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resumo para primeira prova de marcus seixas

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História do direito
A partir da vinda da família real o brasil passou a ter o status de coroa e estado, aí começa a existir um direito brasileiro, luso-brasileiro, mas brasileiro. Após a independência passa a existir um direito genuinamente brasileiro.
Período colonial 1530-1808
Direito colonial brasileiro: mesmo direito aplicado em Portugal, mesmo ordenamento jurídico, diferentemente das colônias espanholas.
Portugal trouxe para o brasil a sua legislação própria, composta pelas ordenações. Portugal teve três ordenações. 
As ordenações Filipinas foram aplicadas no brasil durante 313 anos.
Portugal; um dos primeiros países a se tornar um estado, com poder centralizado, poder militar organizado, etc.
O direito português ainda preservava muitas características do direito europeu medieval:
Queda do império romano do ocidente, maior civilização do ocidente até então. Se tornou de difícil administração, Roma então decidiu dividir o império ao meio.
O império romano do ocidente sofreu vários problemas devido à dificuldade de administrar, a crise financeira, e a constantes sucessão de imperadores. 
Militarmente as investidas dos povos germânicos (povos bárbaros) começaram a atravessar as fronteiras e passear por dentro do território romano. Enquanto o império ocidente era atacado o oriente continuava bem. Os povos germânicos lutavam entre si para conquistarem melhores terras.
Houve uma fusão cultural após a invasão dos povos germânicos na Europa.
O direito romano, no ápice do império romano, acabou se fundindo com o direito dessas nações germânicas. Criando uma figura mista.
O direito do final do império romano era um direito muito complexo, além do seu tempo. Com essa fusão, o direito romano perde sua técnica; Roma perde os tribunais, as prefeituras, as bibliotecas, os doutores. Enfim, há um decaimento cultural.
O direito germânico era um direito mais simples, era baseado nos costumes, não tinha direito escritos, pois eram povos agrafos.
Com essa fusão surge o direito romano vulgarizado, resquícios do direito romano clássico com o direito germânico. Se tornou um direito atécnico, confuso, operado por leigos.
Êxodo urbano, ocorreu devido ao processo de decaimento econômico, às violências na cidade. Vida mais simples, menos cheias de posses.
- Capitães militares (senhores da guerra) eram presenteados com pedaços de terras, para produzir (feudalismo). A enfeudação (relação jurídica) era o processo pelo qual o rei cedia ao seu vassalo com a obrigação que ele tornasse essa terra produtiva e segura militarmente, em contrapartida o vassalo deveria respeito ao rei e à algumas responsabilidades materiais. Os cervos produziam nos feudos (gleba) e dividiam com os senhores feudais.
Esse modo se espalhou por todo Europa.
Séc. IIX, invasão árabe na Europa. Instalaram outra civilização.
Espanha e Portugal; guerra de retomada das terras invadidas pelos mouros mulçumanos – cruzadas.
Espanha e Portugal se tornam inteiramente católico devido as cruzadas.
Direito em Portugal: país recém-formado, devido as guerras de reconquistas.
Inicialmente, o direito português era baseado nos costumes (sem regras escritas), tradições locais das vilas e vilarejos, cada vila e vilarejo tinha seus costumes locais sobre o que era proibido e permitido. Na medida que Portugal se torna um estado moderno, e o rei assume para si o papel de chefe do governo, chefe do país e devia organizar a administração pública do país, ele percebe que precisa utilizar as leis como fonte do direito. Assim, o rei reunia seus nobres e senhores militares e nas cortes o rei votava com apoio dos nobres a aprovação das leis, ele precisava do apoio políticos dos nobres. Primeiramente questões de tributos, fronteiras, contratos, etc. temas de interesse público. Assim foi surgindo o sistema jurídico legal baseado nas leis. No entanto, na medida que o rei se tornava mais centralizador ele passou a agir com mais autonomia e parou de convocar as cortes para votar leis, ele mesmo as decretavas legais. Daí a população fica insatisfeita com tantas leis, ao ponto de que ficou impossível conhecer as leis promulgadas pelo rei. Para resolver esse problema, foram criadas as ordenações, eram uma tentativa de sistematizar a legislação do rei como assuntos.
O direito romano clássico
Ressurgiu na Europa a partir do séc. XII e foi uma importante fonte do direito de muitas nações europeias. Imperador Justiniano (oriente) resolveu reformular o sistema jurídico, resolveu trazer as características do direito clássico para aquele momento em que ele vivia. Trabalho de requalificação. Corpus juris civilis foi essa obra monumental que contempla a consolidação das regras de mil anos de direito romano clássico, organizadas e sistematizadas em 4 livros. O CJC foi utilizado como fonte do direito do império romano do oriente durante os anos seguinte a sua criação.
Os imperadores do oriente decidiram reconquistar as terras do ocidente tomadas pelo povo germânico. Ocuparam a península itálica durante um certo tempo, e foram enviadas para lá copias do corpus Juris civilis. No séc. XI, um monge descobre o CJC por acaso. Em meio a direito romano vulgarizado, o CJC é tido como algo muito avançado e foi usado para estudo. Alguns príncipes e condes defendiam a utilização desse novo direito romano. 
Surge a faculdade de Bologna para estudar o novo direito romano.
 Cada país tinha o direito nacional, além do direito romano.
Pluralismo normativo: é a coexistência de várias ordens jurídicas em um determinado lugar.
O pluralismo normativo daquela época formava uma sobreposição de várias ordens jurídicas:
- Cada país tinha seu IUS PROPRIUM, ordem jurídica principal, seu direito próprio, direito nacional; composto pelas leis, costumes (regras de comportamento) e a jurisprudência dos tribunais (é uma repetição de decisões dos tribunais – acaba criando uma regra jurídica, é vinculante – obrigatório).
- IUS COMMUNE, direito comum, compartilhado por todos países europeus: composto pelo Direito Romano e Direito Canônico.
Coexistem 3 ordens jurídicas em Portugal.
O ius commune só era utilizado na ausência de uma regra jurídica prevista no ius proprium.
O ius commune é uma fonte subsidiária em relação ao ius proprium. Relação de subsidiariedade. 
Como existiam poucas leis, o ius proprium era utilizado apenas para casos mais graves. O direito romano era mais utilizado, e acabava suprindo as lacunas do ius proprium. Após isso, quando os reis detiveram o poder para redigir suas próprias leis, iram utilizar o direito romano como base. Assim, fica evidente a importância do direito romano, já que, além de servir como fonte subsidiaria serviu de base para a criação das leis do ius proprium de cada país. 
Os países europeus denteiam sistemas jurídicos romano-germânicos; romano por causa desse DNA do corpus juris civilis e germânico devido ao povo que ocuparam a Europa depois da queda do império romano. Direito romano-germânico. 
Portugal, no início das grandes navegações, tem forte presença desse direito clássico romano e direito canônico e o rei português já deteria o poder de legislar, usando cada vez menos o direito romano diretamente. 
Ordenações Filipinas: dividas em 5 livros
 As ordenações se fizeram necessárias pela impossibilidade de a população ter acesso às leis. Elas eram expostas oralmente em espaço público. Logo, elas foram divididas em um único livro. 
Formula do ordenamento jurídico de Portugal: ius proprium e ius commune*
- Ius commune: direito canônico, direito romano, glosas de Acúrsio e opiniões de Bártalo.
Título 64, livro III das ordenações Filipinas:
Como se julgarão os casos que não forem determinados pelas ordenações. Toda vez que venha um caso que tenha sido regulado pela lei, pelo costume ou pelos estilos; será por elas julgado, não valendo as leis imperiais.
E quando o caso de que se trata não for determinado por estilo, costume ou lei, usará o direito canônico quando tratar-se de pecado, e sendo matéria que não traga pecado; seja julgado pelasleis imperiais mesmo que as leis canônicas digam o contrário. 
E se o caso de que se trata não for determinado por leis de nossos reinos, estilos ou costumes, nem pelo direito romano e nem pelo direito canônico; então, mandamos que sejam usadas as Glosas de Accursio e as opiniões de Bartolo (dois professores de direito romano como fontes subsidiarias). E acontecendo o caso em que nenhum dos dois o determinasse mandamos que notifique esse caso a nós para o determinarmos (precedente vinculante).
Precedente vinculante: a solução de tal caso será, obrigatoriamente, usada em casos semelhantes posteriormente.
Um único precedente do rei se torna vinculante.
São necessários alguns precedentes dos juízes para haver uma jurisprudência. Mas o novo CPC vai mudar isso, dará poder vinculante para algumas decisões judiciais.
Juiz municipal (leigos): usavam costumes como critério de justiça, e julgavam casos de menores complexidades.
Direito criminal das ordenações Filipinas: livro 5º das ordenações - direito criminal.
Título I - Heresias
Título II - Blasfêmias 
Título III e IV - Superstição (feitiçaria, benzer animais)
Título V – Vodum 
Título VI – leis que protege o rei e sua família – lesa a majestade quer dizer traição contra a pessoa do rei e ao seu estado que é tão grave que os seus antigos sabedores comparavam a lepra.
Título VII – aqueles que falam mal do rei
Título VIII – violação das correspondências reais
Título XII – falsificar e esconder moeda
- Cristão que dorme com infiel
- Aqueles que dormem com suas parentas 
- Adultério 
- Do que dorme com força com mulher solteira (com esposa pode)
- Bigamia
- Homens que trajam roupas de mulher
Obs.: A linguagem das ordenações é de forma narrativa, julgava as pessoas de acordo com suas qualidades, repressoras a judeus, e contra qualquer blasfêmia contra religião.
 O direito criminal dessa época tutela casos em que a moral não permite, como por exemplo: aqueles que dormem com parentes, é crime. Hoje em dia há o princípio da lesividade, não são casos banais que serão julgados como crime.
Princípio da lesividade: o nosso direito criminal deve tutelar somente os assuntos que os casos forem necessários. Nas ordenações não há o princípio da lesividade, exemplo: aqueles que dormem com a sua parenta está no livro de direito criminal. 
Código penal atual: art. 121: matar alguém, pena 6 a 20 anos de reclusão
A linguagem é diferente das ordenações.
Sistema administrativo, Portugal e colônia:
1º- sistema municipal: foi uma herança do modo de divisão do território dos mouros, e permaneceu quando o reino de Portugal foi fundado. Pequenas vila e cidades tinham autonomia para decidir sobre seus assuntos locais. Essa é a primeira forma de administração que Portugal conheceu.
2º- sistema de concessão de terras: particulares exploravam as largas propriedades de terras. É a segunda forma de administração que Portugal conhece.
Em Portugal ficou conhecido como sistema senhorial, bem semelhante ao sistema feudal. No entanto, há algumas diferenças; o sistema senhorial não trazia a obrigação militar destes senhores para com o rei, essa tarefa era dos capitães-mores. 
Sistema senhorial: suserano (rei) doação vassalo (senhoril) 
O sistema senhorial convivia com o sistema municipal.
Sistema senhorial > sistema municipal
No sistema municipal, o rei concedia para alguns municípios de maior importância política o direito de se autorregular, de constituir uma câmara (concelho). A câmara exercia a atividade de vereança; cuidar das coisas públicas, dos interesses locais, etc. ao constituir uma câmara, esses municípios tinham a possibilidade de adquirir um pouco mais de autonomia para criar regras jurídicas que atendessem às necessidades locais. Para constituir uma câmara a cidade tinha que possuir um FORAL (documento jurídico que estabelece os direitos e deveres de uma entidade política para com a coroa).
Foral: o foral atribuía aos municípios o direito de constituir uma câmara, mas também o dever de pagamento de tributos e entre outros.
 - Os municípios não tinham um regulamento jurídico comum a todos os demais.
Particularismo normativo: o rei atribuía privilégios normativos para algumas entidades políticas. E não existia a obrigatoriedade de tratamento político igual para todas cidades. 
O rei emitia forais para regular essa questão de direitos e deveres de qualquer instituição.
O sistema senhorial também dependia da emissão de foral para disciplinar as relações jurídicas que existiam entre o suserano e o senhoril. Além disso, é necessária uma carta de doação (Doação Régia) para que o rei entregasse para o senhoril aquela parcela de terra. No entanto, a doação régia tem uma cláusula de reversibilidade para casos preestabelecidos (ex: má administração, fracasso econômico, perigo militar, etc.). 
- A câmara municipal podia criar normas de interesse local. Essas regras municipais eram conhecidas como posturas e não precisavam ser consultadas pelo rei. 
Carta de Doação: tinha como função identificar o seu beneficiário e seu herdeiro direto em razão da possibilidade de acontecer uma morte. Ela precisava mencionar se nessa doação da terra estava incluía uma jurisdição (poder de conhecer e julgar as causas que os cidadãos pretendem colocar na justiça – é um poder majestático, do rei, só o rei tinha jurisdição. Mas eventualmente era doada a jurisdição para o senhoril sobre aquelas terras.)
- As enfeudações sempre delegavam a jurisdição e o sistema senhorial só iria a jurisdição se for mencionado na carta de doação. As capitanias hereditárias eram senhorios, tiveram cartas de doação que previam as entrega da jurisdição.
Justiça na colônia: não existia ainda a separação de poderes
Os homens-bons peticionavam ao rei para autorização de uma jurisdição, e elegiam-se entre si aqueles que fariam parte da câmara.
- A câmara tinha uma função judicial. Eram escolhidos pelos membros da câmara dois juízes ordinários (juízes do município; leigos, sem bacharel em direito, com mandato de 1 ano). Os juízes ordinários representavam a primeira instancia de decisão das questões judiciais na colônia. Os juízes analisavam os casos de menores complexidades, tanto questões civis como criminais de menor importância. Justiça municipal - juiz ordinário.
Juiz de fora: eram enviados para cidades menores para fiscalizar o trabalho dos juízes ordinário.
Quem não tiver satisfeito com a decisão do juiz ordinário pode recorrer à justiça senhorial. Essa justiça era exercida pelo capitão donatário (normalmente leigos) ou pelo Ouvidor (magistrado escolhido e nomeado pelo capitão donatário; tinha que ser bacharel em direito, e tinha mandato de 3 anos – exigências das ordenações Filipinas). 
Obs.: nos locais que não têm municípios ou locais que não são reconhecidos como tal, o processo cai diretamente no âmbito da justiça senhorial
Obs.: casos de maiores relevâncias, mesmo tendo ocorrido em cidades com câmara e tudo mais, por ter certa importância, caem no âmbito da justiça senhorial.
Em casos de insatisfação também com decisão da justiça senhorial recorrerá à jurisdição Real.
Jurisdição Real: era exercida em cada localidade por um funcionário designado pelo rei, no primeiro momento em Portugal exercida pelos corregedores. No Brasil, essa mesma função era realizada pelo ouvidor geral; ele ficava aqui na capitania da Bahia e tinha que conhecer os recursos que vinham dos ouvidores de todas as capitanias do Brasil. Era um trabalho irrealizável para uma única pessoa, logo, foi criado pela coroa o Tribunal da Relação da Bahia. 
Tribunal da Relação: era composto por vários desembargadores. Não exercia somente a função judicial, mas também, administrativa, militar, política juntamente ao governador. Judicialmente, tinha a competência de julgar os recursos que vinham do Brasil todo.
Ainda assim, se o cidadão se mostrasse insatisfeito, teria como última instancia se voltar à Casa de Suplicação, o mais alto tribunal da estrutura judicial portuguesa. 
Casa de Suplicação: recebia casosdo tribunal da relação da Bahia. Só chegavam até à casa de suplicação caso muito importantes. Ficava em Lisboa. Onde acaba a estrutura judicial. Era o tribunal máximo ordinário. Juridicamente, tudo se esgota aqui. Só faziam parte da casa de suplicação bacharéis em direito com mandato vitalício.
- Extraordinariamente, era possível recorrer ao rei. Não é um recurso jurídico, não há argumentos jurídicos. É um caso de apelo ao rei. Nesse caso, a decisão do rei era executada pelo Desembargo do Paço.
Victor Martins Vieira.

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