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Aulas 10 e 11 - Material enviado pela Professora Berenice

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HISTÓRIA DO DIREITO NO BRASIL: Aulas 10/11. O Golpe Militar. Os Atos Institucionais. Os “Direitos” na Ditadura Escancarada 
* A Crise da Ordem Constitucional de 1946 
“Com efeito, o governo de Jango não caiu por seus defeitos... ele foi derrubado por suas virtudes. Essencialmente porque representava uma ameaça inadmissível para as classes dominantes. Quem viveu aqueles últimos meses de tensão recordará tanto a animosidade e o ódio que se alastraram por toda a casta de privilegiados contra o governo nacionalista e sindicalista, como o entusiástico apoio popular ao governo trabalhista e reformista”. (Darcy Ribeiro, Folha de São Paulo, 30/03/1982).
O golpe militar de 1964
O golpe militar de 1964 iniciou mais de duas décadas de ditadura e foi saudado por grande parte do empresariado, da imprensa, dos proprietários rurais, da Igreja católica. Vários governadores de estados importantes e amplos setores de classe média pediram e estimularam a intervenção militar, como forma de pôr fim à ameaça de esquerdização do governo e de controlar a crise econômica. O golpe também foi recebido com alívio pelo governo norte-americano, satisfeito de ver que o Brasil não seguia o mesmo caminho de Cuba, onde a guerrilha liderada por Fidel Castro havia conseguido tomar o poder. 
Substituindo o populismo decadente pela ditadura que dizia ter a missão de estabilizar o país, acabando com a corrupção e subversão, o que vimos nesses 20 anos porém, foi a opressão, o aumento da dependência econômica e o crescimento da dívida externa.
Nos primeiros dias após o golpe, uma violenta repressão atingiu os setores politicamente mais mobilizados à esquerda). Milhares de pessoas foram presas de modo irregular, e a ocorrência de casos de tortura foi comum, especialmente no Nordeste. O líder comunista Gregório Bezerra, por exemplo, foi amarrado e arrastado pelas ruas de Recife.
Golpe de Estado e Revolução 
Golpe de Estado 
Consiste na tomada do poder sem pretensões de subverter a estrutura e os valores da ordem social vigente. Ou seja, é uma tentativa de substituição das autoridades políticas existentes, sem maiores pretensões de realizar mudanças profundas nas relações políticas, sociais e econômicas. Os movimentos golpistas de modo geral são realizados por grupos ou setores sociais que integram a elite dominante da sociedade. Quando bem-sucedidos, os movimentos golpistas procuram a todo custo caracterizar o movimento de tomada do poder como um ato revolucionário. Isso ocorre porque, de modo geral, um movimento revolucionário tem um forte efeito simbólico e ideológico para o conjunto da sociedade. Um golpe de Estado, ao contrário, além de ser uma iniciativa de poucos indivíduos, é considerado uma ilegalidade.
Revolução
Um movimento revolucionário é um movimento coletivo e, portanto, é a expressão da vontade do povo. Essas considerações lançam luz sobre a existência de diferentes interpretações para a tomada do poder pelos militares brasileiros em 1964. 
Os militares e as elites que apoiaram a destituição do então presidente João Goulart denominam o episódio de várias maneiras: Revolução de 1964, Revolução Redentora ou ainda Revolução de Abril. Contudo, a grande maior parte dos estudiosos sobre o tema defendem a tese de que o episódio em análise se tratou, na verdade, de um golpe de caráter pretoriano, isto é, liderado por militares que governaram visando a assegurar os interesses das classes dominantes do país 
Os Atos Institucionais
São uma invenção do governo militar que não estava prevista na Constituição de 1946 nem possuía fundamentação jurídica. Esses dispositivos não tinham qualquer fundamentação jurídica e davam poder quase absoluto ao Executivo. Eles justificavam e tornavam legal qualquer arbitrariedade cometida pelo governo. 
O AI-1 - concedia aos militares o direito de cassar os mandatos de deputados e suspender os direitos políticos de qualquer cidadão por dez anos. 
O AI-2 – Em27 de outubro de 1965, extinguiu todos os partidos políticos. O povo não tinha mais o direito de eleger o presidente, que agora podia decretar estado de sítio por 180 dias sem precisar consultar o Congresso. 
O AI-3 - Em 5 de fevereiro de 1966, acabou com as eleições diretas para governador e prefeito, cargos seriam ocupados por pessoas escolhidas pelos militares. 
O AI-4 - Em 7 de dezembro, convocou o Congresso a discutir, votar e promulgar uma nova Constituição que incluísse todas as determinações dos atos institucionais, atos complementares e decretos-leis anteriores. 
O AI-5 - o mais radical, de 13 de dezembro de 1967. O presidente podia intervir nos estados e nos municípios sem respeitar os limites impostos pela constituição, cassar qualquer mandato eletivo, confiscar os bens de quem ele julgasse que tivesse enriquecido ilicitamente e suspender a garantia de habeas corpus de qualquer um. Naquele mesmo dia, o Congresso entrou em recesso forçoso por tempo indeterminado. Imediatamente, diversos jornalistas e políticos contrários ao governo foram presos, inclusive Juscelino Kubitschek e Carlos Lacerda. 
A Constituição de 1967
A sexta Constituição brasileira foi outorgada em 24 de janeiro de 1967 e posta em vigor em 15 de março do mesmo ano. A forma federalista do Estado foi mantida, todavia com maior expansão da União. 
Na separação dos poderes foi dada maior ênfase ao Executivo que passou a ser eleito indiretamente por um colégio eleitoral, mantendo-se as linhas básicas dos demais poderes, Legislativo e Judiciário. Alterou-se a estrutura do processo legislativo, surgindo o regime da legislação delegada e dos decretos-leis. ... “A Constituição de 1967 sofreu diversas emendas, porém, diante de diversos atos institucionais e complementares, cogitou-se de uma unificação do seu texto. Até então haviam sido promulgados dezessete atos institucionais e setenta e três atos complementares. 
Em 17.10.1969 foi promulgada a Emenda N.º 1 à Constituição de 1967, combinando com o espírito dos atos institucionais elaborados. A Constituição de 1967 recebeu ao todo vinte e sete emendas, até que fosse promulgada a nova Constituição de 5-10-1988, que restaurou as liberdades públicas no País.” (Pinto Ferreira, Curso de D.Constitucional, Saraiva,9.ª ed.p.62).
A nova ordem constitucional de 1967
Comparada com a Constituição de 1946 a Constituição de 24 de janeiro de 1967 apresenta graves retrocessos:
a) suprimiu a liberdade de publicação de livros e periódicos ao afirmar que não seriam tolerados os que fossem considerados (a juízo do governo) como de propaganda de subversão da ordem - art. 150 8º);
b) restringiu o direito de reunião facultando à policia o poder de designar o local para ela. 
c) estabeleceu o foro militar para os civis na mesma linha da emenda constitucional ditada pelo Ato institucional n.º 2, art. 122. 1º. 
d) criou a pena de suspensão dos direitos políticos, declarada pelo Supremo Tribunal Federal, para aquele que abusasse dos direitos políticos ou dos direitos de manifestação do pensamento, exercício de trabalho ou profissão, reunião e associação, para atentar contra a ordem democrática ou praticar a corrupção - art. 151. (Essa competência punitiva do Supremo era desconhecida pelo Direito Constitucional brasileiro);
e) manteve todas as punições, exclusões e marginalizações políticas decretadas sob a égide dos Atos Institucionais. (O reencontro do caminho democrático só começou com Anistia, alcançada cm 1 979. Isto porque foi justa utente a Anistia que acabou com os efeitos de todas essas medidas ditatoriais).
O processo eleitoral na Ditadura Militar
Art. 75 da constituição de 1967 : “ o presidente e o vice-presidente da república serão eleitos simultaneamente, dentre brasileiros maiores de trinta e cinco anos e no exercício dos direitos políticos, por sufrágio universal e voto direto e secreto, em todo o país, cento e vinte dias antes do término do mandato presidencial”.
O Colégio Eleitoral – Eleições indiretas
Dezoito milhões de eleitores brasileiros sofreram das restrições impostas por aquelesque assumiram o poder, ignorando e cancelando a validade da Constituição Brasileira, criando através de Atos Institucionais um Estado de exceção, suspendendo a democracia.
Após a emenda constitucional nº 01 de 1969 segundo o artigo 74 “o presidente será eleito, entre os brasileiros maiores de trinta e cinco anos e no exercício dos direitos políticos, pelo sufrágio de um colégio eleitoral, em sessão pública e mediante votação nominal.
AI-5 - ANTECEDENTES HISTÓRICOS
No final de 1968, a ditadura enfrentava enorme isolamento. As manifestações estudantis daquele ano haviam reduzido a quase zero o apoio do regime militar na classe média. As greves de Osasco e de Contagem, bem como a articulação do Movimento Intersindical contra o Arrocho, sinalizavam a retomada das lutas operárias, enquanto a oposição política, agrupada na Frente Ampla e no MDB, tornava-se mais crítica. O isolamento acabou favorecendo o crescimento, dentro das Forças Armadas, da chamada “linha dura”, que passou a defender o fechamento político completo e a agir de forma cada vez mais audaciosa, chegando ao ponto de planejar uma série de atentados terroristas contra a população, com o objetivo de lançar a culpa na esquerda e forçar o fechamento político (episódio Para-Sar). (Franklin Martins – jornaista)
O contexto do Ato Institucional n° 5 
Houve uma grande onda de protestos nas principais cidades do país, a maioria organizada por estudantes. Greves em Osasco (SP) e em Contagem (MG) mexeram com a economia nacional. Formou-se a Frente Ampla, uma aliança entre Jango, Juscelino Kubitschek e Carlos Lacerda contra o regime. O estudante secundarista Édson Luís morreu no Rio de Janeiro, por causa de um desentendimento em um restaurante, o que originou confrontos entre policiais e estudantes. O movimento estudantil, juntamente com a Igreja e setores da sociedade civil, promoveu a Passeata dos Cem Mil, a maior mobilização pública contra o regime militar.
Depois disso, o deputado Márcio Moreira Alves, do MDB, convocou a população a não participar das festividades do dia 7 de setembro de 1968.
Sob o pretexto de que o deputado Márcio Moreira Alves (MDB-GB) pronunciara um discurso ofensivo ao Exército, exigiu da Câmara licença para que ele fosse processado - na prática, a cassação de seu mandato. Diante da negativa da Câmara, o marechal Costa e Silva editou o AI-5 - o golpe dentro do golpe, o regime da ditadura sem freios. Desencadeou-se feroz repressão política em todo o país, com a supressão de todas as liberdades democráticas e a institucionalização da tortura contra os opositores do governo. O Congresso foi fechado e dezenas de parlamentares, cassados. O Supremo Tribunal Federal sofreu intervenção, com o afastamento de vários ministros. A censura instalou-se em todas as redações de jornais.
O Ato Institucional Nº 5, ou simplesmente AI 5, que entrou em vigor em 13 de dezembro de 1968, era o mais abrangente e autoritário de todos os outros atos institucionais, e na prática revogou os dispositivos constitucionais de 67, além de reforçar os poderes discricionários do regime militar. A partir desta data, a repressão política não teria mais freios. O AI-5 só foi revogado em 1979, no governo do general Ernesto Geisel. 
O “milagre brasileiro”
Entre 1968 e 1973 o país experimentou um rápido, desenvolvimento econômico. O PIB cresceu, em termos médios, de 3,7% de 1962 a 1967 para 11,3% nos anos de 1968 a 1974, sendo a indústria o principal responsável por esse boom, expandindo-se a taxas de 12,6% anuais. A inflação atingiu os menores índices desde os anos 50 (Baer, 1996). Porém, a concentração de renda aumentou significativamente em relação aos períodos anteriores. 
O crescimento econômico caracterizou-se pela grande participação do Estado na economia em vários pontos da cadeia produtiva de diversos setores industriais. As estatais de aço, mineração e produtos petroquímicos representavam quase 80% da capacidade geradora de energia do país. 
Referências
CASTRO, Flávia Lages. História do Direito, Geral e Brasil. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2007 (Capítulo XVIII – p.505-550).
PEDROSA, Ronaldo Leite. Direito em Hist

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