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Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 2 AUTORIA FABIANA MATOS DA SILVA Olá! Sou formada em Engenharia de Produção Mecânica e atuei na indústria automobilística na Região do Vale do Paraíba. Meu interesse pela área técnica nasceu com minha passagem pelo SENAI, no curso de Aprendizagem Industrial em Eletricista de Manutenção e, depois disso, fiz o curso Técnico em Mecânica. Entender como as coisas funcionam sempre foi minha motivação maior nesse período de aprendizagem. Passei por algumas empresas da região, mas sempre me senti motivada pela vontade de aprender cada vez mais. Participei do Programa Agente Local de Inovação- CNPq – SEBRAE, onde auxiliávamos pequenas empresas fomentando ações inovadoras dentro de seus limites. Foi assim que me apaixonei pela Inovação e iniciei meu mestrado em Gestão e Desenvolvimento Regional, estudando a temática Desenvolvimento da Inovação em Pequenas e Médias Empresas da Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte. Sou apaixonada pelo que faço e principalmente pela transmissão de conhecimento. Acredito que compartilhar meus conhecimentos e minha experiência de vida com aqueles que estão iniciando em suas profissões tem grande valia. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. EDUARDA PEREIRA BARBOSA A professora Eduarda Pereira Barbosa tem mestrado em Engenharia Civil com ênfase em Materiais Regionais e Não-Convencionais Aplicados à Estruturas e Pavimentos pela Universidade Federal do Amazonas (2019) e é Graduada em Engenharia Civil pelo Centro Universitário do Norte (2017). Tem experiência como professora conteudista para instituições ensino superior e como professora de cursos técnicos das disciplinas: Materiais de Construção, Mecânica dos Solos e Pavimentação, Topografia, Estruturas de Concreto, Instalações Elétricas, Instalações Hidrossanitárias, Tecnologia da Construção, Segurança do Trabalho, entre outras. Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 3 ICONOGRAFIA Estes iconográficos irão aparecer toda vez que: INTRODUÇÃO uma nova unidade letiva estiver sendo iniciada, indicando que competências serão desenvolvidas ao seu término; VOCÊ SABIA curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo forem necessárias; DEFINIÇÃO houver necessidade de se apresentar um novo conceito; REFLITA houver necessidade de se chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido sobre; NOTA forem necessárias observações ou complementação para o conhecimento; ACESSE for preciso acessar um ou mais sites para fazer download, assistir a um vídeo, ler um texto, ouvir um podcast, etc.; IMPORTANTE as observações escritas tiverem que ser priorizadas; RESUMINDO for preciso se fazer um resumo acumulativo das últimas abordagens; EXPLICANDO MELHOR algo precisar ser melhor explicado ou detalhado; SAIBA MAIS um texto, referências bibliográficas e links para fontes de aprofundamento se fizerem necessários; ATIVIDADES quando alguma atividade de autoaprendizagem for aplicada; TESTANDO chegar o momento ideal para o aluno responder ao enunciado de algumas questões do banco, ou mesmo de forma intempestiva, em meio ao livro didático; Assim vai ficar mais fácil nos comunicarmos. Basta olhar para um desses ícones e você saberá exatamente o que virá logo em seguida. Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 4 INTRODUÇÃO Você sabia que a concepção estrutural é umas das partes mais importantes para a construção de uma edificação? Por meio da elaboração dos projetos arquitetônico e estrutural de um edifício é possível estabelecer as diretrizes de segurança, estabilidade e funcionalidade necessárias para que, além de cumprir sua finalidade (residencial, comercial etc.), o edifício mantenha-se estável e dentro das especificações de segurança e qualidade necessárias. Com as constantes mudanças tecnológicas nos canteiros de obras, as inovações em materiais e os aspectos construtivos cada vez mais modernos, a execução de uma obra tem se tornado cada vez mais ágil, mantendo sempre suas características essenciais. Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo! Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 5 Competências Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade I. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Entender o conceito estrutural das edificações, identificando sua finalidade e importância no contexto da construção civil. 2. Identificar os elementos estruturais em uma edificação. 3. Definir o conceito de arranjo estrutural de edificações, identificando sua dinâmica em projetos de construção civil. 4. Identificar os sistemas estruturais mais utilizados na atualidade, bem como suas inovações e tendências. Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 6 Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 7 SUMÁRIO ICONOGRAFIA ............................................................................................... 3 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 4 1. O QUE É A CONCEPÇÃO ESTRUTURAL DAS EDIFICAÇÕES ............................. 8 1.1 Estruturas ...................................................................................... 8 1.2 Concepção Estrutural ....................................................................... 12 2. ELEMENTOS ESTRUTURAIS DE UMA EDIFICAÇÃO ....................................... 16 2.1 Elementos estruturais ....................................................................... 16 2.1.1 Lajes ................................................................................ 17 2.1.2 Vigas ............................................................................... 20 2.1.3 Pilares .............................................................................. 22 2.1.4 Blocos de fundação .............................................................. 24 3. O QUE É O ARRANJO ESTRUTURAL EM UMA EDIFICAÇÃO............................. 27 3.1 Estruturação de sistemas para edifícios.................................................. 27 3.2 Arranjos estruturais utilizados .............................................................. 30 4. SISTEMAS ESTRUTURAIS USUAIS ............................................................ 36 4.1 Sistemas estruturais ......................................................................... 36 4.1.1 Concreto armado ................................................................. 39 4.1.2 Alvenaria estrutural .............................................................. 41 4.1.3 Componentes empregados na alvenaria estrutural ......................... 42 REFERÊNCIAS .............................................................................................. 45 Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 8 1. O que é a concepção estrutural das edificações INTRODUÇÃO Ao término deste capítulo você será capaz de compreender o conceito estrutural das edificações. Neste capítulo serão estabelecidas as definições de estruturas, conheceremos os principais elementos estruturais presentes em uma edificação e serão apresentados conceitos iniciais a respeito de Estados Limites de utilização e de serviço. Entenderemos como são elaboradas as estruturas de um edifício e quais variáveis devem ser consideradas no projeto para que sua concepção estrutural ocorra de maneira adequada e em harmonia com os demais projetos existentes. E então, motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!1.1 Estruturas Ao pensarmos em uma estrutura e sua finalidade, chegamos à definição de um conjunto de componentes que é responsável por realizar a sustentação de determinada forma, como o esqueleto humano, que se trata de uma estrutura composta por ossos responsável por sustentar todos os outros componentes do corpo, tais como músculos, tecidos, órgãos, sistema circulatório etc. As estruturas estão em tudo que nos rodeia nesse planeta: nas plantas, no ar, nas pessoas, nos animais, em objetos e até nas nossas ideias (REBELLO, 2000). IMPORTANTE Ainda segundo Rabello (2000), não é possível imaginar uma forma que não precise de uma estrutura para sustentá-la ou uma estrutura que não tenha uma forma. Quando falamos da concepção de uma forma, isso automaticamente diz respeito também à concepção de uma estrutura e, consequentemente, aos materiais e processos necessários para sua materialização. Uma estrutura e sua forma são um só objeto e, desse modo, idealizar uma forma ou projeto significa idealizar também a estrutura para isso. Em outras palavras, podemos afirmar que tanto a forma quanto a estrutura nascem juntas. Definimos como estrutura o conjunto de elementos que se interrelacionam e compõem uma edificação, seja ela simples ou complexa. Esses elementos em conjunto conseguem coordenar o caminho por onde os esforços solicitantes que atuam sobre a estrutura devem transitar até que consigam atingir seu destino: o solo. Para que isso aconteça de modo adequado deve-se considerar uma correta distribuição das cargas, Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 9 uma escolha acertada dos materiais utilizados e os elementos de sustentação que são necessários de acordo com tipo de edificação (REBELLO, 2000). Em outras palavras, a concepção da estrutura de um edifício diz respeito à escolha de um arranjo adequado de elementos estruturais que são capazes de assegurar que ele possa cumprir as especificações para as quais foi projetado. Na figura 1 podemos observar os principais elementos estruturais mais utilizados em uma edificação, como são adequados e combinados para que se obtenha um conjunto resistente e eficiente (ALVA, 2007). Figura 1 - Principais Elementos Estruturais Fonte: Alva (2007). Para conseguir estabelecer um arranjo estrutural adequado, o projeto deverá abranger, simultaneamente, aspectos que são essenciais para edificação, que são: segurança, economia (redução de custos), funcionalidade, durabilidade e também aspectos referentes ao projeto arquitetônico em si (características estéticas e funcionalidade). De maneira mais precisa, a estrutura deverá ser capaz de garantir a segurança contra os Estados Limites, nos quais a construção pode deixar de cumprir suas finalidades (ALVA, 2007). A NBR 6118 deve atender a 3 requisitos de qualidade, sendo estes a capacidade resistente, o desempenho em serviço e a durabilidade. A capacidade resistente consiste na segurança de ruptura, enquanto o desempenho em serviço consiste na capacidade da estrutura de manter-se em condições plenas de utilização, sem danos que comprometam em parte ou totalmente o uso para o qual foi projetada. No que diz Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 10 respeito à durabilidade, trata-se da capacidade da estrutura de resistir às influências ambientais previstas e definidas em conjunto pelo autor do projeto estrutural e o contratante, no início dos trabalhos de elaboração do projeto O Estado Limite vai ser o estado em que a estrutura deixa de atender aos requisitos que são necessários para seu funcionamento pleno e/ou quando a sua utilização é interrompida devido a qualquer colapso estrutural. Ele pode ocorrer devido a: fatores relacionados à segurança, funcionalidade ou estética; fatores que causem um desempenho fora dos padrões determinados para seu uso normal; fatores que possam causar a interrupção de funcionamento, como a ruína de um ou mais de seus componentes (GONÇALVES, 2015). Segundo a norma técnica NBR6118, que trata do projeto de estruturas de concreto (ABNT, 2014), os Estados de Limite conhecidos são divididos em dois grupos principais, que têm características especificas. São eles: • Estado de Limite Último (ELU): está diretamente relacionado à quando estrutura já não consegue ser utilizada devido ao esgotamento de sua capacidade de resistência e ao risco que pode apresentar à segurança. Na figura 2 podemos observar uma fábrica abandonada que não pode mais operar normalmente devido às condições nas quais sua estrutura se encontra. Observe que a deterioração de seus componentes estruturais apresenta riscos iminentes, o que inviabiliza seu uso e que indica que a edificação atingiu o seu estado limite último (GONÇALVES, 2015). Figura 2 - Exemplo de Estado de limite Último Fonte: Pixabay. Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 11 • Estado de Limite de Serviço (ELS): trata-se do cumprimento dos critérios de segurança que se relacionam diretamente ao conforto para os usuários, à durabilidade da estrutura, à aparência adequada e à boa utilização de um modo geral. Na figura 3 podemos ver um exemplo de dano considerado de estado de limite de serviço: uma rachadura profunda na parede que compromete a estética e ainda pode revelar algum outro problema estrutural que possa vir a prejudicar o funcionamento adequado da edificação (GONÇALVES, 2015). Figura 3 - Exemplo de Estado de limite de Serviço Fonte: Pixabay. Para seja possível entender como é realizada a concepção estrutural de uma edificação, é importante saber qual a finalidade a ser atendida pela edificação. Além disso, o projeto deve prezar pela adequação em conjunto (sempre que possível) das condições impostas pela arquitetura do projeto, visando, na maior parte das vezes, uma colaboração mútua para realmente atingir o que se espera da edificação. Um projeto arquitetônico representa, de forma precisa, a base necessária para a elaboração do projeto estrutural como um todo, e esse projeto deve ter a função de prever o posicionamento dos elementos de forma que seja possível respeitar a distribuição dos diferentes ambientes em seus respectivos pavimentos. Vale ressaltar que a estrutura também deve ser coerente e respeitar as características do solo no qual estará apoiada (ALVA, 2007). Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 12 1.2 Concepção Estrutural Escolher a forma adequada de estrutura para um edifício vai depender do projeto arquitetônico proposto. Falaremos aqui, de maneira geral, sobre os edifícios residenciais que são compostos por pavimentos preestabelecidos. São eles: I) Subsolo: na maior parte das vezes é destinado à área de garagem. II) Pavimento Térreo: geralmente destinado à recepção, salas de estar, de jogos, de festas, piscinas e área para recreação de uso comum. III) Pavimento-tipo: destinado aos apartamentos. Compõe os andares do edifício e geralmente tem vários cômodos previstos em seu projeto. IV) Ático: refere-se a um pavimento menor e mais recuado que os demais, no topo dos edifícios. Geralmente é destinado a abrigar máquinas, reservatórios, depósitos etc. (ALVA, 2007) A figura 4 ilustra um modelo básico de edifício residencial composto por seus pavimentos e especificações gerais. Conseguimos observar as características básicas necessárias para elaboração de um projeto estrutural. Figura 4 - Edifício com múltiplos pavimentos Fonte: Elaborado pelas autoras com base em Alva (2007). Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 13 Uma nota importante a ser considerada é a existência do pavimento-tipo, o que geralmente ocorre em edifícios que têm vários andares. Esse tipo de pavimento sugere que a estruturação do projeto se inicie por ele e, caso não existam pavimentos repetidos, a estruturação deverá ser iniciada a partir dos andares superiores, seguindo na direção dos inferiores (PINHEIRO,2003). REFLITA Para que a concepção estrutural seja definida de forma correta, ela deve partir da localização dos pilares e, na sequência, deve passar para a delimitação de posição das vigas e depois das lajes. Essa sequência sempre deve ser mantida e é importantíssimo que a compatibilidade com o projeto arquitetônico seja sempre considerada (PINHEIRO, 2003). Há alguns projetos que estabelecem os ambientes sociais comuns na cobertura do edifício. Para essa especificação é necessário que seja elaborado um projeto estrutural adequado para que o ambiente seja compatível com o pavimento de cobertura em suas características funcionais. É importante ressaltar que o que se busca em uma concepção estrutural é o alinhamento do projeto estrutural com os demais projetos necessários, sejam eles os de instalações elétricas, hidráulicas, telefonia, segurança, som, televisão, ar- condicionado, computador etc. Em outras palavras, deve-se prezar pela existência de uma compatibilização do projeto estrutural com todos os demais projetos da edificação, de forma que favoreça a coexistência de todos os sistemas com qualidade e em harmonia (ALVA, 2007). Para que seja possível essa elaboração interdependente, as várias áreas técnicas que compõem o projeto geralmente elaboram anteprojetos que são, posteriormente, analisados de forma conjunta, com o intuito de realizar adequações e/ou alterações ainda nessa fase. Com isso a execução do projeto será realizada de maneira correta desde o início (ALVA, 2007). VOCÊ SABIA? Essa estruturação em conjunto, segundo Pinheiro et al. (2003), é considerada a mais importante em um projeto estrutural, pois implica em escolher os elementos que vão ser adotados e em definir suas posições, garantindo um sistema estrutural eficiente que seja capaz de absorver da melhor forma todos os esforços gerados e transmiti-los ao solo da fundação de maneira correta e eficaz. Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 14 A solução estrutural obtida somada ao projeto sempre deverá prezar por atender aos requisitos de qualidade previamente estabelecidos nas normas técnicas vigentes, principalmente nas especificações referentes à capacidade resistente, ao desempenho em serviço e à durabilidade da estrutura (PINHEIRO et al., 2003). Em resumo, a concepção da estrutura de um edifício consiste na elaboração de um arranjo ou de uma combinação adequada dos diversos elementos estruturais que existem. Aliado a isso, deve ser estipulada uma correta sequência de ações que tenham como objetivo atender simultaneamente todos os requisitos de segurança, durabilidade, estética e funcionalidade que a construção deve apresentar (BARBOSA, 2008). Dessa maneira, segundo Barbosa (2008), para uma correta estruturação de uma edificação algumas diretrizes devem ser cumpridas e adequadas sempre que possível, pois são tidas como essenciais nesse processo. São elas: 1) Cumprir as condições impostas pelo projeto arquitetônico tanto quanto possível no que se refere à forma e à estética. 2) Os elementos estruturais devem ser embutidos sempre que possível, como as vigas e os pilares, que podem ser alocados em paredes de alvenaria de vedação. 3) O posicionamento dos elementos estruturais deve ser realizado na estrutura da construção levando em consideração o seu comportamento primário. 4) Para realizar a transmissão da carga, a opção a ser adotada deverá ser, sempre que possível, de forma mais direta e pelo menor caminho. A transmissão das cargas de vigas importantes sobre outras vigas (apoios indiretos) e o apoio de pilares sobre vigas (vigas de transição) não são recomendados. 5) Para estabelecer as dimensões da estrutura em planta, elas devem ser limitadas (aproximadamente 30m no máximo) para que seja possível diminuir os efeitos de retração e de variação de temperatura. Para atingir esse nível de especificação são adotadas as juntas de separação (conhecidas também como juntas de dilatação), pois sua utilização proporciona blocos de estruturas independentes, não apresentando interações umas com as outras (BARBOSA, 2008). 6) Em edifícios compostos por múltiplos pavimentos, verificar a estabilidade da estrutura é fundamental, por conta da ação horizontal do vento que pode atingir valores significativos. Essa especificação de seção transversal das vigas e dos Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 15 pilares deve ser realizada de forma criteriosa e a estrutura de contravento deve sempre ser avaliada com atenção (BARBOSA, 2008). 7) Nos edifícios que têm garagens o posicionamento dos pilares deve ser cuidadosamente elaborado, a fim de possibilitar um dimensionamento adequado para o maior número possível de vagas, lembrando sempre de considerar ainda a facilitação do fluxo dos veículos. RESUMINDO E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. No ramo de edificações, definimos como estrutura o conjunto de elementos que se interrelacionam e compõem uma construção, seja ela simples ou complexa. Esses elementos em conjunto conseguem coordenar o caminho pelo qual as forças gravitacionais que atuam sobre a estrutura devem transitar até que consigam atingir seu destino: o solo. Para isso acontecer de modo adequado, deve-se considerar uma correta distribuição do peso, uma escolha acertada dos materiais a serem usados e, ainda, os elementos de sustentação corretos de acordo com o tipo de edificação. A estrutura deve partir da localização dos pilares e, na sequência, deve passar para a delimitação de posição das vigas e depois das lajes. Essa sequência sempre deve ser mantida e é importantíssimo que a compatibilidade com o projeto arquitetônico seja sempre considerada. Há alguns projetos que estabelecem os ambientes sociais comuns na cobertura do edifício. Para essa especificação é necessário que seja elaborado um projeto estrutural adequado para que o ambiente seja compatível com o pavimento de cobertura em suas características funcionais. Devemos ressaltar que o que se busca sempre em uma concepção estrutural é o alinhamento do projeto estrutural com os demais projetos necessários, sejam eles os de instalações elétricas, hidráulicas, telefonia, segurança, som, televisão, ar- condicionado, computador etc. Em outras palavras, deve-se prezar pela existência de uma compatibilização do projeto estrutural com todos os demais projetos da edificação, favorecendo a coexistência de todos os sistemas com qualidade e em harmonia. Em resumo, a concepção da estrutura de um edifício consiste na elaboração de um arranjo ou de uma combinação adequada dos diversos elementos estruturais que existem. Além disso, deve ser estipulada uma correta sequência de ações que tenham como objetivo atender, de maneira simultânea, todos os requisitos de segurança, durabilidade, estética e funcionalidade que a construção deve apresentar. Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 16 2. Elementos estruturais de uma edificação INTRODUÇÃO Ao término deste capítulo você será capaz de identificar os elementos estruturais, além de entender melhor quais são e como funcionam na concepção da estrutura de uma edificação. Analisaremos quais impactos de cada um na estruturação de um edifício, sua importância e as características principais de cada um deles. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! 2.1 Elementos estruturais Ao pensar no termo elemento estrutural, automaticamente associamos a materiais de altísssima resistência e que suportam grande quantidade de cargas — contudo, existem muitos materiais no mercado e cada um deles será adequado a uma determinada finalidade, ou seja, nem sempre a resistência do material garante a um elemento estrutural a capacidadede suportar cargas. Exemplo: Podemos tomar como exemplo um cabo de aço: por mais resistente que seja, ele não consegue, quando colocado em pé suportar seu próprio peso, tampouco conseguirá manter-se em forma reta se receber uma força transversal ao seu eixo. Contudo, quando utilizamos esse material pendurado para içar algo ou cercar determinada área, ele suportará grandes cargas na direção de seu eixo (REBELLO, 2000). Assim sendo, podemos afirmar que a forma do material por vezes é um fator mais determinante de sua resistência do que a própria resistência contida no material. Desse modo, materiais que em princípio possam ser considerados frágeis podem ser usados adequadamente em estruturas quando projetados de forma bem elaborada, acarretando em ganho de resistência e melhor adaptação ao projeto (REBELLO, 2000). Elementos estruturais podem ser definidos como cada uma das partes que compõe uma construção. Eles são obtidos por meio da junção de materiais específicos em uma determinada área e atuam em conjunto para oferecer à estrutura resistência, apoio, distribuição de forças, sustentação etc. Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 17 IMPORTANTE Os sistemas estruturais que são estabelecidos em uma concepção estrutural são compostos por um ou mais tipos de elementos estruturais que têm funções específicas. Os elementos mais conhecidos que compõem as estruturas são as lajes, as vigas, os pilares e as fundações (BARBOSA, 2008). 2.1.1 Lajes As lajes são elementos planos e bidimensionais que são apoiados em suas extremidades de contorno sobre as vigas. Elas compõem os pisos (ou andares) dos compartimentos de uma construção, são diretamente responsáveis por receber as cargas das ações gravitacionais do piso instalado e por realizar a transferência dessa energia para as vigas de apoio (ALVA, 2007). A figura 5 demonstra o processo de concretagem de uma laje. Figura 5 - Laje sendo concretada Fonte: Freepik. Esses elementos compõem o projeto e se comprometem a receber a maior parte das ações gravitacionais aplicadas em uma construção, como a circulação de pessoas, a alocação dos móveis, a aplicação de pisos e revestimentos, as paredes e muitos outros tipos de carga que possam existir de acordo com a finalidade arquitetônica do espaço físico do qual essa laje faz parte. Nas lajes, as ações gravitacionais aplicadas geralmente são perpendiculares ao plano da laje (BARBOSA, 2008), conforme observamos na figura 6. Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 18 Figura 6 - Laje maciça Fonte: Barbosa (2008). Ainda sobre essa distribuição das ações gravitacionais que acontece nas lajes, elas podem ser distribuídas da seguinte forma: • Distribuídas na área: distribuição do peso em sua base plana, devido ao próprio peso existente dos materiais que compõem a estrutura da laje (ferragem, concreto, etc.) e seu revestimento (contrapiso, azulejos, etc.), ou seja, todo o peso que irá compor essa estrutura após finalização do projeto. • Distribuídas linearmente: distribuição do peso decorrente dos materiais que compõem as paredes que delimitam as lajes, ou ainda de forças concentradas por meio do apoio de um pilar sobre a laje. Essas ações são, de maneira geral, transmitidas cumulativamente para as vigas de apoio, que se situam nas bordas da laje. Entretanto, eventualmente essas forças também poderão ser transmitidas diretamente aos pilares que, por sua vez, são responsáveis pela sequência de transmissão para as fundações e solo. Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 19 IMPORTANTE Existe no mercado uma grande variedade de lajes e cada uma delas vai ter suas indicações de utilização e instalação de acordo com o projeto arquitetônico estabelecido. As mais usadas são as lajes maciças, as lajes nervuradas, as lajes treliçadas e as lajes alveolares. Para cada tipo projeto deve-se estabelecer qual tipo de laje é indicada — considerando sempre fatores como o custo, tempo e qualidade (BITENCOURT, 2015). Existem as lajes maciças de concreto e as lajes pré-fabricadas de inúmeras variações. Para estruturação de edifícios de pavimentos e em construções de grande porte — tais como escolas, indústrias, hospitais e etc. — são recomendadas as lajes maciças, com espessuras que podem variar entre 7cm e 15cm. A NBR 6118 estabelece as espessuras mínimas a serem aplicadas em lajes maciças: a) 7 cm para lajes de cobertura não em balanço. b) 8 cm para lajes de piso não em balanço. c) 10 cm para lajes em balanço. d) 10 cm para lajes que suportem veículos de peso total menor ou igual a 30 kN. e) 12 cm para lajes que suportem veículos de peso total maior que 30 kN. f) 15 cm para lajes com protensão apoiada em vigas, com o mínimo de /42 para lajes de piso biapoiadas e /50 para lajes de piso contínuas. g) 16 cm para lajes lisas e 14 cm para lajes cogumelo fora do capitel. Já para construções residenciais e quaisquer outras de pequeno porte, geralmente aconselha-se a adoção de lajes nervuradas pré-fabricadas, pois além delas apresentarem vantagens em relação aos custos, garantem maior facilidade de construção (BASTOS, 2006). Define-se lajes maciças como placas de espessura uniforme, apoiadas ao longo do seu contorno, nas quais os apoios podem ser formados por vigas ou alvenarias (ARAÚJO, 2014). As características principais desse sistema são (ALBUQUERQUE E PINHEIRO, 2002): i. Maior quantidade de vigas, o que reduz a produtividade da construção e a reutilização de formas. ii. Grande consumo de formas. Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 20 iii. Boa rigidez à estrutura, devido a grande quantidade de vigas. iv. Mão de obra adaptada e bem treinada, devido a ser o sistema estrutural de concreto mais utilizado. v. Grande volume de concreto. A laje pré-moldada treliçada é composta por vigotas pré-fabricadas de concreto armado que têm, apoiadas em si, elementos de material leve. É aplicada nela uma camada de concreto, de forma a cobri-la completamente (NASCIMENTO et al., 2019). As principais características deste sistema, afirmando as vantagens e as desvantagens existentes (MUNIZ, 1991), são: Vantagens: • Diminuição do peso da laje. • Redução significativa de formas (o que acaba gerando economia de materiais). • Redução de prazos de execução de obras. • Redução de material em estoque e movimentação no canteiro de obras. • Redução do custo de mão de obra com armadores e carpinteiros. Desvantagens: • Dificuldade de transporte, se a obra for longe da fábrica. • Exigência de equipamentos específicos para o içamento das peças. • Dificuldade na fixação dos elementos de enchimento, com a possibilidade de movimentação deles durante a concretagem. A determinação do tipo de laje e de seu dimensionamento influenciará na quantidade de concreto a ser utilizada, no peso que o elemento atingirá, na quantidade de armaduras necessária, no tempo de utilização de mão de obra, na estocagem e deslocamento, no tempo de cura para finalização da obra e na quantidade de vigas de sustentação e distanciamento do vão (BITTENCOURT, 2015). 2.1.2 Vigas De acordo com a NBR 6118 (ABNT, 2014), as vigas “são elementos lineares em que a flexão é preponderante”. Assim sendo, as vigas são descritas como barras, geralmente retas e horizontais, que têm a função de receber ações de outros elementos, como lajes, outras vigas, paredes de alvenaria e, eventualmente, pilares. A Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 21 figura exemplifica uma viga reta de concreto com sua respectiva vista e distribuição de carga. IMPORTANTE Ao receber essa carga gravitacional, a viga deverá se comportar oferecendo sustentação necessária e dando sequência na transmissão dessas ações para os pilares abaixo delas, que as destinarão ao solo. Toda a estrutura desenvolvida irá trabalhar em conjunto ecada um dos elementos estruturais que a compõem vai agir de maneira sequencial, prezando sempre pela distribuição correta dos esforços exercidos pela transmissão da energia gravitacional. Figura 7 - Viga reta de concreto Fonte: Barbosa (2008). As vigas têm como função principal vencer os vãos existentes e transmitir as ações nelas atuantes para os apoios, que normalmente são os pilares. Essas ações são, em sua maior parte, perpendiculares ao seu eixo longitudinal, podendo ainda ser concentradas ou distribuídas (BARBOSA, 2008). A figura 8 demonstra exemplos de vigas empregadas na construção de um sobrado residencial. VOCÊ SABIA? Existem inúmeros tipos de vigas disponíveis no mercado e cada uma delas tem especificações para utilização de acordo com o projeto a ser desenvolvido, custo a ser empregado e tipo de material necessário. As mais frequentes em edificações e construções residenciais são as vigas de concreto, que têm estrutura de armaduras internas que oferecem uma sustentação adequada. Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 22 Vale ressaltar que as vigas também podem receber forças normais de compressão e/ou de tração na direção do eixo longitudinal. Assim como as lajes, as vigas e os pilares compõem também parte da estrutura chamada de contraventamento, que é responsável por oferecer estabilidade global aos edifícios, referentes tanto às ações verticais quanto horizontais (BARBOSA, 2008). A figura 8 traz exemplos de vigas de um edifício de vários pavimentos. Figura 8 - Exemplo de viga de edifício de múltiplos pavimentos Fonte: Bastos (2006). 2.1.3 Pilares Os pilares são elementos em formato de barra que são frequentemente expostos à flexo-compressão, ou seja, sua estrutura sofre flexão constantemente, em razão das ações gravitacionais que trabalham na estrutura. Eles fornecem apoio às vigas e, por meio desse contato, conseguem realizar a transferência dessa carga para as fundações (ALVA, 2007). A figura 9 demonstra o processo de concretagem de um pilar de um edifício. Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 23 Figura 9 - Concretagem de pilar em um edifício Fonte: Freepik. De acordo com a NBR 6118 (ABNT, 2014), os pilares são “elementos lineares de eixo reto, usualmente dispostos na vertical, em que as forças normais de compressão são preponderantes”. Dessa forma, os pilares são responsáveis por transmitir as ações atuantes ao longo da estrutura para as fundações, embora essa transferência também possa ser feita para outros elementos de apoio que possam existir (BARBOSA, 2008). A relação entre pilar e viga é demonstrada na figura 10. Figura 10 - Pilar Fonte: BARBOSA (2008). Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 24 Os pilares são os elementos de maior importância nas estruturas, tanto do ponto de vista da capacidade de resistência dos edifícios quanto no aspecto da segurança. Além de realizar a transmissão das cargas verticais para os elementos de fundação, os pilares também podem compor o sistema de contraventamento, que garante a estabilidade dos edifícios contra quaisquer ações, sejam elas verticais ou horizontais (BASTOS, 2006). 2.1.4 Blocos de fundação Blocos de fundação são usados para receber as ações dos pilares e direcioná-las ao solo. Esse direcionamento pode ser direto ou por meio de estacas ou tubulões, conforme observamos na figura 11. Figura 11: Bloco de fundação com estacas e com tubulão Fonte: Bastos (2006). As estacas são elementos destinados a transmitir as ações gravitacionais ao solo por meio do atrito que ocorre ao longo da superfície de contato e devido ao apoio da ponta inferior no solo. Os blocos são colocados sobre as estacas cuja quantidade o projeto definirá. Existe uma infinidade de tipos de estacas e cada uma tem uma determinada finalidade (BASTOS, 2006). Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 25 Figura 12 - Bloco sobre uma estaca em construção Fonte: Bastos (2006). Os tubulões, semelhantes às estacas, também são elementos destinados a transmitir as ações diretamente ao solo, por intermédio do atrito existente entre o fuste, o solo e a superfície da base. Os blocos colocados sobre os tubulões podem ser suprimidos, contudo, é necessário que seja realizado um reforço com a armadura na parte superior do fuste (conhecida como cabeça do tubulão), para que seja possível receber a transmissão diretamente do pilar (BASTOS, 2006). Figura 13 - Escavação e concretagem de tubulão Fonte: Bastos (2006). Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 26 RESUMINDO E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Ao pensar no termo elemento estrutural, automaticamente o associamos a materiais de altísssima resistência e que suportem grande quantidade de carga, contudo, nem sempre é a resistência do material que garante a um elemento estrutural a capacidade de suportar cargas. Os sistemas estruturais que são estabelecidos em uma concepção estrutural são compostos por um ou mais tipos de elementos estruturais que têm funções especificas de acordo com a sua finalidade. Os elementos mais conhecidos são as lajes, as vigas, os pilares e a fundação. As lajes são elementos planos e bidimensionais que são apoiados em suas extremidades de contorno sobre as vigas. Elas compõem os pisos (ou andares) dos compartimentos de uma construção. De acordo com a NBR 6118 (ABNT,2014), as vigas “são elementos lineares em que a flexão é preponderante”. Ou seja, as vigas são descritas como barras, geralmente retas e horizontais, que têm a função de receber ações outros elementos, como lajes, outras vigas, paredes de alvenaria e pilares. Em suma, as vigas são elementos em formato de barra que são expostos a uma flexão predominantemente, são apoiadas em pilares de sustentação e são frequentemente embutidas nas paredes. Conseguem transferir, por meio do contato com os pilares, o peso que recebe das paredes que são apoiadas diretamente sobre elas. De acordo com a NBR 6118 (ABNT, 2014), os pilares são “elementos lineares de eixo reto, usualmente dispostos na vertical, em que as forças normais de compressão são preponderantes”. Dessa forma, os pilares são responsáveis por transmitir as ações atuantes ao longo da estrutura para as fundações, embora essa transferência também possa ser feita para outros elementos de apoio que possam existir. Blocos de fundação são usados para receber as ações dos pilares e direcioná-las ao solo e esse direcionamento pode ser de forma direta ou por meio de estacas ou tubulões. Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 27 3. O que é o arranjo estrutural em uma edificação INTRODUÇÃO Ao término deste capítulo você será capaz de compreender o que é o arranjo estrutural, conseguirá entender melhor as variáveis a serem estudadas para uma correta elaboração de um arranjo estrutural eficiente, além de entender as características que devem ser observadas e as estratégias possíveis para o projeto estrutural. Você também visualizará como acontecem às distribuições de forças na estrutura e quais tipos de arranjos estruturais são mais indicados e utilizados na concepção estrutural de um edifício. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! 3.1 Estruturação de sistemas para edifícios Quando falamos sobre distribuição de cargas em uma estrutura devemos considerar que as forças que atuam sobre uma viga podem ser distribuídas de maneira diferente quando comparada com a distribuição sobre uma laje. Geralmente as cargas podem atuar de maneira uniforme sobre a estrutura ou podem variar sua intensidade dependendo do ponto a ser mensurado. Com isso, entendemos que toda a estruturatrabalha em conjunto para que haja estabilidade e segurança na edificação (RABELLO, 2000). IMPORTANTE Ao elaborar um sistema estrutural para uma edificação, devemos ter em mente as disposições racionais e adequadas dos diversos elementos estruturais que serão utilizados no projeto — vigas, pilares, lajes, paredes estruturais, entre outros —, avaliando sempre suas indicações de utilização, materiais específicos usados e dimensões adequadas e sempre respeitando o projeto arquitetônico (ALVA, 2007). A junção das lajes com as vigas forma o pavimento que, por sua vez, é responsável por receber todas as ações mais importantes das edificações (ações de utilização do ambiente). Ao somarmos os pilares, é possível compreender que esses elementos atuam em conjunto formando a chamada estrutura (ou sistema de contraventamento), que é diretamente responsável pela estabilidade global da estrutura (BARBOSA, 2008). Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 28 Em outras palavras, o arranjo estrutural que é formado pela junção desses elementos deverá proporcionar o equilíbrio e a resistência necessários para a edificação, tanto para contenção das ações verticais quanto para as horizontais, atuando simultaneamente ou não. Para definição da estrutura adequada de um edifício, encontramos no piso as maiores probabilidades de variação do tipo de sistema estrutural — que pode ser composto por lajes, vigas e pilares (ou por lajes apoiadas diretamente sobre os pilares). Cada um dos pisos pode apresentar várias alternativas construtivas, pois cada tipo de laje (maciça, nervurada, protendida etc.) e cada tipo de viga (armada, protendida etc.) apresenta características que devem ser analisadas ao serem combinadas. Essa análise é extremamente importante para que se atinja coerência na junção dos elementos estruturais a serem utilizados (BARBOSA, 2008). VOCÊ SABIA? Podemos analisar o arranjo estrutural em dois planos: o horizontal (referente aos pisos da estrutura) e o vertical (que se refere às estruturas verticais como pilares e paredes), ressaltando que este último é considerado essencial para que se consiga garantir a estabilidade global do edifício, visto que se trata da direção na qual as transferências de ações são mais intensas (BARBOSA, 2008). Em geral, existem dois tipos de ações: as verticais e as horizontais. Ambas as ações devem percorrer a estrutura, atingir a base da construção e, finalmente, o solo. As cargas de utilização que ocorrem nas construções, como as pessoas, móveis, equipamentos fixos ou móveis, peso próprio dos elementos que compõe a construção etc., em função das forças gravitacionais, são classificadas como ações verticais (BARBOSA, 2008). A figura 14 exemplifica o fluxo das ações nos elementos de uma estrutura. Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 29 Figura 14 - Fluxo das ações nos elementos de uma estrutura Fonte: Alva (2007). A estrutura da construção será o caminho pelo qual as ações gravitacionais serão transmitidas para o solo. Vale ressaltar que, sempre que for possível, deve-se oferecer às ações verticais o caminho mais curto até o solo, levando em conta também questões econômicas e de facilidade construtiva — contudo, sabemos que isso nem sempre e fácil ou possível (BARBOSA, 2008). IMPORTANTE Ao buscar a melhor solução estrutural, o profissional que definirá o projeto deve conhecer todos os requisitos que precisam ser atendidos, como as cargas atuantes na estrutura, finalidade da obra (se comercial, residencial, industrial etc.), a facilidade e velocidade de construção, a estética necessária, a economia, os materiais disponíveis na região, a existência de mão de obra especializada etc. Como são muitos os fatores a serem considerados, sempre se torna necessário estabelecer uma hierarquia de resolução ou mesmo elencar apenas as prioridades entre os diversos requisitos (BARBOSA, 2008). A melhor estrutura sempre será aquela que conseguir cumprir, da forma mais eficiente possível, todos os requisitos (ou a maior parte deles) de acordo com a hierarquia estabelecida. Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 30 Outro aspecto importante que deve ser considerado nesse contexto é o fato de que a estrutura pode ser composta por uma maior quantidade de elementos (muitas vigas e pilares). Em cada elemento as seções transversais deverão ser adaptadas e reduzidas (menores) se comparadas com uma estrutura convencional para o mesmo tipo de construção (menor quantidade de elementos) (BARBOSA, 2008). 3.2 Arranjos estruturais utilizados A formulação de um arranjo estrutural adequado consiste basicamente na reunião dos elementos estruturais (sejam de concreto, de aço, mistos etc.) com a finalidade de aliar seus esforços em conjunto, para que seja possível obter a resistência necessária às ações que operam sobre o edifício, garantindo estabilidade e segurança (ALVA, 2007). IMPORTANTE A localização dos pilares deve começar sempre pelos cantos e, a partir daí, é considerada a inserção deles nas demais áreas comuns em todos os pavimentos: área de elevadores e de escadas, cobertura, casa de máquinas e reservatório superior. Na sequência são posicionados os pilares de extremidade e os internos, sempre embutidos nas paredes, respeitando as imposições do projeto arquitetônico (PINHEIRO, 2003). Sempre que for possível, os pilares devem ser dispostos alinhados uns aos outros, pois isso otimiza a formação dos pórticos juntamente com as vigas que os unem. Os pórticos, quando formados, são essenciais para segurança da estrutura e estabilidade global do edifício (PINHEIRO, 2003). A figura 15 apresenta a construção de um pórtico a partir de pilares e vigas. Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 31 Figura 15 - Pórtico gerado a partir da junção de pilares e vigas Fonte: Freepik. Levando em conta os edifícios de múltiplos andares, podemos considerar que quanto maior a altura e a esbeltez da edificação, maior será a responsabilidade de adotar uma forma estrutural adequada para melhor eficiência estrutural. Devemos salientar que no Brasil os arranjos estruturais mais empregados para edifícios em concreto de 15 a 20 pavimentos são: • Estruturas de pórticos. • Estruturas de pórticos com núcleos de rigidez ou paredes estruturais. Os sistemas de pórticos podem ser definidos como uma associação de pórticos planos que, por sua vez, são constituídos por vigas e pilares conectados rigidamente e de maneira linear. Toda a estabilidade global do edifício é, em grande parte, conferida pela ação de pórticos planos dispostos nas duas direções ortogonais, estabelecendo uma espécie de pórtico tridimensional (ALVA, 2007). Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 32 Figura 16 - Formação de pórticos para enrijecimento lateral do edifício Fonte: Alva (2007). Além disso, esse sistema de pórticos pode apresentar um núcleo estrutural rígido que pode ser composto por pilares de grande inércia das caixas de escadas ou de elevadores, o que fornece à estrutura ainda mais rigidez no que diz respeito à estabilidade global. Esse sistema pode ser estabelecido pela construção de pilares- parede que, quando colocados no posicionamento correto, fornecem também um melhor enrijecimento lateral do edifício (ALVA, 2007), conforme podemos observar na figura 17. Figura 17 - Emprego de núcleos de rigidez para o travamento lateral do edifício Fonte: Alva (2007). De maneira geral, os pilares devem ser dispostos de forma que permitam um distanciamento de 4m a 6m entre seus eixos. Quando existem distâncias maiores que isso entre os pilares, as vigas que são produzidas para atendê-los não têm dimensões Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 33 adequadas, o que prejudica sua funcionalidade e acarretamaiores custos à construção. Quanto maiores forem as seções transversais dos pilares, maiores serão as taxas necessárias de armadura, maiores as dificuldades na montagem e adequação das armações e das formas, entre outros problemas. A figura 18 exemplifica o sistema estrutural de uma edificação. Figura 18 - construção do sistema estrutural do projeto Fonte: Pixabay. Pilares muito próximos também causam interferências no funcionamento em conjunto dos elementos de fundação, além do aumento de consumo de materiais e de mão de obra para execução de pilares desnecessários. Tudo isso também aumenta consideravelmente os custos da obra. Ao serem posicionados os pilares no pavimento-tipo, é necessário que as interferências existentes nos demais pavimentos que compõem a edificação sejam verificadas. Além disso, aspectos práticos devem ser monitorados, como o arranjo dos pilares: é necessário observar se ele favorece a realização de manobras adequadas dos carros que circulam nos andares de garagem ou se não atrapalham as dimensões nas áreas sociais comuns (recepção, sala de estar, salão de festas etc.) (BARBOSA, 2008). Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 34 Figura 19 - Pilares que compõem a garagem Fonte: Pixabay. No caso de não haver a possibilidade de compatibilizar a distribuição dos pilares entre os diversos pavimentos que fazem parte da construção, pode ser necessária a construção de um pavimento extra, conhecido como pavimento de transição. Assim sendo, para essa situação, a prumada do pilar deverá ser alterada e haverá a necessidade de empregar uma viga de transição. Essa viga recebera a carga do pilar superior e fará a transferência para o pilar inferior, em na sua nova posição. Em edifícios que têm muitos andares, as grandes transições devem ser evitadas, pois excessos de esforço da viga podem provocar um aumento significativo de custos (BARBOSA, 2008). RESUMINDO E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Ao elaborar um sistema estrutural para uma edificação devemos ter em mente as disposições racionais e adequadas dos diversos elementos estruturais que serão utilizados no projeto — vigas, pilares, lajes, paredes estruturais, entre outros —, avaliando sempre suas indicações de utilização, materiais específicos usados, dimensões adequadas e sempre respeitando o projeto arquitetônico. Em geral existem dois tipos de ações: as verticais e as horizontais. Ambas as ações devem percorrer a estrutura, atingir a base da Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 35 construção e, finalmente, o solo. As cargas de utilização que ocorrem nas construções, como as pessoas, móveis, equipamentos fixos ou móveis, peso próprio dos elementos que compõe a construção etc., em função das forças gravitacionais, são classificadas como ações verticais. A formulação de um arranjo estrutural adequado consiste basicamente na reunião dos elementos estruturais (sejam de concreto, de aço, mistos, etc.) com a finalidade de aliar seus esforços em conjunto para que seja possível obter a resistência necessária às ações que operam sobre o edifício, garantindo estabilidade e segurança. Sempre que for possível, os pilares devem ser dispostos alinhados uns aos outros, pois isso otimiza a formação dos pórticos juntamente com as vigas que os unem. Os pórticos, quando formados, são essenciais para segurança da estrutura e estabilidade global do edifício. Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 36 4. Sistemas estruturais usuais INTRODUÇÃO Ao término deste capítulo você será capaz de compreender quais são os sistemas estruturais mais utilizados. Vamos conhecer quais tipos de sistemas estruturais são mais usados para realizar a concepção estrutural de uma edificação. Observaremos as características individuais que esses sistemas possuem e quais são os casos nos quais eles devem ser aplicados. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! 4.1 Sistemas estruturais Entendemos por sistemas estruturais o conjunto de elementos estruturais que consegue resistir às ações gravitacionais e auxilia na manutenção da estabilidade de toda a estrutura do edifício. Os elementos que o compõem são as lajes, vigas e pilares, que geralmente são os mais utilizados tanto para construções de pequeno porte quanto para as de grande porte (BARBOSA, 2008). IMPORTANTE Estruturas consideradas de pequeno porte são as casas, sobrados e comércios pequenos, como mercearias, padarias etc. Quando falamos de estruturas de grande porte, nos referimos aos edifícios de múltiplos pavimentos, escolas, hospitais, fábricas, entre outras obras. A análise das forças e ações que operam sobre a estrutura da edificação é muito importante para a elaboração de um sistema estrutural adequado. Essa observação é fundamental para que possam ser determinados os materiais e elementos a serem utilizados, bem como para garantir que a estrutura cumpra sua finalidade de modo eficaz. Ao analisar a distribuição de peso e a movimentação das cargas de utilização das construções, devemos concentrar nosso olhar nas lajes que compõem o pavimento, pois elas são o principal elemento que receberá as cargas de utilização. Nesses pisos, as ações também serão geradas e será por meio delas que as forças devem “caminhar” até as extremidades, para que possam ser transmitidas para as vigas de apoio. Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 37 Geralmente as vigas são dispostas nas quatro bordas das lajes retangulares e quadradas e são fundamentais para essa sustentação. As vigas transmitem aos pilares as ações que nelas já atuam diretamente (por meio das ações dos possíveis andares acima delas mesmas), além daquelas provenientes das lajes (pavimentos) que estão apoiadas nela. A figura 20 apresenta a construção de uma viga. Figura 20 - Construção de uma viga Fonte: Freepik. O sistema estrutural mais adequado para os pisos irá depender de alguns fatores que vão variar em função das características determinadas para cada construção. Dentre esses fatores destacamos: a finalidade da construção, a magnitude dos carregamentos, os vãos, a facilidade e rapidez de execução, a disponibilidade e qualidade da mão de obra, a localização, a estética, a funcionalidade, a disponibilidade de equipamentos e principalmente o custo (BARBOSA, 2008). VOCÊ SABIA? Quando é possível a utilização de diferentes sistemas estruturais sem vantagens técnicas relativas entre eles, o fator principal para a determinação do sistema torna-se o custo. Para cálculo do custo deve-se levar em conta a mão de obra necessária, o preço dos materiais, os equipamentos necessários etc. (BARBOSA, 2008). Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 38 A estrutura mais convencional trata-se do arranjo estrutural no qual as lajes são apoiadas em suas bordas sobre as vigas, e essas sobre os pilares. Esse sistema é conhecido como sendo do tipo laje-viga-pilar e é o mais utilizado nas estruturas que compõem a construção de uma edificação. Segundo Barbosa (2008), os sistemas estruturais que são formados por lajes, vigas e pilares são os mais comuns e são utilizados tanto em construções de pequeno porte (casas e sobrados) quanto nas de grande porte (edifícios de múltiplos pavimentos, escolas, hospitais), como exemplificado na figura 21. Os tipos de lajes usadas podem variar de acordo com as especificações de cada projeto. Figura 21 - Construção de edifício grande porte Fonte: Freepik. As cargas de utilização das construções são cargas geradas pelo uso da estrutura quando finalizada. Essas cargas (pessoas, moveis, ou quaisquerobjetos que sejam por finalidade da edificação) são aplicadas sobre as lajes do pavimento e, devido à estruturação realizada, passam a “caminhar” até as bordas da laje para serem transmitidas para as vigas de apoio. Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 39 4.1.1 Concreto armado O concreto armado é um dos sistemas estruturais mais presentes no cotidiano da Engenharia em todo o mundo. A obtenção do concreto é possível mediante a tradicional mistura de agregados graúdos, agregados miúdos, cimento e água, à qual podem ser acrescentados aditivos para melhorar suas características. Por sua vez, o concreto armado é formado pela junção do concreto convencional e de barras de aço, com o objetivo de melhorar sua resistência e desempenho nas estruturas, tendo em vista que o concreto é um material que possui elevada resistência aos esforços de compressão e o aço aos esforços de tração. A execução da construção estrutural em concreto armado é feita por meio a utilização de “formas” que são montadas de acordo com as especificações de tamanho e material. É colocada uma armação composta por barras de aço (cuja posição depende do tipo de esforço ao qual o elemento estrutural será submetido) e, a partir daí, é depositada a mistura de concreto que preenche essa esta forma. IMPORTANTE Nas lajes treliçadas, que compõem os pavimentos da edificação, o processo é semelhante, contudo, há o dimensionamento do tamanho de acordo com os dados do projeto. Em seguida, é realizada toda a colocação das lajotas (ou qualquer outro tipo de armação que seja indicada para a obra) apoiadas nas barras treliçadas de aço. Após essa montagem, deverá ser feita a adição do concreto por toda a área da laje. A adoção em grande escala do concreto armado para composição das estruturas se deve às vantagens que ele oferece. Podemos entender esse contexto claramente ao analisarmos a tabela comparativa a seguir: Quadro 1 - Vantagens e desvantagens do uso de Concreto Armado Quadro Comparativo Concreto Armado Vantagens Desvantagens Economia. Liberdade de forma e concepção arquitetônica. Robustez confere segurança, mesmo sem manutenções regulares. Resistência ao intemperismo. Alto peso próprio das peças (~2,5 t/m³ para o concreto armado convencional). Dificuldade para reformas e demolições. Pouco ou nenhum isolamento térmico. Fonte: Elaborado pelas autoras. Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 40 Ao utilizar o sistema tradicional estrutural, geralmente temos elementos que são as lajes, vigas e pilares moldados no próprio local da obra. Dessa forma, utilizando esse sistema construtivo há a exigência de maior tempo e mais mão de obra, isto é, há um gasto grande com os “insumos” mais importantes do canteiro. Devido a essa característica, tem sido observado que uma das tendências mais atuais da Engenharia com concreto armado é conseguir reduzir a produção artesanal e fortalecer a industrialização do canteiro O concreto armado apresenta uma série de vantagens a serem pontuadas (BASTOS, 2019): a) Custo: encontram-se componentes de CA em quase todas as regiões do Brasil. É importante calcular o custo global da estrutura considerando-se o custo dos materiais, da mão de obra e dos equipamentos, bem como o tempo necessário para a sua elevação. b) Adaptabilidade: permitem as mais variadas formas, já que o concreto no estado fresco pode ser moldado com relativa facilidade, o que favorece o projeto arquitetônico. c) Resistência ao fogo: é resistente às elevadas temperaturas e permanece intacto durante o tempo necessário para a evacuação de pessoas e a interrupção do incêndio. d) Resistência a choques e vibrações: as estruturas de concreto geralmente têm massa e rigidez que minimizam vibrações e oscilações, provocadas pelas ações de utilização e o vento. e) Conservação: se o projeto tiver qualidade, as estruturas de concreto podem via a apresentar grande resistência às intempéries e aos agentes agressivos. f) Impermeabilidade: o concreto comum, quando bem executado, apresenta muito boa impermeabilidade. A tecnologia de produção dos painéis portantes (que são estruturas de concreto armado fabricados no próprio canteiro) é responsável pela sustentação de toda a estrutura da edificação e funciona também como vedação das habitações, como podemos observar nas figuras a seguir. Ela é utilizada principalmente na fabricação de três elementos principais na construção: lajes, escadas e painéis portantes (DEUS, 2012). Outra tecnologia de concreto que vem sendo amplamente difundida é o chamado concreto protendido. A utilização desse sistema é feita por meio do tracionamento das Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 41 barras de aço que irão compor a peça de concreto previamente, assim, após a concretagem, quando forem liberadas, elas vão comprimir toda a estrutura. 4.1.2 Alvenaria estrutural O sistema de alvenaria estrutural já foi muito utilizado antes do surgimento do concreto armado — e é muito utilizado até hoje. Trata-se da construção de paredes, muros ou alicerces por meio de pedras, blocos ou tijolos alinhados e empilhados que, juntamente com uma argamassa especial, conseguem formar as estruturas. A alvenaria estrutural firma-se como o processo construtivo no qual os elementos que desempenham a função estrutural são de alvenaria, sendo os mesmos projetados, dimensionados e executados de forma racional (BASTOS, 2021). As paredes da edificação formada por esse sistema são responsáveis pela absorção das ações e também por sua transferência para a fundação. Esse sistema, mesmo sendo considerado um “concorrente” do concreto armado, utiliza o mesmo material para composição das aberturas de esquadrias, em encontros de paredes e nas lajes, ou seja, o concreto é usado para encher colunas nas extremidades das paredes e para absorver e transferir as cargas solicitantes para as demais partes que compõem o sistema estrutural. A figura 22 demonstra exemplos de construção de edificações em alvenaria estrutural com blocos de concreto. Figura 22: Edifício em alvenaria estrutural em bloco de concreto. Fonte: Bastos (2021). Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 42 Como é possível visualizar, vários fatores devem ser considerados na elaboração de um projeto de alvenaria, tais como: a quantidade de blocos e as dimensões necessárias, a qualidade e tecnologia empregada nos blocos que serão aplicados no sistema e os padrões construtivos que serão utilizados na estruturação. Vale ressaltar que esse sistema é pouco utilizado em edificações de grandes alturas devido à espessura das paredes que, por vezes, tornam-se mais grossas e prejudicam o suporte das altas cargas decorrentes desse tipo de construção. 4.1.3 Componentes empregados na alvenaria estrutural Alguns dos componentes amplamente utilizados na construção de edificações são tijolos, blocos e afins (também conhecidos como unidades), argamassa, graute e as armaduras (construtivas ou de cálculo) (BASTOS, 2021). As unidades são vistas como componentes mais relevantes da alvenaria estrutural, já que fazem parte da maior parte da alvenaria e são as unidades que atuam na resistência à compressão dos pilares e paredes (principal elemento da alvenaria estrutural) (BASTOS,2021). Classificam-se essas unidades: a) Quanto ao material: - Concreto (mais utilizado). - Cerâmico (argila). - Sílico-calcário. b) Quanto à forma: - Maciço (tijolo). - Vazado (bloco). c) Quanto ao tipo: - Vedação. - Estrutural. Quanto às argamassas de assentamento, suas funções são transferir e uniformizar as tensões entre as unidades e solidarizá-las. Além disso, devem ser capazes de absorver pequenas deformações (ocasionadas por variações de temperatura, pequenos recalques, retração por secagem etc.), além de ser estanque (impedindo a entrada umidade,agentes externos e agentes agressivos), compensar as pequenas variações dimensionais das unidades, proporcionar efeitos arquitetônicos etc. (RAMALHO e CORRÊA, 2007). Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 43 Em geral, as argamassas de assentamento são compostas de cimento, cal, areia e água e podem conter aditivos. As que têm cimento e cal são chamadas mistas, mas podem existir também argamassam feitas somente com cal ou com cimento como aglomerante. O graute é um concreto com agregados de pequena dimensão máxima. Ele tem uma consistência fluida (abatimento de 20 a 28 cm) e é orientado ao preenchimento dos vazios dos blocos, com a função de aumentar a área da seção transversal do elemento, promover a solidarização dos blocos com as armaduras dispostas nos furos (vazios) dos blocos e preencher blocos canaleta e J (BASTOS, 2021). Como características que são adquiridas durante a utilização do material temos, o aumento da resistência das paredes (BASTOS, 2021): a) À forças laterais. b) À propagação do som. c) Ao fogo. As armaduras podem ser passivas ou ativas, sendo usadas nas estruturas em concreto armado ou concreto protendido. No que diz respeito à forma de vergalhões, são utilizados os aços CA-25, 50 e 60, conforme estabelecido na NBR 7480. RESUMINDO E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Entendemos por sistemas estruturais o conjunto de elementos estruturais que consegue resistir às ações gravitacionais e auxilia na manutenção da estabilidade de toda a estrutura do edifício. Os elementos que o compõem são as lajes, vigas e pilares, que geralmente são os mais utilizados tanto para construções de pequeno porte quanto para as de grande porte. Os tipos de lajes usadas podem variar de acordo com especificação de cada projeto. As cargas de utilização das construções são cargas geradas pelo uso da estrutura quando finalizada. Essas cargas (pessoas, móveis ou quaisquer objetos) são aplicadas sobre as lajes do pavimento e, devido à estruturação realizada, passam a “caminhar” até as bordas da laje para serem transmitidas para as vigas de apoio. O concreto armado é um dos sistemas estruturais mais presentes Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 44 no cotidiano da Engenharia em todo o mundo. O composto de concreto é possível mediante a tradicional mistura de pedra brita, cimento e água, à qual podem ser acrescentados aditivos para melhorar suas características. Chamamos de concreto armado devido à caracterização de inserção de barras de aço no concreto para melhorar a resistência e desempenho das estruturas. O sistema de alvenaria estrutural já foi e ainda é muito utilizado. Trata-se da construção de paredes, muros ou alicerces por meio de pedras, blocos ou tijolos alinhados e empilhados que, juntamente com cimento, conseguem formar as estruturas. Desenho e Cálculo Estrutural de Edificações 45 Referências ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto – Procedimento. Rio de Janeiro, 2014. ALVA G. M. S.; Concepção estrutural de edifícios em concreto armado. Rio Grande do Sul: Universidade Federal de Santa Maria, 2007. BARBOSA, M. R.; Concepção e análise de estruturas de edifícios em concreto armado. Iniciação Cientifica FAPESP. Bauru/SP: UNESP, 2008. BASTOS, P. S. S; Fundamentos do concreto armado. Bauru/SP: UNESP, 2006. BASTOS, P. S. Fundamentos do Concreto Protendido. Bauru/SP: Universidade Estadual Paulista–UNESP, 2019. BASTOS, R. Alvenaria Estrutural. Porto Alegre: NORIE/CPGEC/UFRGS, 2021. BITTENCOURT, M. R. A. Principais tipos de lajes. Curitiba: SENAI, 2015. DEUS, K. R.; Produção de painéis pré-fabricados. ESO – UFRGS, 2012. Disponível em: https://www.ufrgs.br/eso/content/?tag=paineis-portantes. Acesso em: 03 jan. 2022. GOMES, M.; Sistemas estruturais. Canteiro de Engenharia, 2019. Disponível em: https://canteirodeengenharia.com.br/2019/10/16/sistemas-estruturais/. Acesso em: 03 jan. 2022. PINHEIRO, L. M. et al. Estruturas de concreto. São Paulo: USP – EESC - Departamento de Engenharia de Estruturas, 2003. REBELLO, Y. C. P.; A concepção estrutural e a arquitetura. São Paulo: Editora Zigurate, 2000. VIANA, D.; Estados limites ELU e ELS: aprenda a diferença. Guia da Engenharia, 2018. 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