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FACULDADES UNIDAS DO VALE DO ARAGUAIA O NUTRICIONISTA E SUAS ATRIBUIÇÕES EM UMA UNIDADE DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO JACKELINE RODRIGUES GUIMARÃES Barra do Garças – MT, outubro de 2017 FACULDADES UNIDAS DO VALE DO ARAGUAIA O NUTRICIONISTA E SUAS ATRIBUIÇÕES EM UMA UNIDADE DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO JACKELINE RODRIGUES GUIMARÃES Trabalho de Conclusão de Curso apresentado pela acadêmica Jackeline Rodrigues Guimarães como pré-requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Nutrição pelas Faculdades Unidas do Vale do Araguaia, sob orientação da docente Vanessa Dias Da Silva. Barra do Garças – MT, outubro de 2017. 1 O NUTRICIONISTA E SUAS ATRIBUIÇÕES EM UMA UNIDADE DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO JACKELINE RODRIGUES GUIMARÃES1 VANESSA DIAS DA SILVA2 RESUMO: Como atribuição básica do nutricionista em uma UAN, ressalta a harmonização de trabalhadores, materiais e fundos financeiros na produção de refeições com satisfatório padrão de qualidade, quanto nas questões sensoriais como nos nutricionais, microbiológicos e financeiros. O trabalho desse profissional é intercalado pela emoção e capacidade de proporcionar a saúde das pessoas que atende com a sua tarefa, consequentemente, sua refeição. Assim, o nutricionista contempla funções desde a seleção dos fornecedores até o fornecimento da refeição ao cliente têm suma importância para um produto final de ótima qualidade atendendo todas as normas e procedimentos e ainda atendendo o planejamento orçamentário da empresa pelo o qual o profissional presta serviço. No campo da Alimentação Coletiva a melhoria da saúde indica estreita ligação com a segurança alimentar e nutricional, pretendendo com a proposta de uma alimentação apropriada e inclusão de práticas alimentares saudáveis, os riscos para as doenças crônicas não transmissíveis tornam-se menores, impactando positivamente nos dados sobre a saúde pública e na qualidade de vida das pessoas. Palavras-chave: Profissional de nutrição, Qualificação, Refeições. ABSTRACT: As a basic attribution of the nutritionist in a UAN, it emphasizes the harmonization of workers, materials and financial funds in the production of meals with satisfactory quality standards, as well as in sensorial issues such as nutritional, microbiological and financial. The work of this professional is interspersed by the emotion and ability to provide the health of the people who attends to their task, consequently their meal. Thus, the nutritionist contemplates functions from the selection of suppliers to the supply of the meal to the client are of utmost importance for a final product of excellent quality meeting all the norms and procedures and still meeting the budget planning of the company for which the professional provides service. In the field of Collective Food, health improvement indicates a close connection with food and nutritional security, with the proposal of an appropriate diet and inclusion of healthy food practices, the risks for chronic no communicable diseases become smaller, impacting positively on data on the public health and quality of life of people. Key words: Nutrition Professional, Qualification, Meals. 1. INTRODUÇÃO 1 Acadêmica do 4º ano do curso de Nutrição das FACULDADES UNIDAS DO VALE DO ARAGUAIA. Contato: jackeline.guimarães@hotmail.com 2 Docente orientadora. Graduada em Nutrição pelas FACULDADES UNIDAS DO VALE DO ARAGUAIA. Especialista em Docência no Ensino Superior pela UNIVAR. Docente das FACULDADES UNIDAS DO VALE DO ARAGUAIA - UNIVAR. Contato: vanessanutricao@hotmail.com 2 O nutricionista é um profissional da área da saúde que, respondendo aos princípios da ciência da nutrição, tem como função colaborar para a saúde da população e da coletividade. A este, cabe o conhecimento sobre a Alimentação e a Nutrição nas diversas áreas de atuação profissional, buscando o aperfeiçoamento técnico – científico, seguindo os princípios éticos que regem a prática científica da profissão (AZEVEDO; ARAÚJO, 2010). A Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN) é um conjunto de áreas com o objetivo de operacionalizar o provimento nutricional de coletividades. Consiste de um serviço organizado, compreendendo uma sequência e sucessão de atos destinados a fornecer refeições balanceadas dentro dos padrões nutricionais de seus clientes, de modo que se ajustem aos limites financeiros da Instituição (ABREU et al, 2011). Na resolução nº 380/2005 o Conselho Federal de Nutrição estabelece que a Alimentação Coletiva inclui tarefas de alimentação e nutrição efetuadas em UAN, nota quanto as empresas abastecedoras de refeições e auto-gestão, alimentação escolar, alimentação do trabalhador, restaurantes comerciais e similares, dentre outras que atinjam funções com produção de refeições para coletividade. No olhar da formação de refeições, a melhoria da saúde ocorre no desempenho do nutricionista que age aliado a UAN (FONSECA; SANTANA, 2011). Segundo a Resolução 380/2005 do Conselho Federal de Nutricionistas, no exercício de suas atribuições em Unidades de Alimentação e Nutrição, planejar, organizar, dirigir, supervisionar e avaliar os serviços de alimentação e nutrição e, ainda, realizar assistência e educação nutricional à coletividade ou a indivíduos sadios ou enfermos em instituições públicas e privadas (ABREU et al, 2011). O profissional nutricionista tem papel fundamental na implantação de normas e procedimentos, pois atua desde o planejamento, organização, direção e administração de uma Unidade de Alimentação e Nutrição. No planejamento o nutricionista atua de forma a relacionar os objetivos com as condições disponíveis e determinar a melhor forma de execução das operações prevendo as condutas de o que fazer, de que maneira fazer, quando fazer e quem deve fazer (TEIXEIRA et al, 2007). Na parte organizacional o profissional tem como atividade aquelas dirigidas a estruturação administrativa, assim como a distribuição e adaptação dos recursos humanos e materiais, exercendo as metas traçadas possam ser atingidas, os planos executados e as pessoas possam trabalhar de forma eficiente e eficazmente (TEIXEIRA et al, 2007). 3 Em relação a direção o nutricionista tem como função dirigir pessoal, visando uma eficiência e satisfação no esforço coordenado dos membros do grupo, visando melhorar os objetivos fixados (TEIXEIRA et al, 2007). No âmbito do controle, busca assegurar se o que foi planejado, corrigido e dirigido realmente cumpriu os objetivos pretendidos. E ainda apontando as falhas e erros em tempo hábil e oportuno, afim de repara-los e evitar sua repetição e, consequentemente, aumentar a eficácia da ação, o controle nada mais é do que comparar o que foi planejado com o que sendo executado apontando as possíveis falhas (ABREU et al, 2011). Assim, o nutricionista contempla funções desde a escolha dos fornecedores até o fornecimento da refeição ao cliente têm suma importância para um produto final de ótima qualidade atendendo todas as normas e procedimentos e ainda atendendo o planejamento orçamentário da empresa pelo o qual o profissional presta serviço. Nas Unidades de Alimentação e Nutrição, pode constatar que atualmente o profissional de nutrição está em déficit no território brasileiro. Essa deficiência tem como consequência uma equipe má direcionada, não supervisionada por um nutricionista capacitado resultando em variados problemas, como a ausência de treinamento de funcionários; mudanças não calculadas de cardápio; irregularidades na cozinha e desperdício no âmbito de compras, armazenamento e cocção. Neste contexto, o intuito desse trabalho foi verificar as atribuições de um profissional nutricionistabem como a sua importância na unidade de alimentação e nutrição identificando as funções de um nutricionista no dia a dia em uma UAN, demonstrando como o nutricionista exerce sua função na unidade desde o recebimento dos alimentos até o consumo final. 2. MATERIAL E MÉTODOS O atual estudo foi realizado com base no modelo de revisão bibliográfica, o qual baseando-se em buscas no banco de dados Scielo, Pubmed, Revista Brasileira de Nutrição, Revista da Associação Brasileira de Nutrição, no acervo de livros das Faculdades Unidas do Vale do Araguaia e leitura de livros. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO O objetivo principal das UANs é o de fornecer alimentação sadia, racional, variada e econômica de forma a evitar desperdício, proporcionar educação alimentar e preservar ou resgatar a saúde dos seus consumidores. Desta forma, é intrínseco às atividades das UANs o 4 conceito da inocuidade dos alimentos, representado pela qualidade higiênico-sanitária e produção de alimento seguro (MELLO et al, 2013). As décadas de 1950 e 1960 caracterizavam-se pelo grande desenvolvimento industrial no Brasil, com vinculação entre saúde e desenvolvimento. Com isso, a profissão de nutricionista era vista como promissora, pelo surgimento da preocupação com o problema alimentar e nutricional da população brasileira e pela necessidade emergencial da medicina comunitária. Com esse quadro, os cursos de nutrição que surgiam eram marcados pela política social de assistencialismo (COSTA, 2000). Com o início das ações de alimentação e nutrição, as dificuldades dos profissionais na abordagem para as mudanças dos hábitos foram cada dia se tonando mais difíceis, haja vista a complexidade que se rege o comportamento alimentar da população. Tais dificuldades estavam escoradas no fato de os cursos de saúde abordarem a nutrição com foco somente nos aspectos dos nutrientes e das fontes alimentares deixando de lado os demais fatores externos (ANSALONI, 1999). Capaz de atuar na humanização do trabalho, o nutricionista vem prestando através dos serviços um atendimento completo na empresa e fora dela, contribuindo para que o trabalhador tenha assistência nutricional nas doenças do trabalho, em que a nutrição aparece como fator de prevenção e melhoria da saúde (REGGIOLI, 1997). Tem passado por várias fazes tanto a formação em nutrição quanto o mercado de trabalho do nutricionista. Cada uma delas reflete a visão predominante em determinado período acerca da função desse profissional. Acompanhando o desenvolvimento do capitalismo no país, nos anos 60, as firmas privadas de alimentação representaram um novo mercado de trabalho. Essa expansão foi acompanhada paralelamente ao aumento da oferta de profissionais desde a década de 70 e 80. Além disso, influenciou a formação acadêmica, que se voltou para a área de alimentação institucional (COSTA, 2000). Em 1943, formou a primeira turma de nutricionistas. No mesmo ano, sob o decreto- lei nº 5.443 de 30 de abril, criavam-se cursos técnicos e profissionais na área de nutrição, visando atender os anseios prioritários da população (COSTA, 1996). Em relação à alimentação do trabalhador, o nutricionista verifica os cuidados que este setor exige, acompanha o adequado fornecimento energético e de nutrientes, ou seja, de uma refeição nutricionalmente apropriada, oferecida no ambiente de trabalho (CUNHA, 2000). Com formação de nível universitário na área de nutrição, o nutricionista é um profissional da saúde, de caráter generalista, na área de nutrição com uma percepção crítica da 5 realidade dentro de áreas próprias de atuação, constituindo-se num agente de mudança. A função do nutricionista é a alimentação e nutrição da população, sob ponto de vista individual e social (Conselho Federal de Nutricionistas - CFN, 1998). É obrigação do nutricionista, colaborar para proporcionar, cuidar e resgatar a saúde do Homem. Tem, ainda, como motivo básico, o bem-estar do ser humano e da coletividade, empenhando-se na promoção da saúde, em especial quanto à assistência alimentar e nutricional (CFN, 1993). Como atribuição básica do nutricionista nessa área podemos destacar a harmonização de trabalhadores, materiais e recursos financeiros no planejamento e na produção de refeições com satisfatório padrão de qualidade, tanto em seus aspectos sensoriais quanto em relação àqueles nutricionais, microbiológicos e financeiros (VEIROS 2002). A Lei Nº. 8.234, de 17 de setembro de 1991, que regulamenta a profissão de Nutricionista, dispõe sobre as atividades privativas do Nutricionista, entre elas o planejamento, organização, direção, supervisão e avaliação de serviços de alimentação e nutrição (BRASIL, 1991). Na resolução n° 380/2005 o Conselho Federal de Nutrição estabelece que a Alimentação Coletiva inclui ações de alimentação e nutrição efetuadas na Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN), conhecidas como as empresas abastecedoras de refeições e auto-gestão, restaurantes comerciais e similares, alimentação escolar, alimentação do trabalhador, entre outras que alcancem atividades com produção de refeições para coletividade. Na concepção da produção de refeições, a promoção da saúde ocorre no exercício do nutricionista que age ligado a UAN. O comportamento dos nutricionistas em UAN tem que se fundamentar na qualificação do profissional, estimulando a tríade refeição-comensal-saúde, ajudando a proporcionar a saúde nas atitudes de administração. Assim engloba também os cuidados com os distintos acontecimentos de trabalho e dos funcionários. Dessa forma, um cuidado necessário ao comportamento do nutricionista em alimentação institucional é o andamento de sua percepção para analisar as condições físicas, ambientais e organizacionais, compreendendo melhor o método das tarefas do profissional da saúde e não só da opinião administrativa (SOUSA, 1990,). Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN), como citado anteriormente, realiza o fornecimento de refeições, que devem equilibradas nutricionalmente, com bom nível de sanidade e adequada ao cliente (PROENÇA, 1997). A UAN é um subsistema que realiza atividades -fins ou meios. No primeiro caso, como órgãos fins, enquadram-se as unidades hospitalares e de centros de saúde, que 6 colaboram diretamente para a consecução do objetivo final da entidade, visando através dos serviços prestados, prevenir, melhorar ou resgatar seus clientes, através do ambulatório ou hospitalização (TEIXEIRA et al, 1990). Dessa forma, colaboram com as atividades-fins da entidade, para que sejam realizadas da melhor maneira. As UAN começaram a ser implantadas no Brasil com o decreto-lei de Vargas, em 1940, determinando que empresas com mais de quinhentos funcionários deveriam fornecer alimentação em refeitório aos mesmos. Mesmo com o decreto-lei, apenas um pequeno número de empresas que forneciam alimentação a seus trabalhadores. Foi então que em 1976, David Boianovs ky, secretário da Promoção Social do Ministério do Trabalho, idealizou o Programa de Alimentação do Trabalhador - PAT (FURTADO, 1982). No ano de 1940 a partir do decreto-lei de Getulio Vargas as Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN’s) começaram a ser implantadas no Brasil. Esse decreto determinava que as empresas com mais de quinhentos funcionários deveriam fornecer alimentação em seus refeitórios, porém poucas empresas cumpriam com esse decreto. Somente em 1976, David Boianovs ky, secretário da Promoção Social do Ministério do Trabalho, formulou o Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) que teve então adesão significativa por parte das empresas (VEIROS 2002). O objetivo do PAT é melhorar o estado nutricional do trabalhador, causando repercussões positivas na qualidade de vida deles, e a atuação do nutricionista trabalhando com a educação alimentar juntamente com o PAT é um meio de torná-lo mais eficaz. Porém os ensinamentos não deverão serdirecionados somente para o trabalhador e sim abranger também as empresas beneficiárias, assim como as firmas registradas para o fornecimento de alimentação (BRASIL, 1999). As funções do nutricionista dentro de uma UAN compreendem-se em várias tarefas, tais como: planejar cardápios, observando as preferências dos clientes, os valores nutricionais e sensoriais dos alimentos; e a parte de administração da unidade que envolve tanto aspectos nutricionais como administrativos. Nessa última tarefa se monitora: custos, execução do cardápio, número de funcionários e suas atividades respectivas, os equipamentos disponíveis no local e sua ergonomia, as boas práticas de produção, o controle higiênico-sanitário da unidade, bem como das refeições oferecidas e por fim o atendimento aos clientes (ANSALONI, 1999). A tarefa do nutricionista dentro das unidades produtoras de alimentos tem importância pela capacidade desse profissional tem de agregar qualidade ao alimento 7 produzido. Em relação às unidades de alimentação e nutrição (UAN), a qualidade está associada a aspectos intrínsecos do alimento (qualidade nutricional e sensorial), à segurança (qualidades higiênico-sanitárias), ao atendimento (relação cliente-fornecedor), e ao preço (AKUTSU et al, 2005). As Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN), ou Unidades Produtoras de Refeições (UPR) termo mais recentemente utilizado, designam todos os estabelecimentos integrantes da parte de alimentação fora do lar, sejam estes ligados aos estabelecimentos comerciais (restaurantes, bares e similares) ou não (hospitais, quartéis, prisões, escolas, entre outros) (ALEVATO; ARAÚJO, 2009). Todas as UANs onde os participantes atuam possuem Manual de Boas Práticas, podendo-se observar que as unidades seguem o disposto pela RDC 216, cujo objetivo é estabelecer procedimentos de Boas Práticas para serviços de alimentação a fim de garantir as condições higiênico-sanitárias do alimento preparado (BRASIL, 2004). O primeiro órgão de política de alimentação instituído no Brasil foi o Serviço de Alimentação da Previdência Social (SAPS), criado em 1940 pelo Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. O SAPS, por trinta anos, destinou-se a criar condições favoráveis e higiênicas à alimentação dos segurados dos Institutos de Aposentadoria e Pensões; a selecionar e reduzir os preços dos gêneros alimentícios; instalar e manter restaurantes destinados aos trabalhadores; fornecer alimentos básicos a preço de custo aos trabalhadores (COUTINHO, 1988). A criação do SAPS, em 1940, foi precedida por medidas governamentais tomadas no ano anterior, que estabeleciam a obrigatoriedade para empresas com mais de quinhentos funcionários, de fornecer-lhes alimentação, ou seja, de instalar refeitórios aos trabalhadores (L’ABBATE, 1988). O papel do SAPS na criação de uma consciência alimentar estava definido, enfatizado em um decreto-lei em 1941, reorganizando o serviço e tornando claros os objetivos, de: promover ações educativas continuadas; conscientizar os trabalhadores e familiares sobre a importância e os benefícios de uma adequada alimentação, além dos malefícios da alimentação inadequada. Essas ações educativas eram exemplificadas diariamente, de modo claro e direto no momento das refeições no SAPS (L’ABBATE, 1988). Segundo a mesma autora (1988), as ações do SAPS foram possíveis devido à dedicação de médic os como Josué de Castro, Peregrino Júnior e Seabra Velloso, na disciplina de Nutrição na Faculdade de Medicina da Universidade do Brasil, criada em 1932. Isso conseguiu ser implantado graças a nutrólogos como Josué de Castro, que aprofundava –se 8 juntamente com outros médicos, no tratado de alimentação de Pedro Escudero, nutrólogo e diretor do Instituto Nacional de Alimentação da Argentina, transferindo criações para o Brasil. As realizações do SAPS ampliavam-se e diversificavam-se. Em 1945, fornecia 5.000 refeições diárias e transportava em caminhões térmicos para outras cinco empresas, além de fiscalizar quarenta e cinco locais. O SAPS dispunha de um restaurante escola para oferecer refeições sadias e de baixo custo à classe média. Além dos restaurantes, o SAPS interferia no abastecimento de gêneros de primeira necessidade aos trabalhadores, a preço de custo, acrescidos apenas por uma taxa de 10% de administração (L’ABBATE, 1988). L’Abbate (1988) relata que precisavam promover a melhoria da alimentação da população no SAPS, mas não dispunham de pessoal especializado e qualificado, apenas com o auxílio de técnicos que executavam diversos serviços. O saber da Nutrição localiza-se no meio das áreas cujo trabalho do profissional causa efeitos positivos na administração das doenças crônicas não transmissíveis, especialmente quando se refere ao apoio a coletividades. O índice da alimentação saudável é constituído através de medidas que verificam a qualidade da dieta realizada por uma técnica de avaliação de 12 componentes, sendo nove grupos alimentares e conteúdo total de gordura saturada, sódio e energia provenientes de gordura sólida, bebidas alcoólicas e açúcares, seguindo as recomendações dietoterápicas americanas. O referido índice tem sido considerado um instrumento com amplo potencial de uso na epidemiologia nutricional, útil para a descrição e o monitoramento do padrão alimentar da população e para a avaliação das intervenções realizadas. A soma de todos os seus componentes acaba por totalizar um índice de alimentação saudável máximo de 100 pontos, sendo as dietas com escore total menor do que 51 pontos classificadas como de baixa qualidade, com 51 a 80 pontos como dietas que necessitam de melhorias, e as com mais do que 80 pontos, como ótimas. (SOUTO, 2006) Segundo a legislação brasileira vigente, a “Pirâmide Alimentar é um instrumento, sob a forma gráfica, de orientação da população para uma alimentação mais saudável” (RDC nº39, de 21 de março de 2001), sendo constituída através de primícias para uma alimentação saudável, onde deve-se escolher os alimentos a consumir, para assim obter todos os nutrientes fundamentais em uma dieta saudável, juntamente com a porção certa de calórica para manter um peso ideal. A pirâmide possui quatro níveis com oito grandes partes ou grupos de alimentos que são consumidos, em conformidade com a sua importância para obter o total de calorias de 9 uma dieta saudável. Os alimentos que estão dispostos na base da pirâmide devem ter uma participação maior no total de calorias da sua alimentação, ao contrário dos alimentos dispostos no topo da pirâmide, que devem contribuir com a menor parte das calorias de toda a sua alimentação. Cada grupo de alimentos tem extrema importância na nutrição é além de ser fonte de nutrientes específicos e essenciais a uma boa manutenção do organismo. (BRASIL,1999). Uma alimentação para se considerada saudável ela deve fornecer carboidratos, proteínas, lipídios, vitaminas, fibras e minerais, a quantidade ideal de agua, esse nutrientes são insubstituíveis e indispensáveis para o bom funcionamento do organismo e manutenção da saúde (BRASIL, 2014). A alimentação saudável deve ser bem variada, buscar os mais diversos alimentos para compor a suas refeições, pois nenhum grupo ou alimento isoladamente é suficiente para o fornecer da melhor forma todos os nutrientes e calorias que são necessários para uma boa saúde e manutenção do estado nutricional ideal para o consumo de produtos industrializados (BRASIL, 2014). Uma alimentação saudável, é vista por todos como um direito humano, compreende um padrão alimentar adequado às necessidades sociais dos indivíduos e suas necessidades biológicas também devem ser supridas, conforme as fases do curso da vida. Além disso, deve ser levado em conta, a geografia e os aspectos sócios culturais da região, além de suas crenças e particularidades (BRASIL, 2012). A alimentação éum direito humano e a utilidade básica de um uma população. Não se alimenta apenas porque precisa de nutrientes e calorias para manter o corpo funcionando em nossas atividades diárias. Alimentar-se tem um contexto muito mais amplo, pois envolve seleção, escolhas, ocasiões e rituais religiosos, poder de decisão e encontros sociais e está na situação de melhoria da saúde (SOUZA, 2012). O Guia Alimentar para a População Brasileira (BRASIL, 2008) foi o primeiro documento oficial que fundamentou as diretrizes alimentares para orientar escolhas saudáveis de alimentos pela população brasileira. Tal documento foi revisado em 2014, o novo Guia Alimentar para a População Brasileira. Essas diretrizes vão muito além do que o simples prato de comida em seus nutrientes, traz uma visão geral que coloca o direito de ter uma boa alimentação esta independente de qualquer outro nível social. Esse documento traz que a alimentação saudável é uma prática alimentar adequada aos aspectos sociais das pessoas e deve estar em acordo com as utilidades alimentares, levando em consideração a cultura, raça, gênero, etnia, condição financeira e de 10 suas necessidades biológicas e os aspectos de qualidade, variedade, equilíbrio e moderação (BRASIL, 2014). Essa abordagem sobre alimentação saudável é, sem dúvida, de grande importância, especialmente ao se considerar a crescente tendência à obesidade no mundo e sua relação com as rotinas alimentares, onde progressivamente estão cercados de comida de baixo valor nutricional, que ao contrário de proporcionar a saúde, só nos traz novos obesos. (RANGEL-S; LAMEGO; GOMES, 2012). Nem sempre a alimentação saudável depende apenas de escolha no que ingerir, além dos tipos de alimentos, da forma de preparo, do tempo para prepará-la e do tempo para fazer essas refeições e cada dia menor o preparo do alimento quase sempre feito juntamente com a própria refeição, ou ainda de olho em uma tela iluminada da televisão ou do smartfone que todas as pessoas não vivem sem (RANGEL-S; LAMEGO; GOMES, 2012). Além de se preocupar com a composição dos alimentos é de extrema importância a boas práticas de higiene na produção dos alimentos a ANVISA na RDC 216/04 diz que: São práticas de higiene que necessitam ser obedecidas pelos manipuladores desde a escolha e compra dos produtos a serem utilizados no preparo do alimento até a venda para o consumidor. O objetivo das Boas Práticas é evitar a ocorrência de doenças provocadas pelo consumo de alimentos contaminados, alimentação aliada a uma boa nutrição e a chave para uma prevenção e manutenção da saúde de uma população, dessa forma pode poupar gastos da saúde e melhorar a qualidade de vida. Deste modo, almeja-se alcançar a segurança alimentar foi desenvolvido historicamente, por meio de observações na busca por parâmetros capazes de dimensionar amplitude do assunto, conforme Julieta Domingos Nancassa Dias, tem-se as seguintes conceituações: “O conceito de segurança alimentar evoluiu conforme a evolução da história da humanidade com modificações da organização social e das relações de poder e da sociedade (BURITY et al., 2010). ” “A segurança alimentar não pode ser alcançada sem que haja condições que assegurem o acesso aos alimentos e outras necessidades humanas básicas necessárias para a sobrevivência digna. Isto porque, mesmo quando a alimentação de um indivíduo é adequada, os problemas de saúde resultantes de epidemias, falta de acesso a serviços de saúde e fraca disponibilidade de água potável, e o acesso a outras necessidades básicas podem resultar em insegurança alimentar (VALENTE,2002). ” 11 “A Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA) foi construída tendo por base a escala de insegurança alimentar do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) (PEREZ-ESCAMILLA et al., 2004), sendo adaptada e validada à realidade brasileira, como complemento dos indicadores já existentes. Os pesquisadores brasileiros, reunidos na UNICAMP em 2003, discutiram a pertinência política e a viabilidade técnica de adaptar e validar esse instrumento para a realidade brasileira, porque consideraram necessário que o país tivesse à sua disposição uma metodologia própria, com as características nacionais, que avaliasse o nível de segurança alimentar e nutricional familiar, para fornecer subsídios à implementação da política de luta contra à fome já existente no país (MARIN-LEÓN; SEGAL-CORRÊA, 2009).” “Os domicílios são considerados em segurança alimentar quando não apresentam qualquer evidência de que seus membros passem fome. Os domicílios classificados com a categoria de insegurança alimentar leve são aqueles nos quais se detecta uma atenção com a quantia dos alimentos disponíveis. Todavia, para que o alimento seja suficiente, os moradores recorrem a estratégias, tais como a substituição de alimentos habituais por outros mais baratos ou diminuindo a variedade dos alimentos consumidos. Nos domicílios categorizados com insegurança moderada, a quantidade e a qualidade de alimentos para os adultos é reduzida, ou seja, pode ser que cheguem a ficar sem ter o que comer durante um dia inteiro. Por último, nos domicílios com insegurança alimentar grave, além dos membros adultos, as crianças também passam pela privação de alimentos (MARIN-LEÓN et al., 2005). ” Diversas vezes o nutricionista pode encontrar resistência à adoção e aplicação das Boas Práticas. Alguns profissionais podem travar uma verdadeira batalha com a direção do local de trabalho, insistindo na importância de se fazer um processo corretamente, e até a situação se concretizar, acabam por tornar a convivência dentro do ambiente de trabalho desgastante, sendo que, em alguns casos, tal situação nunca se concretiza, obrigando o trabalhador a ‘enquadrar-se’ no esquema proposto pelo empregador (RODRIGUES et al; PERES; WAISSMANN, 2007). Existe uma diferença significativa entre a visão técnica e a visão dos gestores dos serviços de alimentação em relação à adequação dos estabelecimentos à legislação vigente a às Boas Práticas. Tal fato indica que os responsáveis pelos serviços de alimentação estão habituados com as não conformidades apresentadas pelos seus respectivos estabelecimentos ou não possuem capacitação técnica suficiente para estarem atuando no setor alimentício (SACCOL et al, 2009). 12 O Manual de Boas Práticas aborda um conjunto de exigências e normas que tem que ser atendido para que o comerciante de alimentos tenha condição de garantir uma preparação segura aos seus clientes (BAESSE, 2006). A implantação do MBP é importante como um instrumento capaz de desenvolver ações que traduzam a busca pela melhor qualidade sanitária. Resulta em um maior estímulo em detectar e solucionar através de ações corretivas as deficiências encontradas na cadeia de produção, levando a uma melhoria contínua na qualidade do alimento produzido (NASCIMENTO, 2003). O aconselhamento nutricional possui dois fatores que indicam que sua prática seja possível. O primeiro é a necessidade de recusar modelos dogmáticos, padronizados, pautados em restrições e normas que pressupõem um comportamento heterônomo do cliente; o segundo diz respeito à perspectiva de poder realizar ações educativas baseadas no comprometimento com a compreensão 18 da condição humana, considerando os valores culturais além da possibilidade de se estabelecer uma relação horizontal entre educador-educando, profissional- cliente (RODRIGUES et al 2005). A adequação dos Serviços de Alimentação às Normas de Qualidade e Segurança dos Alimentos é um diferencial competitivo de mercado, por atender às expectativas do consumidor que está cada dia mais consciente e exigente (SANTOS; RANGEL; AZEREDO, 2010). 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Sendo assim, é possível afirmar que cabe ao profissional nutricionista o papel de responsável técnico dos estabelecimentosprodutores de alimentos, fazendo cumprir o que as Leis e Resoluções determinam para uma produção segura de alimentos. O atual estudo voltou-se para compreender o papel do profissional nutricionista que desempenha as suas funções em uma UAN, sendo possível compreender a importância de sua supervisionamento e as atividades na qual o mesmo poderá interferir. Na área de Alimentação Coletiva a melhoria da saúde indica estreita ligação com a segurança alimentar e nutricional, pretendendo com a proposta de um consumo alimentar apropriado e inclusão de práticas alimentares saudáveis, os riscos para as doenças crônicas não transmissíveis tornam-se menores, surpreendendo positivamente nos dados sobre a saúde pública e na qualidade de vida das pessoas. 13 Deste modo, ficou demonstrado que o próprio deverá planejar e supervisionar a execução da adequação de instalações físicas, bem como avaliar da seleção de compra e manutenção do mesmo; elaborar e avaliar cardápios, adequando-os ao perfil epidemiológico da clientela atendida, selecionar fornecedores, incluindo compra de alimentos, recebimento e armazenamento dos mesmos. Executar os cálculos de valor nutritivo, rendimento e custo das refeições, preparações culinárias, implantando, coordenando e supervisionando as tarefas de pré-preparo, preparo, distribuição e transporte de refeições, devendo também coordenar o andamento de receituários e respectivas fichas técnicas, avaliando periodicamente as preparações culinárias. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABEC. Elaborando trabalhos científicos. 3º ed. Barra do Garças – MT: ABEC/UNIVAR. 2015. 140p. ABREU, E.S.; SPINELLI, M.G.N.; PINTO, A.M.S. Gestão de Unidades de Alimentação e Nutrição: um modo de fazer. 4 ed. São Paulo: Metha, 2011. 352p. AKUTSU, R, C; BOTELHO, R, A; CAMARGO, E, B; SÁVIO, K, E, O; ARAÚJO, W, C. Adequação das boas práticas de fabricação em serviços de alimentação. Revista de Nutrição, Campinas, v. 18, n. 3, p. 419-427, maio/jun. 2005. ALEVATO, H; ARAÚJO, E, M, G. Gestão, organização e condições de trabalho. 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Mestrado – Universidade Federal de Santa Catarina, Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Produção.