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1 SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM Sumário 1. INTRODUÇÃO ........................................................................ 4 2. SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM (SAE) 9 3. TEORIA DAS NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS ........ 10 3.1 CONCEITO, PROPOSIÇÕES E PRINCÍPIOS ...................... 13 4 PROCESSO DE ENFERMAGEM ............................................. 15 5 SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO DE ENFERMAGEM ........... 25 6 CONCLUSÃO ........................................................................... 28 7 REFERÊNCIAS ........................................................................ 29 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criada a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. Vídeos de Apoio Visando promover mais um pouco de conhecimento sobre o assunto de SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM, foram selecionados alguns vídeos que deverão ser assistidos antes de inciar a leitura do conteúdo da apostila. ➢ Vídeo 1: SAE e Processo de Enfermagem é a mesma coisa? Disponível em: Sinopse: o Canal Prática Enfermagem, com o Prof. Éder Marques, traz um vídeo com os seguintes assuntos: A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é uma metodologia desenvolvida a partir da prática do enfermeiro para sustentar a gestão e o cuidado no processo de enfermagem. Dessa forma, o profissional consegue agir de acordo com a priorização, a delegação, gestão do tempo e contextualização do ambiente cultural do cuidado prestado. Com a utilização dessa metodologia, é possível analisar as informações obtidas, definir padrões e resultados decorrentes das condutas definidas. Lembrando que, todos esses dados deverão ser devidamente registrados no prontuário do paciente. O processo é organizado em cinco etapas relacionadas, interdependentes e recorrentes. Para entender melhor, vamos explicar a seguir como funciona a metodologia. Primeira Etapa: Investigação (Anamnese e Exame Físico) Segunda Etapa: Diagnósticos de Enfermagem Terceira Etapa: Planejamentos dos Resultados Esperados Quarta Etapa: Implementação da Assistência de Enfermagem (Prescrição de Enfermagem) Quinta Etapa: Avaliação da Assistência de Enfermagem. https://www.youtube.com/watch?v=NuV8rXxhIBw 1. INTRODUÇÃO A sistematização de Assistência de Enfermagem é uma ferramenta de extrema importância para a prática da enfermagem e que por meio da sua utilização, o processo da assistência tende a ser facilitado. Em relação à Implementação da Sistematização de Assistência de Enfermagem (SAE), boa parte dos profissionais ainda se sentem inseguros na sua aplicação, uma vez que demanda um raciocínio crítico e conhecimento técnico científico atualizado, A resolução Cofen-358/2009 dispõe sobre a SAE e sua implementação, bem como suas particularidades. A SAE organiza o trabalho profissional quanto ao método, pessoal e instrumentos, tornando possível a operacionalização do processo de Enfermagem. As teorias de enfermagem podem ser conceituadas como um conjunto de definições ou pressupostos inter-relacionados que apresentam uma forma sistemática de observar, descrever ou prever os fenômenos/eventos, e, a partir disso, explicar ou propor as correlações entre eles. Podem pertencer às categorias de necessidades/problemas, de interação, dos sistemas e do campo de energia. No cotidiano, as teorias de enfermagem geralmente aceitas são aquelas que provindas de centros de enfermagem mais avançado, oque caracteriza uma dependência tecnológica neste âmbito. Embora se afirme que os conhecimentos resultantes do "fazer enfermagem" sejam transculturais, percebe-se que a essência do ser- enfermeiro e do ser-cliente, numa relação de interdependência, certamente influenciará o ser-enfermagem, produzindo ações de enfermagem específicas em determinados contextos culturais. Wanda de Aguiar Horta, foi uma enfermeira brasileira, que na década de sessenta, estudou e ensinou as propostas teóricas iniciais das autoras americanas, passando a se dedicar na criação de uma própria teoria, conhecida como Teoria das Necessidades Básicas, que serve de embasamento para a implementação da SAE inclusive. Neste contexto surgiram "novas dimensões" brasileiras de enfermagem: do encontro do Ser- enfermeiro, com o Ser-cliente, resultante das percepções e ações que levam a uma transação — neste momento surge o Ser-Enfermagem. Horta usou em sua teoria dois paradigmas fundamentais: o de Maslow e o de Mohama. Usando sua criatividade e o seu saber, adquirido em base de muito estudo, associou as duas teorias em um sistema de classificação próprio, que mostra claramente a sua linha de pensamento. Sendo também influenciada pelos estudos de outros profissionais, tais como: McDowell (homeostasia), Levine (holísitica), Roy (adaptação), King (percepção, transação e interação) e Rogers (homem no tempo e no espaço). O resultado final destes estudos centralizou o processo de assistência a ser utilizado pela enfermeira no atendimento das Necessidades Humanas Básicas. Horta iniciou a construção da sua teoria fundamentando-se nos valores pessoais e profissionais. Percorrendo após, um caminho lógico dedutivo, baseando-se nas teorias já citadas. Propôs uma teoria de amplo alcance, visualizada por meio das suas proposições e princípios que orientam as ações de enfermagem e caracterizam seus pacientes. A teoria indica um caminho para o julgamento clínico de enfermagem, determinando, categorizando e priorizando ações a serem implementadas, permitindo uma prospecção dos resultados dessa ação, se for estudada cuidadosamente. Além desse aspecto, proporciona subsídios para a avaliação da qualidade da assistência de enfermagem. A operacionalização da teoria é explícita e está concatenada, porém de construção complexa no que se refere ao diagnóstico e prognóstico, exigindo, como a própria autora refere em sua obra, a inclusão destes modelos na prática, a título experimental para a sua validação. Outro aspecto a ser destacado é a importância da validação de nível de dependência/independência, em relação à capacidade de autocuidado do cliente. O contexto utilizado pela autora é abrangente, visto que o conhecimento relativo às Necessidades Humanas Básicas ocorre no equilíbrio e no desequilíbrio das suas manifestações, estabelecendo ainda um controle sobre os resultados das ações propostas (evolução e prognóstico). As necessidades humanas básicas, por sua vez, são estados de tensão, conscientes ou inconscientes, resultantes dos desequilíbrios hemodinâmicos dos fenômenos vitais. Em estados de equilíbrio dinâmico, afirma Horta, as necessidades não se manifestam, permanecendoem estado latente. Assim, estados de equilíbrio correspondem à fase de latência das necessidades humanas básicas, e os estados de desequilíbrio correspondem às manifestações das alterações das necessidades humanas básicas. A intensidade da manifestação, por sua vez, depende do desequilíbrio instalado. Entende-se por manifestação da alteração nas necessidades humanas básicas, a condição ou situação apresentada pelo indivíduo, família ou comunidade que exige uma resolução para voltar ao estado de equilíbrio. Esta manifestação pode ser aparente ou inaparente, consciente ou inconsciente e verbalizada ou não. As necessidades humanas básicas, em sendo comuns a todos os seres humanos, são universais. Objetivando facilitar o estudo das necessidades humanas básicas, Horta adotou o sistema de classificação preconizado por MOHANA: necessidades de nível psicobiológico necessidades de nível psicossocial necessidades de nível psicoespiritual, todas estas necessidades apresentam-se inter-relacionadas, fazendo parte de um todo indivisível, extrapolando os limites de simples somatória das partes. Estas inter-relações apresentam um gradiente de ligações, mais ou menos intenso, como resultado das manifestações associadas a desequilíbrios causados por falta ou por excesso de atendimento. Alguns estudiosos no Brasil referem-se à inespecificidade de delimitação do papel do enfermeiro no atendimento das Necessidades Humanas Básicas, proposto por Horta. Há que se considerar que, em sendo a enfermagem uma área de conhecimento que se utiliza de conhecimento de outras áreas, combinados entre si, certamente, gerará uma nova área de conhecimento, que Leininger chamou de "Ciência do cuidado" — dando origem aos termos "assistência cuidativa". Horta, em sua concepção específica da enfermagem, mantém um limite entre o assistir o ser humano no atendimento de suas necessidades básicas e ensinar o autocuidado e a função de manter, promover e recuperar a saúde. Esta última, visualizada como a atividade de enfermeira na equipe de saúde. Percebem-se claramente os limiares intrínsecos destas ações, propostas pela própria autora, por meio da representação gráfica apresentada em sua obra. A abordagem dada por Horta apresenta um novo centro de interesse a ser desenvolvido por pesquisadores na área, na tentativa de buscar alternativas da classificação das funções da enfermeira, iniciando a discriminação operacional destas ações num nível teórico. Implementando sua proposta teórica, Horta chega ao método de atuação da enfermagem chamado: Processo de Enfermagem. Diferencia a sua proposta das demais propostas da época, por meio da apresentação de seis fases, representadas por um hexágono, chamado atualmente "Hexágono de Horta". Algumas destas fases identificam-se com os conceitos de outras teoristas, mas outras fazem parte exclusiva do seu contexto teórico. E todos estes, só poderão ser validados por meio de pesquisas operacionais, extrapolando o âmbito de análise teórica e de questionamentos mentais. Neste ponto, necessitamos de informação empírica consistente, tendo em vista que os passos ou fases referem-se à atuação da enfermeira e consequente operacionalização dos conceitos elaborados e propostos. As proposições explícitas da autora aparecem claramente estruturadas em relação à assistência de enfermagem, função da enfermeira e âmbito da ciência de enfermagem. Os conceitos explícitos e implícitos têm ressonância teórica, estrutura sistematizada e inter-relacionada, apesar de sua simplicidade. A teoria pode parecer incongruente com a maior parte dos atuais valores dos enfermeiros, mas congruente com os valores emergentes que demonstram preocupação com a independência do Ser-Enfermagem, com a autonomia das decisões e das ações do enfermeiro e principalmente com a necessidade de se sistematizar estas ações de modo a possibilitar uma avaliação da qualidade dos resultados do seu trabalho. É uma teoria transcultural, visto que as Necessidades Humanas Básicas são universais, variando apenas nas suas manifestações e no seu atendimento. Se conceitos, definições, descrições, explanações, dimensões e outros caracteres de uma abordagem teórica parecem não satisfazer alguns autores e estudiosos, devemos lamentar tão somente a inexistência do compromisso grupai no âmbito da enfermagem brasileira. Não buscamos formar grupos ou equipes interessadas em crescer ou fazer a enfermagem crescer. Em nossa essência, somos apenas "indivíduos", usamos os trabalhos daqueles que pensam e estudam por nós, mas pouco contribuímos num sistema de referência e contrarreferência de conhecimentos, tão importantes para o desenvolvimento do saber e da ciência da enfermagem. 2. SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM (SAE) A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é o método de trabalho que visa a melhora da qualidade da assistência prestada ao paciente através do planejamento individualizado das ações elaboradas pelo Enfermeiro. A SAE constitui o Processo de Enfermagem (PE) que é desenvolvido em cinco etapas, sendo elas: Histórico de Enfermagem/Coleta de Dados; Diagnóstico de Enfermagem; Planejamento de Enfermagem, Implementação de Enfermagem e Avaliação. Figura 1: Etapas Do Processo de Enfermagem O uso do método requer o pensamento crítico do profissional, de forma a atender as necessidades do paciente e de sua família. Exige constante aprendizado e experiência, sendo orientado pela ética e padrões de conduta. Dessa forma, possibilita o profissional a exercer a profissão com autonomia baseada nos conhecimentos técnico-científicos adquiridos pelos profissionais. Embora o Conselho Federal de Enfermagem tenha tornado obrigatória a implementação da SAE, reforçando a importância e necessidade de se planejar a assistência de enfermagem, a Resolução COFEN nº 272/2002,art. 2º, a firma que A implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem –SAE deve ocorrer em toda instituição da saúde, pública e privada , o que contribuiu para que as coordenações de enfermagem convocassem os profissionais a repensar o processo e adequar a instituição às normas estabelecidas; ainda existem várias dificuldades para sua execução, que envolvem não apenas a deficiência de recursos, mas a forma como o profissionais e apropria do conhecimento. 3. TEORIA DAS NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS O ser humano como parte que integra o Universo está sujeito a estados de equilíbrio e desequilíbrio no tempo e no espaço. Ele se distingue dos demais seres do Universo por sua capacidade de reflexão, por ser dotado do poder de imaginação e simbolização e por conseguir unir presente, passado e futuro. Por suas características, o ser humano também é agente de mudanças no Universo dinâmico, no tempo e no espaço, consequentemente. Como agente de mudança ele também é a causa de equilíbrio e desequilíbrio em seu próprio dinamismo. Os desequilíbrios geram no ser humano necessidades que se caracterizam por estados de tensão conscientes ou inconscientes que o levam a buscar satisfação de tais necessidades para manter seu equilíbrio. As necessidades que não são atendidas ou são atendidas de maneira inadequada, tendem a trazer desconforto, e se este é prolongado, se torna uma causa de doença. Estar com saúde é quando o ser humano está em equilíbrio dinâmico no tempo e espaço. Como parte da equipe de saúde, os profissionais de enfermagem mantêm o equilíbrio dinâmico, prevenindo desequilíbrios e os revertendo. O ser humano possui necessidades básicas que precisam ser atendidas para seu completo bem-estar. O conhecimento do Homem sobre o atendimento de suas necessidades é bastante limitado por seu próprio saber, gerando a necessidade de auxílio de profissional habilitado. Em estados de desequilíbrio das necessidades,esta assistência se faz ainda mais necessária. Os conhecimentos e técnicas acerca da enfermagem dizem respeito ao cuidado do ser humano, ou seja, as maneiras de atendê-lo em suas necessidades básicas. A enfermagem assiste o indivíduo no atendimento das necessidades básicas, por meio dos conhecimentos e princípios científicos das ciências físico-químicas, biológicas e psicossociais. A enfermagem como parte integrante da equipe de saúde implementa estados de equilíbrio, previne estados de desequilíbrio e reverte desequilíbrios ao indivíduo no atendimento de suas necessidades básicas, procura sempre reabilitá-lo a suas condições normais. Dentro da teoria de necessidades básicas decorrem conceitos, proposições e princípios que fundamentam a ciência de enfermagem. No Brasil, Wanda de Aguiar Horta foi a primeira enfermeira a falar sobre teoria no campo profissional de enfermagem. Horta desenvolveu sua teoria, a com foco em estabelecer a Enfermagem enquanto ciência, de modo que os textos técnicos de enfermagem não eram direcionados ao cuidado com o indivíduo, mas sim com a doença, apesar de todas as ações praticadas pelo profissional de enfermagem serem focadas na prevenção, promoção e reabilitação da saúde do indivíduo. Figura 2: Necessidades Básicas Humanas Horta foi influenciada pelas teorias de enfermagem da homeostase de McDowell, do Holismo de Levine, da adaptação de Roy, a do Alcance de Metas de King e da Martha Rogers. Considerava ser urgente para a Enfermagem o desenvolvimento de teorias próprias, dizendo que para isso era preciso, além do adequado saber, pensamento lógico e criatividade. 3.1 CONCEITO, PROPOSIÇÕES E PRINCÍPIOS A Enfermagem é a ciência e a arte de assistir o ser humano atendimento de suas necessidades básicas, de modo a torna-lo independente, por meio do ensino do autocuidado, assim como garantir a prevenção, promoção e reabilitação de saúde. Em enfermagem, o verbo assistir diz respeito a: fazer pelo ser humano tudo aquilo que ele não consegue realizar sem ajuda; auxiliar quando este se encontra com dificuldades em relação ao autocuidado; orientar, supervisionar e encaminhar a outros profissionais, quando necessário. Figura 3: Características do processo de trabalho do Enfermeiro As funções do profissional de enfermagem podem ser consideradas em três áreas distintas: ➢ Área específica: assistir o indivíduo no atendimento das suas necessidades básicas e torná-lo independente desta assistência, quando possível, pelo ensino do autocuidado; ➢ Área de interdependência ou de colaboração: realizar a sua atividade na equipe de saúde nos aspectos de manutenção, promoção e recuperação da saúde; ➢ Área social: dentro de sua atuação como um profissional a serviço da sociedade, função de pesquisa, ensino, administração, responsabilidade legal e de participação na associação de classe. Figura 4: Processo de Trabalho do Enfermeiro No contexto apresentado a expressão ser humano significa — indivíduo, família e comunidade. A ciência da enfermagem engloba o estudo das necessidades humanas básicas, dos fatores que alteram sua manifestação e atendimento, e na assistência a ser prestada. A ciência da enfermagem compreende o estudo das necessidades humanas básicas, dos fatores que alteram sua manifestação e atendimento, e na assistência a ser prestada. A enfermagem respeita e mantém a unicidade, autenticidade e individualidade do ser humano, sendo sua assistência prestada ao indivíduo e não à doença. Para que a enfermagem atue eficientemente, é necessário desenvolver seu método de trabalho que deve estar fundamentado no modelo científico, sendo este definido como Processo de Enfermagem. 4 PROCESSO DE ENFERMAGEM O processo de enfermagem é caracterizado pelo inter-relacionamento e dinamismo de suas fases ou passos, sendo cinco passos em sua totalidade. O processo de acordo com a Resolução COFEN 358/2009, deve ser realizada em todos ambientes de prestação de serviços de saúde, sejam públicos ou privados. Figura 5: Etapas do Processo de Enfermagem Em relação as fases do processo de enfermagem, segue abaixo, trecho extraído da Resolução COFEN 358/2009: I- Coleta de dados de Enfermagem/Histórico de Enfermagem – processo deliberado, sistemático e contínuo, realizado com o auxílio de métodos e técnicas variadas, que tem por finalidade a obtenção de informações sobre a pessoa, família ou coletividade humana e sobre suas respostas em um dado momento do processo saúde e doença. II – Diagnóstico de Enfermagem – processo de interpretação e agrupamento dos dados coletados na primeira etapa, que culmina com a tomada de decisão sobre os conceitos diagnósticos de enfermagem que representam, com mais exatidão, as respostas da pessoa, família ou coletividade humana em um dado momento do processo saúde e doença; e que constituem a base para a seleção das ações ou intervenções com as quais se objetiva alcançar os resultados esperados. III – Planejamento de Enfermagem – determinação dos resultados que se espera alcançar; e das ações ou intervenções de enfermagem que serão realizadas face às respostas da pessoa, família ou coletividade humana em um dado momento do processo saúde e doença, identificadas na etapa de Diagnóstico de Enfermagem. IV – Implementação – realização das ações ou intervenções determinadas na etapa de Planejamento de Enfermagem. V – Avaliação de Enfermagem – processo deliberado, sistemático e contínuo de verificação de mudanças nas respostas da pessoa, família ou coletividade humana em um dado momento do processo saúde doença, para determinar se as ações ou intervenções de enfermagem alcançaram o resultado esperado; e de verificação da necessidade de mudanças ou adaptações nas etapas do Processo de Enfermagem. Em relação às questões normativas, cabe ao enfermeiro de nível superior privativamente a elaboração do diagnóstico de enfermagem, assim como a liderança na execução e avaliação do Processo de Enfermagem. Ao profissional de nível técnico e auxiliar são destinadas apenas a execução de tarefas delegadas pelo enfermeiro sob sua supervisão. Dadas as características já citadas do processo de enfermagem é possível corrigir erros em qualquer uma das fases e também a previsão simultânea de todas as fases, assim é que ao fazermos o diagnóstico e mesmo na própria coleta de dados já teremos uma ideia do prognóstico; somente por razões didáticas e de sistematização estas fases são separadas. O processo de enfermagem introduziu termos como assistência e cuidado de enfermagem. Para muitos profissionais são sinônimos., porém, de modo geral a assistência de enfermagem diz respeito a aplicação, pelo enfermeiro, do processo de enfermagem para prestar o conjunto de cuidados e medidas que visam atender as necessidades básicas do paciente. Já o cuidado de enfermagem é a ação planejada, deliberativa ou automática da do profissional por meio de sua observação crítica. O cuidado de enfermagem pode implicar em várias atividades, por exemplo, a higiene oral; avaliação da capacidade de autocuidado; condições da cavidade bucal; explicação de procedimentos ao paciente; encaminhamento ao odontologista, caso necessário, etc. Para concluir esta exposição resta-nos ainda conceituar e enumerar os instrumentos básicos indispensáveis ao profissional de enfermagem para a realização do processo de enfermagem ou, de modo geral, para a assistência de enfermagem em qualidade e quantidade que se espera. Os instrumentos básicos são as habilidades, conhecimentos e atitudes indispensáveis para a execução de uma atividade. Estes podendo ser enumerados, no entanto possuindo o mesmo valor: observação, comunicação, aplicação do método científico, aplicaçãode princípios científicos, destreza manual, planejamento, avaliação, criatividade, trabalho em equipe, utilização dos recursos da comunidade. O diagnóstico de enfermagem pode ser considerado o eixo norteador da sistematização. Diz respeito ao estado de saúde/doença com um julgamento clínico sobre respostas potenciais do paciente, da família ou comunidade, aos problemas de saúde, proporcionando embasamento para elaborar as intervenções de enfermagem de forma a alcançar resultados pelos quais o enfermeiro é responsável, o que facilita o cuidado da enfermagem. Figura 6: Etapas do Processo de Enfermagem Para melhor implementação da SAE é orientado o uso de uma teoria de enfermagem, com intuito de descrever, explicar, diagnosticar e/ou prescrever cuidado de enfermagem, sustentando a qualidade da assistência. Desta forma, a teoria de enfermagem aponta versões de uma realidade e oferece elementos para soluções dos problemas relacionados ao fazer profissional. Para implementação da SAE em instituições de saúde se faz necessário o desenvolvimento de instrumentos para a coleta de dados/ anamnese, contemplando o exame físico, a elaboração do diagnóstico de enfermagem e a prescrição de enfermagem, bem como avaliação dos resultados. Por exemplo, a elaboração de um instrumento para a aplicação da SAE em hospitais deve contemplar todas as fases do processo de enfermagem baseado na Teoria das Necessidades Humanas Básicas de Wanda de Aguiar Horta, onde a assistência de enfermagem seria sistematizada, documentada e assim, arquivada no prontuário do paciente, garantindo dessa forma respaldo legal para o profissional e instituição de saúde. Figura 6: Exemplo de Histórico de Enfermagem O Histórico de Enfermagem e Exame Físico é composto por: identificação, entrevista, exame físico e exames laboratoriais importantes, como mostram a Figura 6. O exame físico de enfermagem está subsidiado nas necessidades básicas humanas que a Teoria de Wanda Aguiar Horta destaca, cujo objetivo é identificar as possíveis necessidades afetadas no paciente. O histórico de enfermagem, também conhecido como coleta de dados, é um roteiro sistematizado de coleta de dados no qual se pode identificar possíveis problemas, por meio da investigação das condições de saúde do paciente, tendo por finalidade conhecer os hábitos individuais e biopsicossociais, visando a identificação de problemas reais e/ou potenciais. A coleta de dados precisos e fidedignos é imprescindível para a identificação dos problemas reais ou potenciais do paciente, visando a identificação dos diagnósticos de enfermagem e o direcionamento das demais etapas do processo de enfermagem. O diagnóstico de enfermagem é considerado a etapa mais complexa do processo de enfermagem, por se constituir como um grande desafio para o enfermeiro, já que este tem a responsabilidade de utilizar do raciocínio crítico e conhecimentos técnicos para interpretação dos dados obtidos durante o exame físico e informações apresentadas pelo paciente durante a anamnese. Figura 7: Construção de diagnóstico de Enfermagem Os diagnósticos de enfermagem contemplam as Necessidades básicas humanas conforme sua divisão em: Necessidades Psicobiológicas, Necessidades Psicossociais e Necessidades Psicoespirituais, sendo que as necessidades psicobiológicas agregam a oxigenação, hidratação, eliminação, sono e repouso, nutrição, atividades físicas, motilidade, sexualidade, cuidado corporal, integridade cutâneo-mucosa e física, regulação térmica, neurológica, hidroeletrolítica, vascular, percepção dos órgãos do sentido, ambiente, terapêutica e locomoção. As necessidades psicossociais englobam segurança, amor e aceitação, liberdade e participação, comunicação, educação para saúde, gregária, autoestima, autoimagem e segurança emocional. As necessidades psicoespirituais contemplam as religiosas, éticas e de filosofia de vida. Figura 7: Necessidades Humanas Básicas Assim, o instrumento engloba praticamente todas as Necessidades Básicas Humanas que podem ser afetadas, fornecendo subsídios para o profissional enfermeiro traçar o plano de cuidados para o paciente. O instrumento foi elaborado com intuito de facilitar a identificação dos diagnósticos de enfermagem de acordo com as necessidades afetadas apresentadas pelo paciente, pois a teoria funciona como um alicerce estrutural para a implantação da SAE, que requer uma metodologia para ser implantada. Cabe ressaltar que os problemas de enfermagem encontrados na teoria das Necessidades Básicas Humanas relacionam-se com as características definidoras e fatores relacionados da NANDA (North American Nursing Diagnosis Association), que é o principal meio de elaboração de diagnósticos de Enfermagem utilizado mundialmente. Embasado nos problemas e diagnósticos de enfermagem, o enfermeiro deve elaborar a prescrição de cuidados que é implementada pela equipe de enfermagem, oferecendo a assistência de que o paciente necessita. Desta maneira, a terceira parte do instrumento contempla a Prescrição de Enfermagem e evolução de enfermagem, As prescrições de enfermagem são medidas para a solução dos diagnósticos de enfermagem identificados, registrados previamente pelo enfermeiro a partir da análise do histórico de enfermagem e exame físico. Devem ser avaliadas constantemente a fim de saber se estão sendo positivas. Figura 8: Prescrição de Enfermagem Caso negativo, é responsabilidade do enfermeiro reavaliar sua conduta, para desta forma realizar uma nova prescrição, já que este profissional possui função privativa nesta etapa, direcionando e coordenando a assistência de enfermagem ao paciente de forma individualizada e contínua, com objetivo de garantir a prevenção, promoção e recuperação da saúde do paciente. Através da realização da evolução de enfermagem o enfermeiro consegue avaliar os resultados dos cuidados subsidiados na prescrição de enfermagem, incluindo, excluindo ou modificando as intervenções, conforme as respostas do paciente à assistência prestada. A cada 24 horas, a evolução deve ser atualizada, avaliando se os problemas foram ou não resolvidos, se novos problemas surgiram ou se modificaram com o cuidado de enfermagem. Desse modo, o processo de enfermagem possibilita a implementação da sistematização da assistência de enfermagem, promovendo uma nova rotina quanto à utilização do impresso, oferecendo subsídios na qualidade da assistência de enfermagem e fortalecerá e valorizará as condutas da equipe de enfermagem e a avaliação e evolução do paciente pelo enfermeiro. 5 SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO DE ENFERMAGEM A Enfermagem dispõe de vários sistemas de classificação, cujo desenvolvimento está relacionado a alguma fase do Processo de Enfermagem. Os sistemas de classificação, também conhecidos como taxonomias, contribuem para a promoção da autonomia do enfermeiro no julgamento das necessidades de cuidado do cliente (pessoa, família ou coletividade), facilitando o uso dos conhecimentos específicos da Enfermagem e possibilitando a realização de estudos sobre a qualidade do cuidado de enfermagem. Em relação aos Diagnósticos de Enfermagem a Taxonomia mais utilizada é a NANDA (North American Nursing Diagnosis Association), que dispõe uma série de diagnósticos de enfermagem, visando a padronização desses diagnósticos por meio de domínios e classes. O NIC (Nursing Interventions Classification) diz respeito às intervenções de Enfermagem a serem realizadas de acordo com os diagnósticos verificados pelo profissional de enfermagem, no processo de implementação. Já o NOC (Nursing Outcomes Classification) é a classificação taxonômica utilizada para os resultados esperados, frente as intervenções realizadas pela equipe. Figura 9: TaxonomiaNANDA, NIC e NOC Agora será necessário assitir ao vídeo abaixo para finalizar a atividade desta disciplina. ➢ Vídeo 2: Utilização clínica dos sistemas de classificação NANDA- I, NIC, NOC e CIPE Disponível em:. Acesso em 15 fev 2022. DE SOUZA, Thamires Lessa et al. Necessidades humanas básicas alteradas em pacientes pós-transplante renal: estudo transversal. Online Brazilian Journal of Nursing, v. 15, n. 2, p. 265-275, 2016. _________. Diagnósticos de Enfermagem da NANDA: definições e classificação 2015/2017. 10ª ed. SãoPaulo: Artmed; 2015. DOS SANTOS, Danilo Marcelo Araujo et al. A enfermagem baseada em evidências apoiando a construção do histórico de enfermagem: uma pesquisa bibliográfica/The nursing based on evidence supporting the construction of the history of nursing: a bibliographic search. Ciência, Cuidado e Saúde, v. 15, n. 3, p. 561-569, 2016. GUTIÉRREZ, Maria Gaby Rivero de; MORAIS, Sheila Coelho Ramalho Vasconcelos. 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