Buscar

Politica para Rosseau

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

Prof.ª DRA. Angélica carlini
Facamp - 2011
CIÊNCIA POLÍTICA
1
JEAN JACQUES ROUSSEAU
Nasceu em Genebra, uma república protestante, em 1712 e faleceu em 1778 em Paris.
Sua mãe morreu no seu parto e seu pai era um simples relojoeiro. Teve infância pobre e seu pai teve que exilar-se abandonando os filhos. Viveu com um tio e depois em abrigos e orfanatos, passando por todo tipo de necessidades. 
Ele se destacou desde cedo por seu autodidatismo.
Exerceu várias atividades profissionais, inclusive como compositor musical.
Alcançou notoriedade pública com a obra Discurso sobre a Ciência e as Artes, com a qual ganhou um importante concurso promovido pela Academia de Dijon.
Era muito admirado pelo grupo de intelectuais franceses que lideravam o movimento iluminista.
2
JEAN JACQUES ROUSSEAU
Suas obras Emilio e Do Contrato Social foram condenadas pelas autoridades de Paris e de Genebra, o que obrigou Rousseau a se refugiar em um território prussiano na Suíça.
Foi bastante perseguido por suas ideias políticas religiosas e em 1765 se refugiou na Inglaterra a convite de David Hume, importante filósofo.
Voltou a França em 1767, casou-se e teve cinco filhos todos entregues a orfanatos porque Rousseau alegava que era pobre e não poderia criá-los.
Durante a Revolução Francesa, em 1794, seu corpo foi levado para o Panteão de Paris onde foi enterrado ao lado de seu desafeto Voltaire.
3
O MUNDO EM QUE ROUSSEAU VIVEU
O século XVIII é conhecido como “século das luzes” por ter sido o momento em que ocorreu um movimento intelectual que ficou caracterizado pelo profundo otimismo sobre a capacidade da razão orientar a humanidade para o progresso e a emancipação;
Impulsionado pelos avanços da ciência experimental, o iluminismo pretendia aplicar o teste da razão a todas as áreas do conhecimento, para com isso construir um conhecimento sólido, afastado das crendices e da insegurança.
A razão seria o guia da história humana e conduziria ao progresso econômico, moral e social, bases para um mundo em que a humanidade seria mais livre e mais feliz.
4
O MUNDO EM QUE ROUSSEAU VIVEU
5
 Os filósofos do chamado “século das luzes” defendiam que a difusão do saber era o meio mais eficaz para colocar fim às superstições, à ignorância e ao preconceito.
Acreditavam estar dando um enorme contribuição para o progresso do espírito humano.
A exaltação da razão era a característica fundamental daquele momento do pensamento filosófico e Rousseau constrói suas reflexões a partir da crítica a esse movimento.
Rousseau questiona o tipo de saber que estava norteando a vida dos homens, critica a ciência que se pratica por orgulho, pela busca da glória e da reputação, sem levar em conta o verdadeiro amor pelo saber.
Para ele esse tipo de ciência não conduziria a nenhuma melhora, ao contrário, era apenas uma caricatura, uma compilação de autores de segunda categoria.
AS PRINCIPAIS IDEIAS DE ROUSSEAU
6
Para ele a verdadeira filosofia é a virtude, esta ciência sublime das almas simples, cujos princípios podem ser encontrados em todos os corações.
Para se conhecer suas leis basta voltar-se para si mesmo e ouvir voz da consciência no silêncio das paixões.
O papel das ciências e das artes era impedir que a corrupção fosse maior, porque Rousseau entendia que já quase não haviam mais homens virtuosos mas apenas alguns menos corrompidos que outros.
As ciências e as artes contribuíram para a corrupção dos costumes, mas poderiam ser utilizadas para outros fins, daí a sua importância.
 AS PRINCIPAIS IDEIAS DE ROUSSEAU
7
Para Rousseau “(...) embora todas as ciências tenham feito mal à sociedade é essencial servir-se delas, como de um remédio para o mal que causaram ou como um desses animais maléficos que é preciso esmagar sobre a mordida.”
Ele destoa muito de seus contemporâneos. 
Ele desconfiava da utilidade do conhecimento produzido por duas razões: a pobreza, a inferioridade e a ausência de liberdade do mundo não-letrado o faziam indagar em que o conhecimento havia contribuído para a administração pública; e, a futilidade, a arrogância e a vaidade do mundo dos letrados o faziam indagar qual a utilidade desse conhecimento.
AS PRINCIPAIS IDEIAS DE ROUSSEAU
8
Ao participar do concurso promovido pela Academia de Dijon, Rousseau deveria responder a seguinte pergunta: “ O restabelecimento das ciências e das artes teria contribuído para o aperfeiçoamento dos costumes”?
Ele responde negativamente a essa pergunta e constrói um diagnóstico de que a degeneração humana será provocada pelo avanço da ciência e da técnica (!!!!).
Ele associa as ciências e as artes com a proliferação dos vícios humanos como a vaidade, o orgulho e o egoísmo.
Essa denúncia está presente em sua obra Discurso sobre as Ciência e as Artes”.
AS PRINCIPAIS IDEIAS DE ROUSSEAU
9
A originalidade do pensamento de Rousseau está em buscar o Homem em sua totalidade, na sua verdadeira interação com a natureza.
O Homem não é apenas razão, é também sentimento.
O ser humano em sua verdade profunda, no contato profundo com a natureza mais do que pensar, sente.
“Para nós, existir é sentir; nossa sensibilidade é incontestavelmente anterior à nossa inteligência, e tivemos sentimentos antes de ter ideias.” (Rousseau em Emílio)
AS PRINCIPAIS IDEIAS DE ROUSSEAU
10
Rousseau identifica os processos civilizatórios como responsáveis pela perda progressiva da liberdade e das exigências morais mais autênticas da natureza humana, que são substituídas por uma cultura intelectual que valoriza a reprodução de um grande número de necessidades artificiais.
Para ele o homem selvagem, não civilizado, é visto como possuidor de uma existência mais feliz e livre, porque é capaz de garantir sua subsistência com plena independência e de satisfazer seus desejos naturais com relativa facilidade.
Ele deseja utilizar as ciências e as artes para combater o mal que elas próprias criaram na humanidade.
AS PRINCIPAIS IDEIAS DE ROUSSEAU
11
A busca por um modelo político adequado a humanidade deve partir da análise do estado em que esta mesma humanidade se encontra, ou seja, para combater a degeneração moral é preciso um amplo conhecimento sobre o estado atual, única forma de poder corrigi-lo.
Ele é herdeiro da tradição contratualista que o antecedeu, mas o debate em torno de uma fundamentação legítima para o Estado e da natureza do poder soberano é apenas preliminar no pensamento de Rousseau, porque ele vai trazer novos problemas para serem objeto de reflexão.
AS PRINCIPAIS IDEIAS DE ROUSSEAU
12
Ele critica que os estudiosos tenham buscado o Homem no estado de natureza a partir das lentes da condição humana presente, ou seja, sem levar em conta os estágios mais primitivos.
O problema dos contratualistas é não ter conseguido escapar de atribuir vícios da própria civilização ao estado de natureza.
Ele opta por trabalhar em um plano de hipóteses e não empiricamente, porque entende que o método empírico está contaminado pela visão do mundo a partir do estado do presente.
Para ele os estudos “falavam do homem selvagem e descreviam o homem civil.”
AS PRINCIPAIS IDEIAS DE ROUSSEAU
13
O Homem no estado de natureza não se utiliza dos engenhos, não necessita de ferramentas ou de técnicas, nem da palavra, nem do domicílio, nem da guerra e nem do vínculo com seus semelhantes.
É totalmente contrário ao que se vê na vida em sociedade, porque não existem vícios e nem necessidades artificiais criadas em civilização.
Ele estabelece duas ordens de diferença entre os seres humanos: as físicas ou naturais (idade, saúde, compleição física) e as morais e políticas (riqueza, poder, obediência), que são originárias do consentimento humano.
Ele vai estudar fundamentalmente as desigualdades morais ou políticas.
AS PRINCIPAIS IDEIAS DE ROUSSEAU
14
A maior característica do Homem no estado de natureza é a liberdade.
O Homem não está adstrito aos demais e nem às leis ou convenções de outrem.
Se alguém o impede de deitar embaixo de uma árvore, ele procura outra. Se o impede de pegar um fruto
ele procura outro, porque existe em quantidade e não há necessidade de conflito. 
O Homem está limitado a sua relação com a natureza, depende dos recursos naturais para tudo, mas em relação aos outros homens ele é livre. 
AS PRINCIPAIS IDEIAS DE ROUSSEAU
15
O Homem natural tem a capacidade de se aperfeiçoar de forma permanente.
É a liberdade que permite o aperfeiçoamento.
A liberdade também pode conduzir ao rebaixamento a um nível pior que o dos animais, em razão do instinto.
Mas o Homem natural de Rousseau também é provido de amor próprio, ou seja, luta para sua conservação e de piedade inata, na medida que as dificuldades da vida natural fazem com que se identifique com os demais homens que sofrem.
O homem selvagem não se projeta para além de suas necessidades, basta-se a si mesmo, mas, ao mesmo tempo, enfrenta dificuldades e limitações oriundas da condição de natureza.
AS PRINCIPAIS IDEIAS DE ROUSSEAU
16
Essas ideias contrastam com as de Hobbes. Para Rousseau não é possível transferir os vícios que são do estado de civilização para o estado de natureza.
O Homem natural de Rousseau é o bom selvagem enquanto o Homem natural de Hobbes é o lobo do próprio homem.
Para Rousseau é a apropriação dos bens naturais por alguns que gera a vida social. 
Não é a vontade dos indíviduos como queriam Hobbes e Locke, mas a apropriação de conhecimento (metalurgia e agricultura) por alguns e não por todos, levou a divisão do trabalho e ao exercício do poder de alguns sobre outros – a partir dai os bens da natureza passaram a ser propriedade de alguns.
Isso fez germinar a escravidão e a miséria, instaurou o conflito e, por isso, surge o direito como “enganação coletiva”. 
AS PRINCIPAIS IDEIAS DE ROUSSEAU
17
O estado de guerra se instala entre os homens quando começa haver a apropriação. Quando todos eram livres para usar o necessário para sua sobrevivência não havia motivo para conflitos, mas a apropriação dos bens e a hierarquização entre os homens torna mais evidente a avareza e a maldade entre eles e dai surgem os conflitos.
Com o estado de guerra instaurado a partir da propriedade privada e da competição entre os homens, os ricos pensam em ludibriar os pobres dando-lhes a promessa de que instituições seriam construídas para dar garantias a todos.
O Estado e o Direito são criados como forma de legitimar e de garantir a permanência da desigualdade. 
A ordem política e jurídica são fruto de um contrato social espúrio, criado para controlar o acesso a propriedade e para validar a desigualdade.
AS PRINCIPAIS IDEIAS DE ROUSSEAU
18
“Tal foi ou deve ter sido a origem da sociedade e das leis, que criaram novos entraves para o fraco e novas forças para o rico, destruíram em definitivo a liberdade natural, fixaram para sempre a lei da propriedade e da desigualdade, de uma hábil usurpação fizeram um direito irrevogável e, para o lucro de alguns ambiciosos, sujeitaram daí para frente todo o gênero humano ao trabalho, à servidão e à miséria. 
Rousseau escreve o Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens com violenta crítica à condição humana presente e seu sentido histórico. 
Para ele a vida em sociedade corrompe o Homem.
O CONTRATO SOCIAL DE ROUSSEAU
19
O Contrato Social foi escrito por Rousseau depois do Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens.
Na primeira obra ele analisa a vida do homem no estado de natureza e sua saída para o sociedade, por via de um contrato social espúrio.
Na obra o contrato social ele começa a pensar a possibilidade de construção de uma outra ordem jurídica, política e social, de uma transformação da sociedade existente àquela época.
O CONRATO SOCIAL DE ROUSSEAU
20
O Contrato Social é uma obra que traça um dever-ser de um mundo que tenta alcançar formas de justiça possíveis para um mundo onde vigora a desigualdade e a miséria.
O contrato social permitirá que todos os homens constituam um corpo no qual sua força individual passa a ser a força dessa coletividade. A liberdade individual será mantida, porque sua vontade está dentro do todo e a diretriz da coletividade será alcançar e concretizar o bem comum.
O Homem estará submetido a lei que é fruto de sua própria vontade, porque o contrato social conjuga liberdade e obediência.
O Homem não é mais um indivíduo isolado, mas um membro do todo.
O CONTRATO SOCIAL DE ROUSSEAU
21
A teoria de Rousseau é radicalmente democrática. Ninguém renuncia a direitos para dá-los a um monarca, como no pensamento de Hobbes.
Os indivíduos entregam seus direitos a uma totalidade da qual são parte e se tornam elementos ativos dessa entidade política. O que ele propõe é cidadania ativa.
Rousseau enxerga o indivíduo como membro ativo de uma comunidade e isso faz com que seja, ao mesmo tempo, um súdito das leis do Estado e um cidadão que participa ativamente da autoridade soberana.
O CONTRATO SOCIAL DE ROUSSEAU
22
A submissão total do indivíduo é a si próprio e não ao soberano. O Estado não é distinto de seus membros, é formado por eles.
Os indivíduos participam da consecução do interesse comum, porque esse interesse é o seu interesse individual também.
O elemento fundamental da teoria de Rousseau no contrato social é a vontade geral.
A vontade geral é a diretriz de toda a vida social organizada. Os interesses pessoais que se contraponham à vontade geral serão ilegítimos.
Não é o instrumento formal do contrato atribuindo poder a terceiros que legitima o pacto, mas a busca permanente pela consecução da vontade geral, do bem comum. 
O CONRATO SOCIAL PARA ROUSSEAU
23
Rousseau aponta a educação (na obra Emílio) como sendo o caminho capaz para que os indivíduos abandonem os seus próprios interesses em favor dos interesses gerais.
Mas no plano prático, aponta que as leis deverão ser impessoais, gerais e universais e, terão que se ater a dois objetivos essenciais: a liberdade e a igualdade.
A lei consubstanciará a vontade geral.
Na fórmula da liberdade e da igualdade como orientadoras da vontade geral está a contribuição de Rousseau ao movimento revolucionário que culminou com a Revolução Francesa.
O CONTRATO SOCIAL PARA ROUSSEAU
24
Livre é aquele que segue a lei por ele mesmo determinada.
O Estado é resultado de uma associação de membros que conservam sua participação ativa.
Os indivíduos não delegam poderes a terceiros, porque o poder será exercido por seus membros.
O governo é subordinado ao povo. 
É dividido em Legislativo e Executivo.
O poder que se eleva acima do povo se degenera e deve ser removido do cargo pela vontade popular.
Soberano é o povo. Os governos se degeneram quando os governantes colocam seus interesses acima dos interesses da vontade geral. 
A virtude do governo está na participação política direta do soberano, que é o povo. 
O CONTRATO SOCIAL PARA ROUSSEAU
25
Ele aponta para a necessidade de assembleias permanentes que reúnam os cidadãos, para que eles deliberem a respeito das leis e dos administradores públicos, podendo revogar leis e remover administradores.
A democracia direta e ativa pode impedir a degeneração do Estado, porque faz com que o povo não delegue sua soberania.
A educação e a formação moral dos cidadãos são consideradas também como ferramentas para a resistência do povo contra o perecimento do Estado.
É por essas ideias que Rousseau se refere a religião civil que diferentemente das religiões tradicionais, instaure nos cidadãos o culto à pátria e à solidariedade, como forma de consolidar a sociabilidade dos homens e a sensação de pertencimento a um corpo único.
ROUSSEAU E O DIREITO NATURAL
26
Rousseau é considerado um jusnaturalista, porém bastante diferente dos outros.
O direito natural para ele não é uma fonte de mera contemplação. Ao contrário, o direito natural é dinâmico porque o sentido de justo é uma mudança dos homens, que devem transformar seu individualismo em solidariedade.
O justo vai se concretizar historicamente, de acordo com a trajetória histórica de cada povo, de suas condições e
necessidades.
Ele não propõe a volta ao entendimento da vida em natureza, mas porque aponta que é possível uma outra natureza humana, um outro guia natural que não aqueles deturpados pelo sentimento egoísta.
As ideias de Rousseau foram fundamentais para a Revolução Francesa e continuam sendo utilizadas por adeptos da democracia participativa e do republicanismo comunitário.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais