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Artigo Cientifíco Maria Cristina Gomes Fachina - Inclusão, a Deficiência Intelectual, E o_20141202133756278

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A INCLUSÃO, A DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E O
PROCESSO DE ENSINO – APRENDIZAGEM
Nome:Maria Cristina Gomes Fachina
Orientadora: Marilia Ap. Prestes de Godoi
RESUMO 
À luz do debate sobre a inclusão educacional das pessoas com deficiência intelectual, este artigo de cunho teórico busca responder a seguinte inquietação: qual a importância de desenvolver um trabalho eficaz com a criança com deficiência intelectual a fim de que ela tenha sucesso no processo ensino-aprendizagem? Na busca de responder a problemática objetivou-se reconhecer que existem fatores que prejudicam o processo ensino-aprendizagem da criança com deficiência intelectual, enfatizando que o processo de inclusão ainda representa um desafio para toda comunidade escolar, bem como, visa possibilitar ao professor uma melhor reflexão sobre sua imprescindível tarefa no processo de construção do conhecimento. Ressalta-se que o convívio social já possibilita o desenvolvimento de muitas competências na criança com deficiência. Sendo que, a prática educativa com alunos especiais demanda muitas reflexões por parte dos educadores e, a aproximação entre teoria e prática, pode qualificar a educação. 
Palavra-chave: Deficiência Intelectual, aprendizagem, ensino, escola, inclusão, criança, convívio social, desenvolvimento, pratica educativa, educadores.
ABSTRACT 
In light of the debate on educational inclusion of people with intellectual disabilities, this article seeks to answer theoretical slant following concerns: what is the importance of developing effective work with children with intellectual disabilities in order for her to be successful in the teaching process learning? In seeking to answer the problems aimed to recognize that there are factors that hinder the teaching and learning of children with intellectual disability process, emphasizing that the inclusion process is still a challenge for the whole school community as well, aims to enable the teacher to better reflection on their essential task in the process of knowledge construction. It is emphasized that social interaction already enables the development of many skills in children with disabilities. Being that the students with special educational practice takes many reflections from educators and bringing together theory and practice, education can qualify.
Keyword: Intellectual Disability, learning, school, inclusion, children, social interaction, development, educational practice, educators.
INTRODUÇÃO 
Quando uma criança nasce com uma deficiência começa para ela e sua família uma longa história de dificuldades. Não é apenas a deficiência que torna difícil a sua existência, mas a atitude das pessoas e da sociedade diante de sua condição. Durante muito tempo acreditou-se que as pessoas com deficiência mental não aprendiam os conteúdos acadêmicos ensinados na escola. Por essa razão, a sua educação era pautada na crença de que só teriam acesso a aprendizagens relacionadas a atividades da vida diária (autocuidado e segurança), algumas habilidades sociais, de lazer e de trabalho supervisionado, ou pouco mais. 
Felizmente, a ideia e a vergonha do deficiente foram sendo substituídas pela esperança e possibilidade de aprendizagem. Portanto, este estudo de cunho bibliográfico visa responder a seguinte inquietação: qual a importância de desenvolver um trabalho eficaz com a criança com deficiência intelectual a fim de que ela tenha sucesso no processo ensino-aprendizagem? Na busca de responder à problemática objetivou-se reconhecer que existem fatores que prejudicam o processo ensino-aprendizagem da criança com deficiência intelectual, enfatizando que o processo de inclusão ainda representa um desafio para toda comunidade escolar, bem como, visa possibilitar ao professor uma melhor reflexão sobre sua imprescindível tarefa no processo de construção do conhecimento. Sendo assim, o professor tem que se predispor a criar novas aprendizagens, aceitar este novo desafio, e, acima de tudo amar sua tarefa de educar e participar ativamente do processo de aprender a apreender. 
A INCLUSÃO, A DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E O PROCESSO DE ENSINO - APRENDIZAGEM
A educação é um direito de todos, evidenciado na Declaração Universal dos Direitos Humanos. E, a partir da Declaração da Salamanca (1994) começou a ser reafirmado o compromisso em prol da educação para todos em escolas regulares. Sendo que estas devem garantir a qualidade do atendimento prestado, ou seja, buscar educar todas as crianças independentes das diferenças. 
Essa Declaração propõe que “as crianças e jovens com necessidades educativas especiais devem ter acesso às escolas regulares, que a elas devem se adequar [...]”, pois tais escolas “constituem os meios mais capazes para combater as atitudes discriminatórias, construindo uma sociedade inclusiva e atingindo a educação para todos” (UNESCO, 1994, p. 8-9). São vários os documentos que asseguram o atendimento para alunos com necessidades educacionais especiais, dentre eles as Diretrizes para Educação Especial, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (9394/96), o Estatuto da Criança e do Adolescente e outros, porém apesar de muito defendida e debatida, a inclusão deve ser cautelosa, como afirmam Souza e Goés (1999), pois apesar da escola estar de portas abertas existe ainda inúmeras mudanças que devem ocorrer para receber estes alunos e desenvolvê-los de forma eficaz, ou seja, é preciso desde adequação de espaço físico até mesmo formação profissional, sob pena de a inclusão ficar mascarada e não atingir seus reais objetivos. Diante do exposto, destaca-se que no Artigo 58, da LDB (9394/96) está explícito que os portadores de necessidades educacionais especiais devem frequentar a rede regular de ensino, prevendo a existência de serviços especializados na escola regular, para atender às particularidades destes educandos. No entanto, as condições reais das escolas ainda são contrárias ao previsto em lei. 
Apesar disso, a inclusão está aí, presente cada vez mais nas escolas e, é preciso agir, pois de nada adianta ficar esperando que as mudanças ocorram sem nada fazer, cabe à escola e aos educadores fazerem o possível para que estes educandos sejam realmente incluídos e aceitos, almejando o desenvolvimento destes a partir de suas capacidades.
Neste sentido, Yus (2002, p. 34), fala sobre inclusão ressaltando que: O princípio fundamental da educação inclusiva é a valorização da diversidade e da comunidade humana. Quando a educação inclusiva é totalmente abraçada, nós abandonamos a ideia de que as crianças devem se tornar normais para contribuir para o mundo. Nesta perspectiva todo o indivíduo tem direito a ser incluído na escola e na sociedade, pois na atualidade as diferenças são bem mais aceitas do que no início da história da humanidade, onde ter um deficiente na família era vergonhoso e até mesmo considerado um castigo divino. Hoje incluir é acima de tudo aceitar. 
Segundo Carmo (2001), atualmente diante da tendência exclusivista, a escola está despreparada e não tem como camuflar suas limitações e lacunas, necessitando urgentemente produzir conhecimentos que tragam consequências e contribuam para modificar o atual contexto social em que vivem os PNEEs, pois o conhecimento não deve ser propriedade de poucos, nem de segmentos sociais isolados, deve ser socializado ao máximo para todos os indivíduos.
A inclusão depende de mudança de valores sociais e a vivência de um novo paradigma, levando em conta as diferenças. Bueno (1999) acrescenta que devemos pensar que para a inclusão se dar realmente, não basta apenas estar garantido na legislação, mas requer profundas modificações, gradativas, planejadas e contínuas para garantir uma educação de qualidade. Tarefa esta que exige da escola uma reorganização e reestruturação, metodologias e recursos pedagógicos adequados e, o principal, conscientizar e capacitar os profissionais a esse novo desafio. 
Mantoan (1996, p. 17) sugere ainclusão como forma de inovação da escola, “[...] a Inclusão não prevê a utilização de métodos e técnicas de ensino específicas para esta ou aquela deficiência. Os alunos aprendem até o limite em que conseguem chegar”. 
Nesta mesma perspectiva Tilstone et al (2003) ressalta que a inclusão significa dar oportunidade aos indivíduos com deficiência a participarem das atividades educativas, sociais, comunitárias, enfim, todas aquelas que caracterizam a sociedade cotidiana. 
Portanto, para incluir é preciso em primeiro lugar aceitar, amar e buscar desenvolver aquele aluno, respeitando suas limitações, mas sempre buscando integrá-lo. Tarefa que exige do educador um esforço extra, pois ele tem na maioria das vezes uma sala superlotada e deve trabalhar com todos de forma harmônica e eficaz, buscando a construção do conhecimento e a participação de forma ativa do processo de aprender a apreender. Diante disso, Rodrigues (2005) acrescenta que a educação especial, exige que o professor domine um conjunto de tecnologias e conhecimentos a fim de possibilitar a qualquer aluno, independente de sua condição aprendizagens efetivas. 
Ao falar especificamente das crianças portadoras de necessidades educacionais especiais Stainback e Stainback (1999), consideram que cabe ao professor fazer a si mesmo questões sobre a capacidade dos alunos de participar de todas as atividades propostas da mesma forma dos demais, realizar as necessárias adequações e modificações, a fim de garantir a plena participação de todos e alcance dos objetivos.
 O trabalho docente deve sempre estar permeado por um processo de reflexão-ação-reflexão, tarefa cada vez mais exigente, pois o professor precisa preparar sua aula e refletir sobre ela, ter claros os objetivos que quer alcançar com as atividades. Realidade às vezes adversa nas escolas, pois infelizmente convive-se com educadores que não preparam atividades, apenas seguem um livro didático e não refletem sobre o que realmente querem alcançar com aquele conteúdo. 
Ferreira e Ferreira (2004) acrescentam que a inclusão não deve ser pensada como uma solução mágica, ela é sim um desafio que exige mudanças substanciais na escola, as práticas pedagógicas, a convivência. A educação por meio das diferenças deve ser uma nova possibilidade. Portanto, o mais importante é saber como o aluno se desenvolve, conhecendo a deficiência do mesmo, mas não dando ênfase a esta como um entrave no processo, e sim, sabendo trabalhar com ela para que a mesma se torne uma ponte para o alcance de novos objetivos, fazendo o aluno crescer acima de tudo, pois para o portador de necessidades educacionais especiais, simples gestos, muitas vezes correspondem a grandes conquistas. 
Sendo assim, a escola exerce papel potencializador para o desenvolvimento, pois ela é um rico espaço interativo, mediado por diferenças, um local de interação social, onde a troca de conhecimentos podem muitas vezes estimular o desenvolvimento do aluno especial, criando o que Vygotsky (1998) chama de zona de desenvolvimento proximal, fazendo com que a partir do trabalho e cooperação de alunos mais experientes haja a possibilidade da construção de novas aprendizagens, que paulatinamente o auxiliem a superar suas dificuldades. A educação inclusiva tem o objetivo de melhorar as condições de ensino e aprendizagem para que todos participem e consigam uma educação de qualidade, onde a totalidade dos alunos seja atendida independente de suas capacidades. A inclusão, de acordo com Rodrigues (2005) deveria ser vista como um processo através do qual a escola ou a comunidade continuam a explorar novas formas de desenvolver respostas que valorizem a diversidade, portanto, falar de inclusão corresponde a falar numa perspectiva centrada no aluno, no ajustamento das necessidades de aprendizagem dos indivíduos. 
A educação inclusiva implica eliminar barreiras que se contrapõem à aprendizagem e à participação de muitas crianças, jovens, adultos, com a finalidade de que as diferenças culturais, socioeconômicas, individuais e de gênero não se transformem em desigualdades educativas. Definitivamente, a educação inclusiva centraliza a sua preocupação no contexto educativo e em como melhorar as condições de ensino e aprendizagem, para que todos os alunos participem e se beneficiem de uma educação de qualidade (ALVES, 2005, p. 23). 
Pode-se dizer que se almeja a qualidade educacional, valorizando a diversidade humana, independente das diferenças educacionais, porém isso só é possível quando a escola se reestrutura para atender a diversidade dos alunos. 
Na visão de Parizzi (2000), um dos principais desafios a fim de que se tenha uma plena implementação da educação inclusiva, refere-se à questão da formação de professores. Glat et al (2002), também salienta a necessidade do aperfeiçoamento da prática pedagógica como condição necessária para a prática inclusiva. Ressalta-se que oferecer uma educação de qualidade não é tarefa fácil, pois envolve desde aspectos materiais e físicos até capacitação profissional, bem como, romper com antigos paradigmas e concepções conscientizando os educadores para esse novo desafio que se apresenta. No entanto, vários autores como Bueno (1999), Rodrigues (2005), Glat (2002) e outros apontam que a melhoria da formação docente se torna condição essencial para a efetivação da educação inclusiva. 
Kupfer (2002) salienta que a atual proposta de inclusão exige uma mudança brusca nos ideais que fundamentam a escola. Mantoan (1996) também acrescenta que a inclusão torna-se uma forma de inovação da escola, pois não prevê métodos e técnicas para esta ou aquela deficiência, mas sim, que os alunos aprendam até o limite que conseguem chegar. 
Ao remeter para o aluno com deficiência intelectual acrescenta-se que sua inclusão escolar se constitui em uma experiência fundamental, visto que, este processo vem contribuir para sua inserção social, possibilitando a este aluno uma vida mais independente. É preciso que ao trabalhar com o aluno portador de deficiência mental a escola não se atente apenas para os aspectos de sua deficiência, suas limitações e incapacidades, mas leve em conta suas potencialidades e aptidões. 
O aluno com deficiência intelectual tem dificuldade em construir seus conhecimentos, demonstrar suas capacidades cognitivas, principalmente se a escola possui metodologias conservadoras. Por isso, na realidade que se apresenta, a escola deve ser diferenciada para todos, isto é, se adequar as possibilidades e limitações de cada aluno, os auxiliando no processo de construção do conhecimento. 
O professor não necessita preparar uma aula diferenciada para aquele aluno, mas sim, diversificar atividades para atingir a todos, independente de suas possibilidades intelectuais. O deficiente intelectual necessita aprender a ser e a viver, necessita ser capaz de valorizar a visão positiva de si mesmo, estimular seu desejo e confiança. Mantoan e Batista (2007, p. 15) acrescentam que “a deficiência mental não se esgota na sua condição orgânica e/ou intelectual e nem pode ser definida por um único saber. Ela é uma interrogação e objeto de investigação de inúmeras áreas do conhecimento”.
 A condição de deficiente intelectual não pode predeterminar o limite de desenvolvimento do indivíduo, deve-se favorecer ao aluno a busca pela independência, respeitando sua condição de aprendizagem, valorizando e considerando o jeito de cada um aprender. 
Nesta perspectiva Padilha (2001, p. 135) salienta que “vencer as barreiras de sua deficiência, expandir possibilidades, diminuir limites, encontrar saídas para estar no mundo” devem ser metas no trabalho com o deficiente intelectual, pois ele dever ser educado visando sua emancipação. 
Sendo assim, ressalta-se que o educador tem um lugar importante na construção da aprendizagem, pois é ele que orienta os estudantes. A maioria das situações no trabalho com educação é envolvida por relacionamento entre o ensinante e o aprendem-te como: afabilidade, compreensão, gentilezas e outros sentimentos que quandobem harmonizados exercem em cada indivíduo satisfação e bem estar como forma de aumentar o conhecimento dos alunos, pois o emocional influencia no aprendizado e no desempenho. 
É importante ressaltar que o aluno com deficiência intelectual sente-se segregado dentro e fora da sala de aula. Não sabe o que quer e aonde quer chegar. Não tem relativo domínio sobre suas emoções e atitudes enfrentam dificuldades de resolver seus conflitos, muitas vezes expressa livremente suas emoções. 
Devido a isso, o professor deve possuir um equilíbrio emocional que revele o seu nível de maturidade afetivo-emocional, a estrutura de sua personalidade e o seu condicionamento as situações ambientais que o auxiliem no trabalho com este aluno. O educador deve buscar estabelecer, na sala de aula um clima de harmonia e cooperatividade que possibilite o desenvolvimento do aluno com deficiência intelectual sem fazer distinção. Santomé (1997, p. 176), afirma que as instituições escolares “precisam ser lugares onde se aprenda, mediante a prática cotidiana, a analisar como e por que as discriminações surgem que significado devem ter as diferenças coletivas e, é claro, individual”. Ressalta-se que em todas as situações, não se pode perder de vista a importância de propiciar para o aluno um ambiente social estimulador, livre de segregação, um ambiente que não reforce as suas limitações, mas desafie o desenvolvimento e a aprendizagem de novas habilidades. 
Estudos citados por Araújo (2004) e Mantoan (1996) confirmam que o trabalho com o deficiente intelectual exige que o professor, além das condições inerentes a todo educador, apresente características de personalidade, habilidades e conhecimentos adequados ao atendimento a essa categoria de educandos. 
É preciso ter criatividade ao propor soluções que visem atender aos objetivos educacionais indicados para a educação do deficiente intelectual, atitude de estudo e pesquisa diante dos problemas da área, bom nível de expectativa em relação aos planos e resultados da Educação Especial e persistência em relação aos mesmos assim como, capacidade para trabalhar em equipe. Portanto, a inclusão é um processo escolar e não somente do professor que trabalha com o aluno deficiente, ou melhor, a inclusão deve ser realizada e aceita por toda a comunidade. 
Para trabalhar com o aluno deficiente intelectual, o afeto deve permear todas as situações, bem como, este aluno precisa sentir-se aceito, tendo seu tempo respeitado, pois uma das maiores dificuldades é o fato de que o currículo das escolas muitas vezes é estratificado em função de uma sequência gradativa de conteúdos, como se todos os alunos daquela idade fossem capazes de aprender ao mesmo tempo. Sendo assim, o professor deve respeitar o tempo desta criança, mediando às relações e sua aprendizagem a fim de que ele não seja excluído nem vivencie o fracasso. 
Acredita-se poderem avançar as discussões que apontam para a articulação das relações intrínsecas entre deficiência e aprendizagem no campo da educação, se estas forem incorporadas no cotidiano escolar, com estudo sistematizado como das dificuldades de aprendizagem e deficiências em geral encaradas como objetos de conhecimento. 
Defendendo, então, a ideia de que conteúdos relacionados à vida pessoal e à vida privada das pessoas com deficiência intelectual podem ser introduzidos no trabalho educativo, perpassando os conteúdos de matemática, de língua, de ciências, etc. Assim, o princípio proposto é de que tais conteúdos sejam trabalhados na forma comum, mas sempre respeitando o tempo do aluno em suas aprendizagens e que incorporem de maneira transversal e interdisciplinar os conteúdos tradicionais da escola e aqueles relacionados à deficiência intelectual. Acrescenta-se que um bom caminho para a promoção de tal proposta é lançar mão do emprego de “velhas práticas” de ensino no cotidiano das escolas, principalmente, se esta questão apresentar características ultrapassadas e que solicitem aos sujeitos considerar ao mesmo tempo os aspectos cognitivos e afetivos que caracterizam o raciocínio humano. Enfim, para o deficiente intelectual ter sucesso em sua vida escolar, devem-se usar inúmeros recursos tecnológicos, explorar a ludicidade, aproximar a vida da escola, ou seja, a escola deve ser um espaço de conquistas, mas para isso a afetividade também deve permear as relações.
CONSIDEREÇÕES FINAIS
Estudos funcionais da atividade mental do sujeito psicológico, aplicados ao comportamento intelectual da pessoa com deficiência mental, esclarecem as questões relativas à sua aprendizagem, garantindo-lhes melhores e maiores condições de inclusão escolar. Por outro lado, a inclusão escolar não é de interesse apenas para os alunos com deficiência mental, uma vez que ao inserirmos esses educandos na escola regular estamos exigindo da instituição novos posicionamentos e procedimentos de ensino baseados em concepções e práticas pedagógicas mais evoluídas, além de mudanças na atitude dos professores, modos de avaliação e promoção dos alunos para séries e níveis de ensino mais avançados. A inclusão é igualmente um fator de aprimoramento da capacitação profissional dos professores em serviço e que questiona a formação dos educadores, constituindo um motivo para que a escola se modernize, atendendo às exigências de uma sociedade que não admite preconceitos, discriminação, barreiras sociais, culturais ou pessoais. 
Podemos reunir os problemas para a pesquisa e o desenvolvimento suscitados pela inclusão escolar de alunos com deficiência mental na busca de respostas pedagógicas relativas a: 
competência intelectual: porque eles têm o direito de viver desafios para desenvolver suas capacidades; 
autonomia: porque eles têm o direito de decidir e escolher, de acordo com suas necessidades e motivações; 
papel do meio social no processo interativo de produção das incapacidades: porque eles têm o direito de se desenvolver como as demais pessoas, em ambientes que não discriminem, mas valorizem as diferenças.
As escolas do ensino regular deveriam estar munidas de recursos humanos e materiais que auxiliassem a integração e aprendizagem destes alunos, nomeadamente, professores de apoio especializados, psicólogos, terapeutas, entre outros técnicos que possam contribuir para melhorar as práticas pedagógicas do professor que trabalha com estas crianças. 
Com a realização deste trabalho percepcionamos que os alunos com deficiência mental apresentam um conjunto de características específicas que dificultam a sua integração na escola e consequentemente a sua aprendizagem, por tal, pretendemos, de alguma forma, poder contribuir para promover a inclusão, facilitar a avaliação de diagnóstico, melhorar as práticas pedagógicas (a nível pessoal e profissional) e fomentar o sucesso educativo da criança portadora de deficiência mental. 
 Todavia não podemos nunca esquecer que de nada vale este empenho por parte do professor se o aluno não tiver uma participação ativa no processo, na medida em que, é fundamental para reforçar as capacidades do sujeito para gerir ele próprio os seus projetos, os seus processos, as suas estratégias (Perrenoud, 1999: 97). 
Só através do conhecimento do historial clínico e do processo de desenvolvimento da criança portadora de deficiência mental, das causas e das características típicas dessa deficiência e das possibilidades de educabilidade se poderá elaborar, em consciência, um Plano Educativo Individual e consequentemente um Programa Educativo, que se ajuste às suas necessidades e contribua para uma efetiva aprendizagem e desenvolvimento de competências e capacidades garantindo-lhe, assim, o sucesso. 
 
 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
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ARAÚJO, U. F. Assembleia escolar: um caminho para resolução de conflitos. São Paulo: Moderna, 2004. 
BUENO, J. C. Crianças com necessidadeseducacionais especiais política educacional e a formação de professores. Revista Brasileira de Educação, v. 3, n. 5, 1999. 
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FERREIRA, M. C.; FERREIRA, J. R. Sobre inclusão, políticas públicas e práticas pedagógicas. São Paulo: Autores associados, 2004. 
GLAT, R. et al. Políticas educacionais e a formação de professores para educação inclusiva no Brasil. Rio de Janeiro, 2002. 
KUPFER, M. C. Por que ensinar a quem não aprende. In: Psicanálise, infância, educação. ANAIS DO III COLÓQUIO DO LEPSI, 2002. 
MANTOAN, M. E. O direito de ser, sendo diferente na escola. São Paulo: Summus, 1996. 
MANTOAN, M. T.; BATISTA, C. A. Deficiência mental. São Paulo: MEC/SEESP, 2007. 
PADILHA, A. M. O que fazer para não excluir. In: GOÉS, M. R.; LAPLANG, A. F. Políticas e práticas de educação inclusiva. São Paulo: Autores Associados, 2001.
 PARIZZI, R. A. A prática pedagógica do professor de educação especial: aprendendo a ensinar com a diversidade. Tese de Doutorado. USP, 2000. 
RODRIGUES, D. Educação e diferença, valores e prática para uma educação inclusiva. Porto: Porto Editora, 2005. 
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