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CAPÍTULO 6: RESUMO E RESENHA NO CONTEXTO ACADÊMICO Rosineide Magalhães de Sousa* Introdução Neste capítulo, vamos estudar dois textos acadêmicos muito solicitados na universidade: o resumo e a resenha. Muitas vezes, pensamos que são textos simples, mas que suscitam dúvidas na hora de serem produzidos pelos alunos. Professores de diferentes áreas na universidade solicitam aos alunos que elaborem um resumo ou uma resenha de uma determinada obra, ou ainda que, ao ler um dado texto, apresentem como avaliação de aprendizado um desses gêneros textuais. Sabemos que há muitos modelos de resumo e de resenha na internet e instruções de como fazê-los. Assim como encontramos manuais didáticos e de redação científica que orientam a produção deles. Mesmo assim, os alunos ainda apresentam muita dificuldade em elaborá-los. Diante disso, este capítulo se dedica a contribuir com o processo de elaboração desses gêneros acadêmicos, trazendo algumas exposições, análises e reflexões com base em exemplos desses textos, para que possamos pensar mais sobre seu processo de construção, principalmente no nível de graduação, nos componentes “Leitura e Produção de Textos” e “Português Instrumental”. I - Resumo Elaborar resumos é uma prática que faz parte do nosso dia-a-dia. Quando participamos de certos eventos, como: uma reunião, uma conversa longa com alguém; ou quando assistimos a um filme, programa de televisão; lemos um livro, uma notícia de jornal; ou ainda presenciamos um fato, como um acidente na rua; se alguém nos pede para falar sobre um de desses fatos, muitas vezes, fazemos um resumo dele. Isto é, verbalizamos um resumo da leitura que fizemos de um desses eventos. Esse nosso resumo segue uma lógica de organização textual que leva nosso interlocutor a compreender o que estamos falando. Por exemplo: o resumo de uma reunião. ______________ *Professora Adjunta da Universidade de Brasília – UnB, da Área de Linguística. Ontem, participei de uma reunião sobre estágio, na Universidade de Brasília, com a presença de professores e alunos do curso de Letras. Discutimos a carga horária e o planejamento do estágio no ensino básico para este semestre. No Ensino Básico, desde os primeiros anos, os alunos fazem resumos orais ou escritos, de diferentes gêneros textuais que leem. Contudo, muitos estudantes elaboram resumos, mas sem seguir uma sistematização que é essencial para a produção desse gênero, ou porque eles não aprenderam o processo de fazer o resumo ou pelo fato de não terem compreendido esse processo. Na universidade, nos componentes “Leitura e Produção de Textos” e “Português Instrumental”, percebemos a dificuldade de muitos graduandos em elaborar um resumo. Essa dificuldade também se estende a estudantes de pós-graduação, principalmente na produção do resumo acadêmico. É necessário ressaltar que quando estamos nos referindo a resumos, estamos tratando das configurações que esse gênero pode apresenta conforme sua finalidade, contexto de produção e de circulação. Por exemplo: um resumo de romance literário é diferente do resumo acadêmico, assim como um resumo de filme, a sinopse, é diferente de um resumo informativo. Diante disso, cabe definir o resumo como: [...] Constitui, então, um gênero em que se reduz um texto qualquer, apresentando-se seu conteúdo de forma concisa e coerente, mantendo-se o tipo textual do texto principal. Também pode se referir a uma exposição (v.) sintetizada de um acontecimento ou de uma série de acontecimentos, das características básicas de alguma coisa, com a finalidade de transmitir uma ideia geral sobre seu sentido (COSTA, 2008, p. 160). Tomemos dois exemplos de resumo: Exemplo 1 O resumo do exemplo 1, que está registrado na Revista Planeta, apresenta informações sobre um estudo realizado pela Revista on line PLoS One, de cunho quantitativo, que diz respeito a danos causados à saúde dos habitantes de São Paulo. Quem elaborou esse texto destacou as ideias centrais do estudo que são importantes para os brasileiros, visto que a revista tem grande circulação, porque é acessada por pessoas de diferentes países do mundo. Metrópole perturbada Estudo da Revista PLoS One revela que 29,6% dos habitantes de São Paulo apresentam transtornos mentais. É o índice mais alto entre 24 países, à frente dos Estados Unidos, com menos de 25%. Os transtornos de ansiedade vêm em primeiro lugar (19,9% dos entrevistados), seguidos pelos transtornos de comportamento (11%), de controle de impulso (4,3%) e de abuso de substância (3,6%). (Fonte: Revista Planeta, jun/2012, Ano 40, Edição 477). Exemplo 2 Com a chegada da seca no sertão, Fabiano e sua esposa Sinhá Vitória, os dois filhos, o papagaio e a cachorra Baleia foram forçados a mudar. Caminharam por uma longa jornada na terrível seca. Antes que morressem de fome comeram o papagaio, seguindo a viagem o menino mais velho desmaiou, seguiram carregando o pequeno, foi assim que encontraram uma fazenda abandonada onde se instalaram. A seca acabou e Fabiano se acertou com o dono da fazenda. Era o vaqueiro daquela terra, logo houve uma ressurreição em todos e tudo. Os meninos, a cadela, Sinhá Vitória e o próprio Fabiano engordaram, na fazenda criaram porcos e bois. Em um dia Fabiano foi até a cidade comprar o que faltava em casa, antes de ir embora resolveu tomar um copo de cachaça, se sentia por todos enganado, acreditando que sempre lhe cobravam mais do que era certo, assim como o patrão que sempre lhe pagava menos com a história dos juros. Foi ai que um soldado amarelo apareceu e o chamou para um jogo de cartas, como o homem era autoridade aceitou, mas logo após a primeira rodada foi embora. O soldado lhe seguiu o perturbando até que Fabiano enraivecido xingou a mãe dele. Com isso foi para cadeia. A ignorância que a pobreza lhe causara não permitiu que ele se explicasse e assim ganhou uma surra e uma noite na prisão. Mesmo assim a vida melhorara, Sinhá Vitória acreditava que para a felicidade ser praticamente completa bastava uma cama de verdade diferente daquela que possuíam, feita de varas que os incomodavam durante o sono. Os meninos apenas se divertiam no barreiro junto com a cachorra Baleia. O mais novo em uma tentativa de imitar o pai tentou muntar um bode o que só lhe deu uma queda e humilhação por parte do irmão e de Baleia. E o menino mais novo buscando o significado de inferno apenas ficou chateado com a má vontade que lhe explicaram. O inverno chegou e a família se acalentava frente à fogueira onde travavam pequenas conversas primárias. O natal também chegou e com isto toda a família vestida de roupas novas que só lhes incomodavam, foi à missa, tanta gente os assustava e com a lembrança nunca esquecida da injustiça aprontada pelo soldado amarelo, Fabiano bebeu e saiu a desafiar os homens. Acabou deitado na calçada tirando um cochilo, enquanto Sinhá Vitória fumava e os filhos brigavam com Baleia por ter desaparecido. Depois desses tempos, Baleia adoeceu. Feridas apareceram, o pêlo caiu e ela emagreceu. Fabiano decidiu matá-la de forma rápida que lhe poupasse o sofrimento. Sinhá Vitória se trancou com os filhos e tampou-lhes os ouvidos. Fabiano com um tiro feriu o traseiro da cachorrinha que assustada se arrastou até os juazeiros onde sem compreender, morreu. Certo dia, caminhando pela caatinga, Fabiano se encontrou com o soldado amarelo que nunca esquecera. Precipitou-se erguendo o facão, mas parou antes de ferir o homem. Viu como ele era um frouxojá que nem se aguentava de tanto tremer. Ficaram frente a frente até que o soldado viu que Fabiano recuara, perguntou-lhe o caminho, Fabiano respondeu tirando o chapéu. No exemplo 2, temos um resumo (síntese) de dez parágrafos, em pouco mais de uma página, do livro de Graciliano Ramos, de 176 páginas, um clássico da literatura brasileira. No texto, percebemos, por meio dos parágrafos, a sequência do enredo da narrativa que, de certa forma, orienta o processo de sintetizar o texto. O resumo sintetiza uma história, com seus personagens, marcada pelos verbos no passado, indicando o tempo, e a palavra “sertão” que marca o espaço. O autor do resumo leu o romance, conforme sua compreensão leitora, foi apreendendo o sentido da linguagem escrita e sumariando cognitivamente esse sentido e, certamente, fazendo anotações que possibilitaram a elaboração do resumo da obra literária. Devemos nos atentar para a linguagem da obra que lemos para resumir. Alguns textos têm a linguagem mais complexa, mais rebuscada que outros textos, isso depende muito do estilo de escrita de seu autor. Por exemplo, um artigo de filosofia, dependendo do leitor pode-se tornar muito complexo de resumir, exigindo de seu leitor mais atenção. Há texto que temos de lê-lo várias vezes, para que haja a compreensão de suas ideias. Daí, a importância do conhecimento de estratégias de leitura e de escrita. As trapaças do patrão o perturbavam e as contas de Sinhá Vitória sempre mostravam que eles estavam sendo enganados, mas quando foi reclamar o patrão se encheu de fúria e disse que ele podia ir embora, Fabiano perdeu o emprego. Fabiano desculpou- se e foi embora. Nesse contexto a seca voltava. O bebedouro secava, o rio também, vinham ainda dezenas de pássaros que bebiam o pouco de água que restava aos bichos que emagreciam. Fabiano matava-os, mas eram muitos. Os que ele matava salgavam e guardavam. A seca chegou. Fabiano sabia que era hora de partir, de fugir, mas adiava. Foi então que matou o único bezerro que lhes pertenciam e salgaram junto a carne dos pássaros, trancaram a fazenda e partiram. Sem avisar. Fabiano se atormentava com as lembranças: o soldado amarelo, a cachorra Baleia, o cavalo que ficou pra morrer já que pertencia ao patrão e ele não podia levá-lo. Mas depois começaram a conversar e as léguas passaram sem nem verem, almoçaram e as esperanças de encontrar uma terra nova onde os filhos teriam futuros diferentes e eles um presente mais digno onde não precisariam fugir da seca, os levou embora. Fonte: Brasil Escola (Retirado do site: http://www.enemsimples.info/2011/05/resumo-livro-vidas-secas- graciliano.html#ixzz1wThuSu00. Acesso em 29/05/2012) Exemplo 3 – resumo acadêmico Podemos classificar o resumo do exemplo 3, como acadêmico, pois foi retirado de uma dissertação de mestrado, um gênero científico em que há a exigência de cumprimentos de regras de formatação conforme a Associação Nacional de Normas Técnicas (ABNT). Esse resumo apresenta formatação específica como: Referência: último sobrenome do autor (em letras maiúsculas); nome e sobrenome (primeiras letras do nome e sobrenome em maiúscula); título principal (em itálico e somente a primeira letra do primeiro nome do título em maiúscula); o subtítulo (não é escrito em itálico); identificação do trabalho (se monografia, dissertação ou tese); instituição onde foi realizado o trabalho; e por fim sua data de realização. O texto do resumo: apresenta tema, objetivo, o método, base teórica, os resultados e as conclusões. Sua estrutura sintática é composta de sujeito e predicado; voz ativa e passiva, formando um texto conciso, o que o torna claro e objetivo. Sua extensão é de 150 a 500 palavras, recomendável em único parágrafo. PEREIRA, Patrícia Vieira da Silva. O ato de ler: uma análise da prática da leitura em disciplinas do ensino médio. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação da Universidade de Brasília, 2007. RESUMO Esta dissertação apresenta estudo sobre o trabalho de leitura de textos desenvolvido em classe do ensino médio, observando aulas de Filosofia e Geografia em uma escola da rede pública de ensino do Distrito Federal. A pesquisa está norteada pela metodologia qualitativa e utilizou-se de pressupostos etnográficos para a geração de dados. A base teórica é formada pelos estudos do letramento, da leitura e da teoria dos andaimes. Na pesquisa, são analisados os fatores subjacentes ao trabalho com textos desenvolvido em sala de aula e, também as estratégias adotadas pelos professores colaboradores para a realização das atividades de leitura, destacando a importância da interação em sala de aula tendo em vista a construção conjunta do conhecimento. Com este estudo, espera-se promover a reflexão de que a leitura permeia o ensino- aprendizagem em todas as disciplinas, sendo papel de todos os educadores contribuir para o processo de letramento de seus alunos, oferecendo acesso aos diversos textos que circulam na sociedade e propondo estratégias pedagógicas facilitadoras da compreensão textual. Palavras-chave: Letramento. Leitura. Estratégias pedagógicas. Andaimes. Ensino Médio. Palavras-chave: estão localizadas logo abaixo do resumo. Elas identificam o conteúdo do texto e são separadas pelo ponto ( . ). Essa estrutura de resumo circula em trabalhos acadêmicos: teses, dissertações, artigos de periódicos, congressos, seminários, simpósios, encontros científicos, cadernos de resumos de eventos científicos, relatórios técnico-científicos entre outros contextos acadêmicos. Analisamos três tipos de resumos, todos eles apresentam informações sobre um determinado assunto, contudo circulam em diferentes suportes, o primeiro: Revista Planeta; o segundo: internet; e o terceiro: dissertação de mestrado. Cada um tem sua especificidade de formatação. Eles atendem a contextos diversos, dependendo da procura do leitor: o resumo do livro Vidas Secas talvez tenha grande circulação no Ensino Médio; o resumo do estudo da Revista talvez seja lido por pessoas interessadas em pesquisa sobre qualidade de vida nos grandes centros urbanos. E, o resumo do exemplo 3 tem grande circulação no meio acadêmico, que para nós é o mais relevante. Diante desses exemplares de resumos, podemos dizer que o resumo é um texto que sintetiza as ideias mais relevantes de um texto lido, apresenta progressão de sentido e economia de palavras. Há uma diversidade de resumos, que se configuram conforme a necessidade de comunicação e interação de seus elaboradores e leitores. Contudo, sabemos que o processo de elaborar um resumo passa por vários procedimentos e utilização de estratégias que envolvem leitura, compreensão leitora, interpretação, sumarização, verbalização oral ou escrita e principalmente finalidade e situação comunicativa. Processo de elaboração de resumo Neste tópico, abordarmos o processo de elaboração do resumo escrito, que também são comuns a outras produções, que são: 1. Leitura do texto que se pretende resumir: precisamos ler o texto original na íntegra, com o objetivo de apreender o sentido global desse texto. Alguns manuais de redação científica observam não ser necessário ler uma obra toda, no caso de alguns livros, para se colher informações relevantes para a elaboração de um resumo. Pois, na introdução e no prefácio de alguns livros, conseguimos informações para isso. Contudo, é aconselhável ler o original na íntegra, para exercitarmos a leitura, porque quanto mais lemos, mais nos tornamos leitores competentes.Vale ressaltar que alguns textos são mais complexos de ler do que outros. Esses mais complexos exigem mais leituras para que sejam compreendidos. Às vezes, a complexidade está no vocabulário, na estrutura sintática, no gênero do texto, ou no estilo de escrita do autor. E, ainda, no tema desconhecido que precisa de mais estudo. 2. Anotações de leitura ou sublinha de palavras-chave ou trechos do texto: muitas pessoas têm o hábito de ler e de fazer anotações sobre a leitura nos espaços em branco do próprio texto. Isso facilita a sumarização ou esquematização da leitura, posteriormente. Para alguns leitores, talvez sejam necessárias várias leituras acompanhadas de anotações no texto ou destaque de palavras ou trechos relevantes do texto lido. Devemos ter o cuidado nessa prática, pois algumas pessoas, que não têm o hábito da leitura, destacam trechos e depois, juntam esses trechos para compor seu resumo, que, na verdade, não é um resumo, mas um mosaico de trechos do texto original. Quando temos de elaborar um resumo de um texto muito grande, é importante na leitura do original, apreender o assunto central e sublinhar palavras ou trechos relevantes que vão nos ajudar a fazer o resumo. Pois, nesse processo ressignificamos a leitura, sem perder o foco de sentido do texto original. Por isso, é aconselhável fazer um esquema de escrita com orações ou períodos bem construídos que verbalizem nosso entendimento da leitura. Há manuais de redação que ensinam, com muita clareza, como fazer esquemas de anotações e trabalhar o processo de sublinhar. Saber fazer anotações e esquemas é muito importante para produção de qualquer gênero textual acadêmico, principalmente o resumo. 3. Leitura das anotações e sublinhas: é necessário, sempre que possível, voltar ao texto original e conferir as anotações que fizemos de sua leitura e também verificar se o que sublinhamos pode nos ajudar na elaboração do resumo. Esse é o momento de fazer, de fato, a seleção do que nos servirá na nossa produção. Nessa seleção, devemos conferir os assuntos mais relevantes e globais e descartar o que é periférico e detalhado. Vejam que nos três exemplos de resumos que analisamos, temos informações de um determinado assunto, mas sem detalhes ou exemplificações. Temos verificado, na experiência de aulas na graduação, no componente “Leitura e Produção de Textos”, que muitos alunos têm bastante dificuldade de selecionar da leitura de um texto original o que é sentido global e o que são os detalhes do assunto desse texto. Para sanar essa problemática, o trabalho com anotações esquemáticas vem sendo produtivo. Pois ao elaborar os esquemas, ordenamos ideias do texto lido, partindo das globais para as mais locais, ou seja, as mais detalhadas. Depois para elaboração de resumo, fica mais fácil. 4. Produção do resumo Com as anotações selecionadas, vamos escrever o resumo. Devemos saber que o resumo é um texto que traz informações novas ao leitor de forma clara, objetiva, concisa e com progressão de sentido. Para isso, o aluno (ou escritor) deve trazer ideias de sentido global; deve utilizar a sequência sintática: sujeito e predicado, voz ativa ou passiva do verbo, verbos no presente do indicativo (para os resumos acadêmicos), períodos curtos, conectivos que liguem as orações ou os períodos. Quanto ao tempo verbal, sabemos que nos resumos de romances e outros gêneros, os verbos são utilizados no passado. Não deve constar no resumo: juízo de valor e citações. 5. A utilização do resumo como estratégia de leitura e de escrita O resumo é um gênero textual, que se configura como um ótimo exercício de aprimoramento da leitura e da escrita, quando seguidas suas estratégias de produção como foi mostrado nos tópicos 1, 2 e 3. Muitos gêneros textuais escritos e até mesmo da oralidade se servem dos resumos para sua produção global. Por exemplo: para a produção de uma monografia, lemos diversos textos que vão fundamentar esse trabalho, depois fazemos resumos dos diferentes textos pesquisados e lidos. Posteriormente, esses resumos servirão para produzir um texto maior sobre o tema que estamos estudando. Verificamos, portanto, até aqui, a importância de exercitar a prática do resumo em nosso cotidiano e principalmente na produção acadêmica que requer mais rigor e sistematização desse gênero. Passemos para o estudo da resenha. II - Resenha Elaboramos resenhas sobre vários gêneros de textos: livros, capítulos de livros, artigos científicos, revistas, ensaios, teses, dissertações, monografias, relatórios, relatórios de pesquisa. Também produzimos resenhas sobre eventos: filmes, congressos, seminários, encontros científicos, festas, solenidades, partida de futebol, peça de teatro, enfim, podemos fazer resenhas sobre muitos eventos sociocomunicativos. Vamos encontrar resenhas em revistas, jornais, livros didáticos, periódicos científicos e, principalmente, na internet. Vamos perceber também as várias configurações de resenhas, isto é, os vários estilos de como elas são apresentadas, isso por causa do seu contexto de circulação, do objetivo de descrição, de quem são os leitores e também de quem escreve a resenha. Na escola de ensino básico, muitos professores já trabalham a resenha, mas ela é muito solicitada na graduação e na pós-graduação. Na graduação, geralmente no componente “Leitura e Produção de Textos” as resenhas são ensinadas. Mas, nem sempre os estudantes têm esse componente em seu curso, por isso quando precisam fazer uma resenha acadêmica têm muitas dúvidas de como elaborá-la. Daí vem uma questão: o que é mesmo uma resenha? Conforme Medeiros (2011, p. 147) a resenha é, portanto, um relato minucioso das propriedades de um objeto, ou de suas propriedades constitutivas; é um tipo de redação técnica que inclui variadas modalidades de textos: descrição, narração e dissertação. Estruturalmente, descreve as propriedades da obra (descrição física da obra), relata as credenciais do autor, resumo da obra, apresenta suas conclusões e metodologia empregada, bem como expõe um quadro de referências em que o autor se apoiou [...] apresenta avaliação da obra e diz a quem a obra se destina. Podemos dizer que a resenha se configura com algumas características que a definem que são: 1. Referência (bibliográfica). 2. Apresentação do/a autor/a da obra. 3. Traz uma síntese da obra (resumo) 4. Apresenta vários tipos de textos em sua elaboração: descrição, narração, exposição, dissertação. 5. Apresenta perspectiva teórica que fundamenta o texto resenhado e também metodologia utilizada pelo autor desse texto. 6. Faz avaliação da obra: reflexão crítica e implicações e, ainda, traça comentários pessoais, isto é, apreciação da obra. 7. Indica possíveis leitores para a obra. 8. Autoridade do resenhista (especialista no assunto da resenha) É muito importante entender que a resenha tem suas características próprias para se configurar como o gênero textual resenha, mas que o estilo da escrita dela é dado pelo seu elaborador. Por isso, vamos encontrar vários estilos de escrita de resenhas, contudo, elas não fugirão de se propósito de comunicação e de algumas características que lhes são obrigatórias. As resenhas são classificadas em descritiva e crítica. A descritiva descreve a obra sem fazer avaliação crítica. Já resenha crítica tem todas as característica da resenha descritiva mais a parte de avaliação crítica. É importante ressaltar que ao fazer uma avaliação crítica de uma obra, é necessário conhecer bem sobre seu assunto e não apenas tecer comentários opinativos, dúbios, sem fundamentos e que esses comentários sejam negativos, no sentido de serem pejorativos e de mau gosto. No que diz respeito às resenhas acadêmicas, elas seguem padrões rígidos de configuração conforme normas da ABNT (AssociaçãoBrasileira de Normas Técnicas). Vejamos alguns exemplos de resenhas: Exemplo 1: Resenha (acadêmica) crítica BORTONI-RICARDO, Stella Maris et alii. Leitura e mediação pedagógica. São Paulo: Parábola, 2012. O livro “Leitura e Mediação Pedagógica”, de 255 páginas, 4 partes e 10 capítulos, além da introdução e da conclusão, foi organizado por Bortoni-Ricardo e mais cinco pesquisadoras: Caroline Rodrigues, Cláudia Schmeiske, Iveuta Lopes, Paula Cobucci e Veruska Machado. Conta com a participação de 19 autoras que elaboraram os capítulos da obra, entre elas: algumas organizadoras. A maioria dos capítulos tem duas autoras. Essas autoras são pesquisadoras do projeto que traz o mesmo nome da obra. O projeto foi coordenado pela professora e pesquisadora Stella Maris Bortoni-Ricardo e tem o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O projeto propõe dois objetivos primordiais: investigar o conhecimento enciclopédico de crianças e jovens oriundos de redes sociais de cultura predominantemente oral, verificando a compreensão de textos que eles têm de ler para acompanhar o currículo escolar e investigar a interação professor (pesquisador) e colaborador (aluno) em contextos de leitura, com a mediação do professor para facilitar a compreensão leitora do aluno. Para a investigação, são utilizados, como metodologia, os protocolos de leitura e a Sociolinguística Educacional fundamenta a teoria do trabalho de pesquisa. O que motivou sua realização, como se pode ver na introdução escrita por 4 organizadoras, foram os resultados do Sistema de Avaliação do Ensino Básico (SAEB), que vêm demonstrando o baixo desempenho de compreensão leitora de nossos estudantes em relação a estudantes de outros países, da mesma faixa etária, como se pode verificar nos rankings, em que o Brasil aparece em posições inferiores, como se pode constatar no Exame Pisa, da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A Obra apresenta um planejamento da distribuição das 4 partes em que se localiza a leitura e a mediação leitora desde a Educação Infantil até a formação continuada de professores, com uma linguagem acessível e mediadora. A parte I – “Primeiros contatos com a leitura” – apresenta o capítulo 1: “A mediação da Leitura na educação infantil”. Este capítulo traz uma reflexão sobre a existência de práticas pedagógicas que podem e devem fazer parte das rotinas do contexto da Educação Infantil, com a finalidade de ajudar no processo de leitura. A parte II – “Consolidação da competência leitora no ensino básico” – reúne os capítulos 2, 3, 4, 5 e 6. O capítulo 2, “Leitura e interação no enquadre de protocolos verbais”, traz informações relevantes sobre o Projeto Leitura e Mediação Pedagógica, conceito de protocolos verbais e, principalmente, enfoca estratégias de leitura e de interação que são verificadas entre professor (mediador) e aluno (leitor). O capítulo 3, “Mediação: estratégia facilitadora da compreensão leitora”, mostra como as intervenções bem sucedidas na mediação funcionam como valiosa estratégia para facilitar a leitura e a compreensão de textos na fase dos anos iniciais de escolarização. O capítulo 4, “A mediação da leitura: do projeto à sala de aula”, enfatiza a reflexão sobre a prática pedagógica com base na mediação do ensino e a descrição da ressignificação de enquadres de leitura de textos de livros didáticos. “Experiências escolares para uma leitura eficaz” é o título do capítulo 5, que apresenta e discute o conhecimento enciclopédico, observado em momentos de interação entre professora e aluno. Fechando essa parte, o capítulo 6 – “Mediação pedagógica, leitura e escrita na escola básica” registra e analisa o acompanhamento pedagógico de dois grupos, de 6º ano, com dificuldades de leitura e de escrita. A parte III – “Leitura e inclusão social” - congrega os capítulos 7 e 8. O capítulo 7, “Mediação de leitura com aluno parcialmente surdo”, reflete sobre a compreensão de leitura do educando surdo e analisa o ensino de Língua Portuguesa na abordagem bilíngue, adotando-se a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) como língua materna do aluno surdo e a portuguesa como segunda língua. “Lendo matemática”, capítulo 8, visa demonstrar como os recursos mediados durante a leitura permitem o desenvolvimento concomitante de habilidades comuns ao português e à matemática sem que limites rígidos sejam estabelecidos e tem como finalidade contribuir para uma pedagogia da leitura. “A leitura na formação” – Parte IV – encerra o livro com os capítulos 9 e 10. “Leituras e mediação pedagógica junto a alunos de Letras”, capítulo 9, pesquisa questões de leitura com pessoas oriundas de redes sociais em que há predominância da cultura da oralidade e falantes de variedades linguísticas de pouco prestígio social. Por fim, “Leitura e mediação pedagógica no ensino fundamental: formação continuada de professores”, capítulo 10, analisa a contribuição de um curso de formação continuada de professores em nível de especialização para a formação de profissionais como mediadores de leitura. Essa obra traz várias formas de estratégias de leitura e de mediação pedagógica, isto é, como professores desde os anos iniciais até a especialização podem trabalhar estratégias de leitura e mediação, com base em metodologias diversas e formas de interação que conduzam ao trabalho específico com a leitura, com aporte teórico consolidado da Sociolinguística Educacional, que congrega conhecimentos da teoria da Sociolinguística Variacionista e Interacional, do letramento, da mediação entre outros conhecimentos. O livro contribui no sentido de dar grande importância à leitura não só falando sobre ela, mas mostrando, por meio de pesquisas, como alunos e professores reais lidam com as dificuldades de leitura e buscam soluções para a consolidação e proficiência da prática leitora em sala de aula. É um trabalho de grande valor teórico e prático, que congrega pesquisadores de duas áreas: linguística e educação. Parte de uma preocupação com o baixo nível de compreensão leitora dos educandos, mas que não fica só na preocupação: mostra estratégias mediadoras para tornar o trabalho com a leitura mais eficaz na escola e na formação de professores. É uma obra que deve ser lida e estudada por professores do ensino básico, de licenciaturas e outros cursos de graduação que lidam com a formação inicial e continuada de professores, de diferentes áreas e, também, por pessoas interessadas na abordagem temática que o livro traz. Identificação e análise de textualização da resenha Referência da obra. Na resenha acadêmica é obrigatório registrar essa parte inicial da resenha. Podemos perceber que em outras configurações de resenha essa informação vem dentro de parágrafo. BORTONI-RICARDO, Stella Maris et alii. Leitura e mediação pedagógica. São Paulo: Parábola, 2012. Descrição da obra e apresentação das organizadoras e registro sobre as autoras. A descrição e apresentação de autores variam conforme o objeto que foi resenhado. Neste exemplo, temos a descrição de um livro organizado e elaborado por várias pesquisadoras. O livro “Leitura e Mediação Pedagógica”, de 255 páginas, 4 partes e 10 capítulos, além da introdução e da conclusão, foi organizado por Bortoni-Ricardo e mais cinco pesquisadoras: Caroline Rodrigues, Cláudia Schmeiske, Iveuta Lopes, Paula Cobucci e Veruska Machado. Conta com a participação de 19 autoras que elaboraram os capítulos da obra,entre elas: algumas organizadoras. A maioria dos capítulos tem duas autoras. Essas autoras são pesquisadoras do projeto que traz o mesmo nome da obra. O projeto foi coordenado pela professora e pesquisadora Stella Maris Bortoni-Ricardo e tem o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Perspectiva teórica, que fundamenta o texto resenhado, e metodologia utilizadas pelas autoras deste texto. Registro da motivação de realização do trabalho de pesquisa que resultou no livro. Geralmente, as resenhas acadêmicas são elaboradas de trabalhos originais que apresentam uma fundamentação teórica e metodologia de investigação ou outro tipo de metodologia. O projeto propõe dois objetivos primordiais: investigar o conhecimento enciclopédico de crianças e jovens oriundos de redes sociais de cultura predominantemente oral, verificando a compreensão de textos que eles têm de ler para acompanhar o currículo escolar e investigar a interação professor (pesquisador) e colaborador (aluno) em contextos de leitura, com a mediação do professor para facilitar a compreensão leitora do aluno. Para a investigação, são utilizados, como metodologia, os protocolos de leitura e a Sociolinguística Educacional fundamenta a teoria do trabalho de pesquisa. O que motivou sua realização, como se pode ver na introdução escrita por 4 organizadoras, foram os resultados do Sistema de Avaliação do Ensino Básico (SAEB), que vêm demonstrando o baixo desempenho de compreensão leitora de nossos estudantes em relação a estudantes de outros países, da mesma faixa etária, como se pode verificar nos rankings, em que o Brasil aparece em posições inferiores, como se pode constatar no Exame Pisa, da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A parte I – “Primeiros contatos com a leitura” – apresenta o capítulo 1: “A mediação da Leitura na educação infantil”. Este capítulo traz uma reflexão sobre a existência de Síntese da obra. Descrição de todos os capítulos. Há resenhas em que só aprece o nome de alguns capítulos e comentários sobre alguns deles. Neste caso o resenhista resumiu o assunto de todos os capítulos, mas não citou o nome das autoras de cada capítulo. Isso foi uma escolha do resenhista. Se resenhamos os gêneros textuais acadêmicos, tais como: ensaios, artigos, capítulos de livros, relatórios etc., então a descrição será diferente. A descrição que fazemos do texto original, depende muito de como ele se configura, isto é, de como é sua apresentação, quanto à forma. práticas pedagógicas que podem e devem fazer parte das rotinas da sala de aula do contexto da Educação Infantil, com a finalidade de ajudar no processo de leitura. A parte II – “Consolidação da competência leitora no ensino básico” – reúne os capítulos 2, 3, 4, 5 e 6. O capítulo 2, “Leitura e interação no enquadre de protocolos verbais”, traz informações relevantes sobre o Projeto Leitura e Mediação Pedagógica, conceito de protocolos verbais e, principalmente, enfoca estratégias de leitura e de interação que são verificadas entre professor (mediador) e aluno (leitor). O capítulo 3, “Mediação: estratégia facilitadora da compreensão leitora”, mostra como as intervenções bem sucedidas na mediação funcionam como valiosa estratégia para facilitar a leitura e a compreensão de textos na fase dos anos iniciais de escolarização. O capítulo 4, “A mediação da leitura: do projeto à sala de aula”, enfatiza a reflexão sobre a prática pedagógica com base na mediação do ensino e a descrição da ressignificação de enquadres de leitura de textos de livros didáticos. “Experiências escolares para uma leitura eficaz” é o título do capítulo 5, que apresenta e discute o conhecimento enciclopédico, observado em momentos de interação entre professora e aluno. Fechando essa parte, o capítulo 6 – “Mediação pedagógica, leitura e escrita na escola básica” registra e analisa o acompanhamento pedagógico de dois grupos, de 6º ano, com dificuldades de leitura e de escrita. A parte III – “Leitura e inclusão social” – congrega os capítulos 7 e 8. O capítulo 7, “Mediação de leitura com aluno parcialmente surdo”, reflete sobre a compreensão de leitura do educando surdo e analisa o ensino de Língua Portuguesa na abordagem bilíngue, adotando-se a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) como língua materna do aluno surdo e a portuguesa como segunda língua. “Lendo matemática”, capítulo 8, visa demonstrar como os recursos mediados durante a leitura permitem o desenvolvimento concomitante de habilidades comuns ao português e à matemática sem que limites rígidos sejam estabelecidos e tem como finalidade contribuir para uma pedagogia da leitura. “A leitura na formação” – Parte IV – encerra o livro com os capítulos 9 e 10. “Leituras e mediação pedagógica junto a alunos de Letras”, capítulo 9, pesquisa questões de leitura com pessoas oriundas de redes sociais em que há predominância da cultura da oralidade e falantes de variedades linguísticas de pouco prestígio social. Por fim, “Leitura e mediação pedagógica no ensino fundamental: formação continuada de professores”, capítulo 10, analisa a contribuição de um curso de formação continuada de professores em nível de especialização para a formação de profissionais como mediadores de leitura. Comentários pessoais de conclusão sobre a obra. Isto é, comentários do resenhista. Essa obra traz várias formas de estratégias de leitura e de mediação pedagógica, isto é, como professores desde os anos iniciais até a especialização podem trabalhar estratégias de leitura e mediação, com base em metodologias diversas e formas de interação que conduzam ao trabalho específico com a leitura, com aporte teórico consolidado da Sociolinguística Educacional, que congrega conhecimentos da teoria da Sociolinguística Variacionista e Interacional, do letramento, da mediação entre outros conhecimentos. Avaliação da obra: reflexão crítica e implicações e, ainda, comentários pessoais, isto é, apreciação da obra. Indica possíveis leitores para a obra O livro contribui no sentido de dar grande importância à leitura não só falando sobre ela, mas mostrando, por meio de pesquisas, como alunos e professores reais lidam com as dificuldades de leitura e buscam soluções para a consolidação e proficiência da prática leitora em sala de aula. É um trabalho de grande valor teórico e prático, que congrega pesquisadores de duas áreas: linguística e educação. Parte de uma preocupação com o baixo nível de compreensão leitora dos educandos, mas que não fica só na preocupação: mostra estratégias mediadoras para tornar o trabalho com a leitura mais eficaz na escola e na formação de professores. É uma obra que deve ser lida e estudada por professores do ensino básico, de licenciaturas e outros cursos de graduação que lidam com a formação inicial e continuada de professores, de diferentes áreas e, também, por pessoas interessadas na abordagem temática que o livro traz. Exemplo 2: Resenha Descritiva O exemplo 1 configura-se uma resenha descritiva, retirando-se as partes que estão em negrito, que são comentários pessoais de conclusão sobre a obra e a avaliação, reflexão crítica, isto é a apreciação da obra. Exemplo 3 O exemplo 3 apresenta uma resenha de um artigo sobre como produzir a monografia final: um desafio ou uma obrigação. Foi elaborada por um aluno de graduação, no ano de2011. O resenhista traz partes obrigatórias da configuração de uma resenha: descrição da obra e de seu autor. Ele tece uma visão crítica do texto resenhado, mas que está toda centrada nas ideias da autora. Registra comentários de partes relevantes, isto é, de ideias centrais para sua compreensão do que é o sentido THEOBALD, Irmgard, Margarida. Produzir monografia final: um desafio ou uma obrigação? Revista Virtual P@rtes, 2010. Disponível em: http://www.partes.com.br/educacao.asp Acesso em: 22 mar. 2010. Resenha Produzir a monografia final: um desafio ou uma obrigação? Texto escrito por Irmgard Margarida Theobald, no qual apresenta propostas de visões diferentes para o conhecido TCC (Trabalho de Conclusão do Curso) e sua aplicação científica, é professora de Metodologia da Pesquisa em Educação e Metodologia da Produção Acadêmica e Científica nos Cursos de Pedagogia, Matemática e Física do Campus da UNIR - Universidade Federal de Rondônia de Ji- Paraná/RO. Após uma década atuando como orientadora Irmgard traz seu texto como apoio para concluintes de cursos e outros acadêmicos que se utilizam de formas científicas de publicações como artigos e monografias para suas etapas de aprendizagem, tentando moldar a visão de que a monografia não é o monstro que todos os universitários imaginam e muito mais do que pensam também não é apenas uma grande compilação de ideias alheias sem reflexões próprias. O artigo prossegue primeiramente questionando a funcionalidade da monografia, que obtém êxito em ressaltar o uso deturpado aonde o conhecimento propiciado pela mesma que deveria ser o foco é substituído por correria e grandes preocupações, segundo a autora o artigo cientifico de conclusão de curso é mais do que necessário como conhecimento de atuação para os alunos que pretendem ser licenciados, pois sintetiza a ordem de pesquisa e trabalho, com reflexões próprias e mais do que isso busca o aspecto principal de professores que é a organização educacional. Trazendo uma visão de uma monografia simplificada, mas sem perda de conteúdo, Irmgard suscita em seu texto a participação da ABNT como grande responsável pela melhoria de padronizações em textos científicos que anteriormente eram mais confusos ainda em relações a padrões e define o professor como o principal consumidor da monografia ressaltando sua identidade pesquisadora e criadora de conhecimento. global do texto original. Não faz indicação de leitura, deixando que a resenha diga por si só. No início da resenha, o elaborador registra o título que deve se do texto original, procedimento desnecessário para a resenha. Essa resenha tem um estilo um pouco diferente do outro exemplo, contudo não foge da configuração do gênero textual resenha. Processo de elaboração da resenha O procedimento essencial para se resenhar qualquer texto é lê-lo detalhadamente, pois não temos de ler um texto para simplesmente cumprir uma tarefa de resenhá-lo, mas com objetivo de aprender coisas novas sobre ele. Depois, para resenhar, precisamos também fazer um resumo do texto, daí seguimos os procedimentos de como fazer um resumo. Além disso, na elaboração da resenha, lidamos com outros procedimentos de produção de textos: descrever ou/e narrar, dissertar quando fazemos a avaliação do texto, aqui temos de utilizar a argumentação, para fazer a defesa do nosso ponto de vista sobre o texto original resenhado, no caso da resenha crítica. Também, dependendo do gênero do texto que se está resenhando, precisamos verificar nas regras da ABNT, como fazer a referência e também verificar as regras de formatação. Ainda temos de cuidar para que a resenha fique um texto de sentido claro ao nosso leitor. Considerações finais Neste capítulo, abordamos, de forma breve, dois gêneros textuais que são muito solicitados em vários contextos: o resumo e a resenha. Os dois apresentam uma diversidade de configurações que dependem de sua finalidade sociodiscursiva, isto é, de quem escreve a resenha ou o resumo, onde circula um ou outro, se é em revista, monografia, artigo científico etc., e quem são os leitores de um determinado tipo de resenha ou de resumo. Contudo, tanto o resumo acadêmico quanto a resenha acadêmica apresentam formatações bem rígidas, como vimos nos exemplos registrados. Cabem, então, atenção e critérios para sua elaboração e apresentação. Referências BRANDÃO, H. N. (Coord.) Gêneros do discurso na escola. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2001. BRONCKART, J.P. Atividades de linguagem, textos e discursos. São Paulo: Educ, 1999. COSTA, S. R. Dicionário de gêneros textuais. Belo Horizonte, Autêntica, 2008. DIONÍSIO, A . (Org). Gêneros textuais e ensino. 2. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002. DISCINI, N. O estilo nos textos. São Paulo: Contexto Acadêmico, 2003. FÁVERO, L. L.; KOCH, I. G. V. 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