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PRÁTICAS DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO PROFESSOR (A):COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA PRÁTICAS DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PRÁTICAS DA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521 2 Sumário 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 3 2 O ENSINO DA LÍNGUA ........................................................................................... 5 3 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO ....................................................................... 8 3.1 Conceitos......................................................................................................... 10 3.2 Mitos ................................................................................................................ 13 3.3 Dimensões e importância ................................................................................ 14 3.4 Letrar é mais que alfabetizar ........................................................................... 15 3.5 Avaliando o termo e medindo o nível de letramento ........................................ 20 4 O PAPEL DO LETRAMENTO NA SOCIEDADE E NA ESCOLA ........................... 21 5 AS CONTRIBUIÇÕES DO EDUCADOR NO PROCESSO DE ALFABETIZAR LETRANDO .............................................................................................................. 26 5.1 Sua responsabilidade ...................................................................................... 26 5.2 Sua Conscientização ....................................................................................... 27 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 29 INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PRÁTICAS DA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521 3 1 INTRODUÇÃO O objetivo geral do curso de especialização em Alfabetização e Letramento é proporcionar subsídios teóricos e metodológicos que favoreçam o desenvolvimento das competências profissionais do professor levando-o a atender ao princípio do “alfabetizar letrando”. Aprender a conviver, respeitando as diferenças existentes entre os seres humanos é um dever nosso como membros da sociedade a qual fazemos parte, sociedade esta, onde encontramos muitas pessoas que mesmo sabendo ler e escrever, não conseguem interpretar o que estão lendo ou escrevendo. Ler não é apenas decodificar; é analisar e contextualizar a leitura. É saber opinar, concordando ou discordando do que se está lendo. Apesar de estarmos inseridos nesta sociedade, que é marcada pela exclusão, na via contrária, podemos encontrar pessoas que, mesmo não possuindo nenhum diploma de Ensino Fundamental, sabem dar o devido valor à leitura, como fonte de cultura. Pois bem, o mundo globalizado onde impera a competição acirrada está ai na nossa frente e cobra cidadãos críticos, autônomos, criativos que dominem a leitura, a escrita e a arte de criticar, portanto, o curso de especialização em Alfabetização e Letramento é uma oportunidade para que os educadores entendam detalhes e diferenças entre os termos citados e percebam que o objetivo maior de sua prática educativa deve passar pela máxima: “alfabetizar letrando”. Os objetivos específicos que esperamos levá-los a alcançar ao longo do curso são: Diferenciar os termos alfabetização e Letramento e a importância de alfabetizar letrando. Compreender que a aprendizagem se realiza através da relação do sujeito com o meio e que o professor é um mediador nesse processo devendo utilizar dos mais variados recursos e metodologias para alfabetizar. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PRÁTICAS DA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521 4 Entender a evolução das políticas públicas e que existem inúmeros programas e ações que pautam o trabalho da educação pública no Brasil, buscando atender todos os segmentos da sociedade. Conhecer as diversas teorias desenvolvidas no campo da Psicologia voltadas para o desenvolvimento da criança e dos processos de aprendizagem. Esclarecemos dois pontos importantes. Primeiro: este trabalho não é original, trata-se de uma reunião de materiais e pensamentos de autores diversos que acreditamos, fornecem o essencial para o curso em epígrafe. Segundo: ainda que a apostila de Metodologia Científica e as Orientações de Trabalhos de Conclusão de Curso tenham explicado que, embora haja controvérsias, trabalhos científicos devem ser redigidos preferencialmente em linguagem impessoal, justificamos que nossa intenção é dialogar com o aluno, portanto abrimos mão dessa regra e optamos por uma linguagem, digamos, informal, tentando nos aproximar e nos fazermos entender mais claramente. Questionamentos e dúvidas podem surgir ao longo desse caminho, e muito embora tenhamos como missão abrir os horizontes, levá-los a se tornarem especialistas na questão, pedimos desculpas por essas lacunas que possam surgir, no entanto, deixamos ao final da apostila uma lista de referências bibliográficas consultadas e utilizadas onde poderão pesquisar mais profundamente algum tema que tenha chamado atenção ou a desejar. Boa leitura e bons estudos a todos! INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PRÁTICAS DA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521 5 2 O ENSINO DA LÍNGUA A língua é um sistema que tem como centro a interação verbal, que se faz através de textos ou discursos, falados ou escritos, o que significa que esse sistema depende da interlocução (inter+locução = ação linguística entre sujeitos). Partindo dessa concepção, uma proposta de ensino de língua deve valorizar o uso da língua em diferentes situações ou contextos sociais, com sua diversidade de funções e sua variedade de estilos e modos de falar. Para estar de acordo com essa concepção, é importante que o trabalho em sala de aula se organize em torno do uso e que privilegie a reflexão dos alunos sobre as diferentes possibilidades de emprego da língua (BRASIL, 2008). Isso implica, certamente, a rejeição de uma tradição de ensino apenas transmissiva, isto é, preocupada em oferecer ao aluno conceitos e regras prontas, que ele só tem que memorizar, e de uma perspectiva de aprendizagem centrada em automatismos e reproduções mecânicas. Por isso é que uma adequada proposta para o ensino de língua deve prever não só o desenvolvimento de capacidades necessárias às práticas de leitura e escrita, mas também de fala e escuta compreensiva em situações públicas (a própria aula é uma situação de uso público da língua) (BRASIL, 2008). A linguagem está onde o homem está, pela necessidade de interagir, de trocar, de comunicar. As narrativas, principalmente, marcam a história da humanidade, possibilitando que cada nova geração conheça a História e as histórias das outras gerações que a antecederam. Orais e escritas, as narrativas compõem um acervo de conhecimentos rico e culturalmente diverso (WOLF; SILVA, 1997). O fato é que a inventividade humana construiu o mundo que temos hoje com todos os acertos e erros, vantagens e desvantagens, certezas e incertezas. Todos têm direito de conhecer esses conhecimentos acumulados historicamente e de conhecer os contextos em que foram produzidos. O conhecimento da linguagem escrita, nesse sentido, é fundamental. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PRÁTICAS DA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521 6 Um grande marco na história da humanidade foi, sem dúvida, a invenção da escrita. Ao longodos séculos foi sendo aperfeiçoada, recriada. Seus usos e funções foram variando, acompanhando as necessidades do homem de registrar suas memórias, de alcançar mundos não alcançados anteriormente, pela palavra oral, de veicular ideias, de criar novas realidades. Ao longo do tempo, do mesmo modo, os conhecimentos foram se especificando, definindo-se por áreas, e em consequência, determinando novos modos de escrever, de registrar esses diferentes domínios do saber. Os suportes em que a escrita é realizada foram sendo ampliados e transformados, e hoje temos a escrita em papéis, livros, em faixas de tecido, madeira, na televisão, nas legendas de filmes, em embalagens, etiquetas, composições artísticas, e, mais recentemente, nas telas dos computadores. Segundo consta nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) para a Língua Portuguesa, o domínio da língua, oral e escrita, é fundamental para a participação social efetiva, pois é por meio dela que o homem se comunica, tem acesso à informação, expressa e defende pontos de vista, partilha ou constrói visões de mundo, produz conhecimento (BRASIL, 1997). A escrita, então, nos marca de várias maneiras e com várias finalidades. Ganhou peso tão grande, principalmente jurídico, nas sociedades que a utilizam que, em grande parte das situações sociais que vivemos, a nossa palavra, a nossa voz, não é suficiente, é necessário escrever e assinar. Tornou-se um marcador e separador social forte também: os analfabetos e os alfabetizados, gerando preconceitos e afastando milhões de pessoas de uma participação cidadã no espaço social. Nesse mesmo contexto temos que a má distribuição de bens econômicos está vinculada estreitamente à má distribuição de bens culturais e assim, também acontece com a escrita. Ou seja, milhões de pessoas, mesmo tendo passado pela escola, não dão conta de participar de modo integral da sociedade letrada, porque o domínio que possuem da escrita é tão pouco significativo que não lhes permite ler e escrever textos mais complexos. Assim, observamos que aprender a ler e escrever demanda conhecer não só vários assuntos, mas saber registrá-los de formas socialmente legitimadas e INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PRÁTICAS DA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521 7 valorizadas. A tradição dos educadores tem sido uma preocupação intensa com a mecânica da escrita, isto é, com a análise da língua e com o desenho e soletração das palavras principalmente nas séries iniciais do Ensino Fundamental. Hoje, sabemos a importância, para escrever bem, de conhecer os discursos das várias áreas de conhecimento, ou melhor, como cada área de conhecimento apresenta os saberes ali construídos. O letramento, então, está associado aos muitos conhecimentos que se desenvolveram, a partir da escrita e com a escrita, como grandes campos do saber: ciências, arte, filosofia e religião. Estes conhecimentos se organizam de modos diferentes, com textualidades diferentes e estão associados a conteúdos diferentes (SOARES, 2003). O desenvolvimento do ser humano vai-se marcando através dos tempos pelas suas descobertas, invenções, criações de vários tipos, e também por necessidades que se vão definindo em função das mudanças de vida, geradas por aquelas descobertas, invenções e outras ações humanas. O fato é que a inventividade humana construiu o mundo que temos hoje com todos os acertos e erros, vantagens e desvantagens, certezas e incertezas. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PRÁTICAS DA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521 8 3 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO Moramos num país onde a diversidade é inesgotável, seja no aspecto geográfico, social, político, econômico ou religioso. Aprender a conviver, respeitando essas diferenças é um dever nosso como membros da sociedade que fazemos parte. Para se ter certa “harmonia”, é preciso mencionar a palavra cidadania, pois a ignorância dos direitos e deveres, inerentes a cada pessoa, faz com que se torne cada dia mais difícil conviver em sociedade, principalmente em se tratando da nossa. Existem assim, nesta sociedade, pessoas que mesmo sabendo ler e escrever, não conseguem interpretar o que estão lendo ou escrevendo. Ler não é apenas decodificar; é analisar e contextualizar a leitura. É saber opinar, concordando ou discordando do que se está lendo. Apesar de estarmos inseridos nesta sociedade, que é marcada pela exclusão, podemos encontrar pessoas que, mesmo não possuindo nenhum diploma de Ensino Fundamental, sabem dar o devido valor à leitura, como fonte de cultura. O hábito da leitura deve fazer parte do nosso cotidiano. Faz-se urgente a revitalização da busca do conhecimento através dos livros. Pois, ao nos debruçarmos sobre eles, mergulhamos num mar de fantasias, viajamos no tempo, conhecemos o estilo de época em que foi escrito – em se tratando de livros literários; ou podemos encontrar na literatura atual, aqueles que buscam trazer à tona questões as mais variadas possíveis, levando o leitor a conhecer a realidade, sendo presença das várias manifestações sociais existentes. Logo, a história da leitura consiste na história das possibilidades de ler. Segundo Freire (1982, p.80) desde muito pequenos aprendemos a entender o mundo que nos rodeia. Por isso, antes mesmo de aprender a ler e a escrever palavras e frases, já estamos lendo, bem ou mal, o mundo que nos cerca. Mas este conhecimento que ganhamos de nossa prática não basta. Precisamos ir além dele. Precisamos conhecer melhor as coisas que já conhecemos e conhecer outras que ainda não conhecemos. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PRÁTICAS DA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521 9 Assim, observamos que atualmente passa-se por um momento de transformações de ideias e práticas pedagógicas, principalmente no Brasil, em função das pesquisas ocorridas nas três últimas décadas. Essas pesquisas desencadearam uma revolução conceitual, uma mudança de paradigma. Nossa sociedade está cada vez mais globalizada, mais complexa, exigindo um aprimoramento constante; criando novas necessidades e oportunidades. Há alguns anos, as pessoas eram classificadas em alfabetizadas ou analfabetas, pela condição de saber, ou não, escrever o próprio nome – condição para que se pudesse votar e escolher os governantes. Na década de oitenta, surgiu o termo analfabetismo funcional para designar as pessoas que, sabendo escrever o próprio nome e identificar letras, não sabiam fazer uso da leitura e da escrita, sendo, portanto, um analfabeto funcional (COLELLO, 2003). Se no início dos anos 1980, os estudos acerca da psicogênese da língua escrita trouxeram aos educadores o entendimento de que a alfabetização, longe de ser a apropriação de um código, envolve um complexo processo de elaboração de hipóteses sobre a representação linguística; os anos que se seguiram, com a emergência dos estudos sobre o letramento, foram igualmente férteis na compreensão da dimensão sociocultural da língua escrita e de seu aprendizado (COLELLO, 2003). Reforçando os princípios divulgados por Vygotsky e Piaget, a aprendizagem se processa em uma relação interativa entre o sujeito e a cultura em que se vive. Para Colello (2003), isso quer dizer que, ao lado dos processos cognitivos de elaboração absolutamente pessoal (ninguém aprende pelo outro), há um contexto que, não só fornece informações específicas ao aprendiz, como também motiva, dá sentido e “concretude” ao aprendido, e ainda condiciona suas possibilidades efetivas de aplicação e uso nas situações vividas. Mas, observou-se que, mesmo dentre os que permaneciam por mais tempo nas escolas,alguns não eram capazes de interagir e se apropriar da leitura e da escrita. Criou-se, então, o termo “letramento”, para designar esta nova condição, compilado no Brasil, por publicações de Ângela Kleiman (1995), Magda Soares (1995, 1998) e Leda Tfouni (1995), tendo sido usado pela primeira INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PRÁTICAS DA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521 10 vez por Mary Kato em 1986, na obra: “No mundo da escrita: uma perspectiva psicolinguística”. Assim, a concepção de letramento contribuiu para redimensionar a compreensão que hoje tem-se sobre: 1º. As dimensões do aprender a ler e a escrever; 2º. O desafio de ensinar a ler e a escrever; 3º. O significado do aprender a ler a escrever; 4º. O quadro da sociedade leitora no Brasil; 5º. Os motivos pelos quais tantos deixam de aprender a ler e a escrever; 6º. As próprias perspectivas das pesquisas sobre letramento. Surge, então, a necessidade das escolas repensarem seu papel social. Não apenas alfabetizar. Não apenas fazer com que o indivíduo permaneça na escola por mais tempo, mas dar qualidade a esse tempo de permanência nas escolas. Ou seja, letrar os seus alunos, pois o letramento possibilita que o indivíduo modifique as suas condições iniciais, sob os aspectos: social, cultural e econômico para este crescer tanto cognitiva quanto criticamente (COLELLO, 2003). 3.1 Conceitos Segundo Magda Soares (2004, p. 20), a alfabetização é um processo inicial de aquisição das capacidades básicas de leitura e escrita, que busca o domínio da linguagem escrita e suas transformações. Conta com as seguintes fases: Fase da garatuja; Pré-silábica; Silábica; INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PRÁTICAS DA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521 11 Silábica-alfabética; Alfabética-ortográfica. Não incide na casualidade, pela simples agregação das formas aos sons e aos símbolos, mas começa pelo letramento, ou seja, através dos conhecimentos diários, que acontecem muitas vezes por meio de ensaios e erros. Tudo isso acontece através da comunicação, onde existe o emissor – receptor – emissor de informações ou de conhecimentos. Portanto, a construção do aprendizado passa pela alfabetização, letramento, leitura do mundo, pela mídia, pela globalização e meios tecnológicos de ensino aprendizagem. Numa visão simplista, alfabetizada é a pessoa que aprende a ler e a escrever. Já o analfabeto, claramente é definido como aquele que não sabe ler nem escrever. O letramento cobre uma vasta gama de conhecimento, habilidades, capacidades, valores, usos e funções sociais, portanto definir seu conceito é de grande dificuldade. É preciso estudar a dimensão individual, atributo pessoal e estudar também a dimensão social que envolve todo um fenômeno social. Estas são, portanto, as duas dimensões que se traduzem no primeiro passo para definir adequadamente a palavra letramento, as quais serão analisadas mais adiante. Neste momento pode-se definir Letramento, como a condição de uma pessoa que ao aprender a ler e escrever, passa a fazer uso da leitura e da escrita. Socialmente e culturalmente, a pessoa letrada já não é mais a mesma que era, ela passa a ter outra condição social e cultural. Uma língua, portanto, não se reduz a mero inventário de palavras e regras de bem usá-las. Uma língua implica construção de sentidos, que se dá, necessariamente, no processo de interlocução, isto é, nas interações que um sujeito estabelece com o outro, em um determinado contexto social, histórico e cultural (CALKINS, 1989). INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PRÁTICAS DA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521 12 Poderíamos dizer, partindo desta premissa, que o resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler e escrever, o estado ou a condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita, seria a definição para Letramento. De acordo com Soares (2004, p.19), letramento é palavra e conceito recentes, introduzidos na linguagem da educação e das ciências linguísticas há pouco mais de duas décadas. Seu surgimento pode ser interpretado como decorrência da necessidade de configurar e nomear comportamentos e práticas sociais na área da leitura e da escrita que ultrapassem o domínio do sistema alfabético e ortográfico, nível de aprendizagem da língua escrita perseguido, tradicionalmente, pelo processo de alfabetização. Na verdade, Letramento é uma tradução para o português da palavra inglesa “literacy” que pode ser traduzida como a condição de ser letrado. Assim, um indivíduo alfabetizado não é necessariamente um indivíduo letrado. Alfabetizado é aquele indivíduo que sabe ler e escrever; letrado é aquele que sabe ler e escrever, mas que responde adequadamente às demandas sociais da leitura e da escrita. Portanto, alfabetizar letrando é ensinar a ler e escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita, assim o educando deve ser alfabetizado e letrado. Visto essas definições, podemos dizer que a linguagem é um fenômeno social, estruturada de forma ativa e grupal do ponto de vista cultural e social. Uma estudante norte-americana, de origem asiática, Kate M. Chong, ao escrever sua história pessoal de letramento, define-o em um poema que merece ser colocado na íntegra para ilustração do que acabamos de pontuar: O QUE É LETRAMENTO? INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PRÁTICAS DA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521 13 Letramento não é um gancho em que se pendura cada som enunciado, não é treinamento repetitivo de uma habilidade, nem um martelo quebrando blocos de gramática. Letramento é diversão é leitura à luz de vela ou lá fora, à luz do sol. São notícias sobre o presidente O tempo, os artistas da TV e mesmo Mônica e Cebolinha nos jornais de domingo. É uma receita de biscoito, uma lista de compras, recados colados na geladeira, um bilhete de amor, telegramas de parabéns e cartas de velhos amigos. É viajar para países desconhecidos, sem deixar sua cama, é rir e chorar com personagens, heróis e grandes amigos. É um atlas do mundo, sinais de trânsito, caças ao tesouro, manuais, instruções, guias, e orientações em bulas de remédios, para que você não fique perdido. Letramento é, sobretudo, um mapa do coração do homem, um mapa de quem você é, e de tudo que você pode ser (in: SOARES, 1998). 3.2 Mitos Tornar-se letrado é um processo no qual o indivíduo se engaja mais ou menos, de acordo com seu papel, seus interesses e suas necessidades na INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PRÁTICAS DA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521 14 comunidade em que vive. Contudo, o fato de um indivíduo não necessitar do código escrito para interagir socialmente não significa de maneira alguma que ele seja menos inteligente do que aquele que faz uso da escrita, ou que ele seja incapaz de funcionar satisfatoriamente em seu meio social. Este é um dos mitos sobre letramento predominantes no senso comum: o de se pensar que aquele que não faz uso do código escrito para se comunicar seja incapaz de raciocinar logicamente, de inferir informações ou de se expressar oralmente (DESCARDECI, 2001 apud SOARES, 2003b) Soares (2003b) expõe ainda, outro mito muito comum, que de certa forma decorre do descrito acima, é o de se pensar que o adulto iletrado deva ser tratado como criança, porque ele pensa como criança. O exemplo mais marcante desse mito encontra-se nos livrosdidáticos para ensino de adultos. Estes, em sua maioria, reproduzem o modelo e a linguagem daqueles usados em cursos regulares de alfabetização e pós-alfabetização. Há que se considerar, contudo, que adultos que retornam à escola, ou que a procuram pela primeira vez, vêm de uma experiência de vida completamente diferente daquela das crianças, bem como com objetivos completamente distintos. O uso que eles fazem da linguagem em suas vidas também difere daquele das crianças. O modo como eles representam o mundo também é diferente. Um terceiro mito sobre o letramento refere-se à crença de que a modalidade escrita de representação da mensagem seja superior a outras modalidades. É tendência comum em sociedades letradas se atribuir maior relevância à escrita do que a outros modos de representação. Contudo, o código escrito não pode ser entendido senão em relação com outros modos de representação da mensagem, tais como imagens, “layout” e recursos tipográficos (formato das letras). A escrita é um modo de representação que se combina com outros na composição da mensagem. 3.3 Dimensões e importância A dimensão individual INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PRÁTICAS DA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521 15 Ler e escrever são duas das habilidades concernentes à palavra letramento, embora sejam ações que devam ser analisadas e estudadas separadamente visto que cada uma possui características próprias. Assim através da leitura e escrita de uma pessoa dizemos se é iletrada ou letrada e qual este nível. Então, letramento deixa de ter aflorada sua dimensão individual e passa a ser o resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler e escrever: o estado ou a condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita. E sobre isso Paulo Freire (2001) afirma que aprender a ler, a escrever, alfabetizar-se é, antes de mais nada, aprender a ler o mundo, compreender o seu contexto, não numa manipulação mecânica de palavras, mas numa relação dinâmica que vincula linguagem e realidade. A dimensão social De acordo com Soares (2003a), um grave problema é que há pessoas que se preocupam com alfabetização sem se preocupar com o contexto social em que os alunos estão inseridos. Assim, a escola além de alfabetizar, precisa dar condições necessárias para o letramento. Observando por este ângulo, letramento não é simplesmente um conjunto de habilidades individuais, mas sim o conjunto de práticas sociais ligadas à leitura e à escrita em que os indivíduos se envolvem em seu contexto social. Torna se, portanto, funcional como um instrumento para responder a demandas sociais e para realizar metas pessoais. 3.4 Letrar é mais que alfabetizar Até bem pouco tempo foi consensual o sentido atribuído aos conceitos de analfabeto, analfabetismo, alfabetização: INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PRÁTICAS DA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521 16 Analfabeto: o que não sabe ler e escrever; Analfabetismo: o estado ou condição de quem não saber ler e escrever; Alfabetização: o processo de ensinar a ler a escrever. Progressivamente – e particularmente ao longo das duas últimas décadas – vem-se revelando uma tendência a qualificar e precisar esses conceitos, ampliando seu significado. Assim, tanto na mídia quanto na literatura educacional, intensificam-se as discussões sobre um analfabetismo funcional, sobre o analfabeto funcional. Multiplicam-se as críticas a uma alfabetização que, embora ensine a ler e a escrever, não habilita os indivíduos a fazer uso da leitura e da escrita nem lhes facilita o acesso ao material escrito (KLEIMAN, 1995). Sabe-se somente em meados dos anos 1980 que os sistemas de ensino começam a reconhecer que a alfabetização não se reduz ao reconhecimento e uso das relações entre cadeia sonora da fala e a cadeia gráfica da escrita, limitando-se ao primeiro ano de escolaridade, à chamada classe de alfabetização. Além disso, a ampliação do tempo para a alfabetização, significando que a esta cabe apenas ensinar a ler e a escrever, mas também desenvolver habilidades de uso social da leitura e da escrita e gosto pelo convívio com material escrito. Ao mesmo tempo, e como consequência vai se modificando a metodologia da alfabetização, passando a defender-se que essa ocorra não por meio de tradicionais cartilhas, voltadas exclusivamente para a mecânica da leitura e da escrita, mas pelo convívio do analfabetizando com o material escrito que circula na sociedade, em diferentes gêneros. Como consequência, enfatiza- se cada vez mais a importância das bibliotecas públicas e escolares, do acesso ao livro, aos jornais, às revistas, da multiplicação de eventos que levem a criança à participação em práticas reais e não apenas escolares de leitura (CALKINS, 1989) Essa nova visão da aprendizagem da leitura e da escrita é que faz surgir no vocabulário educacional o termo Letramento, criado para designar o estado ou condição de um indivíduo que não só sabe ler e escrever – não só é alfabetizado – mas também sabe (e tem prazer em) exercer as práticas sociais de leitura e de escrita que circulam na sociedade em que vive (CALKINS, 1989). INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PRÁTICAS DA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521 17 É curioso que tenha ocorrido em um mesmo momento histórico, em sociedades distanciadas tanto geograficamente quanto socioeconomicamente e culturalmente, a necessidade de reconhecer e nomear práticas sociais de leitura e escrita mais avançadas e complexas que as práticas do ler e do escrever resultantes da aprendizagem do sistema de escrita, conforme diz Soares (2003b). De acordo com Barton (1994 apud Soares, 1993b) no Brasil, letramento; na França, illettrisme; em Portugal, literacia; e nos EUA e Inglaterra, embora a palavra literacy já estivesse direcionada desde o final do século XIX, foi também nos anos 80 que o fenômeno que ela nomeia, distinto daquele que em língua inglesa se conhece como beginning literacy, tornou-se foco de atenção e de discussão nas áreas da educação e da linguagem, o que se evidencia no grande número de artigos e livros voltados para o tema, publicados, a partir desse momento, nesses países. Essa versão para o português da palavra “literacy”, vem do latim “littera” (letra), com o sufixo –cy, que denota qualidade, condição, estado, fato de ser. Literacy é o estado ou condição que assume aquele que aprende a ler e a escrever. O sufixo – mento é o resultado de uma ação (Soares, 2004). A palavra letramento apareceu pela primeira vez no livro de Mary Kato: No mundo da escrita: uma perspectiva psicolinguística, de 1986. A palavra letramento não é, como se vê, definida, pela autora e, depois dessa referência apareceu em 1988, no livro que pode-se dizer, lançou a palavra no mundo da educação, dedicando páginas à definição de letramento: é o livro “Adultos não Alfabetizados – o avesso do avesso”, de Leda Verdiani Tfouni, um estudo sobre o modo de falar e de pensar de adultos analfabetos. Já em 1995, lança “Letramento e Alfabetização”, pela Ed. Cortez, quando aproxima os dois conceitos. Essa mesma aproximação dos conceitos aparece na coletânea organizada por Roxane Rojo, em 1998, intitulada “Alfabetização e letramento”. Ângela Kleiman na coletânea que organiza: “Os significados do letramento”, em 1995, também discute o conceito de letramento tomando como contraponto o conceito de alfabetização, com os dois conceitos se alternando ao longo dos textos da coletânea. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PRÁTICAS DA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO WWW.INSTITUTOINE.COM.BR– (31) 3272-9521 18 Estes são alguns dos exemplos que privilegiam as obras mais conhecidas sobre o tema, da tendência predominante na literatura especializada na área das ciências linguísticas quanto na área da educação: a aproximação, ainda que para propor diferenças entre letramento e alfabetização, o que tem levado à concepção equivocada de que os dois fenômenos se confundem, e até se fundem, de acordo com Magda Soares (2004). No Brasil, ainda conforme explica Soares (1998), o aparecimento do termo “letramento” está associado ao fenômeno da superação do analfabetismo em uma sociedade que vem, progressivamente, valorizando a escrita: “À medida que o analfabetismo vem sendo superado, que um número cada vez maior de pessoas aprende a ler e a escrever, e à medida que, concomitantemente, a sociedade vai se tornando cada vez mais centrada na escrita (cada vez mais grafocêntrica), um novo fenômeno se evidencia: não basta apenas aprender a ler e a escrever. As pessoas se alfabetizam, aprendem a ler e a escrever, mas não necessariamente incorporam a prática da leitura e da escrita, não necessariamente adquirem competência para usar a leitura e a escrita, para envolver-se com as práticas sociais de escrita (...). Esse novo fenômeno só ganha visibilidade depois que é minimamente resolvido o problema do analfabetismo e que o desenvolvimento social, cultural, econômico e político traz novas, intensas e variadas práticas de leitura e de escrita, fazendo emergirem novas necessidades além de novas alternativas de lazer” (SOARES, 1998, p. 45-46). Soares (1998) acredita que a invenção do letramento, entre nós, brasileiros, se deu por caminhos diferentes daqueles que explicam a invenção do termo em outros países, como a França e os Estados Unidos. Enquanto nesses outros países a discussão se fez e ainda se faz de forma independente em relação à discussão da alfabetização, no Brasil, ela surge sempre enraizada no conceito de alfabetização, o que a se ver, tem levado a uma inadequada e inconveniente fusão dos dois processos, com prevalência do conceito de letramento, levando ao que se chama de “desinvenção da alfabetização”. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PRÁTICAS DA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521 19 No início dos anos 1990, começaram a surgir os ciclos básicos de alfabetização, em vários estados; mais recentemente, a nova Lei de Diretrizes e Bases – a lei 9394/96 criou os ciclos na organização do ensino. Isso significa que, pelo menos no que se refere ao ciclo inicial, o sistema de ensino e as escolas passam a reconhecer que alfabetização, entendida apenas como a aprendizagem da mecânica do ler e do escrever e que se pretendia que fosse feito em um ano de escolaridade, nas chamadas classes de alfabetização, é insuficiente. Além de aprender a ler e a escrever, a criança deve ser levada ao domínio das práticas sociais de leitura e de escrita. Também os procedimentos didáticos de alfabetização acompanham essa nova concepção: os antigos métodos e as antigas cartilhas, baseados no ensino de uma mecânica transposição da forma sonora da fala à forma gráfica da escrita, são substituídos por procedimentos que levam as crianças a conviver, experimentar e dominar as práticas de leitura e de escrita que circulam na nossa sociedade tão centrada na escrita. A alfabetização, no sentido que atribui a essa palavra, é que se concentra nos primeiros anos de escolaridade. Concentra-se aí, mas não ocorre só aí: por toda a vida escolar os alunos estão avançando em seu domínio do sistema ortográfico. Aliás, um adulto escolarizado, quando vai ao dicionário, resolver dúvida sobre a escrita de uma palavra está retomando seu processo de alfabetização. Mas esses procedimentos de alfabetização tardia são esporádicos e eventuais, ao contrário do letramento, que é um processo que se estende por todos os anos de escolaridade e, mais que isso, por toda a vida. O processo de escolarização é, fundamentalmente, um processo de letramento (SOARES, 2004). Em todas as áreas de conhecimento, em todas as disciplinas, os alunos aprendem através de práticas de leitura e de escrita: em História, em Geografia, em Ciências, mesmo na Matemática, enfim, em todas as disciplinas, os alunos aprendem lendo e escrevendo. É um engano pensar que o processo de letramento é um problema apenas do professor de Português: letrar é função e obrigação de todos os professores. Mesmo porque em cada área de conhecimento a escrita tem peculiaridades, que os professores que nela atuam INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PRÁTICAS DA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521 20 é que conhecem e dominam. E isso é letramento, atribuição, portanto, de todos os professores, de toda a escola (SOARES, 2004). Indiscutivelmente, a constatação de práticas viciadas no âmbito escolar atesta a dificuldade na assimilação de uma nova postura educacional em face do ensino e, particularmente, da alfabetização. Uma dificuldade que se explica pela força das práticas tradicionais que permanecem às custas das configurações estruturais e políticas (a inércia), da formação ainda precária dos educadores e, finalmente, de complexos mecanismos de resistência intra- escolar ainda pouco estudados e compreendidos. A despeito disso, não se pode dizer que a escola permanece imune às contribuições teóricas, aos apelos das novas propostas pedagógicas ou às exigências democráticas. Muito pelo contrário, os esforços de renovação são evidentes (em maior ou menor grau, com mais ou menos eficiência) tanto na proposta formalmente assumida como nas práticas em sala de aula. Curiosamente, os mesmos professores que, de modo involuntário, patinam nos vícios das tarefas inadequadas são aqueles que, em outras oportunidades, chegam a sugerir atividades bastante ajustadas, comprometidas com o processo de aprendizagem, o respeito e a formação do aprendiz (SOARES, 2004). Vivemos, portanto, em um momento educacional peculiar que, pedagogicamente, se caracteriza pela convivência entre o saber e o não saber, a busca e a resistência. Nessa fase de transição, somos obrigados a admitir que, de fato, a escola vem sofrendo um considerável impacto, mas que a assimilação do novo é ainda inconsistente. 3.5 Avaliando o termo e medindo o nível de letramento Segundo Kleiman (1995), são vários os critérios para se avaliar e medir o nível de letramento, como por exemplo: - em contextos escolares, em censos populacionais, autoavaliação; ou em estudo por amostragem. Estes critérios, porém, apresentam deficiências e/ ou muitas vezes são baseados em suposições equivocadas, ou seus dados são interpretados de maneiras diferentes, o que não leva a uma conclusão coerente. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PRÁTICAS DA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521 21 Além disto, como o conceito varia de acordo com o contexto social, cultural e político, a interpretação adequada dos dados requer conhecimento das definições com base nas quais foi avaliado e medido e das técnicas de coleta de dados utilizadas. Outro ponto a ser analisado, dentro deste contexto “avaliação e medição” é se a comparação será em nível regional, nacional ou internacional, pois, como se sabe, a desigualdade é muito grande e não existem parâmetros para se equiparar os resultados. Também é preciso levar em consideração as características do sistema escolar onde estão inseridos os dados da pesquisa. Então, na verdade, conclui-se que o letramento é uma variável contínua e não discreta ou dicotômica; referindo-se a uma multiplicidade de habilidades de leitura e de escrita, que devem ser aplicadas a uma ampla variedade demateriais de leitura e escrita; compreendendo diferentes práticas que dependem da natureza, estrutura e aspirações de determinada sociedade (KLEIMAN, 1995). 4 O PAPEL DO LETRAMENTO NA SOCIEDADE E NA ESCOLA Ler e escrever são atualmente duas práticas sociais básicas em todas as sociedades letradas, independentemente do tempo médio com elas despendido e do contingente de pessoas que as praticam. O domínio dessas habilidades demonstra ter dois tipos de aplicação na vida das pessoas. Em primeiro lugar, propicia instrumentos para que os indivíduos enfrentem demandas específicas do sistema urbano moderno (movimentação na cidade grande, manejo de documentos e instituições burocráticas, trabalho em empregos de organizações complexas, etc.), pois podem ler os nomes de ônibus e ruas, fazer testes de admissão a empregos, lidar com relógio de ponto, preencher formulários, entre outros. A capacidade de lidar com estas tarefas INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PRÁTICAS DA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521 22 significa mais do que ser capaz de resolver problemas específicos; pressupõe a possibilidade de interagir com os estímulos normais do mundo letrado, o que faz com que os indivíduos possam mover-se à vontade no âmbito dos códigos dominantes do meio (LOPES, 2009). O segundo tipo de aplicação dos usos da leitura e da escrita refere-se à possibilidade das pessoas, efetivamente, lerem e escreverem qualquer coisa que queiram, isto é, de realmente exercerem o potencial letrado que possuem e de usufruírem desse instrumento adquirido. Soares (2001, p. 17) nos fala de um dos significados de letramento citando o Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa: “... remete ainda para o verbo ‘letrar’ a que como transitivo direto, atribui a acepção de ‘investigar, soletrando’ e, como pronominal ‘letrar-se’, a acepção de ‘adquirir letras ou conhecimentos literários’”. São duas significações distintas, a primeira nos remete ao sentido de que as práticas de leitura e de escrita são baseadas na procura, na curiosidade e no interesse do falante que é estimulado a adquiri-las através da substituição das tradicionais e artificiais cartilhas de alfabetização por livros, revistas, jornais, pela adoção de textos de diversas modalidades e de variadas funções sociais. Ao utilizar-se de sua criatividade, o professor poderá elaborar atividades com o material de leitura que circula na escola e na sociedade, assim terá diferentes fontes de informação e recursos para adquirir e construir conhecimentos que beneficiem o aluno, criando situações que se tornem necessárias e significativas práticas de produção e estudos de textos. “O papel do professor é essencial como estimulador do pensamento e das atitudes criativas em seus alunos, e como proporcionador de condições ambientais que tornem a sala de aula um espaço gerador de novas ideias” (WESCHLER, 2001, p. 166). Como exemplo, o educador pode motivar pela curiosidade, usando recursos nos moldes dos anúncios de filmes, de novelas, de propagandas; criar discussões sobre o tema para entusiasmar a turma e mobilizá-la. De acordo com o texto a ser analisado, ele deve fornecer informações de caráter histórico ou científico, que não fazem parte da vivência do aluno e que poderiam impedi-lo INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PRÁTICAS DA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521 23 de enxergar com maior clareza e acuidade a proposta de trabalho (LOPES, 2009). Em um segundo momento, organizar atividades com o texto elaborando um roteiro que seja capaz de levar o aluno a compreendê-lo em toda a sua extensão, a refletir sobre cada elemento que compõe a sua estrutura, a perceber a importância dos pormenores e até posicionar-se de maneira crítica diante dele. E por último, atividades nas quais não se trabalha o texto, mas a partir dele. São as mostras do trabalho: passeios, dramatizações, campanhas, entrevistas, etc. São inúmeras possibilidades de exploração daquilo que se aprendeu lendo. Devem ser, na medida do possível, interdisciplinares, agradáveis à mente e aos olhos (LOPES, 2009). Toda a atividade precisa ter uma boa organização para que atinja seu objetivo e auxilie na complementação dos estudos propostos pelo professor, levando os educandos a refletirem e compreenderem a natureza e os modos de construção das palavras, além disso, os textos servem de boas referências de escrita, tanto no estilo quanto às diversas funções a eles atribuídos, portanto, o aluno se apropria de variadas formas de expressão e representação, e passa a utilizá-las como instrumento de intervenção na realidade, transportando o exercício da leitura e da escrita para o dia-a-dia. O ensino da língua materna, nessa perspectiva, não conduz o leitor à condição de mero decodificador de palavras e frases, e o escritor a um mero reprodutor de estruturas modelares de textos. O professor oferece aos seus alunos a leitura de mundo que precede a leitura da palavra; a conviver, experimentar e dominar as práticas de leitura e de escrita que circulam em nossa sociedade tão centradas na escrita quando a linguagem e a realidade se prendem dinamicamente. O movimento do mundo à palavra e da palavra ao mundo está sempre presente. Movimento em que a palavra dita flui do mundo através da leitura que dela fazemos. Podemos dizer que a leitura da palavra não é apenas precedida pela leitura de mundo, mas por uma certa forma de ‘escrevê-lo’ ou de ‘reescrevê-lo’, INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PRÁTICAS DA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521 24 quer dizer, de transformá-lo através de nossa prática consciente (FREIRE, 1984, p. 18). É fundamental que o falante compreenda o que está à sua volta e que saiba seus significados, para que então possa se situar, interagir e perceber melhor o ambiente que o cerca. Mas o conhecimento a ele transmitido não deve ser pronto e acabado, pois o professor deve instigar, levando a classe na constante procura dos sentidos, na sua investigação; o educador concede aos alunos o suporte, o estímulo e o incentivo e estes, por sua vez, constroem seu conhecimento apoiados na base fornecida pelo professor. Contudo a escola espera do aprendiz não um desenvolvimento gradativo, mas um comportamento letrado desde o início de seu processo de letramento. Por exemplo, a escola espera que a criança seja capaz de logo ler materiais como história, ciências e geografia no gênero dissertativo; na aprendizagem da gramática a escola espera do aluno a capacidade de identificação das várias classes de palavras simultaneamente a partir de suas definições. A história nos mostra que o conhecimento que hoje temos da escrita e da gramática desenvolveu-se ao longo dos séculos; logo seria mais do que sensato darmos ao aluno o tempo de que ele necessita para apropriar-se dos conceitos e concepções do adulto letrado (LOPES, 2009). Soletrando, segundo o termo empregado na citação de Soares, seria a forma gradativa de ensino seguida passo a passo, cumprindo-se etapas. A criança deve possuir um certo grau de amadurecimento, e o professor tem que respeitar e propor atividades que condizem com seu desenvolvimento e sua maturidade, mas, ao mesmo tempo, estimulando sua capacidade letrada. Essa proposta de ensino é desafiante e moderna, pois torna possível a descoberta e a utilização da leitura e da escrita como instrumentos de reflexão sobre o próprio pensamento e como recurso para organizar e reorganizar o pensamento. A segunda acepção propõe a aprendizagem da língua materna através de uma perspectiva tradicional e eletizante. A escola apesar de relativas mudanças ocupa aindauma posição dogmática. Um dos motivos para que esta presença permaneça forte é a própria forma como se tem lidado com o conhecimento no INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PRÁTICAS DA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521 25 processo ensino/aprendizagem, visto e praticado mais como transmissão de informação do que como construção dos objetos que se quer conhecer. A ênfase é dada às situações em sala de aula, em que os alunos são “instruídos” e “ensinados” pelo professor considerando a aprendizagem do aluno como um fim em si mesmo: os conteúdos e as informações têm de ser adquiridos e os modelos imitados. A aquisição de informações e demonstrações difundidas é a que propicia a formação de reações estereotipadas e de automatismos denominados hábitos, geralmente isolados dos outros e aplicáveis, quase sempre, somente às situações idênticas em que foram adquiridos (LOPES, 2009). O aluno que contraiu o hábito ou quase “aprendeu” apresenta com frequência compreensão apenas parcial. O papel do professor está intimamente ligado à transmissão de certo conteúdo que é predefinido e pede-se ao aluno a repetição automática dos dados ou exploração racional dos mesmos. Com esta metodologia, o aprendiz não é levado a buscar e a investigar o que lhe foi proposto, ele simplesmente concebe o conhecimento sem questionamento, o indivíduo nada mais é do que um ser passivo, um receptáculo de conhecimentos escolhidos e elaborados por outros para que deles se apropriem. Nesta prática são reprimidos os elementos da vida emocional ou afetiva por se julgarem impeditivos de uma boa e útil direção do trabalho de ensino e se baseia mais frequentemente na aula expositiva e nas demonstrações do professor à classe, tomada, quase sempre, como auditório. Não existe nessa relação ensino/aprendizagem o despertar do aluno para suas habilidades e competências, ele apenas toma posse, contrai o que lhe foi ensinado, mas dificilmente o põe em prática, não interage e não o relaciona com seu meio (LOPES, 2009). Este modelo de ensino, ao que tudo indica, tem se mostrado ultrapassado, uma vez que o conhecimento de um indivíduo é infinitamente mais amplo do que tarefas quase sempre padronizadas e rotineiras, o saber de forma acabada. Além do que, não explora as capacidades e o potencial do aluno, sua criatividade e expressividade, deixando-o apático diante do mundo (LOPES, 2009). INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PRÁTICAS DA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521 26 A isso se acrescenta outro grave problema na nossa formação educacional: a falta de uma contextualização de cunho político, que pudesse motivar as pessoas a se transformarem em efetivos agentes de mudanças sociais, a descobrirem que o conhecimento é nossa grande ferramenta para dar sentido à nossa própria existência. Tal situação leva a um grande desapreço pelo livro, pelas bibliotecas e ao desinteresse pela leitura e pela escrita. Em suma, a escola deve oferecer aos alunos o ensino produtivo em que eles são levados, cada vez mais, a compreender o funcionamento de sua língua, em diversos níveis e em diferentes situações. É o ensino da língua que põe ao alcance do aluno as diversas opções da língua, a amplitude de seus usos e registros, capacitando-o como usuário da mesma, por isso o posicionamento do educador diante de sua classe deve ser o de orientar e produzir seres capazes de processar, adaptar e empregar o transmitido em seu cotidiano (LOPES, 2009). 5 AS CONTRIBUIÇÕES DO EDUCADOR NO PROCESSO DE ALFABETIZAR LETRANDO 5.1 Sua responsabilidade Fator destacado por Soares (2003a) é que o letramento não é só de responsabilidade do professor de língua portuguesa ou dessa área, mas de todos os educadores que trabalham com leitura e escrita. “Mesmo os professores das disciplinas de geografia, matemática e ciências. Alunos leem e escrevem nos livros didáticos. Isso é um letramento específico de cada área de conhecimento. O correto é usar letramentos, no plural. O professor de geografia tem que ensinar seus alunos a ler mapas, portanto, é responsável pelo letramento em sua área”. Em razão disso, acredita-se que é preciso oferecer contexto de letramento para todo mundo, pois não adianta simplesmente letrar quem não tem o que ler nem o que escrever. É preciso dar possibilidades de letramento, o que é importante, inclusive, para a criação do sentimento de cidadania nos alunos. Já para os professores que trabalham com alfabetização, Soares (2003a) recomenda que: “Alfabetize letrando sem descuidar da especificidade do INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PRÁTICAS DA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521 27 processo de alfabetização, especificidade é ensinar a criança e ela aprender. O aluno precisa entender a tecnologia da alfabetização. Há convenções que precisam ser ensinadas e aprendidas, trata-se de um sistema de convenções com bastante complexidade [...]”. 5.2 Sua Conscientização Antes de tudo, o educador precisa entender o significado do letramento e procurar se inteirar do mundo novo que nos cerca para poder conduzir seu aluno no caminho certo. De acordo com os RCNEI (1998, vol.3, p.117-159) [...] os professores deverão organizar a sua prática de forma a promover em seus alunos: o interesse pela leitura de histórias; a familiaridade com a escrita por meio da participação em situações de contato cotidiano com livros, revistas, histórias em quadrinho; escutar textos lidos, apreciando a leitura feita pelo professor; escolher os livros para ler e apreciar. Isto se fará possível trabalhando conteúdos que privilegiem a participação dos alunos em situações de leitura de diferentes gêneros feita pelos adultos, como contos, poemas, parlendas, trava-línguas, etc., propiciar momentos de reconto de histórias conhecidas com aproximação às características da história original no que se refere à descrição de personagens, cenários e objetos, com ou sem a ajuda do professor. Assim, observa-se que, para o aluno em sua mais tenra idade, o educador precisa ser consciente de seu papel, agindo como facilitador dos processos de aprendizagem, o que propiciará ao aluno, desenvolver habilidades que lhe darão INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PRÁTICAS DA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521 28 possibilidade de fazer inferências e novas releituras, passando a fazer parte do mundo letrado. Para o educador, de acordo com CENPEC (2003, p.10) não é possível limitar-se a constatar ano após ano os índices de fracasso escolar e aguardar melhores condições sociais que permitam, um dia, instalar uma nova e melhor escola. Abrir espaços e aproveitar as brechas existentes para conquistar avanços – esse tem sido a caminhada dos educadores comprometidos com a democratização do ensino, mesmo sabendo que a educação sozinha não vai mudar a realidade social; e que a própria escola, por mais competente e equipada que seja, não vai se tornar um espaço democrático se a sociedade também não se transformar. Assim, sua contribuição para que essa transformação possa acontecer, passa por sua conscientização dos novos caminhos, sua aceitação de que alfabetizar vai além de ensinar a ler e escrever, ou seja, que significa, ao aluno, adquirir uma tecnologia, a de codificar em língua escrita e de decodificar a língua escrita, ou ainda, que seu aluno passe a assumir a escrita como sua “propriedade”. Precisa, portanto, conscientizar-se de que só estará contribuindo quando entender que Letramento é muito mais que alfabetização.INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO PRÁTICAS DA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521 29 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BAGNO, M. Preconceito linguístico. O que é. Como se faz. São Paulo: Loyola, 2002. BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA (MEC) Parâmetros Curriculares Nacionais da Língua Portuguesa. Brasília: MEC, 1997. BRASIL. Pró-Letramento: Programa de Formação Continuada de Professores dos Anos/Séries Iniciais do Ensino Fundamental: alfabetização e linguagem. – ed. rev. e ampl. incluindo SAEB/Prova Brasil matriz de referência/ Secretaria de Educação Básica – Brasília : Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2008. CALKINS, Lucy McCormick. A Arte de Ensinar e Escrever. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989. COLELLO, Silvia M Gasparian e SILVA, N. 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