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P N E U M O L O G I A 2 0 2 4 Medicina livre, venda proibida. Twitter @livremedicina Medicina livre, venda proibida. Twitter @livremedicina É expressamente proibida a reprodução, parcial ou total, do conteúdo, conforme preceitua a lei 9610/98. O uso e a reprodução desautorizada do material imputa em crime de violação de direito autoral, que está previsto no artigo 184 do Código Penal, sob o risco de detenção de 3 meses a 1 ano, ou multa. Se você compactua de qualquer forma com a reprodução indevida, saiba que está cometendo CRIME. O seu acesso é concedido pela plataforma da Kiwify, detentora do programa DRM Social (Digital Right Management), que possui um conjunto de tecnologias que são aplicadas visando inibir a reprodução e/ou compartilhamento indesejado de arquivos digitais. São monitorados acessos suspeitos e envios indevidos dos arquivos fornecidos a você, que são protegidos por senha, com seu nome e CPF na forma de marca d’água no rodapé de todas as páginas. Medicina livre, venda proibida. Twitter @livremedicina - 1. Espirometria A espirometria é usada para documentar a função pulmonar basal, para fazer uma avaliação diagnóstica preliminar, ou para monitorar os pacientes à medida que a doença pulmonar ou cardíaca evolui e responde ao tratamento, além de predizer aqueles com risco de desenvolver disfunção respiratória. Na asma e na doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) a sensibilidade dos achados clínicos para prognosticar a obstrução é menor do que 50%. Por este motivo, os testes de função pulmonar são essenciais para diagnóstico e acompanhamento. - PARA SER REALIZADA, PACIENTE DEVE TER CESSADO USO DE QUALQUER MEDICAÇÃO BRONCODILATADORAS NAS ÚLTIMAS 24 – 48 HORAS - PROCEDIMENTO: INSPIRAÇÃO MÁXIMA SEGUIDA DE EXPIRAÇÃO FORÇADA MÁXIMA A espirometria mede o volume e os fluxos aéreos derivados de manobras inspiratórias e expiratórias máximas forçadas ou lentas. Vários parâmetros podem ser derivados, sendo os mais utilizados na prática clínica os seguintes: CAPACIDADE PULMONAR TOTAL (CPT): é a quantidade de ar nos pulmões após uma inspiração máxima. CAPACIDADE VITAL (CV): representa o maior volume de ar mobilizado em uma expiração. Pode ser obtida através de manobras forçadas (CVF) ou lentas (CVL). VOLUME RESIDUAL (VR): é a quantidade de ar que permanece nos pulmões após a exalação máxima. CAPACIDADE VITAL FORÇADA (CVF): é o volume eliminado em manobra expiratória forçada desde a CPT até o VR. VOLUME EXPIRATÓRIO FORÇADO NO PRIMEIRO SEGUNDO (VEF1): é a quantidade de ar eliminada no primeiro segundo da manobra expiratória forçada. É considerado uma das variáveis mais úteis clinicamente. PICO DE FLUXO EXPIRATÓRIO (PFE): representa o fluxo máximo de ar durante a manobra de CVF. Guarda dependência com o esforço, o que o torna um bom indicador da colaboração na fase inicial da expiração. RELAÇÃO VEF1/CV: razão entre volume expiratório forçado no primeiro segundo e a capacidade vital, sendo muito importante para o diagnóstico de um distúrbio obstrutivo. Para isto, podemos considerar tanto o VEF1 /CVF quanto o VEF1 /CVL. FLUXO EXPIRATÓRIO FORÇADO INTERMEDIÁRIO (FEF25-75%): representa o fluxo expiratório forçado médio obtido durante a manobra de CVF, na faixa intermediária entre 25 e 75% da CVF. CURVA FLUXO-VOLUME: é uma análise gráfica do fluxo gerado durante a manobra de CVF desenhado contra a mudança de volume; é usualmente seguido por uma manobra inspiratória forçada, registrada de modo semelhante. Os fluxos no início da expiração, próximos ao PFE, representam a porção esforço-dependente da curva, porque podem ser aumentados com maior esforço por parte do paciente. Os fluxos após a expiração dos primeiros 30% da CVF são máximos após um esforço expiratório modesto e representam a chamada porção relativamente esforço-independente da curva. VAMOS AO QUE MAIS IMPORTA EM PROVA... Em que momento sai mais ar do pulmão durante a expiração forçada? No COMEÇO da expiração! No PRIMEIRO segundo dessa expiração forçada! Chamamos isso de VEF1. E ainda, todo volume de ar que saiu nessa expiração forçada (incluindo a VEF1), chamamos de CAPACIDADE VITAL FORÇADA. Os valores normais são: VEF1 (VOLUME EXPIRATÓRIO FORÇADO 1° SEGUNDO) = 4 litros CVF (CAPACIDADE VITAL FORÇADA - TODO AR QUE SAI AO LONGO DA EXPIRAÇÃO FORÇADA) = 5 litros - ÍNDICE DE TIFFENEAU (VEF/CVF) VEF1/CVF = 4/5 = 0,8. Portanto, NORMAL: > 0,75 (CRIANÇAS: > 0,9) É esse índice de Tiffeneau que vai nos dizer se tem ou não tem obstrução! Se maior que 0,75 (para o adulto) está normal. Para a criança, se maior que 0,9. Introdução a Pneumologia @ casalmedresumos Imagem: Bases e Aplicações Clínicas dos TFP | Carlos Alberto de Castro Pereira | rbmt.org.br Imagem: incorporecentromedico.com.br Medicina livre, venda proibida. Twitter @livremedicina - - SE VEF1/CVF (TIFFENAU) 200ml (↑em valor absoluto) E > 12% (↑em valor percentual) ASMA: REVERTE! PROVA BRONCODILATADORA POSITIVA! DPOC: NÃO REVERTE! PROVA BRONCODILATADORA NEGATIVA! E como funciona nos DISTÚRBIOS RESTRITIVOS (pneumopatias intersticiais difusas, silicose, sarcoidose)? Numa restrição, o pulmão está duro! Há dificuldade para encher o pulmão, mas não há dificuldade de esvaziar esse pulmão (não há obstrução à saída). Mas, como entra pouco ar, também sai pouco ar (apesar de não haver problema na expiração)! É por isso que o Tiffeneau pode ser variável, pois isso pode ser proporcional, a depender da doença! Aqui, o volume residual CAI! Entrou pouco, mas esse pouco que entrou, sai. ENTÃO... ORGANIZANDO O ESTUDO DA PNEUMOLOGIA! - DOENÇAS OBSTRUTIVAS: ASMA E DPOC - DOENÇAS RESTRITIVAS: PNEUMOPATIAS INTERSTICIAIS DIFUSAS VEF1 CVF VEF1/CVF VOL. RESIDUAL OBSTRUTIVO (ASMA, DPOC) ↓↓ ↓ ↓ ( 80%): relação com aeroalérgenos e eosinofilia - Asma NÃO-ALÉRGICA: relação com inflamação neutrofílica e resposta ruim ao corticoide - Asma de INÍCIO TARDIO: relação com resposta ruim ao corticoide. Sempre importante excluir asma ocupacional (relacionada ao trabalho) - Asma com OBSTRUÇÃO PERSISTENTE: perda irreversível da função pulmonar com obstrução fixa (exemplo: fibrose pulmonar, síndrome de overlap asma x DPOC) - Asma da OBESIDADE: patogênese poucoMesmo assim, não dão diagnóstico! - ECO: Pode mostrar DISFUNÇÃO DE VD (PIOR PROGNÓSTICO) Se houve alteração cardíaca por conta de TEP, essa alteração será em ventrículo direito. Ocorre disfunção de VD (associada a pior prognóstico, pois provavelmente se trata de um TEP maciço – o êmbolo deve ser grande). - MARCADORES: ↑BNP E TROPONINA (PIOR PROGNÓSTICO) ↑D-DÍMERO (produto de degradação da fibrina). Não é específico. Também pode elevar na TVP, pós-operatório, câncer (“qualquer situação trombótica”). Não se esqueça! BNP E TROPONINA SÃO MARCADORES PROGNÓSTICOS! E O D-DÍMERO? ELEVADO! (EXCELENTE VALOR PREDITIVO NEGATIVO) Lembre-se: sempre que se forma um coágulo, forma-se ao redor dele uma rede de fibrina para estabilizá-lo. Nosso organismo, porém, tem a capacidade de se “livrar” desse coágulo, destruindo essa rede de fibrina. O d-dímero é justamente um desses produtos de degradação da fibrina! E qual a relação dele com o TEP? Está ELEVADO! Então, qualquer situação que forme coágulo/trombo, a expectativa é de encontrar um D-Dímero elevado! Não é um exame infalível, mas a expectativa é essa. Em qualquer condição geradora de trombo, vai se encontrar elevado! Mesmo assim, não dá diagnóstico! ESPECÍFICOS: Podem confirmar a hipótese. São exames de imagem que de uma forma ou de outra conseguem enxergar a embolia e confirmar o diagnóstico de TEP. - DOPPLER DE MMII. Lembre-se que TVP e TEP estão englobadas numa mesma doença (doença venosa crônica). Então, se o paciente tem clínica de TEP e um doppler de MMII positiva, o TEP está confirmado. - CINTILOGRAFIA. Quando não houver correspondência (com ventilação, mas sem perfusão), podemos confirmar o TEP se houver clínica. - ANGIOTOMOGRAFIA. Excelente exame e o mais utilizado na prática, mas não é o padrão-ouro. - ARTERIOGRAFIA. É o padrão-ouro, mas é mais invasivo. FLEISHNER/PALLA HAMPTON WESTERMAK Imagens: radiopaedia.org.br Medicina livre, venda proibida. Twitter @livremedicina - ALGORITMO DIAGNÓSTICO: Suspeita clínica: ESCORE DE WELLS* - BAIXA PROBABILIDADE (Wells 500): EXAME DE IMAGEM - ALTA PROBABILIDADE (Wells > 4): PEDIR DIRETO EXAME DE IMAGEM (angiotomografia de tórax/cintilografia/doppler/arteriografia) POSITIVO: CONFIRMA TEP ESCORE DE WELLS: MACETE... E: episódio prévio M: malignidade B: batata inchada (clínica de TVP) O: outro diagnóstico L: lung bleeding (hemoptise) I: imobilização A: alta frequência cardíaca OUTROS ESCORES: ESCORE PERC Escores com 01 ou nenhum ponto somado deixam a suspeita improvável e podem ser submetidos à exclusão pelo Escore PERC (Rule Out Criteria). Neste algoritmo, o paciente que apresentar resposta negativa para todas as respostas pode ter a suspeita de TEP excluída. ESCORE DE GENEBRA MODIFICADO É menos utilizado em relação aos critérios de Wells, mas também é uma possibilidade de uso. Tanto o Escore de Wells quanto o Escore de Genebra revisado têm poder discriminativo e alocam os pacientes entre os de alta, média e baixa probabilidade clínica. Esta estratificação é importante não só na escolha das ferramentas diagnósticas, como também na indicação ou não do tratamento. Probabilidade Original: 0 – 1: baixa 2 – 6: intermediária > 7: alta Probabilidade Simplificada: > 4: TEP provável 20- 25MMHG ETIOLOGIA: Tem que saber os grupos! Eles são cobrados em prova! MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: - DISPNEIA AOS ESFORÇOS (principal sintoma) - EDEMA (em casos avançados por insuficiência ventricular) - DESDOBRAMENTO + HIPERFONESE DE B2 - INSUFICIÊNCIA TRICÚSPIDE - MOVIMENTO PARAESTERNAL ESQUERDO (batimento de VD palpável) + B4 (sobrecarga de pressão de VD) - Sinais/sintomas relacionados ao baixo DC: FADIGA, FRAQUEZA, SÍNCOPE, PRECORDIALGIA EXAMES COMPLEMENTARES: - RX DE TÓRAX: TRONCO PULMONAR PROEMINENTE + DILATAÇÃO DE ARTÉRIA PULMONAR + CORAÇÃO “EM BOTA” - ECG: ONDA R AMPLAMENTE POSITIVA EM V1 + ONDA S AMPLAMENTE NEGATIVA EM V6 + ONDA P PULMONALE + DESVIO DO EIXO PARA DIREITA (D1 E AVF NEGATIVOS)- ECOCARDIOGRAMA: PSAP ELEVADA + afastar causas secundárias - OUTROS: espirometria, cintilografia pulmonar, anti-HIV, fator reumatoide, sorologias para colagenoses - CATETERISMO CARDÍACO DIREITO: CONFIRMA O DIAGNÓSTICO. PCAP NORMAL: provável HAP PRIMÁRIA PCAP ALTA: provável HAP SECUNDÁRIA TRATAMENTO: Através do CATETERISMO é possível realizar o TESTE DA REATIVIDADE (uso de substância vasodilatadora e avaliação da redução da pressão pulmonar média). - POSITIVO (QUEDA > 10MMHG): boa resposta a NIFEPIDINO E DILTIAZEM - NEGATIVO (QUEDA 5mm = REATOR. Como saber que a pessoa foi infectada? Lembre que sempre que estamos diante de um antígeno, em mais ou menos 1 semana já vamos ter anticorpos contra ele. Em geral é assim... A nossa imunidade humoral trabalha de forma rápida, em torno de 1 semana. Saiba: geralmente o que se faz para o diagnóstico de uma doença infecciosa é a procura do agente etiológico através de rastreamento microbiológico com menos de 1 semana de doença ou a pesquisa ‘sorológica’ com mais de 1 semana, pois os anticorpos são produzidos nesse tempo. Ou seja, com menos de 1 semana procura o “bicho” e com mais de uma semana procura anticorpo. Enfim... O problema é que a tuberculose não segue esse padrão! A IMUNIDADE HUMORAL É MUITO “BOBA” PARA A TUBERCULOSE... A TUBERCULOSE TRABALHA COM A IMUNIDADE CELULAR! O problema é que ela não fica pronta rapidamente, ela demora muito mais que 1 semana... Guarde: A IMUNIDADE CELULAR DEMORA DE 3 ATÉ 8 SEMANAS PARA FICAR PRONTA! 3-8 semanas! Mas... Uma vez que a imunidade celular fica pronta, nunca mais esquece! Fica uma memória imunológica para o resto da vida! Para saber se o indivíduo foi infectado, então, pegamos antígenos bacilares e injetamos na pele do sujeito. SE DENTRO DE 24-48 HORAS HOUVER UMA LESÃO ENDURADA DE BASE ERITEMATOSA COM DIÂMETRO MAIOR QUE 5MM, PODEMOS AFIRMAR QUE HOUVE INFECÇÃO! E conseguimos detectar isso justamente por causa dessa memória imunológica! Que exame é esse? PPD! Se menos de 5mm, não houve infecção! FISIOPATOLOGIA: PRIMOINFECÇÃO INALAÇÃO SEM DEFESA DISSEMINAÇÃO LINFOHEMATOGÊNICA (PULMÃO, FÍGADO, OSSO, RIM, RETINA) 3-8 SEMANAS IMUNIDADE CELULAR ADEQUADA GRANULOMA CASEOSO (CONTÉM A INFECÇÃO, MAS NÃO CURA) NO PULMÃO, SURGE O NÓDULO DE GHON. Vamos imaginar o primeiro contato com o bacilo. Raciocine: qual a diferença de uma pessoa vacinada e uma pessoa que não foi vacinada, ao entrar em contato com o bacilo? Vamos lembrar... A vacina protege contra a infecção? Não! Protege contra o adoecimento? Não... O que a vacina faz é evitar as formas graves miliar e meníngea! Nos vacinam com o ‘bovis’, mas podemos ser infectados pelo ‘tuberculosis’! O MACRÓFAGO ALVEOLAR FAGOCITA O BACILO, MAS FORNECE UM AMBIENTE PROPÍCIO PARA SUA PROLIFERAÇÃO MACRÓFAGO ROMPE DISSEMINAÇÃO LINFOHEMATOGÊNICA. Então, a partir do momento que se inala o bacilo e ele chega até o alvéolo, dá “de cara” com o macrófago alveolar! Qual a maneira que ele defende o nosso organismo? Ele fagocita o bacilo para que suas enzimas lisossomais destruam-no! O processo inicial é esse... Só que esse macrófago alveolar é incapaz de matar esse bacilo... Pelo contrário, o bacilo até “gosta” de ficar dentro do macrófago, protegido... Começa a se multiplicar, disseminar e de repente... Rompe o macrófago! Novos bacilos caem no alvéolo, vêm novos macrófagos e tudo se repete... Ficam vários macrófagos infectados e inúmeros bacilos no alvéolo! “Enjoados” desse ciclo, os bacilos se disseminam pela via linfohematogênica! Daí, podem seguir dois caminhos: (1) caem na corrente linfática e são drenados para os linfonodos hilares mediastinais ou (2) caem na corrente sanguínea, num capilar alveolar > veia pulmonar > átrio esquerdo > ventrículo esquerdo > qualquer lugar do organismo! Podem ir para o peritônio, osso, meninge, rins... E além disso, vários desses bacilos ainda permanecem no pulmão! Então, nessa fase inicial, como não ocorre nenhum controle contra esse bacilo, há o que chamamos de disseminação linfohematogênica! Tuberculose @ casalmedresumos NÃO ESQUEÇA! A BCG SÓ PROTEGE CONTRA FORMAS GRAVES DE TUBERCULOSE! Imagem: pt.wikihow.com Medicina livre, venda proibida. Twitter @livremedicina - A IMUNIDADE ESPECÍFICA LEVA 3-8 SEMANAS PARA CONTER O BACILO GRANULOMA + NECROSE CASEOSA O bacilo se dissemina até que o sistema imune produza uma defesa específica contra esse bacilo, que demora 3-8 semanas! Em questão de 3 semanas conseguimos nos proteger, gerar uma imunidade contra o bacilo! Só que agora não é um macrófago... Agora é um “exército imunológico” em massa, com linfócitos T que secretam citocinas, interleucinas, que ativam macrófagos, unindo suas membranas e seus citoplasmas formando células multinucleadas (células de Langerhans). Em toda essa “confusão” celular, com o bacilo envolvido por macrófagos e linfócitos e enzimas proteolíticas tentando matar esse bacilo, surge uma área de necrose. Ou seja, se formou um GRANULOMA! No centro dele, temos uma área de necrose... Uma necrose bem típica, bem específica de tuberculose (mas não patognomônico), que é a NECROSE CASEOSA! A INFECÇÃO É APENAS CONTROLADA FOCOS DE GRANULOMA CASEOSO EM QUALQUER PARTE DO ORGANISMO, APESAR DA MAIOR CONCENTRAÇÃO NO PULMÃO PODE CALCIFICAR NÓDULO DE GHON. Então, em questão de 3 semanas conseguimos controlar o bacilo no centro daquela confusão celular! Agora... Conceito fundamental: o nosso organismo é 100% INCAPAZ de matar o bacilo! É capaz de CONTROLAR a infecção, deixando o bacilo em um ambiente inóspito, com pH ácido, sem oxigênio... E pensando nesse granuloma caseoso, onde ele fica? Qual foi a parte do corpo em que se isolou o bacilo? Em qualquer lugar! Naquelas 3-8 semanas iniciais, ele se espalhou para qualquer parte! Pode ter granuloma no peritônio, no osso, no rim... Só que tem muito mais no pulmão! Por quê? Porque foi por lá onde o bacilo entrou e tem muito mais “bicho” ali... A resposta foi muito maior “ali”... E ao longo dos anos, esse granuloma no pulmão pode sofrer um processo de calcificação! Se for maior do que 6, maior do que 8mm, conseguimos enxergar esse granuloma calcificado como uma opacidade lobular, como um nódulo! É o chamado nódulo de Ghon! O que é isso? É o controle de infecção! Mostra que a pessoa teve boa imunidade e controlou o bacilo! UMA IMUNIDADE CELULAR ADEQUADA É NECESSÁRIA PARA QUE TUDO ISSO OCORRA (90%)! 10% IMUNIDADE CELULAR INADEQUADA = TUBERCULOSE PRIMÁRIA! Agora...Isso sempre acontece? Não... Para que isso aconteça, é necessária uma IMUNIDADE CELULAR adequada! 90% das pessoas no mundo têm boa imunidade... Então, essas pessoas vão conseguir controlar a infecção (mas não matam o bacilo)! Entretanto, nos outros 10% com imunidade celular deficiente, temos doença! Temos a chamada TUBERCULOSE PRIMÁRIA, que geralmente acomete crianças MENORES DE 4 ANOS. Menos comum no nosso meio e menos comum em prova, mas tem que ter atenção! Pode ocorrer no adulto? Pode... Mas o mais frequente é na criança. O adulto geralmente entra em contato várias vezes com o bacilo... É incomum o primeiro contato nessa idade. Vamos discutir agora 4 tópicos principais para entender a doença: infecção, doença, tratamento e controle! (1) INFECÇÃO PRIMOINFECÇÃO (PRIMEIRO CONTATO) Ocorre por VIA INALATÓRIA (tosse, espirro) Principalmente na INFÂNCIA PRIMEIRAS 3 SEMANAS: proliferação e disseminação bacilar por todo o corpo, que não consegue conter a infecção, pois ainda não houve o estabelecimento da imunidade CELULAR. 3-8 SEMANAS: ocorre o estabelecimento da imunidade celular específica = células imunes (células T | IFN gama) envolvem o bacilo (“cordão de isolamento”) para contê-lo, formando o GRANULOMA CASEOSO* (*) Granuloma Caseoso: - Corresponde ao bacilo na sua forma latente. Não é patognomônico na prática médica, mas para a prova é! - Nódulo de Ghon: é um “granuloma grande”. Tem tendência a diminuir de tamanho com o passar do tempo, deixando como resquício um foco de calcificação no RX de tórax. - Complexo de Ranke = nódulo de Ghon + linfadenopatia adjacente Imagem: anatpat.unicamp.br Imagem: Complexo de Ghon, caracterizado por lesão no parênquima pulmonar (seta), associado a linfonodomegalia hilar (cabeça de seta). Fonte: Al Ubaidi B., The Radiological Diagnosis of Pulmonary Tuberculosis (TB) in Primary Care, J Fam Med Dis Prev 2018. Medicina livre, venda proibida. Twitter @livremedicina - Como já vimos... 90% DOS PRIMOINFECTADOS NÃO DESENVOLVEM DOENÇA INFECÇÃO LATENTE (“inalaram o bacilo, mas não adoeceram”) 10% EVOLUEM PARA DOENÇA: podem desenvolver TB primária ou TB pós-primária (reinfecção ou reativação) TB PRIMÁRIA: adoecem já na primo-infecção (“adoece após o 1º contato”) TB PÓS-PRIMÁRIA: adoecem anos após o contato (por causa de um momento de imunodeficiência por estresse, medicamentos, doença; ou por causa de uma reinfecção/inalação de um novo bacilo) (2) DOENÇA TB PULMONAR PRIMÁRIA - PACIENTE TÍPICO: CRIANÇA (1º CONTATO) - QUADRO CLÍNICO: PNEUMONIA “ARRASTADA” NÃO RESPONSIVA A ATB INFILTRADO PERSISTENTE - RADIOLOGIA: ADENOMEGALIA HILAR UNILATERAL (geralmente no lado direito) - TRANSMISSÃO: É uma forma PAUCIBACILÍFERA (não transmite a doença!) São crianças, geralmente com menos de 4 anos que tem o que? Uma pneumonia... Só que como é um bacilo que não é virulento, que não produz toxina e mais nada, é uma pneumonia mais “boba”, uma pneumonia atípica! Não é uma pneumonia florida, exuberante... E não é só o pulmão! Lembre que ele se dissemina por via linfática e nós também temos linfonodos acometidos! É o que nós chamamos de complexo primário ou complexo de Ranke! Então, é um infiltrado alveolar associado a adenopatia! E não só isso... O bacilo também fez disseminação hematogênica e não se conseguiu controlar... O que a criança vai ter é uma síndrome gripal! Então, com o “pouquinho” de imunidade que a pessoa tem, ela vai sendo capaz de controlar a infecção e isso muitas vezes acaba sendo autolimitado. É um processo de pneumonia meio que atípica, uma síndrome gripal com uma tosse menos intensa, uma febre que é mais baixa, uma prostração, indisposição... Quem vai pensar em tuberculose? Ninguém... A sorte é que o pouco de imunidade que tem vai conseguindo controlar... TB MILIAR Complicação da TB pulmonar primária Indica COMPROMETIMENTO IMUNE GRAVE! PENSAR SE 3 SEMANAS E/OU FEBRE VESPERTINA, SUDORESE NOTURNA, PERDA DE PESO, INAPETÊNCIA E - RX TÓRAX COMPATÍVEL PRIMÁRIA: adenomegalia hilar unilateral PÓS-PRIMÁRIA: cavitações CRITÉRIO LABORATORIAL (MICROBIOLÓGICO – ESCARRO) Se clínica e RX positivos, o MS autoriza tratar a tuberculose mesmo sem o critério laboratorial! - TESTE RÁPIDO (TRM-TB):é atualmente o teste de ESCOLHA! MELHOR ACURÁCIA/MAIOR SENSIBILIDADE RESULTADO PRONTO EM 2 HORAS MENOR RISCO BIOLÓGICO (menor risco de exposição para quem faz o teste) AVALIA SE HÁ RESISTÊNCIA À RIFAMPCINA! - BACILOSCOPIA DO ESCARRO (BAAR): no mínimo 2 amostras coletadas em momentos distintos do dia (resultado demora 24-48h para ficar pronto) - CULTURA DO ESCARRO: realizada para CASOS DUVIDOSOS/avaliação da presença de RESISTÊNCIA A DETERMINADA DROGA durante o tratamento/falência terapêutica/POPULAÇÃO VULNERÁVEL (demora 20-30 dias para ficar pronta) E na criança ( semanas = 10 pontos (3) Imagem (RX de tórax) alterado > 2 semanas = 15 pontos (4) Latente/PPD > 10 = 10 pontos (5) Desnutrição (peso 30 pontos: possível → já tratar > 40 pontos: muito provável 2 dos 3: (1) clínica; (2) raio-X; (3) escarro Medicina livre, venda proibida. Twitter @livremedicina - AGORA VAMOS AS FORMAS EXTRAPULMONARES. Primeiro conceito: NENHUMA FORMA É BACILÍFERA! TB PLEURAL - Forma extrapulmonar MAIS COMUM NO BRASIL. Obs: se HIV+ ou criança: a forma extrapulmonar mais comum é a TB ganglionar! - ADULTO JOVEM COM FEBRE + EMAGRECIMENTO + DOR TORÁCICA PLEURÍTICA - CARACTERÍSTICAS DO LÍQUIDO PLEURAL: AMARELO-CITRINO EXSUDATO GLICOSE BAIXA (“toda guerra imune consome glicose”) Predomínio polimorfonuclear somente no início Predomínio LINFOMONOCITÁRIO (MONONUCLEAR) numa fase mais tardia e que é o clássico da TB SEM EOSINÓFILOS E SEM CÉLULAS MESOTELIAIS ADA > 40U: EXTREMAMENTE SUGESTIVO As características do líquido pleural sugestivas de TB pleural autorizam o início do tratamento, sem necessidade de biópsia. É um líquido exsudativo... A glicose é mais baixa, o predomínio celular é inicialmente polimorfonuclear, mas geralmente nunca enxergamos isso porque são os primeiros dias. As células de defesa mesmo da tuberculose são os linfócitos e monócitos e isso é o clássico, é o que persiste. São situações meio que inespecíficas... Entra como diagnóstico diferencial de um derrame neoplásico. Se pensar em um exsudato, a causa mais comum, a princípio, seria um derrame parapneumônico, mas existe a clínica de pneumonia por trás. Quando a pessoa tem derrame pleural e mais nada, uma tosse apenas, um emagrecimento, um quadro mais arrastado, o diagnóstico fica entre TB e câncer! Na prova, se a pessoa é jovem e etilista = tubercolose; se for mais velha e tabagista = câncer. Quando essa dica não está presente, podemos guardar que na TB pleural NÃO TEM CÉLULAS MESOTELIAIS e NÃO TEM EOSINÓFILOS! Esse é o grande conceito! - DIAGNÓSTICO: Baciloscopia: positiva em- Icterícia ou AST/ALT 3x LSN + sintomas ou AST/ALT 5x SE MELHORAR... - Reintroduzir PE, depois I, depois P (3-7 dias) SE O PACIENTE NÃO MELHORAR OU ESTIVER MUITO GRAVE - Mudar esquema: capreomicina, etambutol e levofloxacino (CEL) - RIFAMPCINA: SUOR/URINA ALARANJADAS, REAÇÕES DE HIPERSENSIBILIDADE (RASH, NIA), CITOPENIAS, GRIPE - ISONIAZIDA: NEUROPATIA PERIFÉRICA por deficiência vitamínica de piridoxina = a conduta é repor B6; SÍNDROME LÚPUS- LIKE - PIRAZINAMIDA: HIPERURICEMIA (pode precipitar gota), rabdomiólise - ETAMBUTOLHO: NEURITE ÓPTICA - ESTREPTOMICINA (AMINOGLICOSÍDEO): NEFRO E OTOTOXICIDADE - ETIONAMIDA: DIARREIA, ICTERÍCIA Imagem: Ministério da Saúde Medicina livre, venda proibida. Twitter @livremedicina - Reações Menores Reações Maiores Imagem: Ministério da Saúde Imagem: Ministério da Saúde Medicina livre, venda proibida. Twitter @livremedicina - 5. Acompanhamento - BACILOSCOPIA MENSALMENTE! Se não der, pelo menos no 2º, 4º e 6º mês de tratamento! E lembrando: TRM NÃO SERVE PARA ISSO! - EM CASOS DE BACILOSCOPIA POSITIVA NO FINAL DO SEGUNDO MÊS, SOLICITAR CULTURA PARA MICOBACTÉRIAS COM TSA E TRM PARA AVALIAR RESISTÊNCIA A RIFAMPCINA. Deve-se ainda PROLONGAR A FASE INTENSIVA DO TRATAMENTO POR MAIS 30 DIAS. - SE O DIAGNÓSTICO FOI DADO SEM BACILOSCOPIA, O SEGUIMENTO DEVE SER FEITO COM CLÍNICA E RX DE TÓRAX, NO 2º E 6º MÊS DE TRATAMENTO. - TDO (TRATAMENTO DIRETAMENTE OBSERVADO): Ao final do tratamento, convenciona-se que o doente deverá ter tido NO MÍNIMO 24 TOMADAS OBSERVADAS NA FASE DE ATAQUE E 48 OBSERVADAS NA FASE DE MANUTENÇÃO! APÓS 15 DIAS DE TRATAMENTO O PACIENTE JÁ NÃO É INFECTANTE! CONCEITOS IMPORTANTES! CASO NOVO ou VIRGEM DE TRATAMENTO (VT): pacientes que nunca se submeteram ao tratamento ou o fizeram por menos de 30 dias. RETRATAMENTO: paciente já tratado para TB por mais de 30 dias e que venha a necessitar de novo tratamento por Recidiva após Cura (RC) ou Reingresso após Abandono (RA). No caso do retratamento, coletar BK no escarro, cultura + TSA e fazer TRM. Depois de confirmado, reiniciar o esquema. REINGRESSO APÓS ABANDONO: paciente que retoma, após iniciado o tratamento para tuberculose e que deixou de comparecer a UBS por mais de 30 dias consecutivos a partir da data marcada para seu retorno ou da última tomada supervisionada. TB MULTIRRESISTENTE: bacilo resistente a RI. TB POLIRRESISTENTE: bacilo resistente a R ou I + outro fármaco. TB SUPER-RESISTENTE (OU TBXDR): resistente a RI + uma fluoroquinolona, associada a resistência a um dos 3 fármacos injetáveis de segunda linha (amicacina, canamicina e capreomicina). CRITÉRIOS DE FALÊNCIA DO TRATAMENTO - BAAR (+) AO FINAL DO TRATAMENTO - BAAR (+2/+3) ATÉ O 4º MÊS - BAAR QUE VOLTA A SER (+) E SE MANTÉM POR 2 MESES CONSECUTIVOS SE FALÊNCIA DO TRATAMENTO: FAZER CULTURA E DECIDIR TRATAMENTO BASEADO EM TESTES DE SENSIBILIDADE! (*) NÃO SE ESQUEÇA QUE A CULTURA TAMBÉM É OBRIGATÓRIA PARA POPULAÇÕES VULNERÁVEIS ANTES DE INICIAR O TRATAMENTO! Imagem: dive.sc.gov.br Imagem: prefeitura.pbh.gov.br Medicina livre, venda proibida. Twitter @livremedicina - ESQUEMAS DE INTOLERÂNCIA E REGRAS DO TRATAMENTO INTOLERÂNCIA A R: 2LIPE/10LIE INTOLERÂNCIA A I: 2RLPE/4LER INTOLERÂNCIA A P: 2RIE/7RI INTOLERÂNCIA A E: 2RIP/4RI TODO ESQUEMA SEM R OU I TERÁ 4 DROGAS; TODO ESQUEMA SEM R DURA 12 MESES; TODO ESQUEMA SEM I DURA 9 MESES; SUBSTITUIR R OU I POR L (LEVOFLOXACINO) TODO ESQUEMA SEM E/P NÃO PRECISA DE DROGA ADICIONAL ESQUEMA SE FALÊNCIA OU MULTIRRESISTÊNCIA 18 MESES CLEPT: CAPREOMICINA, LEVOFLOXACINO, ETAMBUTOL, LEVOFLOXACINO, PIRAZINAMIDA e TERIZIDONA. SE RESISTÊNCIA AO ETAMBUTOL: trocar por ETIONAMIDA SE RESISTÊNCIA A PIRAZINAMIDA: adicionar ETIONAMIDA Sempre encaminhar para unidade de referência! (4) CONTROLE O que o Brasil tem feito para prevenir e controlar a tuberculose? Se parar e pensar, existem 4 medidas básicas que o MS tem feito! Dessas, qual a mais importante? Pense... Se você prevenir ou tratar uma infecção latente, você está tratando ‘essa pessoa’. Quando você faz a BCG, você está prevenindo quem? Praticamente ninguém... Você não previne infecção, não previne adoecimento.... Só previne formas graves. Quando você uma busca ativa de contactantes ou de pessoas sintomáticas, também só previno ‘essa pessoa’. Agora... Quando tratamos um bacilífero, prevenimos ele e quantos? Aproximadamente 15 ao longo de 1 ano! Tratar o bacilífero passa a ser o mais importante sem dúvida nenhuma! Sem a fonte, não há a transmissão! Quando inicia o tratamento, em quanto tempo a pessoa deixa de ser bacilífera? 15 dias! Excluindo uma resistência ou uma multirresistência, algo mais raro, com 15 dias de tratamento a pessoa não é mais bacilífera! Então, são medidas de controle: (1) BUSCA ATIVA DE SINTOMÁTICOS RESPIRATÓRIOS (TOSSE > 3 SEMANAS). Investigar qualquer tosse nas populações mais vulneráveis: índios, HIV, presos, imigrantes, situação de rua (2) NOTIFICAÇÃO E TRATAMENTO DIRETAMENTE OBSERVADO (3) TRATAR BACILÍFERO (PRINCIPAL)/VACINA BCG (FORMAS GRAVES) (4) AVALIAR CONTACTANTES: pessoa que vive ou trabalha no mesmo local do bacilífero. É o que mais costuma cair em prova! COMO? AVALIAÇÃO CLÍNICA + RX DE TÓRAX SINTOMÁTICOS E/OU RX NORMAL: avaliar DOENÇA (TB ativa) com TR-TB/BAAR ASSINTOMÁTICO E RX NORMAL: avaliar RISCO DE DOENÇA (TB latente) com PPD/IGRA PPD NÃO REATOR ( 5mm) ou IGRA POSITIVO: HÁ INFECÇÃO! TRATAR TB LATENTE. ATENÇÃO! O MS afirma que A VACINA BCG NÃO INTERFERE NA LEITURA DO PPD! Medicina livre, venda proibida. Twitter @livremedicina - Tratamento da Infecção Latente por Tuberculose (ILTB) FORMAS DE DIAGNOSTICAR INFECÇÃO: PPD - Inoculação intradérmica de Derivado Proteico Purificado (PPD) do BK. Após 48-72 horas (podendo-se estender até 96h), avalia-se o resultado, com a medida do maior diâmetro transverso da área de enduração. - Avaliamos o PPD nos contactantes logo no primeiro momento da abordagem. Entretanto, nos contatos recentes, devemos repetir o teste após 8 semanas afim de surpreender a viragem tuberculínica. IGRA - Após enfrentarmos nos últimos anos períodos de desabastecimento de PPD, o MS passou a aceitar os chamados IGRA (INTERFERON GAMA RELEASE ASSAYS) para o diagnóstico de infecção latente. ESPECIFICIDADE MAIOR QUE 95%. - NÃO SOFRE INTERFERÊNCIA DA VACINA BCG. NÃO FAZ DIFERENÇA ENTRE INFECÇÃO LATENTE E TB ATIVA E POR ISSO NÃO SERVE PARA DIAGNÓSTICO. DOSADA NO SANGUE. FORMAS DE TRATAMENTO: Como tratar? ESCOLHA: ISONIAZIDA + RIFAPENTINA 12 DOSES EM 3 MESES (1X/SEMANA) Doses semanais (12 doses) 1x/semana por 3 meses Adulto: 900mg de rifapentina + 900mg de isoniazida É atualmente o tratamento preferencial, incluindo adultos, crianças acima de 2 anos, idosos e pessoas vivendo com HIV. ALTERNATIVA 1: ISONIAZIDA, 270 DOSES, 9-12 MESES (antigo esquema preferencial) ALTERNATIVA 2: RIFAMPCINA, 120 DOSES, 4-6 MESES (preferencial em 50 anos, hepatopatia ou intolerância à isoniazida) Imagem: Ministério da Saúde Medicina livre, venda proibida. Twitter @livremedicina - Quem tratar? - CONTACTANTES COM PPD > 5MM (REATOR) ou IGRA POSITIVO - IMUNODEPRIMIDOS COM PPD > 5MM (REATOR) OU IGRA POSITIVO Com PPD maior ou igual a CInco, tratamos os contactantes e imunodeprimidos! - DOENÇAS DEZBILITANTES (IRC em diálise, DM descompensado, silicose) com PPD > 10MM OU IGRA POSITIVO Com PPD maior ou igual a dez, tratamos as doenças dezbilizantes! - VIRAGEM TUBERCULÍNICARECENTE (EM 1 ANO): AUMENTO > 10MM - HIV+ PPD REATOR: tratar TODOS, independente de vacinação PPD NÃO REATOR: tratar CONTACTANTES DE BACILÍFEROS, RXIS COM CICATRIZ DE TB NÃO TRATADA, HISTÓRIA DE PPD PRÉVIO REATOR, CD4 5mm: + 3 meses de ISONIAZIDA ou + 1 mês de RIFAMPCINA (não vacinar BCG) Se 90%) CONCEITOS: - Mais comum em ADULTOS HOMENS > 30 ANOS (estrógeno parece exercer efeito protetor em mulheres a doença é muito mais comum em homens) ACHADOS CLÍNICOS: “TUBERCULOSE DO CAMPO” - SINTOMAS RESPIRATÓRIOS ARRASTADOS tosse + expectoração de evolução arrastada, dispneia, febre... - LESÃO ULCERADA DE PELE E MUCOSA PLACAS, ÚLCERAS E LESÕES VEGETANTES (“ESTOMATITE MORIFORME”). É o que nos permite fazer o diagnóstico diferencial da TB pulmonar! - Uma pequena parcela de pacientes pode apresentar sinais de INSUFICIÊNCIA ADRENAL (atenção com hipoglicemia, hiponatremia, hipercalemia, hipotensão) EXAMES: - INFILTRADO PULMONAR PERI-HILAR BILATERAL E SIMÉTRICO (“EM ASA DE MORCEGO”) DETALHES: - Existem casos em que não há lesão cutânea e o paciente apresenta somente a forma pulmonar (diagnóstico diferencial com tuberculose fica muito difícil). - Essas manifestações cutâneas, apesar de não ser comum, também podem aparecer na forma aguda da doença (já caiu esse conceito em prova) - É possível que haja COINFECÇÃO paracoco e tuberculose. - Em pacientes imunodeprimidos pode haver uma “mistura” dos sintomas das formas aguda e crônica. DIAGNÓSTICO: “tem que procurar o bicho!” - MICROSCOPIA DIRETA (ESCARRO, RASPADO, ASPIRADO DUODENAL): evidencia o fungo com aspecto EM RODA DE LEME - CULTURA: ACURÁCIA DUVIDOSA (bactérias do escarro, por exemplo, inibem o fungo, o que pode atrapalhar o diagnóstico) - HISTOPATOLÓGICO: evidencia GRANULOMATOSE CRÔNICA + FUNGO NA REGIÃO MAIS CENTRAL - SOROLOGIA: para diagnóstico e MONITORAR RESPOSTA AO TRATAMENTO. TRATAMENTO: - ITRACONAZOL 100-200MG/DIA POR 6-18 MESES (alternativa: BACTRIM 12-24 meses) - ANFOTERICINA B NO MOMENTO DA INTERNAÇÃO + ITRACONAZOL (para CASOS GRAVES hipotensão, insuficiência respiratória, desnutrição, acometimento de SNC, insuficiência adrenal) - Sempre realizar de forma concomitante a SOROLOGIA e observar melhora dos achados clínicos-radiológicos para avaliar a se suspende ou prolonga o tratamento. ASPECTO EM RODA DE LEME Imagem: Consenso em Paracoccidioidomicose | Shikanai-Yassyda et al | Rev. Soc. Bras. Med. Trop. 39 (3) • Jun 2006 INFILTRADO EM ASA DE MORCEGO Imagem: rmmg.org.br Imagem: edisciplinas.usp.br Medicina livre, venda proibida. Twitter @livremedicina - 3. Histoplasmose AGENTE: - HISTOPLASMA CAPSULATUM - Relacionada a CAVERNAS COM MORCEGOS/GALINHEIROS - É infecciosa, mas não é contagiosa! FORMAS CLÍNICAS: FORMA AGUDA - Até 3 semanas após o contato - SÍNDROME GRIPAL + TOSSE SECA/DISPNEIA - Regressão espontânea (semanas) FORMA CRÔNICA - RESTRITA AOS PULMÕES! - FATOR DE RISCO: PACIENTES DPOC/PNEUMOPATAS PRÉVIOS infecção facilitada pelo fungo - SINTOMAS RESPIRATÓRIOS ARRASTADOS + INFILTRADO PULMONAR = SEMELHANTE A TB PULMONAR FORMA DISSEMINADA (maior risco em imunodeprimidos) - FORMA AGUDA: PANCITOPENIA, ENCEFALITE - FORMA SUBAGUDA: LESÕES SÓLIDAS DESTRUTIVAS de órgãos sólidos (ADRENAL, PULMÕES, RINS, INTESTINO...) - FORMA CRÔNICA: LESÕES CUTÂNEO-MUCOSAS (pápulas com UMBILICAÇÃO CENTRAL parece molusco contagioso) DIAGNÓSTICO: Tem que procurar o bicho! - CULTURA! Crônica: escarro e lavado brônquico Sangue e MO apenas na forma disseminada COMO A CULTURA DEMORA ATÉ 30 DIAS PARA FICAR PRONTA, TEMOS COMO OUTRAS OPÇÕES DE DIAGNÓSTICO... - EXAME DIRETO E PESQUISA DE ANTÍGENO NO SANGUE OU URINA - TESTES SOROLÓGICOS: úteis nos quadros agudos, mas também demoram +/- 30 dias Imagens: Histoplasmose | Ferreira MS e Borges AS | Rev. Soc. Bras. Med. Trop. 42 (2) • Abr 2009 Medicina livre, venda proibida. Twitter @livremedicina - TRATAMENTO: - AGUDA: AUTOLIMITADA SE NÃO MELHORAR EM 1 MÊS: ITRACONAZOL 6-12 semanas - CRÔNICA OU DISSEMINADA: ITRACONAZOL 12 meses OPÇÕES: posaconazol, voriconazol, fluconazol - CASOS GRAVES: ANFOTERICINA B (2 semanas) seguido de ITRACONAZOL 4. Aspergilose DEFINIÇÕES: - ASPERFILLUS FUMIGATUS (90%) - Transmissão por VIA INALATÓRIA FATORES DE RISCO: - IMUNOSSUPRESSÃO: neutropenia prolongada (> 3 semanas) ou disfunção de neutrófilos (doença granulomatosa crônica); corticoides; transplantados (pulmão e medula); neoplasias hematológicas; quimioterapia; AIDS. ENTÃO... ASPERGILOSE = IMUNOSSUPRESSÃO? NÃO! Também pode acontecer em imunocompetentes! ASPERGILOSE BRONCOPULMONAR ALÉRGICA ASPERGILOSE PULMONAR CRÔNICAASPERGILOSE INVASIVA Asma ou fibrose cística Dç pulmonar prévia Imunossuprimidos ASPERGILOSE BRONCOPULMONAR ALÉRGICA CONCEITOS: - Fator de Risco: ASMA ou FIBROSE CÍSTICA - Colonização pelo Aspergillus > reação de HIPERSENSIBILIDADE Resposta imune com aumento de IgG e IgE Enzimas protelíticas + dano pulmonar = BRONQUIECTASIAS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: - EXACERBAÇÃO DA DOENÇA DE BASE! Imagem: MSD Manuals Medicina livre, venda proibida. Twitter @livremedicina - LABORATÓRIO: - EOSINOFILIA, AUMENTO DE IGE TOTAL (> 1000 UI/ml) - Presença de IGE E IGG ESPECÍFICAS PARA ASPERGILLUS - Galactomanana sérica NÃO é útil (a utilidade é apenas para a forma invasiva) TRATAMENTO: - PREDNISONA 0,5mg/kg/dia (mínimo 14 dias) + ANTIFÚNGICO (itraconazol ou voriconazol) ASPERGILOSE PULMONAR CRÔNICA CONCEITOS: - Fator de risco: LESÃO/DOENÇA PULMONAR PRÉVIA (geralmente TUBERCULOSE) FORMAS CLÍNICAS: - Aspergilose NODULAR - Aspergilose PULMONAR CAVITARIA CRÔNICA o próprio Aspergillus faz a “caverna” - ASPERGILOMA (BOLA FÚNGICA) o Aspergillus “se aproveita” de uma “caverna” já existente (ex: tuberculose) QUADRO CLÍNICO: - O mais comum é estar ASSINTOMÁTICO, mas pode haver perda ponderal, tosse, dispneia, HEMOPTISE... (+ clássico) DIAGNÓSTICO: - CLÍNICA + IMAGEM SUSPEITA (bola fúngica não é patognomônica) - SOROLOGIA IGG POSITIVA PARA ASPERGILLUS CONFIRMAÇÃO TRATAMENTO: - ASPERGILOMA: CIRURGIA/RESSECÇÃO DA LESÃO (BASE DO TRATAMENTO) +/- EMBOLIZAÇÃO DA ARTÉRIA BRÔNQUICA (EM CASOS DE HEMOPTISE VOLUMOSA/IMPORTANTE) +/- TERAPIA ANTIFÚNGICA (apenas para evitar que evolua para a forma invasiva, e não como tratamento em si | é como se o antifúngico “não chegasse” no aspergiloma) - CAVITÁRIA CRÔNICA: TERAPIA ANTIFÚNGICA AD ETERNUM (itraconazol ou VORICONAZOL) SINAL DO CRESCENTE Imagem: pneumoimagem.com.br Medicina livre, venda proibida. Twitter @livremedicina - ASPERGILOSE INVASIVA CONCEITOS: - Fator de risco: IMUNOSSUPRESSÃO FORMAS CLÍNICAS: - Aspergilose PULMONAR INVASIVA (!) - Traqueobronquite - Rinossinusite invasiva - Doença disseminada (SNC, pele, rins...) HÁ ACOMETIMENTO PULMONAR EM ~ 90% DOS CASOS! Perceba o acometimento mais invasivo/“espalhado”: BOLA FÚNGICA CERCADA POR REAÇÃO INFLAMATÓRIA MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: - Tríade clássica: FEBRE + DOR PLEURÍTICA + HEMOPTISE DIAGNÓSTICO: - Fator de risco + clínica com imagem típica + - Evidência de Aspergillus: GALACTOMANANA SÉRICA, NO ESCARRO OU NO LAVADO BRÔNQUIOALVEOLAR: ALTA SENSIBILIDADE E ESPECIFICIDADE aqui! Se galactomanana não disponível, métodos mais invasivos são opções: biópsia da lesão ou videotoracoscopia. Cultura do escarro ou lavado: sensibilidade menor e resultado mais demorado. TRATAMENTO: - VORICONAZOL + associação com ANFOTERICINA B por 2 semanas (se disseminada) Então... O fungo é bobo, mas se eu reajo mal a ele, eu faço a forma alérgica. O fungo é bobo, mas se o ambiente for propício, ele faz a bola fúngica. O fungo é bobo, mas se a minha imunidade for mais boba que ele, ele faz a forma invasiva. Imagem: rb.org.br Medicina livre, venda proibida. Twitter @livremedicina - 1. Conceitos Iniciais TAMANHO DA LESÃO PULMONAR: - 3cm: MASSA NÓDULO PULMONAR É QUALQUER LESÃO PULMONAR DE ATÉ 3 CM DE DIÂMETRO ENVOLVIDA POR PARÊNQUIMA PULMONAR NORMAL. O grande temor é que este nódulo seja uma neoplasia maligna. ABORDAGEM DIAGNÓSTICA: - EXAME “PREFERIDO”: TC TÓRAX - O QUE AVALIAR? PADRÃO DE CALCIFICAÇÃO, VELOCIDADE DE CRESCIMENTO, MORFOLOGIA E LOCALIZAÇÃO BENIGNO OU MALIGNO? BENIGNO - Pensar em CICATRIZ DE TUBERCULOSE - Conduta: Se 8mm, sem fatores de risco: TC A CADA 3 MESES POR 2 ANOS OU PET-CT MALIGNO - Pensar em CA DE PULMÃO (é o câncer que mais mata) - Nódulo > 8mm + fatores de risco (tabagismo, > 35 anos, CRESCIMENTO EM 2 ANOS, PADRÃO DE CALCIFICAÇÃO E FORMATO DO NÓDULO SUGESTIVOS) - Conduta: BIÓPSIA OU RESSECÇÃO/LOBECTOMIA BENIGNO MALIGNO IDADE > 35 anos > 35 anos TABAGISMO Não Sim TAMANHO 0,8cm CONTORNO Regular Irregular PADRÃO DE CALCIFICAÇÃO Central, pipoca, difusa, concêntrica Ausente, excêntrica, salpicado, vidro fosco MORFOLOGIA Contorno regular Irregular, espiculado CRESCIMENTO EM 2 ANOS Não Sim (> 2mm) LOCALIZAÇÃO Fissural Lobo superior CONDUTA RX/TC/PET 3-6-12 meses por 2 anos Biópsia/Ressecção Nódulo Pulmonar Solitário @ casalmedresumos CUIDADO! Se paciente com alta suspeição de malignidade (ex: idoso, tabagista e com nódulo espiculado) e o achado de uma biópsia transbrônquica ou transtorácica (menos invasivas) for normal, a conduta é fazer biópsia com toracotomia aberta ou toracoscopia (biópsia a céu aberto)! Imagem: MSD Manuals Medicina livre, venda proibida. Twitter @livremedicina - PADRÕES DE CALCIFICAÇÃO E FORMATO DO NÓDULO: A: CENTRAL B: CONCÊNTRICO C: DIFUSO D: PIPOCA E: SALPICADO F: EXCÊNTRICO ENTENDENDO... OS PADRÕES SALPICADO E EXCÊNTRICO FALAM A FAVOR DE LESÃO MALIGNA! A CALCIFICAÇÃO EM PIPOCA DO TIPO HAMARTOMA FALA A FAVOR DE LESÃO BENIGNA E POSSUI DENSIDADE DE GORDURA NA TC. É o tumor benigno de pulmão mais comum. FLUXOGRAMA AMERICAN THORACIC SOCIETY IMPORTANTE! A causa mais comum de nódulo benigno é o GRANULOMA PÓS-INFECCIOSO (ex: tuberculoma, histoplasmoma). O HAMARTOMA é o tumor benigno de pulmão mais comum, mas só é responsável por 6% dos casos de NPS. FATORES AVALIADOS NA TOMOGRAFIA Sugestivos de MALIGNIDADE - Calcificação excêntrica, amorfa ou salpicada. - Padrões de contorno do nódulo: borda irregular, borda espiculada, coroa radiada, “rabo de cometa” - Coeficiente de atenuação na TC 185 unidades Haunsfield - Áreas com densidade de gordura (hamartoma) - Sem reforço do contraste na TC HAMARTOMAS - Tumor benigno de pulmão mais comum. - Causa de 6% dos NPS. (1) CALCIFICAÇÃO EM PIPOCA (2) DENSIDADE DE GORDURA Imagem: rb.org.br Medicina livre, venda proibida. Twitter @livremedicina - 1. Conceitos Iniciais Carcinoma broncogênico = deriva do epitélio respiratório (brônquio, bronquíolo, alvéolo) representa > 90% das neoplasias pulmonares É UM CARCINOMA BRONCOGÊNICO! Se numa prova cair que o paciente tem um ‘câncer de pulmão’, ela não está fazendo referência a um linfoma (se houver linfoma, vai falar ‘linfoma’). Está fazendo referência a um carcinoma broncogênico! O PRINCIPAL FATOR DE RISCO É O TABAGISMO ESTIMADO PELA CARGA TABÁGICA (MAÇOS/ANO) = MAÇOS/DIA X ANOS FUMADOS. Sabemos que o grande fator de risco é o tabagismo! O cálculo da carga tabágica aparece em prova... É dada na unidade ‘maços/ano’. Perguntamos para o paciente quantos maços ele fuma ou fumou por dia (não é número de cigarros, é de maços) e multiplicamos isso pelo número de anos que ele fuma ou fumou. FATORES DE RISCO: - TABAGISMO, EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL (ASBESTO, ARSÊNICO), HISTÓRIA FAMILIAR TIPOS: NÃO PEQUENAS CÉLULAS (80-85%) ADENOCARCINOMA MAIS COMUM (40%) Paciente mais atípico: NÃO FUMANTES, JOVEM, MULHERES PERIFÉRICO Maior relação com DERRAME PLEURAL BRONQUIOLO-ALVEOLAR: variante do adenocarcinoma, bem diferenciado, com melhor prognóstico e TC que evidencia imagem com aspecto em vidro fosco (não invade alvéolo) EPIDERMOIDE 2º MAIS COMUM (30%) Paciente mais típico: TABAGISTA/IDOSO CENTRAL MAIS RELACIONADO com CAVITAÇÃO GRANDES CÉLULAS Mais raro (10%) PERIFÉRICO (cai pouco em prova) PEQUENAS CÉLULAS (15-20%%) OAT CELL Menos comum MAIS AGRESSIVO/PIOR PROGNÓSTICO Origem NEUROENDÓCRINA SÍNDROMES PARANEOPLÁSICAS CENTRAL Câncer de Pulmão @ casalmedresumos 1 maço = 20 cigarros NÃO FUMANTE | PERIFÉRICO | DERRAME PLEURAL IDOSO TABAGISTA | CENTRAL| CAVITAÇÃO AGRESSIVO | CENTRAL | ↑PARANEOPLÁSICAS Medicina livre, venda proibida. Twitter @livremedicina - 2. Quadro Clínico 1. INESPECÍFICOS: ANOREXIA, PERDA PONDERAL, FADIGA... Sintomas que podem ocorrer em qualquer neoplasia! 2. TOSSE (!), HEMOPTISE, DISPNEIA, DOR TORÁCICA São manifestações ocasionadas pelo crescimento físico do tumor! Tosse, por exemplo, é a mais comum manifestação de um CA de pulmão! O tumor cresce na via aérea e a irrita... Pode lesar vasos e gerar hemoptise, pode obstruir via aérea, comprimir nervo... 3. SÍNDROMES COMPRESSIVAS: PANCOAST, VEIA CAVA SUPERIOR Apesar do nome ‘síndrome’, não é síndrome paraneoplásica! O mesmo vale para a síndrome da veia cava superior! A síndrome de Pancoast é mais comum no subtipo epidermoide! Tem que saber! Epidermoide é o único com a letra P de Pancoast. Síndrome da veia cava superior é mais comum no Oat Cell! SÍNDROME DE PANCOAST (associado ao epidermoide) Tumor do SULCO SUPERIOR DOR TORÁCICA (invasão do gradil costal/nervos intercostais) + COMPRESSÃO DO PLEXO BRAQUIAL (PARESTESIA EM RAÍZES LUNARES) + SÍNDROME DE HORNER (compressão do tronco simpático cervical prevalece o parassimpático = MIOSE, PTOSE, ANIDROSE IPSILATERAL, ENOFTALMIA) O câncer, para gerar a síndrome de Pancoast, deve ser localizado no ápice pulmonar, no sulco superior do pulmão. Quando cresce, invade parede torácica destruindo primeiro e segundo arcos costais, gerando dor torácica e em região dos ombros. Quando cresce ainda mais, invade plexo braquial... A dor que antes era no ombro, agora é referida em todo o braço, especialmente na face ulnar. Cresce mais, e começa a destruir gânglios simpáticos cervicais! Quando acontece isso, aparece a síndrome de Horner (ou Claud-Bernad-Horner), com miose, ptose palpebral, enoftalmia e anidrose no mesmo lado das alterações oculares! SÍNDROME DA VEIA CAVA SUPERIOR (associado ao OAT cell) VEIAS SOBRESSALENTES (TÓRAX + MMSS) + EDEMA DE FACE/PLETORA + TURGÊNCIA JUGULAR É um câncer que cresce e que pode estrangular a cava superior! E lembre que ela é a veia que drena o sangue da parte superior do corpo! A consequência clínica se torna óbvia... A pessoa tem cefaleia, edema de rosto e membros superiores, turgência jugular patológica e, como o sangue não é “bobo” e procura outras rotas alternativas, surge circulação colateral no 1/3 superior do tórax! Imagem: Netter D. PLEURAL | ADENOCARCINOMA CAVITAÇÃO | EPIDERMOIDE SD. VEIA CAVA SUPERIOR Imagem: PEBMED Imagem: MSD Manuals SÍNDROME DE PANCOAST Imagens: radiopaedia.org Medicina livre, venda proibida. Twitter @livremedicina - 4. SÍNDROMES PARANEOPLÁSICAS PRIMEIRO CONCEITO: NÃO INDICA INTRATABILIDADE E NÃO TEM RELAÇÃO COM O TAMANHO DO TUMOR! Primeiro um conceito: o que é síndrome paraneoplásica? É uma manifestação associada ao câncer de pulmão que se origina pela liberação (pelo próprio câncer) de substâncias ativas, como hormônios, peptídeos ou até mesmo anticorpos. Repare: independe do tamanho tumoral! O tumor pode ser “gigante” e não liberar nada, bem como pode ser pequeno e liberar várias dessas substâncias ativas. EPIDERMOIDE HIPERCALCEMIA (PEPTÍDEO PTH-LIKE) O epidermoide tem uma capacidade maior de liberar o peptídeo PTH-like. Repare que não é o PTH! Se dosar o PTH aqui, ele vai estar baixo... É semelhante ao PTH e exerce a mesma função! Vai no osso, tira cálcio do osso, e joga no sangue. A consequência é hipercalcemia! Essa é a síndrome paraneoplásica mais associada ao epidermoide! ADENOCARCINOMA OSTEOARTROPATIA PULMONAR HIPERTRÓFICA (BAQUETEAMENTO DIGITAL) É possível que o adenocarcinoma libere uma ocitocina que induz inflamação de periósteo, levando, em algumas situações, a deformidades das mãos, conhecida como baqueteamento digital ou dedos em baqueta de tambor. Isso é chamado de osteoartropatia pulmonar hipertrófica. GRANDES CÉLULAS NÃO HÁ MANIFESTAÇÕES PARANEOPLÁSICAS! MAL CAI EM PROVA... OAT-CELL Há maior possibilidade de manifestações por ser de ORIGEM NEUROENDÓCRINA... São as principais: - SIADH - SÍNDROME DE CUSHING (ACTH ECTÓPICO) - SÍNDROME DE EATON-LAMBERT (SÍNDROME MIASTÊNICA) O OAT cell tem uma origem histológica neuroendócrina! A capacidade de liberar substâncias ativas é maior! É aquele com o maior número de manifestações da síndrome paraneoplásica! Pode haver SIADH, com retenção de volume e hiponatremia dilucional; síndrome de Cushing por liberação de ACTH pelo tumor; síndrome de Eaton-Lambert, por liberação de anticorpos que atrapalham a função do segundo neurônio motor e consequente síndrome miastênica (miastenia gravis). 3. Diagnóstico - HISTOPATOLÓGICO (BIÓPSIA) TUMOR CENTRAL: BRONCOSCOPIA (OAT cell e epidermoide), USG ENDOSCÓPICO (“EBUS”), ESCARRO/LAVADO BRÔNQUICO (baixa sensibilidade) TUMOR PERIFÉRICO: PERCUTÂNEA COM AGULHA FINA OU CORE BIOPSY (adenocarcinoma), TORACOTOMIA, VIDEOTORACOSCOPIA (VATS). BRONCOSCOPIA EBUS Imagens: cirurgiatoracicadovale.com.br Medicina livre, venda proibida. Twitter @livremedicina - RASTREIO: NÃO É CONSENSO! MS NÃO PRECONIZA! Pela USPSTF/ACS: - TC DE BAIXA DOSE ANUAL (SEM CONTRASTE) - TABAGISTAS (OU EX-TABAGISTAS RECENTES) COM CARGA TABÁGICA DE 20 ANOS/MAÇO ENTRE 50-80 ANOS (ou 55-74 anos) - ATÉ IDADE MÁXIMA OU 15 ANOS DE RASTREIO NORMAL 4. Estadiamento QUAIS EXAMES PARA ESTADIAR? PET-SCAN: avalia invasão local ou metástase RNM CEREBRAL: avalia implante metastático SNC CINTILOGRAFIA ÓSSEA: avalia metástase óssea (útil em casos de impossibilidade de PET-SCAN) SE PEQUENAS CÉLULAS + HEMOGRAMA ALTERADO: ASPIRADO + BIÓPSIA DE MEDULA ÓSSEA (pela capacidade de invasão medular desse tipo de tumor) NÃO PEQUENAS CÉLULAS T1: lesão 7cm ou atingiu estruturas adjacentes (coração, traqueia, esôfago...) ou nódulo satélite ipsilateral em lobo diferente N1: LN hilares no mesmo lado da lesão N2: LN mediastinais no mesmo lado da lesão N3: LN contralaterais ou supraclaviculares M1a: derrame pleural/pericárdico ou nódulo contralateral M1b: metástase em órgão único M1c: metástase em mais de um órgão PEQUENAS CÉLULAS - Limitado: um hemitórax - Extenso: bilateral Medicina livre, venda proibida. Twitter @livremedicina - 5. Tratamento PRIMEIRO PASSO: INVESTIGAÇÃO LINFONODAL com MEDIASTINOSCOPIA ou ENDOSCOPIA BRÔNQUICA (EBUS) OU ESOFÁGICA (EUS) para DEFINIR O “N” do estadiamento CIRURGIA - ESTÁGIOS: I até IIIa | GUARDAR: tumor 4cm ou > N1 - Se EGFR positivo = OSIMERTINIBE TRATAMENTO PALIATIVO - ESTÁGIOS: IIIC e IV | GUARDAR: T4 (exceto NPS ipsilateral), N3 ou M1 Destrinchando... NÃO PEQUENAS CÉLULAS - ESTÁGIO IA (T1N0M0 = NÓDULO PULMONAR SOLITÁRIO): SÓ CIRURGIA/RESSECÇÃO - ESTÁGIO IB OU II: CIRURGIA/RESSECÇÃO + QT - ESTÁGIO IIIA: AVALIAR LESÃO. IRRESSECÁVEL SE T4, N3, M1 - ESTÁGIO IIIB: QT + RT - ESTÁGIO IV: QT PALIATIVA OBS: SE TUMOR EGFR POSITIVO = fazer OSIMERTINIBE CONTRAINDICAM A RESSECÇÃO CIRÚRGICA: - T4 (exceção: nódulo satélite ipsilateral pode fazer cirurgia) - N3 - M1 TIPO LOCAL DETALHES S. PARANEOPLÁSICA EPIDERMOIDE “EPTHIDERMOIDE” CENTRO HOMEM FUMANTE MAIS TEM CAVITAÇÃO PANCOAST HIPERCALCEMIA (PTH-SÍMILE) ADENOCARCINOMA “ADERRAMECARCINOMA” PERIFÉRICO É O QUE + INDUZ D. PLEURAL MALIGNO TEMUMA VARIANTE: BRONQUÍOLO-ALVEOLAR OSTEOARTROPATIA HIPERTRÓFICA (BAQ. DIGITAL) OAT CELL “OACTH-CAVA” CENTRAL PIOR PROGNÓSTICO S. VEIA CAVA SUPERIOR ORIGEM NEUROENDÓCRINA CUSHING (ACTH ECTÓPICO) SIADH EATON-LAMBERT PEQUENAS CÉLULAS (OAT CELL) - LIMITADO: QT + RT (CURA 15-25%) - EXTENSO: QT PALIATIVA Não se indica cirurgia para o OAT cell! Mesmo para os casos limitados, sabemos que é um câncer que geralmente já tem micrometástases a distância e que não são percebidas... Em geral não adianta partir para a cirurgia... Quando é avançado, também não se fica fazendo RT no corpo todo... Não se faz RT de grandes áreas! Fica só na QT... Se é limitado, QT e RT! Quanto mais periférico, mais chance de derrame pleural Quanto mais central, mais chance de comprimir a cava superior RESUMÃO Medicina livre, venda proibida. Twitter @livremedicinaesclarecida, mas com boa resposta a perda de peso 2. Manifestações Clínicas - TOSSE, DISPNEIA, SIBILO, APERTO NO PEITO, RINITE SINTOMAS VARIÁVEIS, COM HISTÓRIA DE ATOPIA, INTERMITENTES, QUE PIORAM A NOITE E GERALMENTE TEM GATILHOS. ALGUNS CUIDADOS PARA A PROVA... SIBILO = PODE ESTAR AUSENTE NO INÍCIO DA DOENÇA E TAMBÉM NAS CRISES GRAVES! Nem tudo que sibila é asma! Nem toda asma sibila. SIBILO + AUSÊNCIA DE HISTÓRIA DE ASMA = IC, TEP, OBSTRUÇÃO DE VAS, DRGE... “PEPINO”! E cuidado... Um adulto que chega no PS sibilando e sem história de asma, deve ser pepino... Pode ser IC, TEP, obstrução de VAS, DRGE. CHURG-STRAUSS = PODE CURSAR COM SIBILO! DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: ASPERGILOSE BRONCOPULMONAR ALÉRGICA (IGE > 1.000 TRATAR A ALERGIA!) Lembrando: existe uma vasculite que pode causar sibilo Churg Strauss! O principal diagnóstico diferencial dessa doença é a aspergilose broncopulmonar alérgica, que também pode causar sibilo (nela, IgE está > 1000. Seu tratamento é tratar a alergia, e não dar um anti-fúngico). TÓRAX SILENCIOSO: INDICA ASMA MUITO GRAVE! NÃO HÁ SIBILO E NEM MV! Qual o sibilo que indica mais gravidade? Inspiratório ou expiratório? NENHUM DOS DOIS! Fique atento! Em uma crise muito grave de asma temos um tórax silencioso! NO INÍCIO DA DOENÇA PODE HAVER APENAS TOSSE (SEM SIBILÂNCIA)! Às vezes, no início da doença, a criança pode apresentar somente a tosse (principalmente noturna) como clínica, sem sibilância! Cuidado! A GRANDE MAIORIA DAS PESSOAS QUE TEM ASMA TAMBÉM TEM RINITE! A grande maioria das pessoas que tem asma, também tem rinite! Além disso, em torno de 40% das pessoas que tem rinite, tem asma. São doenças que se entrelaçam... Asma @ casalmedresumos Medicina livre, venda proibida. Twitter @livremedicina - 3. Diagnóstico e Avaliação 1. ESPIROMETRIA INICIAL: TIFFENAU 200ML E > 12% em relação ao valor de base (pré-broncodilatador). Em crianças, considera-se apenas o aumento do VEF1 > 12%. 3. TESTE PROVOCATIVO (METACOLINA): QUEDA DO VEF1 > 20% EM RELAÇÃO AO VALOR DE BASE APÓS INALAÇÃO. Indicado para aqueles que se encontram momentaneamente assintomáticos e com espirometria normal, mas a suspeita clínica é elevada. Observa-se VEF1 após administração inalatória de metacolina, histamina ou carbacol. Outra opção é o esforço. 4. VARIABILIDADE DIÁREIA MÉDIA DO PICO DE FLUXO EXPIRATÓRIO: PFE > 13%. Pode ser útil em casos em que a espirometria é indisponível. ALGUMAS MALDADES DE PROVA... (1) BETA-BLOQUEADORES INDUZEM BRONCOESPASMO USAR BROMETO DE IPRATRÓPIO (ATROVENT)! E isso acontece mesmo se em forma de colírios! Nos casos de broncoespasmo induzido por essas drogas, usar atrovent (brometo de ipratrópio). Não faz sentido dar beta-2-agonista! Esses receptores estão bloqueados... AINES TAMBÉM PROVOCAM BRONCOESPASMO (AAS PRINCIPALMENTE) PRINCIPAL CAUSA DE BRONCOESPASMO INDUZIDO POR DROGAS! Isso que foi dito para betabloqueadores também se aplica para os AINES! Principalmente o AAS! A principal causa de broncoespasmo induzido por drogas na nossa prática é AINES! (2) BRONCOESPASMO INDUZIDO POR EXERCÍCIO NÃO TRATAR USAR BETA-2 AGONISTA ANTES DA ATIVIDADE! E o broncoespasmo induzido por exercício (geralmente em climas frios e secos)? Você não trata! O que se faz é usar um beta-2 agonista de curta ANTES da atividade! (3) E A ASMÁTICA GRÁVIDA? - 1/3 melhora; 1/3 piora; 1/3 não muda - TRATAR COMO SE NÃO ESTIVESSE GRÁVIDA! Cuidado apenas na hora do parto! Se fizer crise no trabalho de parto, também trata como se não estivesse grávida. Mas, se fez beta-2-agonista em dose alta, tem que monitorar a glicemia do RN, pois pode haver hipoglicemia (principalmente se pré-termo)! AVALIAÇÃO DO PACIENTE COM ASMA: RECOMENDAÇÕES: - Medidas de função pulmonar antes de iniciar o tratamento, depois a cada 3-6 meses e, em seguida, periodicamente em intervalos mínimos de 1 ano. - Reforçar a importância do tratamento não farmacológico: ADESÃO, FATORES AMBIENTAIS, IMUNIZAÇÃO PARA INFLUENZA, EXERCÍCIO FÍSICO PFE | “PEAK FLOW” Medicina livre, venda proibida. Twitter @livremedicina - 4. Tratamento (GINA 2023) ESCOLHENDO A TERAPIA... ADULTOS E ADOLESCENTES > 12 ANOS MANUTENÇÃO PASSO 1/2 PASSO 3 PASSO 4 PASSO 5 “BUD-FORM” SOS Dose BAIXA (“BUD” 200-400mcg) “BUD-FORM” FIXO Dose BAIXA (“BUD” 200-400mcg) “BUD-FORM” FIXO Dose MÉDIA (“BUD” 400-800mcg) “BUD-FORM” FIXO Dose ALTA (“BUD” > 800mcg) CONSIDERAR: - Tiotrópio - Especialista - Anti-IGE - Anti-IL5 SOS “BUD-FORM” (200-400mcg + 6mcg) Opção: beta-2 de curta + CTC inalatório CRIANÇAS MAIORES (6-11 ANOS) MANUTENÇÃO PASSO 1 PASSO 2 PASSO 3 PASSO 4 PASSO 5 CI DOSE BAIXA SOS (quando usar beta-2) Dose BAIXA (“BUD” 100-200mcg) CI DOSE BAIXA FIXO Dose BAIXA (“BUD” 100- 200mcg) CI DOSE MÉDIA FIXO Dose MÉDIA (“BUD” 200-400mcg) Opção: CI DOSE BAIXA + BETA-2 LONGA (“BUD- FORM”) CI DOSE MÉDIA + BETA-2 LONGA FIXO Dose MÉDIA (“BUD” 200-400mcg) Opção: TIOTRÓPIO CONSIDERAR: -Especialista CI DOSE ALTA + BETA-2 LONGA FIXO Dose ALTA (“BUD” > 400mcg) CONSIDERAR: -Especialista - Avaliar anti-IGE SOS BETA-2 DE CURTA Opção: “BUD-FORM” (200-400mcg + 6mcg) - Dupla: BUD – FORM (budesonida inalatória + formoterol) - O formoterol é um B2 de longa, mas tem início de ação rápida Medicina livre, venda proibida. Twitter @livremedicina - CRIANÇAS MENORES ( 12 ANOS) Imagem: GINA 2023 Medicina livre, venda proibida. Twitter @livremedicina - STEP 1 – SINTOMAS MENOS DE 2X/MÊS - CORTICOIDE INALATÓRIO DE BAIXA DOSE + Β2-AGONISTA DE LONGA DURAÇÃO (LABA) [preferência pelo formoterol] para alívio sintomático conforme a necessidade ALTERNATIVA 1: UTILIZAR PARA ALÍVIO SINTOMÁTICO CONFORME A NECESSIDADE – CORTICOIDE INALATÓRIO DE BAIXA DOSE + Β2-AGONISTA DE CURTA DURAÇÃO INALATÓRIO (SABA) ALTERNATIVA 2: UTILIZAR PARA ALÍVIO SINTOMÁTICO CONFORME A NECESSIDADE APENAS Β2-AGONISTA DE CURTA DURAÇÃO INALATÓRIO (SABA) CRIANÇAS ENTRE 6-11 ANOS: É O MESMO TRATAMENTO PRECONIZADO ACIMA STEP 2 – SINTOMAS 2X/MÊS OU MAIS, MAS MENOS QUE DIARIAMENTE - USO DIÁRIO DE CORTICOIDE INALATÓRIO DE BAIXA DOSE ou UTILIZAR PARA ALÍVIO SINTOMÁTICO CONFORME A NECESSIDADE - CORTICOIDE INALATÓRIO DE BAIXA DOSE + Β2-AGONISTA DE LONGA DURAÇÃO (LABA) [PREFERÊNCIA PELO FORMOTEROL] ALTERNATIVA 1: ANTILEUCOTRIENO ALTERNATIVA 2: UTILIZAR PARA ALÍVIO SINTOMÁTICO CONFORME A NECESSIDADE – CORTICOIDE INALATÓRIO DE BAIXA DOSE + Β2-AGONISTA DE CURTA DURAÇÃO INALATÓRIO EM SITUAÇÕES QUE NECESSITEM DE ALÍVIO SINTOMÁTICO IMEDIATO “RESGATE” (MANTENDO O TRATAMENTO ACIMA): OPÇÃO A) CONFORME NECESSIDADE: CORTICOIDE INALATÓRIO DE BAIXA DOSE + Β2-AGONISTA DE LONGA DURAÇÃO (LABA) (PREFERÊNCIA PELO FORMOTEROL) OPÇÃO B) CONFORME NECESSIDADE: Β2-AGONISTA DE CURTA DURAÇÃO INALATÓRIO (SABA) OPÇÃO C) CONFORME NECESSIDADE: CORTICOIDEINALATÓRIO DE BAIXA DOSE + Β2-AGONISTA DE CURTA DURAÇÃO INALATÓRIO (SABA) CRIANÇAS ENTRE 6-11 ANOS: A MELHOR OPÇÃO É O USO DIÁRIO INALATÓRIO DE CORTICOIDE EM BAIXA DOSE STEP 3 – SINTOMAS NA MAIORIAS DOS DIAS OU ACORDAR POR ASMA ATÉ 1X/SEMANA - USO DIÁRIO DE CORTICOIDE INALATÓRIO DE BAIXA DOSE + Β2-AGONISTA DE LONGA DURAÇÃO (LABA) ALTERNATIVA 1: USO DIÁRIO DE CORTICOIDE INALATÓRIO DE DOSE MÉDIA ALTERNATIVA 2: USO DIÁRIO DE CORTICOIDE INALATÓRIO DE BAIXA DOSE + ANTILEUCOTRIENO EM SITUAÇÕES QUE NECESSITEM DE ALÍVIO SINTOMÁTICO IMEDIATO “RESGATE” (MANTENDO O TRATAMENTO ACIMA): OPÇÃO A) CONFORME NECESSIDADE: CORTICOIDE INALATÓRIO DE BAIXA DOSE + Β2-AGONISTA DE LONGA DURAÇÃO (LABA) (PREFERÊNCIA PELO FORMOTEROL) OPÇÃO B) CONFORME NECESSIDADE: Β2-AGONISTA DE CURTA DURAÇÃO INALATÓRIO OPÇÃO C) CONFORME NECESSIDADE: CORTICOIDE INALATÓRIO DE BAIXA DOSE + Β2-AGONISTA DE CURTA DURAÇÃO INALATÓRIO (SABA) CRIANÇAS ENTRE 6 – 11 ANOS: A MELHOR OPÇÃO É O USO DIÁRIO INALATÓRIO DE CORTICOIDE EM DOSE MODERADA STEP 4 – SINTOMAS NA MAIORIA DOS DIAS OU ACORDAR POR ASMA > 1X/SEMANA - USO DIÁRIO DE CORTICOIDE INALATÓRIO DE DOSE MODERADA + Β2-AGONISTA DE LONGA DURAÇÃO (LABA) ALTERNATIVA 1: USO DIÁRIO DE CORTICOIDE INALATÓRIO DE DOSE ALTA ALTERNATIVA 2: ADICIONAR AO ESQUEMA TIOTRÓPIO OU ANTILEUCOTRIENO EM SITUAÇÕES QUE NECESSITEM DE ALÍVIO SINTOMÁTICO IMEDIATO “RESGATE” (MANTENDO O TRATAMENTO ACIMA): OPÇÃO A) CONFORME NECESSIDADE: CORTICOIDE INALATÓRIO DE BAIXA DOSE + Β2-AGONISTA DE LONGA DURAÇÃO (LABA) (PREFERÊNCIA PELO FORMOTEROL) OPÇÃO B) CONFORME NECESSIDADE: Β2-AGONISTA DE CURTA DURAÇÃO INALATÓRIO (SABA) OPÇÃO C) CONFORME NECESSIDADE: CORTICOIDE INALATÓRIO DE BAIXA DOSE + Β2-AGONISTA DE CURTA DURAÇÃO INALATÓRIO (SABA) CRIANÇAS ENTRE 6 – 11 ANOS: É O MESMO TRATAMENTO PRECONIZADO ACIMA Medicina livre, venda proibida. Twitter @livremedicina - STEP 5 – SINTOMA NA MAIORIA DOS DIAS OU ACORDAR POR ASMA > 1X/SEMANA + ↓FUNÇÃO PULMONAR - USO DIÁRIO DE CORTICOIDE INALATÓRIO DE ALTA DOSE + Β2-AGONISTA DE LONGA DURAÇÃO, PODENDO ADICIONAR OUTROS MEDICAMENTOS AO ESQUEMA COMO TIOTRÓPIO E ANTI-IGE. - DEVE-SE REALIZAR FENOTIPAGEM E AVALIAR A ADIÇÃO DE IMUNOBIOLÓGICO DE MANUTENÇÃO (ANTI-IGE, ANTI-IL5, ANTI-IL4R, ANTI-IL5R são exemplos OMALIZUMABE, DUPILUMABE E MEPOLIZUMABE). - A PRESCRIÇÃO DE AZITROMICINA 3 DIAS NA SEMANA REDUZ AS EXACERBAÇÕES, PORÉM A RESISTÊNCIA ANTIBIÓTICA AUMENTA. ALTERNATIVA: ADICIONAR AO ESQUEMA ACIMA CORTICOIDE SISTÊMICO EM BAIXA DOSE PARA MANUTENÇÃO EM SITUAÇÕES QUE NECESSITEM DE ALÍVIO SINTOMÁTICO IMEDIATO “RESGATE” (MANTENDO O TRATAMENTO ACIMA): OPÇÃO A) CONFORME NECESSIDADE: CORTICOIDE INALATÓRIO DE BAIXA DOSE + Β2-AGONISTA DE LONGA DURAÇÃO (LABA) (PREFERÊNCIA PELO FORMOTEROL) OPÇÃO B) CONFORME NECESSIDADE: Β2-AGONISTA DE CURTA DURAÇÃO INALATÓRIO (SABA) OPÇÃO C) CONFORME NECESSIDADE: CORTICOIDE INALATÓRIO DE BAIXA DOSE + Β2-AGONISTA DE CURTA DURAÇÃO INALATÓRIO (SABA) CRIANÇAS ENTRE 6 – 11 ANOS: É O MESMO TRATAMENTO PRECONIZADO ACIMA 5. Avaliação dos Níveis de Controle e Gravidade AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE GRAVIDADE: Refere-se a quantidade de medicamento necessária para atingir o controle. Só deve ser utilizada após a exclusão de causas importantes de descontrole (ex: comorbidades não tratadas), uso incorreto do dispositivo inalatório e não adesão ao tratamento. ASMA LEVE A asma pode ser controlada utilizando a terapêutica do STEP 1 ou STEP 2 ASMA MODERADA A asma pode ser controlada utilizando a terapêutica do STEP 3 ou STEP 4 ASMA GRAVE Quando o paciente necessita de DOSES ALTAS DE CTC INALATÓRIO, INDEPENDENTE DE A DOENÇA ESTAR CONTROLADA OU NÃO AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE CONTROLE: Nas últimas 4 semanas... ADEQUADO INADEQUADO ATIVIDADES LIMITADAS Não Sim BRONCODILATADOR DE ALÍVIO 2x/semana 1x se 2x/semana 1x se 2 inadequados ↑ etapa Atenção! Se a asma do paciente não estiver controlada: antes de aumentar o passo, verificar ambiente, aderência e técnica do tratamento! Mostrar como usar o dispositivo inalatório! Medicina livre, venda proibida. Twitter @livremedicina - 6. Tratamento Crônico – Um algo a mais... Principais Drogas Disponíveis - Um Panorama Geral: CORTICOIDES INALATÓRIOS - Os principais efeitos adversos são CANDIDÍASE e ROUQUIDÃO, cujos risco e gravidade podem ser reduzidos por espaçadores de aerossóis e boa higiene da orofaringe. Os efeitos sistêmicos são raros e relatados apenas em doses altas, destacando-se a redução da taxa de crescimento em crianças (com pequena ou nenhuma alteração sobre a estatura final), equimoses e catarata (risco incerto). LABA - Ainda que benéficas na terapia de manutenção, devem SEMPRE SER ASSOCIADAS AO CORTICOIDE INALATÓRIO. - Entre seus efeitos adversos, temos a TOLERÂNCIA AO EFEITO BRONCODILATADOR E ANTI-INFLAMATÓRIO do corticoide, aumento do risco de crise asmática grave e até aumento da mortalidade. - Os principais representantes são o FORMOTEROL (FLUIR) e SALMETEROL (SEREVENT). ANTILEUCOTRIENOS - Apesar de usados na asma de uma forma geral, apresentam EFEITO MAIS CONTUNDENTE NA FORMA INDUZIDA POR AAS OU AINE (drogas de escolha nessa situação). - São administradas VO, 1x ao dia, com excelente perfil de efeitos adversos. É importante destacar que a classe precisa de algumas semanas de uso até atingir seu efeito pleno. - Os principais exemplos são MONTELUCASTE e PRANLUCASTE (não disponível). METILXANTINAS - Mecanismo pouco conhecido, mas acredita-se que seja relacionado a inibição de certas formas de fosfodiesterases. - As opções no mercado são a TEOFILINA e BAMIFILINA. OBS: A TEOFILINA DIMUNUI A RESISTÊNCIA AOS CORTICOIDES! - O grande problema são os efeitos adversos – por isso são reservadas para terapia de terceira ou quarta linha. Entre os efeitos, temos CEFALEIA, ANOREXIA, NAUSEA, TAQUICARDIA, PALPITAÇÕES. Casos graves podem evoluir com arritmias malignas e convulsões. Para maior segurança, recomenda-se acompanhar os níveis séricos de teofilina. ANTICORPOS MONOCLONAIS - O OMALIZUMAB é um anticorpo que se liga à IgE circulante, promovendo a sua depuração. Assim, evita o processo de sensibilização mastocitária, inibindo a broncoconstrição associada ao contato com alérgeno. É uma excelente opção para os casos de asma atópica grave em pacientes com mais de 6 anos de idade e níveis elevados de IgE sérica. Em virtude do alto custo, seu lugar no esquema de tratamento ainda não foi muito bem estabelecido, sendo consideradas normalmente drogas de segunda linha a serem associadas ao corticoide inalatório. Sua dose depende do peso e dos níveis de IgE. Devido ao potencial de anafilaxia, todos os pacientes precisam ser monitorados após a injeção (por 30-60 minutos). - MEPOLIZUMAB (SC) e RESLIZUMAB (IV) são anticorpos monoclonais dirigidos contra a IL-5 e o benralizumab (SC) contra seu receptor. O DUPILUMAB é o anticorpo monoclonal contra o receptor de IL-4. Embora ainda não aprovados para uso clínico de rotina, em pequenos ensaios randomizados reduziram exacerbações entre pacientes com asma moderadamente grave que ainda apresentavam eosinofilia no escarro apesar do tratamento com corticoide inalatório. Nos demais, este benefício não foi demonstrado. O dupilumab também foi aprovado para tratamento de dermatite atópica moderada-grave. CORTICOIDES SISTÊMICOS - São drogas eficazes para o tratamento de asma grave, bem como para exacerbações graves ocasionais, mas o mecanismo exato de seu efeito terapêutico ainda não foi estabelecido. O ideal é manter a dose alta do CTC inalatório e tentar fazer a mínima dosenecessária de prednisona, de preferência 5-10mg em dias alternados. Em pacientes não hospitalizados com asma refratária, pulsoterapia com doses iniciais de prednisona na ordem de 40-60mg/dia, com desmame em 7-14 dias, podem ser recomendados > 20%. Medicina livre, venda proibida. Twitter @livremedicina - CROMONAS - Representadas pelo CROMOGLICATO DE SÓDIO, são drogas estabilizadoras da membrana dos mastócitos, prevenindo a sua degranulação. Já foram opção de monoterapia; contudo, caíram completamente em desuso em virtude da eficácia inferior à do CTC inalatório e da dificuldade posológica (1- 2 doses inalatórias de 6/6h). Aparentemente, são melhores na criança ou quando um estímulo é identificado especificamente (ex: atividade física). BETA-2 DE CURTA DURAÇÃO - Os principais representantes são SALBUTAMOL (AEROLIN) e TERBUTALINA (BRYCANIL). ANTICOLINÉRGICOS - Os principais representantes são o BROMETO DE IPRATRÓPIO (ATROVENT) e TIOTRÓPIO (SPIRIVA). São drogas amplamente utilizadas na crise asmática e na manutenção dos pacientes com DPOC, mas menos usadas no tratamento de manutenção da asma, tendo sido incluídos pelo GINA como opções nas etapas mais avançadas. 7. Crise Asmática Avaliar pela CLÍNICA e pelo PICO DE FLUXO EXPIRATÓRIO (PFE/Peak Flow)! TRATAMENTO: - OXIGÊNIO: manter saturação 93-95%. Em crianças, cardiopatas e grávidas: 94-98%. Se muito grave: CTI/preparar IOT - BETA-2 AGONISTA DE CURTA (SABA/SALBUTAMOL) (preferencialmente com 4-10 puffs de 20-20 minutos por 1 hora com inalador + espaçador. NBZ é uma alternativa) Se não houver melhora ou crise grave/muito grave: ACRESCENTA IPRATRÓPIO (ATROVENT) - CORTICOIDE SISTÊMICO: iniciar na 1ª hora (mas efeito só em 4-6 horas). Fazer Prednisolona VO 1mg/kg (máximo de 50mg). Via IV somente se VO indisponível! - Crises refratárias ou crises graves: considerar SULFATO DE MAGNÉSIO (25-75mg/kg com máximo de 2g em 20-30m) e CTC INALATÓRIO O GINA 2023 não considera/indica o uso de TERBUTALINA (IV, SC) nas crises refratárias, apesar do uso rotineiro na prática médica. - Para alta: recomenda-se a prescrição de terapia de controle regular (ou aumento da dose atual) durante 2-4 semanas seguintes a crise e redução da terapia de alívio para utilização conforme necessidade. PRESCREVER CTC 5-7 DIAS (CRIANÇAS 3-5 DIAS). Consulta deve ser agendada em 2-7 dias. PARA NÃO ERRAR BESTEIRA EM PROVA... B2 AGONISTA DE LONGA: salmeterol e formoterol B2 AGONISTA DE CURTA: salbutamol, fenoterol, terbutalina ANTICOLINÉRGICO DE CURTA: brometo de ipratrópio ANTICOLINÉRGICO DE LONGA: brometo de tiotrópio METILXANTINA: teofilina | MUCOLÍTICO: carbocisteína Medicina livre, venda proibida. Twitter @livremedicina - 1. Conceitos Iniciais DEFINIÇÃO: - Obstrução CRÔNICA E GERALMENTE IRREVERSÍVEL DE VIAS AÉREAS O que é DPOC segundo o GOLD? É uma obstrução do fluxo que não é totalmente reversível! Essa obstrução tem característica progressiva, o que quer dizer que não tem cura! O que fazemos com o paciente DPOC é tentar diminuir a velocidade com que o paciente perde função pulmonar! Eventualmente, até mesmo estancar essa evolução, mas nunca curar! Então, essa obstrução progressiva, que não tem cura, também é associada a uma resposta inflamatória do pulmão! Só que aqui o gatilho é diferente... Aqui o gatilho não é infiltração de eosinófilos na lâmina própria... O que nós temos aqui é uma resposta inflamatória do pulmão a inalação, seja a partículas (poluição, por exemplo) ou gases tóxicos (cigarro, principalmente). FISIOPATOLOGIA: Existem 2 diferentes mecanismos de lesão. - BRONQUITE CRÔNICA OBSTRUTIVA: INFLAMAÇÃO/FIBROSE A bronquite crônica por si só não constitui uma DPOC e pode ser totalmente reversível com a suspensão do tabagismo. - ENFISEMA PULMONAR: ENZIMAS PROTEOLÍTICAS (TRIPSINA, ELASTASE) O TABAGISMO É CAPAZ DE INDUZIR AS DUAS FORMAS DE LESÃO! E cuidado para não confundir isso... Ah, são duas doenças na DPOC... O enfisema e o bronquítico crônico! Elas não são doenças diferentes, tanto é que se trata da mesma forma! Fazem parte da mesma doença... Mostram que o paciente chegou ao extremo da patologia! São os extremos da doença! São os extremos, mas entenda: todo paciente enfisematoso tem um pouco do bronquítico e todo bronquítico tem um pouco do enfisematoso... E mais: na maioria das vezes o paciente está ‘no meio’ dessas duas situações, escondido... Por isso, DPOC é uma doença extremamente SUBDIAGNOSTICADA! É o paciente que fuma e nem se sabe que ele é DPOC... Até porque, normalmente, a pessoa precisa fumar em média 20 anos para evoluir para DPOC e se tornar sintomático. Os “PINK PUFFERS” são os “SOPRADORES RÓSEOS”. Na inspeção, nota-se PLETORA FACIAL e TÓRAX EM TONEL. Geralmente são MAGROS, com DISPNEIA DO TIPO EXPIRATÓRIA (“sopradores”), mas sem sinais de cor pulmonale e hipoxemia significativa. Os “BLUE BOATERS” são os “INCHADOS AZUIS”. Há um distúrbio grave de troca gasosa, com hipoxemia significativa e CIANOSE. A hipoxemia leva ao COR PULMONALE e, portanto, ao quadro de INSUFICIÊNCIA VENTRICULAR DIREITA e CONGESTÃO SISTÊMICA (por isso o corpo “inchado”). Esses pacientes frequentemente são OBESOS e apresentam apneia OBSTRUTIVA DO SONO. É importante ressaltar que a grande maioria dos pacientes com DPOC apresenta graus variados de bronquite obstrutiva crônica e enfisema, apresentando um quadro misto entre estes dois estereótipos. TAXONOMIA (GOLD 2023): G-DPOC Genético U-DPOC Unknown (sem causa) D-DPC Desenvolvimento anormal PRISm VEF1/CVF > 0,7 e CVF ou VEF1 reduzidos C-DPOC Cigarro, vape e cannabis Pré-DPOC Fator de risco, alt. espirométrica, enfisema, porém com VEF1/CVF > 0,7 P-DPOC Poluição e biomassa I-DPOC Infecções, tuberculose, HIV I-DPOC Infecções, TB, HIV DPOC @ casalmedresumos Ilustração: Jorge Muniz Medicina livre, venda proibida. Twitter @livremedicina - FATORES DE RISCO: - TABAGISMO (pelos 2 mecanismos) com CARGA > 20-30 ANOS/MAÇO - OUTROS: PREDISPOSIÇÃO GENÉTICA, SEXO FEMININO, IDADE AVANÇADA, BAIXA CONDIÇÃO SOCIOECONÔMICA, ASMA, TUBERCULOSE, IVAS DE REPETIÇÃO. - DEFICIÊNCIA DE ALFA-1-ANTI-TRIPSINA (só enfisema). Quando desconfiar? Pelo GOLD 2023, também pode ser chamado de G-DPOC ENFISEMA EM JOVEM SEM RISCO CONHECIDO. O paciente que tem o enfisema da DPOC causado pela deficiência de alfa-1 geralmente é aquele paciente jovem e que não tem fator de risco conhecido! É o inverso do ‘normal’... Normalmente se precisa de 20 anos fumando para desenvolver a doença e o tabagismo é um fator de risco muito bem estabelecido... Resumindo, é o jovem que não fuma! ENFISEMA EM REGIÃO BASAL (tabagismo = centroacinar). Quando se olha um enfisema pulmonar por tabagismo e radiografa o tórax do paciente, o pulmão está todo hiperinsuflado... O enfisema, portanto, pega todo o tórax! Na deficiência de alfa-1, a área mais hiperinsuflada é mais localizada: fica em regiões basais do pulmão! E aí tem que começar a desconfiar... Enfisema em paciente que não fuma? Enfisema em paciente jovem? Enfisema só em região basal? HEPATOPATIA INEXPLICADA/VASCULITE C-ANCA +. São as outras manifestações que são decorrentes da deficiência de alfa-1! Por exemplo, hepatopatia... Uma hepatopatia inexplicada... O paciente não bebe! O paciente começa a apresentar vasculites... Vasculite C-ANCA positivo. É a vasculite que tem um ANCA para chamar de Ceu: Wegener! HISTÓRIA FAMILIAR. Esses pacientes normalmente têm uma história familiar envolvida. ENFISEMA PANACINAR. É aqui que está o “pulo do gato”... A biópsia do enfisema desse paciente é diferente do enfisema do tabagismo! Quando biopsiamos a região basal do pulmão, que é onde tem mais lesão, vamos encontrar um enfisema do tipo panacinar! No enfisema do tabagismo, ele é centroacinar! Atenção para isso... Como guardar? O tabagismo é o CENTRO da doença! Sem tabagismo não tem enfisema! CONDUTA: REPOR ALFA-1-ANTITRIPSINA2. Manifestações Clínicas QUAIS? - DISPNEIA, CIANOSE, COR PULMONALE, TOSSE CRÔNICA E PRODUTIVA - AUMENTO DO DIÂMETRO ANTERO-POSTERIOR DO TÓRAX, REBAIXAMENTO DO DIAFRAGMA, RETENÇÃO CRÔNICA DE CO2 - ORTOPNEIA, HIPERFONOSE DE P2/B2 SECUNDÁRIA A HAP, EDEMA MMII COMO? - Obstrução ao fluxo de ar HIPERINSUFLAÇÃO PULMONAR (aumento do diâmetro antero-posterior do tórax, rebaixamento do diafragma) - HIPOVENTILAÇÃO ALVEOLAR (DISTÚRBIO V/Q) ↑CO2 (retenção) e ↓O2 (dispneia, cianose) - A retenção crônica de CO2 torna o bulbo resistente a ele! Consequência: A HIPOXEMIA PASSA A SER O FATOR ESTIMULADOR DO BULBO! Muito cuidado ao oxigenar o paciente! Você tem que apenas “atenuar” a hipoxemia, e não a corrigir por completo! - COR PULMONALE PELA HIPOXEMIA CRÔNICA (falência de VD com turgência jugular, hepatomegalia, edema em MMII) 3. Achados Radiológicos - HIPERINSUFLAÇÃO PULMONAR - AUMENTO DOS ESPAÇOS INTERCOSTAIS - VISUALIZAÇÃO DE > ARCOS COSTAIS ANTERIORES - RETIFICAÇÃO DAS HEMICÚPULAS DIAFRAGMÁTICAS - MAIOR HIPERTRANSPARÊNCIA - CORAÇÃO EM “GOTA” Medicina livre, venda proibida. Twitter @livremedicina - 4. Diagnóstico TIFFENAU 80% GOLD II (moderada) VEF1 50-79% GOLD III (grave) VEF1 30-49% GOLD IV (muito grave) VEF1 10 ou MMRC > 2 são considerados os mais sintomáticos. CAT MMRC Medicina livre, venda proibida. Twitter @livremedicina - CLASSIFICAÇÃO INTEGRADA: Após avaliada a sintomatologia pelo CAT ou MMRC, iremos conjugá-la ao risco de exacerbações e dividir os pacientes em 3 grupos de gravidade crescente. ATENÇÃO A GRANDE MUDANÇA DA GOLD 2023 Vamos fazer um quadrado com 3 quadradinhos dentro, ficando dois andares (2 em baixo e 1 em cima). O andar de baixo é DPOC “do bem”! O andar de cima é DPOC “do mal”! E agora classificamos opaciente em A, B ou E. GOLD 1 ou 2 = A ou B; GOLD 3 ou 4 = E E como colocar essa paciente no andar de cima ou no andar de baixo? Usando, por exemplo, a classificação da GOLD de acordo com o estágio (I, II, III, IV, via VEF1). O melhor VEF1 era do estágio I (> 80) e o pior VEF1 era do estágio IV ( 10 ou MMRC > (MUITO SINTOMÁTICO) = B ou E Certo... Já sabemos dizer se o nosso paciente está no andar de cima ou no andar de baixo... O problema agora é saber se, no andar de baixo, ele é ‘A’ ou ‘B’, visto que no andar de cima só tem “E” (independe dos sintomas). Essa separação se faz através da classificação de sintomas do paciente! Existem dois questionários (CAT e MMRC) que podemos utilizar (ou um, ou outro) para saber se o paciente está muito sintomático ou pouco sintomático. O paciente mais ‘do bem’ que existe na DPOC é o do grupo A. É aquele paciente que através dos questionários é pouco sintomático! Entenda: se o paciente é do andar do bem (tem um VEF1 de 75), nunca teve exacerbação e é pouco sintomático, ele é ‘A’! Agora... Se ele tem um VEF1 de 75, nunca teve exacerbação, mas é muito sintomático, ele é do ‘B’! 5. Tratamento 0-1 exacerbação/ano Sem hospitalizações > 2 exacerbações/ano 1 com internação GRUPO A ↓Sintoma GRUPO B ↑Sintoma GRUPO E INTERROMPER TABAGISMO, VACINA (PNEUMOCOCO + INFLUENZA + DTPA + HERPES ZOOSTER) + REABILITAÇÃO (B E E) + ATIVIDADE FÍSICA + “BOMBINHA SOS” + AVALIAR NECESSIDADE DE O2 DOMICILIAR (VER ABAIXO) “ALGUM” BRONCODILATADOR (beta-2 ou anticolinérgico ação curta para sintomas eventuais; ação longa para sintomas mais frequentes) LABA + LAMA (formoterol ou tiotrópio) LABA + LAMA (formoterol + tiotrópio) ** CORTICOIDE INALATÓRIO (SE > 300 EOSINÓFILOS) E Medicina livre, venda proibida. Twitter @livremedicina - (**) Quando considerar CORTICOIDE INALATÓRIO na DPOC? FORTEMENTE INDICADO: História de hospitalização por exacerbação prévia 2 ou mais exacerbações moderadas no ano Eosinofilia > 300 História de asma concomitante A FAVOR DO USO: 1 exacerbação moderada no ano Eosinófilos entre 100-300 CONTRA O USO: Episódios repetidos de pneumonia Eosinófilos 300/microlitro). No grupo de pacientes com contagem de eosinófilosIsso é mais proeminente com a azitromicina (250-500mg 3x/semana). A literatura mostra que EX-TABAGISTAS que continuam apresentando exacerbações apesar de terapia inalatória otimizada, podem se beneficiar do uso de azitromicina oral por até 1 ano, reduzindo a frequência de exacerbações. Os principais efeitos adversos são a seleção de cepas microbianas resistentes e o surgimento de disfunção auditiva. OUTRAS MEDIDAS - O uso regular de agentes antioxidantes e mucolíticos como erdosteína, carbocisteína e N-acetilcisteína também pode reduzir o risco de exacerbações em pacientes que não estejam recebendo corticoides inalatórios. Os antileucotrienos ainda não foram testados adequadamente em pacientes com DPOC. E AS VACINAS? - Não esquecer de ANTI-INFLUENZA, PERTUSSIS, COVID-19, HERPES-ZOOSTER e ANTIPNEUMOCÓCICA. Um conceito interessante é o de que não há indicação para vacinação de rotina contra hemófilo, uma vez que a vacina disponível é eficaz contra o H. influenzae tipo B, capsulado, e não contra o H. influenzae não tipável (sem cápsula polissacarídea), o principal responsável pelas agudizações nos pacientes com DPOC. SEMPRE AVALIAR OXIGÊNIO DOMICILIAR - PAO2 55%) OU COR PULMONALE Reduz mortalidade quando bem indicado (usar pelo menos 15h/dia) COLHER A GASOMETRIA LONGE DOS PERÍODOS DE EXACERBAÇÃO! A pessoa utiliza oxigênio todo santo dia, pelo resto da vida, por mais de 15h por dia! Imagine o custo! Portanto, a indicação tem que ser muito bem- feita! E para você fazer a indicação, precisa de gasometria, que não pode ser feita na presença de uma exacerbação (o paciente precisa estar estável). Tem que decorar esses valores! Cai em prova! Medicina livre, venda proibida. Twitter @livremedicina - QUAIS MEDIDAS AUMENTAM SOBREVIDA? CESSAÇÃO DO TABAGISMO OXIGENIOTERAPIA DOMICILIAR VACINA PARA VÍRUS INFLUENZA CIRURGIA PNEUMORREDUTORA em pacientes selecionados REABILITAÇÃO PULMONAR (acrescida no GOLD 2023) BILEVEL DOMICILIAR (acrescida no GOLD 2023) Tratamento com terapia TRIPLA: LABA + LAMA + CI em pacientes sintomáticos com exacerbações frequentes/grave, ou seja, GOLD E + eosinofilia > 300 (acrescida no GOLD 2023) Obs: até o momento não há dados conclusivos de que drogas como o CTC inalatório e broncodilatadores sejam capazes de aumentar a sobrevida! 6. Manejo da Exacerbação Conceito (GOLD 2023): evento caracterizado por PIORA DA DISPNEIA E/OU TOSSE COM EXPECTORAÇÃO NOS ÚLTIMOS 14 DIAS, que pode ser acompanhado por taquipneia e/ou taquicardia e, frequentemente, está associada com INFLAMAÇÃO LOCAL E SISTÊMICA causada por infecção, poluição ou outro insulto à via aérea. Principais causas: INFECÇÃO VIRAL (rinovírus e influenza) > INFECÇÃO BACTERIANA (H. influenza, pneumococo, pseudomonas) > OUTRAS (INFARTO, TEP, FA, IC, PNEUMOTÓRAX) SINAIS CARDINAIS: (1) PIORA DA DISPNEIA; (2) VOLUME DO ESCARRO; (3) SECREÇÃO MAIS PURULENTA CONDUTA NA EXACERBAÇÃO: ABCD! - A: ANTIBIÓTICO (NA PRESENÇA DE ESCARRO PURULENTO + DISPNEIA E/OU AUMENTO DO VOLUME DO ESCARRO/VNI/INTUBAÇÃO) - Esquemas: MACROLÍDEO/AMOX-CLAV 5-7 DIAS. - Cobrir pseudomonas se caso grave ou uso frequente de ATB. - B: BRONCODILATADOR INALATÓRIO DE AÇÃO CURTA - BETA-2-AGONISTA (4-8 JATOS) E/OU ANTICOLINÉRGICO DE CURTA (IPRATRÓPIO 3 JATOS) - C: CORTICOIDE SISTÊMICO POR 5-7 DIAS - PREDNISONA 40MG VO OU METILPREDNISOLONA IV - D: DAR OXIGÊNIO E CHECAR NÍVEIS DE VITAMINA D - O2 SUPLEMENTAR EM BAIXO FLUXO (alvo de saturação entre 88-92%) - VNI se pH 45mmHg ou refratário/hipoxemia persistente ou sinais de fadiga - Intubação se ↓consciência ou falha na VNI - Vitamina D: se estiver baixa, tem que repor DADO INTERESSANTE DA DIRETRIZ BRASILEIRA DE VM: na DPOC descompensada, a presença de confusão mental ou redução do sensório, em grau leve, não necessariamente contraindica o uso da VNI. A ideia é a de que as alterações do SNC estariam relacionadas a carbonarcose e poderiam ser rapidamente revertidas com a melhora da ventilação alveolar e queda da PACO2. Nebulizar com ar comprimido, e não com oxigênio! Lembre-se que o paciente DPOC é retentor crônico de CO2, logo seu drive respiratório depende da hipoxemia: hiperóxia reduz ventilação. PRINCIPAIS CAUSAS DA EXACERBAÇÃO: INFECÇÃO VIRAL > INFECÇÃO BACTERIANA - RINOVÍRUS, INFLUENZA | H. INFLUENZAE > S. PNEUMONIAE > M. CATARRHALIS > PSEUDOMONAS (pensar se quadro grave ou uso de ATB DIÂMETRO ARTÉRIA PULMONAR > DRGE Medicina livre, venda proibida. Twitter @livremedicina - 1. Visão Geral ALVEOLITE (acometimento difuso dos septos alveolares) FIBROSE (depósito de colágeno e fibroblastos) RESTRIÇÃO (redução global de volumes pulmonares) COMO SUSPEITAR? CLÍNICA PISTAS IMAGEM - DISPNEIA AOS ESFORÇOS - TOSSE SECA - HIPOXEMIA QUE PIORA AO ESFORÇO FÍSICO - Estertor “EM VELCRO” - BAQUETEAMENTO DIGITAL (“clubbing”) - TRABALHO - Atividades “estranhas” - Medicamentos - Outras doenças sistêmicas - Padrão RESTRITIVO - RX: infiltrado RETICULONODULAR - TC: FAVO DE MEL, vidro fosco IMAGEM ACOMETIMENTO DE 2/3 SUPERIORES Silicose/Sarcoidose Pneumonite por hipersensibilidade Granulomatose de células de Langerhans IMAGEM ACOMETIMENTO DE 1/3 INFERIOR Fibrose pulmonar idiopática Artrite reumatoide/Esclerodermia Asbestose/Induzida por droga e radioterapia TOMOGRAFIA PNEUMONIA INTERSTICIAL USUAL Faveolamento Pulmão HETEROGÊNEO Distorção da arquitetura Gradiente apico-basal Causas: FIBROSE PULMONAR IDIOPÁTICA, asbestose, artrite reumatoide, pneumonite por hipersensibilidade TOMOGRAFIA PNEUMONIA NÃO ESPECÍFICA (PINE) Vidro fosco +/- consolidação Predomínio em bases Preservação subpleural Faveolamento ausente ou emtelas de AMIANTO (revestimento interno de auditório, cinema, teatro... É um excelente isolador acústico) - SUSPEITAR nos casos de CONSTRUÇÃO CIVIL/DEMOLIÇÃO - AUMENTA O RISCO de MESOTELIOMA PLEURAL - Opacidades em CAMPOS INFERIORES | Placas PLEURAIS - O TRATAMENTO também envolve apenas MEDIDAS PREVENTIVAS E DE SUPORTE Imagem: MSD Manuals Imagem: MSD Manuals Medicina livre, venda proibida. Twitter @livremedicina - 3. Fibrose Pulmonar Idiopática EPIDEMIOLOGIA: - Tipicamente um HOMEM > 50 ANOS, TABAGISTA. É a PID + comum. QUADRO CLÍNICO: - DISPNEIA AOS ESFORÇOS de INSTALAÇÃO INSIDIOSA (MESES A ANOS), associados a TOSSE SECA, com/sem sintomas constitucionais. - No exame físico: ESTERTOR EM VELCRO em TERÇO INFERIOR - BAQUETEAMENTO DIGITAL pode ser encontrado em 50% dos casos. - Sinais de HIPERTENSÃO PULMONAR podem estar presentes DIAGNÓSTICO: - RX: infiltrado RETICULAR OU RETICULONODULAR BILATERAL predominante nos TERÇOS INFERIORES. - TC: PNEUMONIA INTERSTICIAL USUAL (PIU) +/- BRONQUIECTASIAS - A confirmação pode ser feita pela COMBINAÇÃO ENTRE QUADRO CLÍNICO TÍPICO E ALTERAÇÕES NA TC. Quando estes não forem elucidativos, BX PULMONAR A CÉU ABERTO ou guiada por toracoscopia. - Um cuidado a ser tomado é que o FAN é positivo em 20% dos casos. OBS: o exame mais SENSÍVEL para detectar uma alteração funcional pulmonar na fibrose pulmonar idiopática é a DIFUSÃO DE MONÓXIDO DE CARBONO (questão USP-RP) PADRÃO HISTOPATOLÓGICO: - PNEUMONITE INTERSTICIAL USUAL, caracterizada pela presença concomitante, na mesma biópsia, de ALVEOLITE MONONUCLEAR + FIBROSE ALVEOLAR + ÁREAS DE FAVEOLAMENTO, poupando brônquios e vasos. TRATAMENTO: prognóstico reservado - Medidas de SUPORTE: oxigênio suplementar, reabilitação pulmonar e vacinação anti-influenza e antipneumocócica. - NINTEDANIB (inibidor da tirosina quinase) e PIRFENIDONA (inibidor do TGF-beta) para os casos de doença leve-moderada. - SILDENAFIL parece ter benefício pequeno nos casos de doença avançada com DLCO > LABORATÓRIO/DIAGNÓSTICO: - CLÍNICA + RX/TC (adenopatia hilar +/- infiltrado no parênquima pulmonar) + BX COM GRANULOMA ESTÉRIL Qual órgão biopsiar? O DE MAIS FÁCIL ACESSO (pele, linfonodo...) Se indisponível: PULMÃO Não precisa biopsiar a síndrome de Lofgren! - LBA com RELAÇÃO CD4/CD8 > 4 - AUMENTO DO NÍVEL SÉRICO DE ECA (enzima conversora da angiotensina). - HIPERCALCEMIA, HIPERGLOBULINEMIA, LINFOPENIA TRATAMENTO: - CORTICOIDE para os casos SINTOMÁTICOS E QUE ENVOLVE DOENÇA OCULAR, NEUROLÓGICA, CARDÍACA E RENAL. - DROGA PADRÃO: PREDNISONA ORAL (20-40mg/dia) geralmente por 4-6 semanas, com reavaliação e desmame, conforme evolução clínica. - SE REFRATÁRIO: METOTREXATO, azatioprina - OLIGO/ASSINTOMÁTICO: ACOMPANHAR Imagem: saudebemestar.pt Imagem: MSD Manuals Medicina livre, venda proibida. Twitter @livremedicina - 1. Conceitos Iniciais ASPECTOS GERAIS: - Herança AUTOSSÔMICA RECESSIVA a mutação mais frequente é a F508DEL. Sempre investigar os irmãos também! - DEFEITO CFTR (proteína reguladora do transporte iônico transmembranas) FISIOPATOLOGIA: - ACÚMULO INTRACELULAR DE CLORO E SÓDIO > DESLOCAMENTO DE ÁGUAPARA O INTRACELULAR > RESSECAMENTO DAS SECREÇÕES E OBSTRUÇÃO GLANDULAR > INFLAMAÇÃO E FIBROSE COM PERDA DE FUNÇÃO. TRIAGEM: - TESTE DO PEZINHO: IDENTIFICA A IRT (tripsina imunorreativa) ALTERAÇÃO: REPETIR ATÉ 30 DIAS DE VIDA ALTERAÇÃO CONFIRMADA: TESTE DO SUOR 2. Diagnóstico - TESTE DO SUOR: CLORO AUMENTADO (> 60) EM DUAS AMOSTRAS SEdito, o TEP deriva de uma TVP, com ou sem clínica, mas de fato com nada no pulmão! Para acontecer o TEP, esse trombo se solta completa ou parcialmente, caminha todo o leito venoso profundo e vai parar no coração direito... Até aí, ainda não temos nada no pulmão... O problema é quando esse êmbolo sai do coração direito e vai para o leito arterial pulmonar! É algo que acontece subitamente! TEP é e sempre será um evento súbito, inesperado, agudo! A trombose era nas pernas e “do nada” emboliza para o pulmão! As manifestações vão seguir essa lógica... Dispneia súbita, dor torácica súbita, taquipneia súbita, sibilância súbita... Então, na prova, para qualquer manifestação respiratória súbita, TEP será, no mínimo, uma forte hipótese diagnóstica. Vamos ver as possíveis manifestações! - DOR TORÁCICA (PLEURÍTICA). Dor que piora a inspiração! É bastante frequente! - HEMOPTISE. Pode haver lesão de vasculatura pulmonar... - SIBILÂNCIA. Não é só asma que sibila... Não é só DPOC que sibila... Churg-Strauss pode sibilar... TEP pode sibilar! Mas é um sibilo SÚBITO! Curiosidade: ocorre quando as plaquetas do êmbolo que impactou degranulam e liberam serotonina, que são indutoras de broncoespasmo. - DOR NAS PERNAS (TVP). Lembre-se que um TEP varia de um TVP. A dor pode estar presente, mas existem casos de TVP assintomática, sendo o TEP a primeira manifestação. - TAQUIPNEIA = principal SINAL. Existem algumas razões para o surgimento da taquipneia nesse paciente... A primeira delas é a própria ansiedade, a dor... Mas não é só isso! A própria serotonina liberada pelas plaquetas do êmbolo atua em receptores específicos para ela no pulmão, o que acaba aumentando a frequência de movimentos respiratórios. Aparece todo ano em prova essa história de principal sinal clínico. E outra... Não é somente o principal sinal clínico... É também o principal ACHADO clínico (dentre sinais e sintomas). - DISPNEIA = principal SINTOMA. Há obstrução de um vaso que irriga o pulmão... Essa área, apesar de ventilada, não é perfundida. Sem oxigênio, o paciente evolui para um certo grau de hipoxemia e há dispneia. Isso também aparece todo ano em prova. É o principal sintoma clínico. Formas GRAVES/TEP MACIÇO: - HIPOTENSÃO (por CHOQUE OBSTRUTIVO) - COR PULMONALE AGUDO (falência de VD por alteração pulmonar, com turgência jugular, hepatomegalia) - ↑BNP E TROPONINA: indicam falência ventricular/marcadores prognósticos Quando a pessoa faz um TEP grave (também chamado de TEP maciço), o que podemos afirmar primeiramente é que há correlação positiva entre o tamanho do êmbolo e a gravidade do quadro. Um êmbolo muito pequeno não faz grandes estragos... Geralmente, os êmbolos do TEP maciço são grandes! Quem sofre com essa embolia maciça é o VD, que recebe todo o sangue venoso, mas não consegue ejetar o sangue adiante porque tem uma obstrução acima dele! O paciente abre um quadro súbito insuficiência ventricular direita aguda secundária a uma alteração do pulmão! Qual o nome disso? COR PULMONALE! E não é só isso... Imagem: mdsaude.com TEP COM BNP E/OU TROPONINA ELEVADOS INDICAM PIOR PROGNÓSTICO! Medicina livre, venda proibida. Twitter @livremedicina - Já sabemos que o caminho normal do sangue é sair do coração direito, passar para o pulmão, depois para o coração esquerdo e depois para o resto do corpo... É uma sequência! Agora... Se há um êmbolo grande que está ocluindo boa parte da vasculatura pulmonar, não vai mais ter esse fluxo natural do sangue! O sangue não chega de forma adequada no coração esquerdo e consequentemente o débito é baixo para o resto do corpo! O doente começa a ficar hipotenso, começa a ficar mal perfundido nas suas periferias... Evolui com CHOQUE! E esse choque não é hipovolêmico! Ele não perdeu volemia, não sangrou... É OBSTRUTIVO! Há uma obstrução ao fluxo normal de sangue... Então, repare: em um TEP grave, o paciente tem clínica de falência de ventrículo direito e hipotensão severa, choque! Isso é um TEP maciço! E como há insuficiência de VD, ocorre aumento de BNP! Um TEP sem maiores repercussões não eleva BNP! Além disso, em um TEP maciço, esse êmbolo gera um aumento tão grande em VD, com uma pressão tão grande (por acúmulo de sangue), que surgem áreas de microinfarto na parede! Então, TEP com BNP e troponina altos indicam falência de VD! Indicam mau prognóstico! EXAMES COMPLEMENTARES: Podemos pedir muitos exames complementares que podem nos ajudar a tentar se aproximar do diagnóstico formalizado de TEP. São didaticamente separados em dois grupos. Os exames inespecíficos são muito úteis, mas apenas reforçam a hipótese de TEP, não o confirmando (pois não ‘enxergam’ a trombose, a embolia), diferente dos exames específicos. INESPECÍFICOS: reforçam a hipótese, mas não confirmam. - GASOMETRIA: HIPOXEMIA E HIPOCAPNIA Costumamos fazer em PS para qualquer paciente que chegue com desconforto respiratório grave. Se for TEP, vamos esperar hipoxemia (pelas áreas mal perfundidas do pulmão) e hipocapnia (devido à taquipneia mais intensa). Nem de longe confirma o diagnóstico, mas reforça a hipótese. - ECG: ALTERAÇÃO MAIS COMUM: TAQUICARDIA SINUSAL ALTERAÇÃO MAIS ESPECÍFICA: PADRÃO S1Q3T3 (onda S em D1, onda Q em D3 e inversão de onda T em D3) também conhecido como PADRÃO MCGINN-WHITE. Cuidado! Se a banca perguntar qual a alteração mais comum, a resposta é TAQUICARDIA SINUSAL, algo absolutamente inespecífico. MAAS, se perguntarem qual a alteração mais ESPECÍFICA, a resposta é PADRÃO S1Q3T3. Vamos relembrar alguns conceitos básicos do ECG. Lembre que a onda R é sempre positiva! Não tem como confundir... O que pode confundir é a onda Q e a onda S! São ondas negativas... Sim, mas é só seguir a ordem alfabética! Se a onda negativa estiver antes da onda R, é a onda Q! Se estiver depois é onda S! O achado eletrocardiográfico mais específico para TEP é o padrão S1Q3T3. Onda S em D1, onda Q em D3 e onda T invertida (negativa) em D3. É claro que pode haver outros achados, como desvio do eixo para a direita, inversão de onda T nas precordiais... Mesmo assim, não dá o diagnóstico de embolia! Mesmo que haja o padrão S1Q3T3! Imagem: educacaoglobo.com | Colégio Qi Imagem: enciclopediaecg-diagnostico.blogspot.com Imagem: sanarmed.com Medicina livre, venda proibida. Twitter @livremedicina - - RX DE TÓRAX: MAIS COMUM: NORMAL (dissociação clínico-radiológica) ACHADOS INESPECÍFICOS: DERRAME PLEURAL, ATELECTASIA... ACHADOS ESPECÍFICOS: WESTERMAK (oligoemia localizada); HAMPTON (hipotransparência triangular periférica ou justapleural); FLEISHNER/PALLA (dilatação do ramo descendente da artéria pulmonar). Não confirmam o diagnóstico, mas reforçam a hipótese! No paciente com TEP, há uma grande variedade de possibilidades. Pode ser normal, ter alterações inespecíficas (que também podem ser vistas em outras patologias torácicas) e algumas mais específicas. O mais comum é termos um RX normal (a esse comportamento, damos o nome de DISSOCIAÇÃO CLÍNICO-RADIOLÓGICA, visto que a clínica é rica, mas o RX é geralmente normal). São alterações inespecíficas: derrame pleural, atelectasia, elevação de hemicúpula diafragmática, entre outros. São alterações mais específicas para TEP: 3 sinais radiológicos principais: (1) Westermark – oligoemia localizada (uma região mais hipertransparente no RX no local da embolização o pulmão deixa de ser perfundido, mas continua a ser ventilado excesso de ar hipertransparência); (2) Sinal ou corcova de Hampton – hipotransparência triangular periférica (bem próxima a parede torácica, bem ‘justapleural’ costuma aparecer em embolias mais periféricas, mais próximas à parede torácica mesmo); (3) Fleishner (e Palla) – distensão da artéria pulmonar principal (pode representar uma embolia para regiões mais inferiores do pulmão, com a vasculatura cheia de sangue, mas que não consegue ejetar adiante, ficando distendida. São sinais raros, mas são um pouco mais específicos.