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715 Durante algum tempo, o STF teve a orientação de que as leis orçamentárias não eram passíveis de controle de constitucionalidade, por serem normas de efeitos concretos. Porém, sua jurisprudência avançou, e, hoje, permite o controle das leis em geral, pouco importando se abstratas ou concretas. Basta ser lei. Já, em relação aos atos, o STF só permite o controle se forem normativos. Atenção! Os demais itens estão errados: a) A ação civil pública em que a declaração de inconstitucionalidade com efeito erga omnes é posta como o próprio objeto do pedido, e não como causa de pedir, não usurpa a competência do STF para julgar a ação direta de inconstitucionalidade de leis federais em face da Constituição Federal. A ação civil pública não pode funcionar como ação abstrata. Estas são dotadas de efeito erga omnes e vinculante. Por isso, um Tribunal, ao julgar a ACP, não pode conferir o efeito erga omnes, para que, ao fim, não funcione como se fosse o STF. b) A declaração final de inconstitucionalidade na ação direta de inconstitucionalidade não importa em restauração, de forma tácita, das normas estatais anteriormente revogadas pelo diploma normativo objeto do juízo de inconstitucionalidade. Cuidado, ok. A repristinação, no direito, precisa de norma expressa para ocorrer. Já o efeito repristinatório é tácito. Ou seja, uma vez que a norma é reconhecida como inconstitucional, será gerado efeito ex tunc, e a norma anterior voltará a produzir efeito. Para que esta norma não retorne, deve o legitimado pedir que o STF sobre ela se manifeste expressamente, evitando o efeito repristinatório. d) O princípio da fungibilidade não é aplicável, não se podendo conhecer da ação direta de inconstitucionalidade como arguição de descumprimento de preceito fundamental, ainda quando coexistentes todos os requisitos de admissibilidade desta, em caso de inadmissibilidade daquela. Se não houver erro grosseiro, admite-se a aplicação da fungibilidade. Ou seja, uma ADPF pode ser recebida como ADI e vice-versa. e) A legitimidade ativa da confederação sindical, entidade de classe de âmbito nacional e Mesas da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e das Assembleias Legislativas, para a ação direta de inconstitucionalidade, vincula-se ao objeto da ação, pelo que deve ser comprovada a pertinência temática. Há legitimados universais, para os quais não se exige pertinência temática, dos quais se destaca as mesas da Câmara e do Senado, daí o erro do quesito. Questão 5: VUNESP Nos termos da doutrina predominante, controlar a constitucionalidade significa a) examinar a compatibilidade de uma lei ou ato normativo com a Constituição, verificando seus requisitos formais e materiais. b) referendar ato que, por ter sido criado por autoridade constitucionalmente competente, prescinde da observação de outros requisitos. c) garantir que uma norma, editada com os parâmetros constitucionais vigentes à época, não se tornará com ela incompatível em decorrência de mudanças na interpretação constitucional. Licensed to Bruno de Oliveira Soares - bglp23@hotmail.com - 020.879.171-08 716 d) que a inconstitucionalidade material faz referência ao erro na observância da competência ou nas regras relativas ao processo definido na Constituição. e) que a inconstitucionalidade formal envolve o contraste direto do ato legislativo com o parâmetro constitucional, ou a aferição do desvio de poder ou do excesso de poder legislativo. GABARITO: A Nos termos da doutrina predominante, controlar a constitucionalidade significa: a) examinar a compatibilidade de uma lei ou ato normativo com a Constituição, verificando seus requisitos formais e materiais. O controle de constitucionalidade consiste em um mecanismo de fiscalização da validade de todas as normas do ordenamento jurídico frente às regras estabelecidas pela Constituição Federal. O controle de constitucionalidade relaciona-se, portanto, com a fiscalização da conformidade das leis e atos normativos frente à Constituição Federal. Para Uadi Lamêgo Bulos, constitucionalista frequentador assíduo da sua prova, os fundamentos que justificam o controle de constitucionalidade são: a supremacia constitucional em face dos atos do Poder Público; preservação do bloco de constitucionalidade da constituição federal; assegurar os direitos e garantias fundamentais. Assim, a princípio, todas as leis são válidas. É dizer, as leis e atos normativos estatais são considerados válidos, constitucionais, até que venham a ser formalmente declarados inconstitucionais. Essa noção relaciona-se com o denominado princípio da chamada presunção de constitucionalidade das leis, um dos pressupostos do controle de constitucionalidade. Demais alternativas incorretas: b) referendar ato que, por ter sido criado por autoridade constitucionalmente competente, prescinde da observação de outros requisitos. A ratificação de ato emanado de autoridade competente não se relaciona com o controle de constitucionalidade. c) garantir que uma norma, editada com os parâmetros constitucionais vigentes à época, não se tornará com ela incompatível em decorrência de mudanças na interpretação constitucional. A chamada mutação constitucional está situada mais no âmbito da interpretação do que propriamente do controle de constitucionalidade. Ainda assim, não há como garantir que uma norma não se tornará inconstitucional com o tempo. A mutação constitucional é o fenômeno que se verifica nas Constituições ao serem modificadas de forma silenciosa, contínua, sem alteração textual. É isso mesmo, trata-se de um processo informal e espontâneo de alteração da interpretação constitucional, em que se muda o conteúdo de determinado dispositivo, sem mudança no teor da norma. É o que acontece quando o Supremo Tribunal Federal muda seu entendimento sobre certo dispositivo constitucional, por decorrência da própria evolução de usos e costumes. Pode-se relacionar esse fenômeno ao conceito de poder constituinte difuso. Não ao poder constituinte derivado, que é a prerrogativa de alterar formalmente a Constituição, por meio de emendas. Para o Ministro Luis Roberto Barroso, existem três situações que legitimam uma mutação constitucional e a superação de uma jurisprudência consolidada: quando há uma mudança na percepção do direito, quando existem modificações na realidade fática e por força das consequências práticas negativas de uma determinada linha de entendimento. Licensed to Bruno de Oliveira Soares - bglp23@hotmail.com - 020.879.171-08