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Apostila Curso PNC Módulo 2

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Prévia do material em texto

Ministério do Meio Ambiente 
PROGRAMA NACIONAL DE CAPACITAÇÃO DE GESTORES AMBIENTAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO EaD: ESTRUTURAÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL 
MÓDULO 2: COMO ESTRUTURAR O SISTEMA MUNICIPAL DE MEIO 
AMBIENTE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Brasília, 2015 
 
II 
 
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 
Presidenta Dilma Dilma Vana Rousseff 
Vice Presidente: Michel Temer 
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 
Ministra Izabella Mônica Vieira Teixeira 
Secretário Executivo: Francisco Gaetani 
Secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental - SAIC 
Regina Gualda 
Diretora do Departamento de Educação Ambiental - DEA 
Soraia Silva de Mello 
Equipe técnica do Programa Nacional de Capacitação de Gestores Ambientais- PNC 
Luciana Resende 
Neuza Gomes S. Vasconcellos 
Carla Silva Sousa (Estagiária) 
Concepção do material original 
Tereza Moreira 
Organização do Curso EAD 
Elmar Andrade de Castro 
Luciana Resende 
Neuza Gomes da S. Vasconcellos 
Carla Silva Sousa (Estagiária) 
Texto e revisão de conteúdo original 
Luciana Resende 
Neuza Gomes da S. Vasconcellos 
Carla Silva Sousa (Estagiária) 
Revisão e colaboração 
Angelita Coelho 
José Luís Xavier 
Miriam Miller 
III 
 
Neusa Helena Rocha Barbosa 
Nilo Sérgio de Melo Diniz 
Coordenação: 
Agência Nacional de Águas - ANA 
Elmar Andrade de Castro 
Mariana Braga 
Taciana Neto Leme 
 
Equipe do Departamento de Educação Ambiental- MMA 
Soraia Silva de Mello (Diretora) 
Renata Rozendo Maranhão (Gerente de Projetos) 
Analistas Ambientais 
Alex Bernal, Ana Luísa Campos, Jader Oliveira, José Luís Xavier, Luciana Resende, Nadja Janke, 
Neusa Helena R. Barbosa, Neuza Gomes Vasconcelos, Patricia F. Barbosa, Taiana Brito 
 
Agentes Administrativos 
Maria Aparecida Leite, João Alberto Xavier 
 
Recepcionista 
Leylane Aparecida L. do Santos 
 
Estagiários 
Amanda Feitosa, Carla Silva Sousa, Paula Geissica Ferreira da Silva, Rômulo de Sousa 
 
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS 
Diretoria Colegiada 
Vicente Andreu Guillo (Diretor Presidente) 
Paulo Lopes Varella Neto 
Gisela Forattini 
João Gilberto Lotufo Conejo 
 
IV 
 
SUPERINTENDÊNCIA DE APOIO AO SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE 
RECURSOS HÍDRICOS 
Humberto Cardoso Gonçalves (Superintendente) 
Victor Alexandre Bittencourt Sucupira (Superintendente Adjunto) 
COODENAÇÃO DE CAPACITAÇÃO DO SINGREH 
Taciana Neto Leme (Gerente) 
Celina Maria Lopes Ferreira 
Daniela Chainho Gonçalves 
Elmar Andrade de Castro 
Jair Gonçalves da Silva 
Lucas Braga Ribeiro 
Luis Gustavo Miranda Mello 
Mariana Braga Coutinho 
Sandra Cristina de Oliveira (Secretária) 
Vivyanne Graça Mello de Oliveira 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Este material didático foi produzido no âmbito do Programa Nacional de Capacitação de Gestores 
Ambientais, com apoio da Agência Nacional de Águas- ANA, com base nos Cadernos de 
Formação- PNC. 
V 
 
SOBRE O PROGRAMA NACIONAL DE CAPACITAÇÃO DE GESTORES AMBIENTAIS E A 
PARCERIA MMA E ANA 
Para o alcance do direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado para as presentes 
e futuras gerações é imprescindível a participação da coletividade e também do poder público. 
Quanto a esse último, torna-se necessária a melhoria de resultados, com vistas a aumentar a 
eficiência, eficácia e efetividade da gestão ambiental. Uma importante estratégia é a qualificação 
do corpo técnico dos órgãos municipais de meio ambiente. Nesse âmbito, destaca-se a atuação 
do Programa Nacional de Capacitação de Gestores Ambientais - PNC. 
 
O PNC foi instituído em 2005, a partir de uma demanda da I Conferência Nacional de Meio 
Ambiente. A ideia de se criar o Programa emergiu com a necessidade de haver uma estratégia 
nacional de capacitação de gestores locais, visando gerenciar melhor as ações realizadas no 
âmbito do Ministério do Meio Ambiente e vinculadas. 
 
Dessa forma, o PNC foi criado para atender aos anseios dos estados e municípios, em uma 
estratégia duradoura. Seu objetivo principal é o de capacitar gestores, servidores e técnicos 
ambientais, com vistas a ampliar a compreensão do Sistema Nacional de Meio Ambiente 
(SISNAMA) e seu fortalecimento. Busca também a consolidação da gestão ambiental 
compartilhada, que envolve a responsabilização das três esferas de governo: federal, estadual e 
municipal. 
 
O Programa capacitou aproximadamente 12 mil gestores e técnicos, beneficiando mais de 2 
mil municípios. Desde sua criação, passou por importantes momentos: o primeiro referiu-se a uma 
fase em que foram realizados cursos presenciais que versavam sobre temas ligados à 
estruturação dos sistemas municipais de meio ambiente. Nesse período, ocorreram cursos em 14 
estados, por meio de convênios. 
 
Paralelamente à realização de cursos presenciais, a partir de 2007, iniciaram-se os cursos 
semipresenciais, executados via internet e realizados em parceria com outras secretarias do 
MMA, outros ministérios e entidades vinculadas. Os temas versavam acerca de temas como: 
gestão integrada de resíduos sólidos, licenciamento ambiental básico e com foco em estações de 
tratamento de esgotos e aterros sanitários, regularização ambiental em propriedades rurais, além 
VI 
 
de gestão de recursos hídricos e comitês de bacias hidrográficas. Esses últimos cursos realizados 
em parceria com a Agencia Nacional de Águas, no ano de 2013. 
 
A Agência Nacional de Águas é a entidade federal de implementação da Política Nacional 
de Recursos Hídricos (PNRH) e de coordenação do Sistema Nacional de Gerenciamento de 
Recursos Hídricos (SINGERH), de acordo com o disposto na Lei 9.984/2000, a Lei das Águas. 
Uma de suas atribuições é estimular a pesquisa e a capacitação de recursos humanos para a 
gestão de recursos hídricos. 
 
Assim, a ANA deu início aos processos de capacitação de recursos humanos para a 
gestão de recursos hídricos em 2001. Inicialmente, entre 2001 e 2010, a ANA conseguiu 
atingir cerca de 10 mil pessoas, por meio de cursos presenciais. Posteriormente a ANA deu 
início a implementação sistemática de cursos na modalidade a distância e a partir dessa 
estratégia, no período de 2011-2013 mais de 20.000 pessoas foram capacitadas e no ano de 
2014 Em 2011 a ANA e. E, somente, no ano de 2014 mais de 22.000 pessoas foram 
aprovadas. 
 
O alcance da modalidade a distância elevou a abrangência tanto em número de pessoas 
capacitadas quanto na distribuição espacial dos participantes, com representantes de todos os 
estados brasileiros e distrito federal, e também de outros países em que a ANA estabelece 
ações de cooperação. O público alvo são a sociedade brasileira interessada, os membros de 
comitês de bacia, como usuários de água, representantes dos governos municipais, estaduais 
e federal e representante das organizações da sociedade civil relacionadas aos recursos 
hídricos, além de agentes dos órgãos gestores de recursos hídricos e a sociedade em geral. 
 
Os cursos a distância oferecidos pela ANA, no projeto EAD-ANA variam em carga 
horária (entre 4 e 40 horas), sempre na modalidade autoinstrucional, isto é totalmente a 
distância e sem tutoria e em temas como planejamento e gestão, hidrometria/hidrologia, uso 
racional da água e educação e participação social na gestão de recursos hídricos. 
 
Desse modo, em uma coadunação de esforços entre o MMA e a ANA, e em continuidade de 
uma parceria bem sucedida, foi elaborado esse curso, que busca atingir o maior número de 
VII 
 
gestores ambientais, membros dos Comitês deBacias Hidrográficas, estudantes e público em 
geral. 
 
Objetiva-se, com isso, instigar a estruturação institucional e o fortalecimento da gestão 
ambiental municipal, com a ótica da sustentabilidade sócio-ambiental-territorial, a disseminação de 
conhecimentos e a reflexão crítica acerca de assuntos que visam à melhoria da gestão ambiental 
pública e a superação de gargalos. Ademais, busca-se contribuir para a inserção do 
desenvolvimento sustentável na formulação e na implementação de políticas públicas, de forma 
transversal e compartilhada, participativa e democrática, em todos os níveis e instâncias de 
governo e da sociedade. 
 
Soraia Silva de Mello 
Diretora do Departamento de Educação Ambiental - DEA 
 
 
Taciana Neto Leme 
Coordenadora de Capacitação para o SINGREH 
 
 
 
VIII 
 
APRESENTAÇÃO DO CURSO 
Os três módulos que compõem esse curso fornecem linhas gerais para o fortalecimento do 
Sistema Nacional de Meio Ambiente em sua inter-relação com os demais instrumentos e atores da 
gestão municipal. O material didático foi concebido para trabalhar conceitos não apenas de forma 
discursiva. Por meio de exemplos e exercícios, pretende-se promover sucessivas aproximações 
das pessoas com a realidade local, no sentido de qualificar a sua atuação. 
Diante de uma perspectiva de capacitação descentralizada e voltada a atender cada 
realidade específica, vale lembrar que há liberdade para se buscar informações e para criar 
metodologias que melhor atendam às suas necessidades. Os materiais produzidos pretendem 
apontar caminhos, fornecer sugestões e indicar possíveis fontes de consulta para que as pessoas 
e os grupos busquem respostas às questões suscitadas pela prática. 
O Módulo I reflete a importância da gestão ambiental municipal e mostra qual é a estrutura 
do SISNAMA em âmbito federal, estadual e municipal. 
O Módulo II mostra os principais passos para a estruturação dos órgãos que compõem o 
Sistema Municipal de Meio Ambiente. Discorre também sobre as formas de se reunir recursos 
destinados às ações na área ambiental. 
O Módulo III trata das diferentes escalas de planejamento municipal, com ênfase no 
planejamento microrregional e setorial, considerando os níveis de integração a serem 
concretizados em torno de um projeto de desenvolvimento sustentável para a comunidade e a 
região. 
Todos os módulos contêm a legislação referente aos temas desenvolvidos, trazem 
explicações sobre termos técnicos e fornecem dicas de onde obter mais informações. 
 
Bons estudos a todos! 
 
IX 
 
 
SUMÁRIO 
UNIDADE 1: Estruturação do Sistema Municipal de Meio Ambiente: um processo 
participativo .................................................................................................................... 11 
Vontade política e mobilização da comunidade local .............................................. 11 
Em bases sólidas .................................................................................................... 14 
O papel do facilitador .............................................................................................. 15 
Propostas para o Sistema Municipal de Meio Ambiente ......................................... 17 
Em resumo .............................................................................................................. 21 
UNIDADE 2: A importância de se ter base legal ............................................................ 23 
Panorama das leis ambientais nos municípios brasileiros ...................................... 23 
O papel da Lei Orgânica municipal ......................................................................... 27 
A legislação específica ............................................................................................ 29 
A relação com o Legislativo e Ministério Público .................................................... 35 
Em resumo .............................................................................................................. 37 
UNIDADE 3: Órgão Municipal de Meio Ambiente: instância executiva .......................... 39 
Atribuições do Sistema Municipal de Meio Ambiente .............................................. 39 
Atribuições, diretrizes e estrutura dos órgãos municipais de meio ambiente .......... 41 
Um modelo de gestão pública sustentável .............................................................. 46 
O perfil do corpo técnico ......................................................................................... 48 
Em resumo .............................................................................................................. 50 
UNIDADE 4: Conselho Municipal de Meio Aambiente: instância de decisão e de 
participação .................................................................................................................... 52 
A presença dos conselhos de meio ambiente nos municípios ................................ 52 
Um espaço representativo ...................................................................................... 54 
O papel do Conselho Municipal de Meio Ambiente ................................................. 57 
Relação com a Prefeitura ........................................................................................ 59 
Passos para a formação do Conselho Municipal de Meio Ambiente....................... 60 
Em resumo .............................................................................................................. 62 
UNIDADE 5: Recursos Para a gestão ambiental municipal ........................................... 64 
Recursos previstos em orçamento .......................................................................... 64 
Fundo Municipal de Meio Ambiente: valioso instrumento de gestão municipal ....... 67 
Passos para a Criação do Fundo Municipal de Meio Ambiente .............................. 70 
X 
 
Outras Fontes de Financiamento para as Ações Ambientais .................................. 74 
Em Resumo ............................................................................................................ 88 
Referências .................................................................................................................... 90 
Anexos ........................................................................................................................... 96 
Minuta de Lei para Criação do Conselho Municipal de Meio Ambiente .................. 96 
Minuta de Regimento Interno do CMMA ............................................................... 101 
11 
 
 
UNIDADE 1: ESTRUTURAÇÃO DO SISTEMA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE: 
UM PROCESSO PARTICIPATIVO 
 
Neste capítulo, estudaremos os principais elementos necessários para a 
estruturação da gestão ambiental em âmbito local. Teremos como foco principal a 
importância da mobilização de atores sociais significativos. Vamos lá! 
 
Vontade política e mobilização da comunidade local 
 
Como aprendemos no Módulo 1 deste curso, é crescente o número de municípios 
que despertam para a necessidade de criar e fortalecer a sua área de meio ambiente. É 
claro que isso representa um avanço. Porém, ainda há um contingente de municípios que 
não possuem sequer um departamento relacionado a essa área. Existem também os que 
criam leis e órgãos somente no papel, sem qualquer efetividade. 
 
Para evitarmos situações como essa e alcançarmos uma gestão ambiental bem 
sucedida é necessária vontade política, em especial, a do prefeito. É ele quem pode 
torná-la uma meta de governo e não uma mera preocupação de ambientalistas que 
integram a administração municipal. Por meio do chefe do Poder Executivo local, as 
diferentes áreas daprefeitura podem conversar entre si e integrar as ações voltadas para 
a qualidade do meio ambiente. Da mesma forma, sua capacidade de trocar ideias e 
realizar parcerias com o governo estadual, com os órgãos federais, com empresários e 
organizações da sociedade pode fazer toda a diferença. 
 
O mesmo vale para outros poderes e forças sociais atuantes no município. A 
câmara dos vereadores, por exemplo, tem importante papel a desempenhar na gestão 
ambiental, como veremos mais adiante. A sua adesão às iniciativas pode fazer grande 
diferença no grau de efetividade do sistema de gestão a ser implementado. 
 
Porém, além do aspecto político, não podemos nos esquecer da importância da 
mobilização da comunidade, de modo que a estruturação da gestão ambiental local seja 
12 
 
legitimada e reflita as reais necessidades dessa coletividade. Você sabe o que isso 
significa? 
 
Mobilizar-se em torno da criação dos órgãos de meio ambiente consiste no primeiro 
momento de um longo processo em direção à gestão do meio ambiente do município. 
Isso quer dizer que será necessário prever mecanismos e estratégias de envolvimento e 
motivação da comunidade, de modo que permaneçam depois que os órgãos estiverem 
em funcionamento. 
 
Nesse sentido, segundo Socher; Ponchirolli (2012), as soluções que visam ao 
desenvolvimento sustentável dependem necessariamente do envolvimento de vários 
atores e instituições, pois abarcam ações de um sistema complexo, no qual há interação 
entre várias dimensões: política, social, cultural, espacial, econômica, entre outras. 
 
De acordo com esses autores, é preciso um encontro entre o cidadão, as 
instituições e o Estado para discussão, consenso e escolhas no que se refere a assuntos 
públicos. Nesse caso, há uma maior preocupação com os fins e, por isso, um peso mais 
elevado a respeito dos pontos de vista dos atores envolvidos em âmbito local, que é onde 
acontecem as ações, as vivências e convivências sociais. Aproveitam-se ainda as 
potencialidades naturais ou desenvolvidas na comunidade e geram um sentimento de 
pertencimento e de autoria (SOCHER; PONCHIROLLI, 2012). 
 
O processo de mobilização consiste em passos como: 
 
 Sensibilização, que compreende contato direto com grupos organizados e 
com pessoas influentes na comunidade, para obter informações e promover 
reflexão, no sentido de estimulá-los e motivá-los a participar da criação do 
Sistema Municipal de Meio Ambiente. 
 
Fazem parte da estratégia de mobilização visitas a formadores de opinião, como 
professores, comunicadores, líderes comunitários e religiosos, assim como palestras e 
reuniões voltadas a grupos diferenciados em espaços como feiras, igrejas, clubes 
esportivos. O mesmo vale para a elaboração de artigos de jornal, realização de 
entrevistas no rádio, na TV e o uso de outros veículos de comunicação, como a Internet. 
13 
 
Esse será um importante recurso, especialmente em municípios mais populosos ou com 
habitantes em áreas dispersas, pois podem atingir um maior número de pessoas. 
 
 Constituição de fóruns para identificar e priorizar os problemas ambientais 
do lugar e discutir de forma conjunta como a criação de instâncias formais 
pode auxiliar na resolução desses problemas. Os fóruns são espaços onde 
será possível projetar o sistema, definindo competências e atribuições, 
formas de funcionamento, mecanismos de transparência das ações, etc. 
 
 Levantamento das necessidades, em termos técnicos, jurídicos, de 
infraestrutura e de custos, para a instituição do Sistema Municipal de Meio 
Ambiente. 
 
 Criação de grupos de trabalho com a finalidade de atender a essas 
necessidades e formalizar os órgãos ambientais. O conjunto das atribuições 
e competências destes poderá ser consolidado em uma única lei que institui 
o Sistema Municipal de Meio Ambiente. Pode também ser estabelecido 
gradualmente, por meio de leis específicas para cada grupo integrante do 
sistema, à medida que forem criados. 
 
 Instituição do sistema, propriamente dito, realizada mediante aprovação de 
lei, algo a ser precedido de negociação na câmara dos vereadores. Nesse 
momento, convém que haja ampla divulgação, com o objetivo de tornar 
pública a luta pela existência de órgãos voltados para o meio ambiente 
municipal. 
 
É um espaço permanente de discussão e de negociação de conflitos e
interesses representativos da sociedade para decisão sobre ações destinadas
ao desenvolvimento municipal (BRASIL, 2006, p. 16).
Fórum
14 
 
Como pudemos perceber, seguindo uma trajetória como essa, será possível 
construir um pacto muito mais válido do que se o sistema tivesse sido simplesmente 
instituído por lei, ou seja, de cima para baixo. 
 
Em bases sólidas 
 
Você já se perguntou por que existem órgãos que nunca conseguem sair do papel? 
Além de falta de mobilização anterior, estes costumam ser criados sem mecanismos que 
garantam representatividade e democracia. Portanto, no processo de criação dos órgãos 
ambientais municipais, é preciso: 
 
 Estimular a paridade na composição do fórum voltado à criação do Sistema 
Municipal de Meio Ambiente, considerando o equilíbrio entre órgãos 
governamentais, organizações da sociedade civil e setores empresariais, de 
forma que todas as forças sociais significativas estejam ali representadas; 
 
 
 Envolver atores sociais relevantes, mas que nem sempre participam de 
processos como esses, como grupos, organizações e movimentos de 
mulheres e de jovens, organizações sindicais e de base, comunicadores, 
instituições religiosas, organizações não-governamentais, grupos de terceira 
idade, Ministério Público, artistas, organizações representativas do 
empresariado, da polícia, do corpo de bombeiros, entre outros. 
 
 Envolver pessoas, grupos ou organizações que desempenham uma função 
social relevante, pois apresentam capacidade de defender seus interesses e 
de produzir os fatos necessários para alcançar seus objetivos, participando 
das decisões para alterar a realidade. 
Representação em igualdade numérica.
Paridade
15 
 
 
 Garantir que essas lideranças sejam genuinamente vinculadas às suas 
bases; 
 
 Desenvolver mecanismos de controle social transparentes e participativos, 
para que o poder não se concentre nas mãos de um único segmento da 
sociedade; 
 
 Formar um grupo de colaboradores realmente comprometido com a gestão 
ambiental, que poderá compor os futuros quadros técnicos dos órgãos a 
serem criados; 
 
 Tornar esse espaço uma espécie de ouvidoria ambiental para o município. 
As denúncias e reclamações que costumam surgir podem ser úteis na 
identificação das áreas mais problemáticas da administração, bem como 
indicar medidas corretivas à prefeitura; 
 
 
 Integrar os grupos de trabalho voltados à criação do Sistema Municipal de 
Meio Ambiente na dinâmica dos demais órgãos municipais. Desde o início, é 
importante que a esfera de meio ambiente envolva-se com as demais áreas 
da prefeitura, sob a liderança do chefe do Executivo municipal. 
 
O papel do facilitador 
 
O sucesso desse trabalho depende, em grande parte, da postura de quem está 
coordenando o processo. Essa pessoa ou grupo de pessoas deve reunir qualidades 
Espaço criado pelas instituições para acolher críticas e sugestões de
clientes e usuários de seus serviços.
Ouvidoria
16 
 
técnicas e habilidades políticas para ter sucesso em seu trabalho. Algumas características 
pessoais também são desejáveis, entre as quais: 
 
 Ter humildade e flexibilidade; 
 
 Saber ouvir; 
 
 Utilizar linguagem clara e fácil de entender; 
 
 Evitarvender ilusões e soluções simplistas; 
 
 Respeitar a opinião das pessoas, por mais diferentes que sejam das suas 
próprias opiniões; 
 
 Assumir e demonstrar uma postura que esteja acima de qualquer interesse 
partidário; 
 
 Promover permanente articulação institucional e garantir o fluxo de 
informações; 
 
 Ter um claro compromisso com o resultado do processo, 
independentemente de seus interesses pessoais; 
 
 Abrir-se para as diversas formas de organização, assim como valorizar o 
conhecimento e a cultura locais, pois muitas vezes, soluções encontradas no 
local podem ser altamente inovadoras e positivas, tornando-se modelos para 
ações em âmbito regional e estadual; 
 
 Adaptar os programas de trabalho aos hábitos locais; 
 
 Ser pontual no cumprimento de prazos e cronogramas; 
 
 Desenvolver cada vez mais a noção do sistema que está sendo criado, 
inspirando as demais pessoas a fazerem o mesmo. 
17 
 
 
Como pudemos observar, a estruturação da gestão ambiental municipal deve ser 
um processo participativo e que envolva diversos segmentos sociais, abarcando não só a 
esfera política, como prefeitos e vereadores, mas também a comunidade de forma mais 
ampla. Nesse sentido, é importante se pensar em uma estrutura de gestão compatível 
com a realidade e vocações do município. É o que veremos a seguir. 
 
Propostas para o Sistema Municipal de Meio Ambiente 
 
O Módulo 1 trouxe no capítulo 3, Gestão Ambiental Municipal, diferentes 
possibilidades de estruturação do Sistema Municipal de Meio Ambiente. Vimos que para 
cada tipo de município, existe uma possibilidade de organização mais compatível, 
considerando-se tamanho da população (até 5 mil habitantes, até 50 mil e acima de 50 
mil), complexidade no uso dos recursos naturais e outras características locais. De forma 
genérica, no entanto, esse sistema tem como base o tripé: conselho representativo da 
sociedade, órgão de caráter executivo e fundo ambiental. 
 
Para uma melhor compreensão, reveja a seguir os esquemas: 
 
Esquema: Estruturação de órgãos ambientais-: municípios de até 5 mil habitantes 
18 
 
 
Fonte: (CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS MUNICÍPIOS, 2004, apud BRASIL, 
2006). 
 
Esquema: Estruturação de órgãos ambientais- municípios de até 50 mil habitantes 
Gabinete do 
Prefeito
Saúde Obras
Administração e 
Finanças
Fundo Municipal 
de Meio 
Ambiente
Educação Turismo 
Serviços 
Municipais
Conselho de 
Meio Ambiente
Assessoria de 
Meio Ambiente
19 
 
 
 
Fonte: (CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS MUNICÍPIOS, 2004, apud BRASIL, 
2006). 
 
Gabinete do 
Prefeito
Saúde Obras
Administração e 
Finanças
Educação
Turismo e Meio 
Ambiente
Fundo Municipal 
de Meio 
Ambiente
Agricultura
Conselho de 
Meio Ambiente
Gabinete do 
Prefeito
Obras
Meio 
Ambiente
Jurídica
Planejamento 
Ambiental
Sistemas de 
Informação
Fiscalização e 
Controle
Educação 
Ambiental
Urbanização e 
Áreas Verdes
Fundo Municipal de 
Meio Ambiente
Finanças Educação Administração Saúde
Conselho de Meio 
Ambiente
20 
 
Esquema: Estruturação de órgãos ambientais- municípios acima de 50 mil 
habitantes 
 
Fonte: (CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS MUNICÍPIOS, 2004, apud BRASIL, 
2006). 
 
Entretanto, é importante frisar também que cada comunidade deve ser capaz de 
estabelecer suas prioridades. Quanto mais as soluções estiverem apoiadas em suas 
necessidades, no seu conhecimento direto, em percepções compartilhadas e no seu 
interesse em alcançar soluções concretas para os problemas, mais esses órgãos serão 
efetivos. Obviamente, nessa definição, será fundamental contar com o apoio de soluções 
técnicas e de informações complementares sobre aspectos científicos, tecnológicos e 
legais. 
 
Nesse âmbito, podemos dizer que a abrangência da participação conseguida e a 
democracia interna aos órgãos do sistema refletem o nível de amadurecimento e de 
organização da sociedade, bem como o grau de compromisso das autoridades. Na 
verdade, órgãos realmente representativos significam uma conquista social. 
 
21 
 
 
 
Em resumo 
 
Embora exista um claro movimento pela constituição de órgãos ambientais nos 
municípios, a realidade ainda está muito distante do SISNAMA que pretendemos. Muitas 
vezes, os órgãos do Sistema Municipal de Meio Ambiente só existem no papel. 
 
A criação de órgãos realmente atuantes e representativos começa com a 
mobilização da sociedade. Os passos necessários para isso envolvem constituição de 
fóruns de debates representativos, grupos de trabalho que integrem conhecimentos sobre 
a realidade local ao aparato técnico, tecnológico e legal necessário para a instituição do 
Sistema Municipal de Meio Ambiente. 
 
Além de tomar alguns cuidados para garantir representatividade dos envolvidos, o 
grupo que coordena esse processo deve desenvolver uma postura que facilite a 
Para Refletir:
Utilizando os esquemas para a estruturação da gestão ambiental, e com base no
acúmulo de informações e nos exercícios que você fez até agora, pesquise:
1.Qual estruturação do Sistema Municipal de Meio Ambiente reflete melhor a realidade
do seu município, considerando :
- Tamanho;
- Vocação produtiva;
- Forças políticas dominantes;
- Nível de escolaridade dos quadros técnicos da prefeitura;
- Orçamento da prefeitura;
- Infraestrutura física;
- Capacidade de arrecadação.
2.Quais são os grupos sociais mais representativos e que poderiam se engajar
imediatamente no trabalho de estruturação do Sistema Municipal de Meio Ambiente?
3.Além disso, quais são as forças contrárias?
4.Que estratégias poderiam ser usadas para torná-las aliadas?
22 
 
formalização do sistema. Isso inclui um elenco de habilidades pessoais, técnicas e 
políticas. Deve também identificar as diferentes expectativas e formas de participação 
possíveis para os diversos atores. 
 
Como pudemos perceber, a participação da comunidade de modo mais integral 
contribui para a construção do Sistema Municipal de Meio Ambiente que vai ao encontro 
dos anseios reais de determinada localidade. Assim, sem esquecer essa noção de 
mobilização colaborativa, a seguir, avançaremos mais um pouco nesse assunto, 
abordando o papel das leis em âmbito municipal para a estruturação da gestão ambiental 
local. 
 
23 
 
UNIDADE 2: A IMPORTÂNCIA DE SE TER BASE LEGAL 
 
Neste capítulo, abordaremos a legislação ambiental em âmbito local, com foco na 
Lei Orgânica do município e nos regramentos específicos. Além disso, também vamos 
estudar o tema, tendo em vista a necessária articulação com o Poder Legislativo e com o 
Ministério Público. 
 
Panorama das leis ambientais nos municípios brasileiros 
 
A legislação ambiental de um município pode ser apresentada sob diferentes 
maneiras, por exemplo, na Lei Orgânica, no Código Ambiental ou no Plano Diretor. Sobre 
isso, o diagnóstico da Pesquisa de Informações Básicas Municipais, de 2002, 
realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelou que 42,5% 
dos municípios brasileiros possuíam pelo menos um tipo de norma ambiental. Em 81% 
dos casos, a legislação ambiental estava inserida em capítulos ou artigos da Lei Orgânica 
Municipal, e 13% dos municípios dispunham de capítulo ou artigo no Plano Diretor. 
Apenas 17% dos que disseram ter lei ambiental possuíam Código Ambiental (BRASIL, 
2002). 
 
Os dados do diagnóstico do IBGE refletem um movimento ocorrido nos municípios 
a partir da Constituição federal de 1988. A existência de artigos específicos sobre a 
questão ambiental na Constituição impulsionou a inclusãoda temática nas leis orgânicas 
municipais. Entre os que preferiram criar códigos ambientais, estão, principalmente, 
aqueles que possuíam mais de 500 mil habitantes, devido à maior necessidade de 
instrumentos adequados para lidar com questões ambientais mais complexas. 
 
A mais recente Pesquisa de Informações Básicas Municipais mostrou que houve 
um aumento no percentual de municípios com legislação específica para tratar da questão 
ambiental desde 2002. Esse aumento ocorreu tanto nas Grandes Regiões quanto em 
todas as classes de tamanho de população, exceto nas que tem mais de 500 mil 
habitantes (BRASIL, 2013). 
 
24 
 
Desse modo, em 2009, 46,8% dos municípios tinham legislação ambiental, 
aumentando para 55,4% em 2012. Já em 2013, esse número aumentou para 65,5%. A 
pesquisa indicou que os maiores crescimentos ocorreram nas Regiões Norte (63,7% em 
2012, 77,8% em 2013) e Centro-Oeste (54,1% em 2012 e 66,2% em 2013). Além disso, 
quanto ao recorte por classe de tamanho da população, os maiores incrementos 
ocorreram em municípios pequenos, com até 5 mil habitantes. Nesses, o percentual saiu 
de 44,4% em 2012 para 56,3% em 2013 (BRASIL, 2013). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Para maiores informações sobre a Pesquisa de Informações Básicas Municipais,
acesse o site do IBGE:
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/perfilmunic/meio_ambiente_
2002/meio_ambiente2002.pdf
Para maiores informações sobre a Pesquisa de Informações Básicas Municipais,
acesse o site do IBGE:
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/perfilmunic/2013/
25 
 
 
 
 
 
 
 
Gráfico: Municípios brasileiros que apresentam legislação ambiental 
 
Fonte dos dados: (BRASIL, 2014) 
 
Gráfico: Percentual de municípios com legislação ambiental específica nos anos de 
2012 e 2013 
4
2
,5
0
%
4
6
,8
0
%
5
5
,4
0
%
6
5
,5
0
%
2 0 0 2 2 0 0 9 2 0 1 2 2 0 1 3
MUNICÍPIOS BRASILEIROS QUE APRESENTAM 
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
26 
 
 
Fonte dos dados: (BRASIL, 2014) 
 
Essa é uma tendência que também se observa em âmbito federal. Inspirando-se 
em artigos constitucionais, muitas matérias ligadas ao meio ambiente têm sido abordadas. 
Foi o que ocorreu com a Lei no 9.985/2000, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades 
de Conservação, a Lei no 10.275/2001, que criou o Estatuto da Cidade, a Lei no 
9.433/1997, que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos, e mais recentemente a 
Lei Complementar nº 140/2011, que fixa normas para cooperação entre União, estados, 
Distrito Federal e municípios nas ações administrativas de competência comum, por 
exemplo. 
 
Essas leis, entre outras, regulamentam artigos constitucionais e trazem novidades 
nas atribuições municipais, que precisam ser incorporadas à legislação de âmbito local. 
Vejamos a seguir como isso ocorre nos municípios. 
 
 
6
3
,7
0
%
3
9
,9
0
% 5
4
,1
0
%
6
3
,4
0
%
6
5
,1
0
%7
7
,8
0
%
4
8
,6
0
%
6
6
,2
0
%
7
3
,3
0
%
7
5
,2
0
%
N O R T E N O R D E S T E C E N T R O O E S T E S U D E S T E S U L
PERCENTUAL DE MUNICÍPIOS COM LEGISLAÇÃO 
AMBIENTAL ESPECÍFICA NOS ANOS DE 2012 E 
2013
2012 2013
Para maiores informações sobre a Lei n° 9.985/2000, acesse:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9985.htm
27 
 
 
 
 
 
O papel da Lei Orgânica municipal 
 
Todas as ações de gestão ambiental realizadas no município precisam estar 
amparadas em leis. Embora a legislação ambiental ainda apresente lacunas, pode-se 
dizer que o meio ambiente é protegido, no Brasil, por leis bastante avançadas. Os 
municípios têm o poder de aplicar em seu território a legislação federal e estadual 
vigentes e boa parte das matérias já regulamentadas nesses âmbitos aplica-se também à 
esfera municipal. 
 
Tal como ocorre com os serviços de saúde, educação, habitação e saneamento, a 
gestão ambiental é objeto da competência comum entre União, estados, municípios e 
Distrito Federal. Como vimos no Módulo 1, os entes federados possuem ao mesmo tempo 
Para maiores informações sobre a Lei no 10.275/2001, acesse:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10257.htm
Para maiores informações sobre a Lei no 9.433/1997, acesse:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9433.htm
Para maiores informações sobre Lei Complementar nº 140/2011, acesse:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/Lcp140.htm
28 
 
corresponsabilidade e autonomia na esfera legislativa. Assim, constitucionalmente, os 
municípios podem criar legislação ambiental própria, e isso vale tanto no sentido de 
ampliar a abrangência das leis federais e estaduais quanto para tratar de assuntos 
pertinentes ao interesse local. 
 
Dessa forma, a Constituição de 1988 abriu caminho à elaboração de capítulos 
sobre o meio ambiente, seja na Lei Orgânica municipal, que é similar a uma constituição 
municipal; seja no Plano Diretor, que é um instrumento básico da política de 
desenvolvimento e expansão urbana, ou por meio de Código Ambiental específico, que 
trata da política ambiental municipal. Porém, é preciso cuidado para evitar a sobreposição 
e o confronto de competências. 
 
Lembre-se, cabe à União a competência legislativa sobre normas gerais, de caráter 
nacional; os estados e o Distrito Federal devem elaborar legislação suplementar ou 
complementar de caráter regional; os municípios podem legislar no interesse local, desde 
que considere o que já está regulamentado nos níveis estadual e federal. 
 
A Lei Orgânica municipal é considerada a lei máxima do município. Por meio dela, 
torna-se possível dispor sobre a estrutura, o funcionamento e as atribuições dos poderes 
Executivo e Legislativo. Essa lei contém os princípios norteadores das matérias de 
interesse local em termos de saúde, saneamento, transporte, educação, uso e ocupação 
do solo urbano, parcelamento do território, entre outros temas de interesse municipal e 
que possuem importantes interfaces com o meio ambiente. 
 
Ao elaborar a Lei Orgânica, o município exerce a competência constitucionalmente 
garantida de legislar sobre os assuntos que afetam de forma direta seus interesses 
específicos, entre os quais se situam a proteção do meio ambiente e a melhoria da 
qualidade de vida. Por isso, os municípios que optarem por tratar do meio ambiente nesse 
formato deverão incluir os objetivos e os princípios da Política Municipal de Meio 
Ambiente. 
 
Além disso, a Lei Orgânica deve disciplinar o essencial, cabendo às chamadas leis 
infraconstitucionais, subordinadas a ela, o detalhamento de cada matéria específica. 
Devemos nos lembrar também que as leis ambientais poderão compor o Código 
29 
 
Ambiental ou, o que é mais provável, dispersar-se por toda a legislação, considerando-se 
que o meio ambiente tem reflexos em quase todas as ações humanas e em todos os 
setores da administração. 
 
Desse modo, podemos dizer que a existência de legislação ambiental demonstra 
amadurecimento do município para assumir a gestão do seu território e reforça a 
necessidade da descentralização da gestão ambiental, no sentido de privilegiar a 
execução local da política ambiental, favorecendo a criação e a entrada em vigor do 
Sistema Municipal de Meio Ambiente; fortalecer e dinamizar a articulação e a 
coordenação entre os entes federados; e conquistar legitimidade para as ações de gestão 
ambiental. 
 
Considerando o papel estratégico dos municípios para a gestão ambiental 
descentralizada, é importante frisarmos ainda a importância da legislação ambientalespecífica. Veremos esse tema a seguir. 
 
 A legislação específica 
 
A legislação ambiental específica permite que se consolide a Política Municipal de 
Meio Ambiente. Tais leis devem abordar aqueles assuntos que necessitem 
regulamentação para dar consistência às suas ações. É comum a prática de se “copiar” 
leis de outras localidades, por exemplo, municípios situados em regiões serranas que 
possuem dispositivos para regulamentar até a pesca oceânica. Vale lembrar que fazer leis 
sem qualquer necessidade só contribui para esvaziar a sua importância, tornando-as 
“letra morta”. 
 
Dessa forma, é importante observar algumas orientações básicas que podem 
subsidiar a formulação das leis municipais, entre as quais destacamos: 
 
 Definir princípios e diretrizes de planejamento e uso do solo, considerando o 
contexto ambiental local e regional em que o município se insere. Municípios 
costeiros têm necessidades diferenciadas de estâncias hidrominerais e 
climáticas, por exemplo. A mesma distinção deve ocorrer entre municípios 
30 
 
com baixo número de habitantes que estão em regiões isoladas e aqueles 
que integram regiões metropolitanas; embora sejam igualmente pequenos, 
suas necessidades não são as mesmas; 
 
 Prever a criação de um conselho consultivo e de assessoramento 
responsável pela formulação de diretrizes da política ambiental. Esse deve 
ser composto preferencialmente por pessoas com diferentes formações; 
 
 Estabelecer boas relações com a câmara de vereadores, de forma a criar 
uma base que está acima de partidos políticos, e que acolha as demandas 
de meio ambiente na formulação de leis; 
 
 Criar mecanismos legais que tornem compatíveis as normas ambientais com 
os procedimentos para concessões de licenças e alvarás. Isso simplifica os 
processos, encorajando a população a agir dentro da lei. 
 
 
 
Além das orientações já expostas, as temáticas que merecem leis específicas 
podem incluir aquelas iniciativas que, se colocadas em prática, terão capacidade para 
provocar mudanças significativas em relação ao meio ambiente e à própria prática da 
gestão ambiental. Eis algumas das ações que merecem regulamentação: 
 
 Sujeitar as condutas e atividades lesivas ao meio ambiente a sanções 
administrativas (multas, reparação dos danos causados, cassação de 
licença). Sem isso, o município não pode exercer fiscalização; 
Documento passado a favor de alguém por autoridade judiciária ou
administrativa, que contém ordem ou autorização para a prática de
determinado ato (BRASIL, 2006, p. 51).
Alvará
31 
 
 
 
 Prever mecanismos de compensação financeira para quem sofrer limitações 
no uso de sua propriedade, em razão de medidas de proteção ao meio 
ambiente; 
 
 Incluir entre os bens ambientais a serem protegidos o patrimônio 
arqueológico, histórico, cultural e paisagístico local. Por meio de lei, pode-
se instituir o tombamento, por exemplo, como um instrumento a ser 
utilizado pelo município para garantir a integridade desses bens; 
 
 
 
Medida repressiva infligida por uma autoridade (BRASIL, 2006, p. 52).
Sanção
Conjunto de testemunhos materiais relativos à pré-história da humanidade
(BRASIL, 2006, p. 52).
Patrimônio arqueológico
Ato ou efeito de colocar bens móveis e imóveis de interesse público sob a guarda
do Estado, com a intenção de conservá-los, devido ao seu valor histórico,
artístico, arqueológico, etnográfico, paisagístico ou bibliográfico (BRASIL, 2006, p.
52).
Tombamento
32 
 
 Possibilitar a formação de consórcios intermunicipais para a realização de 
obras, serviços e atividades de interesse comum a vários municípios, 
especialmente em assuntos vinculados à proteção, preservação e 
recuperação do meio ambiente; 
 
 Prever a possibilidade de firmar convênios com entidades públicas ou 
privadas para realizar a gestão ambiental dos ecossistemas ou das unidades 
de conservação. 
 
 Garantir mecanismos de informação ao público sobre obras, planos e 
programas que possam alterar as condições do meio ambiente em 
consonância com a Lei de Acesso à Informação; 
 
 
 Prever mecanismos formais de promoção da educação ambiental e da 
conscientização pública; 
Para maiores informações sobre consórcios, acesse:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2005/lei/l11107.htm
Para maiores informações sobre a Lei de Acesso à Informação, acesse:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2011/lei/l12527.htm
33 
 
 
 Incluir mecanismos de aplicação da iniciativa popular de lei, do plebiscito, 
do referendo e do orçamento participativo, como formas de garantir a 
soberania popular e, assim, efetivar a ampla democracia participativa. 
 
 
 
Modalidade voltada a formar opinião pública sobre determinados temas relativos
ao meio ambiente. Pode ser realizada mediante ações de sensibilização e
mobilização, utilizando, para isso, diferentes meios de comunicação (BRASIL,
2006, p. 52).
Conscientização Pública
Meio pelo qual o povo pode apresentar diretamente projetos de lei ao
Legislativo subscritos por um número mínimo de cidadãos (BRASIL, 2006, p.
52).
Iniciativa popular de lei
Consulta de caráter geral, que objetiva decidir de forma prévia questões
políticas ou institucionais (BRASIL, 2006, p. 52).
Plebiscito
Mecanismo de ratificação ou de regulação de matérias anteriormente
decididas pelo poder público, como a aprovação ou rejeição de projetos de lei
(BRASIL, 2006, p. 52).
Referendo
34 
 
 
 
 
Processo de definição do orçamento público que possibilita a realização de
debates, audiências e consultas públicas sobre propostas do Plano Plurianual,
da Lei de Diretrizes Orçamentárias e da Lei Orçamentária Anual, como
condição obrigatória para a sua aprovação pela câmara de vereadores
(BRASIL, 2006, p. 52).
Orçamento participativo
Para Refletir 
Faça uma pesquisa e analise as leis e os códigos existentes em seu
município. Após isso, busque responder às seguintes perguntas :
- Em que formato estão situadas as leis referentes ao meio ambiente: em
código próprio, na Lei Orgânica, no Plano Diretor ou de forma esparsa?
- As leis existentes atendem às necessidades da sua comunidade?
- Com as leis atuais, quais são as possibilidades de se ter um Sistema
Municipal de Meio Ambiente realmente atuante?
Algumas iniciativas são importantes no sentido de integrar o Poder
Legislativo nos seus níveis federal, estadual e municipal. O Portal
Interlegis, por exemplo, é um programa desenvolvido pelo Congresso
Nacional, que utiliza as tecnologias de informação (Internet,
videoconferência e transmissão de dados). Tem por objetivo permitir a
comunicação e a troca de experiências entre parlamentares e destes com o
público em geral. O portal conta com um importante banco de dados
sobre legislação, o qual inclui as leis orgânicas das capitais dos estados.
35 
 
 
 
Não devemos esquecer que o processo de elaboração de leis, mesmo que seja 
uma iniciativa do Poder Executivo, perpassa pelo Poder Legislativo. Desse modo, 
abordaremos, a seguir, a relação com este poder e também com o Ministério Público. 
 
A relação com o Legislativo e Ministério Público 
 
A proposta de leis deve ser realizada em estreita sintonia com o importante ator 
social que constitui a câmara dos vereadores. Cultivar boas relações com vereadores e 
vereadoras, compreender a correlação de forças existentes naquele espaço e reconhecer 
potenciais aliados do ideário da sustentabilidade socioambiental são práticas 
recomendáveis para quem trabalha com a gestão ambiental. A aproximação com a 
câmara municipal consiste em um trabalho de sensibilização constante para a necessáriamudança de mentalidade em direção ao desenvolvimento sustentável do município. 
 
Vereadores e vereadoras são peças-chave na formulação e aprovação de leis 
capazes de equilibrar as dimensões econômica, social, cultural e ambiental do município. 
Para isso, é indispensável o esclarecimento inicial sobre a natureza e a abrangência do 
Sistema Municipal de Meio Ambiente. Ao mesmo tempo, deve-se estimulá-los a participar 
das instâncias colegiadas do sistema, de forma a permitir-lhes engajar-se e acompanhar a 
gestão ambiental em suas múltiplas ramificações. 
 
Essa forma de atuar deve estender-se também ao Legislativo estadual e ao federal, 
o que valoriza a função do legislador, possibilitando o surgimento de relações mais 
harmoniosas e colaborativas entre os Poderes Executivo e Legislativo. Trata-se de um 
importante meio de administrar os conflitos que normalmente surgem entre esses dois 
poderes. 
Para maiores informações sobre o Portal Interlegis, acesse o site:
http://www.interlegis.leg.br/
36 
 
 
Dessa forma, deve-se trabalhar também para introduzir mudanças no 
funcionamento da própria câmara de vereadores, contribuindo para tornar a sua atuação 
mais transparente e permeada pela participação popular. Isso envolve mudanças na lei 
orgânica no sentido de: 
 
 Definir mecanismos que dificultem a alteração dos objetivos e das diretrizes 
gerais da Política Municipal de Meio Ambiente e do Plano Diretor, de forma a 
impedir ações oportunistas; 
 
 Tornar obrigatória a divulgação prévia de audiências públicas para projetos 
de lei como os de Plano Diretor, Lei de Uso e Ocupação do Solo, Lei de 
Parcelamento, Lei de Proteção ao Patrimônio Histórico, Cultural, 
Paisagístico e Natural do Município, permitindo, dessa forma, amplo debate 
público; 
 
 Fixar quórum qualificado para aprovação e alteração de leis importantes 
como a lei do Plano Diretor, o Código de Obras, a Lei de Uso e Ocupação 
do Solo, entre outras; 
 
 
 
 Regulamentar a participação popular no processo legislativo nas questões 
relativas ao meio ambiente, como o referendo popular e o plebiscito. 
 
Número mínimo de parlamentares para abrir sessão ou proceder a votação. Nas
sessões, há dois ritos: o quórum simples (o total de votos deve ser maior do que
a metade do total de votos dos presentes) e o quórum qualificado. Este último,
em geral, requer o voto de dois terços dos membros do Poder para aprovação da
matéria, por exemplo, nas votações de emenda à Lei Orgânica (PNC, 2006, p. 53).
Quórum qualificado
37 
 
Além disso, é vital que os gestores ambientais atuem em cooperação com os 
procuradores municipais, ou seja, os representantes do Ministério Público no município. O 
Ministério Público tem o papel de defender a ordem jurídica, os interesses da sociedade e 
observância da Constituição e das leis. 
 
A atuação em conjunto com o Ministério Público permitirá maior consciência dos 
limites legais de suas ações. Dessa forma, terão mais eficácia, agindo sempre de acordo 
com os procedimentos legais corretos. Ademais, haverá uma maior capacidade de 
recorrer ao Judiciário sempre que houver necessidade de dar respostas rápidas a 
situações criadas no município e que afetem o meio ambiente e a qualidade de vida da 
sua população. 
 
Em resumo 
 
Todas as ações municipais de gestão ambiental precisam estar respaldadas em 
leis. A legislação ambiental federal e dos estados é bastante ampla e possibilita aos 
municípios agir a partir de seus preceitos. Porém, os municípios também têm 
competência em matéria legislativa, em especial, para assuntos de interesse local. 
 
A Lei Orgânica é a “constituição municipal” e dispõe sobre a estrutura, o 
funcionamento e as atribuições dos poderes Executivo e Legislativo. Essa lei deve 
disciplinar o essencial, cabendo às leis infraconstitucionais, subordinadas a ela, o 
detalhamento de matérias específicas. 
 
A existência de legislação ambiental municipal também demonstra 
amadurecimento do município para assumir a gestão do seu território. Entretanto, para se 
realizar uma legislação “viva”, vale considerar o contexto regional e local do município, 
bem como o planejamento existente, além de contar com apoio especializado. 
 
Algumas leis podem servir para alavancar profundas mudanças de mentalidade e 
comportamento. Além disso, o cultivo de boas relações com o Poder Legislativo local e o 
Ministério Público também se mostra essencial para ter as ações empreendidas sempre 
38 
 
em acordo com as normas legais e para dar respostas rápidas a situações que sejam 
capazes de afetar negativamente o meio ambiente e a qualidade de vida da população. 
 
Tendo isso em vista, veremos no próximo capítulo, como se dá o processo de 
criação de órgãos da instância executiva nessas localidades. 
 
39 
 
 
UNIDADE 3: ÓRGÃO MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE: INSTÂNCIA 
EXECUTIVA 
 
Neste capítulo, estudaremos mais especificamente a estruturação do Órgão 
Municipal de Meio Ambiente, considerando suas atribuições e principais diretrizes. Além 
disso, abordaremos algumas práticas sustentáveis na gestão pública e o perfil mais 
adequado do corpo técnico. Porém, antes de tudo isso, é importante termos uma melhor 
compreensão do Sistema Municipal de Meio Ambiente. Prontos? 
 
Atribuições do Sistema Municipal de Meio Ambiente 
 
O campo de atuação do município na área de meio ambiente inclui um elenco 
bastante diversificado de atribuições, que, de modo geral, podem ser agrupadas em: 
 
 Agendas positivas – envolvem medidas que auxiliam na definição das 
diretrizes ambientais municipais, visando mostrar “como fazer” o 
desenvolvimento local sustentável. Tais práticas apoiam-se em ações de 
planejamento e de educação ambiental, nas normatizações necessárias e 
em uma política tributária voltada a incentivar formas sustentáveis de 
produção. 
 
 
 
 Ações de comando e controle – essas atividades englobam o licenciamento, 
o monitoramento, a fiscalização e o exercício do poder de polícia ambiental. 
Também faz parte dessa área a geração de informações e dos dados 
Conjunto de medidas referentes à cobrança de impostos (BRASIL, 2006, p. 29).
Política tributária
40 
 
necessários à comparação periódica da qualidade ambiental, para o 
exercício do chamado monitoramento ambiental. 
 
 
 
 Conservação e recuperação de ecossistemas – refere-se à gestão de 
unidades de conservação municipais, conservação de parques, jardins, 
arborização urbana, assim como ações de recuperação ambiental em áreas 
rurais, como a preservação de nascentes e matas ciliares (BRASIL, 2006, p. 
29). 
 
 
 
 
Procedimento destinado a verificar a variação, ao longo do tempo, das
condições ambientais em função das atividades humanas (BRASIL, 2006, p. 29).
Monitoramento ambiental
O manejo do uso humano da natureza, compreendendo a
preservação, a manutenção, a utilização sustentável, a restauração e
a recuperação do ambiente natural, para que possa produzir o maior
benefício, em bases sustentáveis, às atuais gerações, mantendo seu
potencial de satisfazer as necessidades e aspirações das gerações
futuras, e garantindo a sobrevivência dos seres vivos em geral
(BRASIL, Lei 9.985, de 18 de julho de 2000).
Conservação
Ação destinada a reverter processos de degradação ambiental por
meio de práticas e técnicas que visem restaurar o equilíbrio perdido
(BRASIL, 2006, p. 29).
Recuperação
41 
 
 
 
 
 Administração interna – lida com o dia-a-dia da administração, como o 
orçamento, a formação permanente do corpo de profissionais da área e 
assessoria jurídica, entre outras atribuições.Algumas dessas atividades são novas para a maioria dos municípios e requerem 
pessoal qualificado, além de leis e procedimentos específicos. Assim, é preciso estruturar-
se em torno de um Órgão Municipal de Meio Ambiente. A forma como esse se insere na 
administração municipal dependerá do tamanho do município e da complexidade da 
questão ambiental local, como já vimos no Módulo 1 deste curso. 
 
Esse órgão adquire várias configurações. Pode ser uma assessoria especial, 
diretamente vinculada ao gabinete do prefeito. Pode também funcionar como um 
departamento ou divisão de uma secretaria municipal já existente, como as de agricultura 
ou turismo. Em municípios maiores e mais complexos, torna-se uma secretaria específica. 
 
Quanto mais simples e modesta a estrutura adotada, é mais importante tornar a 
gestão ambiental uma política de governo, mobilizando os outros órgãos dentro de um 
processo participativo e aberto à população local. O mais importante é que não seja mais 
um inexpressivo quadrinho no organograma da prefeitura, sem corpo técnico, sem 
recursos e sem atuação. 
 
Atribuições, diretrizes e estrutura dos órgãos municipais de meio ambiente 
 
Porções do território nacional com características de relevante valor
ecológico e paisagístico, de domínio público ou privado, legalmente
instituídas pelo poder público com limites definidos sob regimes
especiais de administração, aos quais se aplicam garantias
adequadas de proteção, tais como: parques nacionais, reservas
biológicas, estações ecológicas (BRASIL, 2006, p. 29).
Unidades de Conservação
42 
 
O Órgão Municipal de Meio Ambiente é o executor da política ambiental local e tem 
características predominantemente técnicas. Deve ser criado por lei, na qual são 
esclarecidas as suas atribuições, bem como as competências dos agentes encarregados 
do gerenciamento ambiental e, principalmente, da fiscalização. A lei deve estabelecer 
também as regras para a tramitação dos processos administrativos instaurados na 
apuração das infrações administrativas ambientais, embasando-se para isso na Lei 
dos Crimes e Infrações Administrativas Ambientais, bem como na legislação 
ambiental do estado. 
 
Vale lembrar que, para realizar o licenciamento ambiental de obras de impacto 
local, o Órgão Municipal de Meio Ambiente deverá contar com um quadro técnico capaz 
de analisar os empreendimentos e emitir pareceres. 
 
 
 
 
 
 
Sequência de procedimentos para se alcançar um efeito ou objetivo
(BRASIL, 2006, p. 30).
Tramitação
É “toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo,
promoção, proteção e recuperação do meio ambiente” (BRASIL, Lei
9.605, de 12 de fevereiro de 1998).
Infrações administrativas ambientais
Para maiores informações sobre a Lei 9.605/1998, acesse:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9605.htm
43 
 
 
O município possui autonomia para definir as competências de seu órgão de meio 
ambiente, o que deve ocorrer respeitando-se a vocação de cada local. Dessa forma, se o 
município for predominantemente agrícola, por exemplo, deve enfatizar o controle 
ambiental sobre os impactos dessa atividade, compondo o seu quadro com técnicos mais 
voltados a esse setor. Os exemplos de atribuições a seguir podem servir como guias no 
momento de se estabelecer a lei de criação do órgão. 
 
 Coordenar a política municipal de meio ambiente; 
 Colocar em prática o planejamento ambiental; 
 Fiscalizar o cumprimento da legislação em vigor, com destaque para o que 
estabelece a Lei Orgânica Municipal; 
 
 
 
 Exercer o controle e a fiscalização ambiental; 
 Realizar o diagnóstico ambiental do município; 
 
 
 
Lembre-se, a Lei Orgânica Municipal é considerada a “constituição”
do município, dispõe sobre a estrutura, o funcionamento e as
atribuições dos poderes Executivo e Legislativo municipais (BRASIL,
2006, p. 30).
Lei Orgânica Municipal
Descrição das condições ambientais de determinado local (BRASIL,
2006, p. 30).
Diagnóstico ambiental
44 
 
 Realizar o licenciamento ambiental de obras e empreendimentos de impacto 
local; 
Realizar o zoneamento ambiental do município; 
 
 
 
 Manter a infraestrutura necessária ao bom funcionamento do Conselho 
Municipal de Meio Ambiente; 
 
 Submeter a esse conselho as propostas de normas, procedimentos e 
diretrizes para o gerenciamento ambiental municipal, assim como os 
pareceres técnicos necessários ao licenciamento ambiental; 
 
 Desenvolver atividades de educação ambiental sobre a necessidade de 
proteger, melhorar e conservar o meio ambiente; 
 
 Acompanhar as condições do meio ambiente no âmbito do município, por 
meio de um conjunto de indicadores de qualidade ambiental. 
 
 
Estudo que envolve várias áreas de conhecimento e define as possíveis
ocupações do solo de acordo com a vocação ecológica do local (BRASIL,
2006, p. 30).
Zoneamento ambiental
Variável qualitativa ou quantitativa, em tempo e espaço definido,
que pode ser mensurada ou descrita e que permite o
acompanhamento dinâmico da realidade (BRASIL, 2014c).
Indicador ambiental
45 
 
 
 
 
É importante salientar também algumas diretrizes para o apoio executivo. Nesse 
âmbito, é devemos salientar que a administração precisa de um número de funcionários 
condizente com as necessidades essenciais. Além disso, pode contar com o apoio do 
saber da comunidade. Alguns municípios da Amazônia, por exemplo, criaram a figura dos 
“agentes ambientais voluntários”. Trata-se de pessoas da própria comunidade que 
fiscalizam o uso de lagos e rios para evitar a pesca excessiva, orientam práticas agrícolas 
sem uso do fogo, entre outras ações, agindo como elos entre o poder público e 
sociedade. 
 
Ademais, é necessário estruturar-se para atender prioritariamente as necessidades 
críticas locais, ou seja, aquelas que provoquem maiores danos e incômodos à população. 
Por exemplo, atendendo a comunidades situadas em áreas de risco nas cidades, atuando 
de forma preventiva e evitando que se instalem em topos de morros e beiras de rios. 
 
Também convém buscar cooperação com outras áreas da administração, tanto 
municipal quanto estadual e federal instaladas em seu território, pois, conflitos e 
superposições significam desperdício de recursos públicos, além de desgaste político e 
descrédito por parte da população. 
 
Não se deve esquecer de buscar caminhos ágeis e eficazes para a resolução dos 
problemas, evitando, com isso, a burocracia e a sensação de que os órgãos ambientais 
representam um freio para o desenvolvimento. Cabe ainda, é claro, prestar contas à 
população, periodicamente, das ações desenvolvidas. 
 
Para maiores informações sobre indicadores ambientais, reveja o
capítulo 1, do Módulo 1, deste curso.
46 
 
Não podemos esquecer que muitos dos problemas relacionados à má gestão 
ambiental municipal devem-se a enganos na montagem de sua estrutura. Para evitar isso, 
o órgão ambiental necessita de dotação orçamentária, pois mesmo que represente uma 
pequena divisão de outra secretaria, deve dispor de recursos próprios previstos no 
Orçamento Municipal. Trata-se de um investimento que poderá reverter em recursos para 
o município, como com a cobrança de multas previstas em lei. 
 
Além disso, deve haver uma infraestrutura física condizente com suas atribuições, 
o que pode significar apenas uma sala ou vários prédios, dependendo do tamanho do 
município ou da complexidade das questões ambientais com as quais o Órgão Municipal 
de Meio Ambiente terá que trabalhar. O mesmo vale para os materiais, equipamentos e 
veículos necessários. 
 
Devemos acrescentar ainda a necessidadede quadro de pessoal capacitado para 
exercer as diferentes tarefas que o órgão executa. O fato de você estar participando 
dessa capacitação representa uma grande contribuição para isso!! 
 
Um modelo de gestão pública sustentável 
 
As equipes da área de meio ambiente muitas vezes são vistas como altamente 
criativas e inovadoras em termos de soluções que apresentam para os problemas do 
município. Porém, nem sempre aplicam essas mesmas soluções em sua própria prática 
cotidiana. Um exemplo? Muito se fala nos três “erres”: reduzir, reutilizar e reciclar. Porém, 
grande parte dos escritórios de secretarias de meio ambiente está abarrotada de copos 
descartáveis jogados no lixo comum. Esse é apenas um exemplo. Há muitos outros. 
Vamos conferir? 
 
Nos prédios, geralmente são usados materiais de construção caros e inadequados 
às condições locais; pouco aproveitamento da ventilação e da luminosidade naturais; uso 
intensivo de aparelhos de ar condicionado; pouco espaço destinado a áreas verdes; 
manutenção inadequada, desperdício de água e de eletricidade. 
 
47 
 
Já na prática administrativa observa-se o uso excessivo de papel e de materiais 
descartáveis; desconhecimento de critérios “ambientalmente corretos” nas compras 
realizadas pelo órgão; desconhecimento de mecanismos para reciclagem; falta de 
conforto no atendimento ao público; excesso de burocracia; e uso de materiais de limpeza 
causadores de impactos ambientais. 
 
Na qualidade dos ambientes de trabalho é comum barulho excessivo; tabagismo; 
falta de organização e de higiene; excessiva competição; falta de pausas para exercício 
físico; desmotivação; desvios de conduta, desrespeito aos portadores de necessidades 
especiais. 
 
Assim, logo em seus primeiros momentos, o órgão ambiental deve esforçar-se para 
dar o exemplo, introduzindo novas práticas na administração pública municipal, como a 
implementação da A3P. Você sabe o que significa a A3P? 
 
A A3P significa Agenda Ambiental na Administração Pública. É uma ação de 
caráter voluntário, que pretende induzir a adoção de um modelo de gestão pública que 
corrija e diminua impactos negativos gerados durante a jornada de trabalho. Baseia-se em 
recomendações sobre o uso eficiente dos recursos naturais, materiais, financeiros e 
humanos. 
 
Essa iniciativa propõe a construção de uma nova cultura institucional na 
administração pública, envolvendo os três níveis: federal, estadual e municipal. Volta-se 
para a qualidade de vida no trabalho, para a adoção de critérios ambientais corretos e de 
práticas sustentáveis. Seus eixos temáticos são: gestão de resíduos, licitação sustentável, 
qualidade de vida no ambiente de trabalho, sensibilização e capacitação de servidores, 
uso racional de recursos e construções sustentáveis. 
 
Nesse sentido, a inserção de critérios ambientais busca minimizar os impactos 
sobre o meio ambiente, por meio do combate ao desperdício, do incentivo a programas e 
práticas de reciclagem de materiais, além de uma série de outras medidas que visam 
tornar o espaço de trabalho o mais saudável possível. 
 
48 
 
 
 
O perfil do corpo técnico 
 
Os ventos da renovação também devem soprar sobre a qualidade do corpo técnico 
do Órgão Municipal de Meio Ambiente. É preciso criar uma instituição moderna, enxuta e 
participativa. Essa deve ser formada, preferencialmente, por profissionais concursados, 
com adequada preparação técnica e grande motivação. Equipes com formação 
multidisciplinar são mais eficientes. Por exemplo, os fiscais que atuam também como 
educadores podem ser mais simpáticos à população. 
 
Por ser uma área que se relaciona com praticamente todas as demais secretarias 
do município, é mais interessante que a pessoa a encabeçar o Órgão Municipal de Meio 
Ambiente tenha uma visão abrangente da realidade municipal e seja capaz de dialogar 
com outros parceiros na prefeitura, além de abrir-se ao convívio com a comunidade. Essa 
pessoa deve ter um perfil articulador e que saiba extrair do corpo técnico e de 
especialistas tudo aquilo que eles puderem oferecer em termos de soluções, sem, 
contudo, tornar-se prisioneira de visões estritamente técnicas. 
 
A composição da equipe técnica do Órgão Municipal de Meio Ambiente é 
estabelecida por meio de lei que cria os cargos e determina a realização de concursos 
públicos para preenchê-los. Esses profissionais deverão ser escolhidos de acordo com as 
características de cada município. Por exemplo, um município predominantemente 
florestal deve dar ênfase à contratação de engenheiros florestais, biólogos ou ecólogos, 
entre outros profissionais, que poderão conhecer com mais profundidade os problemas 
gerados ao meio ambiente por práticas como desmatamentos e queimadas. 
 
Para maiores informações sobre a A3P, tais como, passos para
implementação, publicações e boas práticas, acesse:
http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/a3p
49 
 
E Qual deve ser o tamanho e a composição da equipe de meio ambiente de seu 
município? Vamos pensar sobre isso? 
 
 
 
Nesse processo de formação da equipe técnica, devem ser considerados os 
procedimentos para efetivação dos servidores públicos. Assim, deve haver aprovação, 
pela câmara dos vereadores, de lei de criação de cargos técnicos, administrativos e de 
fiscalização (que pode estar incluída na lei que cria o Órgão Municipal de Meio Ambiente 
ou o Sistema Municipal de Meio Ambiente). 
 
No caso de cargos efetivos, também deve ser realizado concurso público. Além das 
provas, a análise de títulos, por exemplo, com a comprovação dos anos de experiência 
profissional e acadêmica, podem complementar os critérios de seleção. Em geral, as 
universidades prestam valioso auxílio na formulação e promoção de concursos públicos. 
 
Após a realização de concurso, pode haver também uma fase de treinamento dos 
aprovados na seleção, algo bastante recomendável, tendo em vista uma melhor 
ambientação do corpo técnico às atividades que executará. 
 
Não podemos nos esquecer também que a qualificação constante é fundamental 
para a realização de um trabalho. Trata-se de um investimento que dará sustentação ao 
Sistema Municipal de Meio Ambiente. Desse modo, cabe ao município promover a 
capacitação de seu corpo técnico e administrativo, qualificando-o para executar com 
Para refletir
Considerando a realidade do seu município, utilize os critérios abaixo para
compor, individualmente ou em grupo, a equipe técnica necessária ao
Órgão Municipal de Meio Ambiente:
- Quais serão as atribuições dessa equipe?
- Que trabalhos cabem à equipe permanente e quais podem ser delegados a
terceiros?
- Quais são as características profissionais necessárias a uma equipe
permanente, considerando a realidade administrativa e ambiental do
município?
- Qual o tamanho ideal da equipe, para que esta seja capaz de atender às
demandas, sem que haja capacidade ociosa?
50 
 
competência as suas funções. Para otimizar o aproveitamento de recursos humanos 
qualificados, administrações regionais e associações microrregionais podem disponibilizar 
técnicos que assessorem vários municípios ao mesmo tempo. 
 
Em resumo 
 
O Órgão Municipal de Meio Ambiente, na condição de ente executor do Sistema 
Municipal de Meio Ambiente, possui um amplo leque de atribuições que pode ser 
sintetizado em: agendas positivas, ações de comando e controle, conservação e 
recuperação de ecossistemas e administração interna. A forma como se insere na 
administração municipal vai depender do tamanho do município e da complexidade das 
questões ambientais locais. 
 
Para ser instituído, este órgão de caráter técnico precisa estarprevisto em lei. A lei 
deve prever o exercício de fiscalização, bem como conferir este poder ao corpo de fiscais. 
Além de exercer a fiscalização, o Órgão Municipal de Meio Ambiente tem a atribuição de 
realizar o licenciamento ambiental, para o qual deve contar com um quadro técnico 
capacitado. Essa atividade só poderá ser exercida se o município tiver o Conselho 
Municipal de Meio Ambiente em atividade. 
 
Para o seu bom funcionamento, o Órgão Municipal de Meio Ambiente deve contar 
com orçamento próprio, infraestrutura física condizente e pessoal preparado para exercer 
as tarefas. Deve também dar o exemplo para a administração municipal, introduzindo 
práticas ecológica e socialmente corretas, que vão desde a escolha do espaço físico às 
práticas administrativas que poupem os recursos naturais e promovam maior qualidade 
nos ambientes de trabalho. 
 
Para criar uma instituição moderna, enxuta e participativa, deve investir em 
profissionais concursados e motivados. A pessoa a encabeçar a instituição precisa 
conhecer a realidade municipal e dialogar com outros setores da prefeitura, além de abrir-
se ao contato com a comunidade. Suas escolhas devem se basear em critérios técnicos, 
porém com a necessária sensibilidade social. 
 
51 
 
Até aqui compreendemos os processos de mobilização, elaboração de leis e 
formação do Órgão Municipal de Meio Ambiente. Vamos avançar um pouco mais? A 
seguir, estudaremos a formação dos conselhos municipais de meio ambiente. 
 
 
52 
 
UNIDADE 4: CONSELHO MUNICIPAL DE MEIO AAMBIENTE: INSTÂNCIA DE 
DECISÃO E DE PARTICIPAÇÃO 
 
Neste capítulo, estudaremos um pouco mais acerca dos conselhos de meio 
ambiente, porém, agora, em âmbito local. Veremos sua composição e representação dos 
diversos segmentos da sociedade, o papel que lhes cabe na estrutura do Sistema 
Municipal de Meio Ambiente, os trabalhos especializados por meio das câmaras técnicas 
e grupos de trabalho, além das principais etapas para a criação de um conselho no seu 
município. 
 
A presença dos conselhos de meio ambiente nos municípios 
 
O Conselho de Meio Ambiente é, por excelência, um fórum de diálogos e de 
construção de conhecimento sobre o meio ambiente local. É também um espaço 
adequado para administrar conflitos, propor acordos e construir uma gestão ambiental 
que esteja em consonância com os interesses econômicos e sociais locais. 
 
Em âmbito federal, há o Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA, que 
como vimos no Módulo I deste curso, faz parte do Sistema Nacional de Meio Ambiente - 
SISNAMA. É importante observar que a implantação da política ambiental no Brasil 
acompanha o processo de democratização, o que favoreceu a sua consolidação, ao 
mesmo tempo em que a luta de movimentos ambientalistas e a criação de colegiados 
como o CONAMA também serviram à ampliação de horizontes no que diz respeito a 
novos direitos, consignados depois pela Constituição de 1988. Segundo Carlos Sojo, “o 
CONAMA é produto e ingrediente da transição democrática no Brasil” (2002 apud DINIZ, 
2010, p. 78). 
 
Em âmbito local, a instalação dos conselhos também foi estimulada a partir da 
Constituição federal de 1988, que fortaleceu o debate sobre a autonomia municipal. 
Nesse sentido, pode-se afirmar que sua missão é consultiva, deliberativa, normativa, 
fiscalizadora ou de assessoramento do poder executivo. Por meio dos conselhos, é 
estabelecido um novo formato de relações entre a sociedade e o Estado, além de 
53 
 
proporcionar a institucionalização da participação de segmentos da sociedade civil 
organizada (BRASIL, 2010). 
 
A respeito disso, o diagnóstico Perfil dos Municípios Brasileiros, Meio Ambiente, 
realizado em 2002, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que 
a realidade brasileira ainda estava distante da meta de se ter o SISNAMA em pleno 
funcionamento. Na maioria dos municípios (65,9%) não havia conselhos de meio 
ambiente (BRASIL, 2005a). 
 
Desde então, essa realidade mudou gradativamente. Os dados da pesquisa 
realizada em 2009 revelaram que 56,3% dispunham de Conselho Municipal de Meio 
Ambiente. Em 2012, o número foi 63,7%; já em 2013, 67,9%. Apesar do avanço, as 
pesquisas mostram uma defasagem, se forem considerados outros conselhos, como os 
de Assistência Social, Direitos da Criança e do Adolescente, que são obrigatórios, 
conforme leis federais, e que estão presentes em quase todos os municípios brasileiros 
(BRASIL, 2010; 2013; 2014). 
 
Gráfico: Percentual de municípios brasileiros que dispunham de conselho municipal 
 
Fonte: (BRASIL, 2005a; 2010; 2013; 2014). 
 
Você sabe quais segmentos da sociedade fazem parte do Conselho Municipal de 
Meio Ambiente? 
 
3
4
,1
0
%
5
6
,3
0
%
6
3
,7
0
%
6
7
,9
0
%
2 0 0 2 2 0 0 9 2 0 1 2 2 0 1 3
PERCENTUAL DE MUNICÍPIOS 
BRASILEIROS QUE DISPUNHAM DE 
CONSELHO MUNICIPAL
54 
 
Um espaço representativo 
 
Cada vez mais a população, juntamente com o poder público, tem sido chamada a 
participar da gestão do meio ambiente. Para isso, é necessário que sejam criados 
mecanismos institucionais que promovam o aumento da consciência ambiental e a 
mudança de hábitos e de comportamentos. O Conselho Municipal de Meio Ambiente é um 
órgão criado para esse fim. Trata-se de um instrumento de exercício da democracia, 
educação para a cidadania e convívio entre diferentes setores da sociedade. 
 
Esse espaço destina-se a colocar em torno da mesma mesa os órgãos públicos, os 
setores empresariais e políticos e as organizações da sociedade civil no debate e na 
busca de soluções para o uso dos recursos naturais, a recuperação dos danos 
ambientais, a qualidade ambiental do município e o alcance do desenvolvimento 
sustentável. 
 
Devemos considerar que a criação de um conselho ativo e de composição 
democrática atende aos princípios que estruturam o SISNAMA. Com acesso às 
informações necessárias, cidadãos e cidadãs saberão de seus direitos e deveres e se 
sentirão mais responsáveis pela qualidade ambiental do lugar em que vivem. Ao debater 
publicamente questões relevantes para a qualidade de vida, o conselho também pode ser 
um valioso aliado da democratização da informação. 
 
Isso motiva os políticos, técnicos e cidadãos a conhecerem mais as questões 
ambientais e ultrapassarem a fronteira da criação de fóruns apenas para “marcar 
posições”. Nesse sentido, é importante que os conselhos sejam dinâmicos, interativos e 
tecnicamente preparados. 
 
O Conselho Municipal de Meio Ambiente que seja representativo dos diversos 
setores da sociedade cumpre melhor suas atribuições. A sua composição pode ser 
paritária, apresentando em igualdade numérica representantes do poder público 
(municipal, estadual e federal) e da sociedade civil organizada, por exemplo, o setor 
empresarial, setor sindical, universidades, entidades ambientalistas. 
 
55 
 
Cada conselho deve espelhar em sua composição as forças atuantes no local. Por 
isso, é necessário conhecer antes quais são essas forças. Devido à interdisciplinaridade 
da questão ambiental, de forma genérica, podem fazer parte do Conselho Municipal de 
Meio Ambiente, por exemplo, representantes de: 
 
 Secretarias municipais de saúde, educação, meio ambiente, obras, 
planejamento e outras cujas ações interfiram no meio ambiente; 
 
 Câmara de vereadores; 
 
 Órgãos estaduais e federais presentes no município; 
 
 Sindicatos; 
 
 Entidades ambientalistas; 
 
 Grupos de produtores rurais; 
 
 Instituições de defesa do consumidor; 
 
 Associações de bairros; 
 
 Grupos

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