Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Relacionamento Interpessoal Em 1952, a enfermeira e educadora, Hildegard E. Peplau, escreveu um livro que revolucionou o ensino e a prática da enfermagem psiquiátrica nos Estados Unidos, tendo como enfoque o potencial terapêutico do relacionamento de pessoa para pessoa. Identificou ainda os seguintes papéis de enfermagem Administradora – controla e manipula o ambiente para melhorar as condições para a recuperação do usuário Conselheira/Professora – é aquela que ouve enquanto o usuário revê sentimentos relacionados às dificuldades que está tendo em algum aspecto da vida. Ajuda o usuário a resolver problemas e tomar decisões relação a essas dificuldades Papéis do Enfermeiro nas relaçõe interpessoais em saúde mental Técnica – é aquele que tem conhecimento de vários recursos profissionais e possui as habilidades e competências clínicas necessárias para efetuar as intervenções que sejam no melhor interesse do usuário Cuidador – a principal função é a implementação da relação terapêutica para a construção da confiança Defensor– é o processo de atuar a favor do usuário, quando este não pode fazê-lo Relacionamento Interpessoal COMPONENTES DA RELAÇÃO TERAPÊUTICA 1. Confiança Componentes da confiança: carinho/cuidado, sinceridade, objetividade, respeito, interesse, compreensão, consistência, tratamento do usuário como ser humano, facilidade de abordagem, escuta ativa, honestidade Falta/Quebra de Confiança – quando o enfermeiro apresenta comportamentos inconsistentes ou incongruentes Relacionamento Interpessoal COMPONENTES DA RELAÇÃO TERAPÊUTICA 2. Interesse genuíno Quando o enfermeiro tem clareza de seus pontos fortes e limitações; tem consciência disto Relacionamento Interpessoal COMPONENTES DA RELAÇÃO TERAPÊUTICA 3. Empatia ≠≠≠≠ Simpatia É a habilidade de perceber sentidos e significados do usuário e comunicar-lhe essa compreensão. Ser capaz de colocar-se no lugar do outro Técnicas empáticas: Reflexão – “Vc está confuso pelo fato de seus filho ter pedido a chave do seu armário”? Esclarecimento – “vc está confuso a respeito do objetivo da visita de seu filho”? Relacionamento Interpessoal COMPONENTES DA RELAÇÃO TERAPÊUTICA 4. Aceitação Evitar julgar a pessoa seja qual for seu comportamento. O enfermeiro DEVE estabelecer limites no comportamento do usuário Exemplo: João, não coloque a mão em mim. Estamos discutindo sobre a sua relação com sua namorada. Não há necessidade de colocar a mão em mim Exemplo errado: João, pare com isso! O que deu em você? Relacionamento Interpessoal COMPONENTES DA RELAÇÃO TERAPÊUTICA 5. Consideração positiva Atitude de não julgamento incondicional, o que implica em respeito. Chamar o usuário pelo nome, pasar um tempo conversando com ele, ouvir e responder com sinceridade Exemplo: ... E o que aconteceu depois? Vc deveria estar muito chateado mesmo.... Exemplo errado: Mas isso não ajudou em nada, não é? Não acredito que vc fez isso? Relacionamento Interpessoal COMPONENTES DA RELAÇÃO TERAPÊUTICA 6. Autopercepção Processo de início de compreensão dos próprios valores, crenças, pensamentos, sentimentos, atitudes, motivações, preconceitos, pontos fortes e limitações e do modo como essas características afetam os outros Ambiente terapêutico � Cinco componentes de um ambiente terapêutico Contenção – O uso terapêutico comunica aos demais usuários que a enfermeira colocará controles externos quando necessário Apoio – inclui esforços conscientes da equipe para ajudar os usuários a se sentirem melhor e para o aumento em sua autoestima. Em suma, dar atenção ao usuário Estrutura – refere-se a todos os aspectos do ambiente que oferecem uma organização previsível de tempo, local e pessoa Envolvimento – a finalidade é reforçar o ego do usuário e modificar os padrões interpessoais desadaptados Validação – o enfermeiro comunica isso pela atenção individual, empatia e aceitação Para facilitar a compreensão sobre o nosso conhecimento em relação aos outros e a nós mesmos , Joseph Luft e Harrington Inghan criaram um diagrama conhecido pelo nome Janela de Johari, onde através de quatro retângulos dispostos em forma de uma janela, podemos analisar o processo de nossa percepção sobre nós mesmos e os outros Como a convivência influencia nosso comportamento? Os autores partiram do princípio que cada um de nós tem quatro imagens ou situações distintas A JANELA DE JOHARI 1- Eu sei e os outros também 2- Só os outros sabem 3- Só eu sei 4- Nem eu nem os os outros sabem. 1. IMAGEM ABERTA OU SERENA Eu sei quem sou e os outros também. É a parte da janela que mostra a parte fundamental do nosso relacionamento com os outros, porque somos capazes de revelar-nos conscientemente. Esta parte se abre na medida em que a confiança e a verdade aumentam. É a troca livre e aberta de informações 2- IMAGEM CEGA OU OLHAR DOS OUTROS. É o que não percebemos de nós mesmos mas que os outros percebem. O que os outros pensam de nós e não sabemos. Os outros também tiram conclusões a nosso respeito e não revelam com medo de magoar-nos ou até porque, às vezes, não permitimos 3. IMAGEM SECRETA OU FACHADA É o que sabemos de nós mesmos mas não revelamos: é nossa parte secreta, a nossa intimidade. São aquelas coisas que pensamos ou fazemos e que não queremos revelar por medo, por segurança, por vergonha e que temos medo de que os outros saibam e nos condene 4. IMAGEM DESCONHECIDA OU SUBTERRÂNEA É a parte desconhecida de nós e dos outros. É tudo o que se passou em nossa história e que está inconsciente e que ainda não foi explorado Fases do Relacionamento de acordo Peplau Fase introdutória ou de orientação - determinar o motivo pelo qual o usuário procurou ajuda, estabelecer confiança, aceitação e comunicação franca, explorar os pensamentos, os sentimentos e as ações dele identificando os problemas, definir objetivos com o usuário, bem como, estabelecer acordo mútuo para incluir nomes, funções, responsabilidades, expectativas, finalidade, local de encontro, condições para o término e confidencialidade Fases do Relacionamento Fase de trabalho - investigar os estressores relevantes, promover o desenvolvimento da introvisão do usuário e o uso de mecanismos de adequação construtivos, discutir e superar os comportamentos de resistência Mecanismos de transferência e contrareferência Fase de encerramento - estabelecer a realidade da separação, rever o progresso da terapia e o alcance dos objetivos, ajudá-lo transferir para suas interações com os outros o que aprendeu no relacionamento, enfermeiro–usuário Fases do desenvolvimento de relações e principais metas de enfermagem Fase Metas 1. Orientação (introdutória) Estabelecer confiança Formular contrato para intervenção 2. De trabalho Promover mudanças no usuário 3. Término Avaliar se as metas foram atingidas Assegurar o fechamento terapêutico Comunicação Terapêutica Comunicação verbal Comunicação Comunicação não verbal É uma interação interpessoal enfermeiro/usuário, em que o enfermeiro concentra-se nas necessidades do usuário para promover a troca de informações, utilizando as técnicas necessárias O processo da comunicação � A comunicação humana é um processo dinâmico que é influenciado pelas condições psicológicas e fisiológicas dos participantes. São identificados cinco componentes funcionais Emissor Mensagem a informação transmitida do emissor para o receptor Receptor recebe a mensagem, cujo comportamento é influenciado por ela Retorno/Feedback resposta do receptor para o emissor Contexto/ambiente local onde a comunicação ocorre o gerador da mensagem Comunicação Facilitadora � A teoria da comunicação é relevante para a prática de enfermagem psiquiátrica por três motivos principais 1 2 a comunicação é um meio pelo qual as pessoas influenciam o comportamento das outras tornando assim possível um bom resultado da intervenção de enfermagem direcionada a promover a alteração comportamental adaptativa 3 a comunicação estabeleceum relacionamento terapêutico a comunicação é o próprio relacionamento O ambiente em que a interação ocorre � É o meio pelo qual as diversas culturas usam o espaço/distância para se comunicar. Hall (1966) identificou 4 tipos de interação espacial Proxêmica Distância íntima Distância pessoal – reservada para interações pessoais Distância social – conversas com estranhos ou conhecidos Distância pública – inclui falar em público Comunicação Terapêutica Privacidade e respeito aos limites Toque É uma interação interpessoal enfermeiro/usuário, em que o enfermeiro concentra-se nas necessidades do usuário para promover a troca de informações, utilizando as técnicas necessárias Ouvir atentamente e observar Comunicação Terapêutica HABILIDADES DACOMUNICAÇÃO VERBAL Uso de mensagens concretas – palavras claras. Pessoas ansiosas perdem as habilidades de processamento cognitivo Ex: Que sintomas trouxeram o senhor ao hospital? Mensagens abstratas – não oferecem clareza e contêm figuras de linguagem difíceis de interpretar Ex: Como o sr. veio para cá? Comunicação não verbal ♦♦♦♦ pernas, pés e movimentos do corpo ♦♦♦♦ mãos , braços e gestos ♦♦♦♦ mediação dos objetos e tiques ♦♦♦♦ olhar, expressões faciais e riso ♦♦♦♦ ruídos e signos vocais / paralingüísticos ♦♦♦♦ manifestações psicofisiológicas LINGUAGEM NÃO VERBAL ♣gestos ♣ olhar ♣movimentos ♣ expressões faciais ♣ riso e sorriso ♣ aparência ♣ distância ♣ pontualidade ♣ tempo pessoal ♣ velocidade de fala ♣ dicção ♣ entonação de voz ♣ ênfase SIGNOS NÃO-VERBAIS ☺65% da mensagem ☺ reforçam a mensagem falada ☺ prendem a atenção ☺ descarregam a tensão ☺ exprimem intenções-estados afetivos FUNÇÃO = INTERAÇÃO Impasses terapêuticos 1.Resistência1.Resistência Os bloqueios na progressão do relacionamento entre o enfermeiro e o usuário, são de três tipos principais tentativa do usuário de não perceber os aspectos que geram ansiedade nele próprio, tornando-se uma relutância natural ou uma defesa. Algumas formas de resistência Supressão e repressão de informações pertinentes Intensificação dos sintomas Autodepreciação e visão negativa quanto ao futuro Comportamento de teatralização ou irracional Conversa superficial usuário desenvolveu o discernimento, mas se recusa a assumir responsabilidades Impasses terapêuticos 2. Transferência Os bloqueios na progressão do relacionamento entre o enfermeiro e o usuário, são de três tipos principais Resposta inconsciente em que o usuário experimenta sentimentos e atitudes pelo enfermeiro que estavam originalmente associados a figuras significativas em sua vida. O termo refere-se a um conjunto de reações que tentam reduzir ou aliviar a ansiedade Impasses terapêuticos 3. Contratransferência Os bloqueios na progressão do relacionamento entre o enfermeiro e o usuário, são de três tipos principais É um impasse terapêutico criado pelo profissional, freqüentemente em resposta a uma resistência do usuário Dificuldade de criar empatia com o paciente Sentir-se deprimida durante ou depois da sessão Sonolência durante as sessões Sentir raiva ou impaciência com a falta de vontade de mudar do paciente Estimular a dependência, o elogio ou o afeto do paciente Necessidade de defender as intervenções de enfermagem com o paciente perante os outros Técnica de comunicação terapêutica Ouvir atentamente – prestar atenção ao que o usuário está dizendo, tanto verbal como não Comportamentos não verbais facilitadores da comunicação terapêutica acrônimo – SOLER S – sente-se de frente para o usuário. Identifique-se O – observe uma postura aberta. Mantenha braços e pernas descruzados L – lance o corpo para frente em direção ao usuário E – estabeleça contato ocular R – relaxe! Algumas técnicas de comunicação terapêutica Técnica Definição Exemplo Ouvir Processo ativo de receber as informações e examinar a sua própria reação às mensagens recebidas Manter o contato visual e a comunicação não verbal receptiva Amplas aberturas Estimular o usuário a escolher o tema da discussão “O que você está pensando?” Reafirmação/ Reelaborar o que foi dito Resumir as mensagens do usuário em suas próprias palavras e deixar que ele responda “ele diz: o tratamento dá vontade de gritar” Vc diz: vc está dizendo que o tratamento lhe incomoda Esclarecimento/ busca de informações Tentar pôr em palavras as idéias vagas do usuário “Não estou certa do que você quer dizer, poderia repetir?” Reflexão Orientar idéias, sentimentos, dúvidas e satisfação de volta para o usuário “Você está tenso e ansioso, e isso tem relação com a conversa que você teve com sua mãe ontem?” Algumas técnicas de comunicação terapêutica Técnica Definição Exemplo Focalização Questões ou afirmações que ajudem o usuário a ir além do assunto de interesse “Acho que deveríamos falar mais sobre você e seu pai” Investigação Ressaltar os temas ou problemas que surgem repetidamente “O que você está pensando?” Silêncio Falta de comunicação verbal por motivo terapêutico Sentar com o paciente e comunicar de modo não verbal, o interesse e o envolvimento Dicas Gerais/ Orientações gerais Estimular o proseguimento “Continue” “E depois?” “Fale a respeito”. Algumas técnicas de comunicação terapêutica � Técnicas � Usar o silêncio como propósito terapêutico � Aceitar � Dar reconhecimento � Fazer aberturas amplas � Oferecer dicas gerais � Exemplos � “sentar-se com o usuário e comunicar o interesse de modos não verbais” � “É, eu entendo o que vc diz”. Contato ocular, meneando a cabeça � “Vejo que vc fez um cinzeiro na TO” � Sobre o que vc quer falar? � “Conte-me o que vc está pensando” � “É, estou vendo” � “Continue” � “E depois”? � Refletir � Encorajamento da descrição de uma percepção � Apresentar a realidade � U: “O que vc acha que devo fazer quanto ao problema dele (o marido) me bater” � E: “O que vc acha que tem que fazer”? � “Será que vc pode explicar essa situação com mais detalhes”? “Conte-me mais sobre essa situação”; “O que está acontecendo?” � “Entendi direito o que vc disse...”? “Vejo que as vozes parecem reais para vc, mas eu não escuto voz nenhuma” � Expressar dúvidas � Verbalizar o implícito � Encorajamento das comparações � “Não vejo mais ninguém no quarto a não ser vc e eu”. “Acho difícil acreditar nisso”. “Isso parece muito duvidoso para mim” � U: “Estou perdendo tempo aqui. Não posso falar com ninguém” � E: “Vc está sentindo que ninguém lhe entende?” � “Algo te parece...?”; “Já teve experiência semelhante”? Técnicas de comunicação não terapêuticas � Dar reconforto/reasseguramento � Rejeitar � Concordar/discordar � “Eu não me preocuparia com isso se fosse vc”. “Tudo vai ficar bem” � Melhor dizer: “Vamos trabalhar nisso juntos” � “Não vamos discutir...” “Não quero nem ouvir falar em ...” � Melhor dizer: Vamos ver isso melhor � “Está certo. Eu concordo” “Está errado. Eu discordo” � Melhor dizer: “Vamos discutir o que vc acha ser injusto quanto à...” � Dar conselhos � Defender � Fazer comentários estereotipados � “Acho que vc deveria...”? “Por que vc não...” � “Ninguém aqui mentiria para vc...” Vc tem um médico muito bom, pergunte a ele” � Melhor dizer: “Vou tentar responder suas perguntas sobre seu tratamento...” � “Eu estou bem e vc”? “Agüente firme. É para o seu bem” � Melhor dizer: “A terapia deve ser difícil para vc às vezes. Como vc se sente quanto a seu progresso nesse momento”? � Solicitar explicação � Usar de negação � Indicar a existência de uma fonte externa de poder � “Por que você se sente assim? � Melhor dizer: “Vou tentar responder suas perguntas”? � “U = eu não sou nada...” � Enf: “É claro que vc é alguma coisa. Todo mundo é alguém” � “O que deixou vc tão furioso ontem à noite?” � Melhor dizer: “Descreva o que vc estava sentindo antes disso acontecer”?
Compartilhar