quando
estamos nos referindo à elite política, a elite privada, através de grandes industriais,
grandes banqueiros, entre outros, estamos nos referindo àqueles que detém o poder, ou
seja, aqueles que governam.
Aqueles que governam são numericamente menores do que aqueles que são
governados. No entanto, mesmo aqueles que são governados representem a maioria,
isso não significa que a eles será atribuído o poder de escolher, pois os governantes são
responsáveis por monopolizar o poder e assim fazer prevalecer a sua vontade através
de circunstâncias legítimas ou se necessário arbitrárias, desde que prevaleça a suas
necessidades e as necessidades e anseios dos pequenos grupos.
Pensadores antigos e modernos como Marx, Maquiavel, Montesquieu, já
representavam a ideia de uma elite que controlava o poder. No entanto, quando essas
teorias foram discutidas em tempos passados,elas ainda não haviam sido articuladas e
conceituadas de acordo com o pensamento de Mosca, que prioriza esta teoria, embasada
naqueles que governam e naqueles que são governados.
Assim compreendemos que as classes dirigentes são representadas por um grupo
homogêneo, e que se compreendem devido ao fato de defenderem os mesmos interesses.
Mesmo que o grupo que governa representa as minorias, eles são detentores do poder, e
a partir dessa constatação também serão eles a definirem os caminhos a serem tomados
pela sociedade não só para os pequenos grupos, mas também para as grandes massas.
UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES
53UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES
E será a partir desse contexto que iremos nos deparar com as desigualdades
sociais. Esse processo de desigualdade entre as camadas sociais, serão determinantes
para que as elites se destaquem e monopolizem o poder. A partir desse monopólio, as
desigualdades irão se evidenciar, a desigualdade condiciona as massas a se limitarem a
pouco ou a nenhum poder de decisão, e de sobrevivência em sociedade.
Se por um lado aqueles que governam, detém o poder e o monopolizam para
que as necessidades, os desejos dos pequenos grupos se tornem prioridade, do outro
lado nos deparamos com os grupos mais vulneráveis da nossa sociedade. São aqueles
que são negligenciados, que a eles o direito à educação, o direito a condições básicas de
sobrevivência, a efetivação de políticas públicas. Eles não têm garantido condições básicas
de sobrevivência nas quais encontramos na constituição brasileira, que é o documento
mais que direciona nossa sociedade. Assim, encontramos grupos como negros, mulheres,
indígenas, imigrantes entre outros que representam a grande massa, que são lembrados
em momentos de decisão política, que são lembrados quando as necessidades desses
grupos colaboram para que as elites alcancem seus anseios econômicos e políticos , mas
que em nenhum momento muda a realidade desses grupos de fato, é uma prática ou uma
necessidade imediata para as classes que governam, tornando as massas descartáveis até
o próximo momento que se tornam úteis novamente para garantir a conquista das elites.
As desigualdades se apresentam em grupos como: econômica, social e política.
Esses grupos se definem e se completam. A desigualdade pode estar presente verticalmente
quando materializamos a divisão social, ou seja, aqueles que representam as elites se
encontram no topo desta pirâmide, por outro lado, a base é representada pelas massas,
por aqueles que representam a classe menos favorecida na sociedade. Essa diferença se
evidencia através da diferença baseada na renda mensal. Podemos identificá-las através
das etnias, raça, religião, orientação sexual entre outros.
Basicamente a desigualdade social tem como causa aspectos relevantes e de
conhecimento de toda a sociedade. Elas podem ser exemplificadas por questões como:
acesso à educação ou a falta dele, à falta de políticas públicas que contemplem de forma
igualitária a sociedade, acesso à cultura, entre outros fatores. As consequências dessa
desigualdade podem-se evidenciar em questões como a desigualdade salarial que irá
refletir na saúde, na cultura, na moradia, enfim, nas condições básicas de sobrevivência de
um cidadão.
54UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES
O problema aqui não consiste em que os sociólogos levam em conta as
muitas e bem documentada as diferenças no caráter do trabalho, no estilo
de vida, comportamento político e nas atitudes que existem entre os grupos
o problema consiste, antes de tudo, no fato de que, assim procedendo,
muitos sociólogos deixam de levar em conta a possibilidade de que essas
diferenciações, dentro da classe operária como um todo, podem muito bem
ser respostas diversas as situações idênticas do trabalho assalariado e
que é igualdade subjacente a essa situação se torna crescentemente mais
clara sobre o impacto da mecanização, da desqualificação e da crescente
insegurança de emprego, que afetam tanto os trabalhadores manuais quantos
não-manuais. A crítica a tais conceitualizações elípticas consiste em que elas
estão totalmente voltadas para percepção subjetiva de diferenças, ao mesmo
tempo, em que ignoram a igualdade das condições objetivas, as quais todos
os trabalhadores assalariados são submetidos. (OFFE, 1984, p. 59)
Diante de tais reflexões, é impossível não atribuir as desigualdades sociais presentes
àqueles que governam. Se na esfera pública aqueles que governam são responsáveis por
administrar a economia de um país, se são eles que recebem os impostos para que os
mesmos sejam atribuídos a uma sociedade de forma que se diminua a disparidade social,
então podemos pensar que é de responsabilidade dos que governam toda problemática que
envolve as questões sociais de um país. Ainda podemos pensar naqueles que governam
e que representam as instituições privadas, são esses que oferecem salários em troca da
força de trabalho das massas. Sendo assim, também é de responsabilidade desse grupo
garantir salários que garantam a dignidade social de um cidadão, assim como todos os
direitos legais e trabalhistas que competem a uma sociedade eticamente organizada. Se
teoricamente sabemos que a essa elite cabe a organização social, a questionar e buscar
transparência quanto ao papel desenvolvido por aqueles que governam para que a prática de
uma política pública ou de uma empresa privada tenha como prioridade um comportamento
ético no qual garantam as necessidades básicas daqueles que são governados através da
política, da economia e das práticas sociais.
55
CRITICA A ELITE
LIBERAL4
TÓPICO
UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES
Começamos a apresentar a crítica à elite liberal, através de Japiassu (2006), quan-
do ele afirma que:
O liberalismo político considera a vontade individual como fundamento das
relações sociais, dependendo, portanto, a liberdade individual, liberdade
de pensamento e de opinião, liberdade de culto”, em relação ao poder
do “um” deve ser limitado, defendendo assim o pluralismo das opiniões
e a independência entre os poderes legislativo, executivo e judiciário que
constituem o Estado. (JAPIASSU, 2006. Pg. 168).
Já o liberalismo econômico, cujo principal teórico foi Smith (1996), considera que
existem leis inerentes ao próprio processo econômico, tais como a lei da oferta e da procura,
que estabelece o equilíbrio entre a produção, distribuição e o consumo de bens em uma
sociedade. O estado não deve interferir na economia, mas apenas garantir a livre iniciativa
e a propriedade privada dos meios de produção.
Ainda no âmbito privado podemos entender como pessoas politicamente liberais
que têm como característica uma educação que proporcionou a elas acesso à riqueza e
ao poder, nos quais a transforma em um grupo que representa as minorias que governam.
É comum também a este grupo se posicionarem como aqueles que apoiam as massas
trabalhadoras, no entanto, eles representam a elite que governa e assim estão longe de
uma compreensão realmente clara das necessidades básicas da classe dominada.
É comum encontrarmos indivíduos que fazem parte desta elite liberal defender
o princípio de que, a valorização da liberdade individual, direciona o indivíduo para que
ele tenha mais facilidade em alcançar seus objetivos e assim conquistar os seus desejos.
56UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES
No entanto, é de conhecimento que nem sempre o fato de um indivíduo escolher qual
caminho trilhar irá significar o sucesso nesse caminho. Os seres humanos estão fadados
a serem rotulados por sua classe social, sua etnia, suas condições econômicas. Neste
sentido, um indivíduo que pertence às massas terá muito mais dificuldade de se posicionar
em uma sociedade extremamente preconceituosa, assim como ter acesso à educação,
saúde e condições sociais que possam proporcionar a ele condições para que o sucesso
não signifique uma luta diária a ser conquistada, mas sim, o resultadode um trabalho
estruturado e natural para a conquista social dos indivíduos.
Para Rosas (2018), o liberalismo igualitário nasce como uma reação as classes
dominantes. Busacando valores que não podem ser negociáveis. Podemos perceber essa
afirmação em Rosas (2018):
O paradigma liberal igualitário contemporâneo surge como reação contra
o utilitarismo dominante na política e na economia. Em vez da perspectiva
consequencialista, welfarista e agregativa que caracteriza as diferentes
formas de utilitarismo, o liberalismo igualitário é de carácter deontológico,
não welfarista e anti-agregativo. Ele afirma a primazia da virtude social, da
justiça e do respeito por direitos individuais. Para o liberalismo igualitário
estes valores não são negociáveis em função de quaisquer consequências
antecipáveis que permitam a maximização do bem-estar agregado. (ROSAS,
2018. Pg. 37.).
Já o liberalismo em si, apresenta sua base na liberdade e nos direitos individuais, a
igualdade diante da lei, o direito à propriedade privada e ao comércio. A história do liberalismo
iniciou-se no século XIII na Inglaterra, sendo marcada pela ideia do estado mínimo, a
meritocracia e o esforço individual para que cada um possa alcançar seus objetivos.
Quando pensamos intimamente nas questões sociais, como, por exemplo, os
grupos que governam e os grupos que são governados. Basicamente entendemos a ideia
de liberalismo e a questão da meritocracia como sendo um objetivo individual, em que cada
cidadão irá trabalhar e lutar em busca de reconhecimento e de alcançar suas expectativas
e seus anseios. Mas a dúvida que nos faz questionar e refletir é, todos os cidadãos,
independentemente de sua classe social, do seu acesso à educação, a cultura, possuem
as mesmas condições de alcançarem o sucesso através da concorrência?
Surge então uma fundamentação teórica muito discutida dentre os grupos que
socialmente discutem as questões sociais no mundo. Sendo assim, compreender que todas
as pessoas possuem os mesmos direitos, mas, ao mesmo tempo, questionar o sistema no
qual um indivíduo tem a liberdade de viver, mas não tem a liberdade de escolher a sua
profissão no futuro, pois as condições sociais nas quais ele está inserido não proporcionam
a ele o direito de estar frequentando esses meios educacionais.
57UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES
Historicamente, quando pensamos na questão do liberalismo e a visão de que
será através da valorização, da meritocracia e da liberdade de escolha que o indivíduo
terá sucesso em sua vida social e profissional, é possível perceber que isso não depende
única e exclusivamente da vontade dos seres humanos, mas é um processo no qual a
sociedade como um todo está inserida. A sociologia já provou que não basta unicamente
o desejo, a vontade, a luta individual para que o sucesso chegue às pessoas. Esse é um
processo coletivo, pois cada indivíduo pertence a uma cultura, a uma história individual e
coletiva diferente. Será através dessa história que a busca pelo sucesso poderá ou não ter
êxito, pois cada um, através do seu processo coletivo que envolve família, escola, políticas
públicas, sociedade, poderá ou não alcançar os objetivos traçados.
Na idade média os critérios que definiam a pobreza não eram exclusivamente
relacionados aos critérios econômicos, mas as condições de nascença ponto a igreja
católica era muito influente na vida das pessoas, sendo assim havia uma visão positiva
da pobreza, pois ela despertava o sentido da caridade e compaixão junto aos indivíduos.
Ter uma alma nobre em virtude era algo compensatório, assim como a pobreza de ações
referentes à caridade eram vistos como defeito. Na visão cristã a caridade era vista como
uma obrigação moral.
Já no século XVI, na história moderna, o antropocentrismo passa a ser o protagonista
de toda a formação social. Os pobres representavam as questões religiosas, a pobreza
e a caridade despertados por Cristo. Esse período também foi marcado principalmente
na Inglaterra pelo crescimento comercial industrial, aumentando excessivamente a
necessidade de mão de obra. Nesse processo, a pobreza e a miséria passaram a ser
vistas como preguiça, o desinteresse econômico, pois, havia muitas oportunidades de
trabalho. No entanto, em nenhum momento foram consideradas as condições de trabalho,
a exploração da mão de obra do trabalhador, a falta de leis trabalhistas que garantem o
mínimo de qualidade de vida e respeito ao trabalhador.
Se o povo não adquirir o hábito do trabalho, os preços baixos de todos os
artigos necessários para a vida estimulam a preguiça. O melhor remédio
contra isso é aumentar a demanda de todos os artigos necessários; não
somente através de prêmios de exportação — o que, aliás, muitas vezes
também é útil — mas aumentando o número de pessoas que os consomem;
e quando os artigos forem caros, exigir-se-ão mais trabalho e aplicação em
todos os tipos de comércio e artes para obtê-los. (SMITH, 1996, p. 47).
No século XVIII o liberalismo se fortaleceu, levando a justificativa para o sucesso
dos indivíduos, a falta de interesse e de luta para se alcançar o sucesso. As pessoas
eram vistas como protagonistas do seu destino, somente a elas cabia alcançar o sucesso
58UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES
social e econômico. A caridade como um todo já não fazia parte da rotina social, pois para
muitos era necessário manter o medo da pobreza e da fome, a fim de que os trabalhadores
realizassem com disciplina interesse suas funções.
Na idade contemporânea, quando se analisa todo este processo que caracteriza
o mundo do trabalho e a visão quanto ao objetivo de alcançar o sucesso, compreende-
se também as grandes lacunas entre as oportunidades ofertadas, as chamadas elites e
as massas, as precariedades dessas oportunidades e os meios disponíveis a ela. Assim,
quando analisamos a atualidade e as questões sociais, observamos que a meritocracia cada
vez mais passa a fazer parte da realidade da sociedade. Os indivíduos são cobrados desde
sua formação acadêmica que o seu sucesso será fruto dos seus esforços, no entanto, a
desigualdade social, as dificuldades, o preconceito junto às classes mais pobres estão cada
vez mais presentes. Assim, a chamada meritocracia, vista como um sonho a ser atingido
individualmente e que só depende do indivíduo, passa a ser vista pela sociologia como uma
luta desigual, em uma sociedade em que as oportunidades não se apresentam de forma
igualitária para todos, em que as diferenças se fazem presentes e são determinantes para
que um indivíduo possa ou não ser inserido na sociedade e no mundo do trabalho.
Mas seria realmente razoável assumir que a probabilidade de uma
conceitualização equivocada dos interesses esteja equitativamente distribuída
entre as classes? Argumentar aqui que esse não é o caso, que ao contrário,
a probabilidade de distorção dos interesses é maior por parte da classe
trabalhadora que por sua parte da classe capitalista, sobre o domínio das
relações capitalistas de produção. De acordo com esse argumento, os membros
da classe operária experimentam maiores dificuldades para determinar o que
seria os seus verdadeiros interesses, isto é, eles têm maiores dificuldades
de superar o hiato entre interesses empíricos e interesses verdadeiros. Essa
assimetria tem a ver com a própria dominação de classe, com a ambiguidade,
alienação, a mistificação e o fetichismo afetam diretamente a consciência da
classe operária, tanto quanto a exploração e a forma mercadoria, imposta a
força de trabalho humano, afetam suas condições materiais e sociais de vida
se está uma simetria existisse a um nível da percepção dos interesses, então
esperaríamos encontrar diferentes tipos e graus de esforços organizacionais
e comunicativos para racionalizar os respectivos interesses, isto é, para
superar as distorções e desvios específicos que são o resultado da posição
específica de classe. (OFFE, 1984, p. 85).
O liberalismoestá intimamente relacionado com as ideias iluministas do século
XVIII. A partir de John Locke (1996), a ideia do liberalismo passou a ser defendida de uma
forma mais precisa. Para ele, os indivíduos têm o direito natural à liberdade, à propriedade
privada e a resistir contra a imposição de ideias de seus governos. Locke ainda compreendia
que o poder emanava do povo e não propriamente de Deus como era defendido no período
medieval. Por esse motivo era necessário estabelecer uma relação entre governantes
e governados e criar uma relação entre essas forças para que a sociedade pudesse se
movimentar harmonicamente respeitando os direitos individuais.
59UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES
O liberalismo tem suas bases no afastamento do estado quanto nas políticas
públicas e sociais. Sendo ele um defensor da Liberdade individual, dos direitos individuais,
da igualdade, segurança, felicidade, liberdade religiosa, é também parte do seu processo
de formação liberal a ideia de não intervenção governamental, pois alcançar o sucesso
através dos itens já citados fazem parte de um plano individual e não coletivo.
Essa ideia já pressupõe o ideal defendido por Smith (1996) em que eram priorizados
a propriedade privada, o livre mercado, e a tributação mínima.
A partir do pressuposto do liberalismo e o livre mercado entende-se que, a não
intervenção do estado significa liberdade para esses detentores do capital e dos meios
de produção e venda à liberdade de opção pelo preço a ser comercializado, o salários a
serem pagos, o que muitas vezes ocasiona uma grande disparidade econômica entre elite
e massa. Assim, um estado liberal deve ser regido por leis que estabeleçam limites. No
entanto, a liberdade comercial passa a ser parte fundamental dessas relações, estando a
elite livre para determinar este segmento.
Outra questão muito debatida e presente nas transformações econômicas é
o neoliberalismo e a privatização de empresas estatais. Se por um lado a circulação de
capitais, abertura econômica, podem trazer benefícios para a economia de um país, por
outro lado, nós temos o desmonte de concursos e políticas públicas que em muitos casos
favorecem aqueles que proporcionam o sucesso individual de cada pessoa.
Ainda que alguém fizesse um uso assim perverso das bênçãos derramadas por
Deus sobre sua cabeça com mão liberal, que alguém fosse cruel e desprovido
de caridade a esse extremo, não estaria comprovado que a propriedade da
terra, mesmo neste caso, conferir se alguma autoridade sobre as pessoas dos
homens, o que somente pode ocorrer mediante um pacto. Pois a autoridade
do rico proprietário e a submissão do mendigo necessitado originam-se não
das posses do senhor, e sim do consentimento do pobre que preferiu ser
súdito a morrer de fome e o homem em que se submete desta forma não
pode pretender estar submetido a um poder maior do que aquele em que
consentiu mediante ao pacto ponto com base nessas premissas, o fato de um
homem os armazéns abarrotados em período de escassez, ou dinheiro no
bolso, ou estar numa embarcação no mar sabendo nadar, pode ser também a
origem de um governo e domínio, tal como se tivesse a posse de toda a terra
do mundo, dados em qualquer uma dessas circunstâncias suficiente para
permitir a ele salvar a vida de um homem que pereceria caso tal assistência
ali fosse negada e, segundo está regra, tudo quanto possa constituir uma
oportunidade para Se valer da necessidade de outrem para salvar a vida ou
algo que lhe traga caro, ao preço de sua liberdade pode converter-se numa
fundação de soberania bem como de propriedade. (LOCKE, 1996, p. 245).
Assim, o princípio do liberalismo acaba por desencadear novos problemas sociais
que muitas vezes afetam diretamente aqueles que são governados, ou seja, as massas.
É possível citar entre as principais críticas a serem abordadas: a meritocracia seria um
sistema falho, pois nem todos fazem parte dos grupos com condições de alcançar esses
60UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES
objetivos. Levando assim a uma diferença injusta entre as partes, em que o favorecimento
estará para aquele que tem mais condições financeiras e estabilidade.
Toda mercadoria que não possui uma política de estado reguladora terá em sua
comercialização o favorecimento das ambições do detentor dessas mercadorias e de seu
poder de comércio.
Quanto à tributação, privilegia as elites e as chances de que isso levará a oneração
dos cidadãos que pagam os impostos, principalmente as massas.
Quando o estado coloca a liberdade individual acima de outros direitos fundamentais,
ele abre espaço para a formação de uma sociedade com uma moralidade definida.
61
O escritor Jessé de Souza, faz uma análise crítica sobre a política brasileira desde a escravidão até a lava
jato, com um olhar bastante afinado e críticas inteligentes sobre a história política do Brasil.
Fonte: Revista Cult.
Disponível em: https://revistacult.uol.com.br/home/jesse-souza-a-elite-do-atraso/
Acesso: 21 fev. 2022
Vídeo do canal Futura aborda sobre a desigualdade social no Brasil. A desigualdade econômica se dá por
meio da distribuição irregular da renda, gerando a pobreza.
Fonte: Canal Futura.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Iw4h88BY3A4
Acesso: 21 fev. 2022
UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES
https://revistacult.uol.com.br/home/jesse-souza-a-elite-do-atraso/
https://revistacult.uol.com.br/home/jesse-souza-a-elite-do-atraso/
https://www.youtube.com/watch?v=Iw4h88BY3A4
https://www.youtube.com/watch?v=Iw4h88BY3A4
62
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro(a) acadêmico(a), chegamos ao final desta unidade e ao decorrer dela apro-
fundamos nossos estudos quanto à Teoria das Elites, e sua compreensão quanto ao estudo
da sociologia.
Iniciamos nosso estudo através do conceito de elite e seus pressupostos históricos,
neste capítulo foi de suma importância compreender a influência das elites na visão social,
econômica e histórica ao longo dos tempos.
No segundo capítulo, nosso foco de estudos direcionou-se a conhecer e compreender
a corrente sociológica de pensadores como: Vilfredo Pareto, Gaetano Mosca e Robert
Michels. Através do contexto teórico desses sociólogos foi possível conhecer e aprofundar
nossos estudos nas questões sociais sobre a formação das elites e das massas, ao longo
das décadas.
Dando continuidade aos nossos estudos, abordamos ainda a questão da “Denúncia
contra as elites” buscando compreender mais sistematicamente as ações econômicas,
políticas e sociais praticadas por esse grupo, e assim através de reflexões que objetivam
formular uma crítica real e construtiva sobre as ações praticadas pelas elites e o reflexo
delas na sociedade contemporânea.
Por fim, encerramos essa unidade buscando compreender a importância das
reflexões quanto à Crítica da elite liberal, seu conceito, ações, e reflexo para sociedade em
todos os seus momentos, buscando um despertar crítico e reflexivo quanto à sociologia.
Sucesso e até o próximo capítulo.
Obrigada a todos(as)!
UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES
63
MATERIAL COMPLEMENTAR
WEB
O podcast aborda a questão da desigualdade social no Brasil
relacionados à educação. Seu principal foco de estudo está na
diferença dos níveis de aprendizagem entre escolas públicas e
privadas.
Gazeta do Povo. Tragédia na educação: Brasil aprofunda de-
sigualdade social na sala de aula. Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=IDIXmmDFj8E . Acesso em: 11 fev. 2022.
LIVRO
Título: Violência e a história da desigualdade.
Autor: Walter Scheidel
Editora: Zahar; 1ª Edição (1 março, 2017).
Sinopse: Das primeiras sociedades humanas até hoje, a
desigualdade econômica só diminuiu de forma significativa
com rupturas violentas de larga escala. Sem guerras em
massa, revoluções transformadoras, falência do Estado ou
epidemias catastróficas, nunca houve nivelamento real de
renda, ou riqueza ― os ricos continuaram ricos, ou, como nas
últimas décadas, ficaram ainda mais ricos, uma vez que sempreresistiram a mudanças profundas alcançadas pacificamente.
Com argumentos sólidos, fundamentados por pesquisa
detalhada e apresentada com fartura de dados, Walter
Scheidel, historiador da Universidade Stanford, chega a uma
conclusão ainda mais perturbadora: se atualmente os eventos
de violência cataclísmica não parecem tão ameaçadores quanto
antes, por outro lado, as propostas econômicas para reduzir
a desigualdade não estão surtindo efeito, e o desequilíbrio
econômico e social só tende a aumentar.
Título: A Elite do Atraso
Autor: Jessé Souza
Editora: Estação Brasil(Fevereiro 2019)
Numa época em que a questão das desigualdades racial e
social estão, mais do que nunca, no centro de cena, o sociólogo
Jessé Souza escancara o pacto dos donos do poder para
perpetuar uma sociedade cruel forjada na escravidão. Esse é
o pilar de sustentação de nossa elite, A elite do atraso. Depois
da polêmica aberta pela obra A tolice da inteligência brasileira
e da contundência exposta em A radiografia do golpe, o autor
apresenta uma obra surpreendente, forte, inovadora e crítica na
essência, com um texto aguerrido e acessível. Figuras como as
do “homem cordial” de Sérgio Buarque de Holanda e do “jeitinho
UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES
https://www.youtube.com/watch?v=IDIXmmDFj8E
https://www.youtube.com/watch?v=IDIXmmDFj8E
64
brasileiro” interpretada por Roberto DaMatta sedimentaram a
síndrome de vira-lata do brasileiro e a ideia de que a corrupção
política é o grande problema nacional. Para Jessé, no entanto,
ideias velhas nos legaram o tema da corrupção dos tolos, restrita
à política. Na corrupção real, no entanto, o problema central
— sustentado por outras forças — é a manutenção secular de
uma sociedade desigual, que impossibilita o resgate do Brasil
esquecido e humilhado. Com o objetivo de desconstruir essa
legitimação “naturalizada” ao longo de décadas, o autor toma
a experiência da escravidão como a semente da sociedade
desigual, perversa e excludente do Brasil para, em seguida,
analisar como a luta de classes por privilégios construiu alianças
e preconceitos que esclarecem o padrão histórico repetido nos
embates políticos do Brasil moderno. Por fim, faz o diagnóstico
do momento atual, batendo forte no que chama de conluio
entre a grande mídia e a operação Lava Jato
FILME/VÍDEO
Filme: Você não estava aqui
Ano: 2020
Diretor: Ken Loach
Sinopse: O foco da obra está nas críticas ao trabalho informal,
as condições às quais as pessoas são submetidas nesse tipo de
atividade e sobretudo ao que vem sendo chamado de “uberiza-
ção do trabalho”.
Uma família enfrenta dificuldades financeiras depois da crise
de 2008. O pai começa a trabalhar em uma empresa de entre-
gas sem um vínculo empregatício. Com o tempo, a autonomia
de fazer seus próprios chefe acaba se tornando um pesadelo
de turnos desumanos e sacrifícios financeiros para conseguir
manter a família. Uma tragédia social que está na ordem do dia.
UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES
65
Filme: Coringa
Ano: 2019
Diretor: Todd Phillips
Sinopse: Indicado a 11 categorias no Oscar 2020 e levando
duas estatuetas, o filme conta a história do grande inimigo
de Batman. Após ser demitido de seu emprego como palhaço
em uma agência, Arthur, o Coringa, comete uma série de
assassinatos. Suas ações iniciam um movimento popular contra
a elite de Gotham City.
A obra mostra as dificuldades enfrentadas pelo personagem
na vida social, financeira e psicológica. Nesse contexto, existe
uma forte crítica ao neoliberalismo, já que a obra provoca
o espectador para questionar a falta de auxílio do estado ao
personagem. Arthur responde a isso tudo com uma violência
extrema que acaba sendo aclamada por uma população que só
enxerga a solução para seus problemas por esse caminho.
Vale lembrar que, na época de sua estreia, apesar do sucesso
de público, o filme chegou a ser criticado nas redes sociais pela
violência empregada nas cenas. As discussões chegaram aos
massacres com armas de fogo nos Estados Unidos — tema de
extrema relevância nos dias de hoje. Muitos apontavam que o
filme incitaria esse tipo de ataque.
UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES
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Plano de Estudos
• Definição o que é?;
• Dimensão Econômica e Política;
• Dimensão Política;
• Crise do Estado de Bem-Estar Social e ascensão do Neoliberalismo.
Objetivos da Aprendizagem
• Conceituar e contextualizar o conceito de Estado e o bem-estar social, enfatizando seu
compromisso com as políticas públicas;
• Compreender a responsabilidade do Estado enquanto regulador e responsável pela
economia e política nacional;
• Contextualizar o processo da dimensão da política enquanto órgão competente quanto
às responsabilidades junto ao Estado de direito democrático;
• Problematizar as questões que envolvem o bem-estar social e influência do neoliberalismo
nas políticas públicas na sociedade contemporânea.
Professora Especialista Alessandra Domingues Gomes
O ESTADO DE BEM O ESTADO DE BEM
ESTAR SOCIALESTAR SOCIAL
UNIDADEUNIDADE3
UNIDADE 3 O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIAL 67
Seja muito bem-vindo(a) !
Prezado(a) educando(a), é com muito prazer que daremos continuidade aos nossos
estudos sobre o Estado e o bem-estar social.
Iniciaremos nossos estudos explorando o contexto que representa o Estado e suas
responsabilidades legais junto a uma nação.
Nossa abordagem sobre a sociologia e a Dimensão Econômica e Política, tendo
como ênfase relacionar o princípio do que é a política e a relação com a economia em uma
abordagem social e igualitária, que prevaleça as questões de necessidades pertinentes às
políticas públicas.
Dando continuidade aos nossos estudos sobre a sociologia na contemporaneidade
e sua influência para formação das elites e a constituição das massas, o foco de pesquisa
estará na denúncia quanto à monopolização do poder e o abandono social dos grupos
menos favorecidos.
E, por último, estaremos concluindo os estudos deste capítulo abordando sobre
a Crítica da elite liberal, nela será feita uma análise quanto à Crítica à elite liberal, suas
características e seu papel na sociedade.
Espero que tenham um momento de estudo satisfatório e que essa leitura possa
colaborar no aprofundamento de seu conhecimento, relacionando a importância da socio-
logia e seus conceitos para a sociedade em seus mais diversos períodos.
Muito obrigado e bom estudo!
INTRODUÇÃO
DEFINIÇÃO1
TÓPICO
68
O estado de bem-estar social surgiu após a Segunda Guerra Mundial com o objetivo
de reconstruir a economia nos países ocidentais, objetivando uma nova organização
econômica e política quanto à sociedade.
Quando criado, seu objetivo era garantir o enfrentamento quanto aos trabalhadores
que exigiam melhores condições de vida e trabalho, assim como garantir uma nova ordem
econômica contrapondo aos blocos socialistas. O estado social surgiu a partir das teorias
de John Maynard Keynes em sua obra “Teoria geral do emprego do juro e da moeda”.
(2010). Assim o estado teria como objetivo intervir nas atividades econômicas investindo,
executando obras, redistribuindo rendas e assim garantindo o bem-estar da população.
Essaideia contrapunha o liberalismo, ou estado mínimo, que tinha como objetivo distanciar
a intervenção do estado.
Fiori (1997), nos fornece uma definição sobre o estado de bem-estar social simples
e objetiva, como podemos verificar abaixo:
Uma premissa metodológica aparentemente simples, mas cuja imensa
complexidade prática aparece de imediato quando tentamos reunir, sob
um mesmo conceito — o da “proteção social”. Instituições e práticas tão
radicalmente distintas como silo as Poor Laws e as Friendly Societies
inglesas, os seguros sociais compulsórios alemães, dos tempos de Bismarck,
as Caixas de Pensão brasileiras dos tempos de Eloy Chaves, o New Deal
norte-americano de Roosevelt ou, finalmente, o Estado de Bem-Estar Social,
a forma moderna mais avançada de exercício público da proteção social.
(FIORI, 1997. Pg. 131).
UNIDADE 3 O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIAL
69UNIDADE 3 O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIAL
Fiori (1997), deixa claro sua definição e abre espaço para novas informações. Vale
ressaltar que através da teoria apresentada acima, os economistas modernos, baseados
no capitalismo, compreendiam como necessária: moradia, educação básica, saúde, trans-
porte, lazer, trabalho, salário, garantindo o mínimo de qualidade de vida para os menos
favorecidos
Nesse mesmo período, em países latinos, instaurou-se uma variedade de modelos
governamentais, entre eles ditaduras que foram implantadas através de golpes militares,
em uma ideia deturpada do que seria agir de acordo com a lei, esses golpes exerciam
poder e controle sobre os grupos sociais de seus países.
O estado de bem-estar social entendido como uma organização política, econômica,
social e cultural que tem como objetivo colocar o estado como responsável em promover
ações sociais e organização econômica, a fim de garantir o bem-estar da sociedade como
um todo. Esse processo deve ter como princípio uma distribuição de renda igualitária e
ainda serviços básicos como saúde e educação.
As questões ligadas ao estado e que se relacionam socialmente perpassam a ideia
do dia a dia individual e passam a fazer respeito à estrutura de uma sociedade, causando
problemas sociais como desemprego, a fome, crises financeiras como outros problemas.
Esses problemas afetam a sociedade como um todo, atingindo principalmente os grupos
sociais menos favorecidos identificados como as massas.
O Estado de bem-estar social adota o sistema de medidas com a finalidade de
proteger seus cidadãos, garantindo assim a saúde, a segurança, moradia, lazer, educa-
ção, entre outros. Assim, seu objetivo é trazer a igualdade de oportunidades a todos, a
distribuição de riquezas e ainda a responsabilidade por aqueles que não tem condições de
manter as condições básicas de sobrevivência, mesmo quando se beneficia de subsídios
oferecidos pelo governo. O estado de bem-estar social que busca garantir a igualdade
de oportunidades e a distribuição de riquezas tem na sua prática características que irão
variar de acordo com cada país. Ele pode ter uma aplicação ampla ou restrita de acordo
com as necessidades sociais de cada país, entre as principais necessidades podemos citar
como contribuição do governo no sentido amplo para o bem-estar do cidadão tais como:
pavimentação, transporte público, saneamento básico, policiamento, escolas, etc. Já no
sentido estrito é possível destacar ações como: seguro desemprego, licença-maternidade,
assistência médica gratuita, pensões, etc.
A origem do Estado de bem-estar social originou-se nas políticas sociais. Historica-
mente, as políticas sociais estão classificadas em três momentos diferentes: Estado liberal,
Estado social, Estado neoliberal.
70UNIDADE 3 O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIAL
O estado liberal é baseado no liberalismo, doutrina essa surgida desde o período do
iluminismo nos séculos XVII e XVIII. A proposta dessa forma de governo entendia a valorizar
o direito à liberdade como forma de proteção dos cidadãos, desde que não ultrapasse o
direito de outros cidadãos. Esse sistema de governo tem como foco de interesse a burguesia,
pois acredita que a não interferência do Estado irá garantir uma regulamentação individual
e particular com maior sucesso e autonomia. Nele são valorizadas características como
Liberdade individual, igualdade de direitos, tolerância, Liberdade da mídia, livre-mercado.
No estado social tem como característica a ocupação e o uso da intervenção efetiva
do Estado quando necessário, se faz através dos direitos culturais, vírgulas econômicas e
sociais.
Já no estado neoliberal o governo é visto apenas como um regulador da economia.
Com a crise do liberalismo na década de 70 o modelo foi adotado por muitos países. Mas
a crise de 29 apresentou dados que comprovaram que uma falta de regulamentação pode
acarretar um crescimento descontrolado gerando a quebra econômica de um país, daí a
ideia de um estado mínimo regulador das políticas nacionais de um país.
No Estado neoliberal, é o aspecto em que os trabalhadores são os que mais perdem,
pois seus os salários, desaparecem como vapor. Segundo Pereira (2004), os resultados
percebidos das políticas neoliberais tem sido:
a) aumento do desemprego, que nos anos 1990 alcança 20% da população
economicamente ativa nas regiões metropolitanas, principalmente em São
Paulo; b)acentuada precarização dos postos de trabalho, prejudicando os
trabalhadores; c) desassalariamento, que se consubstancia principalmente
no crescimento das ocupações informais; d) aumento do trabalho em tempo
parcial, ou seja, cada vez mais os trabalhadores não conseguem empregos
em tempo total. e) queda nos rendimentos, tendo como exemplo o salário
mínimo real, que sofreu significativas perdas na década de 1990. (PEREIRA,
2004, p. 22).
O Estado de bem-estar social surge no segundo momento, no Estado Social, sendo
responsável por diversas mudanças ao longo dos anos. Entre as transformações sofridas
que podem ser citadas estão: a conquista de direitos políticos pela classe trabalhadora
ocorrendo graças a luta de classes que passou a ter direitos políticos através da socializa-
ção em que a sociedade civil passa a ter acesso às decisões, levando a elite a perder o
monopólio sobre o estado. Dessa forma o estado passa a assumir o dever de proteger os
direitos dos cidadãos.
71UNIDADE 3 O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIAL
1.1 Políticas públicas
O conceito de bem-estar social entendido como uma prática política que objetiva
colocar o estado como responsável em promover e organizar as ações sociais deve se
organizar, a fim de que tal ação tenha sucesso. Assim, a organização das políticas públicas
é necessária, compreendendo que ela irá garantir assistência àqueles que necessitam da
intervenção do estado, efetivando a garantia de direitos por lei. Nesse sentido, a adminis-
tração pública deve-se planejar criando condições para que as necessidades dos cidadãos
sejam contempladas, e assim diminuir a desigualdade social, garantindo melhor qualidade
de vida, saúde, moradia, educação, cultura, entre outros.
As políticas públicas podem estar diretamente ligadas com a ideia da distribuição
de benefícios, contemplando um grupo de pessoas que não tenha acesso a condições
básicas de sobrevivência ponto as políticas distributivas não possuem uma regra básica de
organização, elas se fazem de acordo com as necessidades de cada grupo. Oferecer taxa
atrativa como incentivo para pequenos e microempreendedores.
As políticas entendidas como redistributivas tem o objetivo de garantir o bem-estar.
Dessa forma ela irá garantir o benefício de atingir maior igualdade. Um exemplo seria
descontos sobre impostos de acordo com a renda básica do cidadão.
Compreendidas as diversas demandas e expectativas da sociedade, ele
fará a seleção de prioridades para, em seguida, oferecer as respostas. As
respostas nunca atenderão às expectativas de todos os grupos. Alguns
grupos serão contemplados, outros não. Para osgrupos contemplados o
governo terá de formular e desenvolver ações para buscar atender suas
expectativas, integral ou parcialmente. Quando o governo busca atender
as principais (na sua percepção) demandas recebidas, diz-se que ele está
voltado para o interesse público (ou seja, para o interesse da sociedade).
Ao atuar na direção do interesse público, o governo busca maximizar o bem-
estar social. (LOPES, 2008, p. 07).
As políticas regulatórias estão relacionadas às normas de comportamento que
devem ser regulamentadas por regras em uma sociedade. Um exemplo seria destinar
poltronas para pessoas idosas e deficientes no transporte público.
As políticas constitutivas se relacionam com a formação de regras para elaboração
das políticas públicas assim como direcionar as pessoas responsáveis por essa organização,
um exemplo seria a regulamentação para processos eletivos.
Organizar todo esse processo de regulamentação e prática de tais ações. Essas
ações têm como base respeitar e priorizar etapas em sua formação, identificando os
problemas que necessitam de ação, priorizando aqueles que necessitam de urgência,
buscando o caminho mais viável para que as políticas se efetivem, definindo metas e ações,
72UNIDADE 3 O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIAL
garantindo a implantação e ainda avaliando os resultados buscando assim novas medidas
quando necessário.
1.2 Estado Democrático de Direito
Quando pensamos em um estado de direito, ou liberalismo, a princípio a ideia é que
uma relação entre essas teorias parecem um pouco distantes. No entanto, compreender a
finalidade do liberalismo não significa desvincular suas ações, com as ações de um estado
democrático, pois a ideia do liberalismo, ou estado mínimo em uma sociedade não significa
o sucesso, ou independência de toda sociedade. É necessário manter um olhar crítico e
empático com todas as classes sociais.
Um estado democrático de direito tem como base a vontade de seu povo agindo
de forma democrática. No entanto, as leis são partes imprescindíveis nesse processo,
que esteja valendo para todos e que não haja oprimidos ou opressores. Assim, o estado
deve agir a partir da soberania popular, que deve participar de forma efetiva nas decisões
políticas, promovendo o bem-estar e a igualdade de todos.
Para entender o poder político corretamente, e derivá-lo de sua origem, deve-
mos considerar o estado em que todos os homens naturalmente estão, o que
é um estado de perfeita liberdade para regular suas ações e dispor de suas
posses e pessoas do modo como julgarem acertado, dentro dos limites da
lei da natureza, sem pedir licença ou depender da vontade de qualquer outro
homem. (LOCKE, 1996, p. 381).
Assim, alguns casos, o entendimento do significado de um estado democrático,
um dos princípios é compreender o significado de um estado de direito, que está intrinse-
camente relacionado com o liberalismo, em que as políticas são livres sem intervenção
maciça do Estado, desde que se submetam ao princípio da legalidade.
A partir de políticas de um estado democrático em que o poder emana do povo,
o povo será o objetivo. Nesse contexto, a justiça social deverá fazer-se presente como
garantia desses direitos, buscando diminuir os níveis de desigualdade.
Entre as características presentes em um estado democrático podemos citar: uma
constituição formada pela vontade popular, vigência de um estado que se baseia em seu
povo, direitos fundamentais devem ser respeitados, promoção da justiça e igualdade social,
poder judiciário independente que garanta o direito de todos os cidadãos.
73UNIDADE 3 O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIAL
1.3 Estado Mínimo
O estado mínimo surgiu entre os séculos XVIII e XIX, tendo origem compensadores
como Adam Smith. Também conhecido como estado liberal, tem como base a ideia de uma
economia em que a participação do setor público seja mínima comparado ao setor privado.
Em um estado mínimo, o estado irá funcionar basicamente para manter os bens públicos
que facilitam o funcionamento dos mercados. Dessa forma, tal ideia será fortalecida por
pensadores que defendem o mercado livre para economia.
É verdade que nas democracias o povo parece fazer o que quer, mas a
liberdade política não consiste em se fazer o que se quer em um estado, isto
é, numa social sociedade onde existem leis, a liberdade só pode consistir em
poder fazer o que se deve querer e não ser forçado a fazer o que não se tem
o direito de querer. Deve-se ter em mente. O que é independência e o que é
liberdade. A liberdade é o direito de fazer tudo o que as leis permitem, se um
cidadão pudesse fazer o que elas proíbem, ele já não teria Liberdade, porque
os outros também teriam este poder. (MONTESQUIEU, 2000, p. 166).
A teoria do estado mínimo surgiu no século XVIII no estado absolutista durante a
revolução francesa, caracterizada pelo surgimento durante a Segunda Guerra Mundial, ele
voltou a ser cogitado com a criação do neoliberalismo que possui uma visão mais ampla
quanto à intervenção do estado. A tentativa de implantação do estado mínimo continuou
a ser alvo de aplicação. Surgindo novamente no Reino Unido em 1979 no governo de
Margaret Thatcher quando houve a privatização de indústrias, a redução de impostos, o
controle dos sindicatos entre outras ações. Na Estônia após a independência de um regime
socialista através de corte de subsídios, redução de tarifas entre outros.
… em uma época em que os moradores do campo estavam expostos a todo
tipo de violência, nas metrópoles se implantou a ordem e a boa administração
e, juntamente com elas, a liberdade e a segurança dos indivíduos. É
natural que os habitantes do campo, colocados nessa situação indefesa,
se contentassem com a sua subsistência; porque conseguir mais apenas
provocaria a injustiça de seus opressores. Ao contrário, quando os cidadãos
têm segurança de gozar dos frutos do trabalho, empenham-se naturalmente
em melhorar sua condição e em adquirir não somente o necessário, mas
também os confortos e o luxo que a vida pode proporcionar. (SMITH, 1996,
p. 393).
DIMENSÃO POLÍTICA E
ECONÔMICA2
TÓPICO
74
A ideia de um estado social está diretamente ligada às questões políticas, quanto à
desigualdade social. Vale destacar que é ela que impulsiona a ideia de um estado baseado
em políticas públicas que possam balancear a economia de um país através da geração de
trabalho, distribuição de renda, garantindo assim o fortalecimento da economia através da
reestruturação do poder de compra e consumo da sua população.
Historicamente a desigualdade social gera uma economia enfraquecida que não
garante o sustento de seus aposentados dignamente, assim como os seus trabalhadores e
seus dependentes. Contrapondo a essa afirmação, a desigualdade, por outro lado, garante
a existência de uma economia elitizada que irá garantir àqueles que possuem condições
econômicas de adquirir formação econômica e profissional, assim como qualidade de vida
para esses grupos.
A desigualdade social é fruto de uma sociedade em que grupos elitizados detém
o controle do capital, garantindo visibilidade e qualidade de vida em detrimento de outras.
Ela pode ser vista como uma condição natural considerando fatores religiosos,
culturais, políticos, etc., ou ainda pode ser vista como uma condição historicamente
constituída.
Quando analisamos a segunda opção é possível pensar que esta condição não é
fruto somente de condições naturais, mas está presente na ação do homem relacionando
com inúmeros fatores buscando justificar sua existência, assim como propondo políticas
públicas que muitas vezes não passam de questões teóricas.
UNIDADE 3 O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIAL
75UNIDADE 3 O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIAL
A desigualdade acontece principalmente quando os privilégios dos principais
só são honrosos porque são vergonhosos para o povo. Qual foi a lei que,
em Roma, proibiu os patrícios de se unirem por casamento com os plebeus,
o que nãode 2013. Debatendo, assim, se foi Impeachment ou Golpe? Por fim, faremos uma
breve viagem na crise do Governo Dilma ao “Bolsonarismo”.
Assim, chegaremos ao fim dessa viagem. Espero que seu horizonte de expectativas
seja modificado e novos horizontes sejam acrescentados, uma vez que todos nós, brasileiros,
necessitamos ter uma visão aberta, principalmente com fatos históricos, abandonado os
achismos da fake News e das redes sociais.
Muito obrigado e bom estudo!
7
SUMÁRIO
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Plano de Estudos
• O que é Sociologia Política;
• Filosofia Política de Maquiavel;
• Ciência Política;
• Políticas Públicas e Política Social;
Objetivos da Aprendizagem
• Conhecer o que é a sociologia política;
• Apresentar a Filosofia Política em Maquiavel;
• Identificar o conceito de Ciência Política;
• Conhecer os conceitos de Políticas Públicas e Política Social.
Professor Especialista Cleber Henrique Sanitá Kojo
SOCIOLOGIA POLÍTICA, SOCIOLOGIA POLÍTICA,
CAMPOS E CONCEITOSCAMPOS E CONCEITOS1UNIDADEUNIDADE
INTRODUÇÃO
9UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA, CAMPOS E CONCEITOS
Seja muito bem-vindo(a) a nossa disciplina de Sociologia Política!
Prezado(a) educando(a), sintam-se abraçados e cheios de entusiasmo para iniciar
a nossa disciplina de Sociologia Política.
Agora preste muita atenção, pois estamos iniciando um caminho repleto de conhe-
cimento que você precisa compreender para o desenrolar do capítulo a seguir.
A partir de agora, partimos para uma jornada em busca de definições e conceitos
sobre a sociologia política. Vale ressaltar que esses conceitos básicos irão nortear toda
nossa produção de conhecimento futuro.
Logo após aprendermos o que é a sociologia política, partiremos para uma jornada
buscando experiências históricas, e, conhecendo alguns pontos que envolvem a filosofia
política de Nicolau Maquiavel e toda sua riqueza.
Ainda, nesta unidade, vamos fazer uma viagem conhecendo o que é ciência política
e suas definições de poder.
Então, encerraremos nossa trilha de aprendizagem conhecendo os conceitos de
políticas públicas e política social. Passando por todos os desafios para sua construção,
seja pela luta de classes ou pelos desejos e vontades do homem.
Desde já, muito obrigado e bom estudo!
O QUE É A SOCIOLOGIA
POLÍTICA1
TÓPICO
10
Sempre quando pensamos em estudar a sociologia, somos direcionados a
imaginar diretamente as entranhas que a compõem, e, assim, tentar entendê-la, para que
possamos tratá-la como se fosse um corpo humano. Vale ressaltar que esse pensamento
inicial sobre a sociologia é um conhecimento empírico que não pode ser descartado para
análise da sociedade. Por isso, devemos elevá-la à categoria de ciência e se possível
dividir “o corpo humano”, ou seja, separando-as em partes específicas para que ocorra a
melhor compreensão da sociedade e que seja mapeado os possíveis problemas para que
se apresente possíveis soluções.
Podemos afirmar, então, que assim como na medicina, em que existem especia-
listas para determinadas áreas, a sociologia também utiliza desse mecanismo para facilitar
seu estudo. Então, a sociologia passa a ser dividida para seu melhor entendimento. Assim
podemos destacar a importância da sociologia política para a evolução da sociedade. Pois
é apenas uma parte dessa ciência que ajuda a desvendar a realidade de toda a sociedade.
Mas o que é a sociologia política? Como ela surgiu? Podemos diferenciá-la de outros ramos
da sociologia? É claro que sim.
Assim, começamos nosso estudo distinguindo essa vertente da sociologia de
outras partes que a compõem. Pois existe uma grande diferença entre Sociologia Política e
Sociologia da Política, por exemplo. Essa diferença é expressa pela primeira vez no final da
década de 1960 por Sartori (1969). No entanto, antes de apresentar essa diferença, iremos
expressar um pouco melhor a importância do estudo da sociologia política.
UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA, CAMPOS E CONCEITOS
11UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA, CAMPOS E CONCEITOS
Para compreendermos o aparecimento do nosso objeto de estudo, que é a socio-
logia política, vamos apresentar o termo “universo político”. Esse termo serve para explicar
que a sociologia não vive só. Pois temos a ciência política, a filosofia política, a economia,
entre outras que vão justificar seu surgimento. Como assim? Talvez você se pergunte.
Para explicar melhor, iremos expor o exemplo da economia, que se utiliza de
instrumentos metódicos e científicos para aclarar as relações econômicas. Tornando-se
transparente seu papel e expondo que as relações econômicas interferem na sociedade.
A Filosofia da política também se torna importante para compreensão do papel
político do cidadão. Assim, o indivíduo age de maneira coletiva e não individual para que
não ocorra a quebra da ética exposta pela sociedade.
Nasce também a ciência política que apresenta as relações de poder e suas
vertentes.
Assim, temos o aparecimento da sociologia política que vai estudar cada vez mais
todas essas relações e assim apresentar a sociedade como é de fato e como pode evoluir-
se. Vale ressaltar que isso ocorrerá através dos métodos científicos que o cientista vai
utilizar para comprovar seu objeto de estudo.
Então, podemos afirmar que a junção dessas ciências ou disciplinas, vão formar
nosso objeto de estudo, ou seja, a sociologia política. Podemos perceber a relação
apresentada acima em Souza (2009):
O que se passa quando duas disciplinas se aproximam para formar uma
terceira e circunscrevem como objeto de estudo o universo de fatos já traba-
lhados por outras abordagens? Isso ocorre com a Sociologia Política diante
da Filosofia Política ou da Ciência Política. É preciso uma análise mais cui-
dadosa para distinguir essas formas de produção de conhecimento sobre o
universo político. (SOUZA, 2009, p. 08).
No entanto, a sociologia política pode ser declarada que nasceu muito além dessa
ideia moderna citada acima, pois muito antes já havia pensadores que se debruçaram
sobre a sociedade e seus desafios. Esses pensadores apresentavam suas ideias sobre
os indivíduos, cidadãos, ou sobre a própria sociedade tribal. Vale ressaltar que podemos
começar apresentando Aristóteles e sua filosofia política através da virtude humana e seus
desafios. Além de apresentar a sociedade grega e a verdade da pólis.
Então, a partir de avaliações morais e de suas observações, desenvolveu teoria e
normas sociais. Pois ele vasculhou seus pensamentos analisando a sociedade natural, ou
seja, família, escravidão e o cotidiano.
12UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA, CAMPOS E CONCEITOS
Assim, percebemos a liderança do pai na família, submetendo sua mulher e filhos
a suas regras, provendo o sustento da família. Já a escravidão é vista como algo natural na
sociedade grega, em que temos os costumes e as relações sociais.
Por fim, a pólis é a junção de várias tribos que, por sua vez, movimenta a relação
das famílias, escravos e cidadãos livres. Com isso nasce a necessidade de se criar cargos
políticos, para se debater os problemas da sociedade. Temos a assembleia em quetinha outro efeito se não tornar, por um lado, os patrícios mais
soberbos e por outro, mais odiosos. Esta desigualdade acontecerá ainda se
a condição dos cidadãos for diferente em relação aos subsídios, coisa que
acontece de quatro maneiras: quando os nobres conseguem o privilégio de
não pagar os, quando fazem fraude para isentar-se deles, quando os tornam
para se sob o pretexto de retribuições ou de honorários pelos empregos que
exerce, enfim, quando tornam o povo tributário e dividem os impostos que
levaram sobre ele. (MONTESQUIEU, 2000, p. 63).
Assim é possível analisar a desigualdade social tendo como causa diversas
origens. Em alguns países, como Índia, essas diferenças são justificadas por questões
político religiosas definidas por um sistema de castas. Quando analisamos o Brasil, um
país de estado democrático, compreendemos a desigualdade social como uma questão
de má gestão das políticas públicas. Assim, analisando a Índia compreendemos como um
caso isolado ou especial. Mas, ao questionarmos as questões relacionadas ao Brasil, por
exemplo, percebemos que países que vivem em um capitalismo resultam em uma divisão
social que incide naqueles que possuem os meios de produção e aqueles que possuem
sua força de trabalho como forma de sobrevivência e assim permitem a continuidade
do empreendedor, gerando lucros ao seu proprietário. Fica somente no controle de seu
proprietário, gerando a mais-valia, ou seja, parte da produção do trabalho que não é paga
a seus trabalhadores, indo direto para as mãos do empresário. Analisando este contexto
compreendemos que o mundo do trabalho não gera um processo igualitário, mas garante a
exploração da mão de obra em que seu trabalhador não terá parte naquilo que promoveu,
gerando a desigualdade social, que é um grande ponto de conflito e questionamento quanto
à política de um estado de bem-estar social.
DIMENSÃO
ECONÔMICA3
TÓPICO
76
Através das classes menos favorecidas no século XIX e com o crescimento do
capitalismo industrial na Europa que o estado de bem-estar social passou a figurar de
maneira importante na economia. Neste período a economia se encontrava em um cenário
de miséria, fome, doenças e o crescimento da violência e da desigualdade. O capitalismo
se tornava cada vez mais presente como uma política econômica, a revolução industrial, o
avançar da burguesia com suas máquinas levou a um caos generalizado para as classes
trabalhadoras.
É claro que no âmbito burguês este foi um dos momentos de maior visibilidade e
enriquecimento. A Europa, principalmente a Inglaterra, se via em um momento de grande
crescimento econômico, afinal a revolução industrial expandiu as fronteiras garantindo
riqueza, propriedade e poder. No entanto, na outra conta estavam os trabalhadores das
indústrias. Estes trabalhadores ultrapassam às doze horas de trabalho diário. Também não
conheciam o descanso remunerado, férias, ou qualquer outro benefício que não fosse o
seu mísero salário.
Esta situação não garantia dignidade para esses trabalhadores, eles viviam na
miséria, passavam fome e as vagas precárias nas indústrias não eram suficientes para
garantir o bem-estar de todos os trabalhadores, pois muitos ficavam sem trabalho e sem
condições de sobrevivência.
Nesse período começaram a surgir os primeiros sindicatos que tinham um objetivo
de garantir a sobrevivência desses trabalhadores, compreendendo que era dever do Estado
promover o bem-estar para sua população.
UNIDADE 3 O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIAL
77UNIDADE 3 O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIAL
O primeiro grande teórico que passou a defender essa teoria foi o alemão Otto von
Bismarck em 1880 na Alemanha. Bismarck propôs uma política alternativa que não daria
ênfase nem ao liberalismo econômico ou ao socialismo. Para ele, o controle do Estado
sobre economia e uso de impostos arrecadados deveriam ser direcionados à população.
Já no século XX foi o economista inglês John Maynard Keynes (2010) que apresentou
um novo sistema de política econômica mundial seguindo os passos da economia e bem-
estar social.
O estado também de igualdade em que é recíproco todo o poder de jurisdição,
não tendo ninguém mais que outro qualquer, sendo absolutamente evidente
que criaturas da mesma espécie posição, promiscuamente nascidas para
todas as mesmas vantagens da natureza e para o uso das mesmas faculdades
vírgulas, devam ser também iguais umas às outras, sem subordinação ou
sujeição, a menos que o senhor e amo de todas elas mediante qualquer
declaração manifesta de sua vontade, colocasse em cima de outra ele
conferir se, por evidente e clarificação, um direito indubitável ao domínio e a
soberania. (LOCKE, 1996, p.381).
Em sua teoria, Keynes (2010) defendeu o quê um estado organizado, de fontes
econômicas, liberalismo que garantissem o livre mercado estariam gerando empregos e
que uma sociedade empregada soluciona os problemas sociais. Ainda na sua teoria, esses
mesmos trabalhadores deveriam aceitar salários baixos e condições precárias de trabalho
para garantir a manutenção e a existência de empregos.
Para ele, o estado de bem-estar social significa que o estado deve regular a
economia, manter a cobrança de impostos para todos e reverter esses impostos em ações
públicas. As ideias deixadas por quem foram colocadas em prática em grandes potências
democráticas ocidentais. No entanto, a partir de 1960, países como Estados Unidos e a
Inglaterra entraram em crise econômica e o agravamento da economia levou esses países
a enfrentamentos sem precedentes, os levando a adotar ideias que se aproximavam do
neoliberalismo.
CRISE DO ESTADO DE BEM-
ESTAR SOCIAL E ASCENSÃO DO
NEOLIBERALISMO4
TÓPICO
78
A crise do Estado de bem-estar social é um tema de grande complexidade que
busca compreender os motivos que levaram ao seu declínio. Em muitos países os primeiros
sinais de crise ocorreram devido a crises econômicas como o crescimento do capitalismo e
a crise fiscal com os gastos públicos, ponto esse processo se fortaleceu pelo crescimento
de grandes empresas com bases capitalistas e as classes trabalhadores que buscam
assegurar seus próprios interesses.
Países como o Brasil não tiveram grande expressão quanto à estrutura de um
estado de bem-estar como os países de primeiro mundo. No entanto, seu processo de
efetivação iniciou-se no governo Vargas, na década de 30.
Em meados de 1970, empresas privadas passaram a questionar o intervencionismo
do Estado. Para partidos esquerdistas, assim como movimentos populares e classes
trabalhadoras, entendiam que havia chegado o momento do Estado diminuir as
desigualdades sociais e a pobreza que assolavam o país, ponto de esforço que não obteve
resultados significativos. Seus governos sucessores a partir de 1985 passaram adotar
políticas neoliberais, gerando privatizações e o desmonte de grandes estatais espalhadas
pelo Brasil, principalmente nas grandes capitais.
Diante de debates aflorados quanto ao papel do bem-estar social, sua crise e
decadência e ascensão do liberalismo, primeiramente buscamos compreender o significado
de neoliberalismo.
UNIDADE 3 O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIAL
79UNIDADE 3 O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIAL
Sobre o Neoliberalismo econômico, Japiassu, (2006), diz que:
o neoliberalismo econômico constitui, em nossos dias, a doutrina que, diante
de certo fracasso do liberalismo clássico e da necessidade de reformar algum
de seus modos de proceder, admite uma certa intervenção do estado na eco-
nomia, mas sem questionar os princípios da concordância e da livre empresa.
(JAPIASSU, 2006. Pg. 168.).
O neoliberalismo pode ser visto como uma forma de ver e compreender o mundo
social, uma organização de um movimento intelectual, esta teoria se baseou no liberalismo,
no entanto, suas ideias políticas e econômicas capitalistas entendem que não há necessidade
de haver uma participação do estado na economia, devendo ocorrer total Liberdade decomércio, o que resultaria no crescimento econômico e desenvolvimento social.
De acordo com o neoliberalismo, não deveria praticamente ocorrer intervenção do
estado quanto ao mercado de trabalho, assim como priorizar a privatização de empresas
estatais, a entrada de capital estrangeiro no país, a globalização vista de forma crescente
e positiva, a entrada de multinacionais em países como o Brasil como algumas formas de
incentivo para que ocorresse o crescimento sustentável sem a intervenção do estado.
No Brasil o neoliberalismo passou a ganhar notoriedade a partir do governo de
Fernando Henrique Cardoso.
Em seu governo as privatizações se deram em grande escala, utilizando esse
capital para fortalecer a nova moeda e sua cotação no mercado.
Na educação, o princípio do neoliberalismo pressupõe a ideia de qualidade,
modernização e adequação de uma educação competitiva incorporadas a técnicas de
informática e comunicação. A questão é que em um estado mínimo, todo esse projeto de
incentivo à educação de qualidade, sem intervenção governamental, poderia resultar em
um distanciamento das classes menos favorecidas em ambientes escolares, tornando-o
um espaço direcionado para as classes privilegiadas economicamente.
Aceitar a definição de democracia nos termos pluralista as vírgulas, a
questão passa a ser a seguinte: dada a passividade das massas e o fato
de que a participação está restrita as elites, quem, então, controlaria esses
grupos minoritários, a resposta pluralista, como já vimos, reside na defesa,
já encontrada em Mosca 1939, da competição entre as minorias, isto é, do
controle recíproco que elas exerceriam uma sobre as outras, já que seus
interesses são distintos. Essa competição e esse controle mutuo impediriam o
procedimento político de apenas uma delas, contudo, como nota Peter 1984,
fariam reciprocamente pela competição. Ao contrário disso, a evidência de
que, em cada área de políticas públicas, encontramos sempre o predomínio
de um único grupo, que se especializa em dominar os procedimentos
decisórios naquele campo específico. (PERISSINOTTO, 2018, p. 166).
80UNIDADE 3 O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIAL
Após a crise do petróleo, em meados de 1970, surgiu uma necessidade de mudança
na organização do Estado. Empresas multinacionais buscavam a expansão, no entanto, o
número de desemprego em países europeus e Estados Unidos surgindo movimentos grevistas.
Podemos afirmar que a crise era fruto de políticas públicas sociais, o que gerava
déficit no orçamento, gerando a inflação. Além disso, discutia-se o fato de que as políticas
sociais comprometem a liberdade do mercado e a liberdade individual. Isso gerou a ideia
de que o bem-estar dos cidadãos deveria ser de responsabilidade individual, levando os
serviços públicos a privatização, sendo pagos por quem os utilizasse. Essa é a ideia de
um estado mínimo, ou seja, a mínima intervenção do Estado. Assim, autores como Offe
(1984), discutem o papel da burguesia e o resultado de ações que causam a opressão e a
constante luta das classes operárias.
O que antes chamamos de conflito de classe econômico difere do conflito de
classe político em dois sentidos. Um consiste na distinção completamente
óbvia de que, no primeiro nível, os modos de ação coletiva institucionalizados
são respeitáveis e aceitos por ambos os lados, enquanto no segundo nível
as próprias formas de institucionalização tornam-se objeto da luta. Mas há
também uma segunda diferença que é a mais profunda e mais complicada.
Em lutas de classe econômica, a classe operária como um todo ou segmentos
particulares da mesma, como aqueles representados pelos sindicatos ou
outras associações de classe operária, são confrontados com segmentos
menores ou maiores da burguesia. Em contrapartida, luta sobre formas
políticas envolvem tanto a confrontação entre classe operária e a burguesia
quanto lutas políticas dentro de uma classe operária. (OFFE, 1984, p. 94).
O fruto deste contexto econômico e político que se tornou convencional foi chamado
de estado neoliberal. Os setores mais atingidos com essa nova política foram aqueles que
beneficiam os trabalhadores, como assistência social, habitação, transporte, saúde.
De acordo com os neoliberais era necessário tomar atitudes drásticas quanto ao
mundo dos negócios além de que o capital privado necessitava de espaço para crescer
reforçando os valores e modo de vida capitalista ponto o resultado foi a presença cada
vez mais constante de corporações produtivas e financeiras levando-a questões políticas
serem dominadas pela economia.
81
Texto do consultor Cláudio Prado sobre Direitos Humanos e política: importância para a democracia, abor-
dando questões como os direitos humanos, A presença da ONU, a constituição, a declaração universal dos
direitos humanos, entre outros temas relevantes para democracia de uma nação.
Fonte: Fundação Primeiro de Maio
Disponível em: https://www.fundacao1demaio.org.br/artigo/direitos-humanos-e-politica-importancia-
-para-a-democracia/Acesso: 21 fev. 2022.
O historiador e filósofo Leandro Karnal, faz importantes considerações sobre o período pandêmico no
Brasil e a relação com o Estado Mínimo e sua efetivação nas políticas sociais.
Fonte: Estadão Notícias.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=BuCo06tFvwQ
Acesso: 21 fev. 2022
UNIDADE 3 O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIAL
https://www.fundacao1demaio.org.br/artigo/direitos-humanos-e-politica-importancia-para-a-democracia/
https://www.fundacao1demaio.org.br/artigo/direitos-humanos-e-politica-importancia-para-a-democracia/
https://www.fundacao1demaio.org.br/artigo/direitos-humanos-e-politica-importancia-para-a-democracia/
https://www.youtube.com/watch?v=BuCo06tFvwQ
https://www.youtube.com/watch?v=BuCo06tFvwQ
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro(a) acadêmico(a), chegamos ao final desta unidade e ao decorrer dela
aprofundamos nossos estudos quanto à Teoria das Elites, e sua compreensão quanto ao
estudo da sociologia.
Iniciamos nosso estudo através do conceito de O Estado de bem-estar social e seus
pressupostos históricos, conceitos e definições. Este capítulo proporcionou o conhecimento
sobre o tema e a sua relevância do mesmo para a formação das elites ao longo da história.
No segundo capítulo, nosso foco de estudos direcionou-se a conhecer e compreender
a dimensão política do Estado de bem-estar social, seu alcance e suas convicções quanto
à sociedade, desde os que governam àqueles que são governados, aprofundando nossos
estudos nas questões sociais, a formação das elites e das massas, ao longo das décadas.
Dando continuidade aos nossos estudos. Abordamos ainda a questão das questões
econômicas quanto o Estado de Bem-estar Social e suas características desde sua formação
à influência nos dias atuais, buscando compreender as ações econômicas praticadas nesse
contexto e assim através de reflexões que objetivam formular uma crítica real e construtiva
sobre as ações daqueles que governa, na sociedade moderna e contemporânea.
Por fim, encerramos essa unidade buscando compreender como ocorreu a crise
do Estado de Bem-Estar Social e ascensão do Neoliberalismo, suas características, suas
teorias e seu projeto de formação e implantação, conhecendo seus reflexos no passado e
presente.
Sucesso e até o próximo capítulo.
Obrigado a todos(as)!
UNIDADE 3 O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIAL
83
MATERIAL COMPLEMENTAR
WEB
O podcast aborda a questão do Estado democrático de direito
e a defesa da moralidade administrativa, conversando com
Affonso Ghizzo Neto, promotor de Justiça do Ministério Público
de Santa Catarina, sobre o estado democrático de direito e a
defesa da moralidade administrativa. Durante a conversa, o
convidado explica a cultura da sociedade brasileira e sua relação
com as práticas de corrupção. Como essa relação influenciou a
formação de nosso estado democrático de direito? Quais os ins-
trumentos constitucionais que temos à disposição no combate
à corrupçãoe na defesa da moralidade administrativa? Como
a educação pode servir de instrumento de transformação no
combate ao fenômeno da corrupção? Estes e outros assuntos
serão debatidos neste podcast.
Ministério Público do Paraná, o estado democrático de direito
e a defesa da moralidade administrativa.
Disponível em: https://escolasuperior.mppr.
mp.br/2021/04/1179/PODCAST-Confira-novo-episodio-sobre-
-o-estado-democratico-de-direito-e-a-defesa-da-moralidade-
-administrativa.html . Acesso em 21 fev. 2022.
LIVRO
Título: O estado de bem-estar social na idade da razão.
Autor: Célia Lessa Kerstenetzky
Editora: Elsevier; 1ª edição (18 julho 2012)
Sinopse: O estado do bem-estar social morreu? O envelhecimento
das populações e a globalização econômica teriam disparado
os tiros fatais? Este livro responde negativamente a essas
questões, mas identifica uma nova e crucial fase do estado
social. Mais do que nunca, o estado do bem-estar é necessário
para garantir direitos frente aos novos riscos sociais, ao mesmo
tempo, em que é chamado a imaginar soluções que garantam
sua sustentabilidade financeira e política. De acordo com a
autora Celia Kerstenetzky, a construção do estado do bem-
estar é uma marca civilizatória, que distingue as sociedades
que reconhecem seus membros como cidadãos, sujeitos de
direitos fundamentais, em busca do alargamento de suas
liberdades. A partir de uma breve recuperação histórica e de
princípios constitutivos do estado do bem-estar, este livro
mostra a diversidade de respostas imaginadas no mundo
desenvolvido, bem como a difusão do estado do bem-estar
para países não desenvolvidos em décadas recentes, com uma
parte inteiramente dedicada ao Brasil.
UNIDADE 3 O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIAL
https://escolasuperior.mppr.mp.br/2021/04/1179/PODCAST-Confira-novo-episodio-sobre-o-estado-democratico-de-direito-e-a-defesa-da-moralidade-administrativa.html
https://escolasuperior.mppr.mp.br/2021/04/1179/PODCAST-Confira-novo-episodio-sobre-o-estado-democratico-de-direito-e-a-defesa-da-moralidade-administrativa.html
https://escolasuperior.mppr.mp.br/2021/04/1179/PODCAST-Confira-novo-episodio-sobre-o-estado-democratico-de-direito-e-a-defesa-da-moralidade-administrativa.html
https://escolasuperior.mppr.mp.br/2021/04/1179/PODCAST-Confira-novo-episodio-sobre-o-estado-democratico-de-direito-e-a-defesa-da-moralidade-administrativa.html
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LIVRO
Título: Estado, Direito e Democracia
Autor: Carlos Vinicius Alves Ribeiro, Dias Toffoli, Otávio Luiz
Rodrigues Jr
Editora: Fórum; 1ª edição (13 dezembro 2021)
Sinopse: Estado, Direito e Democracia conseguiu sintetizar o
espírito do homenageado: é uma construção coletiva, aberta,
sem dogmas ou restrições. Estado, Direito e Democracia conse-
guiu sintetizar o espírito do homenageado: é uma construção
coletiva, aberta, sem dogmas ou restrições. É um diálogo públi-
co, franco, honesto e com incomum profundidade intelectual,
travado entre os convidados, sobre os assuntos mais caros ao
Prof. Augusto Aras. Sintam-se, caros leitores, todos, convidados
para essa agradável conversa.
FILMES:
Filme: O poço
Ano: 2020
Diretor: Galder Gaztelu-Urrutia
Sinopse: O Poço conta a história de um lugar misterioso, uma
prisão indescritível, um buraco profundo. Dois reclusos que
vivem em cada nível. Um número desconhecido de níveis. Uma
plataforma descendente contendo comida para todos eles.
Uma luta desumana pela sobrevivência, mas também uma
oportunidade de solidariedade.
Filme: Crip camp
Ano: 2020
Diretor: James Lebrecht, Nicole Newnham
Sinopse: No final da estrada de Woodstock, uma revolução
floresceu em um acampamento de verão construído para ado-
lescentes com deficiência. Enquanto buscavam um mundo de
mais igualdade, os jovens motivaram movimentos marcantes
da época.
UNIDADE 3 O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIAL
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Plano de Estudos
• Compreensão do Brasil Contemporâneo;
• Neoliberalismo; “Lulismo”; Hegemonia e Nova Classe Média;
• Manifestações Populares a partir de 2013;
• Impeachment ou Golpe? Da crise do Governo Dilma ao “Bolsona-
rismo”;
Objetivos da Aprendizagem
• Apresentar a Compreensão do Brasil Contemporâneo;
• Conhecer o Neoliberalismo; “Lulismo”; Hegemonia e Nova Classe
Média;
• Apresentar Manifestações Populares a partir de 2013;
• Debater se é Impeachment ou Golpe? Da crise do Governo Dilma ao
“Bolsonarismo”.
Professor Especialista Cleber Henrique Sanitá Kojo
SOCIOLOGIA SOCIOLOGIA
POLÍTICA NO POLÍTICA NO
BRASILBRASIL
UNIDADEUNIDADE4
86
INTRODUÇÃO
UNIDADE 4 SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASIL
Caro(a) acadêmico(a), chegamos à última unidade da nossa apostila. Nessa etapa
da disciplina, poderemos ter a compreensão do Brasil contemporâneo. Devemos estudar
esse capítulo abandonando nossas ideologias políticas e nossos ídolos desse setor. Pois
somente assim, alcançaremos o aprendizado desejado de nossa disciplina.
Com isso, peço que preste muita atenção nessa reta final. Pois neste capítulo
continuaremos a descortinar o caminho do conhecimento sobre o conceito neoliberal e sua
aplicação em nosso país. Conhecendo o governo do sociólogo Fernando Henrique Cardoso.
Vale destacar que após conhecer o neoliberalismo de Cardoso, chegou o momento de
conhecer o “Lulismo”. Não como uma pessoa e sim o fenômeno governamental e suas
raízes, expansão e desafios.
A partir de agora, voltaremos nossos olhos para um debate sobre os reflexos do
“Lulismo” e sua hegemonia com o aparecimento da nova classe média e a erradicação da
pobreza em vários setores do Brasil.
No entanto, faremos uma breve passagem pelas manifestações a partir de 2013 e
seus reflexos para a crise do “Lulismo”. Ou seja, como foi arquitetado, quais fatores levaram
a sua queda e o impeachment de Dilma Rousseff.
Prosseguindo com nossa reflexão, iremos abordar através de um debate a questão
da queda de Dilma, indagando se foi um simples impeachment ou um golpe. Assim
entenderemos alguns pontos de conflitos que envolvem nosso país e apresentaremos
fatos que apontam para o que os estudiosos chamam de golpe. Então, passaremos a
debater o verdadeiro papel do impeachment com a crise do governo Dilma, a ascensão
do Bolsonarismo Descrevendo os problemas enfrentados em seu governo e a falta de tato
para organizar, fazer alianças e jogar o jogo político.
Finalizando mostraremos suas frases e seus reflexos na sociedade, resultando em
problemas em seu governo. Por isso, abandone seus preconceitos e leia com atenção todo
capítulo, para que ocorra o despertar do aprendizado através de fontes de estudiosos do
assunto.
Muito obrigado e bom estudo!
COMPREENSÃO DO BRASIL
CONTEMPORÂNEO 1
TÓPICO
87
Em pleno século XXI, a sociedade brasileira por muitas vezes despreza aconteci-
mentos históricos e sociológicos que ajudaram na construção de nosso país. Vale ressaltar
que essa construção foi concretizada através de lutas, esforço físico, intelectual e político.
Por isso, chegamos ao ponto de refletirmos sobre a sociologia política brasileira no
âmbito da contemporaneidade, ou seja, chegou a hora de ponderarmos sobre a sociologia
política atual. Sobre a construção e avalidação política brasileira.
Para que isso ocorra, precisamos nos despir de todo e qualquer “preconceito” que
temos sobre a política e especialmente de políticos. Focando apenas nas realizações e na
construção social.
Vale destacar que atualmente passamos por problemas de divisão em nosso país.
Pois temos uma cisão quase que bipolar da política na atualidade. Ressaltando ainda que
muitas pessoas se intitulam de direita e outras de esquerda, sem possuir conhecimento
político e sociológico para se posicionar. Buscando fontes com inverdades e muitas vezes
tendenciosas para explicar sua ideia política.
Assim, começaremos nosso estudo, abandonando todo e qualquer posicionamento
que temos sobre a política atual. Iniciando assim a construção do conhecimento com a
leveza, com luminescência, e com verdade. Está preparado para isso? Vamos lá?
Iniciaremos afirmando que a sociologia política contemporânea no Brasil, passa por
vários aspectos pela qual pretendemos discutir a partir desse momento. Pois objetivamos
analisar mudanças políticas e sociais de nosso país. Refletindo sobre problemas e transfor-
mações que levaram o partido dos trabalhadores ao poder.
UNIDADE 4 SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASIL
88
Para compreensão do Brasil contemporâneo, apresentaremos a partir de agora
alguns pontos de estudos sociológicos que servirão de suporte para compreender a as-
censão do PT na presidência da república. Apresentando, alguns fatores enfrentados nas
grandes cidades, que resultaram na procura por direitos perdidos ou nunca conquistados,
mas almejados através da democracia e seus desafios.
A democracia brasileira foi construída através de um longo processo, com lutas
estudantis, enfrentado a repressão, entre outros fatores. Vale ressaltar que com o fim do
autoritarismo temos a construção de uma democracia lenta e gradual. Pois, mesmo com
a euforia da liberdade conquistada, a democracia é construída a passos lentos. Em que
visualizamos muitos vestígios da repressão e do autoritarismo do período intitulado de
regime militar. Podemos verificar essa afirmação em Moisés (1989), logo abaixo, quando
diz que:
(…) as sociedades que saíram da ditadura e querem ser democráticas têm de
se transformar em algum ou em vários sentidos para chegarem a ser demo-
cracias modernas. E isso não se constitui, propriamente, em uma tarefa sim-
ples, por duas razões: seja por causa do peso que a experiência autoritária
ainda exerce sobre essas sociedades; seja por causa das dificuldades que as
forças políticas relevantes comprometidas com o projeto democrático enfren-
tam para dar conta das suas tarefas estratégicas, o terreno é essencialmente
movediço. (MOISÉS, 1989, p. 47- 48).
Mas como construir uma democracia enfrentando todos esses problemas que o
Brasil herdou no pós-ditadura?
Lassance (2009), afirma que as democratizações são o resultado das lutas sociais,
de alcance político, que se espalham por todo o mundo nos séculos XIX e XX. Vale ressaltar
que essa afirmação de Lassance (2007) é baseada em Tilly (2007), que além da afirmação
acima, propõe que a construção democrática vai passar por “ondas de democratização”.
Ou seja, passa por processos de construção democrática, de luta social. Se espalhando
assim, por vários pontos do mundo, sem respeitar os limites territoriais de um país. Vale
ressaltar que essa onda chega ao Brasil que ainda não entende muito bem o processo de
redemocratização.
Um ponto importante para construção de uma nova democracia é a participação em
massa de vários setores da sociedade, que por sua vez pode não aderir a esse processo
por não se encontrar, pelo medo, por não conhecer o jogo democrático ou, até mesmo, pelo
conservadorismo.
Para que ocorra uma comoção em torno da construção democrática, é preciso
expor a oportunidade de evolução e, até mesmo, a de superação econômica, pois o Brasil
enfrenta grandes agitações nesse setor. Por isso, a necessidade de construção de um
89
projeto democrático transparente, que seja visível a divisão de poderes, de regras, entre
outros.
Vale destacar que um dos pontos principais para construção de uma democracia
é a promulgação de uma constituição, ou seja, quando o país passa a ter um livro de leis
para nortear os passos democráticos de sua nação. E o Brasil firma essa construção com
representantes de vários setores da elite social. Excluindo o povo desse processo, e, enfim,
temos sua promulgação.
No entanto, o Brasil passa pelo enfrentamento da crise social exposta pelo capi-
talismo, em que a criminalidade, principalmente nos grandes centros de nosso país. Vale
destacar que Caldeira (2000), passa a estudar esse aumento e faz a relação entre a crimi-
nalidade, a democracia em si e a cidade de São Paulo.
Alves (2002), afirma que:
Caldeira avalia que uma das maiores contradições do Brasil contemporâneo
reside no fato de que a expansão da cidadania política, através do processo
de transição democrática, se desenvolveu com a deslegitimação da cidada-
nia civil e a emergência de uma noção de espaço público fragmentado e
segregado, daí o caráter disjuntivo desse processo de democratização. (AL-
VES, 2002, p. 213).
Caldeira (2000), passa a construir a imagem da criminalidade em sua pesquisa
e passa a perceber que existe uma diferença grande entre o espaço público e o espaço
privado. Provocando a exclusão e o aumento da criminalidade.
A evolução de sua pesquisa, nos mostra o choque entre o policiamento e a popula-
ção nesse processo. Apresenta também o conflito entre o certo e o errado e, como o povo
passa a ser excluído através de muros, grades, e o aumento da cultura da criminalidade.
Em seu estudo, Caldeira (2000), percebe a falta de empatia e a segregação clássica
encontrada na metrópole de São Paulo. Visualiza também que a chamada democracia não
chegou em grande parte da cidade. Pois a chamada democracia através da constituição
não cumpriu o papel de garantir os mínimos direitos civis tão sonhados. Segundo Caldeira
(200), a última sempre atrapalha a primeira nesse processo, como podemos confirmar em
Alves (2002) logo abaixo:
Tudo se passa como se duas lógicas opostas estivessem em confronto: de
um lado, a lógica da democracia, dos direitos civis e de suas instituições;
do outro, a lógica da violência e da segregação. Esta última estaria sempre
ameaçando o sucesso da primeira, tornando-se um entrave para o pleno de-
senvolvimento da democracia no país. (ALVES, 2002, p. 215 - 216).
90
Então, podemos afirmar que a compreensão do Brasil contemporâneo é construída
com a democracia e com o problema social encontrado nas grandes cidades, com a crimi-
nalidade, a segregação através dos muros e grades e do conflito entre o capital e a mão de
obra, pois o trabalhador ainda enfrenta a crise econômica e sofre com a segregação social.
Mas onde está a cidadania proposta pela constituição? Será que a redemocratiza-
ção do Brasil apresentou os direitos políticos das pessoas em sua totalidade?
Infelizmente no Brasil os direitos foram concedidos totalmente de forma desigual
entre as pessoas. Promovendo a exclusão da cidadania a todas as pessoas. Indígenas
ganham direitos com a constituição, mas pretos, pobres, trabalhadores rurais ficam de fora
dessa distribuição de cidadania que por sua vez é absorvida por pequenos grupos.
Holston (2013), vai nos dizer que esses excluídos passam a sonhar e lutar por seus
direitos e, então, cria a ideia de “Cidadania insurgente”. Holston (2013), começa a construir
a cidadania ideal apresentando a importância de garantir os direitos dos trabalhadores,
unificando tanto o do campo quanto o da cidade.
Um ponto importante com a redemocratização do Brasil é a garantia que todos os
cidadãos têm de votar. Ou seja, as pessoas têm muito mais que o direito de votar, e sim
participar do processo eleitoral.
Assim, podemos afirmar que os brasileiros entram na redemocratização do país,
aprendendo elutando contra o descaso e o abandono por parte do governo a sua cidadania.
Abrindo espaço para o partido dos trabalhadores crescerem e nascer o que Singer (2012)
vai intitular de “Lulismo”.
NEOLIBERALISMO; “LULISMO”;
HEGEMONIA E NOVA CLASSE
MÉDIA 2
TÓPICO
91
Após conhecermos pontos específicos da redemocratização no Brasil e seus
desafios, através da compreensão sociológica estudada acima. Passamos por um ponto
específico da nossa disciplina. Vamos conhecer a fase do neoliberalismo no Brasil.
Iniciaremos nosso estudo abordando o governo do presidente e sociólogo Fernan-
do Henrique Cardoso. Mas, vale ressaltar que existem muitos fatores que antecedem seu
governo. Pois ainda nos anos oitenta o Brasil e outros países da América latina passaram
por transformações políticas e por problemas econômicos.
Governos que o antecederam, procuraram resolver o problema econômico com
planos engenhosos e mirabolantes. Por exemplo: O ex-presidente José Sarney trocou a
moeda brasileira por várias vezes. Criando a figura do fiscal do Sarney após cortar os
três zeros para tentar controlar a economia. Vale ressaltar que erros foram evidentes no
processo de condução desses planos que fracassaram sucessivamente.
Após o governo Sarney, o “dragão da inflação” dizimava a economia brasileira que
ainda estava enfraquecida e, em um processo de redemocratização e cidadania constante.
Foi então que nas primeiras eleições diretas após o regime militar ocorreu a eleição de
Fernando Collor de Mello.
O governo Collor foi marcado pela tentativa em investir no capital de giro e controlar
a economia. Mas de onde viria o dinheiro para seu plano econômico? Collor decide seques-
trar a poupança da população brasileira. Que, além de enfrentar o desprezo da cidadania
e uma inflação galopante, perde suas economias. Podemos afirmar que o caos se instalou
em nosso país.
UNIDADE 4 SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASIL
92
Mas, o governo Collor não dura muito e o presidente sofre o Impeachment. Abrindo
espaço para seu vice-presidente.
Itamar Franco pensa em controlar a economia e já havia trocado de ministro da
fazenda, quando decide montar uma equipe econômica e busca a figura do sociólogo
Fernando Henrique Cardoso para liderar e explicar para a população seu plano econômico,
chamado de “Plano Real”.
Fernando Henrique consegue controlar a economia e, a partir de então, seu nome
é espalhado como a salvação do Brasil pela elite dominante. Podemos perceber isso na
afirmação de Sallum Jr (1999), logo abaixo:
(…) sua vontade foi interpretada como capaz de dominar uma economia em
desordem e, por consequência, ganhar o favor popular. De acordo com a
segunda interpretação, pelo contrário, “o Plano Real não teria sido concebido
para eleger FHC, mas na ordem inversa, a candidatura FHC teria sido gestada
pelas novas elites dominantes para viabilizar, no Brasil, a coalizão de poder
capaz de dar sustentação de permanência ao programa de estabilização
hegemônico. (SALLUM JR., 1999, p. 24).
Então, Cardoso de Mello adota uma maneira administrativa da economia e do Brasil
que não se havia visto. Com isso o presidente praticamente acaba com o desenvolvimentismo
criado no governo Vargas. Assim, FHC lidera o caminho do neoliberalismo em nosso país.
Vale ressaltar que Fernando Henrique consegue aprovar projetos que reforçam esse projeto
de poder como Sallum Jr (1999), nos apresenta logo abaixo:
O governo Cardoso conseguiu isso através da aprovação quase integral de
projetos de reforma constitucional e infraconstitucional que submeteu ao
Congresso Nacional. Os mais relevantes foram: a) o fim da discriminação
constitucional em relação a empresas de capital estrangeiro;
b) a transferência para a União do monopólio da exploração, refino e
transporte de petróleo e gás, antes detido pela PETROBRÁS, que se tornou
concessionária do Estado (com pequenas regalias em relação a outras
concessionárias privadas);
c) a autorização para o Estado conceder o direito de exploração de todos os
serviços de telecomunicações (telefone fixo e móvel, exploração de satélites,
etc.) a empresas privadas (antes empresas públicas tinham o monopólio das
concessões). (SALLUM JR., 1999, p. 32).
Inaugurando assim o projeto neoliberal no Brasil e abrindo espaço para privatizações
de empresas públicas.
Segundo Sallum Jr. (1999), o neoliberalismo liderado por FHC no Brasil se preocupou
em fazer:
93
a) manutenção do câmbio para estabilizar os preços; b) preservação e, am-
pliação, da “abertura comercial” para reforçar o papel do câmbio; c) o bara-
teamento das divisas e a abertura comercial para a renovação do parque
industrial; d) política de juros altos, para atrair capital estrangeiro e reduzir o
nível de atividade econômica interna; e) realização de um ajuste fiscal pro-
gressivo, baseado na recuperação da carga tributária, no controle de gastos
públicos e em reformas como previdência, administrativa; f) não oferecer estí-
mulos diretos às atividades econômicas específicas, condenando as políticas
industriais; (SALLUM JR., 1999, p. 33).
Essas políticas adotadas por Fernando Henrique Cardoso criaram uma euforia, pois
o real valorizou-se perante ao dólar e paralisou de forma agressiva o dragão da inflação.
Vale ressaltar que com isso temos o acesso a bens de consumo da camada de baixa renda,
provocando um problema futuro que é a falta de energia elétrica pelo aumento do consumo
de eletrodomésticos.
Outro problema ocorrido no governo FHC, foi os empréstimos constantes do FMI
(Fundo Monetário Internacional), que basicamente sujeitou nossa moeda aos interesses
internacionais. Além da necessidade de pagar as dívidas que acabam chegando. Com isso,
Sallum Jr. (1999), afirma que:
Quanto mais ela tem de obter recursos externos para equilibrar suas contas,
mais uma mudança nas condições do mercado internacional de capitais tor-
nasse capaz de afetar os fluxos de financiamento para o país, sujeitando a
moeda nacional ao perigo de eventuais ataques especulativos tendentes a
desvalorizá-la. (SALLUM JR., 1999, p. 36).
Podemos destacar que mesmo com equívocos em seu governo, Fernando Hen-
rique Cardoso manteve seu governo na área do neoliberalismo e cada vez mais isolou
seu governo do interesse social. Vale ressaltar que a luta clara contra seu governo foi
basicamente do MST (Movimento dos trabalhadores sem Terra).
Essa batalha, promovida pelo MST, provocou uma mudança do governo FHC em
relação à questão fundiária em nosso país. Podemos perceber isso logo abaixo.
O Movimento dos Sem-Terra (MST) manteve-se na ofensiva durante todo o
governo Cardoso e com alto grau de apoio popular urbano. Fustigando o go-
verno com invasões de terra e manifestações em todo o país, o MST obrigou
a Presidência da República a transformar os órgãos dedicados ao tratamento
da questão fundiária e a adotar medidas inovadoras para melhorar o seu pro-
grama de reforma agrária. (SALLUM JR., 1999, p. 43).
Mesmo assistindo o governo buscar a solução e retomar a reforma agrária no Brasil.
Temos que destacar a luta do MST com suas invasões e pressões políticas. Pois, foi através
dessa luta que temos a demonstração da conquista que a batalha pela democracia iniciada
no fim do regime militar forneceu. Lembrando que essa luta foi sistemática e constante.
94
Ressaltando que o governo FHC promoveu o controle da inflação com o plano real.
Mas que resultou em sua reeleição. Em que posteriormente com seu neoliberalismo que
provocou a exclusão da classe mais baixa. Resultando na ascensão de Lula ao poder e o
surgimento do “Lulismo”.
Mas o que foi o Lulismo? Para explicar o termo criado por Singer (2012) vamos en-
tender que a política neoliberal de FHC promoveu a elevação de parte da população, mas a
declinação de grande parte da mesma. Por isso eu pergunto: Pronto para conhecer o Lulismo?
Vale ressaltar que para conhecer esse período histórico da sociologia brasileira precisamos
abandonaro fanatismo contra, ou a favor do ex-presidente Lula. Procurando compreender
seu governo e as mudanças promovidas na sociedade nesse período. Vamos lá?
O professor da USP André Singer é formado em ciências políticas e jornalismo.
Participou do governo Lula entre o período de (2003 a 2007) como porta-voz do governo.
Presenciou parte do governo e de suas tomadas de decisões. Ou seja, como jornalista teve
a missão de visualizar para posteriormente relatar o que viveu e presenciou. E, como cien-
tista político, teve a missão de analisar e expor as mudanças que ocorreram em nosso país.
Até mesmo propondo mudanças quando o governo Dilma tomou decisões equivocadas.
Foi Singer (2012) que criou o termo Lulismo para explicar o fenômeno político que ocorreu
em nosso país. Em que Lula vai se apresentar como a solução para problemas existentes.
O Lulismo, segundo Singer (2012), é quando o ex-presidente realiza seu governo,
promovendo a inclusão social das classes mais baixas, erradicando a pobreza em nosso
país naquele momento. Tudo isso eliminando qualquer tipo de radicalização política, pro-
movendo alianças com o chamado “centrão” e com políticos individualmente.
Então, podemos afirmar que o Lulismo é algo muito mais amplo que a ideia de um
líder carismático. O que define o Lulismo é seu projeto político com suas raízes definidas
no povo excluído da sociedade, que enfrentava a fome e a miséria em seu cotidiano. Vale
ressaltar que com o apoio da massa, esse projeto de governo bateu de frente com os “pri-
vilégios” sociais. Isso sem confronto direto com o capital. Esse projeto promoveu também
a ascensão de uma nova classe média com o combate à miséria. Podemos perceber isso
quando Singer (2012) diz que:
Teria havido, a partir de 2003, uma orientação que permitiu, contando com a
mudança da conjuntura econômica internacional, a adoção de políticas para
reduzir a pobreza, com destaque para o combate à miséria, e, para a ativação
do mercado interno, sem confronto com o capital. (SINGER, 2012, p. 17).
Dizendo ainda que:
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há relevantes trocas de posição social no interior da coalizão majoritária: em
função das opções governamentais tomadas no primeiro mandato de Lula, a
classe média se afasta e contingentes pobres ocupam o seu lugar. (SINGER,
2012, p. 19).
Singer (2012), é primeiro a analisar o governo Lula, afirmando a existência de uma
bipolarização. Em que ele passa a chamar de “repolarização”, que não seria à “esquerda
contra a direita” e, sim, a ideia de “os pobres contra os ricos”. Essa afirmação pode ser
percebida na forma que o projeto de governo se desenvolve e enfrenta conflitos com a elite.
Podemos destacar que no livro, Esquerda e direita no eleitorado brasileiro, Singer
(2002), entende que a base de Lula e do Partido dos trabalhadores, nasce com o apoio de
alguns setores da classe média. Que inicialmente estava concentrado nas grandes cidades.
Pois é ali que a ideologia da esquerda se espalhou para a massa pobre de nosso país. Vale
ressaltar que essa ideia se alastrou pelos quatro cantos do país. Conseguindo o apoio dos
pobres do sertão nordestino.
Talvez, você se pergunte: Como ganhou a adesão da massa pobre do país? O que
o projeto do Lulismo fez? Para responder a sua pergunta, nos debruçamos a pontos impor-
tantes do projeto de governo que foram aplicados e que funcionaram, como o aumento real
do salário mínimo, o barateamento de produtos da cesta básica, como o arroz e o feijão e
principalmente o programa do Bolsa Família.
Vale ressaltar que em entrevistas com trabalhadores rurais sobre o período do
Lulismo, é comum afirmarem que na época anterior, trabalhavam o dia todo para comprar
um saco de arroz e com o fenômeno do lulismo conseguiram consumir muitos outros bens
de consumo como eletrodomésticos. Com isso, a essência do Partido dos Trabalhadores
se mantém, que é a redistribuição de rendas.
Singer (2012), apresenta também o conflito ideológico dentro do partido em que
temos o chamado “Espírito do Anhembi”, mais liberal, que vai suprimir o “Espírito de Sion”,
que era a parte mais radical ideologicamente falando.
Então, como o domínio interno do “Espírito do Anhembi”, temos a expansão do
público que apoia o PT. Vale ressaltar que ocorrem as alianças que vão reafirmar o partido
dos trabalhadores como o partido dos pobres como podemos vislumbrar abaixo:
PT, enquanto “partido dos pobres” defensor de um modelo de “redução de
pobreza e manutenção da ordem”, continuará fazendo prevalecer a sua se-
gunda alma. “O êxito eleitoral lhes augura dominação prolongada” (SINGER,
2012, p. 119).
Nesse momento podemos fazer uma comparação de senso comum, entre Vargas e
Lula. Pois os dois foram os “pais dos pobres”, mas também foram a “mãe dos ricos”.
96
Ou seja, ajudaram os pobres, mas favoreceram alguns setores da sociedade para
seu aumento de ganho financeiro. Podemos reafirmar que não ocorreu a ruptura direta com
o capital.
Será que a não ruptura com o capital foi uma decisão acertada ou errônea do
Lulismo? Teixeira (2013), nos diz que:
O caminho sem rupturas é ambíguo: por um lado, ele permite a continuidade
do projeto político, mas, por outro, ele faz com que as mudanças sejam muito
lentas. Na opinião de Singer, o reformismo fraco não se opõe ao forte, pois
seria, em último juízo, a sua diluição em doses homeopáticas. Lula pinçou
das propostas originais do partido aquilo que não significava entrar em cho-
que diretamente com o capital, mas manteve o rumo geral do reformismo.
(TEIXEIRA, 2013, p. 143).
Tanto diretamente em Singer (2012), quanto na análise de Teixeira (2013), perce-
bemos que a decisão de não romper com o capital, apesar de ser arriscado em relação à
execução das reformas propostas pelo Lulismo, não atrapalhou sua implantação. Pois, não
ocorreu a tributação direta de grandes fortunas. E sim, sucedeu uma grande abertura de
crédito consignado que vai elevar o poder de compra da população com menor poder aqui-
sitivo. Promovendo um giro na economia que a fortaleceu. Ou seja, reativou diretamente a
economia. Vale ressaltar que essas reformas resultaram no que vamos chamar de “Classe
C”, ou “Nova Classe Média”.
Destacamos também que Teixeira (2013), nos faz uma proposta para evitar confli-
tos acadêmicos, de não chamarmos de “Nova Classe Média” e sim de “Novo
Proletariado”. Assim, teremos uma inclusão do subproletariado ao proletariado. Produzindo
uma elevação no pensar dessa classe. Ou seja, ocorrerá uma organização e
contentamento dos traba-lhadores.
Todas essas mudanças promovidas pelo Lulismo, torna-se evidente em seu progra-
ma “fome zero”, que é a resposta aos direitos descritos na Constituição de 1988 e que não
havia nem sombra de ser executado no Brasil.
Podemos expressar aqui nesse momento que o Lulismo teve momentos compli-
cados no futuro, pois a definição ideal para ele, seria a de “um projeto político de longa
duração”. Principalmente preocupado com a redistribuição de renda. Por isso de confrontos
futuros até mesmo com o “novo proletariado” que se vê em posição errônea de dono do
meio de produção. Fruto direto do neoliberalismo explicado por Sader (2013), através da
construção da chamada “hegemonia pós-neoliberal”.
UNIDADE 4 SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASIL
97
Para explicar essa “hegemonia pós-neoliberal”, vamos tentar apresentar uma visão
rápida da era neoliberal, passando pelo neoliberalismo brasileiro e a partir daí, conhecer-
mos sua definição.
Sader (2013), propõe que a era neoliberal é:
(…) o período histórico atual em que se situa o neoliberalismo. Trata-se de
um período que promoveu a passagem de um mundo bipolar a um mundo
unipolar, sob a hegemonia imperial norte-americana, a passagem de um ciclo
longo expansivo do capitalismo. Sua “era de ouro”, segundo o historiador Eric
Hobsbawm – a um ciclo longo recessivo, e a passagem da hegemonia de
um modelo regulador ou keynesiano, ou de bem-estar social, comose queira
chamá-lo – a um modelo liberal de mercado. (SADER, 2013, p. 135).
Podemos dizer que a era neoliberal se apoiou na visão unipolar que implantou
o livre-mercado, a não interferência em empresas, privatizações entre outros pontos. No
entanto, o que precisamos relatar é que nesse momento ocorreu a mudança de capital para
o setor da especulação. Ou seja, no capital especulativo. Assim, o neoliberalismo ganha
força e vai se espalhar na América Latina.
Podemos destacar que a luta inflacionária e as confusões econômicas, adminis-
trativas e tributárias, abriram espaço para o neoliberalismo nos países da América latina.
Inclusive no Brasil.
Em nosso país, o neoliberalismo é fruto da guerra fria entre capitalismo e socia-
lismo. Em que o medo de novas revoluções cubanas, levam os Estados Unidos a apoiar
golpes militares na América Latina, injetando dinheiro e a ideologia neoliberal.
Após os governos militares o Brasil passou por um processo de redemocratização
que se utilizou do neoliberalismo para se fortalecer. Pois o fracasso do governo Sarney,
Collor, evidenciou a utilização do mesmo no governo Itamar e explícito no governo de FHC.
Sader (2013), afirma que essa transição democrática não foi simples como pode-
mos evidenciar abaixo:
O processo de transição democrática se esgotava assim sem ter democrati-
zado o poder econômico no Brasil. Não se democratizou o sistema bancário,
nem os meios de comunicação, nem a propriedade da terra, nem as gran-
des estruturas industriais e comerciais. O fim da ditadura não representou
a democratização da sociedade brasileira. O país continuou sendo o mais
desigual do continente, um dos mais desiguais do mundo. (SADER, 2013, p.
137).
A redemocratização do Brasil promoveu a segregação social evidente. Principal-
mente pelo neoliberalismo. Com privatizações e desaparelhamento de estatais. Sader
(2013) diz ainda que só sairíamos dessa confusão monetária no governo Lula. Pois somente
nesse governo que presenciamos modernização econômica e a distribuição de renda.
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Podemos dizer ainda que o neoliberalismo promoveu em nosso país muitas confu-
sões para a economia. Provocando o acréscimo do investimento especulativo, superando
o produtivo e assim gerando o endividamento do nosso país. Com toda essa confusão
gerada pelo neoliberalismo em nosso país, Sader (2013) conclui que a “herança maldita”
herdada pelo governo Lula de FHC foi que:
As relações de trabalho foram submetidas a processos de informalização,
que na realidade significaram sua precarização, com a expropriação de direi-
tos essenciais dos trabalhadores – a começar pelo contrato formal de traba-
lho –, fazendo com que deixassem de ser cidadãos do ponto de vista social,
isto é, deixassem de ser sujeitos de seus direitos. A maior parte dos trabalha-
dores se manteve na condição de exclusão social. (SADER, 2013, p. 138).
Então, chegamos ao ponto de conhecermos o pós-neoliberalismo no Brasil. Ou
seja, conhecendo os governos Lula e Dilma. Que, por sua vez, rompeu com o modelo
neoliberal aplicado por Fernando Henrique Cardoso.
Mas o que os governos pós-neoliberal diferenciam de seu antecessor? Sader
(2013), apresenta três pontos importantes:
a) priorizam as políticas sociais e não o ajuste fiscal; b) priorizam os proces-
sos de integração regional e os intercâmbios Sul-Sul e não os tratados de
livre-comércio com os Estados Unidos; c) priorizam o papel do Estado como
indutor do crescimento econômico e da distribuição de renda, em vez do Es-
tado mínimo e da centralidade do mercado. (SADER, 2013, p. 139).
Os governos pós-FHC romperam com o neoliberalismo, mesmo sendo praticado
na maior parte do mundo, mesmo pressionando nosso governo. O lulismo como projeto
político e social implantou um modelo de distribuição de renda, promovendo a chamada de
“hegemonia pós-neoliberal”.
Vale ressaltar que para Sader (2013) essa hegemonia só existiu pelo fato dos go-
vernos Lula e Dilma resistirem à pressão neoliberal, se adaptando à desindustrialização
e ao protagonismo de exportador primário. Destacando que a agricultura, além do caráter
exportador, passou a ser vista como parte do sustento da classe baixa de nosso país. Como
autossustentável na alimentação de nosso país.
No entanto, Souza (2012), afirma que todo o processo do Lulismo, gera uma nova
classe média emergente, que por sua vez busca oportunidades que muitas vezes necessi-
tam de capacitação para o seu sustento. Souza (2012), vai chamá-los no primeiro momento
de “ralé brasileira”. Que trabalham incansavelmente em duas jornadas, duas fontes de
trabalho para garantir o sustento de sua família. Vale ressaltar que essa nomenclatura de
“ralé brasileira”, é substituída posteriormente por Souza (2012), pelo termo “batalhadores”.
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Os batalhadores, passam a enxergar uma evolução, uma prosperidade econômica
através do fruto de seu trabalho. Trazendo dignidade a si e sua família.
Algumas pessoas querem que a ralé brasileira receba essa capacitação através de
programas de transferência de renda como o bolsa família. No entanto, o próprio nome já
diz: transferência de renda. Em que o estado por muitas vezes deixa a desejar em relação
à própria organização dessa nova classe social.
A partir do momento que os batalhadores se organizam, temos o surgimento da
nova classe média que apresenta a mobilidade social através de pequenos empreendimen-
tos, da pequena propriedade rural, entre outros.
Essa nova classe social, apesar de não possuir o domínio do capital, tem papel
importante na economia do país, produzindo e usufruindo de bens de consumo que antes
não passavam do ideal imaginário dos batalhadores.
Os batalhadores, passam a implementar seu próprio negócio, aumentando o capital
de giro em nossa economia, exercendo uma pressão econômica jamais vista em nosso país.
Souza (2012), aponta também o aspecto cultural para sua ascensão dessa nova
classe média. Um dos fatores culturais para sua expansão foi a religião. Pois, através dela
temos a valorização do trabalho duro, (“Deus ajuda quem cedo madruga!”). Ajuda também,
segundo Souza (2012), a questão da solidariedade com outras pessoas. Pois segundo
ele vivencia em comunidade e em torno de um pastor, prepara os batalhadores para a
convivência e obediência no trabalho.
Braga (2012), também olha essa nova classe emergente se preocupando com a
precariedade do trabalhador. Vale ressaltar que a ideia também aparece em Corrêa (2013),
que além de falar dos trabalhadores, aponta os jovens com pouca qualificação para o tra-
balho. A preocupação em qualificação de trabalho reflete em uma nova classe trabalhadora
crescente em nosso país. Braga (2012), destaca a necessidade de analisar a transformação
da juventude irresponsável em protagonistas.
Braga (2012), aponta a “hegemonia lulista” com a passividade dos trabalhadores.
Pois abraçaram o Lulismo por causa das políticas públicas de redistribuição de renda e com
a ascensão econômica. No entanto, Braga (2012), aponta que os trabalhadores também
indicaram uma espécie de descontentamento com as condições de trabalho e organiza-
ções sindicais. Vale ressaltar que essa inquietação social sobre o sindicalismo faz parte da
reflexão sociológica de Braga (2012). Podemos perceber isso logo abaixo:
A articulação entre o poder sindical e o ativismo das bases, sustentando a
existência dos primeiros vestígios para a construção de uma hegemonia lulis-
ta, indica a natureza reformista desta prática política. (SOUZA e DE SOUZA,
2013, p. 121).
100
Assim podemos afirmar que Braga (2012), diz que a hegemonia Lulista, mostra
através de toda soma da qualificação profissional, sindicalismo, programa de transferência
de renda entre outros. Uma inquietação social que ajuda a construir uma sociologia da
inquietação operária que se transformará em qualificação e valorização salarial e inserção
em políticas públicas. Podemos perceber isso também em Souza e DeSouza (2013), logo
abaixo, que afirma que:
As lutas do precariado por salários e condições de trabalho justas exigiram do
sindicato uma iniciativa a fim resolver os conflitos inerentes às circunstâncias
do crescimento do setor. A questão é que os sindicatos procuram amenizar
os conflitos inserindo o trabalhador no cenário atual do modo de regulação
ao criar condições para o mesmo se aproximar de forma efetiva das políticas
públicas. (SOUZA e DE SOUZA, 2013, p. 123).
Mas se o trabalhador luta todos os dias, consegue evoluir, renasce como classe
média. Por que o Lulismo acabou? Segundo Singer (2012), o Lulismo não acabou. Entrou
em crise e adormeceu.
Se você analisar todas as transformações sociológicas criadas com o sindicalismo,
a transformação de classe. O Lulismo não deveria acabar ou até mesmo adormecer. Mas
por que isso aconteceu? Para responder essas perguntas apresentaremos especificamente
a crise do governo Dilma. Que Singer (2018), vai intitular de um verdadeiro quebra-cabeças.
Em que o sonho “rooseveltiano” se transformou em um pesadelo golpista.
MANIFESTAÇÕES POPULARES
A PARTIR DE 20133
TÓPICO
101
A ideia de transformar o fenômeno do Lulismo em algo transformador entra em crise
no governo de Dilma Rousseff. Vale ressaltar que a esperança era grande. Pois tínhamos
uma classe média que crescia constantemente. Outro ponto a ser destacado é que Dilma
assumiu o Brasil com um crescimento de 7,5% do PIB (produto interno bruto). Com uma
taxa de desemprego de 5,3%. Algo fantástico em um país de dimensões continentais.
Vale ressaltar que nesse período, a nova classe média encheu os aeroportos,
viajando e movimentando o setor turístico do país. Jovens conseguiram através de
programas sociais o ingresso nas universidades públicas. Singer (2018), afirma ainda que:
O Brasil parecia incluir os pobres no desenvolvimento capitalista sem que
uma só pedra tivesse riscado o céu límpido de Brasília. Lula resolverá a qua-
dratura do círculo e achará o caminho para a integração sem confronto. Acla-
mado urbi et orbi, recebia aplausos da burguesia, nacional e estrangeira, e de
centrais sindicais concorrentes. (SINGER, 2018, p. 12).
Vale ressaltar que o presidente dos Estados Unidos declarou que Lula era “o cara”.
“Que tinha grande influência no mundo”. Vale destacar também que a revista inglesa “The
Economist” estampou em sua capa o cristo redentor voando como um foguete afirmando
que o Brasil decolava. Essa aprovação de Lula, transformou-se em desaprovação de Dilma
no ano de 2015. Mas como Singer (2018), montou esse quebra-cabeça do governo Dilma
para explicar a crise.
Singer (2018), uma espécie de linha do tempo partidária para demonstrar o jogo
político que a construiu ao longo do tempo no Brasil. Ao final, ele apresenta a ideia de três
partidos básicos no Brasil: “O popular, o de classe média e o de interior”.
UNIDADE 4 SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASIL
102
Tanto o do partido popular, quanto o da classe média faz uma distinção simples en-
tre pobres e ricos. Já o partido do interior joga na base governista para sua sobrevivência.
Por isso ele consegue descrever o partido do centro como o PMDB.
Vale destacar que a aliança entre o PT e o PMDB, fazia com que houvesse gover-
nabilidade à presidente Dilma. Mas essa aliança acabou com rachaduras que destroem a
força de Dilma Rousseff.
No entanto, Singer (2018), aponta três fatores para a crise que ocorreu. Em que
a primeira foi o “reformismo forte” pelo qual Dilma apresentou um projeto político para
romper com as estruturas políticas e econômicas. Singer (2018) explica que essa decisão
poderia ter provocado um movimento antirreformismo forte. Então, esse movimento seria
o segundo fator. Já o terceiro fator seria quando a presidente tomou decisões erradas em
seu governo sem buscar alianças necessárias para obter apoio em suas reformas políticas.
Logo após a troca do ministro da fazenda, a esquerda que a apoiava abandonou o
barco por entender que o novo ministro seria neoliberal. Por isso teremos a crise do Lulismo
que resultará em dois momentos do governo Dilma.
O primeiro momento foram as manifestações de 2013. Vale ressaltar que segundo
Singer (2018) ocorre o abalo de duas vigas que sustentavam o Lulismo. A primeira foi
quando Dilma mudou a política desenvolvimentista e a segunda é que ocorreu limpeza de
líderes de estatais ligados ao “partido de interior” (PMDB) acusados de corrupção. Abalan-
do, assim, as alianças necessárias para sua sustentação.
Com isso temos as manifestações de 2013 que expõem o descontentamento de
vários setores da sociedade. Desde a elite até os proletários que veem seu ganho reprimido
com o aumento de produtos da cesta básica. Singer (2018) apresenta também o descon-
tentamento dos pobres com ensino superior que não veem ganho expressivo com sua
formação. Sem falar nos escândalos de corrupção que mexem com a massa impulsionada
pelo “lavajatismo”.
A lava jato, por sua vez, independente de sua origem ou intenção. Provocou a
ideia de criminalização do ex-presidente Lula e do Partido dos Trabalhadores. Isso através
do ativismo jurídico praticado pelo Juiz Sérgio Moro que demonstra claramente intenções
políticas em seu papel. Singer (2018) nomeia esse ativismo como “vanguarda togada do
antilulismo”. Vale ressaltar que o sentimento contra o Lulismo cresce nas vigas de sus-
tentação apresentadas por Singer (2018). Então, o presidente da câmara dos deputados
Eduardo Cunha vetou os projetos que poderiam alavancar o governo da presidente Dilma.
Enfim, com o argumento de pedaladas fiscais abre-se o inquérito para o impedi-
mento de Dilma Rousseff. Estamos no auge dos protestos, com as chamadas de grandes
103
manifestações e institucionais com o “acordo nacional” no Congresso. Vale salientar que as
manifestações foram articuladas por setores da sociedade somados aos interesses do par-
tido do interior que almejou o poder sem deixar que a presidente tivesse qualquer chance de
se defender no processo de impeachment. No entanto, precisamos compreender um pouco
mais sobre as manifestações populares de 2013. Por isso, vamos nos prender a algumas
falas de Gohn (2015), pois a mesma procurou explicar o fato de maneira clara e, ao mesmo
tempo, profunda. Vale ressaltar que a professora, expõe a importância das manifestações
e a quantidade de pessoas que foram às ruas de maneira expressiva. Inclusive os jovens,
parte considerada o futuro de nosso país.
Segundo Gohn (2015), as manifestações se originaram em São Paulo, nas manifes-
tações do pedido do passe livre. Vale destacar que foi noticiado e assistido pela população
através de programas televisivos e reproduzidos em redes sociais. Os protestos evoluíram
para a questão dos serviços públicos. Indagando problemas de saúde, educação, entre
outros. Esses jovens vão às ruas e as demandas passam por exigências políticas, mas sem
lideranças.
As manifestações públicas estavam repletas de cartazes com diferentes reivindica-
ções. Podemos salientar que existiam cartazes apontando descontentamento com a forma
que a política em nosso país era apresentada, com a forma que a segurança pública era
conduzida.
Uma novidade nos protestos de 2013, foi a violência empregada pelos policiais na
repressão e pelo movimento intitulado “black blocs”, que se expressam através de confrontos
e destruição de maneira anárquica. O mais interessante é que todas as bandeiras partidárias
foram rejeitadas e excluídas do processo de descontentamento. Ou seja, excluídos das
manifestações. Mas não se preocupavam com política? Sim, se preocupavam. Mas de
uma política sem partidos ou políticos e sim uma política de bem-estar. Vale ressaltar que
podemos ver isso em Gohn (2015), logo abaixo:
Querem mudanças na política via atuação diferenciada do Estado no aten-
dimento à sociedade. Não negam o Estado, mas querem um Estado mais
eficiente. Apresentam-se como apartidários,mas não antipartidários. (GOHN,
2015, p. 436).
As manifestações de junho de 2013 provocaram um grande espanto em todo o Brasil.
Inclusive na mídia e no próprio governo que não esperava tamanha repercussão e adesão.
Por isso o governo passou a pensar em reformas. Mas que reformas? O governo se organi-
zou e ouviu o grito dos manifestantes em 2013 e enfrentou seu reflexo nos anos seguintes.
104
Gohn (2015), expressou muito bem o que foi as manifestações de 2013 no trecho
logo abaixo:
As “vozes” que ecoaram nas ruas em junho não negavam o Estado, mas rei-
vindicavam um Estado menos dependente dos bancos, de multinacionais, de
empresários, etc. Um Estado com pauta social efetiva, e não apenas focado
nas metas e índices de crescimento e oferta de bens. Clamaram por mais
cidadania social. (GOHN, 2015, p. 439).
As vozes das manifestações, segundo Gohn (2015) tem um papel importante por
muitos motivos, mas principalmente pela identificação e por visualizar um cenário em que
não se sentiam representados. Não sentiam que os direitos da cidadania estavam sendo
respeitados. Vale ressaltar que manter as manifestações por um longo período é quase que
impossível. Mas o sentimento das pessoas e suas “vozes” ecoaram por um vasto território
com ajuda das mídias sociais e estavam prestes a explodir.
Então, podemos dizer que as manifestações ocorridas em 2013, abrem espaço para
o que Souza (2016) chama de quebra de aprovação dos governos petistas anteriores. No
entanto, podemos complementar com Singer (2018), demonstrando todo o quebra-cabeças
do golpe. Ou seja, o Lulismo em crise.
IMPEACHMENT OU GOLPE? DA
CRISE DO GOVERNO DILMA AO
“BOLSONARISMO”4
TÓPICO
105
Vale ressaltar que no contexto das manifestações ocorridas no Brasil, a mídia
passa a ter um papel contrário ao governo, aplicando uma espécie de “cruzada” política
contra o governo Dilma. Tudo apoiado no poder financeiro da elite e em sua identidade
conservadora.
A mídia, que estava preocupada com a copa das confederações e os protestos,
passou a falar da PEC 37. Afirmando que ela limitaria as investigações criminais e
atrapalharia o “lavajatismo” de Sérgio Moro. Podemos destacar o posicionamento de Souza
(2016) para esse fato. Pois ela chama a atenção dizendo que:
É interessante notar aqui já um início da articulação e do conluio entre o
aparato jurídico-policial do Estado e a imprensa. A PE(' 37 c sua crítica passa
a ser frequentemente referida pelo Jornal Nacional como uma demanda cada
vez mais importante das “ruas”. (SOUZA, 2016, p. 90).
Vale ressaltar que começamos a ter uma série de reportagens sobre os protestos,
desde os trabalhadores rurais, demarcação de terra indígena, gastos com a copa do mundo
e construção de estádios, entre outras.
A partir desse momento, partidos políticos foram rejeitados e execrados pela
população. A FIESP passou a pendurar uma bandeira gigante em seu prédio se posicionando
contra o governo. Ou seja, a elite começa a demonstrar seu poder e perguntava quem “ia
pagar o pato”.
Souza (2016) acrescentou o papel da mídia na construção do golpe afirmando que:
UNIDADE 4 SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASIL
106
A mídia passou a se associar às instituições do aparelho jurídico-policial no
processo de deslegitimar o governo eleito. Palavras de ordem como “Muda
Brasil”, como forma cifrada de invocar a verdadeira bandeira - “Muda (de
governo) Brasil”, passaram a dominar o imaginário das manifestações. A
corrupção ganhava cada vez mais proeminência, e os gastos com saúde e
educação, que nunca haviam sido tão expressivos como agora, eram sempre
mencionados de modo negativo ao governo. (SOUZA, 2016, p. 94).
Assim, o governo Dilma perdia cada vez mais popularidade, visualizando a união
direta entre a mídia e a classe média conservadora. Que por sua vez começa a demonstrar
o ódio que estava enraizado em suas entranhas. Podemos perceber isso em Souza (2016),
logo abaixo:
O mero fato da proximidade física dos pobres em lugares antes reservados à
classe média trouxe à baila um racismo de classe perverso que se mantinha
escondido do debate público nas condições de extrema desigualdade que o
país vivia, O compartilhamento dos mesmos espaços sociais irrita e incomoda
ainda mais com a nova postura e atitude das classes populares de desafiar o
olhar incômodo, (…). (SOUZA, 2016, p. 97).
Vale ressaltar que o sentimento de “ódio”, conservadorismo, discriminação racial,
sexual como a homofobia começa a se tornar evidente com a ideia conservadora. Mas
vem a pergunta: Isso surgiu aqui? Podemos afirmar que não. Pois o conservadorismo com
essas ideias discriminatórias em nosso país sempre existiu. Mas agora se torna cada vez
mais evidente. Iniciando uma guerra entre “comunismo e capitalismo”, entre “coxinhas
e mortadelas”, “amarelinhos e vermelhos”, “nós e eles”. Tornando nosso país “bipolar”.
Provocando dissoluções de famílias por se posicionarem politicamente.
Vale ressaltar que o grade “acordo” entre mídia, elite e a ignorância de maior parte
da população em relação a questões econômicas, políticas. Torna-se o maior fator para
o que Souza (2016), Singer (2018) vão chamar de “golpe”, e que a extrema-direita que
explodiria no Brasil vai chamar de “justiça”. E que no senso comum e sem posicionamento,
podemos chamar de impeachment.
Para entender o golpe de 2016, temos que entender que o governo Dilma entrou
em crise por não sustentar os dois pilares que Singer (2016) nos apresenta. No entanto, não
podemos descartar a questão internacional e o crescimento da direita no mundo naquele
momento.
Além disso, podemos destacar a união e falta de diálogo de Dilma Rousseff com
sua base política em torno da governabilidade. Com isso, seu vice e líder do “partido do
interior” (PMDB), Michel Temer, se une em torno da burguesia e articula a tomada de
poder. Vale ressaltar que o mesmo se aproveitou de fakes News em larga escala que foram
reproduzidas nas redes sociais e esperou a hora certa para tomar o poder.
107
A tomada do poder teve como marco inicial o aceite do pedido de impeachment.
Vale ressaltar que já existiam mais de cinquenta pedidos que foram arquivados por falta
de provas. Mas um pedido foi acatado pelo presidente da câmara dos deputados Eduardo
Cunha, que era aliado direto de Temer. E foi apoiado por movimentos que estiveram
presentes nas manifestações e nas ruas pedindo a queda de Dilma Rousseff por crime de
responsabilidade, ou as famosas “pedaladas fiscais”.
Após a votação com palavras que evocaram anticorrupção, Deus, e o famoso “tchau
querida!”. Vale ressaltar que até a memória do General Ustra foi declarado pelo até então
deputado Bolsonaro. Almeida (2021), nos apresenta a votação da seguinte forma:
A sessão de votação do impeachment foi transmitida em rede nacional e
deteve a atenção massiva da população que, já polarizada em direita e
esquerda desde a eleição de 2014, assistia cada um torcendo para o desfecho
que defendiam. No plenário, cada deputado dava um show à parte. E nos
discursos de defesa do voto ficou nítido que não havia indignação pelos
supostos crimes de Dilma, até porque em nenhum momento estes serviram
de argumento para dar sim ou não à abertura do processo de impedimento e
permanência dela na Presidência. Aquele momento histórico ficou marcado
pela consolidação de um golpe parlamentar que usou o palco da câmara
para comemorar, voto a voto, as alianças políticas que culminaram no bem-
sucedido golpe. (ALMEIDA, 2021, p. 46).
Após o golpe, Temer governou provisoriamente com escândalos de corrupção
ao seu redor e assim abre espaço para extrema-direita no Brasil representado por Jair
Bolsonaro. Vale ressaltar que mesmo sem tempo de televisão, o candidato recebeu apoio
massivo em redes sociais, graças ao seu discurso que representava grande parte do
pensamento da direita brasileira. Destaca-se ainda a conturbação que foi a eleição 2018 e
a briga entre esquerda e direitaescancarada. Além da cassação da candidatura de Lula e
sua condenação afundando a esquerda. Aumentando o poder de Bolsonaro após a famosa
“facada” recebida por Bolsonaro.
O bolsonarismo ganha cada vez mais força principalmente pela prisão de Lula que
liderava todas as pesquisas presidenciais. Almeida (2021) diz que:
(…) a estratégia dá tão certo, que Lula é usado como alvo e é proibido pela
justiça de concorrer às eleições mesmo sendo líder absoluto nas pesquisas
de intenção de voto. Proibir Lula de disputar a Presidência em 2018 é a
derrota da “arma” capaz de fazer sucumbir a escalada do neofascismo no
Brasil. (ALMEIDA, 2021, p. 53.).
Podemos destacar que Almeida (2021), apresenta a carreira de Jair Bolsonaro na
política, afirmando que seu governo está sendo controverso e cheio de polêmicas. Tanto no
âmbito nacional como internacionalmente.
108
Mesmo sem se posicionar diretamente sobre o governo Bolsonaro. Procuramos
apresentar toda discussão através de pesquisadores que deixaram seu escrito. No entanto,
não podemos continuar a falar da ascensão e do governo de Bolsonaro. Pois ainda demora
um tempo para se ter uma análise completa de seus atos. Mas, podemos encerrar nosso
estudo apresentando abaixo o pensamento de Almeida (2021), que aponta para um dos
fatores de seu governo confuso e fracassado, pois o presidente não conseguiu apoio de
fato para seu governo.
Todo pronunciamento, entrevista ou fala do Presidente foi marcada por
polêmicas, ofensas a jornalistas, argumentos sem fundamentos, palavras
de baixo calão, etc. Nunca na história do Brasil houve um Presidente com
uma postura tão atípica. É importante ressaltar que o comportamento pouco
polido de Bolsonaro foi peça chave no processo de desmoralização do país
e culminou no descrédito no governo, o que refletiu na quebra de alianças
importantes para consolidar os planos do governo. (ALMEIDA, 2021, p. 53).
109
O presidente Jair Messias Bolsonaro produziu frases e discursos que levam pesquisadores como Alex Fer-
nandes Silva de Almeida. Autor da tese de Mestrado, intitulada de: Do Golpe De 2016 Ao Bolsonarismo: O
Neofascismo. A compararem suas frases a características neofascistas como a apresentado abaixo expostas
na página 66 de sua tese:
Característica Neofascista e Frases de Bolsonaro
Nacionalismo: “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”.
Negação dos direitos humanos: “Conosco não haverá essa politicagem de direitos humanos. Essa bandida-
da vai morrer porque não enviaremos recursos da União para eles.”
Inimigos da nação: “Vamos unir o Brasil pela vontade de nos afastarmos de vez do socialismo, do comunis-
mo, nos vermos livres desse fantasma do que acontece na Venezuela.” “esquerdistas, petistas e bandidos.”
Militarismo: “Caso eu fosse Presidente da República, eu convidaria para o MEC
(Ministério da Educação) um general que tivesse comandado um colégio militar pelo Brasil.”
Sexismo/misoginia: “Jamais iria estuprar você, porque você não merece.”
Controle da imprensa: “A imprensa tenta a todo custo comprar a corda que irá enforcá-la.”
Acompanhe em: ALMEIDA, Alex Fernandes Silva de. Do Golpe De 2016 Ao Bolsonarismo: O Neofascismo No
Brasil. Goiás: Puc, 2021. Disponível em: http://tede2.pucgoias.edu.br:8080/handle/tede/4651
UNIDADE 4 SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASIL
http://tede2.pucgoias.edu.br:8080/handle/tede/4651
110UNIDADE 4 SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASIL
Quer saber um pouco mais sobre a ascensão do Bolsonarismo no Brasil? Acesse o artigo de Fernanda
Rios Petrarca. Intitulado Uma Janela no Tempo: a ascensão do Bolsonarismo no Brasil. Publicada na
Revista TOMO, núm. 38, 2021, Janeiro-Junho, pp. 339-371. Universidade Federal de Sergipe – Brasil. Sob
o DOI: https://doi.org/10.21669/tomo.vi38.14356 e disponível em: http://portal.amelica.org/ameli/
jatsRepo/346/3461827012/3461827012.pdf
http://portal.amelica.org/ameli/jatsRepo/346/3461827012/3461827012.pdf
http://portal.amelica.org/ameli/jatsRepo/346/3461827012/3461827012.pdf
111
CONSIDERAÇÕES FINAIS
UNIDADE 4 SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASIL
Caro(a) acadêmico(a), chegamos ao fim da última unidade da nossa apostila.
Nessa etapa final da disciplina, obtivemos a compreensão do Brasil contemporâneo. Tudo
tão próximo que provavelmente você concordou ou discordou do que leu e aprendeu. No
entanto, gostaria de salientar que todo o conteúdo teve uma base científica de obras já
produzidas e por muitas vezes com anos de pesquisa fundamentada.
Então, estudamos neste capítulo assuntos polêmicos que com toda certeza
descortinaram nossos olhos com o conhecimento sobre o conceito neoliberal e sua aplicação
em nosso país. Conhecemos o governo de Fernando Henrique Cardoso e suas vertentes.
Vale destacar que após conhecermos o neoliberalismo de Cardoso, aprendemos o conceito
de “Lulismo”. Não como uma pessoa e sim o fenômeno governamental com todas suas
raízes, expansão e desafios que enfrentou.
Voltamos nossos olhos para um debate sobre os reflexos do “Lulismo” e sua
hegemonia com o aparecimento da nova classe média e a erradicação da pobreza em
vários setores do Brasil.
No entanto, fizemos uma breve passagem pelas manifestações a partir de 2013 e
seus reflexos para a crise do “Lulismo”. Ou seja, como foi arquitetado, quais fatores que
levaram a sua queda e o impeachment de Dilma Rousseff.
Prosseguindo com nossa reflexão, abordamos a queda de Dilma e indagamos se
foi um simples impeachment ou um golpe. Assim entendemos alguns pontos de conflitos
que envolveram nosso país e apresentamos fatos que apontam para o que os estudiosos
chamaram de golpe. Debatemos o verdadeiro papel do impeachment com a crise do
governo Dilma, a ascensão do Bolsonarismo Descrevemos os problemas enfrentados em
seu governo e a falta de tato para organizar, fazer alianças e jogar o jogo político.
Finalizamos mostrando as frases de Bolsonaro e seus reflexos na sociedade que
resultaram em problemas para seu governo.
Foi extremamente importante e prazeroso nosso estudo até aqui. Então, fique
com meu…
Muito obrigado!
112
MATERIAL COMPLEMENTAR
UNIDADE 4 SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASIL
LIVRO
Título: Cidade de Muros: Crime, Segregação e Cidadania em
São Paulo.
Autor: Tereza Pires do Rio Caldeira.
Editora: EDUSP; 2ª edição (1 janeiro 2006).
Sinopse: O documentário analisa a maneira pela qual crime,
medo e desrespeito aos direitos dos cidadãos associaram-se
a transformações urbanas de São Paulo, produzindo um novo
padrão de segregação espacial durante as duas últimas déca-
das. Temos o aumento da violência na cidade e o fracasso da
polícia e da justiça em combatê-la teve sérias consequências:
a privatização da segurança, o apoio a ações ilegais e violentas
da polícia e a reclusão de parte da sociedade em verdadeiros
encraves fortificados. O resultado é a fragmentação do espaço
público, a valorização da desigualdade e o incentivo ao precon-
ceito em relação a certos grupos sociais.
WEB
Tenho caracterizado o movimento de apoio a Bolsonaro, bem
como o seu governo, como neofascistas (Boito, 2019). O texto
pretende retomar essa tese, apresentá-la com argumentos
talvez mais apurados e indicar diferenças bibliográficas que
recusem tal caracterização. O texto apresenta um movimento
de um governo neofascistas, e não de uma ditadura fascista.
Quer saber mais sobre essa visão? Acesse o link abaixo:
BOITO JR, Armando. Por que caracterizar o bolsonarismo
como neofascismo? Crítica marxista, v. 1, n. 50, 2020. https://
www.researchgate.net/profile/Armando-Boito-Jr/publica-
tion/345392663_Por_que_caracterizar_o_bolsonarismo_como_
neofascismo/links/5fa5a237a6fdcc06241cb794/Por-que-carac-
terizar-o-bolsonarismo-como-neofascismo.pdf
https://www.researchgate.net/profile/Armando-Boito-Jr/publication/345392663_Por_que_caracterizar_o_bolsonarismo_como_neofascismo/links/5fa5a237a6fdcc06241cb794/Por-que-caracterizar-o-bolsonarismo-como-neofascismo.pdf
https://www.researchgate.net/profile/Armando-Boito-Jr/publication/345392663_Por_que_caracterizar_o_bolsonarismo_como_neofascismo/links/5fa5a237a6fdcc06241cb794/Por-que-caracterizar-o-bolsonarismo-como-neofascismo.pdfos
cidadãos gregos (homens e livres), passam a opinar e decidir os rumos da pólis. Inclusive
ocorriam cargos temporários e eletivos.
Vale ressaltar que com isso temos governos que passam a ser avaliados entre os
cidadãos. Alguns chamados de bons e outros de ruim, governos de poucos ou de muitos,
entre outros.
Assim, Aristóteles passa a definir a “polítia”, entendendo a oligarquia (governo de
poucos) e o que ele chama de democracia (demo: povo e cracia: governo). Podemos per-
ceber isso logo abaixo quando Bobbio (1980), diz que:
A politia é a fusão da oligarquia e da democracia. Agora que sabemos o que
consiste uma e outra, podemos compreender melhor em que consiste essa
fusão: é um regime em que a união dos ricos e dos pobres deveria remediar a
causa mais importante de tensão em todas as sociedades. A luta dos que não
possuem, contra os proprietários. É o regime mais propício para assegurar “a
paz social”. (BOBBIO, 1980, p. 153).
A explicação do professor italiano Bobbio, é uma grande definição da política de
Aristóteles, em que ele se utilizou dessa afirmação para exemplificar o início da filosofia
política.
Vale ressaltar que a filosofia política ajuda e muito na construção da sociologia
política e Aristóteles nos fornece indícios para a construção dessa nova ciência. Mas o que
os pensadores posteriores a Aristóteles contribuíram para essa construção?
Podemos destacar essa resposta em Souza (2009) logo abaixo:
O que esses pensadores fizeram foi imaginar, com rigor lógico, a origem do Estado
e, a partir dessa construção abstrata, tiraram consequências sobre o exercício do poder
numa sociedade que se quer livre e igual. O olhar desses filósofos estava voltado para um
“Estado” ideal. Construir uma abordagem abstrata, entretanto, não significa distanciar-se
da realidade, e sim, estabelecer com ela um diálogo fundado não na experiência, mas no
raciocínio lógico dedutivo. (SOUZA, 2009, p. 9).
13UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA, CAMPOS E CONCEITOS
Assim podemos afirmar que a filosofia política nasceu nas sociedades tribais e
com Aristóteles, mas os pensadores que o sucederam passaram a acrescentar métodos e
critérios de avaliação que construíram a futura sociologia política.
Antes de apresentarmos novos pensadores que contribuíram para a construção da
sociologia política, vamos dar um pulo no tempo cronológico e apresentar uma diferença
que vai contribuir para o conceito moderno de sociologia política. Vale ressaltar que já
comentamos acima sobre a diferença entre sociologia da política e sociologia política. No
entanto, não nos aprofundamos no assunto para conhecermos a importância da filosofia
política com Aristóteles.
A partir de agora conheceremos a grande diferença que (SARTORI, 1969) faz sobre
a sociologia da política e a política. Mas a diferença não seria só o “da”?
Espero que você se atente ao que vamos apresentar, logo abaixo, e procure refletir
sobre o tema. Entendendo que a diferença é muito maior do que se pensa.
Para iniciar nossa análise, vamos entender que quando utilizamos o termo “So-
ciologia da Política”, estamos apresentando apenas uma pequena vertente da sociologia,
como, por exemplo, sociologia da violência, Sociologia da educação, Sociologia do direito,
até sociologia da religião. Vale destacar que é apenas uma vertente sem aprofundamento
com métodos e investigações minuciosas como a sociologia política nos fornece.
Assim, podemos afirmar que a sociologia política nos fornece uma relação direta
com a ciência política, estabelecendo uma interligação metódica entre a Sociologia e a
Política de fato.
No entanto, Sartori (1969), não descarta as vertentes como a sociologia da política,
entre outras, pois nos apresenta que não existem superioridades entre elas, e, que a rela-
ção entre elas é de extrema importância para evolução política da sociedade.
Podemos encontrar a importância de se saber diferenciar a sociologia política da
sociologia política em Souza (2009), quando ele tenta explicar a visão de Sartori (1969)
logo abaixo:
Sartori enfatiza a necessidade de não confundir Sociologia Política com So-
ciologia da Política, enfim, a tarefa de construir uma ciência interdisciplinar
requer a superação da tentativa equivocada de reduzir a Sociologia Política a
um subcampo da Sociologia. (SOUZA, 2009, p. 10).
A partir do momento que entendemos a importância de se diferenciar a sociologia
“da” política e sociologia política, passamos a entender a importância de se utilizar uma
pesquisa metódica para classificarmos a política em si. Desde a política cotidiana com as
relações humanas, até a política dos partidos, das lideranças, da democracia, ditadura,
entre outras formas de governo que envolvem a política dos partidos.
14UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA, CAMPOS E CONCEITOS
Com isso, podemos definir a sociologia política como a responsável por analisar
o cotidiano das sociedades, a participação dos cidadãos na sua construção. Além de
compreender a função dos atores sociais, de sua participação, de seu envolvimento, de
suas ideologias, do seu papel em si. Entendendo até mesmo a questão de dominação e
dominados, público e privado, entre outros.
Chegando assim à conclusão dessa divisão que não é só do termo “da”. Mas de
uma questão muito ampla que encontramos em sociedades do passado e do presente.
Aparecem muitos pensadores que transformam e somam na construção da sociologia
política. Como Nicolau Maquiavel que conheceremos logo abaixo.
FILOSOFIA POLÍTICA DE
MAQUIAVEL2
TÓPICO
15
Para começar nossos estudos sobre Maquiavel, precisamos entender que ele
é estudado em vários ramos da ciência, como história, filosofia, sociologia, até mesmo
destacando a poesia, peças de teatro, entre outros setores da produção de conhecimento.
No entanto, nesse determinado momento, vamos nos prender a sua filosofia política
e a sua contribuição na sociologia política. Ressaltando ainda que dentro da filosofia política,
temos momentos memoráveis e de grande importância nessa construção através de suas
ideias, desde a questão de soberania, estado, república entre outras coisas.
No entanto, utilizaremos como ponto de partida o início de sua jornada para
completarmos o caminho do processo de ensino-aprendizagem de maneira frutífera.
Então, iniciaremos sua história de maneira dulcificada, apontando que o mesmo
nasceu em Florença, na Itália e tinha uma origem pobre, ou seja, sem meios financeiros
para frequentar a alta classe em que se exerce a política. Com a ideia de dominante e
dominado. Onde temos os detentores dos meios de produção e os operários em uma visão
marxista simplificada.
No entanto, o doce de sua história passa a ter um sabor amargo na visão humana e
romantizada, mas um sabor menos açucarado na visão política. Pois Maquiavel demonstra
desde cedo ser ambicioso politicamente. Conseguindo estabelecer relações com pessoas
poderosas da sociedade. Atingiu seu ápice na política, tornando-se um político influente na
flor da idade. Pois exercia o cargo de secretário da segunda chancelaria.
Vale ressaltar que logo escreve sua obra mais conhecida e que por muitas vezes
tem suas ideias reproduzidas no senso comum sem que as pessoas saibam que é dele.
UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA, CAMPOS E CONCEITOS
16UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA, CAMPOS E CONCEITOS
Esta obra foi o livro intitulado “O príncipe”. Esse livro apresenta suas ideias em
relação à política, afirmando que não podemos nos guiar pela imposição divina e sim como
uma atividade comum aos homens, ou seja, uma atividade vivenciada por muitos e que é
exercida através da coletividade.
Maquiavel nos apresenta como visualizar a política, nos guiando a ir além da
organização do espaço público, afirmando que devemos ver a coletividade e principalmente
a ação política.
Nicolau Maquiavel aponta que essa ação política humana deve ocorrer através de
uma disputa, de um jogohttps://www.researchgate.net/profile/Armando-Boito-Jr/publication/345392663_Por_que_caracterizar_o_bolsonarismo_como_neofascismo/links/5fa5a237a6fdcc06241cb794/Por-que-caracterizar-o-bolsonarismo-como-neofascismo.pdf
https://www.researchgate.net/profile/Armando-Boito-Jr/publication/345392663_Por_que_caracterizar_o_bolsonarismo_como_neofascismo/links/5fa5a237a6fdcc06241cb794/Por-que-caracterizar-o-bolsonarismo-como-neofascismo.pdf
https://www.researchgate.net/profile/Armando-Boito-Jr/publication/345392663_Por_que_caracterizar_o_bolsonarismo_como_neofascismo/links/5fa5a237a6fdcc06241cb794/Por-que-caracterizar-o-bolsonarismo-como-neofascismo.pdf
113
LIVRO
Título: Os sentidos do Lulismo: Reforma Gradual e Pacto
Conservador.
Autor: André Singer.
Editora: Companhia das Letras; 1ª edição (28 agosto 2012).
Sinopse: Em novembro de 2009, a prestigiosa revista Novos
Estudos, do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento
(Cebrap), publicou um artigo de André Singer que já se tornou
um marco da ciência política brasileira. Escrito durante o auge
da popularidade desfrutada pelo presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, “Raízes sociais e ideológicas do lulismo” analisava o
grande realinhamento eleitoral ocorrido no país durante o
pleito de 2006. O subproletariado, isto é, a massa de milhões de
pessoas excluídas das relações de consumo e trabalho, e que
sempre havia se mantido distante da ameaça de “desordem”
representada pela esquerda, aderiu em bloco à vitoriosa
candidatura à reeleição. Ao mesmo tempo, a classe média
tradicional se afastou de Lula e do PT após as denúncias de
corrupção que originaram o caso do “mensalão”. Invertia-se,
desse modo, na trajetória eleitoral do partido e de seu principal
líder, até então apoiados majoritariamente pelos eleitores
urbanos e pelos estratos sociais de maior renda e instrução.
LIVRO
Título: O lulismo em crise: Um quebra-cabeça do período
Dilma (2011-2016).
Autor: André Singer.
Editora: Companhia das Letras; 1ª edição (24 maio 2018).
Sinopse: Em O lulismo em crise, André Singer enfrenta o desafio
de remontar o quebra-cabeça dos anos em que Dilma Rousseff
foi presidente da república e apresenta uma interpretação para
o funcionamento do sistema político-partidário brasileiro. Com
palavras claras e com argumentação rigorosa, Singer explica por
que o afastamento de duas vigas estruturantes do arranjo lulista.
(o capital financeiro e o PMDB), teve custo tão alto. Onças foram
cutucadas com varas curtas, sem que tivesse havido mobilização
de bases sociais que apoiassem a continuidade do lulismo, em
sua nova versão, de reformismo forte. Em processo simultâneo,
a Lava Jato acabou por galvanizar apoio de significativas frações
da sociedade, tornando-se decisiva na propagação das ondas
anti lulistas que levariam ao impeachment.
UNIDADE 4 SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASIL
114
FILME/VÍDEO
Título: Democracia em vertigem.
Ano: (2019).
Diretora: Petra Costa.
Roteirista: Petra Costa.
Produção: Joanna Natasegara; Shane Boris; Tiago Pavan
Sinopse: Documentário sobre o processo de impeachment de
Dilma Rousseff. Apresentado como um dos reflexos da polari-
zação política e da ascensão da extrema-direita para o poder.
FILME/VÍDEO
Título: O Processo.
Ano: (2018).
Diretor: Maria Ramos.
Roteirista: Maria Ramos.
Produção: Leonardo Mecchi.
Sinopse: Ao passar meses nos bastidores do Congresso
Nacional, acompanhando ao vivo os trâmites que levaram ao
impeachment da presidenta Dilma Rousseff. O documentário
apresenta os eventos de 2016 trazem consequências no Brasil
até hoje, e as imagens daquela época adquiriram novo signifi-
cado em 2018, com Michel Temer no poder, às vésperas de uma
nova eleição presidencial.*
UNIDADE 4 SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASIL
115
FILME/VÍDEO
Título: O Muro.
Ano: (2017).
Diretor: Lula Buarque de Hollanda.
Roteirista: Lula Buarque de Hollanda.
Produtor: Lula Buarque, Letícia Monte.
Sinopse: O filme O Muro, de Lula Buarque de Hollanda,
tem como ponto de partida a estrutura de aço erguida no
meio da Esplanada dos Ministérios, durante o julgamento do
impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. O objetivo era
separar manifestantes pró e contra o processo, ironicamente, no
centro de um local projetado para ser um espaço de comunhão.
Misturando documentário e videoarte, o diretor entrevista
pessoas dos dois lados, bem como pensadores, cientistas
políticos, historiadores, filósofos, acadêmicos e brasilianistas,
que trazem outras leituras dos fatos.
UNIDADE 4 SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASIL
116
CONCLUSÃO GERAL
Caro(a) aluno(a),
Chegamos ao fim do curso de Sociologia Política. Fizemos uma viagem libertadora.
Buscando nas experiências históricas e nas explicações, os conceitos e os fatos históricos
que construíram a sociologia política.
Partimos conhecendo a sociologia política, através do conceito básico do que é a
sociologia política. Visualizamos a Filosofia Política em Maquiavel. Um grande pensador que
demonstrou, passo a passo, como se faz a política. Seguimos nosso estudo, identificando
o conceito básico de Ciência Política. Terminando nossa unidade conhecendo os conceitos
de Políticas Públicas e Política Social.
Na segunda unidade, nosso foco foi o conceito de Elite e os pressupostos históricos.
Passamos pela definição de Elitismo. E, como ponto alto da unidade, conhecemos importantes
personagens como Gaetano Mosca, Vilfredo Pareto e Robert Michels. Que descortinam
nossos olhos sobre a questão do elitismo. Continuamos nossa viagem apresentando a
denúncia contra a Elite com uma forte crítica a elite liberal.
Já na Unidade III, apresentamos o conceito de Estado e o bem-estar social,
enfatizando seu compromisso com as políticas públicas. Seguimos nosso estudo
compreendendo a responsabilidade do Estado enquanto regulador e responsável pela
economia e política nacional. Completando com a contextualização do processo da
dimensão da política enquanto órgão competente quanto às responsabilidades junto ao
Estado de direito democrático. Então, terminamos o capítulo problematizando as questões
que envolvem o bem-estar social e influência do neoliberalismo nas políticas públicas na
sociedade contemporânea.
Enfim, em nossa Unidade IV, discutimos uma questão polêmica. Mas extremamente
necessária no campo da sociologia política. Vale ressaltar que se abandonamos toda
e qualquer ideologia existente em nossas entranhas, alcançamos o entendimento e
concretizamos o processo de ensino e aprendizagem. Vale ressaltar que abordamos a
Compreensão do Brasil Contemporâneo. Passamos pelo neoliberalismo de Fernando
Henrique Cardoso e conhecemos o fenômeno chamado “Lulismo”. Seguimos nossa viagem
conhecendo a hegemonia e a nova classe média. Atrelando a isso tudo as manifestações
populares a partir de 2013.
117
Debatemos se foi Impeachment ou Golpe? Chegando à conclusão através de
estudiosos que foi um golpe. Por fim, fizemos uma breve viagem na crise do Governo Dilma
ao “Bolsonarismo” e suas atitudes.
Assim, chegamos ao fim da nossa viagem. Espero que seu horizonte de
expectativas tenha sido modernizado e novos horizontes acrescentados, uma vez que todos
nós, brasileiros, necessitamos ter uma visão aberta, principalmente com fatos históricos,
abandonado os achismos da Fake News e das redes sociais. Por isso,
Muito obrigado e bom estudo!
118
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Botão 14:
Botão 13:
Botão 12:político, desprezando o caráter religioso que a sociedade medieval
tanto se norteava. Vale ressaltar que para ele a ação política é o caminho para a efetivação
do meio de convivência. Sustentando que essa ação política traz a ideia inovadora até
então que é “lugar”, que seria a sociedade e “alguém” que seria o povo. Tão somente a
ação política ocorre se “alguém” conviva em um “lugar”.
Com isso, Maquiavel nos mostra a verdade concreta da sociedade. Verdade essa
que podemos verificar logo abaixo:
Aqui reside o caráter realista da política em Maquiavel, pois não se trata
de falar sobre como a sociedade deve ser, mas de falar, antes de tudo, da
sociedade que existe. Por isso, é preciso conhecer a realidade, ou seja, a
sociedade que existe, e definir uma ação com base nisso. (ALMEIDA, 2015,
p. 108).
Então nos perguntamos: Como mostrar a realidade? Como demonstrar o papel do
homem?
Maquiavel, por sua vez, vai descortinando a relação política com sua filosofia,
demonstrando com sua obra “o Príncipe”, uma espécie de manual da política, que pode
e consegue auxiliar o político a governar uma cidade e aplicar a ação política a um “lugar”
como vimos acima.
Ainda nos debruçando sobre o livro “O príncipe”, percebemos que Maquiavel
apresenta a função do governante e como ele deve agir para ter sucesso em seu governo.
Destaca que o Príncipe, o Rei, o Governante, deve analisar fatos históricos,
acontecimentos do passado, e, com uma análise profunda, deve aproveitar o que deu certo
e excluir o que deu errado como podemos perceber logo abaixo:
Por isso, para qualquer príncipe governar bem o espaço coletivo, é preciso que
ele se atenha aos fatos históricos e retire dessa observação as soluções que deram certo,
fazendo o mesmo processo com as de insucesso. (ALMEIDA, 2015, p. 111.).
17UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA, CAMPOS E CONCEITOS
A ideia maquiavélica apresentada acima demonstra que a ação política é capaz
de suprir a vida coletiva em que o Rei deve conhecer o lugar em que vive nos mínimos
detalhes, através de observação, de métodos. Somente depois dessa análise que o rei
pode relacionar com acontecimentos passados. Assim, ele poderá compreender o que está
acontecendo na atualidade de seu governo e então poderá agir para resolver problemas
cotidianos do estado. Tanto problemas simples como os mais complexos.
Maquiavel demonstra ainda em “seu manual político” que é algo que deve ser
pensado pelos homens. Lembrando que os homens são repletos de desejos e vontades,
que brigam, que lutam, que “competem entre si”. Por isso que a ação política deve ser
calculada e as decisões do governante devem ser assertivas em relação à realidade do
meio em que vive.
Isso nos leva acreditar que o governante deve observar a vida ao seu redor e
percebê-la como ela é de verdade, não ficar fechado em um mundo paralelo, para depois
tomar decisões que demonstrem a realidade e não como ela poderia ser. Formando assim
o estado como se deve ser. Afirmando ainda que não precisa de forças sobrenaturais para
governar e sim a inteligência, a sabedoria por parte do governante.
Para exemplificar melhor o que foi expressado acima, podemos utilizar o que
Almeida (2015) diz logo abaixo:
Virtude no sentido de “boa luta”, que se faz com as mãos, que se trava no
cotidiano e não carece de forças divinas e sobrenaturais, mas, antes de tudo,
carece de conhecimento, determinação, astúcia e força. O Estado é aquilo
que pode ser, mas as pessoas são o que são e, por isso, delas nascerá o
Estado como atividade puramente humana. (ALMEIDA, 2015, p. 111).
Ferrari (2019) diz ainda que podemos dizer que o pensamento ideal de Maquiavel
é a criação de um Estado forte em que precisa-se manter assim como não se questiona
seus fins, pois seu interesse é objetivo. Assim, podemos afirmar que a soberania do estado
e do governante deve ser o ponto alto do estado. Pois só se constrói um estado forte
com um governante forte que é capaz de manter-se à frente desse estado. Vale ressaltar
ainda que pode ser utilizado de todas as artimanhas para que isso ocorra, ou seja, “os fins
justificam os meios”. Assim, Maquiavel separa de vez a ideia de moral e política para estar
perfeitamente interligadas.
Vale ressaltar que Maquiavel aplica a ideia de Estado para exemplificar o que
podemos chamar de principados ou repúblicas afirmadas por ele. Mas qual a diferença de
principados e república no Estado segundo Maquiavel? Tem muita diferença?
18UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA, CAMPOS E CONCEITOS
Podemos responder essa questão de maneira simples, analisando a obra “Dis-
cursos sobre a primeira década de Tito Lívio”, de Maquiavel, podemos afirmar que nas
Repúblicas, o povo decide seu destino. Já em sua obra “O Príncipe”, a república apresenta
muitas normas que devem ser seguidas. Pois aqui, o autor analisa a república romana no
geral e o de Florença.
Para explicar a ideia do Principado, temos que entender que Maquiavel o divide em
antigo e novo principado. Maquiavel afirma que o antigo já existia, ou seja, são passados
de geração em geração de pai para filho, de rei para príncipe. Já os novos principados são
tomados por líderes militares.
Então, Maquiavel, em sua obra “O Príncipe”, afirma que no principado antigo, não
se precisa de conselhos, de um manual, pois o governo é estável. Agora se o líder militar
acabou de tomar o principado ou deseja tomar um para si, precisa dessa orientação. Por
isso, de sua obra.
Assim, posso afirmar que na República o povo escolhe sua autonomia de vida,
enquanto no principado, o príncipe decide pelo povo.
Com tantas informações que Nicolau Maquiavel nos fornece sobre a política, en-
tendemos seu papel tanto na filosofia, na sociologia, na ciência política, entre outros. Mas o
que é Ciência Política? Como defini-la? Vamos responder essas questões?
CIÊNCIA POLÍTICA3
TÓPICO
19
Até o momento, estudamos a definição e conceitos de sociologia política e passamos
por um grande pensador da política que é Nicolau Maquiavel. No entanto, nesse momento
iremos nos desprender de pensadores, autores para respondermos o que é ciência política.
Temos que entender que ao compararmos ideias de autores atuais podemos nos confundir
sobre o que é ciência política. Ressaltando que alguns autores se posicionam politicamente
de maneira variada, e algumas vezes de maneira polêmica. Por isso, vamos conhecer a
ciência política, as teorias, ideias e não de determinadas pessoas.
A partir de agora vamos responder às questões levantadas no fim do tópico anterior,
ou seja, o que é Ciência Política?
Podemos definir a Ciência Política como uma ciência social que estuda como fun-
ciona a sociedade política, ou seja, estuda o poder e suas vertentes na sociedade. Vale
ressaltar que essa Ciência estudou os acontecimentos políticos, os processos que levaram
a determinados resultados. Podemos exemplificar melhor afirmando que a ciência política
estuda o processo eleitoral, o que antecedeu ou aconteceu em determinada sociedade an-
tes do pleito, estudo dos partidos políticos e suas características. Ocorre também a análise
de diferentes governos de formas de governar.
Para esclarecer um pouco mais a definição do tema, vou trazer para a atualidade
alguns temas da política brasileira.
Temos o Brasil colônia em que a política era a exploração, ou seja, temos
pretensões políticas no Brasil, mas somos submissos a Portugal. Vale ressaltar que isso
ocorre até a independência. A ciência política vai estudar como se formou a classe política
UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA, CAMPOS E CONCEITOS
20UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA, CAMPOS E CONCEITOS
no Brasil, quais os fatores que levaram à organização da independência do Brasil. Como
foi organizada a primeira assembleia constituinte do Brasil. Como se dividiu os políticos
brasileiros. Como foi realizada a primeira constituição brasileira.
Em seguida, no Brasil temos a Proclamaçãoda República e a ciência política
analisa todos os fatores que a construíram e que a compõem.
Por fim, podemos exemplificar a era Vargas, em que Getúlio criou as leis trabalhistas,
salário mínimo e ficou conhecido como o “Pai dos pobres”. Getúlio não podia mais disputar
as eleições e indicou Dutra, desconhecido do povo, ganhou as eleições com folga. Fez
um governo catastrófico e Vargas voltou nos braços do povo. A Ciência política compara e
analisa todos os fatores e assim consegue explicar o novo pai dos pobres posteriormente.
Estamos falando do Lula, que também agrada pobres e ricos, indica alguém que não era
conhecido e que ganha as eleições.
Para não agradar um ou outro no momento bipolar que o Brasil vive, podemos
citar a AIB (Ação Integralista Brasileira), que tinha o lema Deus, Pátria e Família e que
pretendia praticar um governo de extrema-direita. Alguns de seus passos são reproduzidos
e Bolsonaro chega ao poder no Brasil.
Enfim, Dias (2013) afirma que:
A ciência política é uma ciência social que estuda o exercício, a distribuição e
a organização do poder na sociedade. Como ciência social, procura estudar
os fatos políticos, que envolvem tanto acontecimentos e processos políticos,
como o comportamento político que se expressa concretamente na interação
social. (DIAS, 2013, p. 01).
A ciência política pensa concretamente em todos os fatores que relacionam o
poder. Assim, podemos afirmar que o conceito de política está ligado ao poder. Pois quem
faz política quer o poder, seja para vantagem pessoal ou para realizar o bem coletivo, como
afirma Weber (2012):
Todo homem, que se entrega à política, aspira ao poder, seja porque o con-
sidere como instrumento a serviço da consecução de outros fins, ideais ou
egoístas, seja porque deseje o poder ‘pelo poder’, para gozar do sentimento
de prestígio que ele confere. (WEBER, 2012, p. 57).
O poder está ligado aos desejos e vontades dos homens e está relacionado a
acontecimentos sociais e produz uma espécie de hierarquia em que a sociedade se organiza.
Já para haver a paz social, o poder precisa atingir o que podemos chamar de legitimidade,
seja pela aceitação dos homens ou pelo uso da força, promovendo a dominação e a
submissão. Vale ressaltar que cada grupo social estabelece sua forma de poder. Utilizando
até mesmo a força e alienação do divino em algumas sociedades.
21UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA, CAMPOS E CONCEITOS
Vale ressaltar que o poder estudado pela ciência política também analisa a coerção,
o comportamento, os vínculos de dependência social, até mesmo o poder ideológico, entre
outros.
Bobbio (2000), separa o poder em três partes, em que temos o poder econômico,
ideológico e político. Que explica como:
(…) esses três tipos de poder tem como característica comum instituir e
manter uma sociedade de desiguais, ou seja, dividida entre ricos e pobres
(poder econômico); entre sapientes e ignorantes (poder ideológico) e entre
fortes e fracos (poder político), ou seja, tem a particularidade de dividirem
entre superiores e inferiores. (BOBBIO, 2000, p. 163).
Precisamos também definir a relação entre as principais fontes de poder, pois elas
aparecem de forma complementar umas das outras, sempre que necessário. Então, entre
as principais fontes de poder, temos a força e autoridade.
A força nada mais é que a coerção, seja física ou através de intimidação, em que
se utiliza algo para dominar. Como exemplo, poderíamos apontar facas, armas, objetos
como palmatória, bastões de madeira ou aço, entre outras.
Nos estados essa força é exercida pela polícia e pelas forças armadas. Essa força
intimidadora mantém o ciclo da vida e da sociedade em harmonia.
A outra força exercida para se atingir o poder é a autoridade. Essa força é de
simples compreensão, pois é através dela que ocorre a legitimação do poder. Vale ressaltar
que a autoridade é construída com a soma de vários fatores como a utilização da cultura e
a moral de uma sociedade, da legislação vigente e várias outras. Destacando ainda que a
autoridade vem acompanhada da legitimidade social, obtendo apoio social.
Podemos apresentar ainda que a legitimidade da autoridade pode ser burocrática,
tradicional ou carismática.
Assim, podemos definir a “autoridade burocrática” como:
Autoridade burocrática ou racional-legal, baseada no cargo ou posição
formalmente instituída. É a autoridade investida no cargo que o indivíduo
ocupa. Ele só tem essa autoridade enquanto estiver ocupando o cargo. O
exercício da autoridade é legítimo por estar de acordo com as leis ou com as
regras escritas. (DIAS, 2013, p. 34).
Vale ressaltar ainda que não importa quem é o governante para que ocorra o princípio
da legitimação do poder e sim a lei como ponto principal. Com isso temos composições
burocráticas como órgãos de justiça na figura do juiz, de segurança na imagem do delegado
e no administrativo na pessoa do funcionário público.
Dias (2013) aponta que a “autoridade tradicional” é baseada na crença, normas e
tradições sagradas e a que as pessoas obedecem em virtude da tradição.
22UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA, CAMPOS E CONCEITOS
Assim, podemos afirmar que essa força é exercida através do que se recebe
através dos costumes de uma determinada sociedade, promovendo a aceitação de formas
de governos que em certos casos chega ao ponto da repressão e de um governo único
como uma monarquia absolutista. Como exemplos dessa autoridade podemos apontar a
questão governamental na imagem do rei. Temos também a religião na figura do padre. A
família na pessoa do marido entre outras.
Por fim, vamos apresentar a “autoridade carismática”, que Dias (2013) nos apresenta
como:
Baseada na veneração extracotidiana da santidade, do poder heroico ou do
caráter exemplar de uma pessoa e das ordens por ela reveladas ou criadas”,
às quais se obedece em função do carisma (imagem de notável sabedoria,
invencibilidade, exemplo ou santidade). Sua natureza é quase religiosa, e
a organização ou sociedade permanecerá estável enquanto durar o líder.
Exemplos: Cristo, Napoleão, Gandhi, Hitler, Martin Luther King, Perón, Fidel
Castro, etc. (DIAS, 2013, p. 35).
Para continuarmos nosso estudo, precisamos entender que a ciência política vai
muito mais longe que a relação de poder apresentada acima. Pois como o próprio nome diz,
ela é uma ciência que envolve muitos outros fatores que a compõem, como, por exemplo,
as políticas públicas e a política social que conheceremos logo abaixo.
POLÍTICAS PÚBLICAS E
POLÍTICA SOCIAL 4
TÓPICO
23
Para continuarmos nosso estudo na sociologia política, precisamos conhecer os
conceitos de políticas públicas e sociais. Talvez possa ser de conhecimento empírico uma
definição simples e de compreensão vulgar desse tema. No entanto, vamos nos prender
em definições científicas para que assim possamos expressar sua importância para a
sociedade.
Kauchakje (2017), nos apresenta uma definição simples, mas cientifica sobre as
políticas públicas. Pois a mesma aponta a “política pública” como o “Estado em ação”, ou
seja, o Estado passa a exercer seu papel em relação à tomada de decisões que resultará
no desenvolvimento social e, os impactos das decisões e suas práticas, impactaram a vida
de todos os cidadãos.
Assim, podemos destacar que o Estado na figura de seu governante toma a decisão
de direta em ações que deverão ser aplicadas ou não para o bem-estar de seus cidadãos.
Kauchakje (2017), nos diz ainda que essas decisões nos respondem às seguintes perguntas:
Quem ganha? O quê? Quando e como?
Para explicarmos o que é política pública com maior facilidade, iremos avançar
nas ideias apresentadas acima. Por isso, iremos começar nossos estudos apresentando a
dificuldade de definição do termo política nas ciências políticas e apresentado nas línguas
latinas. Como assim?
O termo política é um conceito amplo e tem definições diferentes em várias línguas
latinas, complicandoo início do estudo. Por exemplo, Dias e Matos (2012), demonstra que
na inglesa temos a distinção clara de dois termos: politics e policie.
UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA, CAMPOS E CONCEITOS
24UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA, CAMPOS E CONCEITOS
Já Secchi, Coelho e Pires (2019), complementa afirmando que:
Na língua portuguesa, por exemplo, diversas conotações podem ser dadas
ao termo “política”, enquanto na língua inglesa, contudo, essas conotações
são diferenciadas pelos termos polity, politics e policy. (SECCHI, COELHO,
PIRES, 2019. Pg. 01.).
Polity, denota o ambiente político-institucional em que ocorrem os processos
sociais.
Secchi, Coelho e Pires (2019), afirma que Politics, pode ser explicada como uma
atividade humana para obter e manter o que for necessário para o exercer o poder sobre
o homem. Por isso que temos frases de senso comum como: “A política é pra quem tem
estômago”, “Os conchavos políticos são comuns para se manter o poder” e “A política
realizada na câmara dos deputados e no Senado é muito distante da realidade do povo”.
Por fim, Secchi, Coelho e Pires (2019), apresentam a definição mais coerente com
a realidade que estamos estudando. Quando afirma que:
O terceiro sentido da palavra “política” é expresso pelo termo policy em in-
glês. Essa dimensão de “política” é a mais concreta e a que tem relação com
orientações para a decisão e ação. (SECCHI, COELHO, PIRES, 2019, p.
02.).
Então, partimos da ideia que a política pública vem do terceiro termo, em que temos
o papel direto nas tomadas de decisões políticas.
Dessa forma, podemos afirmar que a política pública vem de encontro com a
solução de problemas enfrentados pela sociedade. Percebemos isso em Dias e Matos
(2012) quando afirma que:
A política, nesse sentido, é executada por uma autoridade legitimada que
busca efetuar uma realocação dos recursos escassos da sociedade. Nesse
caso, a política pode ser adjetivada em função do campo de sua atuação
ou de especialização da agência governamental encarregada de executá-lá.
Desse modo, podemos nos referir à política de educação, saúde, assistência
social, agrícola, fiscal, etc., ou seja, produtos de ações que têm efeitos no
sistema político e social. (DIAS e MATOS, 2012, p. 02.).
O interessante a ser debatido nesse momento, é que todos os pensadores
apresentados acima, demonstram a mesma definição sobre políticas públicas. Vale
ressaltar que as diferenças são mínimas. Então se pergunte: Por que a política pública é
tão conturbada em nosso país?
Podemos responder essa pergunta apresentando a simples ideia de que o homem
é feito de desejos e vontades que em alguns casos se sobrepõe a definição de que as
25UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA, CAMPOS E CONCEITOS
políticas públicas devem ser responsáveis por resolver conflitos e estabilizar a sociedade.
Ou seja, algumas vezes o poder individual fala mais alto que seu papel total e social.
Podemos destacar que uma política pública, em sua totalidade, apresenta dois
elementos fundamentais. O primeiro elemento é intencionalidade pública e o segundo é a
resposta a um problema público. Vale destacar que o governante deve deixar seus desejos
e vontades e pensar no coletivo. Somente assim, a realidade social pode ser atingida.
As políticas públicas devem ser pensadas através de estudos aos problemas sociais,
implantação de políticas públicas pensando nos instrumentos que devem ser utilizados
para o sucesso da mesma.
Para que isso ocorra, Secchi, Coelho e Pires (2019), afirmam que políticas públicas
devem tomar formas de programas públicos, projetos, leis, esclarecimentos públicos, entre
outros. Ou seja, existe a necessidade de se operacionalizar as políticas públicas em sua
área de atuação. Como exemplo, a saúde através do SUS, a educação através do MEC e
INEP, o meio ambiente através do Ibama, entre outros pontos a ser apresentado.
Pode apresentar políticas públicas de maneira, mas exemplificada? Claro que
sim. Podemos exemplificar a política pública através de programas criados por diferentes
governos.
Na educação, temos o Prouni e o Fies que ajudam na inclusão de acadêmicos
nas instituições públicas e privadas. Temos o programa “minha casa, minha vida” e agora
o “casa verde e amarela”, para resolver o problema da habitação. Citamos ainda o “bolsa
família” e posteriormente o “renda Brasil”, que promete diminuir os índices de pobreza em
nosso país.
Vale ressaltar que existem muitas outras áreas que necessitam de políticas públicas
para resolver problemas estruturais de determinadas sociedades e os exemplos acima
demonstram algumas das políticas públicas que se misturam e se completam com políticas
sociais. Mas o que é política social?
As políticas sociais são criadas como um dispositivo de inclusão e de proteção ao
cidadão. Vale ressaltar que algumas pessoas criticam as políticas sociais por acharem que
é uma despesa desnecessária ao Estado. Surgindo jargões como: “Devemos ensinar a
pescar e não dar o peixe”.
No entanto, existe uma ambiguidade em nossa sociedade, pois existe uma grande
parcela de nosso país que acredita nessas políticas, Por sua vez promoverá uma evolução
se falarmos em relação ao equilíbrio social.
Dentro do Estado, existe uma dualidade das políticas sociais que é explicada por
Azevedo, Martins, e Ferreira, (2018), logo abaixo:
26UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA, CAMPOS E CONCEITOS
As políticas sociais exercem um papel de dualidade no Estado capitalista, isto
é, ao mesmo tempo, são fruto da luta da classe trabalhadora, mas também
são um instrumento do Estado capitalista para a pacificação dessa mesma
classe trabalhadora. Nesse cenário, as políticas sociais são um constante
campo de disputa, ora em prol do proletariado, ora em prol da burguesia, ten-
do estreita relação com a pobreza e a questão social. (AZEVEDO, MARTINS,
E FERREIRA, 2018, p. 13).
Podemos perceber que a luta de classes se torna constante na sociedade capitalista
e, as políticas sociais tornam-se um papel importante para a superação da pobreza e da
desigualdade, ou seja, as políticas sociais têm o grande papel de enfrentamento à situação
social da sociedade.
Podemos compreender melhor o papel das políticas sociais quando afirmamos que
ela é simplesmente uma ferramenta para transformação social. Podemos perceber isso
logo abaixo:
Desse modo, as políticas sociais são uma ferramenta estratégica, que por
intermédio de diversas ações são capazes de provocar transformação social,
não somente na sociedade, mas principalmente nos sujeitos. É pelo conjunto
organizado dos trabalhadores e por outras classes excluídas que realizam
tensionamentos para a elaboração de políticas públicas em prol da população
vulnerável. (AZEVEDO, MARTINS, E FERREIRA, 2018, p. 19).
Assim, podemos concluir o tema, afirmando que as políticas públicas têm o papel
importantíssimo para o enfrentamento de problemas de questão social. Seja da pobreza, da
questão das mulheres, dos direitos dos autistas, entre outros. Pois uma política pública bem
executada possibilita a emancipação dos humanos, promovendo cidadania aos membros
de nossa sociedade.
27UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA, CAMPOS E CONCEITOS
As fases das Políticas Públicas
(o ciclo ou estágios das Políticas Públicas)
O processo de formulação de Políticas Públicas, também chamado de Ciclo das Políticas Públicas, apresen-
ta diversas fases:
1° FASE – Formação da Agenda (Seleção das Prioridades);
2° FASE – Formulação de Políticas (Apresentação de Soluções ou Alternativas);
3° FASE – Processo de Tomada de Decisão (Escolha das Ações);
4° FASE – Implementação (ou Execução das Ações);
5° FASE – Avaliação.
Na prática, as fases se interligam entre si, de tal forma que essa separação se dá mais para facilitar a com-
preensão do processo.
Para conhecer um pouco mais acesse o livro no link abaixo:
CALDAS, Ricardo Wahrendorff. Políticas Públicas: conceitos e práticas. Belo Horizonte: Sebrae/MG,2008.
Disponível em: http://www.mp.ce.gov.br/nespeciais/promulher/manuais/manual%20de%20politi-
cas%20p%C3%9Ablicas.pdf
http://www.mp.ce.gov.br/nespeciais/promulher/manuais/manual de politicas p%C3%9Ablicas.pdf
http://www.mp.ce.gov.br/nespeciais/promulher/manuais/manual de politicas p%C3%9Ablicas.pdf
28UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA, CAMPOS E CONCEITOS
O povo é o legislador no sentido de ser a fonte do poder político. Isso significa que só o conjunto dos
cidadãos tem autoridade para impor as leis, ainda que estas sejam elaboradas por um grupo restrito
de homens, mais habilitados para o desempenho de uma tarefa de tanta responsabilidade, que requer
discernimento e prudência. Para isso é conveniente que, por delegação do povo, alguns cidadãos mais
competentes elaborem as leis, mas estas, só se tornam preceitos coercitivos, ou seja, têm caráter de lei, se
tiverem a sanção popular, pois “a autoridade humana para legislar compete exclusivamente ao conjunto
dos cidadãos ou à sua parte preponderante”. (STREFLING, 2016, p. 102)
Disponível em: https://www.scielo.br/j/ea/a/q9NsXLTYy4RQhkyC8Xq6FdG/?lang=pt&format=html
https://www.scielo.br/j/ea/a/q9NsXLTYy4RQhkyC8Xq6FdG/?lang=pt&format=html
29UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA, CAMPOS E CONCEITOS
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística: É uma instituição da
administração pública federal, subordinada ao Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão. O IBGE se constitui no principal provedor de dados e informações do país, que
atende às necessidades dos mais diversos segmentos da sociedade civil. Disponível em:
http://www.ibge.gov.br.
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão: Tem como missão promover
o planejamento participativo e a melhoria da gestão pública para o desenvolvimento
sustentável e socialmente includente do país. Disponível em: www.planejamento. gov.br.
Portal da Transparência: É uma iniciativa da Controladoria-Geral da União (CGU),
lançada em novembro de 2004, para assegurar a boa e correta aplicação dos recursos pú-
blicos. O objetivo é aumentar a transparência da gestão pública, permitindo que o cidadão
acompanhe como o dinheiro público está sendo utilizado e ajude a fiscalizar. Disponível em:
www.portaltransparencia.gov.br.
Secretária-geral da Presidência da República: Compete assistir direta
e imediatamente o Presidente da República no desempenho de suas atribuições,
especialmente: (I) no relacionamento e articulação com as entidades da sociedade civil e na
criação e implementação de instrumentos de consulta e participação popular de interesse
do Poder Executivo; (II) na elaboração da agenda futura do Presidente da República;
(III) na preparação e formulação de subsídios para os pronunciamentos do Presidente
da República; (IV) na promoção de análises de políticas públicas e temas de interesse
do Presidente da República e na realização de estudos de natureza político-institucional;
dentre outras tarefas. Disponível em: www.secretariageral.gov.br/.
TCU – Tribunal de Contas da União: A Constituição Federal de 1988 conferiu ao
TCU o papel de auxiliar o Congresso Nacional no exercício do controle externo, tendo como
competências: apreciar as contas anuais do Presidente da República; julgar as contas dos
administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos; apreciar a
legalidade dos atos de admissão de pessoal e de concessão de aposentadorias, reformas
e pensões civis e militares; realizar inspeções e auditorias por iniciativa própria ou por
solicitação do Congresso Nacional, dentre outras. Disponível em: http://portal2.tcu.gov.br/
TCU.
30
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro(a) aluno(a), chegamos ao fim do capítulo sobre sociologia política. Espero que
o entusiasmo proposto no início dessa unidade tenha atingido seu ápice nesse momento.
Vale ressaltar que você deve cada vez mais ampliar seus horizontes buscando explorar
todas as orientações passadas durante nosso estudo e algo a mais.
Acredito que percorremos um caminho repleto de conhecimento sobre as defini-
ções e conceitos sobre a sociologia política. Entendendo sua origem. Vale ressaltar que
esses conceitos básicos farão parte de outros momentos de nossa jornada em busca do
conhecimento.
Após aprendermos os conceitos do que é a sociologia política, partimos para uma
jornada encontrando experiências históricas e, conhecemos alguns pontos que envolvem a
filosofia política de Nicolau Maquiavel em toda sua riqueza.
Ainda nessa unidade, fizemos uma viagem e conhecemos o que é ciência política
e entendemos suas definições e tipos de poder.
Então, encerramos esse primeiro momento de nossa trilha de aprendizagem co-
nhecendo os conceitos de políticas públicas e política social.
Por fim, passamos por todos os desafios da construção sobre as políticas públicas
e políticas sociais em todas suas vertentes.
Desde já, muito obrigado e nos vemos no próximo capítulo!
UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA, CAMPOS E CONCEITOS
31
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: Sociologia política.
Autor: Paulo G. M. De Moura.
Editora: InterSaberes; 1ª edição (1 junho 2017).
Sinopse: O que motiva o homem à ação política? Que tipos
de regimes políticos existem? Como podemos definir o
termo democracia? Que influências a mídia pode ter sobre a
política? As pesquisas podem ter real impacto sobre a opinião
pública? Essas e muitas outras questões são objeto de estudo
da sociologia política, que busca compreender os elementos
que compõem a realidade social, desfazendo preconceitos e
paradigmas. Reflita sobre os complexos fenômenos presentes
nas sociedades contemporâneas e desenvolva suas próprias
ideias sobre como os problemas sociais e políticos da atualidade
podem ser solucionados.
LIVRO
Título: Introdução ao Estudo das Políticas Públicas: uma
Visão Interdisciplinar e Contextualizada.
Autor: Alvaro Chrispino.
Editora: Editora FGV; 1ª edição (1 janeiro 2016).
Sinopse: Em relação a políticas públicas, a sociedade
contemporânea se comporta de duas maneiras distintas:
pode ser mais esclarecida e participante, solicitando melhores
resultados da gestão pública na solução de seus problemas,
ou assiste estarrecida aos fatos que envolvem os desvios
em torno da gestão pública. Entender como se articulam as
variáveis, explícitas ou implícitas, na formulação, na execução
e na avaliação das políticas públicas, é uma necessidade
urgente. Este livro propõe olhar os acontecimentos recentes,
da perspectiva do conhecimento de políticas públicas.
UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA, CAMPOS E CONCEITOS
32
LIVRO
Título: A Ciência da Política - Uma Introdução.
Autor: Adriano Gianturco.
Editora: Forense Universitária; 3ª edição (10 julho 2020).
Sinopse: A leitura definitiva sobre política. Para além dos
“achismos”, este livro é um manual essencial sobre Ciência
Política e seu funcionamento: apresenta o que há de mais
relevante na literatura internacional, questões pertinentes
da área e seus diagnósticos. Com uma abordagem científica
rigorosa e atual, A Ciência da Política – Uma Introdução está
divida em quatro partes. A primeira parte traz uma abordagem
metodológica; a segunda trata dos pilares fundamentais da
política: poder, política, guerra, impostos, Estado e obediência;
já a terceira, analisa as questões relativas à democracia, como
formas de governo, partidos, sistema partidário, sistema
eleitoral, paradoxos do voto, luta eleitoral, etc.; e, por último,
se aprofunda na regulamentação, bens públicos, corrupção e
análise das políticas públicas. Por que ler A Ciência da Política?
A Ciência Política é o ramo das Ciências Sociais que se ocupa
das relações de poder institucionalizadas e adota o método
descritivo, individualista, metodológico, reducionista e analítico
para poder compreender, explicar e prever a ação política, mais
do que esperar poder mudar a realidade de forma revolucionária
segundo nossos ideais preconcebidos. É a diferença entre
prever e torcer.Nesse sentido, a Ciência Política representa
uma alternativa às vertentes culturalistas da Antropologia e da
Sociologia, mostrando que não “é uma questão de cultura”, mas
de instituições e de incentivos (positivos ou negativos). Este livro
trata-se, portanto, de um verdadeiro manual de ciência política,
que cobre uma enorme lacuna no mercado editorial brasileiro.?
FILME/VÍDEO
Título: Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora é Outro.
Ano: (2010).
Diretor: José Padilha.
Roteirista: José Padilha, Bráulio Mantovani.
Produção: José Padilha, Marcos Prado.
Sinopse: Filme que demonstra a segurança pública de nosso
país através da história do capitão Nascimento (Wagner Moura),
agora coronel, foi afastado do BOPE por conta de uma mal
sucedida operação. Desta forma, ele vai parar na inteligência
da Secretaria de Segurança Pública do Estado. Contudo, ele
descobre que o sistema que tanto combate é mais podre do que
imagina e que o buraco é bem mais embaixo. Seus problemas
só aumentam, porque o filho, Rafael (Pedro Van Held), tornou-
se adolescente, Rosane (Maria Ribeiro) não é mais sua esposa
e seu arqui-inimigo, Fraga (Irandhir Santos), ocupa posição de
destaque no seio de sua família.
UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA, CAMPOS E CONCEITOS
33
FILME/VÍDEO
Título: Real: O Plano por Trás da História.
Ano: (2017).
Diretor: Rodrigo Bittencourt.
Roteirista: Mikael de Albuquerque.
Produção: Ricardo Fadel Rihan.
Sinopse: O filme nos leva ao ano de 1993, onde o inflexível
Gustavo Franco é um crítico feroz da política econômica adotada
pelo governo brasileiro nos últimos anos, que resultou em um
cenário de hiperinflação. Opositor de políticas de cunho social,
é adepto de um choque fiscal de forma que seja criada uma
moeda forte, que devolva a dignidade aos cidadãos. Quando o
presidente Itamar Franco nomeia Fernando Henrique Cardoso
como o novo Ministro da Fazenda, Gustavo é convidado a inte-
grar uma verdadeira força-tarefa, cujo objetivo é criar um novo
plano econômico.
FILME/VÍDEO
Título: Preciosa: Uma História de Esperança.
Ano: (2010).
Diretor: Lee Daniels.
Roteirista: Geoffrey Fletcher.
Produtor: Lee Daniels, Oprah Winfrey, Tom Heller, Tyler Perry.
Sinopse: 1987, Nova York, bairro do Harlem. Claireece “Precio-
sa” Jones (Gabourey Sidibe) é uma adolescente de 16 anos que
sofre uma série de privações durante sua juventude. Violentada
pelo pai (Rodney Jackson) e abusada pela mãe (Mo'Nique), ela
cresce irritada e sem qualquer tipo de amor. O fato de ser pobre
e gorda também não a ajudam nem um pouco. Além disto, Pre-
ciosa tem um filho apelidado de “Mongo”, por ser portador de
síndrome de Down, que está sob os cuidados da avó. Quando
engravida pela segunda vez, Preciosa é suspensa da escola. A
Sr.ª Lichtenstein (Nealla Gordon) consegue para ela uma escola
alternativa, que possa ajudá-la a melhor lidar com sua vida. Lá
Preciosa encontra um meio de fugir de sua existência traumáti-
ca, se refugiando em sua imaginação.
WEB
Para construirmos uma consciência política e entendermos
como funciona a Ciência política, temos que conhecer nosso
próprio país. Por isso, como processo de evolução no processo
de ensino-aprendizagem, deixo abaixo, uma lista de órgãos im-
portantes na produção de políticas públicas que lhe auxiliarão
a conhecer ainda mais nossa história. Nossa política. Nosso
investimento em políticas sociais.
UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA, CAMPOS E CONCEITOS
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Plano de Estudos
• Conceito de Elite e os pressupostos históricos;
• Elitismo em: Gaetano Mosca; Vilfredo Pareto e Robert Michels;
• A denúncia contra a Elite;
• Critica a elite liberal.
Objetivos da Aprendizagem
• Conceituar e contextualizar o conceito de elite e os pressupostos
históricos;
• Compreender o que representou o elitismo de acordo com os
sociólogos: Gaetano Mosca; Vilfredo Pareto e Robert Michels;
• Contextualizar o processo da denúncia contra as elites,
estabelecendo as motivações para compreensão de tal ação;
• Problematizar as questões que envolvem a crítica à elite liberal e
suas características.
Professora Especialista Alessandra Domingues Gomes
TEORIA DAS ELITESTEORIA DAS ELITES2UNIDADEUNIDADE
INTRODUÇÃO
35
Seja muito bem-vindo(a) !
Prezado(a) educando(a), é com muito prazer que daremos continuidade aos nossos
estudos sobre a disciplina de Teoria das Elites.
Iniciaremos nossos estudos explorando o contexto que representa o Conceito de
Elite e os pressupostos históricos.
Nossa abordagem sobre a sociologia e seus pressupostos teóricos também fará
uma fundamentação sobre importantes sociólogos que contribuíram para o entendimento
do contexto sobre as elites que são Gaetano Mosca, Vilfredo Pareto e Robert Michaels.
Dando continuidade aos nossos estudos sobre a sociologia na contemporaneidade
e sua influência para formação das elites e a constituição das massas, o foco de pesquisa
estará na denúncia quanto à monopolização do poder e o abandono social dos grupos
menos favorecidos.
E, por último, estaremos concluindo os estudos deste capítulo abordando sobre
a Crítica da elite liberal, nela será feita uma análise quanto à Crítica à elite liberal, suas
características e seu papel na sociedade.
Espero que tenham um momento de estudo satisfatório e que essa leitura possa
colaborar no aprofundamento de seu conhecimento, relacionando a importância da socio-
logia e seus conceitos para a sociedade em seus mais diversos períodos.
Muito obrigado e bom estudo!
UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES
36
CONCEITO DE ELITE E O
PRESSUPOSTOS HISTÓRICOS1
TÓPICO
A palavra Elite tem origem do Francês ÉLITE, “escolha, seleção”, que veio do Latim
ELIGERE, “escolher”, formado por EX-, “fora”, mais LEGERE, “catar, escolher”. O significado
da palavra elite se refere a um determinado grupo com privilégios, grupo minoritário, visto
como indivíduos superiores, por possuírem poder econômico ou domínio social.
A teoria das elites surgiu a partir do século XIX idealizada pelo filósofo italiano
Gaetano Mosca. Segundo BUARQUE DE HOLANDA (2011), Gaetano defendia o
pensamento de que o elitismo nas mais diversas sociedades está sempre relacionado há
uma minoria que detém os bens de consumo e poder e de um outro lado uma maioria que
está privada de todos esses benefícios.
De maneira geral é possível compreender que as elites são fruto de uma classe
dominante, compreendida como um grupo que possui uma capacidade superior junto às
classes dominadas, ela ainda teria como valor, manter o equilíbrio no sistema social ao
permitir a mobilidade de classes, principalmente quando isso ocorre na ascensão de um
sujeito através do seu mérito.
O grupo considerado como elite é visto como um grupo minoritário de detentores
do poder. Nos dias atuais as sociedades modernas possuem uma multiplicidade de elites,
em um grupo relativamente organizado, que detém o poder de decisão. Essa mesma elite
mantém um conflito com as classes dominadas, mantém-se exclusiva e suas características
econômicas e sociais, no entanto, ela só se mantém viva a partir do momento que mantém
contato com outras classes consideradas inferiores à sua, mas que mantém a geraçãode
conflitos.
UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES
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O poder econômico, social, as ideologias políticas, assim como o pensamento
individual de cada cidadão, são importantes fatores na formação da teoria das elites. De
acordo com Mosca (2009), a sociedade está dividida em dois grupos: os governantes
e os governados, neste entendimento os governantes estão em um número muito mais
reduzido, no entanto, são eles que detêm o poder, impõem sua vontade de acordo com
suas necessidades, desejos, de relações sociais e políticas. Em vários momentos impor
essa vontade significa a imposição de ações arbitrárias, violentas e desnecessárias para
o restante da sociedade.
A questão relacionada à divisão do poder entre governantes e governados se estende
há muito tempo, constando em obras de pensadores modernos como Marx, Montesquieu e
Maquiavel. De acordo com Mosca (2009), as classes governantes, por serem a minoria, se
constituem de uma forma muito mais organizada, se relacionando por afinidade e interesses,
sendo solidários entre si e com seus. Já as classes que são governados são extremamente
numerosas e isso faz com que se dividam em grupos desestruturados e desorganizados, o
que dificulta de forma expressiva sua ascensão.
Quando pensamos em uma sociedade clássica, tradicional, é simples conceituar o
sistema de elite, pois ela se encontra de forma estável e com pouca mobilidade. No entanto,
ao analisarmos as sociedades modernas podemos caracterizar o sistema de elite de uma
maneira mais complexa e com um perfil mais dinâmico, baseado em uma sociedade com
perfil tecnológico e extremamente rotativo.
A sociedade moderna se caracteriza por uma variedade de elite relacionados com
uma sociedade complexa, que vive cercada de desafios, busca constantemente se firmar
como classe dominante através de suas ações, do seu poder de controle e decisão, e a
imposição de suas vontades em detrimento das classes dominadas.
Quando pensamos em elite, é possível compreender que vivemos em uma
sociedade capitalista, sendo esta sociedade dividida em classes com configurações histórico
estrutural particular. Nesse sentido, evidencia-se a relação existente entre as estruturas de
apropriação voltadas para economia e a dominação voltada para a política, definindo uma
estratificação social.
Este é o ponto de partida fundamental para teoria das elites: a constatação
de uma lei histórica inescapável que divide os homens em governantes
e governados. Atente para a expressão todas as sociedades. Essa
generalização é fundamental, pois ela autoriza mosca a afirmar que essa
divisão, muito provavelmente, jamais deixará de existir, Os governantes são
chamados por mosca de classe política ou classe dirigente, os governados
são as massas. A classe política conduz a sociedade humana, as massas são
conduzidas. Portanto, a classe política deve ser o objeto de estudo central
ciência política… (PERISSINOTTO, 2018, p. 30).
38UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES
As sociedades constituem a sua hierarquia desde a história antiga pelo seu poder
econômico e sua posição social. Assim como entendemos que em uma sociedade capitalista,
quando pensamos no poder de hierarquização, é necessário analisar o processo produtivo,
ou seja, a capacidade do indivíduo de produzir em prol de uma sociedade, e considera-se
também a capacidade de consumo como um fator determinante para essa classificação.
Assim, é possível compreender que ao analisar uma sociedade e os grupos que a
compõem, o processo hierárquico se fará de acordo com os interesses daqueles que são
parte dessa sociedade e o poder de oferta para classificar um indivíduo como sendo de um
grupo elitizado ou não.
Em nossa sociedade contemporânea, ao analisarmos a divisão de classes, fica
evidente que elas se caracterizam por um grau variável de desigualdade. Essa variável
se evidencia através da apropriação de riquezas geradas pela sociedade expressa,
geralmente, pela propriedade, pela renda e consumo de bens. Outro. De extrema importância
é a participação de um indivíduo nas decisões políticas, evidenciando-se pelo maior ou
menor poder de decidir, ou forçar decisões que favoreçam esse indivíduo, assim como seu
poder econômico em sociedade. Outra questão importante que evidencia a elitização de
um indivíduo se expressa em sua apropriação de bens simbólicos como, por exemplo, o
acesso à educação, bens culturais como acesso a museus, teatros, livros, etc.
As questões que envolvem renda, propriedade, consumo, educação formal,
também definem como as diversas classes sociais participam da sociedade. O que não se
pode deixar de ressaltar é o nível exacerbado de desigualdade que vivemos na atualidade.
Os números que expressam a pobreza e a miséria são incontestáveis, assim como a
constatação desses números quando se vivencia diariamente com uma diversidade de
pessoas, buscando conhecer os diferentes grupos aos quais pertencem.
Uma análise sobre a elite pode ser um desafio bastante amplo. Quando pensamos
na questão, os que governam e os que são governados, isso nos remete não só para
esfera pública, mas também para esfera privada. E como podemos conceituar essas duas
linhas de pensamento em um mundo tão globalizado, em que temos uma diversidade
de oportunidades, mas, ao mesmo tempo, somos massacrados por uma desigualdade
econômica, cultural, e de direitos. Se pensarmos na constituição que rege o Brasil,
assim como na constituição de outros países, temos o entendimento de que direitos
básicos são iguais para todos. No entanto, a prática não reflete a teoria. Ao estudarmos
os documentos que regem diversas nações, seja o Brasil, ou seja, outro país, o cidadão
de fato se sente protegido e livre de ameaças. No entanto, ao nos depararmos com a
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realidade, principalmente, em países subdesenvolvidos, entendemos que a teoria pode
parecer libertadora e tentadora, no entanto, ao vivenciar esta realidade, os indivíduos se
deparam com uma grande desigualdade, com um estado de direito que não cumpre o que
a lei propõe, sendo assim o mundo está cada vez mais se apropriando de uma grande
desigualdade entre homens e mulheres, que dependem não só da sua força de trabalho,
mas também de uma qualificação profissional, que nem sempre está disponível para todos,
a sorte de estar no lugar certo e na hora certa, e ainda uma garra infinita para derrubar
obstáculos.
Analisando a questão da formação das elites na sociedade contemporânea, em
termos gerais ela se divide em três ordens institucionais: estado, forças armadas e grandes
companhias. Ao longo dos séculos essas ordens institucionais tiveram um crescimento sig-
nificativo quanto a sua capacidade de ação e recursos, centralizaram e concentraram sua
organização assim como seu poder de decisão, criando corporações gigantescas ligadas por
sua administração e economia. Não distante dessa realidade, o poder público e as ordens
militares passaram a acumular uma capacidade de interferir na tomada de decisões de uma
sociedade, expandindo-se, o que resultou em um maior consumo de recursos públicos.
Essas três ordens compõem a elite econômica, política e militar, estão no topo da
economia comandada por grandes executivos, autoridades estatais e poderosos políticos,
assim como a elite militar, formando assim um pequeno grupo responsável por grandes
decisões políticas e sociais.
Essas reflexões nos fazem pensar em uma sociedade elitizada, formada por in-
divíduos que se destacam positivamente e são entendidos como grupos privilegiados, ou
seja, os que governam, e do outro lado, aqueles que trabalham, aqueles que vendem sua
força de trabalho, que mesmo não tendo reconhecimento por sua força e dedicação, são
os indivíduos que produzem para o crescimento privado ou governamental. A partir desse
contexto, vamos buscar aprofundar esse entendimento de uma forma mais individual e