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1 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br ALUNOA): PREPARAÇÃO PARA A SEDUC PROFESSOR(A)/ DISCIPLINA: Prof. Bruno Marques / Temas Educacionais DATA: TEMAS EDUCACIONAIS – PROF. BRUNO MARQUES 1. Temas educacionais, pedagógicos e o uso da das metodologias ativas no ensino: 1. Temas educacionais, pedagógicos e o uso da das metodologias ativas no ensino: 1.1 História da educação. 1.2. teorias da aprendizagem (como Piaget, Vygotsky). 1.3. filosofia da educação. 1.4. Diretrizes curriculares. 1.5. políticas públicas e legislações que regulam a educação, como a LDB (Lei de Diretrizes e Bases). 1.6. Organização e desenvolvimento de currículos. 1.7. planejamento de aulas. 1.8. objetivos de ensino. 1.9. Métodos e técnicas de ensino. 1.10. estratégias pedagógicas para diferentes faixas etárias e níveis educacionais. 1.11. Formas de avaliação, tipos de provas, feedback e como medir o desempenho dos alunos. 1.12. Uso de tecnologias digitais em sala de aula. 1.13. ferramentas educacionais. 1.14. Administração de instituições de ensino, liderança educacional e relações com a comunidade escolar. 1.15. Educação inclusiva, respeito à diversidade cultural e social, estratégias para lidar com alunos com necessidades especiais. 1.16. Aspectos psicológicos que influenciam o processo de ensino-aprendizagem. 1.17. motivação, desenvolvimento emocional dos alunos. 1.18. O papel da educação na transformação social. 1.19. relação entre educação e cidadania. 1.20. combate ao preconceito e à desigualdade. 1.21. Introdução ao que são metodologias ativas, sua importância no ensino e comparação com métodos tradicionais. 1.22. Como usar problemas do mundo real para engajar os alunos, promovendo investigação e pensamento crítico. 1.23. Desenvolvimento de projetos interdisciplinares que integram teoria e prática, incentivando a pesquisa, criatividade e trabalho em equipe. 1.24. Reversão do processo tradicional de ensino, onde os alunos estudam o conteúdo em casa e usam o tempo em sala para atividades práticas e debates. 1.25. Uso de elementos de jogos para incentivar o aprendizado, como recompensas, desafios e missões. 1.26. Técnicas para estimular o trabalho em grupo e a cooperação entre os alunos para resolver problemas e compartilhar conhecimento. 1.27. Integração do ensino presencial com plataformas online, combinando diferentes formatos de aprendizado 1.1 História da educação. Em 1549, com a chegada dos jesuítas surgiu à primeira instituição escolar no Brasil, o primeiro plano educacional foi desenvolvido pelo o padre Manoel da Nóbrega, com o objetivo de ensinar o aprendizado do português, a doutrina cristã, a escola de ler e escrever, canto orfeônico, música instrumental, aprendizado profissional e agrícola e gramática latina, no entanto o plano educacional não se estendia a população indígena. Logo após houve um descontentamento tanto na metrópole quanto na colônia em relação aos padres Jesuítas, devida a baixa produção de mineração e os atritos entre os colonos e os religiosos, fatores que Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 2 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC causaram a expulsão dos Jesuítas de Portugal e de suas colônias. Com a reforma pombalina em 1759 surgiu a primeira tentativa de formar uma escola pública sobre o domínio do estado, visando educar para o interesse do país e não da ordem religiosa. Diante da mudança de interesse houve também mudança na estrutura do ensino, leigos passaram a ter acesso à educação, as disciplinas deixaram de ser unificadas e se tornaram isoladas, porém a base de ensino não mudou já que a maioria dos professores em exercício eram jesuítas. O contexto europeu trouxe a família real portuguesa para o Brasil, sua chegada marca o início de muitas mudanças na educação, no ensino técnico do Rio de Janeiro, à implantação da Academia de Belas Artes, a Academia da marinha, a Academia Real Militar, a Escola real de Ciências Artes e ofícios. Em salvador, Bahia foi criado cursos de Cirurgia, Economia, Agricultura, Química e Desenho técnico. As atividades culturais, notadamente erudita e direcionada aos membros da corte e elites locais, promovem uma reforma na educação permitindo uma ruptura com a situação anterior, a colônia passando à posição de Metrópole. São então criadas à imprensa régia em 1808, a gazeta do Rio de Janeiro, na Bahia, a idade do ouro em 1811, a biblioteca em 1810, passando a chamar-se Biblioteca Nacional posteriormente. Com a criação de escolas elementares em todas as cidades e vilas, formando um sistema de ensino gratuito, pouco acessível à população menos abastarda também denota grandes obstáculos em encontrar professores dispostos a trabalhar por um salário tão baixo, infraestruturas precárias das escolas e fornecimento de materiais pedagógicos escassos. Devido às grandes dificuldades encontradas no contexto escolar brasileiro, ocorreu o Ato Adicional de 1834, com a finalidade de descentralizar o ensino, o governo delegou às Províncias a responsabilidade de promover o ensino gratuito, e deixando sobre sua incumbência somente o ensino superior . O ensino primário não constava nas preocupações da administração imperial e nem era estimulada na capital ou nas províncias, e por meio de um ato administrativo que ficou conhecido como decreto 1° de março foi criado uma escola que passou a desenvolver o método criado por Joseph Lancaster e que se estendeu até os anos de 1838, da qual o ministro Lino Coutinho fez uma avaliação sobre a qualidade e a funcionalidade desse método, concluindo que, os alunos não ficavam preparados para seguirem em outros níveis de ensino. Em 1854, o ensino primário passou a ser chamado de elementar e tinha em seu currículo as diretrizes de instrução moral e religiosa, leitura e escrita, noções básicas de gramáticas, princípios elementares de aritmética e o sistema de peso e medidas, mas a legislação e a definição de currículo não saíram do papel, visto que todas as condições necessárias para o funcionamento de uma rede nacional de ensino requerem certo investimento, enquanto que a finalidade era focada na formação superior. Os ensinos secundário e superior tinham como objetivo atender a formação das elites dirigentes do país. A função específica do ensino secundário era orientar e preparar os estudantes para o ingresso nos cursos superiores, para ingressar no ensino secundário que não exigia a anterior presença no ensino primário. O ensino técnico profissional, quase sempre ligados a formação em artes e ofícios de menor ordem, delegados em sua maioria a órfãs e filhos de proletários urbanos, foi tangenciado ao longo do período imperial do Brasil, mas a quantidade de alunos matriculados ilustrava o descaso com essa modalidade. Dois balanços da educação imperial brasileira, apresentados pelo jurista e político baiano Rui Barbosa, em 1882 e 1883: o primeiro sobre o ensino secundário e superior, e o segundo sobre o ensino primário, ambos apresentados ao Parlamento brasileiro, apontavam para a necessidade de uma educação liberal e obrigatória para o pais. A reforma sugerida por ele inspirava-se nos sistemas educacionais da Inglaterra, da Alemanha e dos Estados Unidos. O atraso educacional, a fragmentação do ensino e o descaso pela educação popular, que predominaram até o Império estavam contidos no relato de Rui Barbosa. A República prometia levar a questão educacional a sério. Já em 1890, os republicanos criaram o Ministério da Instrução junto com os Correios e Telégrafos. A Constituição da República em 1890 foi marcada pela criação da escola primária e secundária com o objetivo de formar o aluno para o curso superior, o príncipe Regente D. Pedro criou os primeiros cursos superiores,essencial na construção do ser psicológico e racional. A escola deve dirigir o ensino não para etapas intelectuais já alcançadas, mas sim para estágios de desenvolvimento ainda não incorporados pelos alunos, funcionando como um incentivador de novas conquistas psicológicas. A escola tem ou deveria ter como ponto de partida o nível de desenvolvimento real da criança (em relação ao conteúdo) e como ponto de chegada os objetivos da aula que deve ser alcançado, ou seja chegar ao potencial da criança. Aqui o professor tem o papel explícito de interferir na zona de desenvolvimento proximal dos alunos, provocando avanços que não ocorreriam espontaneamente. Observe que esse nível de desenvolvimento real que é abordado na teoria refere-se ao que a criança no seu nível atual, real e efetivo, ou seja, aquilo que a criança consegue fazer sem ajuda de outro. Enquanto que no nível de desenvolvimento proximal são as funções que não amadureceram, mas estão em estado embrionário - diz respeito às potencialidades e aos processos a longo prazo. Por conseguinte, o que ocorre para Vygotsky é que o aprendizado progride mais rapidamente do que o desenvolvimento. Por isto, a proposta do termo ZDP em sua teoria, e que é onde a escola deve atuar. É aí que o professor, agente mediador (por meio da linguagem, material cultural entre outros), intervém e auxilia para a construção e reelaboração do conhecimento do aluno, para que haja seu desenvolvimento. O professor tem o papel explícito de interferir no processo, diferentemente de situações informais nas quais a criança aprende por imersão em um ambiente cultural. Portanto, é papel do docente provocar avanços nos alunos e isso se torna possível com sua interferência na zona proximal. As concepções de Vygotsky sobre o processo de formação de conceitos remetem às relações entre pensamento e linguagem, à questão cultural no processo de construção de significados pelos indivíduos, ao processo de internalização e ao papel da escola na transmissão de conhecimento, que é de natureza diferente daqueles aprendidos na vida cotidiana. Propõe uma visão de formação das funções psíquicas superiores como internalização mediada pela cultura. O desenvolvimento cognitivo é produzido pelo processo de internalização da interação social com materiais fornecidos pela cultura, sendo que o processo se constrói de fora para dentro. Para Vygotsky, a atividade do sujeito refere-se ao domínio dos instrumentos de mediação, inclusive sua transformação por uma atividade mental. Um conceito só é caracterizado quando as características resumidas são sintetizadas de forma que a resultante se torne um instrumento de pensamento. A criança progride na formação de conceitos após dominar o abstrato e combinar com pensamentos mais complexos e avançados. Na continuação da educação os conceitos tornam-se concretos, aplicam-se as habilidades aprendidas, por instruções, e as adquiridas em experiências da convivência social. Para o autor, o sujeito não é apenas ativo, mas interativo, porque forma conhecimentos e se constitui a partir de relações intra e interpessoais. É na troca com outros sujeitos e consigo próprio que se vão internalizando conhecimentos, papéis e funções sociais, o que permite a formação de conhecimentos e da própria consciência. Trata-se de um processo que caminha do plano social - relações interpessoais - para o plano individual interno - relações intra-pessoais. Assim, a escola é o lugar onde a intervenção pedagógica intencional desencadeia o processo ensino-aprendizagem. Priorizando as interações entre os próprios alunos e deles com o professor, o objetivo da escola, então, é fazer com que os CONCEITOS ESPONTÂNEOS, que as crianças desenvolvem na convivência social, evoluam para o nível dos CONCEITOS CIENTÍFICOS, parte de um sistema organizado de conhecimentos adquiridos pelo ensino. Nesse sentido, o mediador é quem ajuda a criança concretizar um desenvolvimento que ela ainda não atinge sozinha. Na escola, o professor e os colegas mais experientes são os principais mediadores. O aluno não é tão somente o sujeito da aprendizagem, mas, aquele que aprende junto ao outro o que o seu grupo social produz, tal como: valores, linguagem e o próprio conhecimento. Vygotsky considera o papel da instrução um fator positivo, no qual a criança aprende conceitos socialmente adquiridos de experiências passadas e passarão a trabalhar com essas situações de forma consciente. Se uma transformação social pode alterar o funcionamento cognitivo e pode reduzir o preconceito e conflitos sociais, então esses processos psicológicos são de natureza social. Devem ser analisados e trabalhados através de fatores sociais. Verifica-se ainda como fator relevante para a educação, decorrente das interpretações das teorias Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 17 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC de Vygotsky, a importância da atuação dos outros membros do grupo social na mediação entre a cultura e o indivíduo, pois uma intervenção deliberada desses membros da cultura, nessa perspectiva, é essencial no processo de desenvolvimento. Isso nos mostra os processos pedagógicos como intencionais, deliberados, sendo o objeto dessa intervenção: a construção de conceitos. Sob a ótica da teoria sócio-histórica, é preciso detectar aquilo que os alunos conseguem fazer sozinhos. Em outras palavras, é preciso examinar a ZDP (Zona de Desenvolvimento Proximal) destes alunos e partir para uma complexidade maior intervindo por meio da linguagem numa interação rica de construção do saber. Por sua vez, tem-se que lembrar que os alunos advém de meios sócioculturais diferentes e que são herdeiros de toda evolução filogenética e cultural a que estão submetidos. Além disto, eles possuem capacidades cognitivas diferentes de apreensão da realidade. Por conseguinte, a sala possui uma heterogeneidade ampla em que cada um de seus membros tem sua história diversificada. Observe que a questão sobre se o desenvolvimento ocorre antes do ensino, ou se a criança aprende primeiro para que se desenvolva, é polêmica no processo ensino-aprendizagem. Porém quando junto dos alunos é possível observar que estes aprendem determinados conteúdos quando tem condições intelectuais, ou seja, quando eles possuem maturação cognitiva necessária a certo ensino. Por outro lado, é possível também observar que o desenvolvimento de um indivíduo somente se dá após determinado nível de aprendizado. E assim, aprendizado e desenvolvimento também compõem uma rica teia dialética nos processos cognitivos e psicológicos do indivíduo. Daqui retira –se a seguinte indagação: será que a escola está sendo capaz de desenvolver as habilidades cognitivas de seus alunos? Perceba o importante papel da escola: em suas atividades deveria estar presente as instruções fundamentais, bem como as motivações que produzem aprendizagem. Ou a escola permanece no nível de desenvolvimento atual, reproduzindo conhecimento que o aluno já é capaz de adquirir sozinho, ou torna-se um espaço de interação, aberta ao diálogo. É necessário que haja na escola espaço para transformação, para desenvolver o potencial dos alunos. Assim, ela deve estar aberta às diferenças e ao erro, às contradições e à colaboração mútua. Assim, a escola almejada possui objetivos educacionais voltados a desenvolver as funções psicológicas e cognitivas de seus alunos. É necessário que esta, a partir das potencialidades do aprendiz, permita o amadurecimento intelectual, com currículo que forneça as condições necessárias para desenvolver os conceitos científicos. 1.2.3 WALLON Estudiosos da teoria do desenvolvimento como Jean Piaget (1896-1980) e Lev Vygotsky (1896-1934) já apontaram a relevância da afetividade no processo de desenvolvimento. No entanto, foi o educador francês Henri Wallon (1879-1962)quem fundamentou, de maneira mais detida e aprofundada, o papel e a importância da afetividade para o desenvolvimento integral. Para Wallon, o homem é resultado de influências sociais e fisiológicas, sendo os dois aspectos — orgânico e social — fundamentais para o desenvolvimento e especialmente dependentes do contexto sociocultural. Wallon aponta a radical dependência do ser humano, enquanto espécie, para subsistir e conseguir construir seu ser. O desenvolvimento, para ele, só se torna possível através da integração das três dimensões psíquicas: a motora, a afetiva e a cognitiva, exigindo uma conexão entre o equipamento orgânico do indivíduo — o corpo — e o ambiente e meio social em que vive. Chegamos então à Afetividade, que está presente em todos estágios: segundo Wallon, ela é um elemento indispensável para o desenvolvimento humano. A Teoria da Afetividade de Wallon, nesse sentido, nos serve para questionar qualquer forma de ensino que não leve em consideração a compleição afetiva, social e política da educação, onde “todas as crianças, sejam quais forem suas origens familiares, sociais, étnicas, tem direito igual ao desenvolvimento máximo que sua personalidade comporta. Elas não devem ter outra limitação além de suas aptidões” (LAKOMY, 2003 p. 60). A aprendizagem, portanto, deve ser imbuída de interações sociais, trocas e formação de vínculos, intermediados pela compreensão do papel da afetividade e suas implicações. Isso pressupõe uma educação orientada para o desenvolvimento afetivo, social e intelectual de forma integrada, capaz de gerar processos que, em seu bojo, criem mecanismos de compreensão, aceitação, negação, Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 18 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC assimilação, defesa ou administração das sensações e sentimentos desencadeados. Para Wallon, professores e alunos são mutuamente afetados no processo de formação, onde desenvolvimento cognitivo é, também, ampliação dos afetos e da capacidade de expressar sentimentos. O desafio do afeto é compartilhado entre todos os sujeitos, no ambiente escolar. Afirmando a potência da educação, e segundo nos ensina Wallon, podemos dizer e sonhar que ao professor e ao aluno é oferecida a possibilidade de aprender sentindo, sonhar construindo teorias, desenvolver-se sempre e cada vez mais adiante porque um necessita do outro. Em tempos tão desafiadores, acalenta saber que a manifestação da afetividade forja a inteligência. E que a inteligência é expressão de seres afetivos. Aproveitemos Wallon e suas contribuições para aprender-ensinar mobilizados pela generosidade de nossas disposições afetivas, sigamos repletos de ternura, afinal a afetividade é conteúdo indispensável e nos humaniza. Assim como Piaget, Wallon divide o desenvolvimento em cinco estágios que devem ser levados em conta, em suas especificidades, no processo de aprendizagem, sendo eles: 1º estágio — Impulsivo-Emocional (0 a 1 ano): Predominantemente afetivo, onde o sujeito se expressa por meio de movimentos corporais, do contato corporal e do toque. Aqui, o aprendizado demanda uma presença e uma qualidade de troca corporal intensa, que passa pelo tato, pelo toque e pela segurança do embalo. É a partir da fusão com o outro que a criança interage com o meio ambiente, participa, se familiariza e aprende sobre o mundo que a cerca. 2º estágio — Sensório-Motor e Projetivo (1 a 3 anos): Neste estágio, se estabelece uma relação intensa com os objetos através do contato e se inicia a indagação persistente sobre o que eles são, seus nomes e como funcionam. O processo de ensino- aprendizagem nesta fase solicita disposição do educador em oferecer situações e espaços diversificados para que os alunos possam entrar em contato com diversos objetos e vivências, facilitando o processo de diferenciação em relação a cada um deles. 3º estágio — Personalismo (3 a 6 anos): Nesta fase, a criança começa a se descobrir diferente das outras e dos adultos. A diferenciação se dá entre a criança e o outro. Neste estágio, é importante que ela entre em contato com atividades que possibilitem o exercício da escolha e com crianças de outras idades. O importante neste estágio é reconhecer e respeitar as diferenças que começam a surgir, inclusive valorizando e dando oportunidade de expressão a estas diferenças. 4º estágio — Categorial (6 a 11 anos): Ocorre a diferenciação mais intensa e nítida entre o eu e o outro, o que fornece a estabilidade necessária para a exploração das diferenças e semelhanças entre objetos, imagens, conceitos e ideias. Nesta fase, é importante tanto levar em consideração o que o aluno já sabe como diagnosticar o que ele precisa saber para dominar certas ideias. A descoberta do mundo dependerá das experiências a que terá acesso e que favoreçam ou não o desenvolvimento de sentimentos e valores que auxiliem a continuidade e ampliação destas descobertas. 5º estágio — Puberdade e Adolescência (11 anos em diante): Aqui, se delimita, de maneira mais clara e precisa, o reconhecimento da singularidade e autonomia do sujeito, com valores e sentimentos próprios, mediante ações de confronto e auto-afirmação. O processo ensino-aprendizagem deve primar pela criação de espaços e construção de vivências que permitam a expressão e discussão das diferenças e das descobertas, levando em consideração a necessidade de afirmação de relações solidárias, baseadas no respeito mútuo. Aprendizagem não linear e teoria da afetividade Ainda que, o desenvolvimento ocorra, para Wallon, através de uma sucessão de estágios, assim como para Piaget, esses estágios não são tão delimitados quanto os defendidos por este autor. Para Wallon, o processo de desenvolvimento oscila constantemente entre a afetividade e a inteligência, de maneira dialética, podendo até mesmo manifestar regressões. As aquisições adquiridas em cada estágio são irreversíveis — no entanto, o indivíduo pode retornar a algumas atividades de estágios anteriores. Para ele não há condicionamento e extinção de comportamentos, ou seja, um estágio não suprime as aprendizagens anteriores, antes as integra, resultando em um comportamento fundado na agregação e combinação dessas partes anteriores. O movimento Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 19 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC da aprendizagem, portanto, não segue um fluxo linear e pode ser composto por eles elementos regressivos, o que não implica, necessariamente, em uma defasagem incontornável, mas antes em uma característica do próprio processo. O jogo na concepção de Wallon De acordo com a teoria de Wallon o desenvolvimento humano deve ser considerado nos vários campos funcionais que distribuem a atividade infantil, pois a criança deve ser contextualizada nas relações com o meio. Deste modo, o desenvolvimento irá ocorrer tanto em ambientes físicos como nos ambientes sociais, dois fatores importantes para a formação da personalidade. Esta realiza a integração de duas funções principais: a afetividade e a inteligência. No início do desenvolvimento a criança não vê suas interações separadas do parceiro, porém com o tempo a criança vai perdendo esse papel e individualizando. Para Wallon o homem nasce social e vai se individualizando no decorrer do desenvolvimento. O desenvolvimento envolve a afetividade, motricidade e inteligência. O autor enfatiza o papel da emoção em sua teoria, visto que, através dela estabelecem vínculos afetivos. A afetividade esta intimamente ligada á motricidade, como desencadeadora do desenvolvimento da ação e psicológico da criança. Segundo Wallon a aquisição motora desempenha progressivamente um crescimento para o desenvolvimento individual, é por meio do corpo e da projeção motora que a criançaestabelece a primeira comunicação com o meio, por isso a criança deve ter oportunidade de brincar. Wallon classifica o infantil como sendo sinônimo de lúdico, quer isto dizer, que o período infantil é a fase, no qual predomina o lúdico e nossa criatividade de forma mais espontânea. “Sabemos que é através das brincadeiras que as crianças estabelecem relação com o meio, interagem com o outro, para construir sua própria identidade e desenvolver sua autonomia.” (FREIRE et al, p.1). O brincar irá contribuir para o crescimento da criança e consequentemente auxiliar no desenvolvimento da mesma. Assim jogo seria uma atividade voluntária, livre da criança e quando imposta por outra pessoa perde-se o caráter de jogo e passa a ser caracterizado com um trabalho ou ensino. Sendo assim, Wallon entende que o jogo compõe aquilo que foi assimilado pelo adulto, determinando quatro fases: • Jogos Funcionais: São caracterizados por realizar movimentos simples com o corpo, por meio dos sentidos. A criança irá reconhecer o prazer em executar funções, possibilitando de por em ação/prática as várias e novas aquisições adquiridas pela evolução da motricidade. Essas atividades são caracterizadas como “lei do efeito”, ou seja, a criança quando realiza uma ação agradável, ela tende a repetir buscando o prazer através da repetição. Exemplos: mover os dedos, tocar objetos, produzir ruídos e sons, dobrar os braços ou as pernas, entre outras. • Jogos de Ficção: A ênfase será no “faz de conta”, na situação imaginária. A criança irá representar/ imitar situações, papéis do seu cotidiano. Exemplos: imita os adultos, brinca de imitar a escolinha. A interpretação nesta atividade será ampliada. • Jogos de Aquisição: Quando o bebê se esforça para perceber, entender, imitar os gestos, os sons, imagens. Esta atividade relaciona com a capacidade de olhar, escutar e realizar esforços que contribuam para a compreensão. • Jogos de Fabricação: A criança irá distrair-se, se divertir com atividades manuais de criar, combinar, juntar e transformar. Estes jogos fazem parte de causa ou consequência do jogo de ficção, podendo se confundir no mesmo. Exemplo: Quando a criança cria e improvisa o seu brinquedo. Esses brinquedos são a maioria “vinda” da vida fictícia. 1.3. Filosofia da educação. Com a retomada da normalidade democrática no Brasil, no início da década de 80, a educação despertou para a necessidade da formação do cidadão consciente de direitos e deveres, a fim de que ele pudesse participar do processo de vida social com cidadania plena. Foi nesse momento que o Brasil conheceu um pouco mais do que seriam as prerrogativas da escola moderna, viabilizando a construção do sujeito racional, esclarecido e emancipado, cidadão crítico, consciente de direitos e deveres. A LDB 9394/96, amparada na Constituição cidadã de 1988, referendou e detalhou a idéia de que a escola teria livre trânsito para construir esta cidadania por intermédio do projeto de gestão democrática de ensino. A educação incorporou o discurso marxista a partir de então, discurso que Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 20 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC ficou conhecido através dos posicionamentos das chamadas Pedagogias Dialéticas, principalmente nas expressões da Pedagogia Histórico-Crítica ou Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos e a Pedagogia do Oprimido. A partir das contribuições da dialética marxista, foi organizado nesse período um quadro teórico que expunha a contribuição da Filosofia da Educação para os diversos campos da educação (as discussões de currículo, didática, formação de professores), baseado, em muitos aspectos, no modelo a seguir delineado: A classificação das correntes e tendências segundo esse quadro teórico oferecia mais ou menos um pano-de-fundo consensual, que dava respostas a várias situações de ensino e aprendizagem, mas especialmente procurava dar conta do papel a ser desempenhado pela teoria e prática pedagógicas. Saviani chegou a enunciar a esse respeito que o ideal da educação era fazer com que o indivíduo pudesse passar do senso comum à consciência filosófica e, Paulo Freire, do conhecimento ou da consciência ingênua para a consciência crítica. Para percorrer esse caminho, era preciso construir um método pedagógico de acordo com as contribuições da cientificidade moderna. Aliás, é preciso referir aqui que, na modernidade, a preocupação principal da Pedagogia era a discussão sobre o método, ou seja, a invenção de um caminho seguro (rígido) para se interferir com eficiência teórica na vida do educando, ou seja, era preciso avançar na idéia de incorporar os avanços científicos também ao campo do trabalho pedagógico, assim como já acontecera no mundo do trabalho fabril com o taylorismo e o fordismo. Estava no centro do debate nesse período a questão metodológica; portanto, isso significava encontrar um dispositivo teórico que pudesse dar certeza para os procedimentos educativos, o que, no caso da Pedagogia do Oprimido, foi comumente denominado de método Paulo Freire. Embora Saviani se contrapusesse a colocar a centralidade da discussão pedagógica na questão do método, no caso da Pedagogia Histórico-Crítica, convencionou- se denominar de método crítico-dialético. Para entender com mais parcimônia cada uma dessas tendências, convido-os a conhecê las de forma individual: As tendências pedagógicas foram formuladas ao longo dos anos por diversos teóricos, baseadas sobretudo na visão que tinham sobre o contexto histórico. O maior objetivo, com isso, foi o de elaborar sistemas de ensino compatíveis com as demandas observadas em cada âmbito social. Ter consciência das dimensões da prática docente permite possibilidades mais amplas de superação das dificuldades presentes no cotidiano escolar. Dessa forma, é possível transpor diversos obstáculos, com criatividade e eficiência — desenvolvendo um trabalho muito mais qualificado, responsável e significativo. As principais tendências pedagógicas De maneira geral, as tendências pedagógicas podem ser classificadas em duas grandes linhas de pensamento: liberal ou não crítica do capitalismo e progressista ou crítica do capitalismo. Elas servem como apoio para a prática de ensino e devem ser utilizadas para o aperfeiçoamento da docência, de acordo com cada situação e contexto. Ambas as tendências têm o intuito de preparar os alunos para a vida em sociedade, no entanto, cada uma apresenta uma forma de organização diferenciada. Veja a seguir quais são as principais características de cada vertente da educação. Liberais A tendência liberal parte do pressuposto de que os estudantes devem ser preparados para assumir determinados papéis sociais, considerando suas maiores aptidões e habilidades. Desse modo, ela pode ser dividida em tradicional, renovadora progressiva, renovadora não-diretiva e tecnicista. De acordo com o pensamento liberal, a escola deve assumir o preparo intelectual e moral dos discentes, perpetuando a divisão das classes sociais. Portanto, a aprendizagem ocorre tendo a figura do professor como facilitador. Ele deve analisar quais são os melhores métodos para que o processo pedagógico ocorra da melhor forma para todos os envolvidos. Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 21 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC Geralmente, os conteúdos curriculares são repassados por meio de informações ordenadas por uma sequência lógica e psicológica, tendo a ciência objetiva como base. As metodologias de ensino também apresentam maior equilíbrio entre as demandas educativas e os valores sociais vigentes. Com isso, o docente passa a administrar todo o processo, garantindo maior eficiência em relação à transmissão das disciplinas. Progressistas Já a tendênciaprogressista é classificada em libertadora, libertária e crítico-social dos conteúdos. Essa pedagogia parte justamente de uma análise crítica das realidades sociais, sustentando as finalidades sociopolíticas da educação. Paulo Freire, por exemplo, foi o seu principal autor, propondo um processo de ensino baseado na transformação da sociedade. Nesta vertente, portanto, a escola tem a função social de ser um espaço onde professores e alunos tenham uma relação sustentada na autogestão, sendo que o docente é considerado um orientador do conhecimento. Geralmente, as atividades realizadas são relacionadas à prática cotidiana vivenciada pelos estudantes, sempre de acordo com os conteúdos curriculares propostos em sala de aula. Assim, ambos os envolvidos são sujeitos ativos do processo de aprendizagem, promovendo uma vivência significativa e relações muito mais efetivas. A troca de experiência em torno da prática social é um dos aspectos mais notórios da tendência progressista, justamente em razão das relações ocorrerem de igual para igual. 1.3.1 Tendência Liberal Tradicional A tendência tradicional está no Brasil, desde os jesuítas. O principal objetivo da escola era preparar os alunos para assumir papéis na sociedade, já que quem tinha acesso às escolas eram os filhos dos burgueses e a escola tomava como seu papel principal, fazer o repasse do conhecimento moral e intelectual porque através deste estaria garantida a ascensão dos burgueses e, consequentemente, a manutenção do modelo social e político vigente. Para tanto, a proposta de educação era absolutamente centrada no professor, figura incontestável, único detentor do saber que deveria ser repassado para os alunos. O papel do professor estava focado em vigiar os alunos, aconselhar, ensinar a matéria ou conteúdo, que deveria ser denso e livresco, e corrigir. Suas aulas deveriam ser expositivas, organizada de acordo com uma sequência fixa, baseada na repetição e na memorização. Aulas de memorização de conteúdos (retirados dos livros), em que os alunos eram considerados como um papel em branco, nos quais era impresso o conhecimento, cabendo a eles concordar com tudo sem questionar. Eram formados para ser sujeitos a-críticos e passivos. Nessa concepção de ensino o processo de avaliação carregava em seu bojo o caráter de punição, muitas vezes, de redução de notas em função do comportamento do aluno em sala de aula. Essa tendência pedagógica foi/é muito forte em nosso modelo de educação, ainda hoje, tanto no ensino fundamental e médio como no ensino superior, que vive uma salada de concepções pedagógicas. Sabemos que os professores são fruto da sua formação escolar, social e política, que esta se reflete na sua prática pedagógica, quando esta não é pensada/refletida cotidianamente, nesse caso, temos um ciclo vicioso: formado sem reflexão – formo alunos sem reflexão, também. Ao longo da história da educação, a tendência liberal tradicional, sofreu/sofre várias críticas, a saber: os conhecimentos adquiridos fora da escola não eram considerados como primeiro passo para a construção de novos conhecimentos, como um caminho importante para a construção de saberes dotados de significado; era extremamente burocratizado (conteúdos, memorização, provas) com normas rígidas. Dentre todas, a maior crítica advém da ausência de sentido, já que o conhecimento repassado não possuía/possui relação com a vida dos alunos. De modo geral, se enquadram nesse tipo de Pedagogia escolas que preparam os estudantes para o vestibular desde o início do currículo escolar. O modelo tradicional apresenta alguns conceitos sobre a relação entre professor e aluno, os conteúdos ensinados, a escola, entre outros. Veja algumas características: • relação entre professor e aluno — existe uma hierarquia definida nessa relação, sendo os professores as autoridades que devem ensinar. Além disso, o silêncio, imposto pelo docente, precisa ser constante na sala de aula. O aluno deve obedecer às regras da escola e o professor, punido caso desobedeça; • conteúdos ensinados — são as disciplinas já consolidadas no meio científico, sem que Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 22 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC exista contestação pelos alunos. Isso porque a Pedagogia Tradicional não leva em conta os conhecimentos prévios do estudante. Então, não há a possibilidade que ele conteste os assuntos ensinados; • função da escola — oferecer uma formação tanto intelectual quanto moral, preparando os alunos para o convívio em sociedade. Nesse caso, o interesse é a manutenção da sociedade. Além disso, as escolas têm como foco a cultura, pois os problemas sociais ficam a cargo da sociedade. 1.3.2 Tendência Liberal Renovada Progressivista Novos ventos mudaram o mundo, no que diz respeito às concepções filosóficas e sociológicas da educação. Por volta dos anos 20 e 30, o pensamento liberal democrático chega ao Brasil e à Escola Nova chega defendendo a escola pública para todas as camadas da sociedade. Para Saviani, a Escola Nova acaba por aprimorar o ensino das elites, rebaixando o das classes populares. Mas, mesmo recebendo esse tipo de crítica, podemos considerá-la como o mais forte movimento “renovador” da educação brasileira. Escola Nova No Brasil, as idéias da Escola Nova foram inseridas em 1882 por Rui Barbosa (1849-1923). O grande nome do movimento na América foi o filósofo e pedagogo John Dewey (1859-1952). John Dewey, filósofo norte americano influenciou a elite brasileira com o movimento da Escola Nova. Para John Dewey a Educação, é uma necessidade social. Por causa dessa necessidade as pessoas devem ser aperfeiçoadas para que se afirme o prosseguimento social, assim sendo, possam dar prosseguimento às suas idéias e conhecimentos. No século XX, vários educadores se evidenciaram, principalmente após a publicação do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, de 1932. Na década de 30, Getúlio Vargas assume o governo provisório e afirma a um grupo de intelectuais o imperativo pedagógico do qual a revolução reivindicava; esses intelectuais envolvidos pelas idéias de Dewey e Durkheim se aliam e, em 1932 promulgam o Manifesto dos Pioneiros, tendo como principal personagem Fernando de Azevedo. Grandes humanistas e figuras respeitáveis de nossa história pedagógica, podem ser citadas, como por exemplo Lourenço Filho (1897-1970) e Anísio Teixeira (1900- 1971). A Escola Nova foi um movimento de renovação do ensino que foi especialmente forte na Europa, na América e no Brasil, na primeira metade do século XX . O escolanovismo desenvolveu-se no Brasil sob importantes impactos de transformações econômicas, políticas e sociais. O rápido processo de urbanização e a ampliação da cultura cafeeira trouxeram o progresso industrial e econômico para o país, porém, com eles surgiram graves desordens nos aspectos políticos e sociais, ocasionando uma mudança significativa no ponto de vista intelectual brasileiro. Na essência da ampliação do pensamento liberal no Brasil, propagou-se o ideário escolanovista. O escolanovismo acredita que a educação é o exclusivo elemento verdadeiramente eficaz para a construção de uma sociedade democrática, que leva em consideração as diversidades, respeitando a individualidade do sujeito, aptos a refletir sobre a sociedade e capaz de inserir-se nessa sociedade Então de acordo com alguns educadores, a educação escolarizada deveria ser sustentada no indivíduo integrado à democracia, o cidadão atuante e democrático. Para John Dewey a escola não pode ser uma preparação para a vida, mas sim, a própria vida. Assim, a educação tem como eixo norteador a vida- experiência e aprendizagem, fazendo com que a função da escola seja a de propiciar uma reconstrução permanente da experiência e da aprendizagem dentrode sua vida. Então, para ele, a educação teria uma função democratizadora de igualar as oportunidades. De acordo com o ideário da escola nova, quando falamos de direitos iguais perante a lei, devemos estar aludindo a direitos de oportunidades iguais perante a lei. Baseado na Escola Nova A tendência liberal renovada manifesta-se por várias versões: a renovada progressista ou pragmática, que tem em Jonh Dewey e Anísio Teixeira, seus representantes mais significativos; a renovada não- diretiva, fortemente inspirada em Carl Rogers, o qual enfatiza também a igualdade e o sentimento de Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 23 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC cultura como desenvolvimento de aptidões individuais; a culturalistas; a piagetiana; a montessoriana; todos relacionadas com os fundamentos da Escola Nova ou Escola Ativa. Por educação nova entendemos a corrente que trata de mudar o rumo da educação tradicional, intelectualista e livresca, dando-lhe sentido vivo e ativo. Por isso se deu também a esse movimento o nome de escola ativa. Considerando suas especificidades e propostas de práticas pedagógicas diferentes, as versões da pedagogia liberal renovada têm em comum a defesa da formação do indivíduo como ser livre, ativo e social. “Do ponto de vista da Escola Nova, os conhecimentos já obtidos pela ciência e acumulados pela humanidade não precisariam ser transmitidos aos alunos, pois acreditava-se que, passando por esses métodos, eles seriam naturalmente encontrados e organizados” (FUSARI e FERRAZ, 1992, p. 28). Essa tendência retira o professor e os conteúdos disciplinares do centro do processo pedagógico e coloca o aluno como fundamental, que deve ter sua curiosidade, criatividade, inventividade, estimulados pelo professor, que deve ter o papel de facilitador do ensino. Defende uma escola que possibilite a aprendizagem pela descoberta, focada no interesse do aluno, garantindo momentos para a experimentação e a construção do conhecimento, que devem partir do interesse do aluno. Essa concepção pedagógica sofreu e sofre distorções fortes por parte de alguns educadores. Muitos defendiam essa tendência, mas na prática, abriam mão de um trabalho planejado, deixando de organizar o que deveria ser ensinado e aprendido com a falsa desculpa de que o aluno é o condutor do processo. Renovada Diretiva e Não diretiva, qual a diferença? De grosso modo, podemos considerar que a pedagogia diretiva é uma abordagem pedagógica em que o professor fala e o aluno reproduz. Isso significa que o estudante deve seguir todas as instruções que lhe são transmitidas. Assim, a relação entre professor e aluno está dentro de uma hierarquia. Isso porque na pedagogia diretiva o professor é o único que tem o saber. Dessa maneira, ele é a figura de autoridade central, cabendo a ele todas as decisões ao longo do processo de ensino e de aprendizagem. • O aluno não reflete sobre o conteúdo Uma vez que o professor é que passa o conteúdo, o aluno se torna apenas um mero repetidor. Ou seja, o aluno não reflete sobre aquilo que está aprendendo. Assim, a formação se preocupa mais em criar alunos repetidores, ou para tornar mais claro, papagaios. • Decorar em vez de entender A pedagogia diretiva também faz com que os alunos decorem os conteúdos. Nesse sentido, não importa o objetivo da lição e sim encher o aluno de dados. Por exemplo, muitos de nós tivemos que copiar e decorar as várias terminações dos tempos verbais do português. Entretanto, são raros os casos em que se compreendia a razão das mudanças. Isso porque na maioria das vezes o único motivo para decorar é se sair bem na prova. Ainda hoje, a mesma coisa acontece com os vestibulares. • Conhecimentos do aluno são postos de lado Uma vez que só o saber do professor é válido, as vivências e os conhecimentos do aluno são postos de lado. Ainda, se mantém a ideia de que o aluno é um livro vazio que precisa ser preenchido. E a escola acaba por se considerar, de forma equivocada, a única forma de educação possível. Por isso, muitos alunos têm dificuldades em aprender, já que o conteúdo do professor não dialoga com a sua realidade e com as suas experiências. Não é à toa que muitos alunos questionam o que farão com tal conteúdo. Já a pedagogia não diretiva tem seu funcionamento de forma contrária às práticas diretiva Além da transformação da relação entre o educador e o educando, a instituição escolar também sofre modificações. Assim, cabe à escola ser responsável pelas questões psicológicas, em meio a tais mudanças. Portanto, o espaço da educação formal precisa estar pronto para que o aluno desenvolva a valorização do seu “eu” sem considerar a experiência da troca. Por isso, os critérios pedagógicos deixam de ter a importância que tinham antes. O mesmo ocorre com as questões voltadas aos aspectos sociais. Desse modo, podemos inferir que esse movimento acaba por criar indivíduos mais centrados em si mesmos, sem a preocupação do coletivo. Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 24 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC 1. Professor atua como um facilitador A figura de autoridade se perde e o professor tem como função facilitar ou auxiliar as atividades do aluno. Assim, percebe-se que há uma alteração na hierarquia na sala de aula. 2. Conhecimento vem do aluno Se antes o saber do professor era tido como uma verdade única, agora o conhecimento vem por parte do aluno. Assim, na pedagogia não diretiva, as bagagens e as experiências do aluno são muito valorizadas. Ainda, o aluno pode ser visto como o centro do ensino. 3. Estudo auto suficiente Como o professor é apenas um facilitador, ele não ensina tanto. Assim, com esse processo de aprendizagem, cabe ao aluno buscar por si mesmo mais materiais para o seu aprendizado. 1.3.3 Tendência Liberal Tecnicista A Tendência Liberal Tecnicista começa a se destacar no final dos anos 60, quando do desprestígio da Escola Renovada, momento em que mais uma vez, sob a força do regime militar no país, as elites dão destaque a um outro tipo de educação direcionada às grandes massas, a fim de se manterem na posição de dominação. Tendo como principal objetivo atender aos interesses da sociedade capitalista, inspirada especialmente na teoria behaviorista, corrente comportamentalista organizada por Skinner que traz como verdade inquestionável a neutralidade científica e a transposição dos acontecimentos naturais à sociedade. O chamado “tecnicismo educacional”, inspirado nas teorias da aprendizagem e da abordagem do ensino de forma sistêmica, constituiu-se numa prática pedagógica fortemente controladora das ações dos alunos e, até, dos professores, direcionadas por atividades repetitivas, sem reflexão e absolutamente programadas, com riqueza de detalhes. O tecnicismo defendia, além do princípio da neutralidade, já citada, à racionalidade, a eficiência e a produtividade. A educação, a escola passa a ter seu trabalho fragmentado com o objetivo de produzir os “produtos” sonhados e demandados pela sociedade capitalista e industrial. Tais como: o micro-ensino, o tele-ensino, a instrução programada, entre outras. Subordina a educação à sociedade capitalista, tendo como tarefa principal à produção de mão de obra qualificada para atender ao mercado, trazendo para os alunos e para as escolas consequências perversas, a saber: 1. A sociedade passou a atribuir a escola e a sua tecnologia toda a responsabilidade do processo de aprendizagem, negando os saberes trazidos pelos alunos e pelos professores; 2. Incutiu a ideia errada de que aprender não é algo inerente ao ser humano e sim um processo que ocorre apenas a partir de técnicas específicas e pré- definidas por especialistas; 3. O professorpassou a ser refém da técnica, repassada pelo manuais e o aluno a ser um mero reprodutor de respostas pré-estabelecidas pela escola. Assim, se o aluno quisesse lograr sucesso na vida e na escola, precisava apenas responder ao que lhe foi ensinado e reproduzir, sem questionar e/ou criar algo novo; 4. O bom professor deveria observar o desempenho do aluno, apenas com o intuito de ajustar seu processo de aprendizagem ao programa vivenciado; 5. Cada atividade didática passou a ter momento e local próprios para ser realizada, dentre outras. Naturalmente que este modelo, que defende a fragmentação do conhecimento, calcado na crescente especialização da ciência compromete a construção de uma visão global por parte dos educadores, impossibilitando ou dificultando, muitíssimo, o desenvolvimento de um ser humano mais integrado interiormente e participante socialmente. Vele salientar, que essa tendência pedagógica marcou fortemente as décadas de 70 e 80 e tem influência ainda hoje. 1.3.4 TENDÊNCIA PROGRESSISTA LIBERTADORA Também conhecida como pedagogia Freireana, pois teve Paulo Freire como seu principal autor, tem seu nome baseado na obra “pedagogia do oprimido”, que propõe uma educação crítica a serviço das transformações sociais, econômicas e Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 25 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC políticas para a superação das desigualdades existentes no interior da sociedade. Também com origem no sentido da filosofia da libertação de Enrique Dussel, considera que o processo de pedagogia tem que passar pelo próprio homem, uma vez que ele é o próprio agente histórico da libertação, conforme definição do Instituto Paulo Freire (IPF). “A pedagogia libertadora tem suas origens no movimento da educação popular, no final dos anos 50 e início dos anos 60, quando foi interrompida pelo golpe militar de 1964, e retoma o seu desenvolvimento no final dos anos 70 e início dos anos 80. Nesta proposta, a atividade escolar pauta-se em discussões de temas sociais e políticos e em ações sobre a realidade social imediata; analisa-se os problemas, os fatores determinantes e estrutura-se uma forma de atuação para que se possa transformar a realidade social e política. O professor é um coordenador de atividades que organiza e atua conjuntamente com os alunos.” Veja suas principais características: • Problematização da realidade visando a transformação dos sujeitos; • Relação professor-aluno é horizontal, ambos são sujeitos no ato educativo; • Relação dialógica, valorização do autêntico diálogo: “aquela em que sujeitos do ato de conhecer se encontram mediatizados pelo objeto a ser conhecido”; • Antiautoritária, elimina qualquer pressuposto de relação de autoridade; • Recusa conteúdos tradicionais, parte de temas geradores com relação a realidade/experiência vivida; • Ato educativo enquanto ato político; • Forma de trabalho a partir de grupos de discussão; • O professor é um animador, caminhando junto no processo de problematização, mas intervêm o mínimo indispensável; • O aluno é um sujeito ativo; • Codificação-decodificação (descodificação) até chegar a um nível mais crítico da realidade; • Dispensa programa previamente estruturado, trabalhos escritos, aulas expositivas e qualquer tipo de verificação direta da aprendizagem (provas); • Autoavaliação; • O que é aprendido pelo aluno decorre do nível crítico do conhecimento que ele chegou através do processo de compreensão, reflexão e crítica, não pela memorização ou imposição de um conteúdo programático; • Clima de abertura, tolerância e respeito na sala de aula; • A função da escola é levar à transformação da realidade, por meio do questionamento das relações dos indivíduos entre si e com a natureza. 1.3.5 TENDÊNCIA PROGRESSISTA LIBERTÁRIA Esta tendência, a pedagogia libertária, tem por influência os estudos de crítica das instituições em favor de um projeto autogestionário, desenvolvidos por Maurício Tragtenberg (1929-1998) mesmo não sendo um trabalho voltado diretamente à pedagogia. Contudo, ao propor um processo essencialmente de autogestão das instituições, busca superar os vários limites da burocracia institucional e, na maioria das vezes, também pedagógica. Temos como representantes dessa tendência alguns teóricos conhecidos, como: Freinet, Vasquez, Oury, Ferrer e Guardia, entre outros. Quais são os princípios da pedagogia libertária? Como princípios fundamentais da Pedagogia Libertária, podemos destacar a preocupação em transformar a personalidade dos alunos num sentido libertário e autogestionário. A educação, por meio da escola, deve estar baseada na participação grupal, favorecendo os processos de distribuição do poder, via assembleias, reuniões, conselhos, eleições, entre outros mecanismos antiautoritários. Este procedimento tem por intenção garantir a participação de todos os agentes, envolvidos no processo educativo, buscando estimular à autonomia dos alunos a solidariedade. Como funcionam as ações pedagógicas? As ações pedagógicas devem partir do princípio do não controle, isto é, os alunos não são obrigados a participar de nenhuma atividade que não queiram, contudo, é função do grupo e do professor compreender porque este aluno não quer estar incluído. O poder do professor, de forma alguma, deve ser referência nas ações pedagógicas, pois o professor deve ser um orientador, um catalisador, um membro a mais do grupo escolar, estimulando os processos de reflexão e aprendizado. São os alunos que definem o que se deve estudar, sem necessariamente haver um rol de disciplinas e conteúdos predefinidos. O conhecimento é construído na fusão dos trabalhos intelectual e Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 26 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC manual, buscando sempre uma resposta às necessidades e às exigências das questões vinculadas à vida de cada um, em seus aspectos sociais, políticos, econômicos, culturais, entre outros. Veja suas principais características: • Toda organização se baseia na autogestão; • Vivência grupal; •Antiautoritária, porque não aceita outra forma de poder; • Professor e aluno são desiguais e diferentes; • O professor é um orientador e um catalisador; • Os alunos são livres; • Favorece o desenvolvimento de pessoas mais livres; • O conhecimento deve servir aos interesses e a vida prática do aluno; • Ausência de avaliações da aprendizagem; • Os conteúdos sistematizados são dispensáveis; • Valoriza a experiência do aluno; • A estratégia pedagógica deve ser não diretiva; • Aprendizagem informal; • A motivação está no crescimento dentro da vivência grupal, pois supõe-se que o grupo devolva aos seus membros a satisfação de suas aspirações e necessidades. 1.3.6 TENDÊNCIA PROGRESSISTA CRÍTICO SOCIAL DOS CONTEÚDOS As propostas desta tendência, a pedagogia crítico- social dos conteúdos, foram desenvolvidas, no Brasil, por Dermeval Saviani, o qual se baseia em vários autores, como: Marx, Grasmci, Kosik, Snyders, entre outros. Junto a Saviani, temos vários outros educadores que elaboraram a favor desta corrente, dos quais destacamos José C. Libâneo, Carlos R. J. Cury e Guiomar N. de Mello. Como as outras tendências progressistas, a Crítico- social dos conteúdos também está preocupada com a função transformadora da educação em relação à sociedade, sem, com isso, negligenciar o processo de construção do conhecimento fundamentado nos conteúdos acumulados pela humanidade. Segundo Aranha (1996), a Pedagogia Crítico-social dos conteúdos, ou, como também é conhecida, a Pedagogia Histórica-crítica, busca: “Construir uma teoria pedagógica a partir da compreensão de nossa realidade histórica e social, a fim de tornar possível o papel mediador da educação no processode transformação social. Não que a educação possa por si só produzir a democratização da sociedade, mas a mudança se faz de forma mediatizada, ou seja, por meio da transformação das consciências”. (ARANHA, 1996, p. 216). Pode-se perceber, na fundamentação desta tendência, uma preocupação com a transformação social, contudo, para tal, parte-se da compreensão da realidade, a partir da análise do mundo do trabalho, das vivências sociais, buscando entendê-lo não como algo natural, mas sim construído culturalmente – torna-se importante no processo de transformação social a mediação cultural. Da mesma maneira, é imprescindível conceber que a educação – via escola – trabalhe amplamente com os conteúdos. Neste caso, Libâneo (1994), a respeito do papel da escola, diz que: “A difusão de conteúdos é a tarefa primordial. Não conteúdos abstratos, mas vivos, concretos e, portanto, indissociáveis das realidades sociais. A valorização da escola como instrumento de apropriação do saber é o melhor serviço que se presta aos interesses populares, já que a própria escola pode contribuir para eliminar a seletividade social e torná-la democrática. Se a escola é parte integrante do todo social, agir dentro dela é também agir no rumo da transformação da sociedade. Se o que define uma pedagogia crítica é a consciência de seus condicionantes histórico- sociais, a função da pedagogia ‘dos conteúdos’ é dar um passo à frente no papel transformador da escola, mas a partir das condições existentes”. (LIBÂNEO, 1994, p. 69). E continua afirmando: “Assim, a condição para que a escola sirva aos interesses populares é garantir a todos um bom ensino, isto é, a apropriação dos conteúdos escolares básicos, que tenham ressonância na vida dos alunos. Entendida nesse sentido, a educação é ‘uma atividade mediadora no seio da prática social global’, ou seja, uma das mediações pela qual o aluno, pela intervenção do professor e por sua própria participação ativa, passa de uma experiência inicialmente confusa e fragmentada (sincrética) a uma visão sintética, mais organizada e unificada”. (LIBÂNEO, 1994, p. 69). Para Libâneo, portanto, é fundamental que se entenda que: “A atuação da escola consiste na preparação do aluno para o mundo adulto e suas contradições, fornecendo-lhe um instrumental, por meio da aquisição de conteúdos e da socialização, para uma participação organizada e ativa na democratização da sociedade”. (LIBÂNEO, 1994, p. 70). Entendo, pois, que o processo educativo: “É passagem da desigualdade à igualdade. Portanto, somente é possível considerar o processo educativo em seu conjunto como democrático sob a condição Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 27 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC de distinguir-se a democracia como possibilidade no ponto de partida e a democracia como realidade no ponto de chegada. Consequentemente, aqui também vale o aforismo: democracia é uma conquista; não um dado. (…) Não se trata de optar entre relações autoritárias ou democráticas no interior da sala de aula, mas de articular o trabalho desenvolvido nas escolas com o processo de democratização da sociedade. E a prática pedagógica contribui de modo específico, isto é, propriamente pedagógico para a democratização da sociedade, na medida em que se compreende como se coloca a questão da democracia relativamente à natureza própria do trabalho pedagógico”. (SAVIANI, 1987,80-82). Não se tem a pretensão de esgotar a discussão sobre as tendências progressistas, muito pelo contrário, o intuito é o de fazer uma introdução a respeito de cada uma delas, para, a partir daqui, indicar um processo de aprofundamento posterior. Contudo, ainda abordar, de forma sucinta, características gerais do Construtivismo. O Construtivismo sintetiza as teorias que buscam vislumbrar os processos de construção do conhecimento, assim como discutir a complexidade do processo de aprendizagem. Vários autores dedicaram-se a estudos nesta linha, dos quais destacamos: Piaget (Epistemologia genética ou Construtivismo liberal piagetiano) e Vygotsky (Construtivismo sócio-histórico); mas também, é importante lembrar-se de Emília Ferreiro e Remi Wallon. Neste momento, é importante frisar que as teorias construtivistas buscam uma superação das teorias inatista e empirista, as quais buscam explicar as origens (fontes) do conhecimento, em que o inatismo afirma que o conhecimento é a priori (o sujeito nasce com os saberes) e, por outro lado, o empirismo acredita que o conhecimento é produzido a partir das sensações, das experiências (o sujeito é uma tábula rasa e suas experiências vão fornecendo os conhecimentos ao longo da vida). O conhecimento não pode ser concebido nem de uma forma (inata) nem de outra (conhecimento a posteriori) e, sim, o conhecimento necessariamente vai ser construído a partir das experiências (fatores externos ao indivíduo) e pelas características próprias do sujeito (fatores internos do indivíduo), ou seja, cada indivíduo passa por várias etapas, em que organiza o pensamento e a afetividade. Diante dessa perspectiva, Aranha (1996, p. 202) destaca a ideia de que, para os construtivistas, “a criança não é passiva nem o professor é simples transmissor de conhecimento. Nem por isso o aluno dispensa a atuação do mestre e dos companheiros com os quais interage. Mais propriamente, o conhecimento resulta de uma construção contínua, entremeada pela invenção e pela descoberta”. 1.4. Diretrizes curriculares. As Diretrizes, fundamentadas na Constituição Federal, na LDB e demais leis que buscam organizar e qualificar a Educação Básica do país, definem-se como um conjunto de princípios, fundamentos e procedimentos capazes de orientar as escolas brasileiras na organização, articulação, desenvolvimento e avaliação de suas propostas pedagógicas (Resolução CNE/CEB nº 2/98). Portanto, a comunidade escolar é a autora da proposta que visa educar e ensinar os sujeitos do direito à educação entre 0 e 17 anos, assim como os adultos participantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Organizar, articular, desenvolver e avaliar significa a totalidade do trabalho escolar e se aplica à gestão, ao currículo, ao trabalho didático- pedagógico e às medidas que avaliam e indicam aperfeiçoamentos no trabalho escolar como um todo. Ao Estado brasileiro, como se lê desde a Constituição até o recente Plano Nacional de Educação (2014), cabe o papel de garantir o direito à educação de qualidade com participação e controle sociais. O desafio das Diretrizes é diminuir ou eliminar o distanciamento existente entre as várias propostas pedagógicas e a sala de aula. Visto que o acesso dos educandos, sua efetiva inclusão como seres integrais, sua permanência e seu êxito como estudante-cidadão dentro da idade própria e com direito às diversas etapas e modalidades revela um conjunto de conquistas sociais, o cumprimento do Plano Nacional de Educação (PNE), que resume as lutas, necessidades e desejos dos que trabalham em educação, se articula (nos próximos dez anos) a várias ações concomitantes: formação do magistério, valorização dos profissionais da educação, pesquisa e criação da base nacional comum e da parte diversificada do currículo, avaliação contínua, interna e externa, criação de um sistema nacional de educação plenamente articulado e gerido com competência e ética, ação educacional para a autonomia e a liberdade, vinculação entre educação escolar, trabalho e práticas sociais. Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 28 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC A educação compõe a cultura da vida. A comunidade escolar cria e dissemina cultura, especialmente suas dimensões de estudo, pesquisa, debate, observação, prática ecológica, leitura, escrita,desenvolvimento de raciocínio, ética e valores sócio-políticos. Por isso, o trabalho escolar é comunitário, cidadão e se amplia no crescimento dos educandos e no desenvolvimento do currículo experimentado nas etapas e modalidades da vida escolar. Por isso, também, a comunidade escolar tem responsabilidade direta na construção, implementação e avaliação do currículo de estudos e experiências de educação e ensino. Pensar e realizar o currículo: a dimensão comum nacional e a dimensão diversificada local/regional Entre os vários conceitos de currículo, as Diretrizes optam pelo de Moreira e Candau (2006) em razão de sua amplitude e sua preocupação com a cultura: “conjunto de práticas que proporcionam a produção, a circulação e o consumo de significados no espaço social e que contribuem, intensamente, para a construção de identidades sociais e culturais.” Entende-se, pois, que o currículo não poderia ser imposto, distribuído em apostilas ou simplesmente publicado no Diário Oficial, porque ele se realiza na produção, na circulação e consumo de significados, com vista a criar identidades dos sujeitos que educam e são educados. Ao associarmos a base nacional comum à parte diversificada (que produzem a integração do currículo de uma escola) temos, ao mesmo tempo, a prática das propostas constitucionais, da LDB e demais leis; mas também a prática das escolas que se identificam com o ambiente metropolitano, rural, florestal, ribeirinho, quilombola, indígena, socioeducativo, no espaço das prisões etc. A base nacional comum é orientada pelo Estado brasileiro, por meio do MEC, do Conselho Nacional de Educação e dos Conselhos Estaduais e Municipais de Educação. A dimensão diversificada é construída pelo diálogo entre a escola e seu espaço social, político, ambiental e cultural. Feito isso, temos o currículo de estudos e experiências, sempre avaliado para se enriquecer e se aperfeiçoar. Se alunos, professores, gestores, pais de alunos, funcionários, demais familiares e comunidades não produzem cultura (que se realiza como símbolos, rituais, valores, ideias, linguagens) de modo igual no país repleto de diferenças, os currículos poderão ter fundamentos semelhantes e apontar para valores já apresentados aqui, mas não podem ser iguais. Caso contrário, não produzem identificações necessárias para a amplitude do trabalho local e regional, a autonomia concreta nas realidades vividas, a ação cidadã encarnada nos lugares da vida, os conhecimentos que criam plataformas metodológicas para ampliações e extensões de territórios de vida para educandos e educadores. Cada comunidade escolar, em suas semelhanças e diferenças, pensa, analisa e projeta o país (ampliando-se para as relações internacionais), a partir de cada aula. Os lugares da sociedade que tem a ver, e muito, com o desenvolvimento concreto do currículo de estudos e experiências escolares são o campo do trabalho; a vida participativa e os problemas que exigem superação; os lugares de pesquisa das diversas ciências e consequente difusão e apropriação de conhecimentos; a criação e a difusão artístico-estética; a atualidade da memória e da história; as tecnologias informacionais, comunicacionais, sociais, ambientais, de saúde etc; os movimentos sociais e suas relações com as políticas públicas; o cuidado do corpo e suas formas expressivas; o amplo diálogo social, produtor das linguagens da comunicação (p. 24). Tudo o que se chamava “conteúdo” ou “matéria”, hoje pensado como componente curricular, ou componente da ação educacional da escola, dialoga intensamente com todos esses “lugares”, apreende ideias e valores, organiza experiências integradoras, explora fenômenos, penetra curiosamente no interior dos dados para explicá-los, produz comunicação entre os “lugares” ou “áreas” de saber e fazer. Por isso se afirmou que, ao desenvolver um currículo, a escola está criando um projeto de Brasil, com certeza melhor do que o que temos. Os componentes curriculares, ou de ação educativa, têm nomes, tanto na base nacional comum quanto na dimensão diversificada. Os nomes tendem a ser entendidos como disciplinas: Português, Educação Física, Empreendedorismo Social, Matemática, História Afro-Brasileira e Indígena, Espanhol, Marketing, Artes etc, mas ao contrário de “disciplinar” (como se pensou no passado) esses componentes dialogam com fatos, fenômenos, realidades, histórias, descobertas, criações, pesquisas e constroem conjuntos de estudos adequadamente discriminados, que se realizam no dia-a-dia da escola por meio de projetos, leituras, formas de abordagem, discussões, visitas, diálogos internos e externos, bem como de Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 29 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC avaliações integradas que mostram os avanços e as dificuldades. Do mesmo modo, tais componentes, ao dialogarem com a vida e o mundo dos fenômenos e fatos, criam o que se chama interdisciplinaridade, transdisciplinaridade etc. (p. 27-28) Os conhecimentos em torno dos quais se deram abordagens, diálogos e atitudes variadas reforçam o valor de aprender e induzem ao pensamento autônomo e libertador. Todo esse conjunto pode ser chamado de proposta curricular 2015, 2016, ou matriz curricular 2015 etc, mas o importante é que seja criado e desenvolvido na escola X, a partir de amplo diálogo no sistema escolar local, estadual e mesmo nacional (a escola também cria identidade e identificações pelo conhecimento que tem das demais escolas do sistema). O ponto de partida para uma adequada integração de componentes sugere pensar que trabalhamos áreas por meio de eixos. Na medida em que temos, na base nacional comum, às áreas de linguagens e códigos expressivos, a dinâmica do corpo, arte e estética, ciências da natureza, ciências das culturas humanas, tecnologias e matemática, um projeto de trabalho cria eixos de conhecimento e ação e, em vez de justapor ou somar fatos, cria hipóteses e problemas de conhecimento, ou eixos. Os estudos, e consequentemente respostas ao que se questionou, são movimentos de eixos no interior das áreas, buscando relações, colaboração, sinergia, fatos, valores, ideias, tipos de abordagem. O que é conhecimento específico das áreas colabora na dinâmica do eixo e os diferentes componentes do currículo – seja a base nacional comum, seja a parte diversificada (que, na prática, é o desdobramento do conhecimento pensado na base nacional comum, de interesse local ou regional) – revelam aos educandos o direito de conhecer e a autonomia de estudar. Currículo escolar não é, pois, um conjunto de conteúdos e sim uma plataforma de direitos ao conhecimento, sua pesquisa, apropriação e expansão. Quem trabalha com currículo após a LDB encontra como base nacional comum os seguintes componentes (necessariamente associados aos lugares e valores já citados e em contínuo diálogo com eles): Língua Portuguesa; Matemática; conhecimento do mundo físico, natural, da realidade social e política, especialmente do Brasil, incluindo-se o estudo da História e Cultura Afro- Brasileira e Indígena; Arte (plástica, musical, cênica e audiovisual); Educação Física; Ensino Religioso (facultativo ao educando). Como já mostrado, esse conjunto de conhecimentos e valores é composto de tecnologias, ambiente ecológico, memória popular, comunicação, exercício de cidadania, conquista e manutenção de direitos, presentes e ativos no país e na sociedade humana, bem como dispostos à ampliação e à transformação da vida pelo estudo e pelas experiências individuais e coletivas. Do mesmo modo, engendra intenso diálogo entre os eixos nas áreas, sejam comuns, sejam diversificadas. A parte diversificada desdobra e completa a base nacional comum e considera as realidades da metrópole e suasperiferias, do mundo das florestas, das atividades ribeirinhas, da dinâmica rural, das sociedades tradicionais e das emergentes, dos povos migrantes, das diferenças e identidades no interior da própria escola e seu entorno, enfim, das culturas, economias, etnias, orientações sociais e dinâmicas populacionais brasileiras. Pensando de forma integrada, o currículo resultante será projeto de Brasil e cumprirá a proposta constitucional: formar seres plenos, compreendida sua diversidade, constituir cidadãos e qualificar pessoas para a dinâmica do trabalho contemporâneo. As Diretrizes citam o Parecer CNE/CEB nº 14/2000, relatado pela Conselheira Edla de Araújo Lira Soares: “(...) a base nacional comum interage com a parte diversificada, no âmago do processo de constituição de conhecimentos e valores das crianças, jovens e adultos, evidenciando a importância da participação de todos os segmentos da escola no processo de elaboração da proposta da instituição que deve, nos termos da lei, utilizar a parte diversificada para enriquecer e complementar a base nacional comum. (...) tanto a base nacional comum quanto a parte diversificada são fundamentais para que o currículo faça sentido como um todo.” (p. 32) Para exemplificar, a Língua Portuguesa (e o Guarani ou outra língua em espaços das nações indígenas falantes e comunidades de fronteiras) constitui uma área da base nacional comum no Ensino Fundamental. De fato, uma área irmã das artes, também compostas de determinadas linguagens. A dimensão diversificada dessa área pode contribuir com o Espanhol, mas também com estudos culturais ou tópicos especiais de leitura e escrita. Os exemplos aqui dados são signos para estimular a reflexão, a pesquisa e o estabelecimento de currículo na escola. Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 30 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC Considerando sempre os lugares da vida das comunidades, as necessidades e desejos encontrados, a formação do magistério e a riqueza cultural local ou regional, bem como os limites de tempo do conjunto de áreas ou matriz de componentes, um trabalho colaborativo e integrado entre eixos e áreas pode atender aos objetivos propostos na Constituição, na LDB e demais textos legais, todos voltados aos direitos e à qualidade da educação. No caso dessa área (restrita em língua e ampliada em linguagens, isto é, língua mais artes), eixos como língua escrita e língua falada, a par de memória linguístico-cultural comunitária poderão criar conexões entre os componentes capazes de enriquecer os códigos expressivos, mostrar a distinção entre fala e escrita, estimular o trabalho comparado em línguas, produzir intercâmbios culturais, pensar e se aproximar do outro e seus suportes linguísticos e culturais,portanto comunicacionais. Aí se ligam cognição e atitudes. Começa aí, certamente, uma compreensão clara, precisa e generosa do que é uma rede social. De fato, eixos e áreas em movimento criam conexões fartamente interdisciplinares e, como mostram estas Diretrizes, ampliam compreensões dos seres e do mundo, das ciências, tecnologias e suas práticas; do mesmo modo, fazem surgir a curiosidade criadora de estratégias que levam à compreensão tanto rigorosa como amorosa do mundo e da vida. A dinâmica do currículo da Educação Básica: entre orientações e criações A Educação Básica se divide em etapas e modalidades, distintas e com objetivos específicos, compreendida a riqueza humana das idades e suas potencialidades, bem como as possibilidades concretas dos equipamentos e suas comunidades. Novamente surge a formação do magistério, a valorização dos profissionais da educação, o alargamento do tempo de trabalho escolar, a sinergia entre escola e comunidades de vida e trabalho e a melhoria contínua e geral dos equipamentos que servem ao trabalho educativo. A despeito das diferenças, a Educação Básica tem objetivos comuns, já demonstrados nos textos fundamentais da educação brasileira. Embora seja desnecessário demonstrar uma base nacional comum no ensino das crianças até 5 (cinco) anos, esse tempo infantil de experiências e vivências trabalha com a gestão das emoções; o desenvolvimento de hábitos higiênicos e alimentares; a vivência de situações destinadas à organização dos objetos pessoais e escolares; a vivência de situações de preservação dos recursos da natureza; o contato com diferentes linguagens representadas, predominantemente por ícones – e não apenas pelo desenvolvimento da prontidão para a leitura e a escrita – como potencialidades indispensáveis à formação do interlocutor cultural. No interior desses eixos de trabalho, destaca-se a criatividade de toda a comunidade escolar, incluindo famílias e demais territórios sociais. O Ensino Fundamental de 9 (nove) anos constrói a graduação do primeiro e do segundo ciclo e acompanha as transformações de sentimentos, atitudes psicossociais e atos de conhecimento da criança e do pré-adolescente. Na dinâmica desse trabalho educativo, muitas aberturas são dadas à escola: ampliação do tempo de estudos e experiências, desenvolvimento de projetos em parceria com instituições educacionais, esportivas e culturais; recepção e interação comunitária em horários compartilhados; reorganização de espaços e equipamentos como resposta a novos objetivos da comunidade escolar, coordenada por gestores, conselho e grupos de trabalho compostos por educadores e educandos; e participação ativa nos movimentos sociais que buscam garantir direitos. As Diretrizes (p. 38) apresentam as 5 (cinco) grandes experiências curriculares, gradativas e crescentes do Ensino Fundamental: o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo; a consecução plena da alfabetização, entendida tanto como performance e desempenho como apreensão do significado social e político do conhecimento de novos códigos sociais, suportes da interlocução com o mundo; a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da economia, das tecnologias, das artes e das culturas, tendo como base os direitos humanos que fundamentam a sociedade; o desenvolvimento das capacidades de observar fenômenos, compulsar dados, problematizar situações, analisar processos e funções e, portanto, conhecer por interlocução e experiência, o que leva à formação de novas atitudes e valores; e o fortalecimento dos vínculos de família, em seus variados formatos contemporâneos, dos laços de solidariedade humana e de respeito recíproco em que se assenta a vida social. O Ensino Médio é realizado em, no mínimo, 3 (três) anos e permeado pela diversidade científica, estética e das formas de trabalho. Nele, o pensamento crítico, as conexões sociais, as atitudes Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 31 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC éticas e a autonomia intelectual já trabalhados devem se realizar plenamente. A terminalidade da Educação Básica no Ensino Médio (p. 39) tanto exige pensar que as leis maiores garantem a todos o direito a ascender a níveis contínuos e crescentes de educação, quanto precisa demonstrar o direito ao desenvolvimento profissional, à consolidação de conhecimentos e atitudes, ao aprimoramento do sujeito ético e de direitos e à compreensão vivenciada dos fundamentos científicos, tecnológicos, estéticos e linguísticos que dão suporte e apontam novos processos à sociedade. No Ensino Médio, interessa menos a grandeza qualitativa dos componentes do que suas conexões, articulações, experiências, escolhas, julgamentos, prazer de conhecer e rigor no trato do conhecimento. As modalidades da Educação Básica, como Educação de Jovens e Adultos, EducaçãoEspecial, Educação Profissional e Tecnológica, Educação do Campo, Educação Escolar Indígena, Educação Escolar Quilombola e Educação a Distância são importantes o suficiente para merecerem Diretrizes específicas, algumas pela sua emergência, outras pelo esquecimento e pela invisibilidade social ou por ausência de política de governo. O projeto político-pedagógico: a elaboração, a avaliação e o aperfeiçoamento O projeto político-pedagógico (PPP) da escola democrática e que avança para sua liberdade e sua autonomia, conforme a Constituição e a LDB, sinaliza o regime de colaboração ainda não realizado, mas vivo nos textos das leis fundamentais da educação brasileira. O PPP é impostergável, pois segue a dinâmica do calendário escolar e impossível de ser escrito senão pela comunidade que pretende construir uma ação curricular rigorosa e prazerosa, um processo de ensino-aprendizagem que considere os sujeitos dessa ação e modos de trabalho que garantam apreensões criativas do conhecimento, a par de atitudes e compartilhamentos originais. O PPP, como se sabe, se articula ao Plano Municipal de Educação e este aos Planos Estaduais e Nacional. Aí reside, pois, o direito e o dever da criação conjunta desse guia do trabalho educacional. Consideradas as perspectivas propostas nos Planos e Diretrizes, o PPP se define dentro do seu “mundo social e geográfico”, o que vai da formação continuada dos professores ao perfil dos estudantes; dos projetos de enriquecimento curricular às posições metodológicas; dos critérios de organização do calendário educacional às parcerias comunitárias; das ações interdisciplinares à clareza quanto aos processos de recuperação, distorção idade/ano/série; do uso crítico das novas tecnologias aos cuidados com a saúde de todos os sujeitos da escola. A rigor, trata- se de colocar o currículo em ação, como coração dos movimentos de ensino e aprendizagem. Em suma, as Diretrizes propõem às unidades escolares seis atitudes capazes de garantir a autonomia escolar, a escritura de um currículo original e a demonstração de direitos da comunidade: a) realizar diagnóstico adequado dos sujeitos do processo educativo e seu território de inserção; b) desenvolver concepções de conhecimento, aprendizagem e avaliação e “encarná las” no PPP, com visão crítica para futuras mudanças; c) precisar a qualidade social da educação na unidade circundada por realidade conhecida e considerada na gestão escolar; d) refletir criticamente sobre os resultados das avaliações externas e manifestar-se a respeito dessas formas de avaliação como contribuição da unidade escolar; e) trabalhar curricularmente para a garantia do acesso, permanência e superação das reprovações; f) ampliar a democratização das relações de trabalho, pesquisa conjunta, presença da “sociedade” do entorno, decisões colegiadas, construção de projetos, trabalho em sala de aula, formação e avaliação. Sobre a avaliação, o ato de avaliar, na escola democrática e que amplia sua autonomia, não é uma imposição do sistema, mas o resultado da inteligência, da ação educacional e do ensino eficiente da escola, proposto em seu PPP. O que de fato se avalia, no universo educacional, não são conteúdos disciplinares, principalmente quando o trabalho não foi feito de modo fragmentado e particularista. Avalia-se o conjunto do que se construiu como trabalho curricular integrado, na dinâmica de eixos, áreas e componentes. Mesmo uma possível “prova” ou um “trabalho” sobre determinado componente espelhará um conhecimento maior, demonstrará conexões entre saberes experimentados. Avaliam-se “estados” de um projeto de trabalho, “momentos” da dinâmica curricular, com o fim evidente de corrigir alguns rumos, reforçar outros, acelerar ou recuperar situações; enfim, aperfeiçoar o currículo e construir Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 32 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC a autonomia intelectual dos educandos. A avaliação precisa afirmar, contínua e crescentemente, os direitos dos educandos e de sua escola a se distinguirem em sua identidade social, em suas buscas de ampliar, apropriar e disseminar o conhecimento, bem como criar atitudes científicas e gestos de solidariedade nos atos de conhecer e compartilhar seus valores. 1.5. Políticas públicas e legislações que regulam a educação, como a LDB (Lei de Diretrizes e Bases). A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei nº 9.394/1996, estabelece as diretrizes gerais da educação no Brasil. Desde 2020, essa lei passou por várias alterações, que buscaram adaptar o sistema educacional às novas demandas sociais, tecnológicas e políticas. Aqui apresentamos as principais mudanças que ocorreram nesse período: 1. Lei nº 14.040/2020 - Medidas emergenciais devido à pandemia • Com o impacto da pandemia de COVID-19, a Lei 14.040 foi aprovada para regular o funcionamento do ano letivo de 2020 e permitir mais flexibilidade na carga horária. • A norma permitiu que as escolas e instituições de ensino superior pudessem reorganizar seus calendários escolares sem necessariamente cumprir os 200 dias letivos mínimos, desde que a carga horária fosse cumprida de alguma maneira. • Também foi permitido o uso de aulas à distância como parte do cumprimento dessa carga horária, uma medida essencial durante o fechamento das escolas. 2. Lei nº 14.113/2020 - Novo FUNDEB • Outra mudança importante foi a transformação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB) em um fundo permanente com a Lei nº 14.113/2020, sancionada em 2020. • O FUNDEB é essencial para o financiamento da educação básica pública, e sua alteração trouxe um aumento na participação financeira da União, além de novos critérios de distribuição dos recursos, buscando maior equidade entre os estados e municípios. • Além disso, a lei vinculou os investimentos do FUNDEB a critérios de qualidade educacional e melhor distribuição dos recursos para as áreas mais necessitadas. 3. Lei nº 14.172/2021 - Acesso à internet para alunos e professores • Sancionada em 2021, essa lei determinou que a União deveria garantir recursos para acesso à internet em alta velocidade para alunos e professores da rede pública de ensino, especialmente para aqueles em situação de vulnerabilidade social, como resposta aos desafios impostos pela pandemia e pela educação a distância. • Essa medida foi fundamental para garantir a inclusão digital em um contexto onde o ensino remoto se tornou uma realidade. 4. Lei nº 14.325/2022 - Educação bilíngue para surdos • A Lei nº 14.325/2022 estabeleceu a Educação Bilíngue de Surdos como uma modalidade de ensino. Essa modalidade reconhece a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como a primeira língua, e o português como segunda língua para pessoas surdas. • A implementação dessa modalidade nas redes de ensino representa um avanço na inclusão e no respeito às necessidades educacionais dos surdos. 5. Lei nº 14.533/2023 - Políticas educacionais para superdotados • Esta lei, sancionada em 2023, promove a educação especial para superdotados e estudantes com altas habilidades, estabelecendo diretrizes específicas para atender melhor essa população estudantil. • A intenção é garantir que as escolas públicas e privadas ofereçam condições adequadas para identificar e desenvolver o potencial desses alunos, com adaptações curriculares e práticas pedagógicas específicas. 6. Lei nº 14.957/2023 - Ensino de Cidadania e Direitos Humanos • Esta nova alteração incluiu a obrigatoriedade do ensino de cidadania e direitos humanos em todas as escolas, com o objetivo de fomentar o entendimento dos direitos fundamentais, da democracia e da convivência social pacífica desde a educação básica. Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.coma partir daí surgiram mudanças nas Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 3 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC instituições educacionais, como a descentralização do poder, a transformação do curso preparatório para o ensino superior, novas faculdades, a dualidade do sistema de educação brasileiro, a educação estava num processo de autonomia. Durante a primeira república em 1891 foi decretada a Reforma Benjamin Constant, promovendo a unificação do currículo da escola secundária acrescentando o estudo das ciências através das disciplinas como sociologia, moral, direito e economia política. No ano seguinte foi colocada em prática, sua principal função era a garantia de liberdade e laicidade do ensino e a gratuidade da escola primária de acordo com a orientação do texto constitucional. A Constituição da República de 1891, consagrou o sistema dual de ensino e oficializou a distância entre a educação da classe dominante (escolas secundárias acadêmicas e escolas superiores) e a educação do povo (escola primária e escola profissional). O começo da modernização do ensino brasileiro se dá com ingresso das ciências positivas nos currículos das escolas superiores. Com a Lei orgânica Rivadávia Correa, de 1911 os anseios positivistas são atendidos de maneira mais direta, pois acaba com o controle do Estado sobre a concessão de diplomas, volta com os exames admissionais nas faculdades e desqualifica o ensino secundário. A educação na década de 1920 passou por grandes iniciativas e grandes acontecimentos originando o Partido Comunista brasileiro que no processo de planejamento de um projeto político amplo, traça alguns princípios educacionais, dentre eles destacam-se a ampliação da escola pública, multiplicação das escolas profissionais para ambos os sexos, melhorias nas condições de vida dos educadores e auxílio financeiro para crianças pobres em idade escolar, há cursos e aulas de formação política, bastante disciplinada para os membros do partido. Já em 1925 ocorre a última reforma da República, a reforma Rocha Vaz, bastante conservadora, carregando ainda o caráter elitista da sociedade agroexportadora. A crise econômica mundial de 1929 repercutiu sobre a economia brasileira, coincidindo com o período da Segunda República grandes modificações ocorreram na década de 30 englobando áreas da política, econômica e social, o Brasil acompanhou as mudanças e sua forma de educação teve outra alteração. Ainda no período da segunda república apareceram as reformas educacionais mais modernas, foi o início da Era Vargas nesse importante episódio de nossa história, protagonizada por Getúlio Vargas, procuraremos salientar a trajetória do homem político através de relatos da explicação crítica dos projetos da nação que foram criados no seu tempo. No ano de 1932 um grupo de educadores conduziu a Nação o Manifesto dos Pioneiros, um documento muito importante com o objetivo de inovar o sistema educacional brasileiro. Buscava uma escola pública, de ensino laico e gratuito que garantisse a educação para todos independente de classe ou gênero eles deveriam ter a mesma oportunidade de aprendizagem. Neste contexto, surge a ideia de formação integral e de escola de tempo integral. A proposta de educação integral surge como resposta à função social excludente que a escola exerceu em nosso país desde o período colonial. A Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, de 1934 em seu Capítulo II, Da Educação e da Cultura, dispõe nos artigos 148 e 149: Art.148 ‐ Cabe à União, aos Estados e aos Municípios favorecer e animar o desenvolvimento das ciências, das artes, das letras e da cultura em geral, proteger os objetos de interesse histórico e o patrimônio artístico do País, bem como prestar assistência ao trabalhador intelectual. (...) Art. 149 ‐ A educação é direito de todos e deve ser ministrada, pela família e pelo Poderes Públicos, cumprindo a estes proporcioná‐la a brasileiros e a estrangeiro domiciliados no País, de modo que possibilite eficientes fatores da vida moral e econômica da Nação, e desenvolva num espírito brasileiro a consciência da solidariedade humana (Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, 1934.) Em relação ao ensino secundário, o regulamento se fez logo após a tomada de poder por Vargas e sofreu a primeira reforma em 1931 e a segunda, em 1942. Tanto na primeira realizada pelo ministro da educação Francisco Campos, quanto na segunda feita pelo, também ministro Gustavo Capanema, Reforma Capanema, cria instituições como INEP, SENAI e SENAC, o objetivo é a formação geral e a preparação para o ensino superior. A consciência patriótica é acentuada, bem como a formação do homem para todos os grandes das atividades nacionais. A educação com Vargas se viu valorizada, há muito tempo que não se tinha dado tanta atenção a ela. Agora era responsabilidade do governo. O aluno Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 4 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC podia ser pobre ou rico, a idéia era que todos tivessem acesso à escola. Ter educação era poder vislumbrar um futuro melhor, pois nessa época o Brasil se encontrava em desenvolvimento industrial. Nesse tempo não havia diferença entre classes, a educação só queria reajustar o aluno que era indisciplinado e corrigi-lo. Ser aluno era se sentir parte de um grupo, era aprender a viver, aprender a aprender, era poder esperar outra vida, sair da marginalidade. Ao fim do estado novo e com base nas doutrinas constantes da constituição de 1946 foi instituído pelo ministro Clemente Mariani um anteprojeto de reforma geral da educação, onde foi encaminhada à câmara federal em novembro de 1948 dando início a uma luta de ideias em torno das propostas institucionais, destacando a responsabilidade do estado quanto a educação e quanto a participação das escolas particulares de ensino. Iniciando assim uma discussão longa de treze anos sobre uma Lei de Diretrizes Básicas A educação brasileira se libertava de um modelo de educação que se perdurou durante muitos anos, e no decorrer desse processo, surgiram novas idéias, novas leis, mudando a concepção de ensino, o sistema de ensino adquiriu uma nova estrutura formada por quatro etapas. Primeira etapa o Ensino pré-primário, composto pelo as escolas maternais e jardins da infância; segunda etapa o Ensino primário, de 4 anos com chance de ser acrescido de 2 anos mais com programa de artes aplicada; terceira etapa Ensino médio, acontecia em dois ciclos: ginasial de 4 anos e o colegial de 3 anos, ambos por sua vez compreendendo o ensino secundário e o ensino técnico (industrial, agrícola, comercial e de formação de professore); quarta etapa Ensino superior, com a mesma estrutura já consagrada antes. No ano de 1950 com a volta de Getúlio Vargas ao poder, o setor industrial estava em grande crescimento, com a necessidade cada vez maior de profissionais qualificado, o governo estrategicamente equivalem os cursos técnicos ao nível secundário, tornando assim maior a procura pelo o ensino superior (NASCIMENTO, et al 2012). Decorrido o tempo sobre o debate da LDB foi sancionada a Lei nº 4.024 de 20 de dezembro de 1961, durante o governo João Goulart o foi um avanço significativo para a educação. Uma parte das Forças Armadas rebelou-se contra o governo de João Goulart em 1964 originando o movimento do Regime Militar atingindo a área da educação devido ao aumento do militarismo e do autoritarismo. O militarismo impôs a ditadura militar sendo implantadas leis rígidas em relação à educação, sendo criado pela Lei nº. 5.379, de 15 de dezembro de 1967, o Movimento Brasileiro de Alfabetização – MOBRAL com uma ideologia bem diversificada ao que era aplicada tendo como objetivo principal dar aos alunos078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 33 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC 7. Lei nº 14.601/2023 - Nova Política Nacional de Educação Especial • Aprovada em 2023, essa lei visa fortalecer a educação especial no Brasil, criando políticas específicas para garantir a inclusão de alunos com deficiências ou necessidades especiais em escolas regulares, sempre que possível, e também para aprimorar o atendimento em escolas especiais quando necessário. 8. Lei nº 14.867/2023 - Educação Ambiental • Aprovada em 2023, essa lei tornou obrigatória a educação ambiental em todas as etapas da educação básica. O objetivo é formar cidadãos mais conscientes sobre a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento sustentável. A Lei 14.954, sancionada em 2024, trouxe mudanças importantes para o Novo Ensino Médio no Brasil, respondendo a críticas e desafios enfrentados desde a implementação da reforma do Ensino Médio em 2017 (Lei 13.415). As principais alterações visam ajustar o modelo de ensino, tornando-o mais flexível e inclusivo. Aqui estão alguns pontos-chave sobre como ficou o Novo Ensino Médio após essa nova lei: 1. Redução da Carga Horária e Revisão de Componentes Curriculares • A Lei 14.954 reduziu a carga horária mínima exigida para o Ensino Médio, aliviando a pressão sobre os estudantes e as escolas, que antes precisavam se adaptar ao aumento significativo de horas de aula. • Algumas disciplinas, que haviam sido integradas em componentes maiores ou deixadas como optativas, voltaram a ganhar protagonismo no currículo obrigatório, especialmente nas áreas de Língua Portuguesa, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas. 2. Revisão dos Itinerários Formativos • Os itinerários formativos, que foram criados para permitir uma escolha mais personalizada pelos alunos com base em áreas de interesse (exatas, humanas, linguagens, etc.), passaram por uma reformulação. • Agora, há mais atenção para garantir que esses itinerários ofereçam uma formação sólida e abrangente, evitando a especialização precoce e desigualdades de acesso entre os alunos de diferentes escolas ou regiões. 3. Reforço no Ensino Técnico e Profissionalizante • A lei também destacou a importância do ensino técnico e profissionalizante, reforçando sua oferta no Ensino Médio como uma maneira de preparar os alunos para o mercado de trabalho de forma mais eficaz. 4. Equidade e Inclusão • Um dos objetivos principais da reforma foi tornar o Ensino Médio mais inclusivo e equitativo, com um foco maior em atender às necessidades das diferentes regiões do Brasil. Havia um reconhecimento de que nem todas as escolas conseguiam implementar o modelo de itinerários da mesma maneira, especialmente nas áreas rurais e de baixa renda. • A lei reforça a importância de garantir que todos os alunos tenham acesso às mesmas oportunidades, independentemente de onde estejam. 5. Flexibilidade para as Escolas e Estados • Os estados e as escolas ganharam maior flexibilidade na implementação do currículo, podendo adaptar o conteúdo e a forma de aplicação de acordo com as necessidades locais e a infraestrutura disponível. Impacto Geral Essas mudanças foram implementadas com o objetivo de atender às críticas de que a versão anterior do Novo Ensino Médio criava desigualdades e aumentava a carga sobre os estudantes e os professores. Agora, o sistema tenta encontrar um equilíbrio entre proporcionar mais opções de escolha para os alunos e garantir uma formação básica sólida e de qualidade para todos. Com essas alterações, espera-se que o Ensino Médio se torne mais eficiente, inclusivo e relevante, tanto para os alunos que pretendem ingressar no ensino superior quanto para aqueles que querem ingressar no mercado de trabalho diretamente após a conclusão do curso. 1.6. Organização e desenvolvimento de currículos. O currículo é um campo permeado de ideologia, cultura e relações de poder. Segundo Moreira e Silva Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 34 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC (1997, p. 28), “o currículo é um terreno de produção e de política cultural, no qual os materiais existentes funcionam como matéria prima de criação e recriação e, sobretudo, de contestação e transgressão”. O currículo escolar tem ação direta ou indireta na formação e desenvolvimento do aluno. Assim, é fácil perceber que a ideologia, cultura e poder nele configurados são determinantes no resultado educacional que se produzirá. Ou seja, é um dos modos pelo qual a linguagem produz o mundo social, e, por isso, o aspecto “PODER” deve ser considerado nas discussões sobre currículo. Sendo uma prática tão complexa, há enfoques diversos e distintos graus de aprofundamento. No entanto, todas as concepções revelam posicionamentos de valor. É natural que seja assim, pois, como todo trabalho pedagógico se fundamenta em pressupostos de natureza filosófica, a escola e o professor tornam evidentes suas visões de mundo, assumindo posturas mais tradicionais ou mais libertadoras no desenvolvimento do currículo. O que é currículo Segundo Cláudia Galian Especialista em currículo com pós-doutorado pelo Institute of Education da University of London e professora da USP, defende que o currículo vai muito além do que a escola deve ensinar, ou seja, não se limita à proposta de um documento formal. Definir a qual concepção o educador se reporta é essencial para o debate e para um currículo real. O cidadão que queremos Partindo de uma concepção mais ampla de currículo, para Cláudia Galian, é necessário discutir que tipo de cidadão se quer formar antes de debater o conteúdo a ser ensinado/aprendido. Currículo é escolha, sustenta a especialista, e essa escolha determina os conhecimentos escolares que serão abordados. Currículo, relações de poder e hierarquia das disciplinas A definição de uma proposta curricular é essencialmente o espelho das relações de poder existentes na sociedade: não apenas entre diferentes estratos sociais, mas também entre as concepções existentes no interior de cada disciplina e mesmo entre as próprias disciplinas, o que impacta não só a proposta curricular em si, mas também a maneira como será implementada na escola. Nesse processo, algumas vozes têm mais força e expressão, enquanto outras são silenciadas ou mesmo distorcidas. No entanto, ao passo que as relações de poder mudam com o tempo, o currículo é, por definição, temporário – e as vozes que não apareceram em uma proposta continuam pressionando para serem ouvidas. Currículo, território e comunidade Faz parte do papel do professor – e da própria escola – considerar quem é o aluno com o qual ele se relaciona. Isso significa que uma proposta curricular deve não apenas dar espaço para que a escola e o professor possam fazer escolhas, mas também levar em consideração o território e a comunidade em que o aluno se insere. O potencial das parcerias A escola precisa ser apoiada nas suas escolhas, ainda que seja importante manter a centralidade da escola quando se discute o currículo, a parceria da escola pública com outras instituições e organizações guarda inúmeras potencialidades. Currículo e desigualdades sociais É impossível cobrar da escola a resolução de todas as desigualdades sociais: não apenas a escola já está inserida em uma sociedade desigual, como há desigualdades que extrapolam a escola. No entanto, a escola pode muita coisa, e o currículo é um dos caminhos pelos quais podemos tentar fazer com que a escola cumpra um papel em relação a essa desigualdade. Além disso, a proposta rompe com aquela ideia pobre de meritocracia: a de que, “se o aluno se esforçar, ele pode tudo na escola”, sem levar em consideração os pontos de chegada diferentes com que adentram a escola. 1.6.1 TEORIAS DO CURRÍCULOÉ importante entender o significado de teoria como discurso ou texto político. Uma proposta curricular é um texto ou discurso político sobre o currículo porque tem intenções estabelecidas por um determinado grupo social. Uma Teoria do Currículo ou um discurso sobre o Currículo, mesmo que pretenda apenas descrevê-lo tal como é, o que efetivamente faz é produzir uma noção de currículo. Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 35 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC As chamadas “teorias do currículo”, assim como as teorias educacionais mais amplas, estão recheadas de afirmações sobre como as coisas devem ser. É preciso entender o que as teorias do currículo produzem nas propostas curriculares e como interferem em nossa prática. Uma teoria define-se pelos conceitos que utiliza para conceber a realidade. Os conceitos de uma teoria dirigem nossa atenção para certas coisas que sem elas não veríamos. As teorias do currículo se caracterizam pelos conceitos que enfatizam. São elas: Teorias Tradicionais: (enfatizam) ensino - aprendizagem- avaliação – metodologia- didática-organização – planejamento- eficiência- objetivos. Teorias Críticas: (enfatizam) ideologia- reprodução cultural e social, poder- classe social- capitalismo- relações sociais de produção conscientização- emancipação- currículo oculto- resistência. Teorias Pós-Críticas: (enfatizam) identidade- alteridade- diferença subjetividade- significação e discurso- saber e poder- representação cultura- gênero- raça- etnia- sexualidade- multiculturalismo. 1.6.1.1 Teorias Tradicionais: As teorias tradicionais de currículo são baseadas em modelos tradicionais cuja discussão não visa problematizar as instituições de ensino, tampouco os processos de configuração da vida social na sua relação com a construção do currículo e do processo de ensino-aprendizagem. Essa perspectiva produz um apagamento acerca das questões econômicas, políticas e culturais que culminam na elaboração de um currículo apenas como conjunto de conteúdos que devem ser ministrados, apagando as discussões sobre a estrutura social que determina aquilo que deve ou não ser ensinado e os porquês dessa seleção. De modo geral, esse modelo de currículo está centrado em questões técnicas e é baseado numa perspectiva fabril, de monitoramento e controle dos envolvidos no processo educacional. Assim, pode-se dizer que as teorias tradicionais colocam o currículo nos moldes do sistema capitalista. Nas palavras de Silva (2010, p. 148): O currículo é capitalista. O currículo reproduz – culturalmente- as estruturas sociais. O currículo tem um papel decisivo na reprodução da estrutura de classes da sociedade capitalista. O currículo é um aparelho ideológico do Estado capitalista. O currículo transmite a ideologia dominante. O currículo é, em suma, um território político. Dessa forma, vale salientar que as teorias tradicionais se desenvolvem nos moldes do sistema capitalista baseados na reprodução, no controle e monitoramento da produção. As teorias tradicionais são teorias de aceitação, ajuste e adaptação que colocadas no interior do processo educacional produziam práticas de assujeitamento dos envolvidos no processo, pensando, aqui, o modelo de controle dos Aparelhos Ideológicos do Estado, em particular, o Aparelho Ideológico Escolar 1. 6.1.2 Teorias Críticas As teorias críticas do currículo, por sua vez, surgem a partir dos movimentos sociais nos anos de 1960. Eles se constituem de abordagens baseadas na crítica ao modelo de currículo profissional centrado na reprodução do modelo fabril, na reprodução, no monitoramento e no controle rigoroso dos processos de ensino aprendizagem com base na sistematização de um currículo de base hegemônica. Silva (2010) aponta alguns desses movimentos que modificaram e/ou trouxeram uma nova visão de currículo, tais como: Os movimentos de independência das antigas coloniais europeias; os protestos estudantis na França e em vários outros países; a continuação do movimento dos direitos civis nos Estados Unidos; os protestos contra a guerra do Vietnã; os movimentos de contracultura; o movimento feminista; a liberação sexual; as lutas contra a ditadura militar no Brasil (SILVA, 2010, p.29). Esses movimentos trouxeram à tona a discussão sobre as diversas formas de opressão e colonização do outro, suscitando uma discussão sobre os marginalizados na sociedade, principalmente, sobre a pobreza e desigualdade social, incluindo, aqui, àquelas materializadas pelo currículo escolar em que predomina a língua, a cultura e os saberes das classes privilegiadas economicamente. Desse modo, as teorias críticas do currículo surgem como uma alternativa para compreensão do processo de ensino aprendizagem e dos saberes e competências que perpassam o currículo. Colocam-se no lugar da crítica dos conhecimentos até então naturalizados no currículo, entendido, aqui, não apenas como conteúdos, objetivos, competências, metodologias, etc., mas como uma práxis pedagógica ligada à dinâmica da vida social, à luta de classes e, portanto, ligado à cultura. Essas teorias surgiram como uma nova forma de “conceitualização”, como um Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 36 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC “movimento” que critica a concepção tecnicista de currículo pensada pelos primeiros pesquisadores da área, tais como Bobbitt e Tyler. Nesse sentido, as teorias críticas do currículo se constituíram/constituem a partir da insatisfação com o modelo de ensino vigente à época, como uma crítica ao modelo tecnocrático de currículo. 1. 6.1.3 Teorias Pós-críticas Dando continuidade à análise, vale destacar a importância da última categoria que analisaremos neste trabalho: as teorias pós-críticas de currículo. Elas recebem esse nome por se configurarem como um avanço/aprofundamento das teorias críticas, aprofundando-se na discussão sobre currículo e desigualdade social, feminismos, gênero, etc. Desse modo, as teorias pós-críticas problematizam o “progresso” cultural e a hegemonia de determinados grupos étnicos e econômicos. Em vista disso, pode-se dizer que as teorias pós- críticas defendem o reconhecimento da pluralidade cultural e diversidade humana, elaborando uma concepção de currículo que dialoga com as categorias de identidade, alteridade e diferença. Nesse sentido, o currículo traz à tona a necessidade de formação humana integral em que seja possível o desenvolvimento da capacidade de olhar através do lugar social do outro, da capacidade de compreender e respeitar as diferenças étnicas, culturais, sexuais, etc. As teorias pós-críticas são mais problematizadoras que as teorias críticas no que se refere aos processos de dominação social, discutindo aspectos da dominação e opressão outrora apagadas, tais como nas relações de poder materializadas na distinção social, econômica, étnica, cultural, de gênero e de sexualidade. Em vista disso, pode-se dizer que as teorias pós-críticas modificam e ampliam aquilo que vem sendo construído acerca do currículo ao longo do século XX. Elas colocam como questão importante a discussão de que o poder não é algo dado e centralizado. Com base nas discussões de Foucault na Microfísica do Poder e outras obras, as teorias pós-críticas defendem que o poder não é algo fixo em posse de determinado grupo, pessoa ou instituição. Nesse sentido, o poder é descentralizado e as formas de opressão se manifestam nas diversas microrrelações, de gênero, de trabalho, de lazer, de educação, de política, etc. Desse modo, entende-se que o poder está espalhado por toda a rede social. Em vista disso, entende-se que o currículo também materializa essas formas de opressão, por isso sua problematização é fundamental à práxis pedagógica, pois revelao apagamento dos sujeitos historicamente marginalizados no processo educacional, tais como as pessoas com deficiências, negros, indígenas, lgbts, dentre outros. 1. 6.2 TIPOS DE CURRÍCULO Existem tipos de manifestações de currículo escolar, também chamadas de níveis de currículo escolar, segundo José Sacristán, a fim de distinguir conteúdo, formas de trabalho, organização e seleção pedagógica de cada um deles. São eles: CURRÍCULO FORMAL, OFICIAL, PRESCRITO, EXPLÍCITO: É tudo aquilo que é imposto pelo sistema de ensino, como DCN´s, BNCC e no caso do Estado do Ceará DCRC. Refere-se ao chamado "currículo formal" (também conhecido como currículo prescrito), que é o currículo em sua forma mais idealizada. Ele é “prescrito” porque é pensado fora das especificidades de uma sala de aula, quer dizer, vem antes do contato efetivo entre professores(as) e estudantes. Aparece, por exemplo, nas diversas formas de diretrizes curriculares (nacionais, estaduais, de educação especial etc.) e constitui-se de um conjunto de conhecimentos que a escola e o sistema de ensino julgam imprescindíveis para os(as) estudantes em determinada disciplina ou em determinado ano escolar. CURRÍCULO REAL, EM AÇÃO: O que será realizado em sala, ou seja, é o planejamento de aula que o professor faz e vai praticar em sala de aula. Muitas modificações nesse processo podem ocorrer. É o planejamento em ação. Refere-se a como o conjunto de conhecimentos prescritos pelas instituições de educação, ganha efetividade no dia a dia da sala de aula, nas relações que se estabelecem entre professores(as) e estudantes, nas particularidades de suas vivências e de suas maneiras de pensar. Ele é composto, por exemplo, de todas aquelas adaptações feitas cotidianamente pelo professor que percebe que um determinado assunto despertou o interesse dos(as) estudantes, ou das estratégias usadas para aproximar a temática de suas realidades. Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 37 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC CURRÍCULO OCULTO, NULO: São todas as manifestações em ambiente escolar. São as simbologias que formam o ambiente escolar, que não estão expressas em palavras ou não estão formalmente no papel. Refere-se a constituição de todos os saberes que não estão prescritos nas diretrizes curriculares, mas que acabam por afetar, positiva ou negativamente, o processo de aprendizagem dos conhecimentos escolares. São os conhecimentos adquiridos fora da escola, com a família, os amigos; ou, ainda, no espaço escolar, nas brincadeiras dos corredores, na forma de dispor as carteiras, na maneira de se comportar diante de professores(as) e colegas etc. Currículo avaliado – evidencia as relações entre currículo e a avaliação, pois trata do currículo formulado para atender as expectativas das avaliações (externas e dos próprios pais). Refere-se a concentração do currículo e ou a práticas pedagógicas, de forma focal as matrizes de referência das avaliações externas, nacionais, internacionais ou de rede. 1. 6.3 DESENHOS OU ARRANJOS CURRICULARES A ideia de desenho curricular, refere-se a um processo que permite organizar e desenvolver um plano educacional. Através desta estruturação procura-se satisfazer as necessidades formativas dos alunos. O desenho curricular está refletido em um documento que apresenta a estrutura do plano de educação, detalhando as características e projetando o escopo da formação. Este documento menciona os objetivos do currículo, as competências a serem desenvolvidas, os resultados a serem perseguidos e a certificação concedida. Na organização e gestão do currículo, as abordagens disciplinar, pluridisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar requerem a atenção criteriosa da instituição escolar, porque revelam a visão de mundo que orienta as práticas pedagógicas dos educadores e organizam o trabalho do estudante. Perpassam todos os aspectos da organização escolar, desde o planejamento do trabalho pedagógico, a gestão administrativo-acadêmica, até a organização do tempo e do espaço físico e a seleção, disposição e utilização dos equipamentos e mobiliário da instituição, ou seja, todo o conjunto das atividades que se realizam no espaço escolar, em seus diferentes âmbitos. 1. 6.3.1 DISCIPLINAR, PLURIDISCIPLINAR OU MULTIDISCIPLINAR MULTIDISCIPLINAR – modelo fragmentado em que há justaposição de disciplinas diversas, sem relação aparente entre si. PLURIDISCIPLINAR – modelo em que justapõem disciplinas mais ou menos vizinhas nos domínios do conhecimento, formando-se áreas de estudo com conteúdos afins ou coordenação de área, com menor fragmentação: por exemplo, anatomia, fisiologia. Configura-se em uma prática pedagógica separada por disciplinas que caracterizam algumas ciências e/ou áreas do conhecimento. Esta organização por disciplina deixa muito a desejar, uma vez que ela prevê um grau de fragmentação do conhecimento que dificulta sua integração. Esta maneira de pensar o currículo, apesar de defender certa neutralidade político-econômico-social, tende a caracterizar-se como resultado de uma forma de pensar o mundo e a educação. Ele foi pensado por grupos sociais que o idealizaram a partir de seus interesses. Além dessas questões ideológicas o currículo disciplinar não tem/disponibiliza espaço para reflexão/reconhecimento de questões subjetivas como valorização da realidade na qual a escola está inserida, não leva em conta as capacidades, interesses e experiências dos alunos (as). Este currículo molda uma relação professor-aluno engessada sem tempo e nem disposição para a afetividade, diálogo e até mesmo a relação aluno- conhecimento é desestimulante e não considera as dificuldades apresentadas pelo aluno (a). Os conhecimentos são apresentados aos alunos como independentes e não disponibilizando condições de fazer uma relação entre eles. Neste sentido, a aprendizagem se caracteriza como memorização de conteúdos sem relação entre si e nem com a realidade, sua aprendizagem só se torna necessária dentro da escola para que o aluno consiga passar para as etapas posteriores, mesmo que depois esse conhecimento seja todo esquecido ou se torne inutilizável. Na gênese desse modelo de escola, destacam-se ainda as influências marcantes da Igreja — com seus Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 38 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC dogmas e sacramentos, sobretudo a penitência, determinando práticas como a avaliação, as punições e proibições e a apresentação de verdades prontas e definitivas — e da ideologia política dominante. Fragmentando-se o conhecimento acumulado através de um currículo multidisciplinar, fragmenta-se o próprio Homem (o aluno e o professor), que fica então fragilizado e é facilmente dominado. 1.6.3.2 INTERDISCIPLINAR INTERDISCIPLINAR – modelo com nova concepção de divisão do saber, que frisa a interdependência, a interação, a comunicação existentes entre as disciplinas e busca a integração do conhecimento num todo harmônico e significativo. A interdisciplinaridade se refere a uma nova concepção de ensino e de currículo, baseada na interdependência entre os diversos ramos do conhecimento. Paradigma (modelo, padrão) é um conceito atualmente usado para designar a forma de estruturação e funcionamento do cérebro humano. Nesse sentido, paradigma é uma estrutura-modelo, um modo de pensar. Nossa perspectiva é de que o atual currículo escolar deve sofrer algumas alterações, passando do modelo multidisciplinar para o interdisciplinar. Pretendemos fazer uma análise histórica da instituição escolar, buscando entender por que a escola tem hoje um projeto pedagógico multidisciplinar. A proposta interdisciplinar será justificada por uma reflexão teórica queexplique por que a escola deve ter um currículo interdisciplinar. Finalmente, serão sugeridas algumas estratégias para uma transformação curricular, rumo a um novo paradigma, mais dinâmico e compatível com o avanço acelerado que têm hoje a ciência e a tecnologia, a partir das invenções e descobertas que o ser humano tem feito, cada vez com maior rapidez. É nossa intenção analisar o atual currículo escolar para reorientá-lo rumo à nova proposta a partir das constatações feitas. Esperamos, assim, deixar clara a necessidade da mudança antes de abordar a questão da operacionalização, do como fazer essa passagem, essas mudanças. A fundamentação da nossa proposta é claramente construtivista. Acreditamos que já superamos tanto o modelo de estrutura escolar inatista como o empirista. O modelo construtivista, que faz uma síntese dos dois modelos anteriores, é o mais adequado ao momento atual. Segundo o construtivismo, o ser humano nasce com potencial para aprender. Mas esse potencial — essa capacidade — só se desenvolverá na interação com o mundo, na experimentação com o objeto de conhecimento, na reflexão sobre a ação. A aprendizagem se organiza, se estrutura num processo dialético de interlocução. Por isso, a escola utiliza hoje as dinâmicas de grupo, que possibilitam a discussão, o diálogo. É preciso haver o elemento dialogante para que o saber se construa. Nossos pontos de vista e nossas ideias se clareiam quando temos com quem discuti-los. A interação social no grupo de sala de aula é, pois, fundamental para que a aprendizagem circule, movida pelas relações afetivas. A organização acadêmica tradicional, com os alunos fechados em si mesmos, pensando e produzindo sozinhos, deve abrir espaço para que aconteça a polifonia, o debate, o trabalho coletivo, a interlocução. Por outro lado, uma aprendizagem significativa exige, além da interlocução e da experimentação, o movimento do corpo no espaço e a utilização das estruturas mentais para relacionar os estímulos recebidos, formando conceitos claros. Conceituar é, para os filósofos gregos antigos, a primeira operação da mente — o ato pelo qual o espírito produz ou representa em si mesmo alguma coisa, compreendendo-lhe o significado. Para discutirmos o tema interdisciplinaridade, começaremos pela compreensão de alguns termos específicos, conceituando-os com clareza. Interdisciplinaridade deriva da palavra primitiva disciplinar (que diz respeito a disciplina) por prefixação (inter — ação recíproca, comum) e sufixação (dade — qualidade, estado ou resultado da ação). Disciplina refere-se à ordem conveniente a um funcionamento regular. Originariamente significa submissão ou subordinação a um regulamento superior. Significa também “matéria (campo de conhecimento determinado que se destaca para fins de estudo) tratada didaticamente, com ênfase na aquisição de conhecimentos e no desenvolvimento de habilidades intelectuais”. É uma palavra muito presente em instituições como o exército, a fábrica e a Igreja, que valorizam a disciplina na formação de seu pessoal. Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 39 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC A utilização dessa mesma palavra para denominar os conteúdos escolares se refere tanto à necessidade de se submeter a mente à mesma ordem que controla o corpo dos educandos quanto ao tratamento didático que deve ser dado a cada matéria escolar. 1. 6.3.3 TRANSVERSALIDADE A transversalidade é entendida como uma forma de organizar o trabalho didático-pedagógico em que temas, eixos temáticos são integrados às disciplinas, às áreas ditas convencionais de forma a estarem presentes em todas elas. A transversalidade difere- se da interdisciplinaridade e complementam-se; ambas rejeitam a concepção de conhecimento que toma a realidade como algo estável, pronto e acabado. A primeira se refere à dimensão didático- pedagógica e a segunda, à abordagem epistemológica dos objetos de conhecimento. A transversalidade orienta para a necessidade de se instituir, na prática educativa, uma analogia entre aprender conhecimentos teoricamente sistematizados (aprender sobre a realidade) e as questões da vida real (aprender na realidade e da realidade). Dentro de uma compreensão interdisciplinar do conhecimento, a transversalidade tem significado, sendo uma proposta didática que possibilita o tratamento dos conhecimentos escolares de forma integrada. Assim, nessa abordagem, a gestão do conhecimento parte do pressuposto de que os sujeitos são agentes da arte de problematizar e interrogar, e buscam procedimentos interdisciplinares capazes de acender a chama do diálogo entre diferentes sujeitos, ciências, saberes e temas. Qual a importância dos temas transversais? Os temas transversais são importantes porque estão presentes em todos os aspectos da vida e, portanto, devem ser abordados de forma integral. São eles que promovem o diálogo entre as diferentes áreas do conhecimento e permitem que o indivíduo construa um pensamento crítico sobre a realidade. É por meio dos temas transversais BNCC que o educando aprende a lidar com situações cotidianas, a compreender o mundo que o rodeia e a se posicionar de forma ética e responsável frente às questões sociais. Além disso, eles são fundamentais para o desenvolvimento da autonomia e da cidadania, pois favorecem o diálogo, a cooperação e o respeito às diferenças. Quais são os temas transversais da Base Nacional Comum Curricular (BNCC)? Os temas transversais da BNCC são: • Meio ambiente – Educação Ambiental e Educação para o Consumo; • Economia – Trabalho, Educação Financeira e Educação Fiscal; • Saúde – Saúde e Educação Alimentar e Nutricional; • Cidadania e civismo – Vida familiar e social, Educação para o Trânsito, Educação em Direitos Humanos, Direitos da Criança e do Adolescente e Processo de envelhecimento, respeito e valorização do Idoso; • Multiculturalismo – Diversidade Cultural e Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras; • Ciência e Tecnologia – Ciência e Tecnologia. 1. 6.3.4 TRANSDISCIPLINAR TRANSDISCIPLINAR – modelo em que há coordenação de todas as disciplinas num sistema lógico de conhecimentos, com livre trânsito de um campo de saber para outro. A transdisciplinaridade é uma abordagem mais complexa, em que a divisão por disciplinas, hoje implantada nas escolas, deixa de existir. Essa prática somente será viável quando não houver mais a fragmentação do conhecimento. A transdisciplinaridade é um princípio do qual decorrem várias conseqüências práticas, tanto nas metodologias de ensino quanto na proposta curricular e pedagógica. Ela considera que embora cada um dos campos guarde suas especificidades, há entre eles um intercâmbio permanente, formando novos campos. Ou, segundo Moacir Gadotti, “a transdisciplinaridade na educação é entendida como a coordenação de todas as disciplinas e interdisciplinas do sistema de ensino inovado sobre a base de uma axiomática geral, ética, política e antropológica”. Ainda, segundo Ubiratan D”Ambrósio, no livro Transdisciplinaridade, “O essencial na transdisciplinaridade reside na postura de reconhecimento de que não há espaço nem tempo culturais privilegiados que permitam julgar e hierarquizar como mais corretos. A transdisciplinaridade repousa sobre uma atitude Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 40 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC mais aberta, de respeito mútuo e mesmo de humildade em relação a mitos, religiões, sistemas de explicação e de conhecimentos, rejeitando qualquer tipo de arrogância ou prepotência”. 1. 6.4 CURRÍCULO OFICIAL - BNCC A Base Nacional Comum Curricular define os direitos de aprendizagens de todos os alunos do Brasil. Mas ainda há muitasdúvidas sobre a importância desta política pública e as mudanças que ela traz para a educação. A BNCC começou a ser discutida em 2015 e foi debatida ao longo de diversos governos e gestões, recebendo milhares de contribuições em consultas e audiências públicas. A sociedade participou com mais de 12 milhões de contribuições na 1ª versão, sendo que metade delas vieram de 45 mil escolas. Em 2016, a 2ª versão viajou por todos os estados. Através de seminários estaduais, organizados pela Consed e Undime, cerca de 9 mil pessoas, entre educadores e alunos, debateram o documento em detalhes. Em abril de 2017, a 3ª versão foi entregue ao Conselho Nacional de Educação (CNE) que ouviu a opinião do Brasil em uma nova rodada de seminários regionais. Por fim, em dezembro de 2017, a BNCC foi homologada pelo MEC e passou a valer em todo o Brasil. De fato, ela potencializa políticas educacionais importantes que, juntas, ajudam a reduzir desigualdades e garantem os direitos de aprendizagem. Vale lembrar que a BNCC é muito mais completa do que as diretrizes adotadas hoje. Por isso, diversas frentes precisam ser repensadas e adaptadas conforme as orientações do documento. As principais mudanças que acontecem ao implementar a BNCC aparecem nas seguintes políticas educacionais: elaboração dos currículos locais, formação inicial e continuada dos professores, material didático, avaliação e apoio pedagógico aos alunos. Para pais e familiares, fica mais fácil entender o que é esperado que o aluno aprenda e acompanhar os passos desse aprendizado. Já na vida dos professores e gestores, a BNCC ajuda no planejamento e em maior clareza das potências e desafios de cada um na turma. 1.6.4.1 EDUCAÇÃO POR COMPETÊNCIAS E HABILIDADES Entender bem esses dois conceitos pode parecer um pouco desafiador, porém, por meio de um exemplo simples, podemos inferir, ainda que superficialmente, sobre do que se trata cada área para podermos nos preparar para trabalhar na aplicação adequada de cada uma delas. Por exemplo, você já pegou carona com alguém que conseguia trocar as marchas e se orientar no trânsito, mas que não era um bom motorista? Ou, você ficou com uma sensação de não conseguir explicar por qual motivo essa pessoa não dirigia bem, já que ela conseguia realizar as funções básicas do veículo? Percebeu que algo faltava, mas não conseguia explicar exatamente o quê? Basicamente, essa pessoa tem a habilidade de trocar as marchas, de usar os espelhos, mas ainda falta algo para ter a competência de ser um bom motorista. Se ela praticar suas habilidades constantemente, pedir dicas a amigos e ler sobre o assunto, muito provavelmente chegará ao seu objetivo. Resumindo bem a diferença entre um conceito e outro, seria o seguinte: a competência é mais subjetiva e pessoal, enquanto a habilidade é algo mais prático e tangível. Dessa forma, é por meio do exercício de habilidades específicas que chegamos a desenvolver uma competência. Nesse assunto, uma referência que temos é Philippe Perrenoud, doutor em Sociologia e Antropologia e professor da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Genebra. Quando consideramos as 10 competências gerais da BNCC, os profissionais da educação precisam se certificar de que elas cheguem à sala de aula. E, para que isso aconteça, primeiramente, é necessário entender o que cada uma delas postula, para daí, então, traçar estratégias eficazes. Com base nas premissas estudadas, a equipe pedagógica pode agir de forma mais precisa, garantindo que as ações propostas sejam implementadas e que os alunos pratiquem as habilidades que os levarão aos resultados esperados. Um bom exemplo é como abordar a noção geral número nove, que trata de empatia e cooperação. Para os professores, fica bastante abstrato e complexo se perguntar: “como se ensina empatia?” No entanto, ao tornar o questionamento mais amplo, como “Quais habilidades posso abordar com meus alunos para que eles desenvolvam empatia?”, o trabalho se torna mais fácil e alcançável. Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 41 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC De forma resumida, as habilidades são os degraus que nos levam à construção das competências e devem ser trabalhadas ao longo da trajetória dos alunos na educação básica, permeando vários componentes curriculares. O documento elaborado pelo Ministério da Educação postula as seguintes áreas: • conhecimento; • pensamento crítico, científico e criativo; • repertório cultural; • comunicação; • cultura digital; • trabalho e projeto de vida; • argumentação; • autoconhecimento e autocuidado; • empatia e cooperação; • responsabilidade e cidadania. Por meio da aplicação dinâmica de cada item acima, pode-se esperar que a escola tenha múltiplos benefícios, como o trabalho com habilidades socioemocionais, algo importante no desenvolvimento de cidadãos ativos e participantes da sociedade. 1.6.4.2 COMPETÊNCIAS GERAIS DA BNCC As aprendizagens essenciais definidas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) devem concorrer para assegurar aos estudantes o desenvolvimento de dez competências gerais no decorrer da educação básica que, diz o documento, “consubstanciam, no âmbito pedagógico, os direitos de aprendizagem e desenvolvimento”. Competência é definida na BNCC como a “mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho”. No texto, os educadores destacam a necessidade das competências “inter-relacionarem-se e desdobrarem-se no tratamento didático proposto para as três etapas”, o infantil, o fundamental e o médio. 1.Conhecimento — Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. Objetivo: Entender e explicar a realidade, colaborar com a sociedade e continuar a aprender. 2.Pensamento Científico, Crítico e Criativo — Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas. Objetivo: Investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções. 3.Repertório Cultural — Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural. Objetivo: Fruir e participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural. 4.Comunicação — Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo. Objetivo: Expressar-se e partilhar informações, sentimentos, ideias, experiências e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo. 5.Cultura Digital — Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva. Objetivo: Comunicar-se, acessar e produzirinformações e conhecimento, resolver problemas e exercer protagonismo de autoria. 6.Trabalho e Projeto de Vida — Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade. Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 42 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC Objetivo: Entender o mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas à cidadania e ao seu projeto de vida com liberdade, autonomia, criticidade e responsabilidade. 7.Argumentação — Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta. Objetivo: Formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns com base em direitos humanos, consciência socioambiental, consumo responsável e ética. 8.Autoconhecimento e Autocuidado — Conhecer- se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas. Objetivo: Cuidar da saúde física e emocional, reconhecendo suas emoções e a dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas. 9.Empatia e Cooperação — Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza. Objetivo: Fazer-se respeitar e promover o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade, sem preconceito de qualquer natureza. 10.Responsabilidade e Cidadania — Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários. Objetivo: Tomar decisões com princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e democráticos. Fontes: Texto da terceira versão da BNCC Infantil e Fundamental, MEC, Porvir e Anna Penido, diretora do Instituto Inspirare e integrante do Movimento Pela Base (leitura crítica) 1.6.4.3. BNCC NA EDUCAÇÃO INFANTIL Os eixos estruturantes da educação infantil – interagir e brincar – continuam valendo. Porém, com a BNCC na educação infantil, há novos focos que vêm para agregar. Eles estabelecem direitos de aprendizagem e campos de experiência que devem ser trabalhados nas práticas pedagógicas. Veja: Direitos de aprendizagem A BNCC estabelece seis direitos de aprendizagem na educação infantil. São eles: 1. Conviver O primeiro dos direitos de aprendizagem trata da convivência das crianças com seus coleguinhas e também com pessoas adultas. Para isso, elas devem ser inseridas em situações em que possam fazer uso de diferentes linguagens. Assim, poderão ampliar os conhecimentos sobre si mesmas e também sobre os outros, bem como o respeito em relação a diferenças socioculturais das pessoas. Atividades que contemplam esse direito Há inúmeras atividades que a escolinha pode fazer para trabalhar com o direito de conviver. Algumas ideias possíveis são: jogos; atividades em grupos; passeio com as crianças pela vizinhança da escola, colocando-as em contato com a comunidade ao redor; lanches coletivos na sala de aula; dia do brinquedo (no qual cada criança traz um brinquedo de casa para brincar com o coleguinha); e criação de uma hortinha na escola feita pelas crianças em conjunto com o professor. 2. Brincar A BNCC na educação infantil orienta que as brincadeiras devem ser cotidianas e se apresentar de diversas formas, em diferentes locais e tempos e também com parceiros diferentes, tanto adultos quanto crianças. É importante que essas brincadeiras também coloquem as crianças em contato com produções culturais amplas e diversas; ampliem conhecimentos, imaginação e criatividade; e proporcionem experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais. Atividades que contemplam esse direito Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 43 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC Alguns exemplos de atividades que podem ser feitas para contemplar esse direito são: brincar no parquinho da escola; brincar de bambolê; encenar uma pequena peça de teatro; dançar; usar brinquedos educativos divertidos; brincar de argila; fazer artesanato com sucata; fazer um dia temático no mês em que a criança pode vir fantasiada para um determinado tema; e fazer desenhos. 3. Participar O terceiro direito de aprendizagem evidencia o foco protagonista que deve ser desenvolvido nos alunos. A criança deve ter participação ativa, junto com adultos e outros coleguinhas, do planejamento das atividades, escolha de brincadeiras, de materiais e de ambientes. Com isso, o pequeno desenvolverá novas linguagens e conhecimentos mais elaborados. Terá também a oportunidade de decidir e de se posicionar. Atividades que contemplam esse direito Há algumas formas de colocar esse direito de aprendizagem em prática. Uma delas é criar um leque de atividades para que os aluninhos escolham qual querem fazer durante cada dia em sala de aula. Outra é definir uma atividade que possui etapas nas quais possam ser feitas escolhas, e deixar que os alunos participem dessas escolhas. A escola também pode realizar passeios com a turminha e dar algumas opções de locais para que os pequenos escolham. 4. Explorar A criança deve ter na escolinha o estímulo para explorar, sejam sons, formas, movimentos, palavras, texturas, objetos, elementos naturais, relacionamentos, histórias, cores, emoções ou gestos. Dessa forma, ela ampliará seus saberes culturais em modalidades variadas, como por exemplo: artes, escrita, ciência e tecnologia. Atividades que contemplam esse direito Entre as atividades que a escolinha pode fazer para trabalhar com esse direito estão: disponibilizar às crianças texturas como isopor, tecido áspero, tecido macio, entre outros, para que elas toquem; disponibilizar materiais naturais, como areia, pedras, conchas e lã; disponibilizar objetos com consistências diferentes, duras e moles; incentivar para que os pequenos contem histórias que aconteceram com eles; fazer trabalhos com tinta guache etc. 5. Expressar A BNCC na educação infantil também traz orientações para que as creches e pré-escolas estimulem a criança a se expressar, dialogando com criatividade e sensibilidade as suas necessidades, sentimentos, emoções, dúvidas, opiniões, descobertas e hipóteses. Atividades que contemplam esse direito Entre as possibilidades que as escolinhas têm para trabalhar com esse direito estão: chamar cada criança para compartilhar com a turma alguma experiência, como o que ela fez no fim de semana por exemplo; criar rodas de conversa e introduzir assuntos nelas, para que as crianças opinem sobre ele; começar a contar uma historinha e pedir que cada criança diga o que acha que aconteceu no final; entre outras. 6. Conhecer-se O último dos direitos de aprendizagem trata do autoconhecimento e da construção da própria identidade nas esferas pessoal, social e cultural. A escolinha deve colaborar para que a criança consiga construir uma imagempositiva de si mesma e de seus grupos de pertencimento. Isso acontece durante as experiências de cuidados, interações, brincadeiras e linguagens da instituição de ensino e dos contextos familiares e comunitários. Atividades que contemplam esse direito Há muitas atividades que trabalham esse direito. Algumas delas são: promover rodas de conversas nas quais o professor faz perguntas sobre um tema e as crianças começam a falar do que elas gostam e do que não gostam com relação a ele; criar uma dinâmica na qual as crianças falam das famílias delas e o que fazem; pedir que as crianças se desenhem no papel; fazer brincadeira de contorno do corpo em um papelão; mostrar bebês para o espelho para que eles se observem etc. Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 https://www.clipescola.com/brinquedos-educativos/ https://www.clipescola.com/aluno-protagonista/ https://www.clipescola.com/passeio-escolar-checklist/ https://www.clipescola.com/desenvolvimento-infantil/ https://www.clipescola.com/livros-ensino-infantil/ @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 44 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC Campos de experiência Agora que você já conhece os direitos de aprendizagem que a BNCC na educação infantil orienta, vamos conhecer os cinco campos de experiências também definidos pela base. São eles: 1. O eu, o outro e o nós O primeiro dos campos de experiência da BNCC na educação infantil trata do desenvolvimento do lado social da criança. É fundamental que ela tenha a oportunidade de interagir com os coleguinhas da mesma idade e também com os adultos, criando uma percepção dela mesma, dos outros e do grupo formado por ela e os outros, ou seja, do “nós”. A partir dessas experiências as crianças vão desenvolvendo sua personalidade, criando maneiras próprias de agir, de sentir e de pensar. Elas vão percebendo que existem diferenças entre as pessoas, suas atitudes, pontos de vista e modo de vida. Assim, começam a desenvolver questionamentos sobre elas mesmas e sobre os outros ao seu redor. Ao mesmo tempo, criam identificações e diferenciações. Essas relações também colaboram para o desenvolvimento da autonomia da criança, suas noções de autocuidado, independência e reciprocidade. Quando esse convívio também envolve diferentes grupos socioculturais, a experiência é ampliada e colabora para a criação do respeito e da tolerância às diferenças. 2. Corpo, gestos e movimentos Esse campo da experiência fala sobre a forma de perceber e de se relacionar com o mundo ao redor por meio do corpo, dos gestos e dos movimentos. Desde muito cedo as crianças desenvolvem uma noção do espaço e dos objetos no seu entorno e começam a explorar. Assim, vão criando uma consciência de sua corporeidade e de seus limites, percebendo inclusive o que é seguro e o que pode causar um risco físico a elas. É nessa fase da educação infantil que o corpo das crianças começa a ganhar centralidade. Então, é importante que as escolinhas criem oportunidades para que os pequenos possam experimentar uma variedade de gestos, movimentos e de uso e ocupação do espaço com o corpo. Dessa forma, eles começam a ganhar cada vez mais autonomia e independência corporal. 3. Traços, sons, cores e formas O terceiro campo de experiência da BNCC na educação infantil trata da importância de colocar as crianças em contato com produções culturais e artísticas como teatro, música, dança, pintura, fotografia, modelagem, entre outras. Isso aguçará a criatividade delas, bem como o senso crítico e estético e o conhecimento sobre suas próprias singularidades. Também ampliará seus repertórios, as ajudará a interpretar experiências e vivências artísticas e a criar as suas próprias produções. 4. Escuta, fala, pensamento e imaginação Esse campo da experiência trata da importância de inserir a criança em contextos nos quais ela possa se expressar oralmente e também ouvir, tomando parte da cultura oral. Esses contextos podem ser grupos de conversas, narrativas criadas individualmente ou em grupo, descrições etc. O campo fala também sobre o estímulo ao contato com a cultura escrita. Ele pode se dar pela leitura realizada por um adulto de livros de literatura infantil, poemas, contos, cordéis, fábulas etc. Assim, a criança já irá se familiarizando com livros, o que despertará a sua curiosidade e contribuirá para o desenvolvimento do gosto pela leitura. 5. Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações O último dos campos de experiência da BNCC na educação infantil trabalha com questões espaciais, temporais, socioculturais e também do mundo físico ao redor da criança. Elas devem aprender a se situar nos espaços, como por exemplo a escola, a Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 45 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC rua, a cidade etc. Devem também aprender a se situar no tempo: ontem, hoje e amanhã; dia e noite etc. É fundamental que elas também comecem a compreender o mundo físico que as rodeia, como o próprio corpo delas, os animais, as plantas, os fenômenos naturais e os objetos de diferentes formas e texturas. 1.6.4.4 BNCC NO FUNDAMENTAL A Educação Básica no país é constituída por três etapas, sendo elas: Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. O Ensino Fundamental é a etapa mais longa, voltada a alunos de 6 a 14 anos. A BNCC, em alinhamento com as Diretrizes Curriculares Nacionais, estabelece qual é o aprendizado imprescindível que precisa ser desenvolvido nessa fase, fornecendo subsídios para que as escolas elaborem seus currículos e Projetos Político-Pedagógicos (PPP), de modo a garantir uma formação integral aos alunos do Ensino Fundamental. Com isso, a BNCC apresenta especificidades dessa etapa, que é dividida em: Anos Iniciais Abrangem do 1º ao 5º ano e à introdução escolar. A ludicidade ainda é presente, resgatando um pouco desse elemento tão marcante da Educação Infantil, e permitindo uma progressão mais fluida aos estudantes. Conforme a Base, a alfabetização é a etapa primária dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, recebendo foco no 1º e 2º ano. Nesse estágio, os alunos já estão mais preparados para começar a expressar sua identidade, ter mais autonomia e a explorar sua curiosidade quanto aos saberes científicos. Para essa fase, a BNCC indica que é importante estimular o pensamento criativo, lógico e crítico dos alunos, especialmente pelo desenvolvimento de sua capacidade de formular perguntas e de avaliar respostas recebidas, de conseguir argumentar, de ter contato com produções culturais variadas, de usar tecnologias de informação e comunicação (TIC) para, assim, também aumentarem a compreensão sobre eles mesmos e sobre o mundo natural e social. Anos Finais A BNCC indica que a progressão entre os Anos Iniciais e os Finais deve seguir um percurso contínuo, porém com adaptações e articulações para que as mudanças não gerem uma ruptura no processo de aprendizagem. Questões como novos componentes curriculares, maior número de professores e outras, se não manejadas com cuidado, podem impactar na motivação dos alunos. Com isso, os Anos Finais contemplam do 6º ao 9º ano e é marcado pelo aprofundamento dos conhecimentos apresentados anteriormente e pela preparação dos estudantes para o Ensino Médio. A Base também indica que alunos nessa fase devem ser estimulados quanto a fatores como responsabilidade, protagonismo e independência. BNCC para o Ensino Fundamental: áreas de conhecimento A estruturação do Ensino Fundamental em cinco áreas de conhecimento é uma das principais novidades proporcionadas pela Base. São elas: • Linguagens; • Matemática; • Ciências da natureza; • Ciências humanas; • Ensino religioso (facultativo, porém de oferta obrigatória na rede pública de ensino).Tais áreas compõem um ou mais componentes curriculares e contam com competências específicas a serem desenvolvidas pelo estudante. 1.6.4.5 BNCC NO ENSINO MÉDIO A BNCC do Ensino Médio foi homologada pelo ministro da Educação em 14 de dezembro de 2018, durante sessão extraordinária do Conselho Nacional de Educação (CNE). Com isso, a Base Nacional Comum Curricular da Educação Básica, que já tem as etapas da Educação Infantil e Ensino Fundamental homologadas desde dezembro de 2017, está completa. O que é a BNCC do Ensino Médio? Assim como a já homologada Base Nacional Comum Curricular da Educação Infantil e Ensino Fundamental, a BNCC do Ensino Médio é um documento normativo que define o conjunto de aprendizagens essenciais que devem ser desenvolvidas com base em conhecimentos, competências e habilidades. Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 https://www.fazeducacao.com.br/post/letramento-e-alfabetizacao-entenda-as-diferencas https://www.fazeducacao.com.br/post/uso-da-tecnologia-e-previsto-pela-bncc @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 46 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC A Base entende que, no Brasil, o Ensino Médio além de ser a etapa final da Educação Básica é, também, um direito de todo cidadão. No entanto, o segmento representa um gargalo na garantia do direito à educação, seja pelo desempenho insuficiente dos estudantes no Ensino Fundamental, pelo excesso de componentes curriculares ou pela distância das escolas entre a cultura juvenil e o mundo do trabalho. Por isso, como prevê a BNCC, é essencial buscar a universalização do ensino. Diante disso, a BNCC do Ensino Médio está configurada de maneira a dar continuidade ao que já foi proposto e que está em vigor para as etapas iniciais da educação básica. Assim, as competências gerais estabelecidas para a Educação Básica orientam tanto as aprendizagens essenciais a ser garantidas no âmbito da BNCC do Ensino Médio quanto os itinerários formativos a ser ofertados pelos diferentes sistemas, redes e escolas. A Base não deve ser compreendida como um currículo, mas sim como um conjunto de orientações que irá conduzir as equipes pedagógicas na construção dos currículos locais. O objetivo apontado no texto da BNCC é para que a educação brasileira – pública e privada – caminhe para a formação humana integral e para a construção de uma sociedade mais justa, democrática e inclusiva. Quais são os principais destaques da BNCC do Ensino Médio? Com a homologação da BNCC do Ensino Médio, os sistemas de ensino e escolas de todo o país passarão a construir os novos currículos e suas propostas pedagógicas tendo em vista as características e culturas locais, assim como as necessidades de formação e as demandas dos estudantes. Confira a seguir os destaques da BNCC do Ensino Médio! Vamos ler? 1. Áreas do Conhecimento da BNCC do Ensino Médio Assim como a BNCC do Ensino Fundamental, a BNCC do Ensino Médio está organizada por Áreas do Conhecimento, que são: 1) Linguagens e suas Tecnologias, 2) Matemática e suas Tecnologias, 3) Ciências da Natureza e suas Tecnologias, e 4) Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. Cada área tem suas competências específicas que devem ser desenvolvidas e aprofundadas ao longo da etapa do Ensino Médio, uma vez que o desenvolvimento de algumas já está previsto nas competências de área do Ensino Fundamental. Confira o esquema abaixo e veja como se dá, na BNCC do Ensino Médio, a estrutura das competências nas áreas do conhecimento e itinerários formativos, que vamos te explicar na sequência! 2. Itinerários formativos A Lei 13.415/ 2017, mais conhecida como Reforma do Ensino Médio, também traz mudanças para o currículo do Ensino Médio. Com sua sanção em 2017, foram estipulados cinco itinerários formativos que deverão ser oferecidos para os alunos. Eles são: 1. Linguagens e suas tecnologias 2. Matemática e suas tecnologias 3. Ciências da Natureza e suas tecnologias 4. Ciências Humanas e sociais aplicadas 5. Formação técnica e profissional Esses itinerários: deverão ser organizados por meio da oferta de diferentes arranjos curriculares, conforme a relevância para o contexto local e a possibilidade dos sistemas de ensino (…) Assim, os currículos e as propostas pedagógicas devem garantir as aprendizagens essenciais definidas na BNCC. Essas aprendizagens expressam as finalidades do Ensino Médio e as demandas de qualidade dessa formação na contemporaneidade, bem como as expectativas presentes e futuras das juventudes. (BNCC) Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 47 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC Ou seja, os currículos das escolas serão compostos pela BNCC e também pelos itinerários formativos que serão ofertados pelas escolas. Dessa forma, foi estipulado que, no Ensino Médio, 1800 horas serão destinadas para a parte comum da Base e que 1200 horas serão destinadas aos itinerários formativos. Após a homologação, o MEC informou que o documento dos Referenciais para a Elaboração dos Itinerários Formativos está sendo finalizado. Eles devem ser organizados entre os seguintes eixos estruturantes: investigação científica, processos criativos, mediação e intervenção sociocultural, e empreendedorismo. 3. Carga horária obrigatória da BNCC do Ensino Médio A BNCC do Ensino Médio prevê como obrigatória, durante os 3 anos, os componentes curriculares de Língua Portuguesa e Matemática. Além disso, a Base fala da flexibilização da organização curricular desta etapa, por meio dos itinerários formativos previstos na legislação brasileira. Tal flexibilização pretende valorizar o protagonismo juvenil e estimular a interdisciplinaridade no ensino. 4. Distribuição dos conteúdos Além da carga horária obrigatória, que te explicamos no item acima, os saberes das demais áreas de conhecimento podem ser distribuídos entre os três anos do Ensino Médio. Dessa forma, eles podem ser ficar concentrados em um, dois ou até mesmo em três anos. 5. Foco na juventude e protagonismo do aluno Os jovens e o seu protagonismo permeiam todo o texto da BNCC do Ensino Médio. O documento explica que as escolas devem apresentar ao jovem o mundo como um campo aberto para investigação e intervenção. O objetivo é convocá-los a assumir novas responsabilidades de forma a equilibrar e resolver questões deixadas pelas gerações anteriores, valorizando o que já foi feito e abrindo possibilidades para o novo. Diante disso, tal foco na juventude e seu protagonismo deve acontecer pela promoção da educação integral – que se refere aos aspectos físicos, cognitivos e socioemocionais – na preparação básica para o trabalho, na construção de uma sociedade mais justa, democrática e inclusiva, e pelo compromisso com a interdisciplinaridade dos fundamentos científico-tecnológicos no processo de ensino-aprendizagem. 6. Mundo do Trabalho Outra preocupação da BNCC do Ensino Médio, além de formar um jovem para ser protagonista da sociedade em que vive, é começar a prepará-lo para o mundo do trabalho.De acordo com o documento, o atual cenário mundial é cada vez mais complexo, dinâmico e fluído. Assim, as incertezas do mundo do trabalho e das relações sociais acabam sendo um desafio para a educação. Para tentar superar esse desafio que o cotidiano impõe é necessário, então, caracterizar os jovens não simplesmente como “adultos em formação”, mas como um grupo diverso e dinâmico que faz a diferença e tem poder na definição dos rumos da sociedade. Diante disso, o atual texto da BNCC do Ensino Médio prevê para as escolas a formação de jovens críticos e autônomos para tomar decisões conscientes e responsáveis. 7. ENEM Com a Reforma do Ensino Médio e a homologação da BNCC, o Exame Nacional do Ensino Médio também sofrerá mudanças significativa. Em resumo, a prova queera uma avaliação única, organizada em dois dias de acordo com cada área do conhecimento, passa a ser dividida em duas. Veja abaixo como ela funcionará, a partir de 2021: • 1º dia: prova GERAL que terá como referência a BNCC • 2º dia: prova ESPECÍFICA de acordo com os referenciais dos itinerários formativos (área exigida pelo curso superior) 1.6.4.6 COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS NA BNCC As competências socioemocionais na BNCC – Base Nacional Curricular Comum – estão presentes nas 10 competências gerais, segundo o MEC. Na prática, isso significa que os currículos escolares devem contemplar o desenvolvimento dessas habilidades. E, afinal, o que são habilidades socioemocionais? Elas dizem respeito à capacidade de administrar as próprias emoções e de se relacionar consigo mesmo e com os outros. É um tema ainda recente, e, por isso, pode ainda ser desafiador para os professores e os educadores. Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 48 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC Para saber quais são essas competências e como trabalhá-las em sala de aula, leia até o final! O QUE SÃO HABILIDADES SOCIOEMOCIONAIS? As habilidades socioemocionais se referem à capacidade de gerenciar as emoções, agindo de forma proporcional às exigências do meio e mantendo um bom relacionamento consigo e com os outros. Isso envolve a forma de pensar, de agir, de relacionar, de lidar com as emoções positivas e negativas, de tomar decisões, de enfrentar o novo e o desconhecido e também de ser capaz de levar uma vida perseguindo o que se almeja. Pense no seu dia a dia, quantas vezes a sua vida pessoal e profissional exigiu que você fosse capaz de: • resolver algo difícil • concentrar em alguma tarefa • de se comunicar com outra pessoa • lidar com alguma frustração ou situação que não ocorreu como deveria • se adaptar a uma mudança repentina • ter persistência e não desistir • ser curioso para aprender algo novo • ter empatia com um colega que sofria ao seu lado Todas essas situações exigiram em alguma medida as habilidades socioemocionais. E, em algumas delas, pode ser que você tenha sido capaz de responder de forma adequada, e em outras, pode ser que tenham faltado recursos emocionais. A boa notícia é que as competências socioemocionais podem ser aprendidas e desenvolvidas. COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS DA BNCC As competências socioemocionais estão presentes nas 10 competências gerais da BNCC. E elas foram fundamentadas com base na indicação do CASEL, organização internacional sem fins lucrativos que pesquisa e estuda o desenvolvimento socioemocional. Portanto, no fundamento das competências socioemocionais da BNCC, temos as 5: • autoconhecimento: capacidade de entender as próprias emoções e avaliar seus pontos fortes e fracos; • autocontrole: habilidade de se automotivar, controlar os impulsos, definir metas, ter planejamento e organização; • consciência social: envolvimento do estudante com o próximo, levando em conta empatia, respeito e aceitação da diversidade; • habilidades de relacionamento: manifestação de ações de escuta ativa, comunicação clara e cooperação com os colegas; • tomada de decisão responsável: capacidade de realizar escolhas pessoais, levando em conta padrões éticos e morais. 1.7. Planejamento de aulas. Contar com um bom planejamento é o caminho mais indicado para que a escola consiga atingir os seus objetivos educacionais. Dessa forma, é possível aperfeiçoar os processos de ensino-aprendizagem e proporcionar uma experiência pedagógica focada na qualidade de ensino. As constantes transformações na educação e as demandas das novas gerações exigem que gestores e corpo docente discutam sobre as metodologias, atividades extracurriculares, conteúdos, formatos e outros aspectos-chave para formar a estrutura curricular da instituição. Afinal, como diz Jean Piaget, “o objetivo da educação é criar homens e mulheres capazes de fazer coisas novas”. Por isso, é importante que a construção do planejamento escolar seja feita com a participação de toda a equipe pedagógica, uma vez que esse documento servirá principalmente como diretrizes aos professores na elaboração do planejamento para todo o ano letivo. Ele ainda deverá ser de conhecimento de toda a comunidade escolar, incluindo os os familiares e responsáveis, para que saibam quais são as atividades didáticas previstas, conheçam o calendário escolar e outras ações referentes à escola e seu planejamento, esclarecendo essencialmente as noções do plano escolar. Quando se fala em planejar, de maneira geral, pode- se referir à intenção de realizar, transformar ou manter uma situação ou realidade. O ato de planejar está diretamente ligado a assegurar uma boa Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 49 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC gestão, conhecer a realidade e necessidades, identificar oportunidades de melhoria, traçar estratégias para alcançar os objetivos com eficiência e obter êxito nas ações. E trazendo o assunto para o universo da educação, o conceito de planejamento escolar está mais associado à ideia de transformação, referindo-se a um processo que envolve reflexão e tomadas de decisão. Trata-se de um meio para que a escola organize e coordene as práticas pedagógicas, pautadas nos objetivos propostos e alinhadas por toda a comunidade escolar anualmente. A criação do planejamento escolar tem como foco a realidade da escola, nos âmbitos físico, cultural, social, pedagógico e político. E para concluir o seu processo com eficiência, devem ser consideradas basicamente três dimensões: • Realidade (onde estamos); • Finalidades (onde queremos chegar / o que queremos alcançar); • Mediação (como iremos conseguir / de que forma). Ao levantar todos os argumentos pertinentes a essas dimensões, é possível determinar o tempo e os recursos necessários para colocar os planos em prática. Por fim, é fundamental compreender que o planejamento escolar não se trata de um documento “de gaveta”, a ser alterado e revisto apenas no início de cada ano, mas tem caráter mutável e precisa ser revisado durante todo o ano letivo. Afinal, as circunstâncias no ambiente escolar podem sofrer mudanças e demandar novas medidas, de modo pontual ou frequentemente. O planejamento da educação brasileira atualmente é feito com uma organização por níveis que se inter- relacionam e são indissociáveis. Esses níveis podem ser agrupados em quatro: • Planejamento Educacional • Planejamento de Rede • Planejamento Escolar • Planejamento de Ensino 1.7.1 PLANO EDUCACIONAL No que se refere ao planejamento educacional, é considerado o mais amplo, geral e abrangente. Prevê a estruturação e o funcionamento da totalidade do sistema educacional. Determina as diretrizes da política nacional de educação. É intencional, na medida em que não pode ser efetivado aleatoriamente. Ele implica conhecimentos da realidade, pressupõe escolhas e estabelecimento de meios para se atingir um determinado fim. É político, visto que está comprometido com as finalidades sociais e políticas da sociedade. É técnico, pois exige a utilização de meios eficientes para se obter os resultados. Tem como pressupostos básicos: o delineamento da filosofia da Educação do País, evidenciando o valor das pessoas e da escola na sociedade. Operacionaliza-se em planos e projetos e tem um caráter processual, constituindo-se, pois, em uma atividade permanente de reflexão e ação, na busca de alternativas para a solução de problemas e de tomada de decisão. Ele ocorre em duas dimensões que estão inter- relacionadas: 1. Planejamento do sistema educacional: acontece em nível macro, refere-se ao planejamento de todo o sistema educacional do país e diz respeito aosdirecionamentos da política educacional e a melhor forma de alcançá-las. Reflete a visão que se tem de mundo, de homem, exigindo, portanto, um compromisso com a construção da sociedade e deve atender tanto às necessidades de desenvolvimento do país quanto às do indivíduo (corresponde ao planejamento que é feito em nível nacional, estadual ou municipal). É uma intervenção do estado visando à implantação de uma determinada política educacional, estabelecida com a finalidade de possibilitar que o sistema educacional cumpra as funções que lhe são próprias em determinado momento histórico. 2. Planejamento Escolar: realizado no âmbito da unidade escolar, caracteriza-se como o ato de organizar as atividades de ensino e de aprendizagem, determinada por uma intencionalidade educativa, envolvendo objetivos, valores, atitudes, conteúdos e o modo de agir dos educadores. É um modo de dimensionar política, científica e tecnicamente a atividade escolar, portanto, deve ser resultado das discussões e contribuições do coletivo da escola, além de constituir uma atividade permanente de reflexão e ação. Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 50 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC Na atualidade e de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases nº 9.394/96, o planejamento da escola deve se concretizar pela elaboração do Projeto Político Pedagógico e constar de diferentes momentos do planejamento: a definição de um marco referencial, a elaboração de um diagnóstico e a proposição de uma programação com vistas à implementação das ações necessárias à realização de uma prática pedagógica crítica, reflexiva e participativa (PASSOS, 2003). 1.7.2 PLANEJAMENTO DE REDE Os sistemas educacionais podem ser considerados como instrumentos privilegiados para acelerar o desenvolvimento social económico, pelo que a racionalização e otimização dos processos de decisão relativos ao seu planejamento merecem prioridade. Para o desenvolvimento dos sistemas educacionais é necessário uma crescente disponibilidade de recursos humanos, físicos e tecnológicos. Com vistas a estruturar e orientar esse processo é essencial a geração de propostas e avaliação, escolha e implementação de cada decisão com base em modelos apropriados. Os métodos de planejamento de sistemas educacionais, na maioria das vezes, são passíveis de adaptação às situações particulares, às políticas definidas e ao nível de agregação territorial pretendido. Nesses, são pressupostos: a articulação com outros níveis de planejamento, com a definição clara de seu objetivo, com o estabelecimento das hipóteses preliminares, com a seleção das variáveis intervenientes e elaboração de modelos interpretativos, com a descrição do estado atual e prospectivo do- sistema analisado, com a definição - do tratamento a ser dado às questões detectadas, com o estudo das - , estratégias de solução, com a análise da viabilidade técnica e financeira das estratégias propostas, com a seleção da estratégia a ser adotada, com o detalhamento da alternativa selecionada, com a elaboração dos projetos executivos, com a execução das ações planejadas e com o acompanhamento da execução, . ' Nos estudos de planejamento da rede escolar (rede física) a localização e dimensão de estabelecimentos são consideradas questões fundamentais. Para o seu planejamento, é necessário partir de determinadas informações como: o número de alunos a atender, a organização administrativa, as normas para dimensionamento das instalações físicas, etc, para estudar a distribuição espacial da clientela e das escolas existentes, e propor, a melhor distribuição-dos novos prédios de maneira a melhor satisfazer a sua clientela. 1.7.3 PLANEJAMENTO ESCOLAR O planejamento escolar é aquele que tem finalidades pedagógicas. Ele é responsável por guiar todo o corpo docente na busca pelos objetivos traçados para o ano letivo. Sua elaboração envolve toda a comunidade escolar: gestores, professores e representantes dos pais, alunos e comunidade local. Algumas escolas o realizam no final do ano e outras no início. A escola é uma organização criada com a finalidade de promover a disseminação dos conhecimentos científicos elaborados ao longo da história por meio de processos de ensino-aprendizagem eficazes. Por isso, a importância do planejamento escolar para que esse objetivo seja alcançado, uma vez que é nesse plano educacional que são traçadas as estratégias para que a educação aconteça de forma concreta no dia a dia escolar. Afinal, o que é o planejamento escolar? Quando pensamos em atingir um objetivo, automaticamente precisamos pensar em um planejamento com todas as estratégias, metas, ações e prazos a serem cumpridos, assim como qual será o método utilizado para realizar o monitoramento do planejamento elaborado. Portanto, podemos definir o planejamento escolar como um documento com a descrição do processo de organização e coordenação da ação docente, elaborado com o objetivo de garantir a execução das atividades escolares ao longo do ano letivo. A partir desse planejamento, é possível colocar em prática o plano de ação que norteará a proposta pedagógica, as atividades educacionais, a matriz curricular e as metodologias de ensino que serão adotadas pela escola no processo de ensino- aprendizagem. Por que elaborar o planejamento escolar? Como o planejamento escolar possui a função de direcionar o funcionamento da escola durante o ano letivo, a elaboração deste documento se mostra fundamental para o bom funcionamento de uma instituição educacional. Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 51 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC Nele, devem estar definidos os conteúdos a serem ensinados, a ordem dos mesmos, os métodos e datas de avaliação, as atividades extracurriculares, assim como as ações para que o calendário escolar seja cumprido, sempre considerando a legislação em vigor, e a BNCC. É válido ressaltar que as escolas têm liberdade para criar ou adotar os projetos e as metodologias de ensino que acreditem, desde que garantam o processo de aprendizagem dos alunos, de acordo com a idade e o nível educacional que eles se encontram. O planejamento escolar também pode ser composto por meio de planos de ação, com objetivos específicos, nesse caso, os respectivos responsáveis precisarão elencar as melhores estratégias para alcançá-lo. Ainda que os objetivos específicos sejam definidos, não podemos perder de vista o fato de que o planejamento deve abranger os objetivos macro, que influenciam a organização escolar como um todo. A partir dessa visão mais ampla do funcionamento da escola, é possível ir afunilando até chegar à elaboração dos planos de aula por cada professor em disciplina de atuação. O planejamento escolar também pode abranger questões burocrático-administrativas, como o uso dos espaços comuns do prédio escolar – pátio, quadras, bibliotecas, laboratórios, etc. Nele, também deve constar a elaboração de um calendário geral para alunos e professores, ou seja, o plano escolar é uma espécie de guia para toda a comunidade escolar. Quem são os responsáveis pelo planejamento escolar? Todos os membros da comunidade escolar devem participar da elaboração do planejamento, uma vez que ele impactará diretamente no trabalho dos envolvidos durante todo o ano letivo. Portanto, todos devem participar das reuniões para a definição dessas pautas do planejamento escolar: núcleo gestor, professores, trabalhadores da educação, comunidade e principalmente os alunos. 1.7.3.a COLEGIADOS ESCOLARES A gestão democrática pressupõe a participação efetiva dos vários segmentos da comunidade escolar – famílias, professores, estudantes, funcionários e membros da comunidade – em todos os aspectos da organizaçãoa oportunidade de ler e escrever sem haver preocupação com uma formação superior. Durante o regime militar a educação teve como sua máxima a função de possibilitar o desenvolvimento do raciocínio e consequentemente a repressão da livre expressão e defesa de ideias. Como os demais países da América latina, o Brasil refletia inovações com o surgimento das tecnologias, com a vontade de construir uma sociedade baseada em modelos internacionais é que a partir da década 1980 passa a pensar em um modelo de educação voltado para todos, mas que deveria atender a demanda do mercado, direcionado à formação de professore, fez-se então a ampliação das reformas educacionais. Com o fim da ditadura militar em 1985, começa uma Nova República, mas a ditadura havia deixado uma herança muito pesada, o país estava em crise política e econômica, devido à inflação, pois tinha uma enorme dívida externa, controlada pelo o Fundo Monetário Internacional (FMI). Houve muitas tentativas para solucionar a crise, inclusive uma mudança na moeda e congelamento de preço, porém foi sem sucesso. A Constituição de 1988 estabeleceu que a educação é um direito de todos e dever do Estado e da família, com acesso ao ensino obrigatório e gratuito como direito público subjetivo. O Plano Nacional de Educação tem como objetivos principais: o aumento do nível de escolaridade da população, a melhoria da qualidade de ensino, reduzindo a desigualdade social no que se refere ao acesso e permanência na escola pública, além de democratizar o espaço escolar com a participação do professores e da comunidade na elaboração do projeto pedagógico da escola. Em 20 de dezembro de 1996 o presidente Fernando Henrique Cardoso e o ministro da educação Paulo Renato, sancionaram a Lei de Diretrizes de Base da Educação de 1996, o sistema educacional brasileiro de educação adquiriu mudanças importantes, uma vez que a lei de 9394/96 estabelece a diretrizes e base da educação nacional (NASCIMENTO, et al 2012). A LBD de 9394/96 em sua essência democrática regulamentou a estrutura e o funcionamento do Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 5 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC sistema de ensino nacional, a partir daí a educação se dividiu em dois níveis: a educação básica que compreende a educação infantil; o ensino fundamental e médio e a educação superior. Devido à política neoliberal do governo Fernando Henrique Cardoso as universidades particulares aumentaram e as públicas ficaram superlotadas e sofriam por falta de verbas e de investimentos . Na atualidade que se encontra, a Lei de Diretrizes de Bases da Educação estruturou o sistema de ensino nacional com princípios educativos específicos de acordo com os níveis; Educação Infantil; Ensino Fundamental; Ensino Médio; Educação de Jovens e Adultos; Ensino Técnico e Ensino Superior. A nova LDB aludia à formulação do Plano Nacional da Educação que foi concretizado no ano de 2001, dando maior valorização do Ensino Profissionalizante, gestão democrática, inclusão da educação a distância entre outros. Será considerada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação em seu Art. 3º quando diz que o ensino será ministrado com os seguintes princípios em sua base: I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; III – pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas; IV – respeito à liberdade e apreço à tolerância; V – coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; VI – gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; VII – valorização do profissional da educação escolar; VIII – gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino; IX – garantia de padrão de qualidade; X – valorização da experiência extra-escolar; XI – vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. As mudanças no novo ensino médio vêm sendo estudadas desde 2013 e fundamentada definitivamente em 2017 com a denominação Reforma do Ensino Médio. A Reforma do Ensino é uma mudança na estrutura do sistema atual, é um instrumento fundamental para a melhoria da educação no país. O currículo terá como referência a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), obrigatória para todas as escolas de todos os estados e municípios (BRASIL, 2017). A BNCC definirá as competências e conhecimentos essenciais que deverão ser oferecidos a todos os estudantes na parte comum, abrangendo as quatro áreas do conhecimento e todos os componentes curriculares do ensino médio definidos na LDB e nas diretrizes curriculares nacionais da educação básica. A área das ciências humanas passa a compreender as disciplinas de história, geografia, sociologia e filosofia. As disciplinas obrigatórias nos 3 anos do ensino médio serão língua portuguesa e matemática. O restante do tempo será dedicado ao aprofundamento acadêmico nas áreas eletivas ou a cursos técnicos, a seguir: I- linguagens e suas tecnologias; II- matemática e suas tecnologias; III- ciências da natureza e suas tecnologias; IV- ciências humanas e sociais aplicadas; V- formação técnica e profissional. Cada estado e o Distrito Federal organizarão os seus currículos e as demandas dos jovens que terão maiores chances de fazer suas escolhas e construírem seus projetos de vida . 1.2. teorias da aprendizagem (como Piaget, Vygotsky). 1.2.1 TEORIAS PSICOGENÉTICAS Conhece-se como psicogenética a disciplina que se dedica ao estudo do desenvolvimento das funções da mente, sempre que existam elementos que permitam suspeitar que esta evolução servirá para explicar ou oferecer informação complementar relativamente aos mecanismos dessas atuações no seu estado acabado. Nesse sentido, a psicogenética contempla os procedimentos e os avanços da psicologia infantil como meio para encontrar respostas que resolvam os problemas psicológicos gerais. Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 6 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC Como a psicogenética trata-se de uma teoria relacionada ao conhecimento, a aprendizagem, ela insere-se no campo da psicologia. E, sendo assim, ela possui teorias que tanto contribuem para a psicologia quanto também para a educação. No tocante a contribuição dela para a educação, isso veio logo após a constituição da psicologia como ciência. Assim, podemos concluir que o principal objeto de estudo da psicogenética é o conhecimento do ser humano, bem como as suas leis e, ainda, o modo de pensar no tocante à infância. PRESSUPOSTOS ESSENCIAIS DO MODELO GENÉTICO-COGNITIVO DE PIAGET Piaget trabalhou compulsivamente em seu objetivo, de estudar a gênese da inteligência até as vésperas de sua morte, em 1980, aos oitenta e quatro anos, deixando escritos aproximadamente setenta livros e mais de quatrocentos artigos. Desde muito cedo Jean Piaget demonstrou sua capacidade de observação. Aos onze anos percebeu um melro albino em uma praça de sua cidade. A observação deste pássaro gerou seu primeiro trabalho científico. Formado em Biologia interessou-se por pesquisar sobre o desenvolvimento do conhecimento nos seres humanos. Daí o nome dado a sua ciência de Epistemologia Genética, que é entendida como estudo dos mecanismos de formação do conhecimento lógico – tais como as noções de tempo, espaço, objeto, causalidade etc. – e da gênese (nascimento) e a evolução do conhecimento humano. Para Piaget o comportamento dos seres vivos não é inato, nem resultado de condicionamentos. Para ele o comportamento é construído numa interação entre o meio e o indivíduo. Esta teoria epistemológica (epistemo = conhecimento; e logia = estudo) é caracterizada como uma visão interacionista do desenvolvimento.da escola. Esta participação incide diretamente nas mais diferentes etapas da gestão escolar (planejamento, implementação e avaliação) seja no que diz respeito à construção do projeto e processos pedagógicos quanto às questões de natureza burocrática. Contudo, não se pode pensar em Gestão Democrática sem a participação, presença e comprometimento da comunidade. Sendo assim, os instrumentos que possibilitam a efetivação da Gestão Democrática são as Instâncias Colegiadas. Para que estas participem das discussões e decisões da escola, é preciso que a equipe diretiva informe e divulgue as ideias e ações, com transparência, para a comunidade escolar. Podemos citar como tipos de órgãos colegiados: Grêmio estudantil: O grêmio é uma organização sem fins lucrativos que representa o interesse dos estudantes e que tem fins cívicos, culturais, educacionais, desportivos e sociais. É o órgão máximo de representação dos estudantes da escola onde sua atuação busca a defesa dos direitos e interesses dos estudantes. Conselho de Classe: O Conselho de Classe é órgão colegiado de natureza consultiva e deliberativa em assuntos didático-pedagógicos, fundamentado no Projeto Político Pedagógico da escola e no Regimento Escolar. É o momento em que professores, equipe pedagógica e direção se reúnem para discutir, avaliar as ações educacionais e indicar alternativas que busquem garantir a efetivação do processo de ensino e aprendizagem dos estudantes. Conselho Escolar: O Conselho Escolar é um organismo colegiado que se caracteriza como mecanismos de participação da comunidade e controle social da gestão escolar. Tendo por base os princípios da representatividade, proporcionalidade, paridade e temporalidade, os conselhos escolares são constituídos por pais, representantes de alunos, professores, funcionários, membros da comunidade e diretores de escola. Cada conselho, em estatuto próprio, deve estabelecer regras transparentes e democráticas de eleição dos membros do conselho. Entre as atividades dos conselheiros estão, por exemplo, fiscalizar a aplicação dos recursos destinados à escola e discutir o projeto pedagógico com a direção e os professores. São competências do conselho escolar: Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 52 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC Deliberativa: diz respeito à tomada de decisões quanto ao direcionamento das ações pedagógicas, de gestão e administrativo-financeiras na Unidade Escolar. Consultiva: refere-se à emissão de pareceres para esclarecer dúvidas sobre situações decorrentes das ações pedagógicas, de gestão e da área administrativo-financeira, bem como a proposição de alternativas de soluções e procedimentos para a melhoria da qualidade do trabalho escolar, respeitada a legislação em vigor. Normativa: diz respeito ao estabelecimento de normas para o direcionamento das ações pedagógicas, de gestão, e administrativo-financeira a Unidade Escolar, respeitada a legislação em vigor. Fiscalizadora-Avaliativa: refere-se ao acompanhamento sistemático e ao controle das ações desenvolvidas pela Unidade Escolar, objetivando a identificação de problemas e verificando a adequação das decisões. Deve-se considerar a importância de efetiva participação dos conselhos escolares na elaboração dos instrumentos de gestão (Projeto Pedagógico, Plano de Desenvolvimento da Escola e Regimento Escolar), no acompanhamento dos indicadores de aprendizagem, na implementação de projetos que visem à melhoria do processo ensino- aprendizagem, bem como na definição de prioridades para o uso dos recursos financeiros e na fiscalização de sua aplicabilidade na Unidade Escolar. Unidade executora: A unidade executora é uma sociedade civil com personalidade jurídica de direito privado, que tem como objetivo gerir a verba transferida. Em geral, as formas mais comuns de unidade executora são os caixas escolares, os círculos de pais e mestres ou as associações de pais e professores. Esse colegiado, começou a ter maior importância quando o Ministério da Educação transferiu os recursos diretamente para as escolas, através do Programa Dinheiro Diretos na Escola (PDDE). Dessa forma a gestão passava a ter autonomia de investir na manutenção da escola. 1.7.3.b PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO O projeto político pedagógico é um documento que apresenta as finalidades da instituição escolar para o ano corrente, suas metas, seu cronograma de ações pedagógicas e os recursos (humanos e econômicos) que irá utilizar para realizá-lo. Desde a instituição da Nova LDB (Lei no. 9394) de 1996 torna- se obrigatória a elaboração deste documento em cada uma das escolas. O artigo 12, inciso I, da referida 64 Ciências Sociais Sociologia 2 lei prescreve: “os estabelecimentos de ensino terão a incumbência de elaborar e executar sua proposta pedagógica”. Todavia, enquanto documento que estabelece finalidades, o PPP deve ser compreendido para além de uma simples formalidade ou instrumento burocrático: ele deve ser um importante guia das ações educativas da escola. Este projeto ou plano é conhecido por uma série de expressões. O projeto político-pedagógico é um processo, está em constante construção e reconstrução. Como vimos, esse princípio diferencia esta concepção das práticas tecnicistas. É uma atividade permanente de reflexão e ação, um ato contínuo de conhecimento e análise da realidade escolar em suas condições concretas. Desse modo, ele é apenas um roteiro para a prática, que pode ser sempre reconstruído e repensado a partir da aplicação prática. Lembremos que as escolas, enquanto um espaço de particular interação entre pessoas, nunca funcionam da mesma forma. As situações de ensino e os processos de organização podem adquirir sentidos e expressões distintas . O PPP pressupõe: Compreensão crítica da realidade histórico-social; Compromisso ético-político com a transformação da realidade social; Participação efetiva de todos os sujeitos da prática educativa; Autonomia na escola enquanto exercício de democratização; Valorização dos profissionais da educação em termos de formação continuada; Compromisso do poder público (Estado) na oferta e manutenção da educação pública de qualidade; Construção coletiva da concepção de currículo, gestão democrática e de formação continuada PPP é um referencial teórico da escola e constitui- se de três marcos MARCO SITUACIONAL Análise da realidade – diagnóstico da escola e suas especificidades. Descreve e situa a escola no atual contexto da realidade brasileira, do estado e do Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 53 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC município. Explicita e analisa criticamente problemas e necessidades da escola em relação ao ensino e aprendizagem, organização do tempo e espaço, relações de trabalho na escola, índices de evasão e reprovação, organização da horaatividade e organização da prática pedagógica. MARCO REFERENCIAL Opção teórica: Pedagogia progressista. Explicita objetivamente e estabelece relações entre os fundamentos teóricos (concepção de homem, sociedade, educação, escola, conhecimento, avaliação, cidadão, cidadania, cultura, gestão democrática, currículo). Direcionamento dos instrumentos de gestão democrática. Intervenções na prática pedagógica (conteúdos – professor- educando ensino e aprendizagem – avaliação metodológica da organização do trabalho pedagógico) MARCO OPERACIONAL Define linhas de ação e a reorganização do trabalho pedagógico escolar na perspectiva pedagógica administrativa, financeira e político-social: - Redimensionamento da gestão democrática (instâncias colegiadas) - ações relativas à formação continuada, especificidades curriculares, recuperação de conteúdos, avaliação institucional, práticadocente e qualificação dos equipamentos pedagógicos. 1.7.3.c REGIMENTO ESCOLAR O regimento escolar é o documento no qual é registrado todo o funcionamento, estrutura, organização e normas de uma instituição de ensino. As regras contidas nele regem as esferas: administrativa, didática, pedagógica e disciplinar da escola. O documento serve como um guia de direitos e deveres de todos que fazem parte da comunidade escolar. É obrigatório que o regimento esteja em conformidade com as leis do país – em especial a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) – bem como com as legislações estaduais e municipais. Deve também estar alinhado à Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e ao Projeto Político- Pedagógico (PPP) da escola. Para que serve o regimento escolar? Em primeiro lugar, o regimento escolar tem a função de atuar como um documento legal necessário para os atos regulatórios da instituição de ensino, que irão credenciá-la, reconhecê-la e autorizar o seu funcionamento. Para além do aspecto burocrático, o regimento tem um papel no dia a dia da escola. É ele que guiará as ações a serem tomadas nas mais diversas situações das rotinas da instituição. É fundamental que ele seja flexível e que receba atualização de tempos em tempos. Assim, seu conteúdo se manterá sempre atual e conseguirá refletir, de fato, as práticas e processos adotados pela escola. Quem é o responsável por elaborar o regimento escolar? O regimento escolar é um documento democrático. Você sabe o que isso significa, certo? É isso mesmo que você pensou. Ele precisa ser elaborado por membros de toda a comunidade escolar. Se a sua instituição já tiver um conselho escolar constituído, ele mesmo pode elaborar a proposta, já que esse grupo é composto por representantes de cada segmento dessa comunidade. Porém, caso não haja esse conselho, é necessário selecionar esses representantes. 1.7.4 PLANEJAMENTO DE ENSINO O Plano de Ensino é o registro do planejamento das ações pedagógicas a serem executadas numa disciplina curricular em um determinado período letivo. Ele orienta o trabalho docente, é com base no plano de ensino que o professor prepara suas aulas. O plano é um tipo de planejamento que busca a previsão mais global para as atividades de uma determinada disciplina durante o período do curso (período letivo ou semestral). Para sua elaboração, os professores precisam considerar o conhecimento do mundo, o perfil dos alunos, para então tratar de seus elementos que constituem o plano de ensino que são: os objetivos gerais e específicos, os conteúdos, os procedimentos (as estratégias metodológicas, as técnicas), como também os recursos didáticos e a avaliação. Para sua elaboração, os professores precisam considerar o conhecimento do mundo, o perfil dos alunos, para então tratar de seus elementos que constituem o plano de ensino que são: os objetivos gerais e específicos, os conteúdos, os procedimentos (as estratégias metodológicas, as técnicas), como também os recursos didáticos e a avaliação. 1.7.5 PLANEJAMENTO DE AULA Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 54 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC O plano de aula segundo Libâneo (1993) é um instrumento que sistematiza todos os conhecimentos, atividades e procedimentos que se pretende realizar numa determinada aula, tendo em vista o que se espera alcançar como objetivos junto aos alunos. Ele é um detalhamento do plano de curso, devido à sistematização que faz das unidades deste plano, criando uma situação didática concreta de aula. Para seu melhor aproveitamento, os professores devem levar em consideração as suas fases: preparação e apresentação de objetivos, conteúdos e tarefas; desenvolvimento da matéria nova; consolidação (fixação de exercícios, recapitulação, sistematização); aplicação; avaliação. Além disso, o controle do tempo ajuda o professor a se orientar sobre quais etapas ele poderá se deter mais. Um plano de aula deve conter as seguintes etapas: 1 – O tema abordado: o assunto, o conteúdo a ser trabalhado; 2 – A justificativa: o motivo de se trabalhar determinado assunto; 3 – Os objetivos gerais a serem alcançados: o que os alunos irão conseguir atingir com esse trabalho; com o estudo desse tema; 4 – Os objetivos específicos: relacionados a cada uma das etapas de desenvolvimento do trabalho; 5 – As etapas previstas: mais precisamente uma previsão de tempo, onde o professor organiza tudo que for trabalhado em pequenas etapas; 6 – A metodologia que o professor usará: a forma como irá trabalhar, os recursos didáticos que auxiliarão a promover o aprendizado e a circulação do conhecimento no plano da sala de aula; 1.7.2 CONTEÚDOS Todos os conteúdos necessitam de uma base teórica, denominados conceitos. Os conceitos que nos transportam pela vida são: científicos, intelectuais, filosóficos, calculistas ou de outros parâmetros. Estes nos revelam a verdadeira base da descoberta do saber, estimulando a curiosidade de aprender. Os conceitos passam a desenvolver a parte cognitiva do ser levando este a desenvolver o intelecto, o raciocínio, a dedução, a memória, proporcionando a construção do conhecimento. O conceito é considerado um instrumento do conhecimento, através dele é que o ser humano desenvolve sua compreensão do mundo que o rodeia, ele capacita para o mercado de trabalho e torna-se o maior alvo de pesquisa estudantil. Zabala (1998:42-48) aborda os conteúdos em três categorias atitudinais, conceituais e procedimentais. Conteúdos conceituais: Fazem parte da construção do pensamento, nele o indivíduo aprende a discernir o real do abstrato; ou ilusório. Abrem-se as portas da dúvida, esta dúvida estimula a descoberta do conhecimento, gerando novas dúvidas possibilitando descobertas infinitas. Sendo este, um processo onde o conhecimento é múltiplo e evolui infinitamente, o processo de aprendizagem do conhecimento nunca está acabado. Os conteúdos conceituais são a base do aprender a conhecer, concedendo-nos a oportunidade de lembrar que aprendemos vastamente com as experiências que adquirimos durante a nossa vivência, e acrescentando que aprender a conhecer e aprender a fazer são, em larga medida, indissociáveis. Conteúdos procedimentais Resumem-se em colocar em prática o conhecimento que adquirimos com os conteúdos conceituais. Seja em forma de maquete utilizando- se de escala, reprodução de um ambiente visitado, ou uma letra de música transformada em paródia. Toda produção ou reprodução é determinada pelos conteúdos procedimentais. Como antes citado primeiramente o conceito do assunto posteriormente o fazer, e para fazer é preciso procedimentos corretos para o resultado esperado. Os conteúdos procedimentais também são de caráter profissionalizante, onde se visa que o aluno compreenda o ofício de determinadas profissões, auxiliando no processo da escolha profissional no futuro, desenvolvendo todas as habilidades anteriormente citadas; trabalhando a memória, o intelecto, a dedução, habilidades motoras, e outras especificidades. Conteúdos atitudinais: São as vivências do ser com o mundo que o rodeia. O aprendizado de normas e valores torna-se alvo principal para que este conteúdo seja adquirido por quem quer que seja, e na sua proporção e qualificação só é desenvolvido na prática e em seu uso contínuo. O indivíduo é moldado de acordo com suas vivências, porém, não é escravo destas, podendo redimir-se ou simplesmente questionar- se. Os conteúdos atitudinais passam pelo processo sociedade-indivíduo-sociedade. Tratando-se de Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 55 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC grupos, tribos, comunidades de diferentes escalões, sejam eles econômicos ou culturais. Todos seguindo normas estabelecidaspor todos: respeito, compreensão, solidariedade, humildade, muitos outros de suma importância. 1.8. Objetivos de ensino. Apesar de nosso Edital especificar o termo “Objetivo de Ensino” , precisamos entender seu conceito de forma mais atualizada, trazendo-o para “Objetivo de Aprendizagem”. Objetivo de ensino é o que o professor deseja alcançar com o curso. O professor deve definir claramente os objetivos de ensino no início de cada aula e repeti-los sempre que necessário. Já o objetivo de aprendizagem é o que o aluno deve alcançar com o auxílio do ensino. Os objetivos de aprendizagem são metas específicas que guiam o professor na criação do curso e na lecionação. Eles descrevem as habilidades, conhecimentos ou atitudes que os alunos devem adquirir no final do curso. Importância dos Objetivos de Ensino Os objetivos de ensino desempenham um papel fundamental na definição das expectativas de aprendizagem dos alunos. Eles fornecem uma direção clara para os professores e alunos, ajudando a estabelecer metas realistas e alcançáveis. Além disso, os objetivos de ensino permitem que os professores avaliem o progresso dos alunos de forma objetiva e identifiquem áreas que precisam de mais atenção ou revisão. Tipos de Objetivos de Ensino Existem diferentes tipos de objetivos de ensino, que variam de acordo com o nível de complexidade e o domínio do conhecimento que se espera que os alunos alcancem. Alguns dos tipos mais comuns incluem: Objetivos Cognitivos Os objetivos cognitivos estão relacionados ao desenvolvimento do conhecimento intelectual dos alunos. Eles envolvem a aquisição de habilidades de pensamento crítico, resolução de problemas, análise e síntese de informações. Exemplos de objetivos cognitivos incluem “compreender os princípios básicos da física” ou “aplicar conceitos matemáticos para resolver problemas do mundo real”. Objetivos Afetivos Os objetivos afetivos estão relacionados ao desenvolvimento das atitudes, valores e emoções dos alunos. Eles envolvem a promoção de comportamentos positivos, como empatia, respeito, responsabilidade e autoestima. Exemplos de objetivos afetivos incluem “desenvolver a capacidade de trabalhar em equipe” ou “cultivar uma atitude de respeito pela diversidade cultural”. Objetivos Psicomotores Os objetivos psicomotores estão relacionados ao desenvolvimento das habilidades motoras e físicas dos alunos. Eles envolvem a prática e o aprimoramento de habilidades específicas, como coordenação motora fina, equilíbrio e agilidade. Exemplos de objetivos psicomotores incluem “aprender a tocar um instrumento musical” ou “desenvolver habilidades de dança”. Como elaborar Objetivos de Ensino A elaboração de objetivos de ensino eficazes requer um processo cuidadoso de planejamento e reflexão. Aqui estão algumas etapas que podem ajudar os professores a criar objetivos de ensino claros e significativos: 1. Identificar o conteúdo O primeiro passo é identificar o conteúdo específico que será abordado no curso, aula ou unidade de ensino. Isso ajudará a determinar quais conhecimentos, habilidades ou atitudes os alunos devem adquirir. 2. Definir a ação Em seguida, é importante definir a ação que os alunos devem ser capazes de realizar. Isso pode incluir verbos como “compreender”, “aplicar”, “analisar”, “avaliar” ou “criar”. A escolha do verbo correto é essencial para descrever claramente o que se espera que os alunos façam. 3. Especificar as condições Além da ação, é importante especificar as condições em que os alunos devem realizar a tarefa. Isso pode Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 56 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC incluir restrições de tempo, recursos ou contexto. Por exemplo, “resolver problemas matemáticos em 30 minutos” ou “escrever um ensaio argumentativo sobre um tema específico”. 4. Estabelecer os critérios de desempenho Por fim, é necessário estabelecer os critérios de desempenho que serão usados para avaliar se os alunos alcançaram os objetivos de ensino. Isso pode incluir indicadores quantitativos ou qualitativos, como pontuações em testes, qualidade de trabalhos escritos ou demonstrações práticas de habilidades. COMO DEFINIR UM OBJETIVO DE APRENDIZAGEM O objetivo desta atividade é definir os objetivos de sua aula/atividade de ensino. Etapa importante para o planejamento de ensino. Utilize das informações à seguir e complete a planilha de definição dos objetivos presente no e-disciplinas. 1) Leia os itens abaixo e leve-os em conta na elaboração de seus objetivos. Objetivos Educacionais • São as metas definidas com precisão ou resultados previamente determinados; • Indicam aquilo que um aluno deverá ser capaz de fazer como consequência de ter desempenhado adequadamente as atividades; • Colocam-se ênfase em modificações do comportamento dos alunos; • Tais comportamentos são a expressão de conhecimento, ou de atitudes, ou de habilidades que antes o aluno não era capaz de realizar; • Orienta o professor na seleção e organização dos conteúdos escolares. Objetivos Gerais • Quando expressam as finalidades educacionais de acordo com ideais e valores dominantes na sociedade (Sistema Escolar). • Quando estabelecem princípios e diretrizes para orientar o trabalho escolar com base no plano pedagógico representado pelo consenso do corpo docente em relação à filosofia da educação e à prática escolar (Escola). • Quando concretizam, no ensino da matéria, sua própria visão de educação e sociedade (Professor). Objetivos Específicos • Deve estar orientado para o que os estudantes serão capazes de fazer e não para o que o professor irá ensinar; • Deve fornecer a descrição dos resultados da aprendizagem desejada, refletindo o que os estudantes estarão aptos a fazer durante o final do curso; • Deve ser claro, preciso e explícito, descrevendo o que os estudantes estarão aptos a realizar em virtude da instrução recebida; • Deve ser facilmente compreendidos pelos estudantes e por outras pessoas; • Deve ser relevantes para o propósito da aprendizagem dos estudantes e da disciplina no currículo, em virtude dos conteúdos oferecidos; • Deve ser realizáveis ou possíveis de ser alcançados pelos alunos, considerando suas competências e o meio em que estão inseridos. 2) Objetivos de Aprendizagem: Elemento central de uma disciplina; descrito em frases que iniciam com verbos indicando ação. Sugestão: utilizar verbos que permitam desenvolver avaliação mensurável; ou ainda, focar em resultados ou comportamentos observáveis. Os objetivos de aprendizado são expressos por verbos que admitem poucas interpretações. Leve isto em conta na elaboração dos seus objetivos. 3) A seguir é apresentado um resumo da Taxonomia de Bloom Revisada. Use esta taxonomia para elaborar seus objetivos e realizar a atividade proposta para esta aula. Caráter Bidimensional da Taxonomia de Bloom Reformulada Dimensão do Conhecimento 3.1 Conhecimento Efetivo: Relacionado ao conteúdo básico que o discente deve dominar a fim de que consiga realizar e resolver problemas apoiados nesse conhecimento. Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 57 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC Relacionado aos fatos que não precisam ser entendidos ou combinados, apenas reproduzidos como apresentados. Conhecimento da Terminologia; e Conhecimento de detalhes e elementos específicos. Relacionado aos conteúdos conceituais de fatos e dados. 3.2 Conhecimento Conceitual: Relacionado à inter-relação dos elementos básicos num contexto mais elaborado que os discentes seriam capazes de descobrir. Elementos mais simples foram abordados e agora precisam ser conectados. Esquemas, estruturase modelos foram organizados e explicados. Nessa fase, não é a aplicação de um modelo que é importante, mas a consciência de sua existência. Conhecimento de classificação e categorização; Conhecimento de princípios e generalizações; e Conhecimento de teorias, modelos e estruturas. Relacionado aos conteúdos conceituais de conceitos específicos e princípios estruturais. 3.3 Conhecimento Procedural: Relacionado ao conhecimento de “como realizar alguma coisa” utilizando métodos, critérios, algoritmos e técnicas. Nesse momento, o conhecimento abstrato começa a ser estimulado, mas dentro de um contexto único e não interdisciplinar. Conhecimento de conteúdos específicos, habilidades e algoritmos; Conhecimento de técnicas específicas e métodos; e Conhecimento de critérios e percepção de como e quando usar um procedimento específico. Relacionado aos conteúdos procedimentais (técnicas e estratégias). 3.4 Conhecimento Metacognitivo: Relacionado ao reconhecimento da cognição em geral e da consciência da amplitude e profundidade de conhecimento adquirido de um determinado conteúdo. Em contraste com o conhecimento procedural, esse conhecimento é relacionado à interdisciplinaridade. A ideia principal é utilizar conhecimentos previamente assimilados (interdisciplinares) para resolução de problemas e/ou a escolha do melhor método, teoria ou estrutura. Conhecimento estratégico; Conhecimento sobre atividades cognitivas incluindo contextos preferenciais e situações de aprendizagem (estilos); e Autoconhecimento. Relacionado aos conteúdos procedimentais, principalmente estratégias de estudo e aprendizado e aos conteúdos atitudinais, principalmente atitudes e valores. Dimensão do Processo Cognitivo Lembrar ou Recordar: Relacionado a reconhecer e reproduzir ideias e conteúdos. Reconhecer requer distinguir e selecionar determinada informação e reproduzir ou recordar está mais relacionado à busca por uma informação relevante, memorizada. Verbos: Listar, Enumerar, Recordar, Reconhecer, Identificar, Relembrar, Reproduzir, Recitar, Descrever, Nomear, Encontrar, Mostrar, Rotular. Entender ou Compreender: Relacionado a estabelecer uma conexão entre o novo e o conhecimento previamente adquirido. A informação é entendida quando o aprendiz consegue reproduzi-la com suas “próprias palavras”. Verbos: Resumir, Classificar, Interpretar, Exemplificar, Comparar, Compreender, Inferir, Demonstrar, Explicar, Explanar. Aplicar: Relacionado a executar ou usar um procedimento numa situação específica e pode também abordar a aplicação de um conhecimento numa situação nova. Verbos: Responder, Utilizar, Propor, Resolver, Solucionar, Implementar, Executar, Realizar, Concluir. Analisar: Relacionado a dividir a informação em partes relevantes e irrelevantes, importantes e menos importantes e entender a inter-relação existente entre as partes. Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 58 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC Verbos: Atribuir, Selecionar, Diferenciar, Integrar, Desconstruir, Organizar, Categorizar, Concluir, Comparar, Interrogar, Relacionar, Agrupar, Estruturar. Avaliar: Relacionado a realizar julgamentos baseados em critérios e padrões qualitativos e quantitativos ou de eficiência e eficácia. Verbos: Verificar, Comprovar, Determinar, Refletir, Criticar, Decidir, Julgar, Discutir, Experimentar. Criar: Significa colocar elementos junto com o objetivo de criar uma nova visão, uma nova solução, estrutura ou modelo utilizando conhecimentos e habilidades previamente adquiridos. Envolve o desenvolvimento de ideias novas e originais, produtos e métodos por meio da percepção da interdisciplinaridade e da interdependência de conceitos. Verbos: Planejar, Reprojetar, Reunir, Desenhar, Gerar, Produzir, Criar, Generalizar, Inventar, Consolidar, Combinar. 4) Etapas para a Definição dos objetivos de Aprendizado 1º) Construção de Objetivos de Aprendizagem Primeira parte da Equação dos Objetivos de Aprendizagem (OA) OA = [Ação (verbo infinitivo) + objetivo] /Taxonomia de Bloom Reformulada Exemplo: Reconhecer as teorias contemporâneas sobre aprendizagem Exemplo: Classificar as variáveis existentes nos problemas propostos 2º) Construir pistas para Avaliação da aprendizagem Avaliação [Através de... (verbo no gerúndio) + identificando como será avaliado se o objetivo foi alcançado] / taxonomia de Bloom Reformulada. Como cada objetivo de aprendizagem será verificado se foi atingido? Retomar os objetivos de aprendizagem e complementar cada objetivo com verbo no gerúndio possibilitando que seja esclarecido o “quê” e “como” avaliar, ou seja, até que ponto o objetivo foi alcançado. Taxonomia de Bloom – Representado pelos seguintes verbos no gerúndio Lembrar: Reconhecendo e Reproduzindo. Entender: Interpretando, Exemplificando, Classificando, Resumindo, Inferindo, Comparando e Explicando. Aplicar: Executando e Implementando Analisar: Diferenciando, Organizando, Atribuindo e Concluindo. Avaliar: Checando e Criticando. Criar: Generalizando, Planejando e Produzindo. 3º) Objetivos de Aprendizagem + Processo de Avaliação ● Segunda parte da Equação dos Objetivos de Aprendizagem (OA) OA = [Ação (verbo infinitivo) + objetivo] + Avaliação [Através de... (verbo no gerúndio) + identificando como será avaliado se o objetivo foi alcançado] / taxonomia de Bloom Reformulada. ● Exemplo: Reconhecer as teorias contemporâneas sobre aprendizagem, enumerando (ou listando ou identificando) as diferenças entre as teorias. ● Exemplo: Classificar as variáveis existentes nos problemas propostos, explicando qual seria o tipo de distribuição de probabilidade a ser utilizada. ● Exemplo: Criar novos cenários para uma situação problema, produzindo melhorias para a solução encontrada. O verbo da ação (infinitivo) e o verbo da avaliação (gerúndio) precisam estar na mesma dimensão do processo cognitivo segundo a Taxonomia de Bloom Reformulada (ex. Entender, Aplicar, Criar etc.) Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 59 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC 1.9. Métodos e técnicas de ensino. A forma como o conhecimento é processado pelo cérebro muda de acordo com os métodos utilizados. Uma boa metodologia de ensino mantém o interesse do aluno nos conteúdos transmitidos em sala de aula e propõe artifícios que, ao serem usados, edificam o aprendizado e preconizam melhores resultados. Segundo a pirâmide do aprendizado de Willian Glasser, aprendemos com efetividade entre 70% a 95% quando o processo envolve questionamento, prática, demonstração ou tutoria, enquanto que quando lemos, escutamos ou apenas observamos aprendemos no máximo com eficiência de 50%. Para promover a efetividade do aprendizado foram desenvolvidas inúmeras metodologias de ensino, que variam da total liberdade do aluno ao modelo mais conhecido, com provas e metas a serem atingidas. Conheça algumas delas a seguir. 1.9.1. Método tradicional Como o próprio nome diz, essa é a abordagem mais comum nas escolas brasileiras e tem como principal objetivo criar uma base de informações para que os alunos absorva esse conhecimento passivamente. Por conta da necessidade de memorização em detrimento da verdadeira aprendizagem, esse método praticado desde o século XVIII passou a ser considerado ultrapassado a partir dos anos 1960, quando entendeu-se que não agrega conhecimento em longo prazo. apesar disso, ainda é amplamente usado nas instituições de ensino: • hierarquia bem definida: o professor transmite conhecimento enquanto o aluno se encarrega de absorver o máximo do conteúdo transmitido; • gera uma dependência do professor, que está nocentro do processo educativo; • com metas claras e prazos a cumprir, o estudante recebe tarefas diárias para fortalecer seu processo de absorção do conhecimento; • o progresso de aprendizagem é mensurado a partir de avaliações periódicas; • são atribuídas notas de desempenho adotadas previamente pela instituição; • aqueles que não atingem os parâmetros mínimos preestabelecidos são reprovados. 1.9.2. Método Montessori Essa metodologia foi idealizada por Maria Montessori em 1907 e segue uma linha em que o aluno tem capacidade de aprender sozinho a partir de estímulos. Como o grau de liberdade é muito grande, é prioritariamente utilizada na educação de crianças e adolescentes até o início do ensino fundamental. Tem como pilar a autoeducação em um ambiente devidamente preparado para o ensino e a prática científica. Apesar disso, não dispensa módulos obrigatórios, mas com formas de aprendizagem mais dinâmicas: • alto grau de autonomia para estímulo da livre iniciativa e independência; • o papel do professor é apenas o de guia do processo; • mesas e cadeiras ficam dispostas em formatos pouco tradicionais e podem ser inclusive dispensadas; • trabalhos em grupo são utilizados com maior frequência; • objetos são espalhados pelo espaço para despertar o interesse do aluno; • livre arbítrio para a escolha das atividades; • interferência mínima do professor; • equilíbrio entre liberdade e disciplina. 1.9.3. Método Freiriano Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 https://travessaeducacional.com.br/4-dicas-de-como-melhorar-o-desempenho-da-escola-no-enem-em-2019/ https://travessaeducacional.com.br/transferencia-escolar-qual-a-melhor-forma-de-facilitar-o-processo/ https://travessaeducacional.com.br/como-a-infraestrutura-da-escola-impacta-nos-resultados-dos-alunos/ @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 60 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC Inspirado no trabalho de Paulo Freire, que usou a metodologia nos anos 1960 para alfabetização rápida de estudantes. Por isso, é amplamente usada no processo de aprendizagem de jovens e adultos. Entende que o aluno se liberta apenas por meio do seu próprio conhecimento de mundo, por isso considera aspectos do meio em que ele vive, suas características socioculturais e a forma como ele compreende os fatos: • usa experiências de vida dos alunos para escolher critérios que embasarão o processo de transmissão do conhecimento; • prioriza elementos mais familiares ao cotidiano do estudante; • a ampliação do vocabulário acontece de forma gradativa, a partir desse ponto de familiaridade. 1.9.4. Método construtivista Baseado no trabalho de Jean Piaget, que nos anos 1920 aplicou o conceito para disseminar a importância do debate e da formulação de hipóteses na formação do ser e do saber. Por isso, usa artifícios para que próprio aluno questione até que sua resposta se transforme em conhecimento: • o estudante tem um papel ativo na construção do próprio conhecimento; • o papel do professor é mediar esse processo; • a resolução de problemas é obtida a partir de questionamentos; • uso de vivências pessoais e conhecimentos prévios do aluno; • não propõe provas, mas também não as inibe; • o aprendizado é dinâmico e construído aos poucos. 1.9.5. Método sócio-interacionista Proposta por Lev Vygotsky, essa metodologia entende que o ambiente muda o homem assim como o homem modifica o ambiente. Usa de forma cultural e histórica a linguagem, o raciocínio lógico e, principalmente, as características do meio em que o aluno está inserido, para criar uma rede de conhecimento sólida: • somente a partir da troca de experiências e interações sociais o saber é edificado; • incentiva trabalhos em grupo e a participação mais ativa do aluno; • valoriza a bagagem histórica do estudante; • objetiva o aguçamento da curiosidade; • concede autonomia em sala de aula; • o professor assume o papel de mediador; • estimula avanços gradativos. 1.9.6. Método logosófico O método foi desenvolvido por Carlos Bernardo González Pecotche, conhecido pelo pseudônimo Raumsol. Baseia-se na evolução consciente de todos os envolvidos, desde aqueles que frequentam o ambiente escolar até as pessoas que convivem com o aluno fora dele: • busca o autoconhecimento; • incentiva o autoaperfeiçoamento; • é acompanhado de forma minuciosa pelo professor e por isso a quantidade de alunos por sala é limitada; • é complementado pela aprendizagem doméstica; • promove o desenvolvimento físico, mental, moral e emocional dos estudantes. 1.9.7. Método Waldorf Baseada na filosofia de Rudolf Steiner, essa metodologia preconiza o aprimoramento espiritual e físico do aluno e por isso tem como sabe atividades que estimulam o pensar e o sentir. O objetivo é preparar o estudante a vida, a fim de que ele seja capaz de tomar decisões, ter iniciativa, capacidade crítica mas, acima de tudo, equilíbrio emocional: • o processo é dividido em ciclos de aprendizagem conforme a idade do aluno; • baseia-se na individualidade do estudante; • incentiva a criatividade e a imaginação; • conduz um pensamento livre: um mesmo assunto pode originar várias abordagens; • não são aplicadas provas; • resultados abaixo da média não geram reprovações; • equilibra atividades intelectuais, práticas e o descanso. 1.9.8. Método Freinet Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 61 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC Criado por Célestin Freinet, essa abordagem propõe que o ambiente escolar tenha conexão com a vida dos estudantes. Por isso, prepara o aluno para a vida real, a partir de experimentações: • materiais didáticos têm um papel secundário; • aulas práticas são incentivadas; • prioriza o trabalho em grupo; • permite a troca de informações entre os estudantes; • promove aulas-passeios; • cria um vínculo social com toda a comunidade; • o ambiente político, social e questões atuais embasam as atividades; • motiva a participação ativa, a inclusão e a colaboração. 1.9.9. Metodologias Ativas As metodologias ativas de aprendizagem são uma técnica pedagógica que se baseia em atividades instrucionais, capazes de engajar os estudantes em, de fato, se tornarem protagonistas no processo de construção do próprio conhecimento. Ou seja, são metodologias menos baseadas na transmissão de informações e mais no desenvolvimento de habilidades. Com as metodologias ativas de aprendizagem, o ensino é feito por meio de práticas que trabalham com diferentes conceitos de maneira repetida — de várias maneiras e com feedback imediato. 1.10. Estratégias pedagógicas para diferentes faixas etárias e níveis educacionais. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para a Educação Infantil estabelece diretrizes que visam promover uma educação integral, voltada para o desenvolvimento das crianças em suas dimensões física, emocional, social e cognitiva. As estratégias pedagógicas de acordo com a BNCC para a Educação Infantil são baseadas em direitos de aprendizagem e desenvolvimento e campos de experiências. Abaixo estão as principais estratégias pedagógicas segundo a BNCC para a Educação Infantil: 1. Centração nos Direitos de Aprendizagem A BNCC define seis direitos de aprendizagem que devem orientar as práticas pedagógicas na Educação Infantil: Conviver: Proporcionar situações em que as crianças aprendam a conviver com os outros, respeitando as diferenças e estabelecendo vínculos afetivos. Brincar: A brincadeira é central para o desenvolvimento das crianças e deve ser usada como ferramenta de aprendizado em todas as áreas. Participar: As crianças devem ser ativamente envolvidas nas atividades, participando das decisões e propondo soluções. Explorar: As atividades devem estimular a curiosidade, incentivando a exploração do ambiente,dos objetos e das interações sociais. Expressar: Estimular a expressão das crianças por meio de linguagens diversas (corporal, artística, verbal, musical). Conhecer-se: As atividades devem apoiar a construção da identidade e da autonomia das crianças, ajudando-as a compreender suas emoções e relações. 2. Organização por Campos de Experiências A BNCC organiza o currículo da Educação Infantil em cinco campos de experiências, que devem nortear as práticas pedagógicas e as interações com as crianças. Cada campo de experiência está relacionado a diferentes formas de desenvolvimento e expressão: a. O Eu, o Outro e o Nós Estratégias: Promover atividades que incentivem a convivência social e o respeito às diferenças. Realizar dinâmicas em grupo, incentivando a cooperação, o diálogo e a empatia. Trabalhar com histórias que abordem relações sociais, ética e diversidade, discutindo temas como amizade e respeito. Criar momentos para as crianças aprenderem sobre suas emoções e desenvolverem habilidades socioemocionais. b. Corpo, Gestos e Movimentos Estratégias: Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 https://travessaeducacional.com.br/estender-500-palavras-como-trabalhar-a-inclusao-em-sala-de-aula-de-forma-inovadora/ @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 62 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC Propor atividades que envolvam movimento corporal, como danças, brincadeiras ao ar livre, circuitos motores, atividades com música. Estimular o desenvolvimento motor com brincadeiras que exijam coordenação motora fina e grossa, como pular, correr, desenhar e montar blocos. Utilizar atividades como teatros e dramatizações, onde as crianças possam usar seus gestos e expressões para interpretar situações e histórias. Incentivar a prática de atividades físicas regulares, favorecendo o bem-estar e a compreensão do corpo. c. Traços, Sons, Cores e Formas Estratégias: Propor atividades de expressão artística, como desenho, pintura, modelagem e colagem, para que as crianças explorem diferentes materiais e texturas. Trabalhar com música e ritmos, incentivando o uso de instrumentos, palmas e movimentos corporais para desenvolver a percepção sonora. Proporcionar o contato com diversas formas de arte, como artes visuais, literatura infantil e teatro, para que as crianças explorem cores, formas e sons. Utilizar materiais não estruturados, como caixas, tecidos e objetos do cotidiano, para promover a criatividade e a exploração sensorial. d. Escuta, Fala, Pensamento e Imaginação Estratégias: Contação de histórias: Utilizar histórias para desenvolver a imaginação, o vocabulário e a capacidade de compreensão das crianças. Incentivar a expressão verbal por meio de conversas, perguntas e respostas, dramatizações e narrações de histórias pelas próprias crianças. Propor atividades de leitura e escrita emergente, como a identificação de letras, palavras e símbolos, respeitando o tempo de cada criança. Utilizar brincadeiras de faz de conta e jogos simbólicos para estimular o pensamento criativo e a construção de narrativas. e. Espaços, Tempos, Quantidades, Relações e Transformações Estratégias: Propor atividades que estimulem a percepção de espaço e tempo, como brincadeiras que envolvem a organização de objetos no espaço ou o uso de calendários e sequências temporais. Incentivar o contato com matemática e lógica em atividades como contagem de objetos, classificação, comparação de tamanhos e formas, e jogos de encaixe. Realizar experiências de exploração do ambiente natural, como observar o ciclo das plantas, o clima e os animais, para promover o entendimento de transformações. Estimular a resolução de problemas cotidianos em situações de brincadeiras e desafios, desenvolvendo o raciocínio lógico e a capacidade de lidar com mudanças. 3. Brincadeiras como Centro da Aprendizagem A BNCC enfatiza que a brincadeira é a linguagem principal das crianças e deve ser o eixo central de todas as atividades pedagógicas. As brincadeiras podem ser livres ou orientadas, e o educador deve atuar como mediador, proporcionando um ambiente rico em oportunidades de exploração e descobertas. Além disso, a brincadeira ajuda a criança a entender o mundo à sua volta, desenvolvendo competências cognitivas, sociais e emocionais. 4. Práticas Baseadas na Exploração e Investigação As práticas pedagógicas devem permitir que as crianças sejam ativas em seu aprendizado, explorando, investigando e fazendo descobertas por conta própria. Ambientes ricos em estímulos são fundamentais, com materiais que desafiem as crianças a questionar, criar e experimentar, como blocos de construção, objetos reciclados e materiais naturais. As atividades devem ser organizadas de forma que as crianças possam manipular e interagir com os objetos, desenvolvendo habilidades motoras, cognitivas e sensoriais. 5. Documentação Pedagógica A BNCC incentiva os educadores a utilizarem a documentação pedagógica como uma estratégia para acompanhar o desenvolvimento da criança. Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 63 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC Isso inclui o registro das atividades realizadas pelas crianças, observações sobre suas interações e progresso, bem como a análise e reflexão sobre as práticas pedagógicas. Esses registros são importantes para ajustar o planejamento e garantir que as experiências oferecidas estejam alinhadas às necessidades e interesses das crianças. Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para o Ensino Fundamental (anos iniciais e finais) estabelece diretrizes para promover uma formação integral, com foco no desenvolvimento cognitivo, emocional, social e físico dos estudantes. A BNCC organiza o ensino em áreas de conhecimento e define competências e habilidades que os alunos devem desenvolver ao longo dessa etapa escolar. A seguir, apresento as principais estratégias pedagógicas recomendadas pela BNCC para o Ensino Fundamental: 1. Foco nas Competências Gerais A BNCC define 10 competências gerais que devem nortear todas as práticas pedagógicas no Ensino Fundamental, em todas as disciplinas: Conhecimento: Estimular a construção do conhecimento em diferentes áreas, promovendo a compreensão crítica e a contextualização dos conteúdos. Pensamento científico, crítico e criativo: Incentivar a investigação, a curiosidade e o pensamento crítico por meio de projetos de pesquisa e resolução de problemas. Repertório cultural: Valorizar e promover o acesso a diferentes manifestações culturais, trabalhando a diversidade cultural e artística. Comunicação: Desenvolver a capacidade de se comunicar de forma eficaz, tanto na forma oral quanto na escrita, e por meio de diferentes mídias. Cultura digital: Utilizar tecnologias digitais para ampliar o aprendizado, promovendo o uso consciente e crítico dessas ferramentas. Trabalho e projeto de vida: Ajudar os alunos a compreenderem o mundo do trabalho e a desenvolverem um plano para o futuro, com base em suas habilidades e interesses. Argumentação: Trabalhar a capacidade de argumentar com base em fatos, desenvolvendo o pensamento lógico e a capacidade de debater ideias. Autoconhecimento e autocuidado: Estimular o autoconhecimento e o cuidado com a saúde física e mental dos alunos. Empatia e cooperação: Incentivar atitudes de respeito, colaboração e empatia nas interações com os colegas e a comunidade. Responsabilidade e cidadania: Formar cidadãos críticos, conscientes de seus direitos e deveres, e comprometidos com a democracia e a sustentabilidade. 2. Ensino Fundamental – Anos Iniciais (1º ao 5º ano) Nos anos iniciais, a BNCC prioriza a alfabetização e a consolidação das habilidades básicas de leitura, escrita e matemática. As estratégias pedagógicas devem ser centradas na construçãodessas competências e no desenvolvimento integral da criança. Estratégias pedagógicas: Alfabetização e Letramento: Utilizar métodos de alfabetização que combinem o método fônico (associação entre sons e letras) e práticas de letramento (uso da leitura e escrita em situações reais). Promover atividades de leitura guiada, onde o professor lê com os alunos e discute o significado, incentivando a compreensão de texto e o desenvolvimento do vocabulário. Projetos de escrita coletiva: Incentivar os alunos a escreverem coletivamente, trabalhando a coesão e coerência textual desde cedo. Aprendizagem baseada em projetos: Desenvolver projetos interdisciplinares que integrem diversas áreas do conhecimento, como matemática, ciências, geografia e história. Um exemplo seria um projeto sobre o meio ambiente, envolvendo a leitura, a pesquisa e a resolução de problemas práticos. Estimular a aprendizagem ativa, em que os alunos são incentivados a investigar e encontrar soluções, seja em grupo ou individualmente. Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 64 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC Uso de jogos educativos: Jogos podem ser usados como ferramentas para ensinar matemática, ciências e linguagem de maneira lúdica, desenvolvendo o raciocínio lógico e habilidades cognitivas. Jogos de tabuleiro, jogos online ou atividades com materiais concretos (como blocos de construção ou cartas) são ótimos para praticar habilidades matemáticas e de linguagem. Aprendizagem colaborativa: Incentivar o trabalho em grupo e a cooperação, desenvolvendo a capacidade de resolução de problemas em conjunto e o respeito às diferentes ideias e opiniões. Realizar atividades em dupla ou em pequenos grupos, permitindo que os alunos compartilhem suas descobertas e aprendam uns com os outros. Uso de tecnologias digitais: Integrar ferramentas tecnológicas ao ensino, como plataformas interativas de aprendizagem, aplicativos de leitura e escrita, e jogos de raciocínio lógico, sempre com mediação e orientações claras para o uso seguro e crítico. 3. Ensino Fundamental – Anos Finais (6º ao 9º ano) Nos anos finais, os conteúdos se tornam mais complexos e especializados, e os alunos precisam desenvolver maior autonomia e pensamento crítico. As estratégias pedagógicas devem apoiar o aprofundamento do conhecimento, além de preparar os estudantes para o ensino médio e a vida adulta. Estratégias pedagógicas: Aprendizagem baseada em projetos: Incentivar o trabalho por projetos, permitindo que os alunos explorem questões reais e complexas por meio da investigação e pesquisa. Por exemplo, um projeto de ciências sobre sustentabilidade pode envolver atividades práticas de pesquisa sobre o consumo de água na escola. Projetos interdisciplinares: Trabalhar em temas que integrem diferentes disciplinas (história, geografia, ciências, matemática), como um estudo sobre as mudanças climáticas, em que os alunos possam abordar o tema sob várias perspectivas. Debates e rodas de conversa: Utilizar debates estruturados para estimular o desenvolvimento de argumentação e pensamento crítico. Os alunos podem discutir temas atuais e polêmicos, como questões sociais e ambientais, desenvolvendo a capacidade de analisar diferentes pontos de vista. Rodas de conversa: Criar espaços de diálogo em sala de aula para que os alunos possam expressar suas ideias e ouvir os colegas, promovendo o respeito e a empatia. Uso de tecnologias e cultura digital: Incorporar ferramentas digitais no processo de ensino-aprendizagem, como plataformas de ensino online, simuladores e laboratórios virtuais para o estudo de ciências e matemática. Incentivar o uso de ferramentas de comunicação digital para a criação de projetos colaborativos, como blogs ou vídeos sobre temas estudados em aula. Trabalhar a cultura digital com consciência crítica, promovendo discussões sobre segurança na internet, privacidade de dados e fake news. Ensino investigativo: Adotar uma abordagem de aprendizagem por investigação, onde os alunos são incentivados a realizar experimentos, levantar hipóteses e chegar a conclusões. Isso é especialmente útil em disciplinas como ciências e matemática. Utilizar pesquisas de campo para aproximar o conteúdo da realidade, como uma visita a uma reserva ecológica ou museu de ciências, onde os alunos podem aplicar o que aprenderam na sala de aula. Ensino por resolução de problemas: Propor desafios e problemas reais ou simulados para que os alunos desenvolvam habilidades de Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 65 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC resolução de problemas. Isso pode ser feito em matemática (resolução de problemas lógicos), ciências (experimentos científicos) e outras áreas. Autonomia e protagonismo: Estimular o protagonismo juvenil ao incentivar os alunos a tomar decisões sobre seus estudos, como escolher temas de pesquisa ou liderar projetos. Orientação para o projeto de vida: Ajudar os alunos a refletirem sobre suas escolhas futuras, tanto em relação ao ensino médio quanto à carreira, incentivando o autoconhecimento e o planejamento. Avaliação formativa: A BNCC recomenda o uso de avaliações formativas, ou seja, avaliações contínuas que busquem observar o progresso do aluno e não apenas medir o resultado final. O feedback deve ser constante, auxiliando os alunos a melhorarem suas aprendizagens. 4. Interdisciplinaridade e Transversalidade A BNCC incentiva práticas que integrem conteúdos de diferentes disciplinas, mostrando como as áreas do conhecimento se conectam. Temas transversais como meio ambiente, diversidade cultural, ética e cidadania devem ser trabalhados em conjunto com as disciplinas tradicionais. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para o Ensino Médio estabelece um conjunto de orientações e competências que guiam o trabalho pedagógico com os alunos dessa etapa. O foco é no desenvolvimento integral dos estudantes, preparando-os para o mundo do trabalho, para a vida cidadã e para o aprofundamento dos estudos. A BNCC para o Ensino Médio é estruturada em áreas de conhecimento e destaca a importância de se trabalhar com competências e habilidades que vão além dos conteúdos tradicionais, privilegiando o protagonismo do aluno, o pensamento crítico e a aplicação prática do conhecimento. 1. Competências Gerais do Ensino Médio Assim como no Ensino Fundamental, as práticas pedagógicas do Ensino Médio devem estar orientadas pelas 10 Competências Gerais da BNCC, que visam o desenvolvimento das dimensões cognitivas, emocionais e sociais dos alunos. Essas competências envolvem o pensamento crítico, a cultura digital, a autonomia e o protagonismo juvenil, assim como o desenvolvimento de habilidades socioemocionais e a preparação para o mundo do trabalho. 2. Estratégias Pedagógicas Baseadas nas Áreas de Conhecimento O Ensino Médio é organizado em quatro áreas de conhecimento: Linguagens e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias, e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. As estratégias pedagógicas devem integrar as diferentes disciplinas dessas áreas, promovendo uma educação interdisciplinar e contextualizada. a. Linguagens e suas Tecnologias Estratégias de leitura e produção textual: Incentivar a leitura crítica de diversos gêneros textuais, incluindo textos literários, jornalísticos, científicos e digitais. Projetos de escrita: Propor a produção de diferentes tipos de textos, como artigos, resenhas, blogs ou roteiros de vídeos, estimulando a expressão escrita e oral. Debates e seminários: Organizar debates e apresentações em grupo para desenvolver a argumentação, a comunicação e a capacidade de defenderideias. Uso de mídias digitais: Incentivar a produção de conteúdo digital, como vídeos, podcasts e blogs, para que os alunos desenvolvam habilidades de comunicação multimodal e cultura digital. Utilizar plataformas online e redes sociais como ferramentas de pesquisa, comunicação e produção de conhecimento. Projetos interdisciplinares: Desenvolver projetos que integrem linguagens com outras áreas, como matemática e ciências humanas, por exemplo, ao trabalhar a análise de dados de pesquisas sociais ou econômicas. b. Matemática e suas Tecnologias Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 66 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC Aprendizagem por resolução de problemas: Utilizar problemas do cotidiano e desafios que exijam a aplicação prática dos conceitos matemáticos, promovendo o raciocínio lógico e a criatividade. Incentivar os alunos a resolverem problemas complexos em grupo, estimulando o trabalho colaborativo e a cooperação. Projetos práticos e interdisciplinares: Trabalhar com projetos práticos que envolvam a matemática aplicada a outras áreas, como física, economia ou até mesmo temas ambientais. Por exemplo, cálculos de consumo de energia e sustentabilidade. Propor pesquisas de campo onde os alunos possam medir, calcular e analisar dados em contextos reais, como levantamento de estatísticas escolares ou estudos sobre mobilidade urbana. Uso de tecnologia: Explorar softwares de matemática, ferramentas de simulação e plataformas digitais para trabalhar conceitos mais abstratos de forma interativa e visual. c. Ciências da Natureza e suas Tecnologias Ensino investigativo: Incentivar a aprendizagem baseada em investigação, onde os alunos levantam hipóteses e realizam experimentos, especialmente em áreas como física, biologia e química. Propor experiências de laboratório, estimulando a curiosidade científica e o trabalho em equipe. Trabalho por projetos: Propor projetos de pesquisa que integrem as três disciplinas (física, química e biologia), como temas de sustentabilidade ambiental, mudanças climáticas ou engenharia biológica. Trabalhar com questões científicas contemporâneas e suas implicações sociais e ambientais, como as novas tecnologias em saúde ou as energias renováveis. Uso de tecnologias digitais: Utilizar simuladores e softwares de experimentação virtual, especialmente em ciências físicas e biológicas, para realizar experiências que complementem o trabalho de campo ou de laboratório. d. Ciências Humanas e Sociais Aplicadas Debates e análise crítica: Promover debates sobre questões sociais, políticas e econômicas, incentivando o pensamento crítico e o diálogo entre os alunos. Trabalhar com estudos de caso e pesquisas de campo que abordem temas como direitos humanos, democracia, globalização, ou a história e cultura local. Interdisciplinaridade: Integrar o ensino de história, geografia, sociologia e filosofia em projetos interdisciplinares. Por exemplo, estudar o impacto da revolução industrial sobre a sociedade e o meio ambiente, ou a relação entre globalização e migrações. Tecnologias digitais e cidadania: Explorar as redes sociais e o ambiente digital para analisar criticamente as informações, discutindo temas como fake news, privacidade e ética no uso das tecnologias. 3. Itinerários Formativos Com a reforma do Ensino Médio, os alunos podem escolher itinerários formativos que aprofundam seus interesses em áreas específicas. As estratégias pedagógicas para os itinerários devem incentivar o protagonismo dos alunos e a personalização do ensino. Projetos de pesquisa e investigação: Os alunos podem ser incentivados a desenvolver projetos de pesquisa em áreas de interesse, como ciências naturais, humanas ou exatas, promovendo a investigação e a aplicação prática do conhecimento. Parcerias com instituições externas: Firmar parcerias com universidades, ONGs, empresas ou outras instituições para promover projetos de iniciação científica ou de orientação profissional. Desenvolvimento de habilidades técnicas e profissionais: Nos itinerários formativos voltados ao mundo do trabalho, propor atividades práticas que desenvolvam competências profissionais específicas, como estágios supervisionados, oficinas Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 67 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC de empreendedorismo, ou o uso de plataformas digitais para criação de negócios. 4. Aprendizagem Ativa e Protagonismo do Aluno A BNCC para o Ensino Médio enfatiza a importância de métodos ativos de ensino, que colocam o aluno no centro do processo de aprendizagem: Aprendizagem baseada em problemas (ABP): Apresentar problemas reais ou complexos para que os alunos trabalhem em grupo, levantem hipóteses e busquem soluções. Essa estratégia é eficaz em todas as áreas do conhecimento, promovendo a interdisciplinaridade. Projetos de vida: A BNCC introduz a noção de projeto de vida, que envolve ajudar os alunos a refletirem sobre seus interesses, objetivos e as ações necessárias para alcançá-los, incentivando o autoconhecimento e a autonomia. Uso de tecnologias digitais: Incorporar tecnologias como plataformas de ensino online, simuladores e aplicativos que favoreçam o aprendizado autônomo, permitindo aos alunos estudar e rever conteúdos de forma independente e no seu próprio ritmo. 5. Avaliação Formativa e Processual A avaliação no Ensino Médio deve ser contínua e formativa, fornecendo feedback regular aos alunos e ajudando-os a identificar suas dificuldades e progressos. A avaliação deve incluir: Autoavaliação e avaliação entre pares: Incentivar os alunos a refletirem sobre seu próprio desempenho e a darem feedback aos colegas. Portfólios e projetos: Avaliar o aluno com base em portfólios, onde eles reúnem suas produções ao longo do tempo, e em projetos práticos, que permitam aplicar o conhecimento de forma contextualizada. Avaliações interdisciplinares: Criar avaliações que integrem mais de uma disciplina, reforçando a relação entre os diferentes conteúdos estudados. 1.11. Formas de avaliação, tipos de provas, feedback e como medir o desempenho dos alunos. A avaliação escolar, também chamada avaliação do processo ensino aprendizagem ou avaliação do rendimento escolar, tem como dimensão de análise o desempenho do aluno, do professor e de toda a situação de ensino que se realiza no contexto escolar. Sua principal função é subsidiar o professor, a equipe escolar e o próprio sistema no aperfeiçoamento do ensino. Desde que utilizada com as cautelas previstas e já descritas em bibliografia especializada, fornece informações que possibilitam tomar decisões sobre quais recursos educacionais devem ser organizados quando se quer tomar o ensino mais efetivo. É, portanto, uma prática valiosa, reconhecidamente educativa, quando utilizada com o propósito de compreender o processo de aprendizagem que o aluno está percorrendo em um dado curso, no qual o desempenho do professor e outros recursos devem ser modificados para favorecer o cumprimento dos objetivos previstos e assumidos coletivamente na Escola. O processo avaliativo parte do pressuposto de que se defrontar com dificuldades é inerente ao ato de aprender. Assim, o diagnóstico de dificuldades e facilidades deve ser compreendido não como um veredicto que irá culpar ou absolver o aluno, mas sim como uma análise da situação escolar atual do aluno, em função das condições de ensino que estão sendo oferecidas. A avaliação educacional é composta por uma série de procedimentos caracterizando-se como uma ação que deve ser utilizada como subsídio à prática docente, visando à melhoria do processo de ensino- aprendizagem. 1.11.1 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM E AVALIAÇÃO INSTITUCIONALAvaliação da aprendizagem é um instrumento utilizado para avaliar a evolução dos alunos ao longo do processo de ensino-aprendizagem. Esse procedimento vai além de aplicar testes e conceder notas aleatórias, mas exige um acompanhamento do estudante em diferentes momentos do processo educativo. Cada vez mais as instituições de ensino têm adotado a avaliação ao longo da aprendizagem. Percebeu-se Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 68 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC que deixar esse procedimento para o fim do processo não contribui para o avanço escolar do aluno. Benefícios da avaliação da aprendizagem A avaliação da aprendizagem traz benefícios para os alunos e até mesmo para os educadores. No caso dos estudantes, há a possibilidade de verificar o andamento do seu aprendizado e buscar métodos para impulsionar o seu desenvolvimento. Além disso, professores podem incentivar a autoavaliação nos alunos, e estimular a sua participação ativa na aprendizagem. Para os educadores, o procedimento é uma oportunidade para verificar se os estudantes conseguiram atingir as metas definidas. Dessa forma, é possível trazer novo direcionamento às ações pedagógicas para que os objetivos sejam atingidos. Tipos de avaliação da aprendizagem Existem diferentes tipos de avaliação e é possível criar uma alternância entre eles ao longo do ano letivo. Confira os principais modelos para analisar o desempenho do educando: - Registro das atividades pedagógicas realizadas - Observação dos alunos nas aulas (anotação da sua participação nas atividades) - Debate entre os alunos - Trabalho em grupo - Autovaliação - Provas e testes - Portfólio dos trabalhos no ano letivo A Avaliação Institucional é um instrumento, que contém o processo de acompanhamento contínuo das atividades e da implementação de mudanças necessárias à retomada da missão, proposta pela instituição. Considerando-se que a Avaliação Institucional ocorre tanto interna quanto externamente, o universo da pesquisa, em sua dimensão interna, é composto por professores, corpo técnico- administrativo e alunos. Essa forma de avaliação, além de contribuir para o autoconhecimento e aperfeiçoamento das atividades desenvolvidas pela instituição de ensino, também traz subsídios importantes para a regulação e formulação de políticas educacionais. Mediante análises documentais, visitas in loco, interlocução com membros dos diferentes segmentos da instituição e da comunidade local ou regional, as avaliações institucionais, ajudam a identificar acertos e equívocos da avaliação interna, apontam fortalezas e debilidades institucionais, apresentam críticas e sugestões de melhoramento ou, mesmo, de providências a serem tomadas. Os indicadores da avaliação externa devem estar balizados pela pelo Projeto Político Pedagógico. Eles devem levar em conta a diversidade dos contextos, atores, processos e das atividades das escolas, dando atenção às especificidades e, ao mesmo tempo, permitindo o delineamento de uma visão global da instituição e das redes de ensino. 1.11.2 AVALIAÇÃO INTERNA E EXTERNA Avaliação Interna da aprendizagem: realizada pelo professor em sala de aula. Busca verificar a aprendizagem do aluno e é determinada em conformidade com o planejamento escolar e Plano de Trabalho Docente. Avaliação Externa de desempenho: realizada por agente externo à escola, geralmente aplicada em larga escala. É uma ferramenta que fornece elementos para a formulação e o monitoramento de políticas públicas, bem como o redirecionamento de práticas pedagógicas. A Avaliação Interna praticada pelo Professor em sala de aula com o intuito de verificar a aprendizagem dos seus alunos, podendo, por este motivo, ser muitas vezes definida como Avaliação da Aprendizagem. Vale salientar que esta concorre também para a definição dos tempos pedagógicos necessários para organizar os conteúdos a serem trabalhados em cada etapa de ensino, sendo seus resultados utilizados como uma forma de promoção do estudante. As avaliações externas permitem o diagnóstico, o monitoramento do sistema educacional, e também, podem subsidiar o trabalho dos profissionais da educação, tornando-se mais uma ferramenta para o acompanhamento e melhoria do processo ensino- aprendizagem, uma vez que são aplicadas de modo a mensurar o conhecimento dos alunos, estabelecendo uma comparação entre o desempenho esperado e o apresentado, por este Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 69 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC motivo, denominada também de Avaliação de Desempenho. 1.11.3 TIPOS DE AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM AVALIAÇÕES DIAGNÓSTICAS Faz parte do tipo de avaliação conhecido como diagnóstico identificar a realidade de conhecimento de cada aluno e verificar suas habilidades ou dificuldades de aprendizagem. Normalmente essa modalidade é aplicada nos momentos iniciais e finais de uma fase da educação. O objetivo dessa avaliação é conhecer melhor os estudantes, identificando e compreendendo suas necessidades. Sem caráter classificatório, as informações das avaliações diagnósticas indicam os avanços e as dificuldades da turma. As informações obtidas por meio desse tipo de avaliação evidenciam os pontos fortes e fracos do processo educativo. Isso permite que as instituições de ensino repensem as atividades que irão favorecer o aprendizado dos alunos ao avaliarem possíveis mudanças nas práticas escolares por meio das intervenções pedagógicas. As avaliações diagnósticas podem ser realizadas por meio de: • provas ou testes escritos; • provas ou testes orais; • simulados; • avaliações on-line; • perguntas e questionários. AVALIAÇÕES FORMATIVAS Além da função diagnóstica, apresentada no item anterior, as avaliações de ensino-aprendizagem também podem ser formativas. Isso se dá quando elas têm o objetivo de verificar o progresso e as dificuldades de aprendizagem dos alunos, tornando mais produtiva a relação de ensinar e aprender. Essa modalidade de avaliação busca medir o desempenho escolar dos estudantes ao longo do processo de ensino-aprendizagem. Fugindo à maneira tradicional de avaliações diretamente vinculadas à atribuição de notas, esse modelo pretende acompanhar a evolução da aquisição de conhecimento do aluno. Utilizadas ao longo de todo período educacional como ferramenta para avaliar a performance dos alunos, elas permitem que a prática docente seja ajustada às necessidades dos estudantes. O viés de concepção classificatória dá lugar à coleta de evidências a respeito da eficiência das práticas de ensino e aprendizagem. Seu foco é a formação, ou seja, o acompanhamento efetivo do aluno no que se refere à assimilação dos conteúdos programados e das competências e habilidades pretendidas. Dentre os principais instrumentos desse tipo de avaliação, podemos destacar: • produções orais; • questionários; • listas de exercícios; • seminários; • autoavaliação; • observação de desempenho; • estudos de caso; • produções audiovisuais; • avaliações online; • produções coletivas e individuais de trabalhos e pesquisas. AVALIAÇÕES SOMATIVAS Essa é, possivelmente, a modalidade avaliativa mais comum dentro das escolas brasileiras. Utilizadas no final de um processo educacional – que pode ser definido como ano, semestre, trimestre, bimestre ou ciclo, por exemplo -, as avaliações somativas determinam o grau de domínio dos conteúdos pré- estabelecidos. Em essência, sua principal característica no processo de ensino-aprendizagem é demonstrar o sucesso de assimilação (ou não) dos conteúdos pelos alunos, por meio da associação de notas ou conceitos como forma de classificação. Dentre os instrumentos mais comuns para quantificare categorizar os resultados da avaliação somativa, estão: • exames avaliativos escritos ao final de um período escolar; • junção de uma ou mais atividades trabalhadas pelo professor; • atividade de múltipla escolha; • atividade de resposta construída. Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 70 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC AVALIAÇÕES COMPARATIVAS A modalidade de avaliação comparativa se propõe a mensurar e averiguar o aproveitamento e o nível de conhecimento e as habilidades dos alunos. Tem como objetivo qualificar o ensino, possibilitando a reflexão sobre o que foi aprendido e o que ainda precisa ser ensinado. Aplicada durante ou depois de uma aula, ela pode acontecer por meio de: • testes rápidos e/ou trabalhos simples durante ou ao final das aulas; • resumos dos conteúdos trabalhados; • observação de desempenho; • relatórios; • atividades para casa; • Autoavaliação; • avaliações entre pares. É importante reforçar que as avaliações escolares devem acontecer de maneira contínua e fazer parte de um ciclo avaliativo. Seus resultados são essenciais para fundamentar decisões e possibilitar uma atuação estratégica dos educadores. Por meio dos dados levantados, a escola pode identificar o valor de estar alinhada às tendências do futuro da educação por meio da escola digital, ou ainda experimentar novos recursos para transmitir o conteúdo aos estudantes, a partir de metodologias ativas de aprendizagem, por exemplo. AVALIAÇÃO MEDIADORA Essa é uma filosofia, bem como uma metodologia avaliativa proposta pela professora Jussara Hoffmann que defende a ideia que nós avaliamos para melhorar nossas ações ou para encontrar resultados. Todavia, corrigir não é avaliar, interpretar é avaliar. Segundo a mesma, os cursos de pedagogia deixam a desejar quanto ao estudo da avaliação. A Educadora aponta que para que seja possível realizar uma avaliação mediadora o professor deve observar, identificar e conhecer seu aluno e deixa claro que sem conhecer as suas dificuldades e como ele aprende não é possível atender as necessidades de aprendizagem que cada aluno têm. Mediação significa um estado de alerta permanente do professor que acompanha e estuda a história da criança em seu processo de . Entendida dessa forma, a avaliação mediadora é um processo espontâneo sem ser espontaneísta. Ou seja, é espontâneo à medida que admira cada criança em suas manifestações diversas e singulares do dia a dia. Uma vez que essa admiração e respeito se fundamentam em premissas teóricas consistentes sobre a construção do conhecimento e na definição de objetivos significativos que nuances (HOFFMANN, 2012). 1.11.3 TIPOS DE AVALIAÇÃO EXTERNAS Criado no início da década de 1990, o SAEB é um conjunto de avaliações externas em larga escala que servem como a principal ferramenta nacional para medir os resultados de aprendizagem dos estudantes brasileiros. A versão atual do SAEB, que usa a teoria de resposta ao item e inclui questionários contextuais, é realizada a cada dois anos desde 1995 e tem um nível de sustentabilidade, confiabilidade e validade semelhante aos sistemas de avaliação nacionais encontrados em muitos países da OCDE. Ao longo do tempo, o Brasil modificou o desenho do SAEB. Por exemplo, em 2003, o INEP alinhou os níveis de proficiência do SAEB aos do PISA 2003. Essa mudança permitiu que o Brasil vinculasse o SAEB e as metas de longo prazo do governo para melhoria educacional aos padrões internacionais do PISA. Em 2005, o Brasil conduziu a primeira avaliação censitária nacional, que forneceu a Municípios e escolas resultados de desempenho comparáveis. Outra mudança é que as demais provas padronizadas do País, que abrangem diversas populações-alvo, foram gradativamente consolidadas e passaram a ser chamadas apenas de SAEB, em vez de seus antigos nomes e siglas. O atual SAEB passou a incluir provas antes conhecidas como Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA), Avaliação Nacional da Educação Básica (ANEB) e Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (ANRESC) (ver Anexo), trazendo maior coerência para as provas padronizadas em nível nacional. INDEFINIÇÕES No dia 5 de maio de 2020, foi publicada a Portaria nº 458 do Ministério da Educação, que estabelece várias normas complementares para Política Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 71 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC Nacional de Avaliação da Educação Básica, e, em especial, para o Saeb. Entre as principais mudanças estão a implementação definitiva do formato censitário, prevendo aplicação para todos os estudantes a partir do 2º ano do Ensino Fundamental, de escolas públicas e privadas, bem como frequência anual de realização e a implantação de provas em formato digital para os estudantes a partir do 4º ano do Ensino Fundamental. Entretanto, no dia 29 de junho de 2021, o Ministério da Educação publicou no Diário Oficial da União a Portaria nº 445, que criou o Grupo de Trabalho que debaterá um novo modelo para o Saeb e o Ideb, podendo fazer propostas ou ajustes à atualização do Saeb. Apesar da necessidade de avanços no sistema para potencializar a capacidade nacional de gerar indicadores educacionais, há amplos debates referentes à realização ou adiamento da prova por conta da falta de segurança sanitária causada pela pandemia. Nessa perspectiva, muitas instituições consideram impossível aplicar tantas mudanças já na edição de 2021. Além disso, com a ampliação das responsabilidades do Inep com políticas educacionais como o Fundeb, cuja regulamentação foi abordada no conteúdo, existe a preocupação de que não há tempo, segurança sanitária, orçamento e recursos humanos para realização do Novo Saeb ainda em 2021. Em resumo, há ainda uma grande incerteza com vistas ao modelo e formatos de aplicação do SAEB para o ano de 2023. SAEB O Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) é um conjunto de avaliações externas em larga escala que permite ao Inep realizar um diagnóstico da educação básica brasileira e de fatores que podem interferir no desempenho do estudante. Por meio de testes e questionários, aplicados a cada dois anos na rede pública e em uma amostra da rede privada, o Saeb reflete os níveis de aprendizagem demonstrados pelos estudantes avaliados, explicando esses resultados a partir de uma série de informações contextuais. O Saeb permite que as escolas e as redes municipais e estaduais de ensino avaliem a qualidade da educação oferecida aos estudantes. O resultado da avaliação é um indicativo da qualidade do ensino brasileiro e oferece subsídios para a elaboração, o monitoramento e o aprimoramento de políticas educacionais com base em evidências. As médias de desempenho dos estudantes, apuradas no Saeb, juntamente com as taxas de aprovação, reprovação e abandono, apuradas no Censo Escolar, compõem o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). A fim de atender aos normativos educacionais vigentes, a transição para as novas matrizes está acontecendo de maneira gradual. Veja os principais marcos: • 2019: estudo-piloto para a avaliação da educação infantil; testes de língua portuguesa e de matemática para o 2º ano do ensino fundamental já alinhados à BNCC; testes de ciências humanas e de ciências da natureza para o 9º ano do ensino fundamental já alinhados à BNCC. • 2021: implementação da avaliação da educação infantil, realizada por meio da aplicação de questionários eletrônicos para professores e diretores de creches e pré- escolas, bem como gestores das redes. • 2023: testes de linguagens e matemática para os 5º e 9º anos do ensino fundamental alinhados à BNCC; testes de ciências humanas e de ciências da natureza para o 5º ano do ensino fundamental alinhadosA inteligência do indivíduo, como adaptação a situações novas, portanto, está relacionada com a complexidade desta interação do indivíduo com o meio. Em outras palavras, quanto mais complexa for esta interação, mais “inteligente” será o indivíduo. Epistemologia genética: estudo de como se passa de um conhecimento para outro conhecimento superior. Interacionismo: teoria psicológica que sustenta que o desenvolvimento do comportamento humano é uma construção resultante da relação do organismo com o meio em que está inserido. Esta teoria valoriza igualmente o organismo e o meio. “Em relação ao conhecimento, indica que é a representação da realidade em sistemas organizados de elementos que se relacionam entre si. O indivíduo ao longo de sua vida, constrói diferentes modelos desta realidade, cada vez mais complexos, pois o que tem que entender é que estes modelos apresentam uma certa estabilidade temporal, mas, ao mesmo tempo, estão submetidos a processos de mudança que modificam os sistemas construídos a cada momento.” (MERCHÁN, 2000 – p.49) “Não existe estrutura sem gênese, nem gênese sem estrutura” (Piaget, 1982). Ou seja, a estrutura de maturação do indivíduo sofre um processo genético e a gênese depende de uma estrutura de maturação. Sua teoria nos mostra que o indivíduo só recebe um determinado conhecimento se estiver preparado para recebê-lo. Ou seja, se puder agir sobre o objeto de conhecimento para inseri-lo num sistema de relações. Não existe um novo conhecimento sem que o organismo tenha já um conhecimento anterior para poder assimilá-lo e transformá-lo. A interação com o meio, proporciona modelos ou representações básicas a partir de uma estrutura hereditária já constituída, mas o desenvolvimento do indivíduo lhe vai dotando de conhecimentos sobre a realidade que, ao relacionar-se de outra forma entre si, amplia-se e dá entrada a outros novos conhecimentos, configurando sistemas progressivamente diferenciados e característicos de etapas que se repetem em todos os indivíduos. Portanto a construção da inteligência dá-se, em etapas ou estágios sucessivos, com complexidades crescentes, encadeadas umas às outras. A isto Piaget chamou de construtivismo seqüencial. Construtivismo seqüencial: o desenvolvimento da inteligência faz-se por complexidade crescente, onde um estágio (nível) é resultante de outro anterior. Estágios: patamares de desenvolvimento que se dá por sucessão (organizações de ações e pensamento características de cada fase do desenvolvimento do indivíduo). ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO GENÉTICO- COGNITIVO Piaget, quando descreve a aprendizagem, tem um enfoque diferente do que normalmente se atribui à esta palavra. Piaget separa o processo cognitivo inteligente em duas palavras: aprendizagem e desenvolvimento. Para Piaget, segundo MACEDO (1994), a aprendizagem refere-se à aquisição de uma resposta particular, aprendida em função da experiência, obtida de forma sistemática ou não. Enquanto que o desenvolvimento seria uma Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 7 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC aprendizagem de fato, sendo este o responsável pela formação dos conhecimentos. Piaget, quando postula sua teoria sobre o desenvolvimento da criança, descreve-a, basicamente, em 4 estágios, que ele próprio chama de fases de transição (Piaget, 1975): • Sensório-motor (0 – 2 anos); • Pré-operatório ( 2 – 7 anos); • Operatório-concreto ( 7 – 12 anos); • Operatório Lógico-Formal (12 – …); A - Período Sensório-Motor: Do nascimento aos 2 anos, aproximadamente, etapa básica manipulativa. A ausência da função semiótica é a principal característica deste período. A inteligência trabalha através das percepções (simbólico) e das ações (motor) através dos deslocamentos do próprio corpo. Sua linguagem vai da ecolalia (repetição de sílabas) à palavra-frase ("água" para dizer que quer beber água) já que não representa mentalmente o objeto e as ações. Sua conduta social, neste período, é de isolamento e indiferenciação. (o mundo é ele). Função semiótica: capacidade que o indivíduo tem de gerar imagens mentais de objetos ou ações, e através dela chegar a representação ( da ação ou do objeto). “A função semiótica começa pela manipulação imitativa do objeto e prossegue na imitação interior ou diferida (imagem mental), na ausência do objeto. É a função semiótica que permite o pensamento". (Lima, 1980: 102). Neste estágio, a partir de reflexos neurológicos básicos, o bebê começa a construir esquemas de ação para assimilar mentalmente o meio (LOPES, 1996). Também é marcado pela construção prática das noções de objeto, espaço, causalidade e tempo (MACEDO, 1991). Segundo Lopes, as noções de espaço e tempo são construídas pela ação, configurando assim, uma inteligência essencialmente prática. Conforme MACEDO (1991, p. 124) é assim que os esquemas vão "pouco a pouco, diferenciando-se e integrando-se, no mesmo tempo em que o sujeito vai se separando dos objetos podendo, por isso mesmo, interagir com eles de forma mais complexa." NITZKE et alli (1997b) diz-se que o contato com o meio é direto e imediato, sem representação ou pensamento. Exemplo: O bebê “pega” o que está em sua mão; "mama" o que é posto em sua boca; "vê" o que está diante de si. Aprimorando esses esquemas, é capaz de ver um objeto, pegá-lo e levá-lo a boca. B. Período pré-operatório ou Simbólico ou Intuitivo: Dos 2 anos aos 7 anos, aproximadamente. Etapa intuitiva e de aprendizagem instrumental básica. Neste período surge a função semiótica que permite o surgimento da linguagem, do desenho, da imitação, da dramatização, etc. Podendo criar imagens mentais na ausência do objeto ou da ação é o período da fantasia, do faz de conta, do jogo simbólico. Com a capacidade de formar imagens mentais pode transformar o objeto numa satisfação de seu prazer (uma caixa de fósforos em carrinho, por exemplo). É também o período em que o indivíduo “dá alma” (animismo) aos objetos ("o carro do papai foi 'dormir' na garagem"). A linguagem está em nível de monólogo coletivo, ou seja, todos falam ao mesmo tempo sem que respondam as argumentações dos outros. Duas crianças “conversando” dizem frases que não têm relação com a frase que o outro está dizendo. Sua socialização é vivida de forma isolada, mas dentro do coletivo. Não há liderança e os pares são constantemente trocados. Existem outras características do pensamento simbólico que não estão sendo mencionadas aqui, uma vez que a proposta é de sintetizar as idéias de Jean Piaget, como por exemplo: Antropomorfismo ou Nominalismo: dar nomes às coisas das quais não sabe o nome ainda. Superdeterminação: “teimosia”. Egocentrismo: tudo é “meu”. Neste período já existe um desejo de explicação dos fenômenos. É a “idade dos porquês”, pois o indivíduo pergunta o tempo todo. Distingue a fantasia do real, podendo dramatizar a fantasia sem que acredite nela. Seu pensamento continua centrado no seu próprio ponto de vista. Já é capaz de organizar coleções e conjuntos sem, no entanto incluir conjuntos menores em conjuntos maiores (rosas no conjunto de flores, por exemplo). Quanto à linguagem, não mantém uma conversação longa, mas já é capaz de adaptar sua resposta às palavras do companheiro. Intuição: é uma representação construída por meio de percepções interiorizadas e fixas e não chega ainda ao nível da operação. Ou, é um pensamento imaginado. Incide sobre as configurações de conjunto e não mais sobre simples coleções sincréticas simbolizadas por exemplares tipos. Imagem mental: é um produto da interiorização dos atos de inteligência. Constitui um decalque, não do próprio objeto, mas das acomodações próprias da ação que incidem sobre o objeto. Cópia do objeto realizada através do sensório-motor. É a imagem criada na mente de um objeto ou ação distante. Animismo: concepçãoà BNCC. • 2025: testes para o ensino médio alinhados à BNCC. ANA - AVALIAÇÃO NACIONAL DA ALFABETIZAÇÃO Segundo o novo presidente do Inep, o exame voltará a ser aplicado a todos os alunos do 2º ano do fundamental em 2023. A ANA, um dos instrumentos do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), avalia os níveis de alfabetização e letramento em língua portuguesa, a alfabetização em matemática e as condições de oferta do ciclo de alfabetização das redes públicas. Passam pela avaliação todos os estudantes do terceiro ano do ensino fundamental matriculados nas escolas públicas no ano da aplicação da avaliação. ENEM - Exame Nacional do Ensino Médio Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 72 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi instituído em 1998, com o objetivo de avaliar o desempenho escolar dos estudantes ao término da educação básica. Em 2009, o exame aperfeiçoou sua metodologia e passou a ser utilizado como mecanismo de acesso à educação superior. As notas do Enem podem ser usadas para acesso ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e ao Programa Universidade para Todos (ProUni). Elas também são aceitas em mais de 50 instituições de educação superior portuguesas. Além disso, os participantes do Enem podem pleitear financiamento estudantil em programas do governo, como o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Os resultados do Enem possibilitam, ainda, o desenvolvimento de estudos e indicadores educacionais. Qualquer pessoa que já concluiu o ensino médio ou está concluindo a etapa pode fazer o Enem para ter acesso à educação superior. Os participantes que ainda não concluíram o ensino médio podem participar como “treineiros” e seus resultados no exame servem somente para autoavaliação de conhecimentos. A aplicação do Enem ocorre em dois dias. A Política de Acessibilidade e Inclusão do Inep garante atendimento especializado e tratamento pelo nome social, além de diversos recursos de acessibilidade. Há também uma aplicação para pessoas privadas de liberdade. Os participantes fazem provas de quatro áreas de conhecimento: linguagens, códigos e suas tecnologias; ciências humanas e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias; e matemática e suas tecnologias, que ao todo somam 180 questões objetivas. Os participantes também são avaliados por meio de uma redação, que exige o desenvolvimento de um texto dissertativo- argumentativo a partir de uma situação-problema. ENCCEJA - Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos Foi realizado pela primeira vez em 2002 para aferir competências, habilidades e saberes de jovens e adultos que não concluíram o Ensino Fundamental ou Ensino Médio na idade adequada. O Encceja é realizado pelo Inep em colaboração com as secretarias estaduais e municipais de educação. O Exame é aplicado pelo Inep, mas a emissão do certificado e declaração de proficiência é responsabilidade das Secretarias Estaduais de Educação e Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, que firmam Termo de Adesão ao Encceja. O Exame tem quatro aplicações, com editais e cronogramas distintos: Encceja Nacional para residentes no Brasil, Encceja Nacional PPL, para residentes no Brasil privados de liberdade ou que cumprem medidas socioeducativas, Encceja Exterior, para brasileiros residentes no exterior, e Encceja Exterior PPL, para residentes no exterior privados de liberdade ou que cumprem medidas socioeducativas. As aplicações fora do Brasil são realizadas em parceria com o Ministério das Relações Exteriores (MRE). São finalidades do Encceja: construir uma referência nacional de autoavaliação para jovens e adultos por meio de avaliação de competências, habilidades e saberes adquiridos em processo escolar ou extraescolar; estruturar uma avaliação direcionada a jovens e adultos que sirva às Secretarias de Educação para que estabeleçam o processo de certificação dos participantes, em nível de conclusão do Ensino Fundamental ou Ensino Médio, por meio da utilização dos resultados do Exame; oferecer uma avaliação para fins de correção do fluxo escolar; construir, consolidar e divulgar seus resultados para que possam ser utilizados na melhoria da qualidade na oferta da Educação de Jovens e Adultos e no processo de certificação; construir parâmetros para a autoavaliação do participante, visando a continuidade de sua formação e sua inserção no mundo do trabalho; possibilitar o desenvolvimento de estudos e indicadores sobre educação brasileira. O Encceja é direcionado aos jovens e adultos residentes no Brasil ou no exterior que não tiveram a oportunidade de concluir seus estudos em idade própria e que atendam ao art. 38, §1º e §2º da Lei de Diretrizes e Base (LDB), a Lei 9.394 de 20 de dezembro de 1996: tenham, no mínimo, 15 anos completos na data de realização do Exame, para quem busca a certificação do ensino fundamental; ou tenham, no mínimo, 18 anos completos na data de realização do Exame, para quem busca a certificação do ensino médio. Para realizar a inscrição é necessário ter registro no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) emitido pela Receita Federal do Brasil. As provas do Encceja obedecem aos requisitos básicos, estabelecidos pela legislação em vigor, para o Ensino Fundamental e Ensino Médio. São aplicadas em um único dia, nos turnos matutino e vespertino. As datas de aplicação no Brasil e no exterior são distintas, assim como as provas para Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 73 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC pessoas privadas de liberdade ou que cumprem medidas socioeducativas. O Exame é composto por quatro provas objetivas, cada uma com 30 questões de múltipla escolha, e uma proposta de Redação. As provas objetivas avaliam as seguintes áreas de conhecimento e respectivos componentes curriculares: Ensino Fundamental • Ciências Naturais; • Matemática; • Língua Portuguesa, Língua Estrangeira Moderna, Artes, Educação Física e Redação; • História e Geografia. Ensino Médio • Ciências da Natureza e suas Tecnologias (Química, Física e Biologia); • Matemática e suas Tecnologias; • Linguagens e Códigos e suas Tecnologias e Redação (Língua Portuguesa, Língua Estrangeira Moderna, Artes e Educação Física); • Ciências Humanas e suas Tecnologias (História, Geografia, Filosofia e Sociologia). SPAECE- Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica do Ceará O SPAECE, na vertente Avaliação de Desempenho Acadêmico, caracteriza-se como avaliação externa em larga escala que avalia as competências e habilidades dos alunos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, em Língua Portuguesa e Matemática. Esse sistema tem por objetivo fornecer subsídios para formulação, reformulação e monitoramento das políticas educacionais, além de possibilitar aos professores, dirigentes escolares e gestores um quadro da situação da Educação Básica da Rede Pública de ensino. Realizada de forma censitária, essa avaliação abrange as escolas estaduais e municipais, tendo como orientação Matrizes de Referência alinhadas com as do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Por considerar a importância da avaliação como instrumento eficaz de gestão, a SEDUC ampliou, a partir de 2007, a abrangência do SPAECE, incorporando a avaliação da alfabetização e expandindo a avaliação do Ensino Médio. Desta forma, o SPAECE passa a ter três focos: • Avaliação da Alfabetização – SPAECE-Alfa (2º ano); • Avaliação do Ensino Fundamental (5º e 9º anos); • Avaliação do Ensino Médio (3a séries). A idealização do SPAECE-Alfa surge em decorrência da reconhecida importância na alfabetização das crianças logo nos primeiros anos de escolaridade, expressa através do ProgramaAlfabetização na Idade Certa (PAIC). O SPAECE-Alfa consiste numa avaliação anual, externa e censitária, para identificar e analisar o nível de proficiência em leitura dos alunos do 2º ano do Ensino Fundamental das escolas da Rede Pública (estaduais e municipais), possibilitando construir um indicador de qualidade sobre a habilidade em leitura de cada aluno, o qual permite estabelecer comparações com os resultados das avaliações realizadas pelos municípios e pelo Governo Federal (Provinha Brasil). A Avaliação do Ensino Fundamental é realizada nas séries finais de cada etapa do Ensino Fundamental, com a finalidade de diagnosticar o estágio de conhecimento, bem como analisar a evolução do desempenho dos alunos do 5º e 9º anos e os fatores associados a esse desempenho, produzindo informações que possibilitem a definição de ações prioritárias de intervenção na Rede Pública de ensino (estadual e municipal). A Avaliação do Ensino Médio, realizada anualmente de forma censitária, envolve todas as escolas da Rede Estadual de ensino e seus anexos, localizadas nos 184 municípios cearenses. O conjunto de informações coletadas por esta avaliação permite montar um quadro sobre os resultados da aprendizagem dos alunos, seus pontos fracos e fortes, e sobre as características dos professores e gestores das escolas estaduais. Em se tratando de uma avaliação de característica longitudinal, possibilita ainda acompanhar o progresso de aprendizagem de cada aluno ao longo do tempo. AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL? Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 74 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC As avaliações educacionais em larga escala realizadas no Brasil nunca contemplaram a Educação Infantil. Mas isso deve mudar nos próximos anos. Os estudos sobre o tema já se iniciaram dentro do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP . A perspectiva é de que a Avaliação Nacional da Educação Infantil (ANEI), como será chamada, avalie as condições de oferta da etapa de ensino. ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA - IDEB Criado em 2007, reúne, em um só indicador, os resultados de dois conceitos igualmente importantes para a qualidade da educação: o fluxo escolar e as médias de desempenho nas avaliações. O Ideb é calculado a partir dos dados sobre aprovação escolar, obtidos no Censo Escolar, e das médias de desempenho no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). O Ideb agrega ao enfoque pedagógico das avaliações em larga escala a possibilidade de resultados sintéticos, facilmente assimiláveis, e que permitem traçar metas de qualidade educacional para os sistemas. O índice varia de 0 a 10. A combinação entre fluxo e aprendizagem tem o mérito de equilibrar as duas dimensões: se um sistema de ensino retiver seus alunos para obter resultados de melhor qualidade no Saeb, o fator fluxo será alterado, indicando a necessidade de melhoria do sistema. Se, ao contrário, o sistema apressar a aprovação do aluno sem qualidade, o resultado das avaliações indicará igualmente a necessidade de melhoria do sistema. O índice também é importante condutor de política pública em prol da qualidade da educação. É a ferramenta para acompanhamento das metas de qualidade para a educação básica, que tem estabelecido, como meta para 2022, alcançar média 6 – valor que corresponde a um sistema educacional de qualidade comparável ao dos países desenvolvidos. Em resumo, IDEB é uma avaliação? Sim! Uma avaliação do tipo institucional. 1.12. Uso de tecnologias digitais em sala de aula. As Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação, conhecidas como TDICs, englobam uma variedade de recursos digitais, como computadores, celulares, tablets, programas e sites, que desempenham um papel fundamental na nossa era digital. No contexto educacional, as TDICs desempenham um papel significativo ao potencializar a aprendizagem. Elas possibilitam a individualização do ensino, o gerenciamento de ferramentas educacionais e táticas para ampliar a absorção de conteúdo, além de oferecer diversas outras possibilidades. A importância da informática na educação do século 21 A informática tem se tornado cada vez mais importante nas nossas vidas. Isso porque utilizamos as tecnologias para nos divertir, aprender e se comunicar com diferentes pessoas ao redor do mundo. Não é à toa que o uso de computadores, notebooks e tablets têm se popularizado bastante. Juntamente com a popularização da internet, o acesso à conexão também aumentou, o que foi importante para a vida de muitos indivíduos. Essa evolução tecnológica tem feito as pessoas perceberem que existe uma nova forma de aprender: através da web. Isso mostra como é importante saber utilizar essas tecnologias e fazer um curso de informática ou curso de excel. A inclusão da tecnologia na educação é importante porque, atualmente, é através da web que muitas pessoas compartilham conhecimento, desenvolvem as suas habilidades e provocam a transformação social. Além disso, a tecnologia facilitou o acesso ao conhecimento, tornando a busca por informações muito mais simples e fácil. Antes, as pessoas passavam horas e horas em uma biblioteca em busca de uma simples informação. Hoje em dia, é necessário apenas fazer uma busca no Google, onde a resposta é encontrada em questão de segundos. Através desta renovação dos itens de estudos, os professores também podem melhorar o seu processo de ensino-aprendizagem. Por isso, é necessário que se tenha mudanças e modernização no acesso à informática no Brasil. Sendo assim, é fundamental a "liberação" de subsídios para quem Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 75 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC não tem internet e/ou dispositivos móveis para acessar conteúdos online. A importância da tecnologia na educação foi bastante percebida no início da pandemia, quando as escolas e universidades precisaram fechar as suas portas, e os conteúdos começaram a ser ministrados online. Foi através das tecnologias que os educadores encontraram uma solução para dar continuidade aos estudos, mesmo em um período de crise sanitária e humanitária. Por fim, a importância da informática na educação também pode ser percebida através do aumento do número de opções de curso de informática online. Muitas pessoas têm tido preferência pela educação à distância por diversos motivos, como a flexibilidade e a possibilidade de estudar na hora que quiser. Isso tem ajudado muitos indivíduos a terem a oportunidade de transformarem as suas vidas. Quais são as TDICs utilizadas na educação? O uso das TDICs na área da educação tem se tornado cada vez mais comum. Isso porque essas ferramentas facilitam o acesso ao conhecimento e a comunicação entre pessoas de diferentes lugares. Veja alguns exemplos de tecnologias usadas na área educacional: • Computador (PCs e notebooks); • Celular; • Televisão; • Tablet; • Aplicativos; • Programas; • Pen drives; • Sites. • Através de todas essas tecnologias que citamos anteriormente, os alunos podem ter acesso ao conhecimento. Por exemplo, os estudantes, através de alguns programas específicos, podem ter acesso a ambientes virtuais, onde é possível aprender sobre diferentes assuntos. Além disso, através das TDICs, eles podem se comunicar com os professores e colegas de turma. Alguns exemplos dessas tecnologias são o Whatsapp, redes sociais e e-mails. Os estudantes também podem acessar sites que contam com um amplo acervo de livros, onde é possível "baixá-los" para ler sobre diferentes conteúdos. Por fim, também existem as videoaulas, jogos, livros em PDF e diversos TICs que podem ajudar o aluno que deseja aprender. Diante disso, podemos ver as inúmeras oportunidadesque um estudante têm ao acessar a internet. Isso é excelente para quem deseja ser aprovado no vestibular ou finalizar uma faculdade, por exemplo. O que são os REA? A sigla REA significa "recursos adicionais abertos". Esses materiais são facilitadores do aprendizado, ensino e pesquisa. Além disso, eles são de domínio público, o que significa que qualquer pessoa pode utilizá-los. Através do uso dessas ferramentas se busca ampliar o uso de mídias para fins educacionais e melhorar os métodos de ensino- aprendizagem. Existem diferentes tipos de REA, como ferramentas, conteúdos e recursos. Veja, a seguir, a diferença entre cada um desses modelos: Ferramentas: dispositivos que possibilitam disponibilizar os conteúdos educacionais online. Exemplos: softwares e programas; Conteúdos: imagens, livros ou qualquer outro tipo de mídia que possui fim educacional; Recursos: licenças intelectuais que permitem fazer a publicação desses materiais educacionais. Os REA se diferenciam dos outros tipos de conteúdos porque esses recursos podem ser alterados e compartilhados por outras pessoas, sem nenhum problema, visto que eles são "abertos" e não há necessidade de solicitação de licença para o seu uso. É necessário apenas indicar a sua fonte. Portanto, os REA facilitam o acesso a conteúdos educacionais, tornando o seu acesso mais Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 76 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC democrático. Dessa forma, crianças, jovens e adultos não precisam pagar nada para utilizar, compartilhar e até mesmo alterar esses recursos. É importante que os estudantes utilizem os REA para aprender/estudar, pois essas tecnologias são capazes de transformar o campo educacional. Além disso, eles podem aumentar o rendimento dos alunos e auxiliar na sua formação. Vale ressaltar que, no Brasil, existe a Comunidade REA, o qual fazem parte pedagogos, professores, pesquisadores e outros profissionais da área educacional. Eles se "juntaram" a fim de criar e compartilhar esses recursos educacionais abertos para o público, ajudando na formação de diversos estudantes. Qual a diferença entre TICs e TDICs? Apesar de que muitos estudiosos utilizam as siglas TICs e TDICs com o mesmo significado, existem diferenças entre esses dois conceitos. Porém, de forma simplificada, podemos falar que a principal distinção entre ambos é que as TICs se referem aos aparelhos tecnológicos mais antigos, e os TDICs, os mais novos. Para começar a falar sobre esse assunto, queremos ressaltar que essas duas siglas possuem significados diferentes. Os TICs correspondem às Tecnologias de Informação e Comunicação. Já as TDICs são as Tecnologias Digitais de Informação e da Comunicação. 1.13. Ferramentas educacionais. Você já ouviu falar em tecnologias educacionais? O termo se refere a ferramentas usadas para potencializar a aprendizagem dentro das escolas. Com o apoio da tecnologia, os professores conseguem manter os estudantes mais engajados, além de fomentar a criatividade e garantir o desenvolvimento de competências e habilidades previstas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC). A seguir, respondemos a 10 questões para ajudar você a tirar dúvidas sobre essa temática. 1.13.1. O que são as tecnologias educacionais? De acordo com o Ministério da Educação (MEC), tecnologias educacionais são processos, ferramentas e materiais que auxiliam as redes de ensino nas mais diversas funções, desde a gestão escolar até o processo de aprendizagem em sala de aula, passando pela formação de professores e pelas práticas de educação inclusiva. Apesar do nome, as tecnologias educacionais não se referem, necessariamente, a ferramentas digitais conectadas à internet e também incluem as experiências offline. Neste tira-dúvidas, porém, focaremos nas tecnologias educacionais digitais. 1.13.2. Por que as tecnologias educacionais são importantes? Rozelma França, professora do Departamento de Educação da Universidade Federal Rural de Pernambuco, afirma que as tecnologias educacionais digitais são importantes, em primeiro lugar, porque “se conectam com a sociedade contemporânea”. “A educação pode fazer uso dessas tecnologias, explorando o potencial pedagógico que esses recursos podem ter para favorecer os processos de ensino e aprendizagem nas diversas áreas do saber”, diz. Além de favorecer o aprendizado, o uso das tecnologias cumpre o que é previsto na BNCC. Tanto o documento principal, que traz a “cultura digital” como competência geral, quanto o complemento que trata do ensino da computação, esclarecem que os estudantes devem desenvolver habilidades relacionadas ao uso crítico, reflexivo e ético dos recursos tecnológicos. Conforme as tecnologias são usadas em sala de aula, explica Rozelma, "a longo prazo, poderemos ter pessoas menos vulneráveis a ameaças de segurança digital, e mesmo envolver os estudantes em desafios sociais por meio da produção de mídias digitais". Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 77 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC 1.13.3. Quais são os passos de implementação das tecnologias educacionais? Apenas garantir a conexão nas escolas não é suficiente para melhorar o processo de ensino e aprendizagem. “As tecnologias digitais podem se somar aos diversos recursos já empregados pelos docentes em sala, e seu uso deve ter intencionalidade pedagógica, pois a tecnologia por si só não faz milagres”, afirma Rozelma. O MEC ressalta que “O uso de uma tecnologia se torna desprovido de sentido se não estiver aliado a uma perspectiva educacional comprometida com o desenvolvimento humano, com a formação de cidadãos, com a gestão democrática, com o respeito à profissão do professor e com a qualidade social da educação”, em seu Guia de Tecnologias Educacionais, iniciativa que elencou ferramentas qualificadas para auxiliarem professores e gestores escolares. Em entrevista à Nova Escola em 2023, Paulo Blikstein, professor da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, e diretor do Transformative Learning Technologies Lab, explica que há três camadas na implementação das tecnologias educacionais digitais: Infraestrutura, ou seja, conexão à internet e equipamentos como computadores e tablets. Essa camada é a base para o desenvolvimento das outras duas; Tecnologias de ensino, que são ferramentas que otimizam o ensino tradicional, como aulas em vídeo e softwares de correção; Tecnologias de criação e experimentação, baseadas em metodologias ativas de aprendizagem, como laboratórios makers, por exemplo. É nessa terceira camada que acontece, de fato, uma mudança significativa no ensino e aprendizagem, colocando os alunos no centro do processo e utilizando a tecnologia para promover ganhos pedagógicos. 1.13.4. Como as ferramentas digitais contribuem para a aprendizagem? Os ganhos pedagógicos proporcionados pela utilização da tecnologia em sala de aula são os mais diversos. Os primeiros aspectos são a motivação e o engajamento. Como as crianças e adolescentes estão em constante contato com o universo digital, trazer essas ferramentas para a sala de aula é “falar a língua deles”, permitindo que interajam mais com o conteúdo apresentado. Nesse sentido, é bastante importante estar atento aos interesses da turma. Os estudantes gostam mais de jogos ou de redes sociais? Eles gostam de produzir vídeos? Essas são algumas perguntas que ajudam o professor a escolher as ferramentas e, além disso, entender como utilizá-las de forma a despertar a curiosidade e engajar os estudantes. Quando o uso das ferramentas está alinhado aos objetivos pedagógicos, é possível promover, além de engajamento, maior protagonismo. Isso porque as tecnologias digitais permitem trabalhosem grupo, pesquisas, criação de novas ferramentas e uso e desenvolvimento da criatividade. “Se usadas com intencionalidade pedagógica, essas ferramentas podem oferecer benefícios que melhoram a eficiência, eficácia e inovação no trabalho docente, contribuindo para uma educação mais personalizada, inclusiva e alinhada com muitas demandas da sociedade contemporânea”, afirma Audaci Maria de Lima, membro da equipe técnica da rede municipal de Recife, onde já atuou como professora de tecnologia. 1.13.5. Como as tecnologias educacionais se relacionam com as metodologias ativas? Pensar em colocar o aluno no centro do processo de aprendizagem passa por pensar na implementação de metodologias ativas em sala de aula. Esse tipo de abordagem visa tirar os estudantes da passividade das tradicionais aulas na lousa e colocá-los para aprender na prática. Embora nem todas as metodologias ativas utilizem recursos digitais, o bom uso das ferramentas tecnológicas passa por processos baseados em metodologias ativas, como explicou Paulo Blikstein. O ensino híbrido, por exemplo, é uma metodologia que pode contar com o uso da tecnologia. Nesse caso, os estudantes podem utilizar ferramentas digitais tanto em casa, para pesquisas, como na sala de aula, para promover a integração com os demais estudantes e consolidar as aprendizagens. Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 78 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC Um exemplo apresentado pela Nova Escola foi o da professora Magda Rodrigues, de Língua Portuguesa, do Colégio Municipal José Botelho Athayde, em Volta Redonda (RJ), que promoveu junto aos estudantes uma pesquisa sobre a Covid-19. Depois de procurarem informações sobre o tema em casa, usando a internet, os alunos criaram, em sala de aula, cartazes digitais sobre o tema utilizando o aplicativo Canva. Todo o trabalho foi feito em grupo e contou com o acompanhamento da professora. Dessa forma, os estudantes puderam aprender sobre a temática de forma ativa, ao invés de apenas ouvirem a professora explicar sobre a doença. 1.13.6. Como explorar as tecnologias educacionais com os estudantes? As ferramentas digitais podem ser usadas em todas as etapas de ensino e em qualquer componente curricular. O complemento à BNCC que trata do ensino de programação prevê essa interdisciplinaridade quando o assunto são habilidades relacionadas à tecnologia. Todos os componentes curriculares podem se beneficiar das vantagens de trabalhar com tecnologias educacionais, aumentando o engajamento, o protagonismo e a criatividade dos estudantes. 1.13.7. Como levar gêneros digitais para a sala de aula? Com novas tecnologias e formas de compartilhar informações nas redes sociais, surgiram também novos gêneros digitais, mudando a forma como as crianças e adolescentes leem e escrevem. Nesse sentido, surge o conceito de letramento digital, que se refere ao conhecimento necessário para utilizar os recursos tecnológicos e a escrita no meio digital de maneira crítica e ética - o que está diretamente relacionado com a competência geral “cultura digital”, da BNCC. Em sala de aula, é possível abordar esses novos gêneros, que incluem: Blogs; Tweets; Mensagens instantâneas; Memes; GIFs; Vlogs; Para além da Língua Portuguesa, que aborda a produção de gêneros textuais, diversos outros componentes curriculares podem se apropriar do formato, trabalhando tanto a leitura quanto a produção de conteúdos digitais, sempre relacionados ao tema da aula. É possível ainda desenvolver um trabalho interdisciplinar por meio de projetos. Segundo a professora especialista em tecnologia Débora Garofalo, em sua coluna para a Nova Escola, os gêneros digitais “diminuem a distância entre o professor e os alunos” e ampliam “formas comunicativas que, devido a sua estrutura, podem variar de acordo com o histórico social e campo tecnológico”. A especialista nota que esses gêneros são “variáveis, versáteis e transmutáveis”, o que permite que qualquer professor se aproprie deles. 8. Quais são as melhores tecnologias digitais para estimular a turma a trabalhar em colaboração? As professoras Rozelma e Audaci indicam algumas ferramentas interessantes. Confira: Jamboard: o quadro interativo do Google permite o trabalho colaborativo, como a resolução de problemas em equipes; Mentimeter: essa ferramenta pode ser usada para o professor fazer perguntas aos estudantes e gerar resultados visuais, expostos para toda a turma. É uma boa tecnologia para promover discussões sobre os mais variados temas; Kahoot!: a plataforma gamificada permite que os estudantes completem tarefas usando o celular. O sistema gera rankings, aumentando o engajamento dos alunos, e mostra ao professor os problemas com maiores e menores taxas de acerto; Padlet: esse recurso permite a criação de murais virtuais colaborativos, nos quais fotos, textos, vídeos e outras mídias produzidos pelos estudantes podem ser inseridos; Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 79 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC Scratch: se o foco for o ensino da tecnologia em si, essa ferramenta permite aprender a linguagem de programação de mesmo nome, promovendo interação entre os estudantes durante as atividades; Documentos e apresentações do Google: as ferramentas do Google também são interessantes para trabalhos colaborativos, como pesquisas, já que vários estudantes podem editar um mesmo arquivo simultaneamente; Canva: assim como as ferramentas do Google, o Canva permite a produção de diversos formatos de forma colaborativa, como apresentações, cartazes, publicações para redes sociais, vídeos e documentos; Flipgrid: a ferramenta permite que os alunos criem e compartilhem vídeos curtos. 1.13.9. Quais critérios o professor deve ter na hora de escolher uma tecnologia para uso em sala de aula? Mais do que decidir qual ferramenta usar, é necessário saber qual é o objetivo e como a tecnologia será utilizada. “O professor precisa refletir sobre o que espera que os estudantes aprendam ou desenvolvam a partir da interação com essa tecnologia digital. Deve haver intencionalidade pedagógica desde o planejamento”, afirma Rozelma. Com o objetivo pedagógico definido, é hora de buscar tecnologias que possam potencializar o aprendizado. Algumas perguntas podem ajudar na escolha: Essa tecnologia precisa de instalação ou acesso à internet? Eu tenho essa infraestrutura na minha escola? A ferramenta é fácil de usar e acessível a todos os estudantes? A tecnologia em questão tem objetivos pedagógicos? É adequado ao meu público-alvo? O recurso permite que sejam explorados diferentes níveis de complexidade? A ferramenta tem recursos motivacionais, com feedbacks encorajadores? A tecnologia permite que o professor acompanhe o trabalho e o progresso dos estudantes? O recurso consegue manter os alunos motivados e engajados? “Escolher a tecnologia certa para uso em sala de aula é uma tarefa crucial que pode influenciar significativamente a eficácia do ensino e a experiência de aprendizagem dos estudantes”, afirma Audaci. “Vale ponderar, também, que a boa qualidade de uma tecnologia digital não garante a sua potencialidade pedagógica, pois é necessária uma boa ação docente nesse uso”, completa Rozelma. 10. Minha escola não tem acesso à internet; e agora? De acordo com a pesquisa TIC Educação 2022, promovida pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), 57% das escolas municipais e 18% das estaduais não tinham computador e acesso à internet disponível para os estudantes. Apesar de desafiador, esse cenário não impede a adoção de tecnologias educacionais em sala de aula. A seguir, conheça opções deferramentas que podem ser utilizadas offline: Plickers: a plataforma é similar ao Kahoot!, mas não exige que todos os estudantes estejam com o celular, apenas o professor. Os alunos recebem cartões para responder às perguntas, e o professor aponta o smartphone para esses cartões a fim de registrar as respostas. É uma forma de gamificar processos de resolução de problemas sem o acesso à internet; Stop Motion Studio: esse aplicativo exige o uso de celulares ou tablets, mas não a conexão à internet. Ele é utilizado para criar animações de forma colaborativa; ScratchJr: essa ferramenta pode ser usada com crianças da Educação Infantil ou do 1º ano do Ensino Fundamental. O recurso funciona offline e pode servir para os estudantes programarem suas próprias histórias e jogos. Se o objetivo do professor for o ensino da tecnologia em si, é possível abordar atividades relacionadas à computação desplugada, prevista pela BNCC Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 80 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC Computação. Um exemplo interessante, desenvolvido por Rozelma, é o livro-jogo sertão.bit, que usa a dança como estratégia para desenvolver habilidades de computação, com foco nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Qualquer professor pode baixar o livro-jogo e um guia de apoio. 1.14. Administração de instituições de ensino, liderança educacional e relações com a comunidade escolar. No contexto organizacional atual torna-se cada vez mais pertinente discutir a temática da liderança. Se atendermos às justificações de Syroit (1996), esta necessidade prende-se com fatores de vária ordem, das quais destacamos o carácter imperfeito da morfologia organizacional quanto à regulação do comportamento, a relação entre a organização e a comunidade envolvente, a necessidade de mudanças sistémicas e o equilíbrio da organização. Os vocábulos líder e liderança entraram definitivamente no rol de termos triviais ao saírem do campo técnico e entrarem, definitivamente, no domínio da utilização comum. Mas de que falamos ao usarmos estes termos? Apesar da vasta investigação produzida no âmbito da literatura organizacional em torno destes conceitos, os resultados equacionados nem sempre são elucidativos e auxiliares na tentativa de enunciar uma definição conceitual sendo frequentemente arrolados termos como poder, autoridade e gestão por contraste (Neves, 2001). Apesar da multiplicidade de definições existentes, importa- nos neste contexto relevar a existência de um sujeito que tem como competência influenciar um grupo de indivíduos. Esta premissa implica, então, considerar a liderança como algo que pressupõe um “destinatário coletivo”, no que difere de poder, de comportamento político, de autoridade ou de influência social. Etimologicamente, líder e liderança são termos de introdução recente no léxico português oriundos do inglês leader e leadership; traduzem a ideia, respetivamente, de guia virtual e qualidade ou função de líder. Na língua portuguesa, estes conceitos estão profundamente ligados à arte de comando, mas, obviamente, a tónica nesta literatura de inspiração política e militar é posta nos aspetos biográficos do líder enquanto ator que dirige um processo e não na liderança propriamente dita. O advento das ciências sociais, em particular, da sociologia e da psicologia, possibilitou alargar esta visão algo restrita da liderança. Neves (2001) considera que os múltiplos estudos sobre a temática têm mostrado a liderança como caraterística da personalidade, como forma indutora de obediência, como exercício de influência ou outros comportamentos específicos, como meio de persuasão, como relação de poder, como meio de alcançar objetivos ou como uma combinação de múltiplos fatores. A proliferação de estudos teóricos, empíricos e experimentais na área da liderança possibilitou o aclaramento do conceito de liderança sem, no entanto, chegarmos a definições consensuais e definitivas. Importa não esquecer que as definições de liderança devem ser entendidas no contexto científico e temporal em que foram produzidas. Perante esta realidade complexa e multivariada, a liderança deverá ser analisada sob diversos ângulos enfatizando distintas variáveis contingenciais (situacionais) não se restringindo apenas ao tipo de subordinados e situação de trabalho. Assim, na definição de liderança, deverão ser tidas em conta variáveis como a configuração organizacional, o ciclo de vida das organizações ou as culturas organizacionais e nacionais diferenciadas. Face a esta multiplicidade e complexidade de estudos, como definir, então, liderança? Sem sermos exaustivos, procuraremos, então, apresentar algumas definições que julgamos mais representativas. Antes da 2.ª Guerra Mundial, a liderança era definida de acordo com as caraterísticas de personalidade do líder – dos Magos. A seleção natural dos líderes resolvia os problemas da eficácia. Mais tarde, a abordagem comportamental entendeu a liderança de acordo com os comportamentos suscetíveis de distinguir os líderes dos não líderes. A aposta na formação dos líderes respondia naturalmente aos problemas de eficácia organizacional. Da liderança à gestão Das muitas questões que envolvem a liderança, importa, também, ressaltar o debate existente entre o binómio liderança versus gestão. Se os conceitos são praticamente sinónimos para muitos autores, outros há que os afastam por completo na medida em que gestores e líderes atuam em campos significativamente opostos. É vulgar entender-se a liderança como um processo mais emotivo e intenso do que a gestão visto que os líderes encarnam uma versão mais carismática e inspiradora, arriscam, são dinâmicos e criativos, Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 81 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC sabem lidar de perto com a mudança. No que respeita aos gestores, estes são mais cerebrais, lidam com a eficiência, o planeamento, os procedimentos, os controlos e os regulamentos. Logo, é vulgar encontrarmos um líder sem ser gestor ou um gestor sem ser líder. Bennis e Nanus (1985) diferenciam com nitidez estes conceitos. Assim, a gestão implica provocar, realizar, assumir responsabilidades, comandar enquanto a liderança consiste em exercer influência, guiar, orientar. Os gestores sabem o que devem fazer, os líderes sabem o que é necessário fazer. Na esteira de Bennis (1989), Rego (1998) advoga que líderes e gestores são divergentes não só em termos temporais mas também quanto ao modo como lidam com o contexto, o grau de inovação que defendem e o modo como questionam as situações. Os líderes apresentam-se mais intuitivos, imprevisíveis e proativos, mais preocupados com os objetivos a longo prazo, com a inovação e originalidade por oposição ao conservadorismo, à administração, adaptabilidade e imitação mais particulares dos gestores. É difícil encontrar um indivíduo excelente nas duas áreas na medida em que a liderança implica formar e manter um compromisso com uma visão bem definida, gerir a mudança de maneira a melhorar a organização, criar e gerir uma equipa de grande rendimento, inspirar, motivar e influenciar o grupo, liderar através do exemplo e assumir a responsabilidade. Por sua vez, a gestão abrange o pensamento e o planeamento estratégicos, debruça-se sobre a forma de rentabilizar as capacidades do grupo, com a delegação, apreciação e desenvolvimento, com os recursos financeiros, as comunicações e monitorizações, com a avaliação do desempenho e consequentemente com a apresentação dos resultados (Earley, 2002). Porém, este autor reconhece que, apesar das grandes dissemelhanças, tanto a liderança como a gestão se sobrepõem e são essenciais para o sucesso dasorganizações. Nas organizações do mundo moderno, gestores e líderes são peças fundamentais: a liderança deve ser «temperada» com gestão (com o intuito conferir realismo e estabilidade ao sonho/visão) e a gestão «condimentada» com liderança (com o propósito de evitar a estagnação e prosperar a longo prazo). Sempre que não é possível conciliar num mesmo indivíduo as duas funções, é necessário assegurar a dupla liderança (Cunha, 2000; Rego e Cunha, 2003). Aceitando a premissa que gestores e líderes são componentes imprescindíveis no puzzle das organizações modernas, parece-nos que a figura-síntese proposta por Pina e Cunha (2000) traduz a ideia da complementaridade das duas noções em estudo. Isolados ou em conjugação de esforços com os gestores, os líderes são figuras de primeira linha na morfologia das organizações, responsáveis últimos não só pelos triunfos, mas também pelos fracassos. A ligação entre as ações dos líderes e os resultados de eficácia é altamente complexa, não-linear, a longo prazo e de difícil escrutínio. A parcela dos resultados que pode ser atribuída às ações protagonizadas diretamente pela liderança dificilmente poderá ser inventariada com grande precisão. A liderança e o problema da mudança Seria um exercício interessante rever o conjunto de mudanças que ocorreram na última década do século XX. Contudo, à medida que entrámos no século XXI, o desafio da mudança adquiriu contornos muito mais profundos. A mudança desperta sempre emoções fortes e quando as emoções estão ao rubro, a liderança é o elemento catalisador. O papel dos líderes na gestão da mudança é determinante para a eficácia organizacional e, para que a mudança seja bem- sucedida o líder deve investir no melhoramento ao nível do relacionamento. Assim, é fundamental que os líderes construam relacionamentos perfeitos com os indivíduos e os grupos. Se trabalharem sistematicamente ao nível das componentes da liderança – se perseguirem um objetivo moral, compreenderem o processo da mudança, desenvolverem relacionamentos e lutarem pela coerência, os líderes empresariais ou educativos poderão aumentar as taxas de eficácia organizacional. Com efeito, a mudança pode ser motivada a partir de dois eixos distintos: a mudança externa ou interna e a mudança voluntária ou forçada. Numa estratégia de mudança, importa catalogar os assuntos de acordo com estas duas escalas, que vão determinar a construção de uma matriz em que qualquer assunto específico. Partindo do pressuposto de que todos os modelos de liderança podem representar um valor acrescentado para eliminar o lado negativo das experiências, é a conjugação da observação da experiência, da exposição a modelos eficazes, da pesquisa e da introspecção que sustenta o verdadeiro desenvolvimento de uma liderança eficaz. A liderança atua como um processo de transformação que liberta o potencial que cada ator organizacional detém, em vez de ser um acordo Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 82 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC contratual ou transacional, onde as pessoas apenas agem para conquistar recompensas pessoais, financeiras ou de outro cariz. A primeira parte do processo que todas as organizações devem levar a cabo consiste numa mudança comportamental completa que atinja todos os colaboradores. O objetivo pretende definir uma panóplia de valores que coloque o comportamento humano no cerne da cultura e se torne catalisador para encorajar a liderança a todos os níveis da organização. Contudo, a mudança não se opera de modo imediato na medida em que constitui uma alteração profunda nos valores e convicções de cada indivíduo. Hooper e Potter (2003) referem que a adaptação à mudança exige que os indivíduos ultrapassem quatro estádios: negação; resistência; exploração; compromisso. A maior parte das organizações atravessa este percurso enquanto procura interiorizar aquilo que lhes estão a pedir para fazer. É ao mesmo tempo um processo interno e externo. A princípio, os atores organizacionais tentam ignorar o problema na ilusão que ele desaparecerá. Trata-se da externalização da mudança. Todavia, à medida que o processo progride, os atores vão, pouco a pouco, internalizando a mudança visto que percebem a mudança como uma ameaça crescente. Todo o processo é inevitavelmente moroso e essa morosidade permite-lhes compreender os benefícios da mudança. Por outro lado, a mudança exige inovação e formas atualizadas de trabalho. As organizações procuram, constantemente, novas ideias, métodos e procedimentos para obterem melhores resultados dos colaboradores. Este facto requer um nível de energia e entrega no interior da organização que carece de uma forte base de sustentação durante o período de transição. Neste percurso, o papel da liderança ao lidar com a inovação não pode ser relegado para um plano secundário na medida em que a gestão do processo da mudança exige antecipação e flexibilidade. Este caminho demorado não é exequível senão com atrasos, retrocessos e pequenos avanços recorrendo sempre à comunicação aberta como forma de assegurar a confiança, a ênfase no trabalho de equipa. A delegação de poderes, acompanhada pela partilha de valores, apoia a sustentabilidade da mudança. Importa, também, realçar que a liderança da mudança bem-sucedida situa-se a nível individual. Na verdade, um líder focado na ideia de implementar uma mudança eficaz deve procurar compreender a forma como os colaboradores encaram o mundo, que lugar pensam ocupar nele e como se enquadram no seio da organização. Para além de tentar mudar comportamentos ou criar um ambiente diferente, o líder encontra a nível da identidade, crenças e valores a chave da mudança para influenciar os indivíduos. O líder deverá, simultaneamente, operar tendo em conta o ambiente, o comportamento, a cultura, a capacidade, as crenças, valores e identidade. Quer o sistema empresarial quer o sistema educativo vivem em constante período de mudança como consequência de múltiplas reengenharias, fusões ou aquisições. O sucesso destas novas organizações advém da transformação da cultura, isto é, mudar a forma de agir no seio da organização. A aculturação é a chave para uma liderança eficaz e consiste na ativação e aprofundamento dos objetivos morais. DEMOCRACIA, DIREITO E POLÍTICAS PÚBLICAS. Dentre os muitos e complexos desafios da reforma do Estado, um vem se destacando pela sua recente inclusão no debate político e acadêmico: a capacidade do sistema político de responder satisfatoriamente às demandas da sociedade e de enfrentar os desafios da eficiência e eficácia da ação pública em contextos de complexidade e incerteza crescente. Nesse sentido, dois diferentes conceitos têm ocupado o centro da discussão, cada um deles referindo-se a uma dimensão do problema. A primeira refere-se às condições sistêmicas do exercício do poder, e envolve as características do sistema político, a forma de governo, as relações entre os poderes, o sistema partidário, o sistema de intermediação de interesses e outras (DINIZ, 1996). Trata-se da dimensão da governabilidade, cuja discussão remonta à década de 60 (HUNTINGTON, 1968; 1975; HABERMAS ,1987; O’CONNOR , 1973) A outra diz respeito à maneira pela qual o poder é exercido na administração dos recursos econômicos e sociais, tendo em vista o desenvolvimento e envolve os modos de uso da autoridade, expressos mediante os arranjos institucionais que coordenam e regulam as transações dentro e fora dos limites da esfera econômica (MELO, 1996). Trata-se da dimensão da governança, cujo conceito — de formulação bastante recente — pode ser resumido como o conjunto das “condições financeiras e administrativas de um governo para transformar em realidade as decisões que toma” (BRESSERPEREIRA, 1997). Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 83 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC A governança compreende duas importantes capacidades: a financeira e a administrativa. A primeira refere-se à disponibilidade de recursos para realizar investimentos, assegurar a continuidade das polí- ticas em andamento e introduzir novas políticas públicas. A segunda diz respeito à disponibilidade de quadros executivos, ao estilo de gestão e aos limites impostos à ação administrativa. Neste sentido, Bresser Pereira (1997) assinala que, se nos anos 80 as tentativas de solucionar a crise do Estado privilegiavam as políticas de ajuste fiscal, nos anos 90 os esforços nesse sentido não bastam: é necessário que se combinem consistentemente com a busca da maximização da capacidade gerencial do Estado. Idealmente, os políticos têm como missão promover o interesse público, isto é, o bem comum, contribuindo para o desenvolvimento da sociedade e o bem-estar geral. Para isto, são investidos de autoridade decisória e supõe-se que venham a exercê-la conforme padrões universalistas. A realidade, entretanto, é bem distinta: o que leva os indivíduos ao exercício da atividade política freqüentemente é o desejo do poder, da glória e da riqueza e a capacidade de usar a autoridade para beneficiar interesses particulares, de grupos específicos, mesmo quando não se trata de vantagens estrita ou diretamente pessoais. Este é um dos paradoxos do governo. Esta tensão entre o ideal e o mundo real da política, entre o bem público e o interesse particular, tem sido objeto da reflexão política e do esforço de construção de mecanismos institucionais que configuram o que hoje conhecemos como democracia liberal: a regra da maioria, a separação e independência dos poderes, o mandato representativo limitado, as eleições livres e regulares, e outras. Basicamente, apesar dos diversos arranjos adotados em diferentes momentos e em experiências diversas, o modelo gerencial puro, importado diretamente do setor privado, exibia as seguintes características: a) uma lógica de completa separação entre a esfera da política e a esfera da administração; b) uma concepção estritamente econômica, baseada na avaliação técnica de custo/benefício; c) um princípio central: a eficiência, compreendida como eficiência operacional, que implica o aumento da consciência dos custos e requer uma rígida especificação de objetivos e controles; d) objetivo de produtividade e dinâmica da competição à maneira da concorrência no mercado; e) público-alvo concebido como o conjunto dos consumidores, na sua condição de contribuintes. Assim, na segunda metade da década de 80, importantes mudanças começaram a ser introduzidas, a partir da percepção das diferenças entre a gestão do setor privado e do setor público. As duas principais transformações foram: a) a priorização dos conceitos de flexibilidade, planejamento estratégico e qualidade, alternando a dinâmica interna das organizações públicas; b) a orientação dos serviços públicos para as demandas e anseios dos cidadãos, sem abandonar o conceito empresarial da busca da eficiência (ABRUCIO, 1996). Na tentativa de encontrar uma solução que compatibilizasse as vantagens da administração gerencial com as características próprias do setor público, diversas propostas surgiram, dando origem a diferentes modelos. Não cabe aqui discuti-los. Vale apenas mencionar características centrais de alguns deles que, reunidas, compõem o que hoje se entende como modelo de administração pública gerencial e que têm orientado os esforços em direção à reforma administrativa no Brasil: a) O foco é o cidadão, e as atividades se orientam para a busca de resultados. b) O princípio da eficiência econômica cede espaço ao princípio da flexibilidade. c) Ênfase na criatividade e busca da qualidade; d) Descentralização, horizontalização das estruturas e organização em redes. e) Valorização do servidor, multiespecialidade e competição administrada. f) Participação dos agentes sociais e controle dos resultados. Diversos destes aspectos contemplam (ou podem contemplar) a dimensão política da administração pública. É o caso do princípio da flexibilidade, que implica a tentativa de superar a rigidez burocrática e a orientação primária de maximização custo/benefício e de admitir a interação com o ambiente social. O mesmo pode ser dito Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 84 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC da descentralização e da horizontalização das estruturas, que implicam autonomia de gestão e tendem a romper com o princípio da hierarquia e com a ética da obediência situados na base da neutralidade e despolitização da burocracia. Por fim, é o caso, especialmente, da participação dos agentes sociais, que implicam noções de gestão participativa e se baseiam nos conceitos de transparência, accountability, participação política, eqüidade e justiça. Nesse sentido, um conceito fundamental e frequentemente pouco explicitado é o de autonomia. Em acepção ampla, pode ser entendido como a capacidade de um ator ou agência de formular preferências e executar decisões, sem sofrer constrangimentos decorrentes de relações de subordinação. Vale assinalar que, conforme coloca Bresser Pereira (1997:43), “o conceito de autonomia da burocracia pública não deve ser confundido com o de insulamento burocrático, ou seja, o isolamento das agências estatais em relação às influências políticas”, proposto como recurso de separação entre a política e a administração e de despolitização da burocracia, de maneira a protegê- la do populismo econômico e do clientelismo. O efetivo dilema a ser enfrentado pelas democracias seria considerado o inexorável processo de complexificação e burocratização da sociedade moderna e dadas as características de cada um dos agentes do jogo político e os seus recursos de poder, como impedir que a burocracia venha a usurpar o poder e como assegurar que permaneça, sendo apenas um elo de ligação entre dominadores e dominados? Para Weber, a incapacidade de solucionar este problema estaria na base do declínio dos grandes impérios da história (WEBER: 1993). Isto, certamente, não pode ser esquecido quando do debate da autonomia burocrática, especialmente da autonomia imersa. Quanto mais presentes se tornarem esses dilemas, maior será a RSP relevância da discussão acerca das relações entre governança, neutralidade burocrática e autonomia para a reforma do Estado e da administração pública, onde o que está em jogo, em última instância, é a democracia enquanto valor maior. ORGANISMOS COLEGIADOS A importância dos órgãos colegiados nas escolas é tema recorrente quando se aborda a gestão democrática, pois esses garantem, na forma da lei, a prática da participação na escola, na busca pela descentralização do poder e da consciência social entorno da oferta de uma educação de qualidade. Uma gestão considerada democrática investe na autonomia dos sujeitos para o compartilhamento das decisões, identificando o potencial de colaboração de cada pessoa e segmento escolar promovendo um trabalho coletivo na construção da cidadania e efetivação do processo democrático. Conselho Escolar As famílias podem se envolver ativamente nas decisões tomadas pelas escolas dos seus filhos. Candidatar-se a uma vaga no conselho escolar é uma boa maneira de acompanhar e auxiliar o trabalho dos gestores escolares. Os conselhos escolares são constituídos por pais, representantes de alunos, professores, funcionários, membros da comunidade e diretores de escola. Cada escola deve estabelecer regras transparentes e democráticas de eleição dos membrosdo conselho. Cabe ao conselho zelar pela manutenção da escola e monitorar as ações dos dirigentes escolares a fim de assegurar a qualidade do ensino. Eles têm funções deliberativas, consultivas e mobilizadoras, fundamentais para a gestão democrática das escolas públicas. Entre as atividades dos conselheiros estão, por exemplo, fiscalizar a aplicação dos recursos destinados à escola e discutir o projeto pedagógico com a direção e os professores. Unidade Executora Com a ampliação do Programa Dinheiro Direto da Escola (PDDE) para o ensino médio e a educação infantil, as escolas públicas dessas etapas de ensino deverão criar unidades executoras para receber recursos do programa. A unidade executora é uma sociedade civil com personalidade jurídica de direito privado, que tem como objetivo gerir a verba transferida. Em geral, as formas mais comuns de unidade executora são os caixas escolares, os círculos de pais e mestres ou as associações de pais e professores. As escolas com mais de 50 alunos são obrigadas a ter a unidade executora para receber os recursos. Grêmio Estudantil O grêmio é uma organização sem fins lucrativos que representa o interesse dos estudantes e que tem Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 85 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC fins cívicos, culturais, educacionais, desportivos e sociais. O grêmio é o órgão máximo de representação dos estudantes da escola. Atuando nele, você defende seus direitos e interesses e aprende ética e cidadania na prática. Os Grêmios Estudantis compõem uma das mais duradouras tradições da nossa juventude. Pode-se afirmar que no Brasil, com o surgimento dos grandes estabelecimentos de ensino secundário, nasceram também os Grêmios Estudantis, que cumpriram sempre um importante papel na formação e no desenvolvimento educacional, cultural e esportivo da nossa juventude, organizando debates, apresentações teatrais, festivais de música, torneios esportivos e outras festividades. Conselho de Classe O conselho de classe é uma reunião na qual participam os professores, o orientador educacional, o coordenador pedagógico e o diretor. Algumas escolas incluem também um representante dos pais e um dos alunos. O conselho ocorre de forma bimestral, trimestral ou semestral – dependendo da instituição – e tem o objetivo de entender e melhorar o aproveitamento dos estudantes. As principais funções que podemos atribuir ao conselho de classe são: Avaliar o desempenho do aluno – Ele tem dificuldade em alguma matéria? Tem em várias? O que pode estar impactando nesse desempenho (conversas, faltas, problemas familiares, dificuldade com a metodologia utilizada, falta de um bom plano de estudos em casa etc.)? Identificar possíveis transtornos de aprendizagem – 15% da população tem algum tipo de transtorno de aprendizagem, como dislexia, TDAH, discalculia, entre outros. Nem todos os alunos já chegam na escola com o diagnóstico. Muitas vezes, o professor é o primeiro a perceber e a alertar os pais para a procura do diagnóstico. Esse é o momento de buscar essa identificação. Verificar possíveis problemas nas interações – O estudante se junta com determinado grupo de colegas para fazer bagunça? Sofre bullying? Se isola? Tem problema com determinado professor? Identificar problemas gerais nas turmas – Uma turma inteira não está indo bem enquanto as outras estão? Há turmas inteiras que não vão bem apenas em determinada disciplina? Há muitos problemas comportamentais em uma turma específica? Levantar estratégias para solucionar problemas encontrados – É preciso mudar as estratégias de ensino ou de avaliação da escola? Determinado professor precisa rever a didática de sua aula ou conversar com alunos específicos que têm problemas com ele? É preciso chamar os pais de alguns estudantes para uma reunião para conversar sobre comportamento, rotina de estudos, dificuldades ou possíveis transtornos de aprendizagem? Decidir se alunos que não passaram na prova final devem reprovar – Em conselhos de final de ano, esse é o momento também de decidir se alunos que não obtiveram as notas necessárias para passar devem ou não reprovar. É uma decisão difícil, e deve ser bem refletida, com base em todo o histórico do aluno. 1.15. Educação inclusiva, respeito à diversidade cultural e social, estratégias para lidar com alunos com necessidades especiais. O debate sobre inclusão na educação é importante para traçar ações que ajudem a incluir os alunos com deficiência no sistema educacional. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 67,6% dessas pessoas não concluíram o Ensino Fundamental no Brasil em 2019. Para isso, há dois principais caminhos: educação especial e educação inclusiva. Apesar de serem termos distintos, são fundamentais para garantir que todas as pessoas tenham acesso à educação de forma igualitária. Tratando-se da área educacional, é importante que a escola tenha noção de como acolher corretamente os alunos com deficiência. Neste post, você vai entender melhor o que é educação especial, e como deixar sua escola mais inclusiva. O que é educação especial? Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), “entende-se por educação especial, a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação”. Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 86 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC Dessa forma, todos os alunos com qualquer tipo de deficiência ou outra condição citada na LDB, devem ter acesso à educação desde a Educação Infantil. Para isso, a legislação prevê que as escolas devam contar com recursos que favoreçam o ensino- aprendizagem desses alunos. Vale ressaltar que a educação especial não é oferecida apenas nas escolas regulares, pois instituições de ensino especializadas (escolas para pessoas cegas ou surdas) também devem contar com essa abordagem educacional. Ademais, o ensino é o mesmo que o visto no regular, mas sofre adaptações para atender às necessidades desses alunos. Para atender os alunos, é fundamental que a instituição de ensino tenha recursos de acessibilidade nas dependências físicas, bem como professores capacitados. Outro ponto de atenção é que a educação especial também deve incluir alunos que necessitam de atendimento médico 24h, e por isso não podem frequentar a escola. O que é educação inclusiva? O debate sobre a educação inclusiva tem crescido nos últimos anos. Trata-se de um modelo educacional que visa garantir o acesso à escola, independentemente de o aluno ter ou não algum tipo de deficiência. Dessa forma, desde a Educação Infantil até a Superior, todos participam do processo de ensino-aprendizagem em um mesmo ambiente. Ademais, a classe social, cor, raça, cultura (povos indígenas, quilombolas e ribeirinhas) também são levadas em consideração. Ou seja, o principal objetivo da educação inclusiva é valorizar a heterogeneidade dos alunos e promover a igualdade de oportunidades, apesar de o processo de aprendizagem ser único de cada pessoa. Segundo o projeto DIVERSA, desenvolvido pelo Instituto Rodrigo Mendes (IRM) em parceria com o Ministério da Educação (MEC), a educação inclusiva deve ser baseada em 5 princípios: 1. Toda pessoa tem o direito de acesso à educação; 2. Toda pessoa aprende; 3. O processo de aprendizagem de cada pessoa é singular; 4. O convívio no ambiente escolar comum beneficia todos; 5. A educação inclusiva diz respeito a todos. Quais as diferenças entre educação especial e inclusiva? A principal diferença entre educação especial e inclusiva é que enquanto o público-alvo da primeiraé limitado, voltado para pessoas com deficiência, a segunda abordagem reconhece que todos são diferentes dentro do ambiente escolar. Dessa forma, pessoas com ou sem deficiência aprendem juntos. A escola especial segue a linha de que os alunos com deficiência devem participar do processo de ensino- aprendizagem separado dos demais estudantes, seja em instituições diferentes ou em turmas distintas. Entretanto, a educação inclusiva visa estimular e desenvolver a autonomia desses alunos em meio às turmas com alunos diversos. Além de ser benéfico para os alunos com deficiência, a educação inclusiva favorece o respeito às diferenças e a empatia na sala de aula. Mais do que o currículo pedagógico e educacional, esse modelo de ensino leva em conta o desenvolvimento social dos educandos. Apesar disso, os alunos com deficiência ainda precisam ter aulas em escolas especiais, devido a falta de estrutura física e pedagógica adequadas nas instituições de ensino regular no país. Entretanto, a ideia é que as escolas especiais passem gradualmente a servir como suporte para a educação inclusiva. A educação tem trabalhado na junção das duas abordagens nos últimos anos, sobretudo com a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Assim, as técnicas e abordagens educacionais que levam em conta as individualidades de cada aluno (com ou sem deficiência) devem ser respeitadas, e ocorrem no mesmo espaço, sem segregação e preconceito. Como tornar a educação inclusiva? A escola que recusar a matrícula de um aluno com deficiência, seja ela pública ou privada, comete crime previsto em legislação. Assim, é fundamental que toda instituição de ensino esteja preparada para proporcionar um ensino inclusivo e de qualidade para esses alunos. Acessibilidade O primeiro passo para tornar uma escola inclusiva é garantir acessibilidade nos mais variados contextos da instituição de ensino, seja ele físico, social e/ou pedagógico. Dessa forma, é fundamental eliminar qualquer tipo de barreira que possa impedir o Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 87 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC ensino-aprendizagem de um aluno com deficiência. Isso significa que a escola precisa estar preparada para receber alunos com deficiências físicas ou mobilidade reduzida temporária (aluno que precisou enfaixar a perna, por exemplo). Além disso, é necessário realizar um trabalho de eliminação de preconceitos, estigmas e estereótipos com toda a comunidade escolar. Tecnologias Assistivas (TAs) As Tecnologias Assistivas (TAs) são recursos, equipamentos e estratégias que visam contribuir para a autonomia e independência das pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. Dessa forma, eles podem ser usados na sala de aula para um ensino-aprendizagem mais inclusivo. Alguns exemplos de TAs são: • tradutor de língua brasileira de sinais (libras); • softwares de leitura de textos para pessoas com deficiência visual; • rampas e corrimões; • banheiro adaptado para pessoas com deficiência; • sites e páginas na web com acessibilidade; • material impresso em braille. Desenho Universal para a Aprendizagem (DUA) Independente das particularidades, cada aluno tem o próprio ritmo educacional. Nessa perspectiva surge o Desenho Universal para a Aprendizagem (DUA) que, segundo o instituto DIVERSA, trata-se da necessidade de criar objetivos educacionais, métodos, materiais e avaliações que funcionem com todos. Dessa forma, é possível criar estratégias pedagógicas mais flexíveis, que podem ser personalizadas e ajustadas para as necessidades individuais. Inclusive, a personalização do ensino é tema constante de debate na educação. Toda escola precisa estar preparada para oferecer uma educação que atenda todas às necessidades dos alunos. Por isso, não deixe de se informar sobre o tema e tornar sua instituição de ensino mais inclusiva. Educação Bilíngue para surdos Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) em 2019, cerca de 2,3 milhões de pessoas são surdas ou com deficiência auditiva no Brasil. Essa quantidade equivale a 1,1% da população, o que reforça ainda mais a importância de falar sobre a educação desse grupo. Uma pesquisa realizada pela Federação Mundial dos Surdos (WFD), 80% das pessoas surdas do mundo têm dificuldades com as línguas escritas, devido principalmente a dificuldade de acesso à educação. Por mais que esses dados mostrem o cenário global, grande parte da comunidade surda no Brasil não usa o português como primeira língua, tendo a Língua Brasileira de Sinais como sua língua nativa e dependendo dela em sua comunicação. Além disso, é importante ressaltar que a Libras é mais que uma forma de comunicação para essas pessoas, ela diz muito a respeito da identidade e cultura surda. Contexto da educação de pessoas surdas no país Até o século XV o mundo não considerava possível educar pessoas surdas, mas isso foi modificado com o passar dos anos na Europa. Édouard Huet foi um educador francês surdo que trouxe ao Brasil a Língua de Sinais Francesa (LSF), sendo o primeiro a reconhecer e usar o alfabeto manual. Ele veio para a corte de Portugal no Brasil, a convite do Imperador Dom Pedro II, com objetivo de fundar um instituto que atendesse as pessoas surdas. Nasceu então o Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES, em 1857, que até hoje é referência da educação desse público aqui no Brasil. De lá para cá muitas conquistas foram obtidas e a educação brasileira se fortaleceu. Exemplos disso são o vigor da Lei Brasileira de Inclusão, assim como a profissionalização do tradutor e intérprete de Libras. Esta certificação dos profissionais de Libras reforça o decreto de nº 5.626/05, em que a determinação é que haja a disponibilidade de intérpretes ou tradutores em caso da existência de pessoas surdas nas escolas. Mais recentemente, em 2021, foi sancionada a alteração na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB – Lei 9.394, de 1996) que discursa sobre a educação e estabelece diretrizes para a base educacional do país. Sobre a Lei 14.191 de 2021 A mudança na LDB, a partir da Lei 14.191 de 2021, insere o ensino bilíngue para as pessoas surdas nas escolas, a fim de torná-lo uma modalidade independente, estabelecendo a Libras como Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 88 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC primeira língua e o português escrito como segunda. De acordo com a Agência Senado, “a educação bilíngue será aplicada em escolas bilíngues de surdos, classes bilíngues de surdos, escolas comuns ou em polos de educação bilíngue de surdos, para educandos surdos, surdo-cegos, com deficiência auditiva sinalizantes, surdos com altas habilidades ou superdotação ou com outras deficiências associadas, optantes pela modalidade de educação bilíngue de surdo.” A aplicação dessa metodologia deverá ter início na educação infantil e se estenderá ao longo de toda a vida, o que prevê a oferta e financiamento pela União de materiais didáticos e professores bilíngues com formação e especialização adequadas não só no ensino básico, mas também em nível superior. Por que a educação bilíngue é importante para pessoas surdas? O ensino bilíngue garante que cada vez mais pessoas surdas tenham acesso à comunicação e entendimento no Brasil. Além disso, ele é importante para a recuperação de suas memórias históricas, a reafirmação de suas identidades e especificidades e a valorização de sua língua e cultura, o que ainda não acontece da maneira devida em nosso país. Nesse sentido, todas as providências garantidas por lei são fundamentais para a educação inclusiva por meio da educação bilíngue. Entretanto, elas não devem ser as únicas.Como comentamos por aqui, a comunidade surda representa 5% da população brasileira e demanda de iniciativas que a integre o mais rápido possível não somente na educação regular, mas em diferentes contextos, como no mundo digital por exemplo, pensando no ensino online. Por isso, a continuidade de medidas e a efetividade das ações já prescritas por lei são indispensáveis para alcançar a inclusão e equidade das pessoas surdas no Brasil. Todos nós somos responsáveis por dar atenção ao cumprimento dessas leis e também por promover um mundo mais justo e com menos barreiras. A educação é um direito de todos e ela tem o poder de transformar nosso futuro. 1.16. Aspectos psicológicos que influenciam o processo de ensino-aprendizagem. Nos próximos tópicos apresentaremos alguns pontos interessantes sobre a questão da aprendizagem e o processo de aprender, procurando introduzir os conceitos e teorias que serão discutidos ao longo do certame. São muitas as questões em torno da aprendizagem e muitas são também as dificuldades encontradas pelos profissionais dessa área. A cada dia vemos surgir novas hipóteses e novos conceitos que procuram explicar por que aprendemos de determinada maneira ou mesmo de que maneira funciona o cérebro de quem aprende mais e de quem aprende menos. Mas, quais devem ser as preocupações de um professor em relação à aprendizagem de seus alunos? O que um professor deve saber para poder conduzir sua disciplina de maneira a facilitar a compreensão de todos? Para chegar a essas discussões, precisamos primeiro passear pelo universo das teorias. Quais são elas? E de que maneira auxiliam os profissionais da Educação? Mais ainda: o que vem a ser aprendizagem? Como ela ocorre? É bom lembrarmos que para cada teórico ou conjunto de teorias, a aprendizagem é definida de uma maneira diferente e a explicação sobre como ela ocorre também se diferencia. Portanto, não devemos nos expressar de forma a validar uma e negar a outra, ou seja, não devemos dizer que uma está certa e outra errada. O que ocorre é que todas têm validade, pois lançam um olhar sobre maneiras específicas de aprender. Por exemplo, vocês já aprenderam alguma coisa memorizando? Já foram capazes de aprender a partir da experimentação do objeto (experiência)? Notam alguma habilidade maior em alguma matéria ou atividade? Costumam aprender mais facilmente quando ensinados a partir de conhecimentos que vocês já possuem? Pois então, todos vocês já foram apresentados a algumas das principais teorias da aprendizagem e todas elas trouxeram contribuições para a vida de aprendiz de vocês. Além disso, as respostas sobre a aprendizagem geralmente são procuradas na infância. Isto ocorre justamente porque podemos considerar que o cérebro ainda está em desenvolvimento e que, é a partir do nascimento que a criança vai sendo apresentada ao mundo, fazendo uso de seus sentidos para explorá-lo, internalizando nomes, cores, sensações, sentimentos, percepções, gostos, cheiros, fazendo associações entre as informações que recebe. A arrumação ou disposição dessas informações recebidas pela criança é chamada de aprendizagem, mas o que intriga a todos nós e aos Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 https://blog.handtalk.me/guia-da-acessibilidade-lbi/ https://blog.handtalk.me/guia-da-acessibilidade-lbi/ @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 89 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC especialistas é justamente de que maneira essa “arrumação” vai sendo feita e o que leva a criança a associar uma informação a outra. 1.16.1 TEORIAS INATISTAS Voltando às teorias, iniciemos pelo primeiro grande conjunto de teorias que tentou explicar a aprendizagem, as teorias inatistas. Para começar: vocês sabem o que significa a palavra inato? De acordo com Ferreira (1986, p. 929), significa [aquilo] “que nasce com o indivíduo; congênito; conato; que pertence à natureza de um ser”. Assim, as teorias inatistas são aquelas que acreditam na existência de idéias ou princípios, independente da experiência, ou seja, para tal corrente teórica, a aprendizagem independe daquilo que é vivido pelo sujeito, independe de suas experiências no mundo, estando a aprendizagem relacionada à capacidade congênita do sujeito de desempenhar as tarefas que lhes são propostas. Segundo Moura, Azevedo e Mehlecke (2006), o inatismo opõe-se à experimentação por considerar que o indivíduo ao nascer já traz determinadas as condições do conhecimento e da aprendizagem que se manifestarão ou imediatamente, ou progressivamente durante o processo de seu desenvolvimento biológico. Assim, toda a atividade de conhecimento passa a ser exclusiva do sujeito que aprende, sem participação do meio. Podemos classificar como teorias inatistas da aprendizagem, por exemplo, as que falam sobre a aquisição da linguagem, como a proposta por Chomsky. É o que costumamos chamar de aprendizagem de dentro para fora. Principais Características: • Assegura que as capacidades básicas do ser humano são inatas. • Enfatiza fatores maturacionais e hereditários como definidores da constituição do ser humano e do processo de conhecimento (biologismo). • Considera que o desenvolvimento (biológico, maturativo) é pré-requisito para a aprendizagem. • A educação em nada contribui para esse desenvolvimento, já que tudo está determinado biologicamente segundo a programação genética. • Confia nas práticas educacionais espontaneístas, pouco desafiadoras: primeiro esperar para depois fazer. • Assevera que o desempenho das crianças na escola não é responsabilidade do sistema educacional: as capacidades básicas para aprender não se criam, ou seja, se nasce com elas e elas é que permitem aprender. 1.16.2 TEORIAS EMPIRISMO No decorrer da história do empirismo, verifica-se que este surgiu nos séculos XVII e XIX, como uma forma de conhecimento e em oposição ao racionalismo. O racionalismo, que tem como pensador Descartes, elabora a questão do conhecimento a partir da razão, quando defende que o ser humano possui ideias inatas. O empirismo, que surge na Inglaterra, com o filósofo John Locke, onde afirma que a mente é considerada a “tabula rasa”, isto é, um “quadro em branco” onde seria gravado o conhecimento com base nas sensações, mediante impressões externas gravadas. Dessa forma, não concebe a existência de ideias inatas, nem do conhecimento universal. Portanto, é considerado como processo do conhecer, do saber e do agir, formado a partir das experiências do indivíduo. O empirismo é um movimento que acredita nas experiências como únicas; e a partir destas, formam tal pensamento, que consiste em uma teoria epistemológica, na qual indica que todo conhecimento é fruto da experiência; e por isso, uma consequência dos sentidos. O empirismo é uma corrente que se opõe ao racionalismo, ela critica a metafísica e conceitos: como causa e substância. Os autores mais importantes do empirismo foram: John Locke, Francis Bacon, David Hume e John Stuart Mill. Contemporaneamente, a partir do círculo de Viena foi criado o neopositivismo (que é o termo utilizado para designar o empirismo como empirismo lógico). Desta vertente principal derivam-se outras três: Ambientalismo, Comportamentalismo e o Behaviorismo A DIALÉTICA ENTRE O EMPÍRICO E O CIENTÍFICO No que se refere à existência de vários tipos de conhecimento pode-se observar uma maneira linear e esquemática, em que este é construído historicamente. Por isso temos diferentes formas de se abordar a realidade, buscando-se assim compreendê-la ou explicá-la. Num primeiro Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 90 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC momento, a classificação das formas assumidas pelo conhecimento obedece a múltiplos critérios, efetivamente decorridos das diversas concepçõesde objetos inanimados com vida, sentimento ou intencionalidade, sendo uma das manifestações do egocentrismo infantil. Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 8 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC Egocentrismo: pensamento centrado no ego, no sujeito, conjunto de atitudes pré críticas, pré- objetivas, pré-lógicas e pré-conceituais, seja em relação à natureza, aos outros ou a si mesma. É nesta fase que surge, na criança, a capacidade de substituir um objeto ou acontecimento por uma representação (PIAGET e INHELDER, 1982), e esta substituição é possível, conforme PIAGET, graças à função simbólica. Assim este estágio é também muito conhecido como o estágio da Inteligência Simbólica. Contudo, MACEDO (1991) lembra que a atividade sensório-motor não está esquecida ou abandonada, mas refinada e mais sofisticada, pois verifica-se que ocorre uma crescente melhoria na sua aprendizagem, permitindo que a mesma explore melhor o ambiente, fazendo uso de mais e mais sofisticados movimentos e percepções intuitivas. Em suma, a criança deste estágio: • É egocêntrica, centrada em si mesma, e não consegue se colocar, abstratamente, no lugar do outro. • Não aceita a idéia do acaso e tudo deve ter uma explicação (é fase dos "por quês"). • Já pode agir por simulação, "como se". • Possui percepção global sem discriminar detalhes. • Deixa se levar pela aparência sem relacionar fatos. Exemplos: Mostram-se para a criança, duas bolinhas de massa iguais e dá-se a uma delas a forma de salsicha. A criança nega que a quantidade de massa continue igual, pois as formas são diferentes. Não relaciona as situações. C. Período Operatório Concreto: Dos 7 anos aos 11 /12anos, aproximadamente. É o período em que o indivíduo consolida a construção das operações subjacentes às quais se encontram as possibilidades intelectuais do período. Tais operações são o resultado de ações mentais interiorizadas e reversíveis. No inicio desta fase do pensamento lógico concreto a lógica infantil está, ainda muito dependente da manipulação concreta de objetos, e de relações entre objetos. Entende que as conservações de número, substância, volume e peso não acarretam, necessariamente, a mudança de quantidade. Já é capaz de ordenar elementos por seu tamanho (grandeza), incluindo conjuntos, organizando então o mundo de forma lógica ou operatória. Sua organização social é a de bando, podendo participar de grupos maiores, chefiando e admitindo a chefia. Já podem compreender regras, sendo fiéis a ela, e estabelecer compromissos. A conversação torna-se possível (já é uma linguagem socializada), sem que, no entanto possam discutir diferentes pontos de vista para que cheguem a uma conclusão comum. Reversibilidade: quando a operação deixa de ter um sentido unidirecional. A reversibilidade seria a capacidade de voltar, de retorno ao ponto de partida. Aparece, portanto como uma propriedade das ações do sujeito, possível de se exercerem em pensamento ou interiormente. Lembramos que as operações nunca têm um sentido unidirecional; são reversíveis. Conservação: uma invariante que permite a formação de novas estruturas. “A invariância é a conservação. A estrutura é apenas um patamar: O funcionamento levará à formação de novas estruturas" (Lima, 1980: 56). Pode ser observada na área: Lógico Matemática: conservação dos números, etc. Físicas: Substância, peso, volume, etc. Espaciais: Medida, área, etc. Conforme NITZKE et alli (1997b), neste estágio a criança desenvolve noções de tempo, espaço, velocidade, ordem, casualidade..., sendo então capaz de relacionar diferentes aspectos e abstrair dados da realidade. Apesar de não se limitar mais a uma representação imediata, depende do mundo concreto para abstrair. Um importante conceito desta fase é o desenvolvimento da reversibilidade, ou seja, a capacidade da representação de uma ação no sentido inverso de uma anterior, anulando a transformação observada. Exemplos: Despeja-se a água de dois copos em outros, de formatos diferentes, para que a criança diga se as quantidades continuam iguais. A resposta é afirmativa uma vez que a criança já diferencia aspectos e é capaz de "refazer" a ação. D. Período Operatório Lógico Formal ou Abstrato Dos 12 em diante, em que acaba a construção de estruturas intelectuais próprias do raciocínio hipotético-dedutivo, que é característico nos adultos. É o ápice do desenvolvimento da inteligência e corresponde ao nível de pensamento hipotético-dedutivo ou lógico-matemático. É quando o indivíduo está apto para calcular uma probabilidade, libertando-se do concreto em proveito de interesses orientados para o futuro. É, finalmente, a “abertura para todos os possíveis”. A partir desta estrutura de pensamento é possível a dialética, que permite que a linguagem se dê em nível de discussão para se chegar a uma conclusão. Sua organização grupal pode estabelecer relações de cooperação e reciprocidade. Logicização: processo de transformar o pensamento simbólico e intuitivo em pensamento operatório. Segundo WADSWORTH (1996) é neste momento que as estruturas cognitivas da criança alcançam seu nível Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 9 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC mais elevado de desenvolvimento. A representação agora permite à criança uma abstração total, não se limitando mais à representação imediata e nem às relações previamente existentes. Agora a criança é capaz de pensar logicamente, formular hipóteses e buscar soluções, sem depender mais só da observação da realidade. Em outras palavras, as estruturas cognitivas da criança alcançam seu nível mais elevado de desenvolvimento e tornam-se aptas a aplicar o raciocínio lógico a todas as classes de problemas. Exemplos: Se lhe pedem para analisar um provérbio como "de grão em grão, a galinha enche o papo", a criança trabalha com a lógica da idéia (metáfora) e não com a imagem de uma galinha comendo grãos. A seqüência das etapas é sempre invariável, embora a época em que são alcançadas possa não ser sempre a mesma para todas as crianças. São quatro os fatores básicos responsáveis pela passagem de uma etapa de desenvolvimento para a seguinte – a maturidade do sistema nervoso, a interação social (que se dá através da linguagem e da educação), a experiência física com os objetos e, principalmente, a equilibração. CONCEITOS BÁSICOS DA TEORIA PIAGETIANA Para se compreender o processo de construção do conhecimento, é necessário evidenciar a configuração dos sistemas que integram os processos de como o individuo se desenvolve, adquire novos conhecimentos e a importância da interação entre o sujeito e o objeto. Para tanto, é necessário conhecer com clareza o que significa os seguintes conceitos: 1 - Organização: Não pode haver adaptação (assimilação e acomodação) proveniente de uma fonte desorganizada, pois a adaptação tem como base uma organização inicial expressa no esquema (ponto de partida para a ação do indivíduo sobre os objetos do conhecimento). O pensamento (interiorização da ação) se organiza mediante a constituição de esquemas que formam através do processo de adaptação. A adaptação e organização são os processos indissolúveis do pensamento. 2 - Adaptação: É um processo dinâmico e contínuo no qual a estrutura hereditária do organismo interage com o meio externo de modo a reconstituir-se. Ela é a essência do funcionamento intelectual e biológico. É um movimento de equilíbrio contínuo entre a assimilação e a acomodação, que são processos distintos, porém indissociáveis que compõem a adaptação, processo este que se refere ao restabelecimento de equilíbrio. O indivíduo modifica o meio e é também modificado por ele. A adaptação intelectual constitui-se então em um "equilíbrio progressivo entre um mecanismodoutrinárias, que enriquecem segundo o referido autor o campo da filosofia; em particular, o da própria Teoria do conhecimento. De acordo com a sucessão histórica, no que se refere às formas de conhecimento considera-se num primeiro plano o “conhecimento sensível” ou empírico; e num segundo plano ao conhecimento intelectual ou racional. Assim podem-se nomear como Empirismo o conhecimento que ocorre por meio das experiências, que tem seu início nas percepções e dos sentidos atingindo o objeto em sua individualidade e concreticidade. Equivale dizer que o objeto deve estar próximo e presente em relação ao sujeito, para que neste movimento, tal sujeito possa o apreender e assimilar. O conhecimento intelectual ou racional é caracterizado pelo fato deste atingir o geral ou abstrato, porém não o individual e concreto. Desse modo, de acordo com o conhecimento intelectual está sempre voltado para busca de possibilidades. O autor trabalhado a priori relata que Aristóteles representou a dialética entre as duas formas de conhecimento, quando diz que em função do critério que põe em relevo o rigor com que se obtém o conhecimento. Onde o “conhecimento vulgar ou ingénuo” e “conhecimento cientifico” são distintos. O primeiro se caracterizaria como aquele que se obtém sem o controle do rigor metodológico. O conhecimento empírico é considerado como sistemático, uma vez que não é estruturado racionalmente é acrítico, logo é considerado não racional. A forma de pensamento empírica procura apenas as soluções e não o porquê das coisas. A ciência é uma forma de conhecimento distinta do conhecimento vulgar, pois o conhecimento científico é uma operação intelectual, ou seja, tem por fundamento a interpretação racional dos fenômenos. Diferentemente do empirismo, a filosofia enquanto conhecimento racional e subjetivo, no sentido de ser a visão racional que um homem tem da realidade, busca o porquê último das coisas. Neste sentido Becherlard escreve: A Ciência, tanto em sua necessidade de acabamento como em seu princípio, opõe-se absolutamente à opinião. Se ocorre, sobre um ponto particular, legitimá-la,será por razões diversas daquelas que a fundamentam;na verdade, a opinião despoja-se sempre da razão.A opinião pensa mal;ela não pensa; ela apenas traduz necessidades sob a forma de conhecimento.Designando os objetos por sua utilidade,ela se interdita de conhecê-los.Nada se pode fundar sobre opiniões: importa destruí la. Ela é o primeiro obstáculo a se superar. A Ciência moderna foi preparada pelo Renascimento, conforme o posicionamento científico de Galileu, gragas as observações com o seu telescópio para dar início a estudos dos astros, como foi o caso do astrônomo alemão Kepler (1571- 1630), que ao descobrir as célebres leis do movimento dos planetas, a completar aquilo que Copérnico não chegou a fazer: apresentar as provas que davam definitivamente razão a teoría heliocéntrica, condenando a teoría geocéntrica como falsa. Nada disso, porém, aconteceu sem uma grande resistência, tendo a Igreja não só ameaçado, mas julgado Galileu por tal heresia. Moreira (2002) afirma que Galileu Galilei (1564-1642) atribuiu à observação, a experiência à matematização do real, uma função essencial na compreensão da natureza. Por isso que segundo a autora há três tipos de razões que fizeram de Galileu o pai da ciência moderna: em primeiro lugar, deu autonomia à ciência, fazendo-a sair da sombra da teologia e da autoridade livresca da tradição aristotélica; em segundo lugar, aplicou pela primeira vez o novo método, o método experimental, defendendo-o como o meio adequado para chegar ao conhecimento; finalmente, deu a ciência a nova linguagem. SÉCULO XVIII: O ILUMINISMO E A EDUCAÇÃO Esse ideal de educação se apresenta no século XVIII, como século das luzes que quer dizer exercício racional da realidade. Essa educação, segundo Lima (2009), tem conotação liberal e laica. O teocentrismo não dá conta de atender aos interesses da nova classe social que surge, a burguesia. educação como instrumento de legitimação da sociedade incipiente. A autonomia do indivíduo se contrapõe ao autoritarismo da nobreza feudal. Esse homem antropocêntrico não se contenta mais em só contemplar a natureza, mas busca conhecê-la e dominá-la. E a ciência a serviço da humanidade. A nova ordem sugere outras demandas sociais, propensas a um novo estilo de vida. A vida rural dá lugar ao urbanismo e, assim, novas necessidades se levantam e com elas novas formas de relações sociais. Há a transição da economia de subsistência para economia de mercado. O consumo é um imperativo nessa nova forma de vivência social. Para Lima (2009), nesse momento, no ensino é enfatizado a língua vernácula em detrimento do latim. O latim era a língua oficial da igreja católica. Essa nova pedagogia se insere no advento da máquina a vapor nas fábricas no início da revolução industrial em Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 91 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC 1750. É necessário desenvolver uma cultura social dotada de outras necessidades humanas, não só espirituais, como antes, mas materiais, estéticas, afetivas, que irão nortear o imaginário do ser humano moderno. Essa estrutura de necessidades para serem legitimadas devem ter um substrato real científico, experimental; para fortalecer os laços entre a produção de mercadorias e o consumo. É preciso toda uma epistemologia do modo de ser a moda, por exemplo, para atender aos apelos crescentes da cultura moderna, centrada na produção em série. Segundo Lima (2009) a classe emergente, a burguesia assume o poder sustentada pelo liberalismo e o iluminismo. O liberalismo legitima os interesses econômicos e o iluminismo constrói uma nova mentalidade antropocêntrica que se vincula ao industrialismo nas mais diversas formas de consumismo, sempre legitimados por ideias modernas. Ainda, segundo Lima (2009), a educação é para si mesmo, não mais para Deus. Viver é o que eu desejo, ensinar-lhe. Quando sair das minhas mãos, ele não será magistrado, soldado ou sacerdote, ele será, antes de tudo, um homem. Consolida-se uma moral, um homem, uma epistemologia nessa nova atmosfera social. O novo homem de nada desconfia do interesse social capitalista, ou seja, o novo é um imperativo produzido pela existência da ordem estabelecida. A Pedagogia e a filosofia representam aparelhos ideológicos que justificam as contradições da estrutura social que se levanta. Os jesuítas não são mais os representantes de uma educação universal, o ensino que se produz, agora, e mais nacional, considerando aspectos culturais do lugar onde se insere o aluno. Consolida-se uma tendência educacional que opera a transição de tutela do ensino da igreja católica para o Estado. É uma educação laica de forte conotação popular, mas que encaminha para o trabalho proletário. Essa proletarização profissional consegue preparar uma mão de obra que vai dinamizar a alta produtividade das indústrias. 1.16.2a TEORIA AMBIENTALISTA Esta concepção é inspirada no empirismo e privilegia a experiência como fonte do conhecimento e formação de hábitos, atribuindo um grande poder ao ambiente no desenvolvimento e na constituição das características humanas. Preocupa-se em explicar o comportamento humano através da observação, descartando a análise de aspectos da conduta humana como raciocínio, desejos, fantasias, sentimentos, entre outros. Destaca e valoriza a importância de medir, testar, comparar, experimentar e controlar o comportamento do educando e sua aprendizagem. O homem é concebido como um ser plástico, que desenvolve suas características em função das condições presentes no meio em que se encontra. São os estímulos presentes numa dada situação que levam ao aparecimento de um determinado comportamento. Tais estímulos controlamestímulo, essa criança tenta "encaixar" o estímulo em um esquema disponível. Vemos então, que os esquemas são estruturas intelectuais que organizam os eventos como eles são percebidos pelo organismo e classificados em grupos, de acordo com características comuns. 5 - Experiência Física e Lógico-matematica: O fator essencial na constituição do esquema é a ação do sujeito sobre o objeto do conhecimento. Esta ação é representada por dois tipos de experiência, indissociáveis, mas passíveis de serem abordadas didaticamente. Trata-se da experiência f ísica e da experiência lógico-matemática. Tipos de Conhecimentos Conhecimento Físico - Conhecimento das propriedades físicas de objetos e eventos, necessita da ação sobre o ambiente. Conhecimento Lógico-matemático - Conhecimento a partir do pensar sobre as experiências com objetos e eventos, necessita da ação sobre o ambiente. Conhecimento Social - Conhecimento que se origina do meio socio-cultural e não pode ser extraído apenas da ação sobre o ambiente, necessita de interação com pessoas. Equilibração majorante Mecanismo de evolução ou desenvolvimento do organismo. É fundamental para a estruturação da inteligência. Refere-se às mudanças sucessivas no sujeito resultantes dos processos de assimilação e acomodação, portanto ao aumento do conhecimento. Equilíbrio - consiste em ser capaz de identificar diferenciar e integrar ou generalizar de forma consistente e sem contradições os dados da realidade (diferenças e semelhanças) - Equilibração majorante. Desequilíbrio - são perturbações que resultam de conflitos momentâneos, os quais uma vez ultrapassados ou superados conduzem a novas construções. Assimilação - entrada e processamento de estímulos externos aos esquemas (mudança quantitativa - modificação de conteúdo). Acomodação- reorganização interna. Ajusta ou cria- se novos esquemas visando uma melhor adaptação (mudança qualitativa-modificação de estrutura). Esquemas cognitivos - são as estruturas mentais capazes de assimilar, reconhecer, interpretar e classificar os dados do ambiente - conhecimentos adquiridos. DESENVOLVIMENTO MORAL DA CRIANÇA Você sabia que, como parte de seus estudos, Piaget também considerou que o desenvolvimento infantil cognitivo está diretamente relacionado ao desenvolvimento moral? E também este pode ser dividido em diferentes estágios. Anomia (0-5 anos) Nessa fase inicial, as crianças têm pouca ou nenhuma compreensão de regras e normas sociais ou comportamentais. É nesse período que a criança está vendo tudo pela primeira vez e ainda não sabe diferenciar o certo do errado. Com o passar do tempo, ela começa a entender melhor o que pode ou não fazer, por exemplo. Heteronomia (6-11 anos) Aqui, regras já estão estabelecidas, e os adultos são figuras de autoridade. A criança já entende melhor o que é certo e errado, e as normas parecem inflexíveis, baseadas em uma dualidade direta: o bom contra o mal, o que podemos e o que não podemos fazer. Nessa fase, as crianças passam a julgar suas ações baseadas nas consequências diretas estabelecidas, não tanto pelas intenções. Enquanto adultos conseguem enxergar as nuances e os contextos de cada caso, para elas, fazer algo errado sempre gerará uma mesma punição proporcional. Autonomia (acima de 12 anos) A partir dos 12 anos, a criança já consegue compreender melhor todos os lados de uma história. É claro que ela não tem a mesma maturidade emocional para lidar com problemas do que um adulto. Mas é nessa janela temporal que elas passam a entender que as regras variam: as normas mudam de acordo com as circunstâncias, das intenções por trás das ações etc. De modo geral, esse estágio apresenta a moralidade como algo relativo e adaptável. Não só isso, mas a percepção do coletivo também ganha força no desenvolvimento moral. Segundo Piaget, as Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 12 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC crianças aprendem a ter senso crítico e a avaliar as regras com base na cooperação dos outros e no respeito mútuo. Na prática, isso significa que as crianças já passam a aceitar ou não determinadas normas com base no todo. Se aquela regra é justa em comparação com o tratamento recebido pelos irmãos ou se o adulto impondo a norma é alguém confiável, por exemplo. Uma vez que a criança atingiu esse estágio e ela consegue “se colocar no lugar de outra pessoa”, enxergando o lado dela em uma determinada situação. E o desenvolvimento moral está completo. APRENDIZAGEM ESCOLAR E A TEORIA PIAGETIANA A aprendizagem é a modificação da experiência resultante do comportamento no sentido restrito (específico) aprender que alguma coisa se chama "lua", "macaco", ou no sentido amplo "aprender a estruturar todos os objetos no universo em sistemas hierárquicos de classificação" (KAMII, 1991: 22). Existe uma relação direta entre o desenvolvimento e a aprendizagem, pois a aprendizagem de operações, fatos, ações, procedimentos práticos ou leis físicas dependem do nível cognitivo do sujeito, quer dizer, que o grau de desenvolvimento é determinante e torna inexeqüível uma nova aquisição a um indivíduo que não está capacitado para ela, porque a compreensão de problemas somente é possível no momento evolutivo adequado. Operação: (“ação interiorizada (...) que alcançou (...) o nível operatório mediante reconstruções sucessivas de complexidade crescente (equilibração majorante)” (LIMA, 1980: 151) A importância de se definir os períodos de desenvolvimento da inteligência reside no fato de que, em cada um, o indivíduo adquire novos conhecimentos ou estratégias de sobrevivência, de compreensão e interpretação da realidade. A compreensão deste processo é fundamental para que os professores possam também compreender com quem estão trabalhando. A obra de Jean Piaget não oferece aos educadores uma didática específica sobre como desenvolver a inteligência do aluno ou da criança. Piaget nos mostra que cada fase de desenvolvimento apresenta características e possibilidades de crescimento da maturação ou de aquisições. O conhecimento destas possibilidades faz com que os professores possam oferecer estímulos adequados a um maior desenvolvimento do indivíduo. ”Aceitar o ponto de vista de Piaget, portanto, provocará turbulenta revolução no processo escolar (o professor transforma-se numa espécie de ‘técnico do time de futebol’, perdendo seu ar de ator no palco). (...) Quem quiser segui-lo tem de modificar, fundamentalmente, comportamentos consagrados, milenarmente (aliás, é assim que age a ciência e a pedagogia começa a tornar-se uma arte apoiada, estritamente, nas ciências biológicas, psicológicas e sociológicas). Onde houver um professor ‘ensinando’... aí não está havendo uma escola piagetiana!” (LIMA, 1980: 131). As teorias piagetianas abrem campo de estudo não somente para a psicologia do desenvolvimento, mas também para a sociologia e para a antropologia, além de permitir que os pedagogos tracem uma metodologia baseada em suas descobertas. Piaget situa, segundo DOLLE, o problema epistemológico, o do conhecimento, ao nível de uma interação entre o sujeito e o objeto. E "essa dialética resolve todos os conflitos nascidos das teorias, associacionistas, empiristas, genéticas sem estrutura, estruturalistas sem gênese, etc.... e permite seguir fases sucessivas da construção progressiva do conhecimento “ (1974: 52). ATENÇÃO PIAGET E OS JOGOS Piaget aponta três sucessivos sistemas de jogo: de exercício, simbólico e o de regras. Os jogos de exercícios aparecem nos primeiros dezoitos meses de vida, e nas ações da criança envolve repetições de seqüências já estabelecidas das ações e manipulações pelo simples mero prazer funcional, derivados das ações motoras. Em torno de um ano de idade, os exercícios práticos tornam maisnumerosos e vão diminuindo a importância, e começam a se transformar em outras formas: a) a criança passa a fazer combinações e repetições de suas ações e de manipulações, e os jogos de exercícios vão se transformando em construções; b) aqui os jogos de exercícios adquirem as regras explicitas e se transformam em jogos de regras. Jogos simbólicos surgem no segundo ano de vida da criança, com o aparecimento da linguagem e vai até aproximadamente dos seis aos sete anos. A brincadeira do faz de conta é de início uma brincadeira solitária, dando lugar ao uso de símbolos como, por exemplo, o uso de brincadeiras de dramas, aqui o coletivo não aparece, ele só vai aparecer no terceiro ano de vida. Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 13 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC Jogo de regra marca a transição da atividade individual para a socializada. Este jogo ocorre dos quatro aos sete anos e predomina no período de sete aos onze anos de idade. Para Piaget, a regra pressupõe a interação de dois indivíduos e sua função é de se integrar ao grupo social. Piaget distingue dois tipos de regras: as que vem de fora e as que são construídas espontaneamente, o jogo espontâneo é representado pelos resultados da socialização, proveniente do jogo de exercício e do jogo simbólico. 1.2.2 VYGOTSKY LEV SEMINOVITCH VYGOTSKY (1896/1934) - base interacionista Vygotsky nasceu na Bielo-Rússia em 5 de novembro de 1896. Formou-se em literatura e direito na Universidade de Moscou e mais tarde estudou medicina. Pesquisou sobre literatura, psicologia, deficiência física e mental e educação, dedicando-se aos campos da pedagogia e psicologia. Vygotsky viveu na mesma época que Piaget (ambos nasceram em 1896). No entanto, eles não chegaram a se encontrar em vida, devido a vários fatores, principalmente os políticos. Partidário da revolução russa, Vygotsky sempre acreditou em uma sociedade mais justa sem conflito social e exploração. Sua obra enfrentou décadas de silêncio imposto pelo regime stalinista. Apenas em meados dos anos 60 seus livros chegaram ao Ocidente. Só então o psicólogo suíço Jean Piaget (1896-1980), lamentando que os dois não tivessem se conhecido, leu e comentou os elogios e as críticas que Vygotsky lhe fizera em 1932. Foi professor do ginásio e se fazia uma pergunta fundamental: como o homem cria cultura? Dono de uma inteligência brilhante, ele buscou a resposta na Psicologia e acabou por elaborar uma teoria do desenvolvimento intelectual, sustentando que todo conhecimento é construído socialmente, no âmbito das relações humanas. Sua teoria tem por base o desenvolvimento do indivíduo como resultado de um processo sócio-histórico, enfatizando o papel da linguagem e da aprendizagem nesse desenvolvimento, sendo essa teoria considerada histórico-social. Vygotsky morreu de tuberculose 3m 1934, aos 38 anos. No Brasil, Vygotsky é estudado há pouco mais de uma década. Segundo a pedagoga Maria Teresa Freitas, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), que pesquisou a difusão do trabalho dele por aqui, suas idéias chegaram no fim dos anos 70, trazidas por estudiosos que as conheceram no exterior. Mas sua obra só começou a ser divulgada, de fato, nos anos 80, ao mesmo tempo em que a linha educacional construtivista se expandia, impulsionada pela psicóloga argentina Emilia Ferreiro, discípula de Piaget. Embora não tenha elaborado uma pedagogia, Vygotsky deixou idéias sugestivas para a educação. CONCEITOS BÁSICOS DA TEORIA DE VYGOTSKY 1. Mediação A questão central é a aquisição de conhecimentos pela interação do sujeito com o meio e, portanto, o conhecimento é sempre mediado. Para Vygotsky, a vivência em sociedade é essencial para a transformação do homem de ser biológico em ser humano. É pela APRENDIZAGEM nas relações com os outros que construímos os conhecimentos que permitem nosso desenvolvimento mental. A linguagem, sistema simbólico dos grupos humanos, representa um salto qualitativo na evolução da espécie. É ela que fornece os conceitos, as formas de organização do real, a mediação entre o sujeito e o objeto do conhecimento. É por meio dela que as funções mentais superiores são socialmente formadas e culturalmente transmitidas, portanto, sociedades e culturas diferentes produzem estruturas diferenciadas. Por isso a linguagem é duplamente importante para Vygotsky. Além de ser o principal instrumento de intermediação do conhecimento entre os seres humanos, ela tem relação direta com o próprio desenvolvimento psicológico. Maria Teresa Freitas resume: "Nenhum conhecimento é construído pela pessoa sozinha, mas sim em parceria com as outras, que são os mediadores". 2. Processo de internalização O processo de internalização é fundamental para o desenvolvimento do funcionamento psicológico humano. A internalização envolve uma atividade externa que deve ser modificada para tornar-se uma atividade interna; é interpessoal e se torna intrapessoal. O sujeito não é apenas ativo, mas interativo, porque forma conhecimentos e se constitui a partir de relações intra e interpessoais. É na troca com os outros sujeitos e consigo próprio que se vão internalizando conhecimentos, papéis e funções sociais, o que permite a formação de conhecimentos e da própria consciência. Para Vygotsky, o desenvolvimento cultural da criança aparece segundo a lei da dupla formação, em que todas as funções aparecem duas vezes: primeiro no nível social e depois no nível individual; ou seja, primeiro entre as pessoas (interpsicológica) e depois no interior da criança (intrapsicológica). Poder-se-ía Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 14 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC assim dizer que o desenvolvimento cultural do aluno, assim como, sua aprendizagem, se dá mediante o processo de relação do aluno com o professor ou com outros alunos mais competentes. Em outras palavras, os vygotskianos entendem que os processos psíquicos, a aprendizagem entre eles, ocorrem por assimilações de ações exteriores, interiorizações desenvolvidas através da linguagem interna que permite formar abstrações. Para Vygotsky, a finalidade da aprendizagem é a assimilação consciente do mundo físico mediante a interiorização gradual de atos externos e suas transformações em ações mentais. Nesse processo, a aprendizagem se produz, pelo constante diálogo entre o exterior e interior do indivíduo, uma vez que para formar ações mentais tem que partir das trocas com o mundo externo, cuja da interiorização surge a capacidade da atividades abstratas que a sua vez permite elevar a cabo ações externas. O que nos faz pensar que esse processo de aprendizagem se desenvolve do concreto (segundo as variáveis externas) a abstrata (as ações mentais), com diferentes formas de manifestações, tanto intelectual, verbal e de diversos graus de generalizações e assimilações. 3. Dois níveis de desenvolvimento Existem, pelo menos dois níveis de desenvolvimento identificados por Vygotsky: 1. desenvolvimento real: É determinado por aquilo que a criança é capaz de fazer por si própria porque já tem um conhecimento consolidado. Se domina a adição, por exemplo, esse é um nível de desenvolvimento real. 2. desenvolvimento potencial: se manifesta quando a criança realiza tarefas mais complexas, orientadas por instruções e com a ajuda de um adulto ou por resultado da interação com iguais. Por exemplo, uma multiplicação simples, quando ela já sabe somar. 4. Zona de desenvolvimento proximal Segundo Vygotsky, a evolução intelectual é caracterizada por saltos qualitativos de um nível de conhecimento para outro. A fim de explicar esse processo, ele desenvolveu o conceito de ZONA DE DESENVOLVIMENTO PROXIMAL, que definiu como a "distância entre o nível de desenvolvimento real,que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes". Cláudia Davis diz: "A zona proximal é a que separa a pessoa de um desenvolvimento que está próximo, mas ainda não foi alcançado'. A aprendizagem interage com o desenvolvimento, produzindo abertura nas zonas de desenvolvimento proximal nas quais as interações sociais são centrais, estando então, ambos os processos, aprendizagem e desenvolvimento, interrelacionados; assim, um conceito que se pretenda trabalhar, como por exemplo, em matemática, requer sempre um grau de experiência anterior para a criança. 5. Tomada de consciência Vigotsky abstrai que o ser humano é criado histórico e socialmente, e que suas relações com a natureza e com os outros homens no nível da consciência são lidados de forma espontânea apenas quando ele não tem percepção da consciência sobre aquilo que está fazendo. Por outro lado, à medida que o homem toma consciência da consciência que possui, mais e mais ele abstrai sobre seus atos e sobre o meio. Com isto, seus atos deixam de ser espontâneos (no sentido biológico do termo) para se tornarem atos sociais e históricos, envolvendo a psique do indivíduo. Observe que, nesse diverso campo da consciência, existe como base metodológica e objeto de estudo a intencionalidade da consciência. Diríamos de certa forma, que para este autor a consciência é o estado supremo do homem, o que na teoria vygotskiniana é chamado de Tomada de Consciência. E esses elementos da consciência vão dar origem aos denominados processos mentais superiores, os quais são diferentes dos processos mecânicos, por estes serem ações conscientes, controladas ou voluntárias, envolvendo memorização ativa seguida de pensamento abstrato. 6. Relação desenvolvimento/aprendizagem Vygottski e a escola de psicologia dialética soviética e seus seguidores Luria (1902/1977) e Leontiev (1903/1979) estabelecem uma relação inseparável entre aprendizagem / desenvolvimento, chegando a afirmar que o desenvolvimento vem depois da aprendizagem. Aprendizagem é a assimilação consciente do mundo físico mediante a interiorização gradual de atos externos e sua transformação em ações mentais. Privilegiam o ambiente social. Entendem que os processos psíquicos, que a aprendizagem entre eles, são assimilações de ações exteriores, interiorizações desenvolvidas através de linguagem Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 15 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC interior que permite formar abstrações. A aprendizagem é produzida através de um diálogo constante entre o exterior e o interior do indivíduo, e as ações mentais são formadas a partir das variáveis externas(concretas), que são interiorizadas surgindo a capacidade de atividade abstrata (ações mentais) com varias formas de manifestação (material - ações externas -, verbal –linguagem - ou intelectual – pensamento - ) e diversos graus de generalização e assimilação. Costuma-se destacar que a abordagem de Vygotsky tem explicação das mudanças de ordem qualitativa. Isto porque o autor preocupou em descrever e entender o que ocorre ao longo da gênese de certas funções, assim como, no estudo da linguagem da formação de conceitos, etc. Nessa teoria não se tem estágios de desenvolvimento explicado detalhadamente sobre o surgimento e desenvolvimento das funções psíquicas através de acumulação de processos elementares. Já que nessa abordagem não se questiona o fato de que todos os indivíduos tenham uma capacidade de aprendizagem que, inicialmente, está condicionada pelo nível de desenvolvimento alcançado. Mas existe na teoria de Vygotsky, assim como na de Piaget - os diferentes níveis de funcionamento psicológico, cada qual com características específicas: • Pseudo-conceitos: aqui ainda a criança não consegue formular conceitos, mas o pensamento ocorre por cadeia e de natureza factual e concreta. Nesta fase a criança se orienta pela semelhança concreta visual, formando apenas um complexo associativo restrito a um determinado tipo de conexão perceptual. • Conceitos: formação de conceito atividade complexa e abstrata, que usa o signo, ou palavra, como meio de condução das operações mentais. • Conceitos cotidianos: aprendidos assistematicamente, estes conceitos dispensam a necessidade da escola para a sua formulação. • Conceitos científicos: constituído por um sistema hierárquico de inter-relação, são os conceitos aprendidos na escola sistematicamente. Nessa teoria há uma complexa relação entre o aprendizado e o desenvolvimento, ao contrário do que se tem em Piaget, onde a curva do desenvolvimento antecede em grande escala para que ocorra o aprendizado. Em Vygotsky, as curvas do aprendizado não coincidem com as do desenvolvimento, sendo que quando a criança aprende algum conceito, por exemplo: aritmética, o desenvolvimento dessa operação ou conceito apenas começou. Não há paralelismo entre aprendizagem e o desenvolvimento das funções psicológicas correspondentes. Tal relação é um processo extremamente complexo, dialético, não linear se dá aos saltos, mediante o surgimento de caos. Pode-se deduzir desta proposta uma concepção de ajuda pedagógica que não aparece na teoria Piaget, que tem em conta o desenvolvimento como limite para adequar o tipo de conteúdo de ensino ao nível evolutivo do aluno. Em Vygotsky o que tem que estabelecer é a seqüência que permite o progresso de forma adequada, incentivando a conquista de novas aquisições, sem esperar a maturação “mecânica” e evitando que pode admitir as dificuldades para prosperar por não estabelecer um desequilíbrio adequado. Vygotsky considera que a aprendizagem acontece antes do desenvolvimento. Nessa concepção aprender é passar do sistema de conceitos naturais (pensamento vulgar ou senso comum), para o sistema de conceitos científicos que são os que configuram sistemas de relações complexas e organizadas. Estas relações complexas não se aprendem com procedimentos espontâneos, mas sim com uma instrução planejada que agiliza e melhora as conquista na zona de desenvolvimento potencial. A aprendizagem é considerada como parte de atividades coletivas que precedem a aquisição individual (linguagem infantil: primeiro aparece como forma de comunicação, depois se interioriza convertendo em linguagem interna). São as relações sociais que dão ao indivíduo instrumentos para ativar os processos internos que favorecem o desenvolvimento. Nesta concepção a educação é considerada um sistema que facilita a apropriação de conteúdos próprios de cada cultura. AMBIENTE DE APRENDIZAGEM SÓCIO- HISTÓRICO A educação não fica à espera do desenvolvimento intelectual da criança. Ao contrário, sua função é levar o aluno adiante, pois quanto mais ele aprende, mais se desenvolve mentalmente. Segundo Vygotsky, essa demanda por desenvolvimento é característica das crianças. Se elas próprias fazem da brincadeira um exercício de ser o que ainda não são, a escola que se limita ao que elas já sabem é inútil. Para Vygotsky, as potencialidades do indivíduo devem ser levadas em conta durante o processo de ensino-aprendizagem. Isto porque, a partir do contato com pessoa mais experiente e com o quadro histórico-cultural, as potencialidades do Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 16 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC aprendiz são transformadas em situações em que ativam nele esquemas processuais cognitivos ou comportamentais. Pode acontecer também de que este convívio produza no indivíduo novas potencialidades, num processo dialético contínuo. Assim, como a aprendizagem impulsiona o desenvolvimento, a escola tem um papeldoutrinárias, que enriquecem segundo o referido autor o campo da filosofia; em particular, o da própria Teoria do conhecimento. De acordo com a sucessão histórica, no que se refere às formas de conhecimento considera-se num primeiro plano o “conhecimento sensível” ou empírico; e num segundo plano ao conhecimento intelectual ou racional. Assim podem-se nomear como Empirismo o conhecimento que ocorre por meio das experiências, que tem seu início nas percepções e dos sentidos atingindo o objeto em sua individualidade e concreticidade. Equivale dizer que o objeto deve estar próximo e presente em relação ao sujeito, para que neste movimento, tal sujeito possa o apreender e assimilar. O conhecimento intelectual ou racional é caracterizado pelo fato deste atingir o geral ou abstrato, porém não o individual e concreto. Desse modo, de acordo com o conhecimento intelectual está sempre voltado para busca de possibilidades. O autor trabalhado a priori relata que Aristóteles representou a dialética entre as duas formas de conhecimento, quando diz que em função do critério que põe em relevo o rigor com que se obtém o conhecimento. Onde o “conhecimento vulgar ou ingénuo” e “conhecimento cientifico” são distintos. O primeiro se caracterizaria como aquele que se obtém sem o controle do rigor metodológico. O conhecimento empírico é considerado como sistemático, uma vez que não é estruturado racionalmente é acrítico, logo é considerado não racional. A forma de pensamento empírica procura apenas as soluções e não o porquê das coisas. A ciência é uma forma de conhecimento distinta do conhecimento vulgar, pois o conhecimento científico é uma operação intelectual, ou seja, tem por fundamento a interpretação racional dos fenômenos. Diferentemente do empirismo, a filosofia enquanto conhecimento racional e subjetivo, no sentido de ser a visão racional que um homem tem da realidade, busca o porquê último das coisas. Neste sentido Becherlard escreve: A Ciência, tanto em sua necessidade de acabamento como em seu princípio, opõe-se absolutamente à opinião. Se ocorre, sobre um ponto particular, legitimá-la,será por razões diversas daquelas que a fundamentam;na verdade, a opinião despoja-se sempre da razão.A opinião pensa mal;ela não pensa; ela apenas traduz necessidades sob a forma de conhecimento.Designando os objetos por sua utilidade,ela se interdita de conhecê-los.Nada se pode fundar sobre opiniões: importa destruí la. Ela é o primeiro obstáculo a se superar. A Ciência moderna foi preparada pelo Renascimento, conforme o posicionamento científico de Galileu, gragas as observações com o seu telescópio para dar início a estudos dos astros, como foi o caso do astrônomo alemão Kepler (1571- 1630), que ao descobrir as célebres leis do movimento dos planetas, a completar aquilo que Copérnico não chegou a fazer: apresentar as provas que davam definitivamente razão a teoría heliocéntrica, condenando a teoría geocéntrica como falsa. Nada disso, porém, aconteceu sem uma grande resistência, tendo a Igreja não só ameaçado, mas julgado Galileu por tal heresia. Moreira (2002) afirma que Galileu Galilei (1564-1642) atribuiu à observação, a experiência à matematização do real, uma função essencial na compreensão da natureza. Por isso que segundo a autora há três tipos de razões que fizeram de Galileu o pai da ciência moderna: em primeiro lugar, deu autonomia à ciência, fazendo-a sair da sombra da teologia e da autoridade livresca da tradição aristotélica; em segundo lugar, aplicou pela primeira vez o novo método, o método experimental, defendendo-o como o meio adequado para chegar ao conhecimento; finalmente, deu a ciência a nova linguagem. SÉCULO XVIII: O ILUMINISMO E A EDUCAÇÃO Esse ideal de educação se apresenta no século XVIII, como século das luzes que quer dizer exercício racional da realidade. Essa educação, segundo Lima (2009), tem conotação liberal e laica. O teocentrismo não dá conta de atender aos interesses da nova classe social que surge, a burguesia. educação como instrumento de legitimação da sociedade incipiente. A autonomia do indivíduo se contrapõe ao autoritarismo da nobreza feudal. Esse homem antropocêntrico não se contenta mais em só contemplar a natureza, mas busca conhecê-la e dominá-la. E a ciência a serviço da humanidade. A nova ordem sugere outras demandas sociais, propensas a um novo estilo de vida. A vida rural dá lugar ao urbanismo e, assim, novas necessidades se levantam e com elas novas formas de relações sociais. Há a transição da economia de subsistência para economia de mercado. O consumo é um imperativo nessa nova forma de vivência social. Para Lima (2009), nesse momento, no ensino é enfatizado a língua vernácula em detrimento do latim. O latim era a língua oficial da igreja católica. Essa nova pedagogia se insere no advento da máquina a vapor nas fábricas no início da revolução industrial em Larissa Oliveira 12larissamaria@gmail.com 078.117.453-80 @carreiraseducacaoCarreiras Educação carreiraseducacao.com.br 91 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC 1750. É necessário desenvolver uma cultura social dotada de outras necessidades humanas, não só espirituais, como antes, mas materiais, estéticas, afetivas, que irão nortear o imaginário do ser humano moderno. Essa estrutura de necessidades para serem legitimadas devem ter um substrato real científico, experimental; para fortalecer os laços entre a produção de mercadorias e o consumo. É preciso toda uma epistemologia do modo de ser a moda, por exemplo, para atender aos apelos crescentes da cultura moderna, centrada na produção em série. Segundo Lima (2009) a classe emergente, a burguesia assume o poder sustentada pelo liberalismo e o iluminismo. O liberalismo legitima os interesses econômicos e o iluminismo constrói uma nova mentalidade antropocêntrica que se vincula ao industrialismo nas mais diversas formas de consumismo, sempre legitimados por ideias modernas. Ainda, segundo Lima (2009), a educação é para si mesmo, não mais para Deus. Viver é o que eu desejo, ensinar-lhe. Quando sair das minhas mãos, ele não será magistrado, soldado ou sacerdote, ele será, antes de tudo, um homem. Consolida-se uma moral, um homem, uma epistemologia nessa nova atmosfera social. O novo homem de nada desconfia do interesse social capitalista, ou seja, o novo é um imperativo produzido pela existência da ordem estabelecida. A Pedagogia e a filosofia representam aparelhos ideológicos que justificam as contradições da estrutura social que se levanta. Os jesuítas não são mais os representantes de uma educação universal, o ensino que se produz, agora, e mais nacional, considerando aspectos culturais do lugar onde se insere o aluno. Consolida-se uma tendência educacional que opera a transição de tutela do ensino da igreja católica para o Estado. É uma educação laica de forte conotação popular, mas que encaminha para o trabalho proletário. Essa proletarização profissional consegue preparar uma mão de obra que vai dinamizar a alta produtividade das indústrias. 1.16.2a TEORIA AMBIENTALISTA Esta concepção é inspirada no empirismo e privilegia a experiência como fonte do conhecimento e formação de hábitos, atribuindo um grande poder ao ambiente no desenvolvimento e na constituição das características humanas. Preocupa-se em explicar o comportamento humano através da observação, descartando a análise de aspectos da conduta humana como raciocínio, desejos, fantasias, sentimentos, entre outros. Destaca e valoriza a importância de medir, testar, comparar, experimentar e controlar o comportamento do educando e sua aprendizagem. O homem é concebido como um ser plástico, que desenvolve suas características em função das condições presentes no meio em que se encontra. São os estímulos presentes numa dada situação que levam ao aparecimento de um determinado comportamento. Tais estímulos controlam