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1.
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ÉTICA E RESPONSABILIDADE 
PROFISSIONAL
2
Alberto Carneiro Barbosa de Souza
São Paulo
Platos Soluções Educacionais S.A 
2021
 ÉTICA E RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL
1ª edição
3
2021
Platos Soluções Educacionais S.A
Alameda Santos, n° 960 – Cerqueira César
CEP: 01418-002— São Paulo — SP
Homepage: https://www.platosedu.com.br/
Diretor Presidente Platos Soluções Educacionais S.A
Silvia Rodrigues Cima Bizatto
Conselho Acadêmico
Alessandra Cristina Fahl
Camila Turchetti Bacan Gabiatti
Camila Braga de Oliveira Higa
Giani Vendramel de Oliveira
Gislaine Denisale Ferreira
Henrique Salustiano Silva
Mariana Gerardi Mello
Nirse Ruscheinsky Breternitz
Priscila Pereira Silva
Tayra Carolina Nascimento Aleixo
Coordenador
Camila Turchetti Bacan Gabiatti
Revisor
Juliana dos Santos Corbett
Editorial
Beatriz Meloni Montefusco
Carolina Yaly
Márcia Regina Silva
Paola Andressa Machado Leal
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
_________________________________________________________________________________________ 
Souza, Alberto Carneiro Barbosa de
S729e Ética e responsabilidade profissional / Alberto Carneiro 
 Barbosa de Souza. – São Paulo: Platos Soluções 
 Educacionais S.A., 2021.
 43 p.
 ISBN 978-65-5356-080-2
 1.Psicologia. 2. Ética. 3. Responsabilidade profissional. 
 I. Título.
 
CDD 174
____________________________________________________________________________________________
Evelyn Moraes – CRB 010289
© 2021 por Platos Soluções Educacionais S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser 
reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, 
eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de 
sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, 
por escrito, da Platos Soluções Educacionais S.A.
4
SUMÁRIO
Entidade de classe e o Código de Ética Profissional __________ 05
Normas para a atuação em psicologia clínica ________________ 20
Registros profissionais e a guarda de documentos ___________ 33
Reflexões acerca da atuação profissional – Sigilo _____________ 47
ÉTICA E RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL
5
Entidade de classe e o Código de 
Ética Profissional
Autoria: Alberto Carneiro Barbosa de Souza
Leitura crítica: Juliana dos Santos Corbett
Objetivos
• Conhecer a história do Código de Ética profissional 
do Psicólogo.
• Apresentar os conselhos de Psicologia e a formação 
profissional.
• Compreender a regulamentação da profissão de 
psicólogo no Brasil e a ética na Psicologia.
6
1. Introdução
No Brasil, a profissão de psicólogo passou a ser protegida por lei a 
partir de 1967, mediante a regulamentação do exercício da profissão 
no país por um Código Oficial de Ética próprio. Diante disso, a prática 
da Psicologia passa a ser permitida apenas para pessoas com a devida 
formação acadêmica e reconhecida como válida pelo Conselho Federal 
de Psicologia (CFP). Em outras palavras, o Código de Ética da Psicologia 
se antecipou ao poder legislativo que, somente em 1971, por meio da 
Lei Federal nº 5.776, determinou que o registro profissional do psicólogo 
em seu conselho de classe local passasse a ser exigência para o exercício 
legal da profissão em todas suas atribuições no Brasil. Portanto, a 
fim de preservar a eficácia e a confiabilidade do fazer em Psicologia, 
o profissional deve ser registrado no Conselho Regional de Psicologia 
(CRP) de sua região, fazendo com que pessoas sem a devida qualificação 
incorram no exercício ilegal da profissão e sejam sujeitas às punições 
cíveis e penais da legislação vigente (SANTOS, 2001).
2. História do Código de Ética do Psicólogo e a 
regulamentação da profissão
No ano de 1971 foi fundado o Conselho Federal de Psicologia (CFP), 
órgão centralizador das diretrizes, recomendações e obrigações éticas 
que regulam a profissão de psicólogo no país em suas diversas áreas de 
atuação. Isso significa que, para exercer a Psicologia em suas diversas 
áreas, o profissional deve obrigatoriamente se registrar em seu conselho 
regional (CRP) e manter atualizada sua anuidade, caso contrário não 
poderá exercer a profissão, mesmo possuindo título de psicólogo.
O sistema conselhos possui diversos conselhos regionais com o objetivo 
de preservar a integridade dos valores éticos vigentes na profissão, 
assim como as diretrizes instituídas pelo conselho federal da categoria. 
7
Além disso, o conselho regional permite que o profissional participe 
de decisões específicas de sua área de atuação que digam respeito às 
particularidades legislativas e/ou do fazer da Psicologia de sua região, 
desde que não entrem em conflito com as normas do CFP. Dessa forma, 
apesar de haver diretrizes federais que devem ser observadas em todas 
as regiões do país, as questões locais do fazer da psicologia no Acre, 
por exemplo, podem diferir daqueles presentes em Santa Catarina 
ou em São Paulo. Portanto, o conselho regional atua como um fórum 
para discussões de problemas e soluções referentes ao exercício da 
Psicologia em determinada realidade regionalmente circunscrita. Não 
por acaso, os processos éticos são julgados nos conselhos regionais e 
não no CFP. Por fim, o profissional deve observar as diretrizes e normas 
do código de ética da profissão, o qual tem sido atualizado desde sua 
primeira edição em 1966/67 (Figura 1), de acordo com a realidade e a 
conjuntura sociopolítica da sociedade brasileira.
Figura 1 – Linha do Tempo dos Códigos de Ética da Psicologia no 
Brasil
Fonte: elaborada pelo autor.
8
2.1 O primeiro Código de Ética da Psicologia no Brasil: 
1966/67
O primeiro Código de Ética da Psicologia foi criado entre os anos de 1966 
e 1967 pela extinta Associação Brasileira de Psicologia (ABP), entidade 
que antecedeu o Conselho Federal de Psicologia. Esse primeiro Código 
de Ética possuía quarenta artigos, em que muitos deles trouxeram 
influência do Conselho Federal de Medicina, com o intuito de buscar 
obter maior legitimidade uma vez que a Psicologia era um fazer muito 
recente no país. Outra razão para essa forte influência foi de que os 
primeiros laboratórios de Psicologia no Brasil surgiram em clínicas e 
hospitais psiquiátricos (SANTOS, 2001). De acordo com Bernardes (2012), 
esse primeiro código foi seguido por outros dois, sempre contribuindo 
para o empoderamento do fazer da psicologia brasileira e garantindo 
seu exercício dentro da ética vigente e, ao mesmo tempo, se afastando 
de outros saberes, tais como o da medicina, definindo aos poucos sua 
própria identidade.
2.2 O segundo Código de Ética da Psicologia no Brasil: 
1979
Com o rápido aumento de profissionais qualificados para exercer a 
Psicologia, novos campos de atuação começavam a ser abertos por 
todo o país, fatores que levaram ao CFP a rever o código de ética, a fim 
de responder às demandas de uma profissão que crescia e avançava 
rapidamente no Brasil. A forma de reavaliação seguiu um modelo 
descentralizador, ou seja, o CFP enviou a todos os CRP existentes 
na época suas sugestões de mudanças que, somadas às demandas 
regionais, deram origem ao segundo Código de Ética em Psicologia. 
Uma das grandes mudanças foi o envio do novo código aos cursos 
de graduação em Psicologia, para que ele passasse a fazer parte do 
currículo obrigatório. Assim, em 1979 entrava em vigor o novo código 
de ética que, em vez da influência da medicina, espelhava os anseios de 
9
vários movimentos sociais em plena ditadura militar (BERNARDES, 2012). 
Seu texto continha cinquenta artigos e trazia como novidade a criação 
de um comitê para fiscalização do fazer da psicologia no Brasil.
Uma vez que os movimentos sociais com agendas pautadas no combate 
a um poder executivo repressor exerceram forte influência nesse 
segundo código de ética, o papel social do psicólogo passa a ter papel 
de destaque em sua redação, afastando-se dapacientes, assim como de usuários de 
serviços públicos de psicologia clínica.
Todavia, existem situações extraordinários nas quais o sigilo do 
psicólogo clínico pode e, em alguns casos, deve ser quebrado e, nesse 
caso, o cliente deve ser sempre comunicado. Contudo, deve-se ter em 
mente que tais situações são excepcionalmente pontuais e não devem 
ser tidas como justificativa para que se quebre o sigilo profissional sem 
a real necessidade ética e/ou legal. Por exemplo, uma das situações 
nas quais o sigilo na clínica pode ser quebrado se dá em momentos 
nos quais determinado paciente e/ou usuário profere ameaças reais e 
críveis contra a vida de outra(s) pessoas(s) ou contra si próprio. Porém, é 
imprescindível que o psicólogo clínico tenha convicção absoluta de que 
50
tais ameaças são reais e não apenas parte da elaboração de emoções e 
sentimentos do sujeito (CFP, 2005).
Em todas as demais áreas de atuação da psicologia, o sigilo também 
se impõe como obrigação ética e legal. Para fins ilustrativos, temos o 
seguinte cenário clínico: um usuário de serviço de Psicologia em um 
centro comunitário revela ao psicólogo de plantão que se descobriu 
soropositivo para HIV (pessoa vivendo com HIV). Caso o paciente revele 
planos reais de não comunicar seu parceiro, o risco de infectá-lo é real. 
Assim, ele deve ser avisado dos limites do sigilo imposto ao psicólogo e 
previsto em lei.
Figura 1 – O resultado de exame positivo para o HIV não representa 
mais uma sentença fatal na atualidade
Fonte: Olesya Chesnokova/iStock.com.
51
Contudo, se o usuário afirmar categoricamente que não pretende se 
tratar e que, além disso, não irá revelar sua condição de pessoa que vive 
com o HIV a sua esposa, nesse caso, em se confirmando o diagnóstico 
assim como a intenção de não o revelar a sua parceira, é obrigação ética 
do psicólogo informar ao usuário que ele deve, por determinação legal, 
conversar com sua esposa. Caso contrário, o profissional deve deixar 
claro que chamará a esposa para uma conversa junto com o usuário. 
Atualmente, existem resoluções em relação a essa situação no Código 
de Ética de Medicina através da Resolução nº 1.359/1992 (CFM, 1992), 
similar ao CRP.
Outra situação na qual o sigilo deve ser quebrado por determinação 
legal se refere às crianças e aos adolescentes e/ou pessoas incapazes 
de responderem por si. Segundo Taquette (2010), diferente dos casos 
acima, aqui a forte suspeita de maus tratos, abuso sexual, psicológico ou 
físico, cárcere privado e/ou trabalho similar à escravidão basta para que 
o psicólogo em qualquer área de atuação seja obrigado por lei a fazer 
uma denúncia às autoridades locais. A obrigatoriedade da denúncia 
está prevista no art. 13 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), 
afirmando que “os casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos 
contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados 
ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras 
providências legais.” (BRASIL, 1990)
Por fim, existe a mais recente obrigatoriedade de quebra de sigilo por 
parte do psicólogo, instituída pelo Estatuto do Idoso (BRASIL, 2003). O 
psicólogo atuando em qualquer área de atuação tem obrigatoriedade 
legal de denunciar maus tratos a idosos, assim como situações nas quais 
o idoso se encontre em grande vulnerabilidade. Apesar de a confirmação 
da denúncia necessitar de exames e/ou entrevistas comprobatórias, 
a comunicação às autoridades deve ser feita pela simples fundada 
suspeita por parte do psicólogo. A não comunicação pode, inclusive, 
gerar consequências legais graves para o profissional.
52
Figura 2 – O atendimento preferencial
Fonte: CarlaNichiata/iStock.com. 
3. Novas áreas de atuação da psicologia no 
Brasil e o sigilo profissional
Apesar de não ser uma área nova propriamente dita, a psicologia 
jurídica merece destaque em função de sua especificidade em relação 
ao sigilo profissional. A primeira razão é autoexplicativa: a psicologia 
jurídica trabalha diretamente com a lei e, portanto, o conhecimento 
sobre a legislação nessa especialidade deve ser naturalmente maior 
do que a de seus colegas atuando em outras áreas. Muitas vezes, o 
psicólogo jurídico se depara com dificuldades em relação ao sigilo 
profissional em função de trabalhar frequentemente com técnicos do 
direito que têm relação e interesse diretamente ligado a instituições 
(Ministérios Públicos, Defensorias etc.) e não com clientes, que é o caso 
do psicólogo (SILVA, 2009).
53
O problema surge, comumente, na formulação de pareceres psicológicos 
para fins jurídicos, nos quais o técnico do direito possa pedir maiores 
detalhes a respeito de determinado indivíduo, pedido que, em ferindo 
a ética da profissão de psicólogo, deve ser sumariamente indeferido. 
Outra área de possíveis atritos é a vara de família, por exemplo, em 
disputas de guarda de crianças ou adolescentes, o psicólogo pode 
decidir por não quebrar o sigilo de qualquer uma das partes se julgar 
que tal quebra poderia gerar prejuízos psicoemocionais ao indivíduo. 
Segundo Silva (2009), a não ser que se impetre judicialmente a quebra 
de sigilo, isso fica a critério exclusivo do psicólogo jurídico.
Em relação às novas áreas consolidadas de atuação da psicologia 
temos a psicologia do trânsito. Nessa área pouco se tem estudado 
sobre a questão do sigilo, já que grande parte da atuação do psicólogo 
se concentra em testes psicotécnicos a serviço do DETRAN. As outras 
atuações nessa área, como tratamento de traumas e medos, se 
concentram na psicologia clínica. Contudo, mesmo na atuação em 
autarquias públicas, o psicólogo do trânsito tem a obrigação ética de 
sigilo com o candidato ou usuário (CUELLAR, 2014).
Essa obrigação se dá sobretudo nos casos em que o profissional 
identifica possíveis psicopatologias nos testes aplicados. O psicólogo 
deve sugerir o encaminhamento a um colega clínico e/ou psiquiatra 
ao candidato/usuário, mas sua conclusão diagnóstica não deve ser 
compartilhada com terceiros sem a autorização explícita do candidato/
usuário. Embora não se tenha previsão legal, a possível falha em 
descumprir resoluções ética acarretará punição por parte do Sistema 
Conselhos de Psicologia (CUELLAR, 2014).
Entre as novas áreas de atuação, a psicologia ambiental é ainda pouco 
conhecida no Brasil, mas é uma das que mais cresce no mundo. O 
psicólogo ambiental investiga como o ambiente influencia a saúde 
mental do indivíduo e como ele percebe o meio ambiente a sua volta. 
Por vezes, tal investigação se dá em relação ao ambiente no sentido 
54
mais tradicional do termo na psicologia, ou seja, a família, os amigos e a 
sociedade. Porém, a maior parte dos estudos em psicologia ambiental se 
concentra no chamado ambiente modificado, ou seja, no impacto de 
fenômenos como o amplo desmatamento, queimadas, transformações 
climáticas, aquecimento global e outras alterações ambientais. 
(RAYMUNDO; KUHNEN, 2010).
Normalmente, o psicólogo ambiental trabalha em uma equipe 
multidisciplinar, em que esse profissional se concentra nos efeitos 
psicoemocionais de tais fenômenos. Assim, quando a ciência identifica, 
por exemplo, um aquecimento anormal em áreas tradicionalmente mais 
frias, o psicólogo irá pesquisar as consequências que tal aquecimento 
pode estar causando nas pessoas, desde depressão e ansiedade em 
idosos até a modificação de comportamento entre os mais jovens. O 
sigilo nessa atuação se dá em grande parte nas declarações que pessoas 
fornecem ao psicólogo ambiental. Elas só poderão ser compartilhadas 
por terceiros mediante autorização escrita do dependente e, mesmo 
autorizado, o psicólogo ambiental deverá seguir as resoluções do Código 
de Ética da Profissão (RAYMUNDO; KUHNEN, 2010). Por fim, a psicologia 
ambiental é um dos novos campos da psicologia que mais crescem 
atualmente.
55
Figura 3 – A importância da psicologia ambiental para o estudo 
sobre saúde mental
Fonte: Virinka/iStock.com. 
Por fim, outra nova área de atuação que merece menção éa psicologia 
do consumidor. Esse psicólogo investiga o consumidor em seu 
comportamento antes, durante e após sua interação com o mercado. 
Nessa área, seu trabalho tem sido muito utilizado no Brasil por grandes 
empresas, que encomendam pesquisas sobre o perfil psicológico 
de seu consumidor-alvo com objetivo de melhorar o atendimento, 
promover a reengenharia da empresa e potencializar as vendas. O sigilo 
nessa especialidade se refere a proibição de divulgar os resultados 
das pesquisas para empresas e pessoas não autorizadas pelo cliente e 
respostas dos consumidores que não interessem ao cliente e/ou que 
possam causar dano ao entrevistado (SOLOMON, 2008).
Saúde mental
56
3.1 Normas gerais do sigilo do psicólogo no Sistema 
Único de saúde (SUS)
A universalidade, a equidade e a integralidade são os princípios básicos 
do Sistema Único de saúde (SUS), internacionalmente reconhecido como 
um dos melhores sistemas de saúde pública do mundo (VASCONCELOS; 
PASCHE, 2008). Além dos cuidados da saúde física e mental da 
população, um dos pilares de sustentação da filosofia do SUS é a 
restituição de direitos de populações particularmente vulneráveis, como 
pacientes oriundos de longas internações psiquiátricas, que são hoje em 
dia proibidas por lei (SCHEFFER; SILVA, 2014). Portanto, as informações 
obtidas pelo psicólogo a respeito dos usuários do serviço de Psicologia 
possuem caráter extremamente sensível e devem ser mantidos em total 
confidencialidade pelo profissional, incluindo outros servidores de uma 
equipe multiprofissional.
O sigilo do psicólogo locado em uma unidade do SUS em relação ao 
usuário traduz o comprometimento com uma população que teve esse 
mesmo direito negado e usurpado por décadas inteiras no Brasil. A 
restituição – ou, em muitos casos, a instituição – do direito fundamental 
ao sigilo clínico e da integridade psicoemocional do indivíduo, talvez, seja 
umas das principais características do fazer da psicologia no SUS. Outro 
diferencial do sigilo nessa área de atuação é a interação do psicólogo 
com as chamadas Redes Intersetoriais. Por sua vez, essas redes 
substituíram o modelo de saúde pré-SUS marcadamente fragmentado, 
propondo uma ação conjunta de serviços e políticas oferecidos a 
população no sentido de proporcionar prevenção e tratamento 
holísticos ao usuário. Nas Redes Intersetoriais, o sigilo psicológico tem 
sido amplamente discutido em pesquisas acadêmicas, uma vez que 
psicólogos de diferentes áreas podem dividir um mesmo prontuário. 
Nesse caso, o psicólogo clínico deve manter um prontuário separado, 
onde devem constar informações sensíveis e confidenciais. Com isso, 
apenas informações que possam ser compartilhadas com terceiros 
constarão de um prontuário multiprofissional.
57
O sigilo no âmbito do SUS também tem sido debatido no que tange 
uma das mais consolidadas políticas desse sistema: o princípio de 
transversalidade, que é o princípio da Política Nacional de Humanização 
(PNH), que se trata de uma política pública no SUS voltada à ativação 
de dispositivos que favoreçam ações de humanização no âmbito da 
atenção e da gestão da saúde no Brasil. Segundo esse princípio, a 
intervenção – inclusive psicológica – só pode acontecer em sintonia 
com a contribuição de outros fatores na psicologia clínica e vice-versa. 
O problema é quando a confidencialidade e o sigilo das sessões acaba 
por ser rompido em reuniões multiprofissionais ou, até mesmo, entre 
psicólogos de diferentes áreas de atuação. Até que ponto o psicólogo 
clínico deve compartilhar informações de um usuário atendido por ele? 
No caso de transferências e encaminhamentos para outros serviços, 
quais dados relativos ao usuário devem ser compartilhados sem que 
seu direito ao sigilo não seja desrespeitado? Essa questão tem tido 
diferentes respostas, todas observando o código de ética da categoria 
e, portanto, fruto de constante revisão e aprimoramento por parte dos 
psicólogos clínicos que atuam no SUS.
A questão ética em relação ao sigilo de psicólogos que atuam no SUS 
e que trabalham em equipes que firmam as Redes Intersetoriais tem 
levado diversos pesquisadores a proporem uma “reinvenção” do fazer 
da psicologia aplicada a população por parte de órgãos governamentais, 
sem obviamente burlar o código de ética da profissão (NASCIMENTO; 
MANZINI; BOCCO, 2006). Entre as sugestões estão o acompanhamento 
do psicólogo clínico durante todo o processo de encaminhamento para 
que, juntos, psicólogo e usuário decidam quais informações podem e/ou 
devem ser reveladas pelo psicólogo em eventuais reuniões com a nova 
equipe. Com isso, enfatiza-se o caráter preventivo do SUS e, ao mesmo 
tempo, uma filosofia de trabalho na qual se prioriza o empoderamento 
do usuário por meio de iniciativas destinadas a promover 
transformações sociais em diferentes comunidades, sobretudo aquelas 
constituídas por cidadãos em situação de vulnerabilidade.
58
Apesar da inegável importância dos pontos estudados até aqui, uma 
das principais características da psicologia clínica aplicada ao SUS 
é seu engajamento político e ético com a reforma manicomial e a 
horizontalidade do poder entre diferentes profissionais ligados à saúde 
mental em hospitais psiquiátricos.
3.2 Psicologia clínica do adolescente e o sigilo 
profissional
A instituição da adolescência tal como explica o historiador francês 
Phillpe Ariès em sua clássica obra A História Social da Infância e da Família 
(1986), a cultura ocidental passou a compreender que existia um período 
de transição na vida das pessoas, no qual elas não eram mais crianças, 
mas tampouco poderiam ser consideradas adultas. A esse período deu-
se o nome de adolescência (LEPRE, 2003).
Ao contrário do que muitos acreditam, a adolescência não coincide 
necessariamente com a idade biológica do indivíduo. Nesse contexto, 
comumente, confunde-se adolescência com puberdade, que, para as 
meninas, é o início da menstruação nas meninas e surgimento dos seios; 
já nos meninos, a puberdade também não deixa de ser um desafio: 
crescimento do pênis, surgimento de pelos pubianos e, junto com isso 
tudo, a insegurança de uma sexualidade ainda pouco conhecida (ARIÈS, 
1986).
Por outro lado, a adolescência se caracteriza por um período 
determinado na vida do sujeito que pode ou não coincidir com 
a puberdade, embora na maioria das vezes assim se passe. Ao 
contrário da puberdade, que se caracteriza por mudanças biológicas 
cronologicamente marcadas, a adolescência foi uma invenção da 
sociedade industrial do século XVIII. O objetivo seria eliminar a noção 
de que a criança era um “adulto em miniatura” e, portanto, pronto para 
conhecer a vida adulta em suas mais variadas formas.
59
Figura 4 – A adolescência é um período de crises e descobertas
Fonte: sitotography/iStock.com. 
Enquanto no Brasil a adolescência, de maneira geral, compreende 
o período de vida entre os 12 e os 18 anos, a OMS (Organização 
Mundial de Saúde) a entende como entre os 12 e 19 anos de idade. 
Independentemente do período exato, a adolescência é um período 
normalmente bastante desafiador e que desperta inseguranças e medos 
em relação à própria sexualidade e sua identidade, o futuro, o luto de 
uma infância perdida e um angustiante sentimento de pertencimento 
que faz com que o adolescente tenha pavor de imaginar que não faça 
parte de um grupo que o apoie e o compreenda (OUTEIRAL, 2008).
Portanto, o sigilo e a confiabilidade na clínica psicológica do adolescente 
é extremamente importante e que sua quebra trará danos, em muitos 
casos, irreparáveis ao indivíduo. Discutir o sigilo nessa clínica é tarefa 
complexa, não apenas devido à heterogeneidade dos adolescentes, 
mas por sua diversidade cultural. Cada clínica do adolescente possui 
60
características muito próprias e únicas, tais como em conflito com a 
lei, automutilação e ideação suicida (tão comuns na adolescência!), 
adolescentes em situação de vulnerabilidade socioeconômica, 
adolescentes LGBTQIA+, entre muitos outros grupos.
Portanto,o importante nessa discussão é analisarmos o sigilo comum 
a todos os grupos de adolescentes na clínica. Tendo em vista de que o 
adolescente necessita criar laços sociais e, para tal, é imprescindível que 
ele se sinta seguro, ele provavelmente chegará à clínica trazendo apenas 
o silêncio. É nesse momento que o psicólogo deve se certificar de que 
seu paciente compreende que ali está se formando um elo de confiança 
mútuo, o qual não será quebrado de forma nenhuma (LEPRE, 2003).
O sigilo deve ser não apenas uma prática nessa clínica, mas algo 
reforçado ao cliente até que ele se sinta à vontade. Isso pode levar 
tempo e, muitas vezes, não acontecer. Por isso, é essencial que o que se 
foi dito nas sessões não seja jamais transmito aos responsáveis sem que 
um acordo muito claro se dê antes com o adolescente. A falha em tal 
negociação, normalmente, resulta em fracasso no processo.
Referências
ARIÈS, P. História social da infância e da família. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986.
BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança 
e do Adolescente e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 
1990.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. 
Brasília, DF: Senado Federal, 1988.
BRASIL. Decreto-lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal Brasileiro. 
Brasília, DF: Presidência da República, 1940.
BRASIL. Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso 
e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 2003.
CFM. Conselho Federal de Medicina. Resolução CFM nº 1.359, de 11 de novembro 
de 1992. (Substituída por Resolução CFM 1.665/2003). Brasília, DF: CFM, 1992.
61
CFP. Conselho Federal de Psicologia. Código de ética profissional do psicólogo. 
Brasília, DF: CFP, 2005.
CUELLAR, K. Direitos humanos e Cidadania no Trânsito Brasileiro. Revista de 
Administração de Roraima–RARR, [s.l.], v. 4, n. 1, p. 103-118, 2014. Disponível em: 
https://revista.ufrr.br/adminrr/article/view/2127. Acesso em: 2 fev. 2022.
FIGUEIREDO, L. C. Revisitando as psicologias: da epistemologia à ética das práticas e 
discursos psicológicos. 8. ed. Petrópolis: Vozes, 2015.
HOFFMAN, M. H.; CRUZ, R. M. Síntese Histórica da psicologia do trânsito no Brasil. 
In: HOFFMANN, M. H.; CRUS, R. M.; ALCHIERI, J. C. (org.). Comportamento humano 
no trânsito. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003. p. 17-29.
LEPRE, R. M. Adolescência e construção da identidade. Psicopedagogia Online, 
[s.l.], v. 1, p. 1-9, 2003.
NASCIMENTO, M. L.; MANZINI, J. M.; BOCCO, F. Reinventando as práticas Psi. 
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dx.doi.org/10.1590/S0102-71822006000100003. Acesso em: 2 fev. 2022.
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RAYMUNDO, L. S.; KUHNEN, A. A psicologia e a educação ambiental. Revista de 
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https://www.scielo.br/j/sssoc/a/hmm93SyZXS8DrjnxFwgYCFh/abstract/?lang=pt
https://www.scielo.br/j/sssoc/a/hmm93SyZXS8DrjnxFwgYCFh/abstract/?lang=pt
62
BONS ESTUDOS!
	Sumário
	Entidade de classe e o Código de Ética Profissional
	Objetivos 
	1. Introdução 
	2. História do Código de Ética do Psicólogo e a regulamentação da profissão
	3. Os conselhos de Psicologia e a formação profissional
	Referências 
	Normas para a atuação em psicologia clínica
	Objetivos 
	1. Introdução 
	Referências 
	Registros profissionais e a guarda de documentos
	Objetivos 
	1. Introdução 
	2. Documentos psicológicos 
	Referências 
	Reflexões acerca da atuação profissional - Sigilo
	Objetivos 
	1. Introdução 
	2. Conhecer o Código de Ética de Psicologia e a Legislação Sobre Sigilo Profissional
	3. Novas áreas de atuação da psicologia no Brasil e o sigilo profissional
	Referênciasredação de sua primeira 
versão.
2.3 O Terceiro Código de Ética da Psicologia no Brasil: 
1987
Se o segundo código de ética já sofria influência de setores progressistas 
da sociedade em plena ditadura militar, essa influência se consolidou na 
terceira edição do código, criado durante o período de abertura política 
e de costumes nos anos de 1980, publicado em 1987. O diálogo com 
a sociologia e a antropologia se mostra muito presente, influenciando 
a psicologia a jogar luz a abordagens mais humanistas e se afastando 
do conceito de moral mais conservador em sua primeira edição. O 
resultado foi a construção de uma profissão em que o ethos e a cultura 
são compreendidos como elementos fundamentais na constituição do 
sujeito, tanto do psicólogo quanto de seu paciente ou cliente, qualquer 
que seja o campo de atuação. O psicólogo passa a ter sua função social 
como essencial em sua conduta ética. Segundo Bernardes (2012), antes 
de ter papel punitivo, a terceira edição privilegia o caráter didático em 
seu texto, fazendo um convite à reflexão do papel do psicólogo em sua 
comunidade, entre seus pares e no mundo.
A ideia de um código de ética que convida a uma reflexão do próprio 
fazer da profissão gerou uma maior polarização na categoria. Enquanto 
alguns profissionais acreditavam que havia avanços no aspecto social, 
outros o criticavam por acreditar que um código de ética deveria ser 
10
sobretudo um guia prático do bom fazer da psicologia com uma redação 
mais objetiva, ou seja, mais próximo de suas versões anteriores e 
menos corporativista (SANTOS, 2001). A fim de apaziguar e reduzir tal 
polarização foi promovido um encontro em 1989, em que foi redigido 
um documento com sugestões de diferentes correntes políticas. Tal 
documento resultou, posteriormente, em um dos marcos da psicologia 
brasileira, o I Congresso Nacional de Psicologia em 1994. O evento se 
tornou em uma reunião a cada três anos, na qual várias questões são 
discutidas e chapas para as eleições regionais são oficialmente lançadas.
2.4 O quarto Código de Ética da Psicologia no Brasil: 2005
Com a chegada de um novo século, o avanço dos direitos individuais 
e de minorias, com a Constituição Federal de 1988 e a esquerda no 
poder executivo central, sentiu-se a necessidade de se promover uma 
reavaliação e atualização do Código de Ética de 1987, ainda em vigor. 
Assim, o Conselho Federal de Psicologia e os vários conselhos regionais 
de reuniam em um grande fórum nacional, em 2003, para esse fim, 
resultando em modificações profundas no código de ética da categoria.
Entre as mudanças mais marcantes e que continuam em vigor está 
a grande ênfase na questão de Direitos Humanos no que tange 
ao combate à discriminação e aos preconceitos racial, social e 
cultural, a proibição do tratamento psicológico da orientação sexual 
em consultórios, clínicas, hospitais e afins, a chamada “terapia de 
conversão”, por meio da Resolução nº 01/99 do CFP (SANTOS, 2001). Da 
mesma forma, ficou vedada aos psicólogos a pesquisa experimental com 
seres humanos (uma reivindicação antiga por vários segmentos políticos 
na psicologia) e autorizado o atendimento clínico remoto, via internet. 
O novo código de ética se mostra mais enxuto, com menos artigos e 
tem sido criticado por ser muito generalista, deixando de lado questões 
relativas às especificidades das diversas áreas da Psicologia. O novo 
código de ética e as resoluções têm como função dar o tom cotidiano 
11
da Psicologia. Contudo, fica claro em sua própria redação que o novo 
código se propõe a incentivar a observação da ética na prática diária do 
profissional por meio da reflexão de um fazer em Psicologia amplo e 
abrangente, capaz de contemplar as diversas modalidades e atribuições 
da psicologia sem se deter em detalhes dessa ou daquela área de 
atuação (BERNARDES, 2012).
3. Os conselhos de Psicologia e a formação 
profissional
O Conselho Federal de Psicologia juntamente com os conselhos 
regionais de psicologia (CRP) formam o que se denomina “Sistema 
Conselhos”. Os CRPs são órgãos consultivos no que se refere ao registro 
e à regularização de psicólogos, além de ser o fórum mais adequado 
para que o profissional debata as práticas de sua profissão dentro de 
sua realidade regional, assim como permite que ele seja representado 
e protegido em seus direitos legais e éticos. Da mesma forma, o CRP é 
responsável pelo aperfeiçoamento e fiscalização do fazer em Psicologia 
e por decisões relativas às possíveis faltas éticas, cumprindo importante 
papel social. Assim, uma vez que o fazer social é antes de mais nada 
político, uma das funções do CRP é exatamente a de ser um fórum de 
discussões políticas a cerca não apenas da profissão de psicólogo, mas 
também servir como um lugar seguro e despido de preconceito para a 
promoção de reflexões sobre questões macropolíticas de nosso país.
Outra função dos CRP é a de regulamentação e fiscalização. Porém, 
antes de regulamentar e fiscalizar, tem-se discutido sobre a função 
de organização do CRP. Ele deve ser capaz de organizar a forma e as 
diretrizes por meio das quais o psicólogo exerce seu trabalho, dentro 
de uma legislação vigente e respeitando as normas éticas do conselho 
de classe, promovendo igualmente a ampla divulgação do papel do 
12
psicólogo nas mais diversas áreas de atuação não só entre seus pares, 
mas também na sociedade.
Além das atribuições de regulamentação, fiscalização, organização 
e política, o CRP tem papel fundamental no aprimoramento e na 
formação do psicólogo tanto no âmbito da ciência como no exercício 
da profissão. Por ser uma profissão na qual o saber acadêmico deve 
ser essencialmente dinâmico e transformador, é importante que os 
cursos de formação, sobretudo em nível de graduação, estejam em 
sintonia com as mudanças e as atualizações do Sistema Conselhos e da 
sociedade em geral.
Atualmente, o Brasil conta com 24 conselhos regionais CRP (Figura 
2), sendo o CRP 1 responsável por Brasília e o CRP 24 por Rondônia 
e Acre, os demais conselhos são: CRP 2 (Pernambuco), CRP 3 (Bahia), 
CRP 4 (Minas Gerais), CRP 5 (Rio de Janeiro), CRP 6 (São Paulo), CRP 
7 (Rio Grande do Sul), CRP 8 (Paraná), CRP 9 (Goiás), CRP 10 (Pará e 
Amapá), CRP 11 (Ceará), CRP 12 (Santa Catarina), CRP 13 (Paraíba), CRP 
14 (Mato Grosso do Sul), CRP 15 (Alagoas), CRP 16 (Espírito Santo), CRP 
17 (Rio Grande do Norte), CRP 18 (Mato Grosso), CRP 19 (Sergipe), CRP 
20 (Amazonas e Roraima), CRP 21 (Piauí), CRP 22 (Maranhão) e CRP 23 
(Tocantins).
13
Figura 2 – Sistema de Conselhos Regionais de Psicologia
Fonte: elaborada pelo autor.
A formação em Psicologia no Brasil se divide basicamente em três 
momentos em sua história: o período inicial, assim definido pelo 
renomado educador e professor de psicologia Lourenço Filho 
(MONARCHA, 1999), o currículo mínimo, que vai dos anos 1960 até o 
fim do século passado e finalmente o período de Diretrizes Curriculares 
Nacionais (DCN), implementado no início deste século até os dias de 
hoje (LHULLIER, 2013). De forma resumida, no Brasil, o período inicial 
da formação de psicólogo se deu antes de sua regulamentação ou 
organização curricular. Assim, antes de 1946, não existia qualquer 
fiscalização ou diretrizes para a emissão de diplomas e certificados na 
área.
Por essa razão, alguns autores consideram o início da história da 
formação de psicólogo no Brasil somente a partir de 1962, ou seja, 
quando da regulamentação da profissão, quando se implementou um 
currículo mínimo obrigatório nos cursos de graduação. Segundo Santos 
(2001), umas das principais medidas tomadas a partir dessa data foi a 
14
obrigatoriedade do curso de bacharel em Psicologia de quatro anos e 
de Psicólogo de cinco anos, em que o primeiro não permitia o exercício 
da Psicologia, permitindo apenas pesquisas e atividades acadêmicas, 
exigência que permanece válida até hoje.
Com o avanço da pesquisa e a complexidade da era da informação, as 
áreas de atuação da Psicologia se multiplicaram rapidamente,exigindo 
que a academia se adaptasse à essas mudanças, assim, a formação 
do profissional foi reformulada por meio do programa de diretrizes 
curriculares. Nesse contexto, uma das principais demandas foi que o 
novo currículo atendesse às diversas áreas de atuação do psicólogo, 
que se fragmentava cada vez mais. Para resolver tal impasse, a nova 
diretriz curricular implementa uma formação mais generalista e técnica, 
na qual se contempla o fazer da Psicologia como um todo para que, 
posteriormente, o aluno graduado pudesse buscar a especialização 
com a qual se identificasse mais. Uma das críticas mais comuns a esse 
modelo é que, apesar de generalista, diversos cursos de graduação 
ainda mantêm seu foco central na área clínica, fazendo com que 
outros campos de atuação sejam menos abordados ou, até mesmo, 
completamente ignorados. Outra crítica comum é a falta de atenção 
às disciplinas de base importantes para a Psicologia, como: Biologia, 
Sociologia e Antropologia.
3.1 A formação de psicólogo no Brasil
A primeira pesquisa com rigor metodológico que se propôs a investigar 
as principais áreas de atuação de psicólogos brasileiros só ocorreu em 
2004, promovida pelo CPF, algo que denuncia um claro sintoma do 
distanciamento entre a academia e o mercado de trabalho no país. Ao 
interpretar esses resultados, alguns analistas acreditam que a maior 
concentração na clínica seja em função do foco central de muitos cursos 
de graduação se concentrarem nessa área, enquanto outros acreditam 
15
que, além disso, a pouca divulgação de novos campos da Psicologia 
contribui esse índice.
De maneira geral, os objetivos do currículo obrigatório de formação 
de psicólogo dentro do programa de diretrizes curriculares almejam 
sobretudo: a) proporcional uma formação generalista plural e 
sobretudo multidisciplinar; b) colaborar no sentido de criar parcerias 
acadêmico-profissionais entre docentes e discentes, mantendo o 
fazer acadêmico o mais próximo possível da realidade do mercado 
de trabalho em Psicologia; c) aproximação de teoria e prática, com 
o objetivo de construir sólidas habilidades do futuro profissional em 
Psicologia; d) fazer com que questões éticas estejam sempre no centro 
das discussões, assim como incentivar a produção científica dentro 
dos limites éticos necessários. Em resumo, segundo Santos (2001), o 
currículo de formação busca trazer a prática para a sala de aula, a fim de 
qualificar os estudantes nas diversas competências da profissão.
Além de promover o diálogo entre a academia e o mercado de 
trabalho, a diretriz curricular de 2002 enfatiza a importância do estágio 
supervisionado, sobretudo ao longo do último ano de formação. A 
diferença entre os estágios finais supervisionados e o diálogo com o 
mercado de trabalho ao longo do curso é que os estágios estão sujeitos 
à regulação e à fiscalização do Ministério da Educação e, no caso de 
estágios na área da saúde, ao Ministério da Saúde. Além disso, todos os 
programas de estágios finais supervisionados estão igualmente sujeitos 
à fiscalização do Sistema de Conselhos de Psicologia. Da mesma forma, 
o CFP publicou em 2013 o documento denominado Carta de Serviços 
sobre Estágios e Serviços-Escola. Nesse documento constam todos os 
pontos obrigatórios a serem observados pela instituição de ensino (IES) 
responsável pelo estágio: a) qualificação e funções do supervisor de 
estágio; b) modalidades de estágios autorizados pelo CFP; c) condições 
mínimas para a aprovação de terminado estágio; d) regras para a 
criação de parcerias escola-empresa, entre outros pontos; e esse mesmo 
documento estabelece os estágios devem perfazer 15% da carga horária 
16
final do aluno ao final do curso e não ultrapassar 20% dela (YAMAMOTO; 
GOUVEIA, 2013).
A formação em Psicologia deve também proporcionar ao aluno a 
possibilidade de participar de programas de pesquisa, incentivando a 
produção científica de qualidade e pavimentando o caminho para os 
que desejarem seguir na carreira acadêmica e ser, portanto, o pilar 
inicial para a formação de futuros mestres e doutores em Psicologia 
(FIGUEIREDO, 2015). Igualmente importante para a formação do 
psicólogo são as atividades de extensão universitária, em que sua 
relevância se dá sobretudo na possibilidade de proporcionar ao aluno 
a oportunidade de se aprimorar em sua área de interesse sem a 
necessidade de seguir a carreira acadêmica, por meio de programas 
de Mestrado e Doutorado. Assim, o psicólogo fará uma produção mais 
voltada diretamente ao trabalho para a comunidade não acadêmica, 
permitindo uma formação mais próxima da realidade de seu futuro 
público-alvo.
Mais recentemente temos visto a proliferação de especializações em 
psicólogo no sistema chamado EaD, ou ensino à distância, embora sua 
regulamentação já date desde 2004, por meio da Portaria nº 4.059, do 
Ministério da Educação.
Por outro lado, é inegável que testemunhamos verdadeira mudança 
de paradigma com a democratização do acesso à informação oferecida 
tanto pela rede mundial de computadores quanto com o aumento 
de oferta de cursos de especialização de Psicologia nas mais diversas 
áreas disponíveis no sistema EaD, uma vez que alunos vivendo em 
áreas desprovidas de universidades ou cursos presenciais passaram a 
ter as mesmas oportunidades de um aluno de um grande centro. Além 
disso, os encargos financeiros normalmente são menores do que uma 
formação presencial.
17
A questão ética na Psicologia–sobretudo a partir do quarto Código 
de Ética da Psicologia em vigor desde 2005–tem enfatizado o diálogo 
com diversos atores a respeito de questões sociais brasileiras 
contemporâneas e seu diálogo com pesquisadores e profissionais da 
área de Psicologia (FARE, 2019). Uma das consequências desse diálogo 
tem sido o incremento de pesquisas voltadas para comunidades menos 
favorecidas e/ou de minorias, provocando uma maior reflexão a respeito 
da ética nesses contextos, algo novo na Psicologia brasileira (Figura 3). 
Mesmo nos campos mais tradicionais da Psicologia, como na clínica ou 
na psicologia organizacional, a influência desse novo cenário tem sido 
sentida por meio da transformação das relações interpessoais, tais como 
a obrigação ética (e até mesmo legal) de contratação de funcionários 
oriundos de grupos historicamente oprimidos no Brasil, como é caso 
da comunidade LGBTQIA+. Dessa forma, as fronteiras que separam 
as diferentes áreas de atuação do psicólogo se tornam cada vez mais 
tênues e, consequentemente, suas premissas éticas se influenciando 
mutualmente e incorporando questões éticas de outros campos do 
saber, como a medicina social e coletiva ou a sociologia (YAMAMOTO; 
GOUVEIA, 2013).
Figura 3 – A ética e a formação do psicólogo
Fonte: Devonyu/iStock.com. 
18
A recente intercessão entre campos mais progressivos na Psicologia 
(psicologia comunitária, atendimento psicossocial na rede SUS, 
vertentes contemporâneas clínicas com viés feminista, entre outras) têm 
forçado as áreas mais tradicionais da profissão a se desterritorializar, 
isto é, sair de um lugar já conhecido para incorporar novos desafios 
profissionais e, consequentemente, éticos. Entre os exemplos mais 
significativos dessa transformação temos a iniciativa de muitos núcleos 
de psicologia universitários, com o objetivo de introduzir o atendimento 
psicanalítico na psicologia comunitária em comunidades em situação 
de vulnerabilidade e de baixa renda. Assim, é comum que em estágios 
supervisionados em programas de graduação ofereçam atendimento 
clínico freudiano e lacaniano em postos de saúde comunitários, 
contrastando com uma clínica em psicanálise que até o século passado 
era tradicionalmente circunscrita aos consultórios nos Jardins em São 
Paulo ou na Zona Sul no Rio de Janeiro, em sua ampla maioria.
Atualmente, a Ética em Psicologia no Brasil busca, portanto, o equilíbrio 
entre o sujeito e o coletivo, entre o profissional de psicologia solitário 
em um consultório e sua conexão com um fazer socialmente engajado, 
permitindoque os diferentes campos de atuação da profissão se 
obriguem a dialogar e a aprender mutualmente com suas práticas e 
pressupostos éticos e políticos (YAMAMOTO; GOUVEIA, 2013).
Referências
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Nacional da Psicologia: alguns desafios atuais. Psicologia: Ciência e 
Profissão, [s.l.], n. 32, 2012. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pcp/a/
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BRASIL. Lei nº 5.766, de 20 de dezembro de 1971. Cria o Conselho Federal e os 
Conselhos Regionais de Psicologia e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência 
da República, 1971.
BRASIL. Ministério da Educação. Portaria nº 4.059, de 10 de dezembro de 2004. 
Brasília, DF: Ministério da Educação, 2004.
https://www.scielo.br/j/pcp/a/SqN9fHxq3KnkxGYh5CZm5mt/abstract/?lang=pt
https://www.scielo.br/j/pcp/a/SqN9fHxq3KnkxGYh5CZm5mt/abstract/?lang=pt
19
CFP. Conselho Federal de Psicologia. Carta de serviços sobre estágios e serviços-
escola. Brasília, DF: CFP, 2013.
CFP. Conselho Federal de Psicologia. Resolução CFP nº 001/99, de 22 de março de 
1999. Estabelece normas de atuação para os psicólogos em relação à questão da 
Orientação Sexual. Brasília, DF: CFP, 1999.
CNP. Congresso Nacional da Psicologia. Caderno de Deliberações do 9º Congresso 
Nacional de Psicologia (CNP). Brasília, DF: CFP, 2016.
FARE, M. Ética no processo de formação de pesquisadores. In: ANPEd. Associação 
Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação. Ética e pesquisa em 
educação. Rio de Janeiro: ANPEd, 2019. p. 119-23.
FIGUEIREDO, L. C. Revisitando as psicologias: da epistemologia à ética das práticas e 
discursos psicológicos. 8. ed. Petrópolis: Vozes, 2015.
LHULLIER, L. A. (org.) Quem é a Psicóloga brasileira? Mulher, Psicologia e Trabalho. 
Brasília: Conselho Federal de Psicologia, 2013.
MONARCHA, C. Lourenço Filho e a organização da psicologia aplicada à 
educação (São Paulo 1922-1936). Brasília, DF: INEP/MEC, 1999.
SANTOS, A. A. L. dos. A clínica no século XXI e suas implicações éticas. Psicologia: 
Ciência e Profissão, Brasília, v. 21, n. 4, p. 88-97, dez. 2001. Disponível em: https://
www.scielo.br/j/pcp/a/sDyzhNWSRm3Khttm7LSjXFt/?lang=pt. Acesso em: 31 jan. 
2021.
YAMAMOTO, O.; GOUVEIA, V. V. (orgs.). Construindo a Psicologia brasileira: 
desafios da Ciência e prática psicológica. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2013.
https://www.scielo.br/j/pcp/a/sDyzhNWSRm3Khttm7LSjXFt/?lang=pt
https://www.scielo.br/j/pcp/a/sDyzhNWSRm3Khttm7LSjXFt/?lang=pt
20
Normas para a atuação em 
psicologia clínica
Autoria: Alberto Carneiro Barbosa de Souza
Leitura crítica: Juliana dos Santos Corbett
Objetivos
• O exercício da psicologia clínica: normas e ética.
• Normas para a supervisão de estágio em psicologia 
clínica no Brasil.
• Normas para a avaliação psicológica na psicologia 
clínica.
21
1. Introdução
Atualmente, no Brasil, segundo a legislação vigente, a graduação em 
Psicologia permite que o recém-formado exerça funções clínicas. Na 
prática, contudo, se observa a exigência de cursos de especialização, 
mestrado latu sensu e, por vezes, até doutorado na érea na qual ele 
deseja atuar como requisitos básicos para contratação de psicólogo 
clínico. Em outros países, tais como o Canadá e os Estados Unidos, o 
exercício da clínica pelo psicólogo só é possível após o término de um 
doutorado em psicologia, ou seja, cada vez o mercado está elevando 
seus critérios mínimos e exigências fora do Brasil.
1.1 O exercício da psicologia clínica: normas e ética
Com o avanço da tecnologia, as possibilidades de atuação clínica têm 
se multiplicado rapidamente, acompanhadas por obrigações éticas 
do profissional. Um dos campos em que se tem constatado maiores 
expansões é o da clínica a distância, também conhecida como clínica 
on-line (SANTOS, 2021). Essa modalidade de tratamento se dá total 
ou parcialmente pela internet, seja de forma assíncrona (via e-mail, 
mensagens por WhatsApp ou por outra plataforma eletrônica) ou de 
forma síncrona (via Skype, Zoom, WhatsApp em tempo real, por meio de 
áudio e/ou vídeo e, menos frequentemente, via telefone).
Todavia, não é suficiente que o psicólogo possua apenas graduação, 
tenha seu registro no CRP e domine o uso dessas ferramentas. A clínica 
on-line abriu novas perspectivas em psicologia no século XXI, resultando 
na chegada de demandas antes menos frequentes no atendimento 
psicológico presencial no país. Exemplos de tais demandas são os 
campos de direitos humanos, certas complexidades na psicopatologia, 
como síndrome do pânico associada à outras comorbidades, 
emergências de abuso sexual/psicológico/físico ou atendimento 
psicológico em português com pacientes residindo em outros países, 
22
trazendo questões desde adaptação cultural até situações de alta 
vulnerabilidade sexual e/ou física.
Portanto, é condição sine qua non que o psicólogo esteja preparado 
e atualizado em sua formação, a fim de que seja capaz de prestar 
atendimento a distância. No entanto, as obrigações éticas em relação 
a essa forma de atendimento podem ser bastante específicas e, como 
muitas delas já estão homologadas pelo CFP, o não cumprimento pode 
levar a punições, desde uma simples advertência até a cassação do 
registro profissional.
Figura 1 – Normas da OMS contra a covid-19 seguidas por psicólogos 
no Brasil
Fonte: elaborada pelo autor.
23
O atendimento psicológico presencial clínico se mantém como a 
forma mais comum de tratamento em Psicologia, possuindo normas 
éticas obrigatórias a serem seguidas, começando pela divulgação 
desse serviço. No Brasil, de acordo com o §20 do Código de Ética do 
Profissional do Psicólogo, a divulgação de atendimento psicológico é 
permitida, mas deve seguir normas rígidas, a saber: o psicólogo pode 
divulgar seus títulos e formação completa, mas deve obrigatoriamente 
informar seu nome, seu número de registro (CRP) e somente deve 
oferecer modalidades clínicas autorizadas pelo CFP. No caso de o 
profissional preferir criar um nome para sua clínica, ele deve também 
possuir registro no CRP como pessoa jurídica, não isentando o 
profissional, todavia, de informar seu próprio número de registro. Entre 
as proibições estão o valor cobrado, exercer/divulgar tratamentos de 
outras categorias e usar os resultados de tratamentos como estratégia 
de marketing.
Em relação ao local de atendimento, ele deve ser em local no qual 
seja proporcionada a privacidade adequada, móveis que forneçam 
o conforto necessário para o paciente e garanta o sigilo da sessão, 
atendendo às exigências previstas no §1 do Código de Ética. Além das 
modalidades citadas anteriormente, no atendimento remoto ou não-
presencial via internet, deve-se observar as normas contidas no Anexo 1 
da Resolução nº 11/2018 do CFP que, além de reconhecer e autorizar o 
atendimento remoto, a resolução importa todas as obrigações previstas 
no atendimento presencial. Ainda, vale lembrar que, para realizar 
atendimento remoto, o profissional deve se cadastrar na plataforma 
e-Psi. Por fim, temos ainda o atendimento domiciliar, acontecendo 
apenas no caso de o paciente expressar claramente essa necessidade/
demanda, além de o psicólogo se certificar de que o sigilo e a segurança 
de ambas as partes estarão asseguradas (FIGUEIREDO, 2015).
24
1.2 Normas para a supervisão de estágio em psicologia 
clínica no Brasil
A pandemia da covid-19 atingiu todo o planeta, tendo seu início no 
Brasil em 2020, obrigando a psicologia clínica a repensar vários de seus 
paradigmas em relação aos protocolos de atendimento presencial pré-
pandemia. Entre as principais consequências desse processo temos a 
transformação da percepção na sociedade a respeito da modalidade 
do atendimento clínico on-line, refletido inclusive no Sistema Conselhos 
de Psicologia. Antes da pandemia – apesar do avanço do atendimento 
on-line e sua regulamentação em 2018 – uma relativa resistência a essa 
modalidade de atendimento ainda estava presente no Brasil por muitospsicólogos. Entre algumas das resoluções do CFP, ABEP e MEC a respeito 
estágios em Psicologia durante a pandemia de covid-19, destaca-se a 
proibição de estágios e práticas em laboratórios de forma remota.
Com o advento da covid-19 e a confirmação oficial de calamidade 
pública pelo governo federal no ano de 2020, o atendimento on-line se 
impõe bruscamente como a única forma de atendimento clínico possível 
durante a pandemia, a fim que se cumprissem as medidas obrigatórias 
de isolamento social e de quarentena, ocasionando o aumento 
exponencial de atendimentos nessa modalidade, além da migração de 
todos os atendimentos presenciais para o remoto.
Os efeitos imediatos na Psicologia se fizeram sentir rapidamente, 
a começar pela Resolução nº 03/2020 do CFP, determinando a 
prorrogação do vencimento das anuidades dos profissionais no ano 
de 2020, seguindo as medidas adotadas pelo Ministério da Saúde 
(BRASIL, 2020) e o cadastro na plataforma e-Psi sem a necessidade do 
deferimento para o início dos atendimentos. Por fim, o CFP passava 
a promover colóquios e seminários on-line gratuitos para orientar 
psicólogos no atendimento clínico on-line em situações de catástrofes, 
desastres e emergências sanitárias, assim como palestras e cursos a 
25
respeito de medidas biopsicossociais referentes aos atendimentos em 
psicologia clínica.
Figura 2 – Normas da OMS contra a covid-19 seguidas por psicólogos 
no Brasil
Fonte: Space_Cat/iStock.com. 
No entanto, ao autorizar a retomada lenta e gradual de atendimentos 
presenciais, o CFP publicou normas obrigatórias que deveriam ser 
seguidas de acordo com os protocolos da OMS (Organização Mundial de 
Saúde) por todo profissional: referências com o protocolo ou resolução 
utilizada proporcionar ampla ventilação no consultório; disponibilidade 
de álcool em gel 70% para o paciente e para o próprio psicólogo a 
todo o tempo; requisitar que o paciente lave as mãos ao ingressar no 
consultório e interromper o atendimento presencial imediatamente 
ao aparecimento de sintomas para a covid-19 pelo psicólogo e/ou pelo 
paciente, o qual poderá ter sua continuidade de forma on-line.
26
Se antes de 2020 as normas de atendimento psicológico para o 
atendimento de pacientes advindos de tratamento em UTI por longo 
tempo não recebiam atenção fora da psicologia hospitalar (ISMAEL, 
2005), após a pandemia passavam a se tornar conhecidas por várias 
outras linhas clínicas. Isso se deu em razão da divulgação de cursos 
e seminários sobre o processo de desmame de ventilação mecânica 
durante a pandemia, tratamento usado para pacientes graves da 
covid-19, entre outros quadros clínicos (CFP, 2020a).
A importância pós-pandemia da divulgação dessa conduta clínica e suas 
normas se justifica por serem procedimentos padrões em psicologia 
clínica para pacientes internados em UTI, indo além da covid-19 
(MARTINS; SILVA; NÊVEDA, 2020). No caso específico da pandemia 
do covid-19, o desmame se dá de forma gradual e o psicólogo que 
acompanha o procedimento devia cumprir rigorosamente as normas 
bioéticas e de sigilo profissional já existentes anteriormente, o que foi de 
grande valia após a pandemia, sobretudo em relação a pouca atenção 
dada à psicologia hospitalar nos programas de graduação no Brasil 
(TOREZAN et al., 2013).
O atendimento desses pacientes exige condutas muito específicas, como 
a análise de possível distanciamento emocional e afetivo do paciente 
em relação à família e/ou vice-versa. Normalmente, esse distanciamento 
é um mecanismo de defesa do paciente que, ao enfrentamento da 
possibilidade de morte, busca o isolamento para amenizar o sofrimento 
de entes queridos. Outras especificidades são a cuidadosa observação 
da relação dos profissionais de saúde com o paciente, tratar possível 
estigmatização pós-desmame. Ao proporcionar a divulgação dessa 
expertise, a psicologia clínica hospitalar passa a ser muito mais 
valorizada e conhecida na sociedade até hoje.
O estágio em psicologia clínica durante o curso de graduação ou durante 
a formação de especialização objetiva primordialmente desenvolver (no 
caso da graduação ou aprimorar (em especializações) as habilidades e 
27
as práticas clínicas do aluno. Tendo objetivos pedagógicos por natureza, 
esta supervisão tem por objetivo facilitar e articular o diálogo entre a 
prática clínica e a teoria relativa à abordagem escolhida para o estágio. A 
norma primeira de estágio em psicologia obriga que o estagiário tenha 
conhecimento e assine o Termo de Compromisso de Estágio (TCE) e 
duas vias, ficando uma delas na instituição e à disposição do CRP para 
fins de fiscalização.
A carga horaria dependerá do programa de estágio (graduação ou 
especialização) e da área clínica, mas o estagiário sempre deverá 
preencher um relatório de suas atividades, normalmente, semanal, 
embora essa periodicidade seja de escolha da instituição e do 
supervisor, e o não preenchimento recorrente pode levar à reprovação 
do aluno (SANTOS; NÓBREGA, 2017).
Além disso, as normas de supervisão clínica visam garantir que o 
atendimento de pacientes por estagiários não ultrapassem suas 
qualificações. Portanto, caso o supervisor e/ou o responsável técnico 
pela clínica escola identifique casos clínicos que exijam profissionais 
com maior experiência e conhecimento teórico, ele deve por obrigação 
ética e legal a ele a possibilidade de continuar seu tratamento com 
profissional indicado pelo responsável técnico, a preço compatível com 
suas disponibilidades financeiras.
28
Figura 3 – A supervisão de estágio em psicologia é parte 
fundamental da formação em psicologia clínica
Fonte: SDI Productions/iStock.com.
Em relação às normas que regem as obrigações do estagiário, ele deverá 
desmarcar a sessão agendada com antecedência e, por meio de seu 
supervisor, ao obter autorização, comunicar o paciente. Da mesma 
forma, é necessário manter o sigilo profissional e discutir seus casos 
clínicos apenas nas sessões de supervisão, sob pena do estagiário 
ser desligado do programa. As entrevistas de acolhimento podem 
ser feitas pelo próprio estagiário, dependendo de sua qualificação ou 
pelo supervisor, o que acontece sobretudo nos estágios de graduação, 
embora nesses casos e à critério da supervisão, o próprio estagiário 
poderá conduzi-las.
Independentemente da natureza do estágio clínico–seja curricular 
ou não obrigatório-, todas as normas éticas devem ser cumpridas e 
29
seu desconhecimento não é justificativa para seu descumprimento. A 
responsabilidade em relação à má conduta clínica poderá recair sobre a 
supervisão ou, dependendo do ocorrido, sobre o estagiário. De qualquer 
forma, em casos de queixas formais por parte do paciente, ambos 
devem ser ouvidos pela coordenação do serviço de psicologia do curso. 
Portanto, é fundamental que tanto o supervisor quanto o estagiário 
conheçam o Código de Ética da Psicologia, assim como as resoluções do 
CRP de sua região e as normas da ABEP.
1.3 Normas para a avaliação psicológica na psicologia 
clínica
A avaliação psicológica é prática vedada a qualquer profissional no Brasil 
que não possua registro no CRP de sua região, tendo como objetivo 
central conhecer melhor a demanda do paciente e sugerir a melhor 
conduta terapêutica ou encaminhá-lo a um profissional que possa 
melhor atender a demanda apresentada. De acordo com Resolução 
nº 9 do CFP, a avaliação psicológica é, portanto, “a investigação de 
fenômenos psicológicos, composto de métodos, técnicas e instrumentos, 
com o objetivo de prover informações à tomada de decisão, no âmbito 
individual, grupal ou institucional.”
Uma vez que a avaliação psicológica é de iniciativa do psicólogo, ele deve 
seguir a norma vigente na qual o instrui a explicar a razão da realização, 
como será feita e o nome do(s) teste(s) psicológico(s), se houver, assim 
como deve estar claro ao paciente que ele poderá interromper a 
avaliação e/ou o teste psicológico a qualquer momento. Se o profissional 
decidir aplicar um teste psicológico durantesua avaliação, ele deve 
obrigatoriamente estar listado no Sistema de Avaliação de Testes 
Psicológicos (SATEPSI), que se constitui nos testes avaliados e aprovados 
pelo CFP. É terminantemente vedada ao psicólogo a aplicação de 
qualquer instrumento que não conste no SATEPSI que foi aprovado pela 
Resolução nº 9/2018, do Conselho Federal de Psicologia.
30
Figura 4 – Utilização de testes psicológicos
Fonte: elaborada pelo autor.
31
A avaliação psicológica é usada em diversos contextos não-clínicos no 
país, em que um dos mais conhecidos é o chamado Teste Psicotécnico, 
utilizado pela psicologia do trânsito para avaliar candidatos à carteira de 
motorista. A norma central dessa avaliação informa o psicólogo que ele 
não avaliará se o candidato irá causar acidentes, mas sim se ele possui 
predisposição de se expor a situações de risco (CFP, 2019). A avaliação 
psicológica do trânsito foi definida pelo Conselho Nacional de Trânsito 
(CONTRAN) em sua Resolução nº 090/98. Segundo essa resolução, o 
psicólogo deverá ser capaz de avaliar o candidato em relação a suas 
habilidades preceptoras-reacionais, motoras e mentais, além de seu 
equilíbrio psicoemocional e habilidades específicas à atividade de 
condução de veículos motorizados (HOFFMANN; CRUZ, 2003).
Referências
BRASIL. Portaria nº 639, de 31 de março de 2020. Dispõe sobre a ação 
estratégica “o Brasil conta comigo–profissionais da saúde”, voltada à capacitação 
e ao cadastramento de profissionais da área de saúde, para o enfrentamento à 
pandemia do coronavírus (COVID-19). Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2020.
CFP. Conselho Federal de Psicologia. Coronavírus–Informações ao Psicólogo. 
Brasília, DF: CFP, 2020a.
CFP. Conselho Federal de Psicologia. Código de ética profissional do psicólogo. 
Brasília, DF: CFP, 2005.
CFP. Conselho Federal de Psicologia. Nota orientativa às(aos) psicólogas(os): 
trabalho voluntário e publicidade em psicologia, diante do coronavírus (COVID-19). 
Brasília, DF: CFP, 2020b.
CFP. Conselho Federal de Psicologia. Resolução nº 1, de 7 de fevereiro de 2019. 
Institui normas e procedimentos para a perícia psicológica no contexto do trânsito e 
revoga as Resoluções CFP nº 007/2009 e 009/2011. Brasília, DF: CFP, 2019.
CFP. Conselho Federal de Psicologia. Resolução nº 3, de 23 de março de 2020. 
Dispõe sobre a prorrogação do vencimento da anuidade do exercício 2020. Brasília, 
DF: CFP, 2020c.
CFP. Conselho Federal de Psicologia. Resolução nº 9, de 25 de abril de 2018. 
Estabelece diretrizes para a realização de Avaliação Psicológica no exercício 
profissional da psicóloga e do psicólogo, regulamenta o Sistema de Avaliação de 
Testes Psicológicos–SATEPSI e revoga as Resoluções n°
32
002/2003, nº 006/2004 e n° 005/2012 e Notas Técnicas n° 01/2017 e 02/2017. 
Brasília, DF: CFP, 2018a.
CFP. Conselho Federal de Psicologia. Resolução nº 11, de 11 de maio de 2018. 
Regulamenta a prestação de serviços psicológicos realizados por meios de 
tecnologias da informação e da comunicação e revoga a Resolução CFP N.º 11/2012. 
Brasília, DF: CFP, 2018b.
FIGUEIREDO, L. C. Revisitando as psicologias: da epistemologia à ética das práticas 
e discursos psicológicos. 8. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2015.
HOFFMAN, M. H.; CRUZ, R. M. Síntese Histórica da Psicologia do Trânsito no Brasil. 
In: HOFFMANN, M. H.; CRUZ, R. M.; ALCHIERI, J. C. (org.). Comportamento humano 
no trânsito. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003. p. 17-29.
ISMAEL, S. M. C. A inserção do psicólogo no contexto hospitalar. In: ISMAEL, S. M. C. 
(org.). A prática psicológica e sua interface com as doenças. São Paulo: Casa do 
Psicólogo, 2005. p. 17-36.
MARTINS, A.; SILVA, A.; NÊVEDA, R. Ajustamento psicológico de doentes com 
insuficiência respiratória crónica em ventilação mecânica domiciliária. Revista 
Portuguesa de Psicossomática, [s.l.], v. 7, n. 1-2, p. 125-137, 2005. Disponível em: 
https://www.redalyc.org/pdf/287/28770210.pdf. Acesso em: 1 fev. 2022.
SANTOS, A. A. L. dos. A clínica no século XXI e suas implicações éticas. Psicologia: 
Ciência e Profissão, Brasília, v. 21, n. 4, p. 88-97, dez. 2001. Disponível em: https://
www.scielo.br/j/pcp/a/sDyzhNWSRm3Khttm7LSjXFt/?lang=pt. Acesso em: 1 fev. 
2022.
SANTOS, A. C.; NÓBREGA, D. O. Dores e delícias em ser estagiária: o estágio 
na formação em psicologia. Psicologia: Ciência e Profissão, Brasília, v. 
37, n. 2, p. 515-528, 2017. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pcp/
a/6cGHYvPWPpvfdKCWmGNpVSm/abstract/?lang=pt. Acesso em: 1 fev. 2022.
TOREZAN, Z. F. et al. A graduação em psicologia prepara para o trabalho no 
hospital? Psicologia: ciência e profissão, Brasília, v. 33, n. 1, p. 132-145, 2013. 
Disponível em: https://www.scielo.br/j/pcp/a/nJQ5FsRvCxfXYqgdYKM7YxK/
abstract/?lang=pt. Acesso em: 1 fev. 2022.
https://www.redalyc.org/pdf/287/28770210.pdf
https://www.scielo.br/j/pcp/a/sDyzhNWSRm3Khttm7LSjXFt/?lang=pt
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https://www.scielo.br/j/pcp/a/6cGHYvPWPpvfdKCWmGNpVSm/abstract/?lang=pt
https://www.scielo.br/j/pcp/a/nJQ5FsRvCxfXYqgdYKM7YxK/abstract/?lang=pt
https://www.scielo.br/j/pcp/a/nJQ5FsRvCxfXYqgdYKM7YxK/abstract/?lang=pt
33
Registros profissionais e a guarda 
de documentos
Autoria: Alberto Carneiro Barbosa de Souza
Leitura crítica: Juliana dos Santos Corbett
Objetivos
• Conhecer o que são documentos psicológicos.
• Estudar a guarda de documentos psicológicos 
digitalizados.
• Investigar a guarda de documentos psicológicos não-
digitalizados e documentos psicológicos em equipes 
multiprofissionais.
• Compreender como se dão os registros 
profissionais.
34
1. Introdução
No Brasil, o registro profissional em Psicologia é mais do que um direito 
do psicólogo, trata-se de uma obrigação. Sem ele, o profissional estará 
impedido de exercer as funções para as quais foi habilitado, mesmo 
tendo concluído graduação em Psicologia. Além disso, ao se mudar de 
estado ou de região, o psicólogo necessita transferir seu registro para 
a localidade onde irá trabalhar. Na prática, se o profissional iniciar suas 
funções sem a devida transferência cometerá falta grave e será punido 
pelo Sistema Conselhos. A exceção se dá quando o psicólogo exercer 
apenas atividades acadêmicas e/ou de pesquisa. Nesse caso, ele não 
é necessária a transferência do registro. A mesma rigidez se aplica no 
tocante à guarda de documentos importantes, em que o professional 
necessita zelar bem deles, pois podem conter informações confidenciais 
e/ou sensíveis em relação aos pacientes, às instituições ou aos 
diagnósticos. A guarda de documentos emitidos pelo psicólogo ou a ele 
conferidos é de responsabilidade exclusiva dele.
2. Documentos psicológicos
O chamado documento psicológico é importante para o exercício da 
profissão do psicólogo, independentemente da área de atuação. O 
documento emitido e assinado pelo profissional pode ser o resultado de 
serviços prestados a um indivíduo, organização, escola, organização ou 
qualquer outra pessoa jurídica. Na avaliação psicológica, o documento 
faz parte de um processo científico de coleta de dados resultantes 
de complexos fenômenos e processos psicológicos. Portanto, os 
documentos gerados serão a mais importante fonte de consultas futuras 
a respeito de terminado processo e diagnóstico e terá valor inclusive 
legal, dependendo de quem o requereu. Portanto, tais documentos 
não podem ser substituídos, a não ser por expressa autorização do 
psicólogo que o elaborou. Contudo, ao perdê-lo, o requerente deverá 
35
pedir exclusivamente que esse profissional emita uma nova via ou, se 
quiser, proceder novos testes psicológicos com ele ou outro profissional. 
Da mesma forma, o processo de escrita de documentos está relacionado 
ao tempo e, dependendo que quanto se passou, devem ser feitas novas 
avaliações.
A importância dos documentos para a psicologia ultrapassa o tempo 
presente. Cada vez mais, a academia se interessa pelos processos 
psicológicos epelos fenômenos psicoemocionais. Portanto, a 
documentação a respeito do que já foi desenvolvido no passado é 
vital para a produção acadêmica e científica presente. Até mesmo 
os documentos de uma prática da psicologia dos séculos XVIII e XIX 
se mostram importantes fontes de consulta para que possamos 
compreender a evolução da profissão e o comportamento humano ao 
longo do tempo.
Porém, entre todos os pontos abordados até agora, talvez o mais 
importante no tocante aos documentos para a psicologia é que, por 
meio deles, pode-se conhecer como se deu as relações de poder e 
o lugar do psicólogo frente à medicina e outras áreas do saber. O 
profundo estudo das relações de poder na clínica tão bem estudadas 
por Michel Foucault, só foi possível pois esse autor pesquisou 
extensivamente milhares de documentos a respeito da clínica em 
psicologia e psiquiatria, resultando em um dos mais importantes livros a 
respeito da história da clínica em saúde mental: O Nascimento da Clínica 
(FOUCAULT, 2011).
36
Figura 1 – Os documentos psicológicos são essenciais ao fazer ético 
da psicologia
Fonte: smolaw11/iStock.com. 
Outra questão que pode ser estudada por meio de documentos 
psicológicos são o preconceito e a formação de estereótipos ao longo 
do tempo, tanto na clínica quanto em outros campos da Psicologia. Com 
os estudos de documentos, Ervin Goffmann investigou o fenômeno 
social do estigma, algo importante para a psicologia social e comunitária. 
Goffmann explica como a estigmatizaçāo se constrói a partir de um 
processo histórico e social, causando danos à identidade do indivíduo. 
Por meio de documentos psicológicos, pode-se pesquisar como 
determinados estigmas se formaram na sociedade e, como psicólogos, 
elaborarmos novas formas de lidar com o estigma tanto em nossa 
geração como para as futuras.
2.1 A guarda de documentos psicológicos digitalizados
A guarda de documentos em ambiente digital tem crescido 
vertiginosamente nos últimos vinte anos e, provavelmente, manterá 
essa tendência. Com tal volume de dados circulando na internet seria 
37
natural prever que problemas de segurança poderiam surgir e, por isso, 
diversos mecanismos de proteção foram criados, como os certificados 
digitais. A psicologia não ficou de fora da revolução digital e, por esse 
motivo, tanto o CFP quanto a legislação vigente elaboraram normas e 
obrigações éticas para a guarda de documentos psicológicos, seja para a 
troca de documentos ou para sua guarda.
Deve-se guardar legalmente vários documentos, como testes 
psicológicos, laudos ou, até mesmo, prontuários. Contudo, é necessário 
estar atento às normas éticas. Além da responsabilidade da guarda 
de informações confidenciais, há ainda o risco real de falhas técnicas 
na rede mundial de computadores. O armazenamento eletrônico de 
documentos psicológicos deve seguir a Resolução nº 007/2003 do CFP, 
que orienta o profissional a guardar o material pelo prazo mínimo de 5 
anos, seja na forma física ou digitalizada em lugar seguro e sigiloso. A 
não observação dessa resolução pode gerar as punições previstas no 
código de ética da categoria, observando-se a responsabilidade por eles 
tanto do psicólogo quanto da instituição em que ocorreu a avaliação 
psicológica.
Outro importante ponto para nos atentarmos na guarda de documentos 
psicológicos digitalizados se refere a sua legibilidade. Isso significa que, 
se porventura a digitalização de um documento psicológico físico não 
possa garantir sua completa legibilidade, os originais físicos não devem 
ser eliminados. Isso é fundamental para psicólogos que trabalhem 
em autarquias, organizações ou instituições, pois, com o avanço da 
tecnologia é comum termos implementados nesses lugares projetos de 
digitalização de todos ou grande parte dos documentos e, em muitas 
delas, esse processo de digitalização é automatizado.
Por isso, o psicólogo deve estar atento para não permitir que 
nenhum documento psicológico seja digitalizado sem sua expressa 
autorização. Em alguns casos, seja pela possibilidade de perda da 
legibilidade ou pelo documento conter dados extremamente sensíveis 
38
e que devem ser cofiados apenas ao psicólogo, o profissional pode 
proibir sua digitalização ou não permitir a destruição do original 
físico. Os prontuários psicológicos são documentos muito específicos 
e importantes para o exercício da Psicologia, pois são registros 
documentais a respeito de pacientes. Por isso, quando sua digitalização 
for permitida, os originais devem ser preservados em lugar seguro e 
sigiloso por no mínimo cinco anos, como institui o Código de Ética de 
Psicólogos.
Contudo, é consenso entre muitos psicólogos clínicos que prontuários 
psicológicos que contenham informações de ideação suicida, 
automutilação, violação de direitos humanos e possibilidade de 
processos judiciais, como alienação parental entre outros, devem ser 
arquivados acima do prazo mínimo de cinco anos estabelecido pelo 
CFP. Esse cuidado extra resguardará o psicólogo e seu(s) cliente(s) de 
quaisquer problemas no campo da Psicologia e no âmbito jurídico.
Em relação ao atendimento clínico on-line, deve-se estar ciente de que 
o registro em vídeo e/ou de voz, de acordo com o CFP, não se configura 
como prontuário. Portanto, em acordo com a Resolução nº 01/2009 do 
CFP, todo o atendimento on-line deve ter seu respectivo prontuário e 
registro documental. Da mesma forma, o psicólogo é aconselhado a 
compartilhar com seu cliente e a ter uma cópia em sua guarda (seja em 
formato digital e/ou físico) de um termo de declaração de prestação de 
serviços psicológicos de forma não-presencial, on-line. Aconselha-se 
também que o profissional faça seu cliente ter ciência da Resolução nº 
04/2020 do CFP – especificamente direcionada à pandemia de covid-19 -, 
que autoriza e regulamenta serviços psicológicos através de tecnologias 
da informação e de comunicação.
Esse é um documento que o psicólogo que presta seus serviços de 
forma remota deve ter sempre em sua guarda o todo o tempo. Além 
disso, caso seja necessário, o psicólogo poderá assinar documentos 
39
psicológicos com sua assinatura digital, sem se descuidar das diretrizes 
do CFP.
Figura 2 – A tecnologia de criptografia permite que documentos 
psicológicos sejam guardados eletronicamente em segurança
Fonte: elaborada pelo autor.
Para a guarda de documentos digitalizados, além das obrigações éticas 
exigidas pelo conselho de classe, algumas instituições, sobretudos 
as autarquias públicas, podem aconselhar que o psicólogo faça a 
certificação digital de documentos com informações sigilosas, a fim de 
garantir sua fidedignidade do documento digital, assim como garantir a 
autenticidade de sua autoria. Uma das possibilidades nesses casos é que 
o psicólogo obtenha a certificação digital emitida pelo Instituto Nacional 
de Tecnologia da Informação (INTI), por meio de sua Infraestrutura de 
Chaves Públicas Brasileira (ICP-Brasil).
Essa certificação foi criada por meio da MP 2002/2001 e a vantagem 
da ICP-Brasil é que, além de ser emitida pelo governo federal, está 
40
protegida por criptografia assimétrica. Esse sistema emite um certificado 
público para acesso do cliente, paciente ou instituição e um certificado 
privado. Dessa forma, as partes interessadas podem visualizar o 
documento psicológico, mas não podem modificá-lo, pois apenas o 
psicólogo terá tal possibilidade. Esse sistema de guarda digital também 
é útil na proteção contra invasões no sistema onde o documento está 
armazenado. O invasor poderá até visualizar o documento psicológico, 
mas será incapaz de modificá-lo.
2.2 A guarda de documentos psicológicos não-
digitalizados e documentos psicológicos em equipes 
multiprofissionais
Como visto anteriormente, todo documento psicológico deve ser 
guardado obrigatoriamente por no mínimo cinco anos, podendo 
estender-se por decisão judicial ou por escolha do próprio psicólogo. 
Além disso, tais documentos devem permanecer sob a guarda do 
psicólogo mesmo após o términodo serviço prestado. Antes de se 
aprofundar na guarda de documentos não-digitalizados, é importante 
saber quais os documentos têm a obrigatoriedade de arquivamento 
segundo o CFP e como preenchê-los.
É obrigação do psicólogo, de acordo com a Resolução nº 001/2009 
do CFP, relatar como foi o atendimento com cada paciente/cliente. 
Essa obrigatoriedade não se limita ao psicólogo clínico, pois engloba 
qualquer área de atuação da psicologia, como a psicologia jurídica, 
social e comunitária, hospitalar organizacional etc. No caso da avaliação 
psicológica, além da guarda dos resultados, pode-se produzir três 
documentos psicológicos: prontuário único, prontuário psicológico e 
registro documental.
Prontuário único: documento usado em equipes multiprofissionais, 
no qual cada profissional fará anotações resumidas e em linguagem 
41
acessível a todos os profissionais envolvidos. Portanto, deve-se evitar 
a utilização excessiva de jargões psicológicos. O prontuário único, por 
ser de uso multiprofissional, deve ter sua guarda pelo tempo mínimo 
previsto em todas as categorias. Como o prazo mínimo do CFM 
(Conselho Federal de Medicina) é de 20 anos, ele deve ser o tempo que 
o hospital ou a instituição deve mantê-lo sob sua guarda. No prontuário 
único devem constar as informações sobre a saúde mental e/ou física do 
paciente anotadas por todos os profissionais que fizeram atendimento. 
Nele inclui-se ainda resultados de exames, testes psicológicos e 
resumo do atendimento psicológico e/ou médico prestado. Ao fazer a 
guarda desde documento é imprescindível constatar que todas essas 
informações estão presentes e legíveis. O prontuário único, assim 
como o prontuário psicológico, possui valor legal e a falha em seu 
preenchimento se constitui falha ética do psicólogo. Nesse contexto, 
ainda, é importante lembrar que, apesar de o psicólogo ou a instituição 
terem a guarda do documento, de acordo com Portaria nº 1820/2009, do 
Ministério da Saúde, o documento pertence ao paciente ou ao usuário 
(GAZOTTI; PREBIANCHI, 2014).
Prontuário único eletrônico: contém as mesmas informações do 
prontuário único físico. As diferenças estão na assinatura digital, 
mecanismos de segurança com chaves pública e privada (ver item 
“guarda de documentos digitalizados”) e a certificação digital. A guarda 
pelo hospital ou instituição também deve ser pelo mesmo tempo.
Prontuário psicológico: documento exclusivo do psicólogo e do 
usuário, tem sua guarda sob responsabilidade do psicólogo, que 
deve fazê-lo pelo período mínimo de cinco anos e, atualmente, tem-
se utilizado amplamente o Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP). 
Nele deve-se detalhar o atendimento psicólogo, assim como outras 
informações pertinentes ao caso (VENTURA; COELI, 2018). De uma forma 
geral, o prontuário psicológico, de acordo com a Resolução nº 001/2009, 
deve conter no mínimo os seguintes itens, normalmente (mas não 
obrigatoriamente) nessa ordem:
42
• Identificação do paciente.
• Frequência dos atendimentos.
• Avaliação psicológica inicial (anamnese, em algumas áreas da 
psicologia).
• Resultados de testes psicológicos (se houver).
• Evolução apenas do tratamento psicológico.
• Registro de encaminhamento psicológico.
Registro documental: esse documento é de uso exclusivo do psicólogo 
e, em caso de fiscalização, o Sistema Conselhos pode requisitá-lo, assim 
como autarquias jurídicas mediante solicitação de um juiz. O registro 
documental deve ser guardado pelo prazo mínimo de cinco anos e deve 
conter as informações do paciente/usuário, assim como avaliações, 
resultados de testes psicológicos e objetivos a serem alcançados com o 
tratamento.
2.3 Registros profissionais
O Brasil, segundo Saldanha (1972), foi um dos primeiros países a 
oficialmente regulamentar e reconhecer a psicologia como profissão. 
Desde sua regulamentação em 1962, o registro profissional do psicólogo 
é obrigatório para qualquer profissional que queria atuar em área não 
acadêmica ou na gerência de Recursos Humanos (gerentes de RH não 
necessitam estar inscritos no CRP de sua região ou estado). Isso porque, 
segundo entendimento do TRF-4 de 30 de junho de 2016, a Lei Federal 
nº 4119/62 que regulamenta a profissão de psicologia não atinge o 
cargo de gerente de recursos humanos, já que ele não exerce funções 
exclusivas da psicologia, como a aplicação de testes psicológicos ou o 
atendimento clínico, assim como orientação e seleção profissional.
43
Além disso, o psicólogo deve ter sua inscrição ativa no conselho regional 
de onde atua, ou seja, estar em dia com sua anuidade e, ao mudar de 
estado ou região, transferir seu registro profissional. Caso o psicólogo 
atue sem ter efetuado seu registro profissional, incorrerá no exercício 
ilegal da profissão (CFP, 2005). Da mesma forma, ainda de acordo com o 
código de ética da categoria, se caracteriza exercício ilegal da psicologia 
quando o indivíduo não possua a formação em psicologia adequada 
para seu registro profissional, por exemplo, estudantes de psicologia 
sem formalização de contrato de estágio em que consta o nome do 
supervisor responsável, incluindo em ambiente virtual (CFP, 2005).
Figura 3 – Antes de uma obrigação, o registro profissional é um 
direito de todo psicólogo
Fonte: RafaPress/iStock.com.
É importante saber que a formação em psicologia per se não autoriza o 
formado a atuar como psicólogo, pois, além de ferir o código de ética 
da categoria está infringindo a legislação que, de acordo com o Decreto-
lei nº 3.688/41 art. 47: “exercer profissão ou atividade econômica ou 
anunciar que a exerce sem preencher as condições a que por lei está 
44
subordinado o seu exercício. Pena–prisão simples, de 15 (quinze) dias a 
3 (três) meses ou multa.”
Contudo, não apenas pessoas físicas são passíveis de punição por não 
estarem com seus registros profissionais de forma correta. Pessoas 
jurídicas, ainda segundo o código de ética, também são passiveis de 
fiscalização, pois elas devem ter suas inscrições junto ao CRP de seu 
estado ou região. Por esse motivo, é de responsabilidade da contratante 
se assegurar de que o psicólogo tenha seu registro profissional em dia, 
assim como as credenciais adequadas ao exercício legal e autorizado 
da psicologia. Por outro lado, o psicólogo também é responsável por se 
certificar de que a pessoa jurídica contratante possui registro ativo junto 
ao CRP de sua região ou estado.
Diferente do exercício ilegal é o exercício irregular da psicologia. Essa 
situação se dá quando o psicólogo atua por mais de noventa dias em 
estado ou região no qual não fez possui registro profissional, ou seja, 
mudou-se de região ou estado, mas manteve seu registro em seu 
antigo domicílio. Nesse caso, o profissional incorrerá não em falha ética, 
mas em infração disciplinar e responderá em um Processo Disciplinar 
Ordinário.
A fim de que o psicólogo seja habilitado para exercer sua profissão 
sem incorrer em falta ética ou exercer a profissão de forma irregular, 
ele deve ter seu registro profissional junto ao CRP e ter sua carteira 
profissional. Para tirar esse documento, deve-se apresentar um 
requerimento de pessoa física assinado, diploma de graduação em 
psicologia ou, na falta dele, o diploma de bacharelado com formação de 
psicólogo (ambos registrados). Caso o psicólogo seja recém-formado, 
ele poderá apresentar sua certidão de colação de grau. Além disso, 
deve-se apresentar seu RG (o Sistema Conselhos não aceita carteira 
de habilitação, por isso, também se pode apresentar a carteia de 
trabalho ou a carteira profissional de outra categoria), CPF, quitação 
eleitoral, certificado de reservista para os homens, comprovante de 
45
residência atualizado, certidão de casamento/divórcio e três fotos 3x4. 
Normalmente, a carteira profissional fica pronta em até 45 dias, mas os 
prazos podem depender de cada CRP.
Como já foi observado, o profissional que se muda para outra região 
ou estado deve e irá atuar como psicólogo por mais de 90 dias também 
transferir seuCRP, em um processo chamado “Inscrição Secundária”. 
Os documentos a serem apresentados são a identidade profissional de 
psicólogo, documento constando onde o psicólogo atuará caso não seja 
autônomo e comprovante de anuidade em seu CRP de origem. O prazo 
para a conclusão da transferência é de, normalmente, 60 dias.
Ainda em relação ao registro profissional, se o psicólogo não mais 
desejar exercer a profissão, ele deve providenciar seu cancelamento 
de registro. Para tal, além de não mais estar trabalhando na área, o 
profissional não pode estar respondendo a processo ético, pois, se ele 
estiver não poderá cancelar seu registro. Existem ainda outras situações 
especiais em relação ao registro profissional. As principais são isenção 
de anuidade junto ao CRP por razão de doença grave são: tuberculose, 
esclerose múltipla, cardiopatia grave, Parkinson e demais patologias 
previstas na receita federal.
Referências
BRASIL. Decreto-lei nº 3.688, de 3 de outubro de 1941. Lei das Contravenções 
Penais. Brasília, DF: Presidência da República, 1941.
BRASIL. Lei nº 4.119, de 27 de agosto de 1962. Dispõe sobre os cursos de formação 
em psicologia e regulamenta a profissão de psicólogo. Brasília, DF: Presidência da 
República, 1962.
BRASIL. Tribunal Regional Federal (4ª Região). Processo 5039822-15.2017.4.04.7000/
TRF. 30 de junho de 2016.
CFP. Conselho Federal de Psicologia. Código de ética profissional do psicólogo. 
Brasília, DF: CFP, 2005.
46
CFP. Conselho Federal de Psicologia. Norma Técnica CFP nº 1, de 22 de março de 
1999. Estabelece normas de atuação para os psicólogos em relação à questão da 
Orientação Sexual. Brasília, DF: CFP, 1999.
CFP. Conselho Federal de Psicologia. Resolução CFP nº 1/2009. Dispõe sobre 
a obrigatoriedade do registro documental decorrente da prestação de serviços 
psicológicos. Brasília, DF: CFP, 2009.
CFP. Conselho Federal de Psicologia. Resolução nº 4, de 26 de março de 2020. 
Dispõe sobre regulamentação de serviços psicológicos prestados por meio de 
Tecnologia da Informação e da Comunicação durante a pandemia do COVID-19. 
Brasília, DF: CFP, 2020.
CFP. Conselho Federal de Psicologia. Resolução CFP nº 007/2003. Institui o Manual 
de Elaboração de Documentos Escritos produzidos pelo psicólogo, decorrentes de 
avaliação psicológica e revoga a Resolução CFP 17/2002. Brasília, DF: CFP, 2003
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Reflexões acerca da atuação 
profissional – Sigilo
Autoria: Alberto Carneiro Barbosa de Souza
Leitura crítica: Juliana dos Santos Corbett
Objetivos
• Conhecer o Código de Ética de Psicologia e a 
Legislação Sobre Sigilo Profissional.
• Apresentar novas áreas de atuação da Psicologia no 
Brasil e o sigilo profissional.
• Discutir as normas gerais do sigilo do psicólogo no 
Sistema Único de saúde (SUS).
• Refletir a respeito da psicologia clínica do 
adolescente e o sigilo profissional.
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1. Introdução
A psicologia tem conquistado mais espaço a cada dia na sociedade 
brasileira, sobretudo após dois momentos históricos: a abertura política 
em meados da década de 1980 e a reforma psiquiátrica no final do 
século XX. O fim da ditadura militar trouxe oxigênio para a formação 
em psicologia, fazendo com que o psicólogo começasse a construir sua 
carreira desde os primeiros anos de faculdade, por meio do exercício 
do pensamento crítico e da atuação política. Já a reforma psiquiátrica 
brasileira, embasada no modelo italiano de Franco Basaglia, pouco a 
pouco busca extinguir as internações no país, reformulando o serviço 
em saúde mental, embora o cenário atual no Brasil ainda não seja de 
extinção das internações. Entre outras inciativas, talvez a principal seja o 
movimento de destronamento da psiquiatria como saber central – ainda 
não atingido, apesar de alguns avanços –, trazendo para esse campo 
importantes contribuições da Psicologia e da Psicanálise. A consequência 
de todas essas transformações foi a importância cada vez maior do 
Código de Ética da Psicologia que, entre outros pontos, é muito rigoroso 
no tocante ao sigilo profissional.
2. Conhecer o Código de Ética de Psicologia e a 
Legislação Sobre Sigilo Profissional
O sigilo profissional está intimamente ligado à profissão da psicologia 
na ampla maioria dos países no mundo. O principal objetivo do sigilo 
no campo da psicologia é proteger a integridade e a subjetividade do 
paciente que confia em seu psicólogo aspectos de sua personalidade na 
clínica, do usuário no sistema público e o cliente nas demais áreas da 
profissão (CFP, 2005). O sigilo na psicologia possui, segundo o Código 
de Ética, dois pontos cruciais: a privacidade e a confiança da pessoa que 
busca o serviço.
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2.1 O sigilo na Psicologia
O sigilo na clínica se constitui em um dos principais pilares de sua 
própria existência. Sem sigilo não há clínica psicológica e isso também 
constitui violação ética gravíssima e crime previsto em lei, além de ser 
quebra inadmissível de um contrato verbal implícito (muitas vezes, até 
mesmo, formal e escrito). O código de ética prevê em seu art. 9º que: 
“é dever do psicólogo respeitar o sigilo profissional a fim de proteger, 
por meio de confidencialidade a intimidade das pessoas, grupos ou 
organizações, a que tenha acesso no exercício profissional” (CFP, 2005). 
Já a legislação brasileira, por meio da Constituição Federal, é muito clara 
em relação à obrigatoriedade do sigilo profissional e à inviolabilidade 
da intimidade do cidadão. Com isso, a quebra de sigilo por parte do 
psicólogo clínico pode ser passível de processo civil por danos morais 
(BRASIL, 1988).
Além disso, o Código Penal Brasileiro (CPB), em seu art. 154, tipifica a 
quebra de sigilo como crime passível de multa e/ou detenção por até um 
ano (BRASIL,1940), inclusive com jurisprudências para as clínicas médica 
e psicológica. Finalmente, a obrigação de sigilo do psicólogo clínico se 
estende ao prontuário de seus

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