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Nobert Elias_3

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Teoria Sociológica II Pereira, F.C
Unidade II - A sociologia figuracional
2.1 O conceito de habitus social dos indivíduos em Nobert Elias.
Autor e obra:
O sociólogo judeu alemão Norbert Elias nasceu em 
Breslau em 1897 e morreu em Amsterdã em 1990. 
Obras: 
O processo civilizador (2 vols.) – 1939; 
Os estabelecidos e os outsiders – 1994 
 A sociedade dos indivíduos - 1987; 
 A sociedade de corte – 1969;
 Introdução à sociologia – 1970;
 Mozart: sociologia de um gênio- 1991
 Os alemães – a luta pelo poder e a evo-
lução do habitus nos séculos XIX e XX. -
Sua abordagem é chamada de “sociologia figuracional”, ou Teoria Configuracional da Sociedade isto é, que examina o surgimento das figurações sociais como consequências inesperadas da integração social. 
Conceitos-chaves: habitus social, configuração, processo e evolução.
“O processo civilizatório” (1939) é seu trabalho mais conhecido – uma analise dos efeitos da formação do Estado sobre os costumes e a moral dos indivíduos. 
Categorias de análise: “interdependência”, “função” e “coerção”....
Perspectiva processual do autor - sociologia figuracional e dos processos sociais.
No seu livro Introdução à Sociologia (1970), Elias toma uma posição critica em relação a “tradição sociológica” de Marx, Weber e Parsons e passa a repensar temas centrais – individuo, grupo e outros.
No capítulo 4 – características universais da sociedade humana – o autor discute os pronomes pessoais como modelos figuracionais.
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Elias afirma que “um dos modelos mais promissores que encontramos na nossa linguagem para uma formação não reificante (redução ao estado de coisas, alienação) de conceitos está nos pronomes pessoais”, eu, tu, ele, ela, nós, vós e eles.
“Caracteristicamente usamos numa mesma situação, o mesmo pronome pessoal, referindo-nos a várias pessoas. Isto porque os pronomes são relacionados e funcionais, exprimem uma posição que é relativa quer àquele que fala nesse momento quer a todo o grupo que comunica” (Elias,2008).
Portanto, “o conceito de “eu” – pronome da primeira pessoa – é sintomático da natureza de todo o conjunto, indicando a posição tomada pelas pessoas que comunicam nas suas relações umas com as outras.
Dessa forma o ser humano é a um só tempo, “individual e é essencialmente um ser social. Singularidade e totalidade.
Problema central: conexão entre Individuo e Sociedade
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Diagrama do modelo de senso comum: reificação do conceito de sociedade
Fonte: Elias, N. Introdução à Sociologia, 2008. p. 14. Fig. 1
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Diagrama do conceito de “sociedade” (Elias): pluralidade de indivíduos interdependentes
Fonte: Elias, N. Introdução à sociologia, 2008. p.15. Fig.2
O conceito de configuração – “simples instrumento conceitual que tem em vista afrouxar o constrangimento social de falarmos e pensarmos como se o “individuo” e a “sociedade” fossem antagônicos e diferentes.” (Elias, 2008).
Problema da teorias sociológicas, concepções acríticas sobre a pessoa e concepções das pessoas na sociedade. Na verdade são dois níveis diferentes mas inseparáveis no mundo humano.
A configuração, portanto se refere a estrutura de ações interdependentes, padrão mutável criado pelo conjunto dos “jogadores”, isto é, das relações que sustentam uns com os outros. No caso do exemplo – jogo de cartas – uma interdependência de aliados ou de adversários. 
Equilíbrio flutuante*: conceito de poder → conceito de substancia (“ego” = uma coisa) → conceito de relação.
* Este tipo de equilíbrio é uma característica estrutural do fluxo de cada configuração.
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O conceito de configuração difundido nos trabalhos de Norbert Elias enfatiza as ligações entre mudanças na organização estrutural da sociedade e mudanças na estrutura de comportamento e na constituição psíquica, pretendendo escapar do monismo metodológico que dicotomiza indivíduo (encapsulado) e sociedade (ente externo), assim como a tendência parsoniana de pensar a estrutura social como “estado” em equilíbrio ou “sistema social”. 
Como contraponto à noção de “estado”, Elias pensa “processo” ou “evolução”, mas não no sentido de uma necessidade mecânica ou de uma finalidade teleológica, mas sim para lembrar que a sociedade está sempre em mudança estrutural, o que significa um equilíbrio sempre tenso entre suas partes. Fazem parte da configuração os jogos de distinção social e os graus de controle de impulsos, cuja dinâmica está relacionada ao modo como se avançam as relações de interdependência com a divisão do trabalho na sociedade.
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A noção de configuração possibilita que se pense a relação entre controle de instintos e impulsos instintivos não a partir de metáforas espaciais como “dentro” e “fora”, “casca” e “cerne”, pois, tal como a natureza, o ser humano não tem núcleo ou casca. Tais metáforas não podem ser aplicadas à estrutura da personalidade, pois todo complexo de tensões – sentimentos e pensamentos, espontaneidade e comedimento – consiste em atividades humanas. 
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Deste modo, como alternativa aos habituais conceitos-substância “sentimento” e “razão”, Elias prefere o conceito de atividade que, além de ajudar a superar o monismo sociológico, possibilita livrar as investigações sociológicas de idéias preconcebidas que pensam a realidade a partir do que ela deve ser e não a partir do que é.(ELIAS, 1994[1]: 223-226)
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Leitura e análise do texto: Mudanças na Balança Nós - Eu (1987)
Discussão: Sobre o conceito – “balança nós-eu” – “a relação da identidade-eu com a identidade-nós do indivíduo (...) está sujeita a transformações especificas” (Elias,1994, p. 9).
Texto dividido em XV partes:
I – Introdução;
II – A relação entre indivíduo e sociedade se modificou e continua a se modificar;
III – Ligação entre o desenvolvimento de tipos mais populosos e complexos de unidades sociais (tribos,estados) e as crescentes oportunidades de individualização;
IV – Emancipação das ciências sociais e das c. naturais; 
V – Diferença entre pessoa singular e sua sociedade nos diferentes estágios de desenvolvimento(pressupostos da investig.) – definição de “habitus”;
VI – A identidade eu-nós – “como ser social e individual” e o processo de desenvolvimento;
VII – A Capacidade distintiva dos seres humanos de especular, “autoconsciencia”;
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Cont.
VIII – Mudanças de autopercepção e as mudanças sociais (desenvolvimento das línguas); Despojamento dos “nós” e os conflitos de afirmação da pessoa;
IX - Aspecto multiestratificado dos conceitos-nós, equiparado à pluralidade dos planos interligados de integração;
X – Os Estados nacionais como referencial da identidade-nós são realidades recentes;
XI – Habitus e os processos de desenvolvimento social;
XII – Formas sociais pré-estatais e sua sobrevivência em contextos de sociedades estatais – alternativas de integração estatal;
XIII – 1º nível de integração- deslocamento da função de unidade efetiva de sobrevivência;
XIV – 2º nível de integração – o desaparecimento da tribo ou Estado, como entidade autônoma – ruptura na cadeia de gerações; e
XV – 3º nível de integração – a humanidade – a última unidade eficaz de sobrevivência.
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Seqüência de estágios no desenvolvimento da balança nós-eu:
 Balança nós-eu 
 
 (nós)
 Estágios mais primitivos 
 (eu)
 Épocas mais recentes
 
 desenvolvimento da humanidade
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Planos de integração:
 
 nações
 cidades
 nós
 amigos 
 
 família 
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Processo social de transição da integração tribal para o Estatal
Estágio pré-estatal de desenvolvimento
 1- preservação da sua identidade (identidade-nós)
 Tribos 2- renuncia a uma parcela de sua identidade grupal
 (unidades pré-	 3- encapsulação de uma sociedade pré-estatal
 estatais) mais antiga numa grande sociedade estatal
Ex: Soc. Estatais norte-americanas do tipo 3: seitas cristãs, Máfia (...) índios norte-americanos transformados em trabalhadores industrializados, onde se dá a perda do habitus social tradicional (tipo 2).
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Habitus social (composição específica que compartilha com outros membros de sua sociedade) dos indivíduos -“características pessoais mediante as quais um indivíduo difere dos outros membros de sua sociedade” (p.150).
Aplicabilidade empírica do conceito de habitus social na investigação cientifica – “por exemplo, a idéia de que o individuo porte em si o habitus de um grupo e de que seja esse habitus o que ele individualiza em maior ou menor grau pode ser definida com um pouco mais de precisão” (p.151).
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“Elias considera um sujeito composto por várias “camadas”, produtos de experiências vividas ao longo de sua trajetória de vida.” (Setton, 2002). “Este habitus, a composição social dos indivíduos, como que constitui o solo em que brotam as características pessoais mediante as quais um individuo difere dos outros membros de sua sociedade. 
Dessa maneira, alguma coisa brota da linguagem comum que o individuo compartilha com outros e que é, certamente, um componente do habitus social – um estilo mais ou menos individual, algo que poderia ser chamado de grafia individual inconfundível que brota da escrita social”(Elias, 1994,p 150).
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Habitus, é uma “segunda natureza” (mudanças na estrutura da personalidade), “saber social incorporado” durante nossa vida em sociedade. 
O habitus é incorporado a partir da participação dos indivíduos na figuração – onde o ser humano é visto como personalidade aberta que possui algum grau de autonomia (mas nunca autonomia completa), mas que, na realidade, é orientado para outras pessoas e dependente delas – o que liga os seres humanos é justamente a rede de interdependências. 
Figuração - conceito proposto para substituir ao que é chamado de “sociedade”. Portanto, uma estrutura de pessoas mutuamente orientadas e dependentes.
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Comentário de Fábio Hahn:
Em A sociedade dos indivíduos, o autor mostra que o indivíduo e a sociedade não estão em oposição, pelo contrário, eles têm uma experiência comum. Esta, por muito tempo, parecia bastante distinta. Elias destaca como tal relação surge na concepção de um processo civilizador. 
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A idéia de jogo talvez seja a primeira aproximação necessária para o entendimento do conceito de configuração:
	Se quatro pessoas se sentarem à volta de uma mesa e jogarem cartas, formam uma configuração. As suas ações são interdependentes. Neste caso, ainda é possível curvarmo-nos perante a tradição e falarmos do jogo como se este tivesse uma existência própria. É possível dizer: «O jogo hoje à noite está muito lento!». Porém, apesar de todas as expressões que tendem a objetivá-lo, neste caso o decurso (duração) tomado pelo jogo será obviamente o resultado das ações de um grupo e indivíduos interdependentes. 
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Cont.
Mostramos que o decurso do jogo é relativamente autônomo de cada um dos jogadores individuais, dado que todos os jogadores têm aproximadamente a mesma força. Mas este decurso não tem substância, não tem ser, não tem uma existência independente dos jogadores, como poderia ser sugerido pelo termo «jogo». Nem o jogo é uma idéia ou um «tipo ideal», construído por um observador sociológico através da consideração do comportamento individual de cada um dos jogadores, da abstração das características particulares que os vários jogadores têm em comum e da dedução que destas se faz de um padrão regular
de comportamento individual .
Elias,N. Introdução à Sociologia. Lisboa, Edições 70, 1999, pp. 141-142.
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A configuração é entendida como um “padrão” criado pelos jogadores, padrão este mutável que compreende o conjunto criado pelos jogadores através de suas mentes, suas ações nas relações com os outros. (Elisa Pereira Gonsalves,) 
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“A partir dessas indagações vai se estruturando a grande tese de Elias, que entende que “A vida dos seres humanos em comunidade certamente não é harmoniosa” (ELIAS, 1994, p. 20), não somos certamente bons uns com os outros. Em sociedade a maioria das pessoas não se conhecem, porém existe uma ordem oculta que não é perceptível pelos sentidos, porque “Cada pessoa nesse turbilhão faz parte de determinado lugar” (ELIAS, 1994, p. 21), 
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famintos sem teto fazem parte da ordem oculta, pessoas que exercem ou exerceram algum tipo de renda, exerceram algum tipo de função, que ao passarem pela rua essa função passa junto com ela, portanto o que existe é uma ordem invisível entre as pessoas. Essa ordem invisível é uma rede de funções interdependentes pela qual as pessoas estão ligadas entre si tendo peso e leis próprias”. (Mendes e Mendes).
http://www.consciencia.org/norbert-elias-e-a-sociedade-dos-individuos
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