Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ PRÓ-REITORIA DE ENSINO E GRADUAÇÃO DIVISÃO DE APOIO AO ENSINO Experimento 1. Propriedades Gerais das Substâncias Orgânicas. Densidade, Miscibilidade, Solubilidade e Caracterização de Substâncias Orgânicas por meio da Solubilidade. Parte 1 DENSIDADE DENSIDADE DE LÍQUIDOS PUROS Introdução: A densidade (ou massa específica) de uma substância corresponde à massa dessa substância que ocupa um determinado volume e é geralmente indicada como a unidade grama por centímetro cúbico. A massa de água que ocupa o volume de um centímetro cúbico à temperatura de 4oC foi utilizada para definir o padrão da unidade de massa de um grama. Tabela 1: Densidades de alguns líquidos a 20oC em g/cm3. NOME FÓRMULA EMPÍRICA DENSIDADE n-pentano C5H12 0,626 n-octano C8H18 0,702 Etanol C2H6O 0,789 Acetona C3H6O 0,790 Ciclohexeno C6H10 0,810 Benzeno C6H6 0,879 Água H2O 1,000 Ácido acético C2H4O2 1,049 Etilenoglicol C2H6O2 1,109 nitrobenzeno C6H5NO2 1,204 glicerina C3H8O3 1,261 dimetilsulfato C2H6O4S 1,328 clorofórmio CHCl3 1,483 A densidade de um líquido é uma propriedade física de difícil previsão, pois nela incidem diversos fatores. Porém, se considerarmos uma série de moléculas com características estruturais semelhantes, a natureza dos átomos que compõem as respectivas moléculas nos permite a avaliação das densidades substâncias, de maneira comparativa ou relativa. Por exemplo, introduzimos um ou mais átomos de massa atômica maior do que a do carbono a um hidrocarboneto, a densidade aumenta gradativamente, como pode ser observado na série diclorometano CH2Cl2 (1,327) – triclorometano CHCl3 (1,483) – tetraclorometano CCl4 (1,594), ou na série diclorometano CH2Cl2 (1,327) – dibromometano CH2Br2 (1,542) – diiodometano CH2I2 (3,325). UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ PRÓ-REITORIA DE ENSINO E GRADUAÇÃO DIVISÃO DE APOIO AO ENSINO PARTE EXPERIMENTAL (DENSIDADE DE LÍQUIDOS PUROS) MATERIAL E REAGENTES: seis tubos de ensaio,uma estante para tubos de ensaio, solução alcoólica de iodo a 1%, clorobenzeno, cloreto de sódio sólido, diclorometano, éter etílico, acetato de etila, tolueno, n- heptano ou ciclohexano PROCEDIMENTO 1. Prepare seis tubos de ensaio e acrescente a cada um deles 2 a 3 mL de água e 3 gotas de solução alcoólica de iodo. 2. Adicione 2 a 3 mL dos seguintes líquidos (solventes orgânicos) aos tubos 1 a 6, respectivamente: tubo 1 tubo 2 tubo 3 tubo 4 tubo 5 acetato de etila diclorometano éter etílico n-heptano ou ciclohexano tolueno 3. Agite o conteúdo dos tubos. 4. Verifique em cada tubo se o respectivo solvente orgânico é mais denso ou menos denso que a água (o iodo ajuda na identificação da fase orgânica, pois é solúvel em solventes orgânicos, gerando uma solução cor de rosa ou castanha). (DENSIDADE DE SOLUÇÕES OU MISTURAS LIQUIDAS) MATERIAL E REAGENTES: clorobenzeno (ou pode ser utilizada uma mistura de diclorometano e acetato de etila na proporção de 1:1), solução alcoólica de iodo, cloreto de sódio PROCEDIMENTO 1. Coloque, em um tubo de ensaio, 2 mL de água, 2 mL de clorobenzeno e três gotas de solução alcoólica de iodo. 2. Agite o tubo e identifique as duas fases líquidas, fase inferior e fase superior (o iodo é solúvel na fase orgânica gerando uma solução cor de rosa). 3. Acrescente aproximadamente 0,5 g de cloreto de sódio. Agite o tubo até dissolução completa do cloreto de sódio. 4. Identifique novamente as duas fases líquidas, fase inferior e fase superior. UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ PRÓ-REITORIA DE ENSINO E GRADUAÇÃO DIVISÃO DE APOIO AO ENSINO MISCIBILIDADE INTRODUÇÃO Enquanto todos os gases são perfeitamente miscíveis entre si, esse não é o caso dos líquidos. Considerando combinações entre dois líquidos (sistemas binários), os componentes podem ser totalmente miscíveis, parcialmente miscíveis ou imiscíveis. Exemplos bem conhecidos desse comportamento diferenciado são os sistemas água/álcool (perfeitamente miscíveis) e água/óleo (miscíveis) A miscibilidade ou compatibilidade entre dois líquidos baseia-se na semelhança da constituição das respectivas moléculas e conseqüentemente, na semelhança dos tipos de interações intermoleculares em cada substância. Assim o álcool etílico é miscível com água em qualquer proporção, pois os componentes são constituídos por moléculas pequenas caracterizadas por funções –OH (água: HOH, etanol: C2H5OH). Na medida que aumentamos a cadeia hidrocarbônica do álcool, a molécula perde gradualmente sua semelhança estreita com a água. Assim o butanol (C4H9OH) é apenas parcialmente miscível com água e o octanol (C8H17OH) é praticamente imiscível com água. A miscibilidade de um líquido com outro pode ser prevista qualitativamente, portanto, pelo exame estrutural das moléculas que compõem as substâncias. Todavia, quantitativamente, propriedades como o momento de dipolo e a constante dielétrica podem ser levadas em consideração. A polaridade de uma molécula depende da presença de um momento de dipolo elétrico ( ) permanente em sua estrutura, o qual se verifica quando o centro de carga (q) positiva da molécula não coincide com o centro de carga (q) negativa e estão, portanto, separados de uma distância (r). Assim definimos = qr, uma grandeza vetorial que é descrita tanto por seu módulo como pela sua direção em unidades de debye (D). Moléculas que possuem 0 são ditas “polares” e as que possuem = 0, “não polares” ou “apolares”. A constante dielétrica de um meio uniforme (Ɛ) é definida de pela equação: F = qq’/ Ɛ r2 onde F é a força de atração entre duas cargas q e q’ separadas por uma distância r. Quanto maior a Ɛ do meio, menor a força de atração entre as cargas, o que em outras palavras significa que, um líquido com alta constante dielétrica é capaz de solvatar bem íons mantendo-os dissociados em solução. A água é um dos líquidos com maior constante dielétrica ( Ɛ 78), enquanto os líquidos orgânicos mais comuns apresentam constantes dielétricas entre 2 e 40. Tabela 2: Momentos de dipolo e constantes dielétricas de alguns solventes. nome fórmula Ɛ n-hexano C6H14 0 1,89 ciclohexano C6H12 0 2,02 benzeno C6H6 0 2,28 tolueno C6H5CH3 0,36 2,38 clorofórmio CHCl3 1,01 4,81 dietiléter C2H5OC2H5 1,15 4,34 diclorometano CH2Cl2 1,60 9,08 1-butanol C4H9OH 1,66 17,1 1-propanol C3H7OH 1,68 20,1 etanol C2H5OH 1,69 24,3 metanol CH3OH 1,70 32,6 etilenoglicol HOCH2CH2OH 2,28 37,5 acetona CH3COCH3 2,88 20,7 acetonitrila CH3CN 3,92 37,5 água H2O 1,85 78,5 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ PRÓ-REITORIA DE ENSINO E GRADUAÇÃO DIVISÃO DE APOIO AO ENSINO PARTE EXPERIMENTAL (MISCIBILIDADE- SEPARAÇÃO DE FASES LÍQUIDAS POR ADIÇÃO DE UM SOLUTO) A separação de uma fase orgânica a partir de sua mistura homogênea com água é possível pela adição de um sal. Esse processo é conhecido como “salting out” e é utilizado no laboratório e na indústria, por exemplo, de fabricação de sabão. MATERIAL E REAGENTES: tubos de ensaio, estante para tubos de ensaio, espátula, acetona, cloreto de amônio sólido, cloreto de sódio sólido, sulfato de sódio sólido, solução alcoólica de iodo a 1% PROCEDIMENTO: 1. Prepare três tubos de ensaio numerados com misturas de 2 mL de água e 4 mL de acetona. 2. Adicione a cada tubo 2-3 gotas de solução alcoólica de iodo e agite. 3. Acrescente ao primeiro tubo cerca de 0,5 g de cloreto de sódio, 4. Ao segundo tubo 0,5 g de cloreto de amônio 5. Ao terceiro tubo 0,5 g de sulfato de sódio. 6. Feche os tubos com uma rolha adequada, segure a rolha e agite as misturas vigorosamente. 7. Deixe os tubos em repouso e observe a separação de fases líquidas. Observação: a função do iodo é facilitar o reconhecimento das fases, pois, sendo mais solúvel em acetona, confere uma coloração amarelada a essesolvente. (MISCIBILIDADE (“solubilidade”) DE ÁLCOOIS) Objetivo: Examinar a solubilidade de alguns álcoois em solvente polar e apolar. PROCEDIMENTO: 1. Coloque 2 mL de hexano (solvente apolar) em três tubos de ensaio secos. 2. Adicione 1 mL de metanol ao primeiro tubo, 1 mL de 1-propanol ao segundo tubo e 1 mL de álcool isoamilico ao terceiro tubo. 3. Agite os tubos e observe em quais casos o álcool se dissolve completamente ou forma duas fases, indicando que o álcool não é completamente solúvel. Repita o procedimento anterior empregando água (solvente polar) no lugar de hexano.