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Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos PESTICIDAS (Agrotóxicos, Defensivos Agrícolas) Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Aumentam a produção agrícola, pois: • Matam pragas que destroem plantações • Atuam sobre plantas daninhas Vantagens do Uso •AGROTÓXICOS • Lei nº 7.809/1989 – Decreto nº 4.074/2002 http://www4.anvisa.gov.br/AGROSIA/asp/frm_dados_agrotoxico.asp?iVarAux=1&MarcaCod=714 2 Mas, o uso tem sido abusivo O Brasil consome anualmente mais de 80 mil toneladas de agrotóxicos e desde 2008 tem sido o maior consumidor mundial, superando os Estados Unidos Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Muitos pesticidas causam sérios danos ao meio ambiente e à saúde de seres vivos: Podem concentrar-se em altos níveis na cadeia alimentar; Raramente afetam uma única espécie; 3 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Podem sofrer riscos imediatos ou apresentar efeitos posteriores à exposição (p. ex., câncer), indivíduos que: Ingerem alimentos contaminados com pesticidas Que têm contato direto ou indireto com esses produtos; Produzem ou aplicam esses compostos. 3 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 1. Faixa estreita de ação: age sobre uma única espécie de organismo 2. Facilmente degradado: decompõe-se natural ou biologica- mente em compostos inofensivos (H2O, CO2, O2) 3. Permanece no local de aplicação: não desloca-se pelo meio ambiente No entanto: os pesticidas não apresentam comportamento ideal, têm amplo espectro de ação e raramente afetam uma única espécie Comportamento Ideal de um Pesticida 4 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 5 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos CLASSE GRAU COR DA FAIXA Classe I Extremamente tóxicos Vermelha Classe II Altamente tóxicos Amarela Classe III Medianamente tóxicos Azul Classe IV Pouco tóxicos Verde Classificação: conforme a toxicidade 6 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos INSETICIDAS Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Principal categoria dos pesticidas. São classificados em grupos conforme a estrutura química. Principais: Hidrocarbonetos Clorados, Organofosforados, Carbamatos e Piretróides INSETICIDAS DL50 (dérmica ou oral) Dose necessária (mg/kg de peso corpóreo) para matar 50% de uma população de cobaias Quase todos atuam no sistema nervoso central bloqueando a enzima acetilcolinesterase, importante na função nervosa. 8 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos • Amplo espectro de ação • Degradam-se lentamente, persistindo nos organismos e no meio ambiente. • Pouco solúveis em água mas são lipossolúveis, armazenando- se em gorduras. • Quando a gordura é metabolizada podem ser liberados para a corrente sanguínea podendo ter sérios efeitos. Foram muito usados (1940 - 60), mas hoje o uso é restringido devido sobretudo, à persistência Hidrocarbonetos Clorados 9 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 1.DDT (dicloro-difenil-tricloro-etano) DL50 = 87- 500 mg/kg • Não há indícios que em concentrações até 25 ppm na gordura ou em tecidos humanos cause efeitos fisiológicos. • Persistente e pode permanecer ativo por vários anos (encontrado em quase todo o mundo, ocorrendo no ar, água da chuva, gordura de pássaros e peixes e até em regiões inóspitas como a Antártica. • Pouco solúvel em água 10 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos O DDT atua no sistema nervoso central bloqueando a enzima acetilcolinesterase, importante na função nervosa. Acetilcolina Colina Ácido Acético Acetilcolinesterase Existem 2 motivos que atenuam os efeitos: 1º) Não rompe a membrana sináptica* dos animais de sangue quente (o que não ocorre com peixes) *sinapse: contato entre 2 neurônios vizinhos que permite a propagação de impulsos nervosos de uma célula à outra 11 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 2º) Processos enzimáticos de vertebrados removem átomos de cloro formando DDE, que não inibe a colinesterase, mas também é tóxico, porém em menor proporção. DDT DDE 12 Ação do DDT sobre ovos DDT converte-se a DDE no organismo de pássaros. Influência sobre as aves: queda de reproduti- bilidade e a produção de ovos com cascas muito frágeis: causa disfunção hormonal, alterando a deposição de cálcio. Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 13 Lei nº 11.936 (14/05/2009): proíbe a fabricação, importação, exportação, manutenção em estoque, comercialização e uso de DDT Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 2. Dieldrin (DL50 = 46-63 mg/kg) e Aldrin (DL50 = 39-60 mg/kg) 14 • Na Grã-Bretanha foi usado para tratar sementes contra larvas de insetos. Faisões e pinguins que ingeriram as sementes morreram e outros animais que se alimentaram das espécies contaminadas sofreram envenenamento secundário. • Proibido na América do Norte e parte da Europa Ocidental. • São tóxicos ao homem e degradam-se lentamente na água e acumulam-se nos sedimentos. • Dieldrin: é muito tóxico a mamíferos e mais tóxico aos vertebrados que DDT. Persiste e tende a acumular-se nos tecidos gordurosos. Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Dieldrin foi detectado no leite de mães cujas residências foram dedetizadas. A contami- nação foi sobretudo através da via pulmonar. 15 Dieldrin Aldrin: muito estável e permanece no solo por 10 a 12 anos. • Age por contato e ingestão. Converte-se rapidamente ao Diel- drin, mais resistente à biotransformação e à degradação abiótica. • Possui características de bioacumulação e biomagnificação e atravessa a barreira placentária sendo detectado no sangue, no tecido adiposo e em outros órgãos do feto, do neonato e do bebê. Efeitos: cefaleia, tontura, náusea, vômito, tremor muscular, con- vulsão. Estudos sugerem incidência de câncer hepático e biliar à exposição conjunta ao aldrin, dieldrin e endrin (não comprovado). Aldrin Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 16 O dieldrin é muito mais tóxico que o aldrin. Por ser lipossolúvel armazena-se no tecido adiposo humano. ORGANOCLORADO PERSISTÊNCIA (95% DO PRODUTO) DDT 4 a 30 anos Aldrin 1 a 6 anos Lindane 3 a 5 anos Clordane 3 a 5 anos Carcinogenicidade: suspeitos como indutores de neoplasias Reprodução: atravessam a placenta (1/3 do teor médio no sangue do feto em relação ao sangue materno); níveis mais altos no leite do que no sangue materno; incidência de abortos e natimortos. Efeito Neurotóxico: relação entre a exposição e Parkinson Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Contêm um átomo de P centralpentavalente ligado a: Inseticidas Organofosforados 17 1) Um átomo de O ou S (dupla ligação); 2) Grupos etoxi _OCH2CH3 ou metoxi _OCH3 (ligação simples) 3) Um átomo de O, S ou C (ligação simples a um grupamento R de cadeia mais longa e complexa) Tipo A Tipo B Tipo C Tipo D Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Perigosos, pois são tóxicos não apenas a insetos, mas a outros animais. A toxicidade a humanos é comparável à estricnina*, arsênio e cianetos. (*alcaloide muito tóxico extraído de nozes). Também concentram-se nos tecidos gordurosos. Problemas imediatos de saúde podem surgir a partir da exposição por: Inalação Ingestão Absorção pela pele No entanto: Não persistem no ambiente tanto tempo quanto os organo- clorados, pois são degradados por microorganismos. 18 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Organofosforado Colinesterase inativada Hidrólise da acetilcolina bloqueada Acúmulo de acetilcolina Sistema nervoso afetado Acetilcolina Ação Tóxica: fosforilam estearases vitais agindo especialmente sobre a colinesterase, enzima importante na hidrólise da acetil- colina. O átomo de fósforo inativa a enzima causando acúmulo de acetilcolina. O Sistema Nervoso Central (SNC) é afetado: 19 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 1. Malation DL50 = 1375 mg/kg Permanência no solo e água: 2 dias. É usado em sprays antimosca e na agricultura. É o mais importante organofosforado do tipo C. Fracamente solúvel em água, mas muito solúvel em solventes orgânicos. Efeitos: Anorexia, náusea, vômitos, diarréia, salivação, cons- trição da pupila, broncoconstrição, convulsões, coma, parada respiratória. Esses efeitos são cumulativos. 20 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Se degrada em organismos vivos e é metabolizado diferente- mente por insetos e vertebrados (aos quais é menos tóxico). 21 O fígado humano não remove enxofre (felizmente!) Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Toxicidade: inibe irreversivelmente a acetilcolinesterase nos terminais nervosos Acúmulo da Acetilcolina 22 Sistema Nervoso Central: depressão do SNC, agitação, confu- são, delírio, coma, convulsões. Crianças: depressão do SNC, estupor (estado de consciência ou sensibilidade parcial ou insensibilidade acompanhada por pro- nunciada diminuição da faculdade de apresentar reações moto- ras), flacidez, dispnéia (falta de ar) e coma. Em virtude da acetilcolina ser um neurotransmissor a com- taminação de um indivíduo pelo organofosforado afeta o processo de aprendizagem e a memória. Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 2. Paration Dose letal: 120 mg(adultos); 2 mg (crianças) Organofosforado do tipo B. Muito mais tóxico que o malation. Muito usado no controle de insetos que atacam as culturas de algodão, milho, soja, cana-de-açúcar. Na aquicultura é adicionado em tanques de cultivo de peixes para combater os estágios larvais de insetos predadores. 23 Organofosfo -rado - tipo C Classificação da EPA (Environmental Protection Agency): Pesticida de Uso Restrito, classe toxicológica dos compostos “extremamente tóxicos” (Classe I). Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Quando absorvido é dessulfurado e se biotransforma, passando ao metabólito ativo paraoxon, muito mais tóxico: O paraoxon reage com o grupo –OH da colinesterase, liberando nitrofenol: 24 Irrita: nariz, garganta, olhos, pele. Se inalado ou ingerido: causa dor de cabeça, náusea ou perda da consciência. Infelizmente, do mesmo modo que o tecido gorduroso dos inse- tos, o fígado humano remove rapidamente o átomo de enxofre muito perigoso a humanos, tendo sido registrados casos de envenenamentos por simples contato dérmico. Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Não é específico: dizima insetos, pássaros, outros animais. Evidências de pesquisas com cobaias animais: prováveis atividades carcinogênicas a humanos e efeitos tóxicos a fetos. Porém, não induz defeitos congênitos. Intoxicação: ingestão, via respiratória e ocular, absorção cutânea. Apesar disso, o paration é um inseticida organofosforado ainda muito usado 25 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Derivados do ácido carbâmico H2NCOOH. Têm amplo espectro de ação e são menos tóxicos a animais superiores que organofosforados. São mais biodegradáveis que os organoclorados. Atuam acilan- do resíduos de serina na acetilcolinesterase: o grupo R2NCO - é transferido a grupos hidroxílicos da serina e a enzima se hidro- liza lenta e espontaneamente. Carbamatos 26 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Responsáveis por várias intoxicações por ingestões acidentais ou intencionais. Crianças em tenra idade são muito susceptíveis, pois os carba- matos agem sobre o sistema nervoso durante o desenvolvimento podendo causar danos permanentes como retardamento motor e mental, ou hiperatividade. Estudos indicam riscos de incidência de tumores em pessoas submetidas a exposições crônicas. 27 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Conhecido comercialmente como Baygon. Usado em gramados, silvicultura e no combate de pragas do- miciliares como pulgas, mosquitos, formigas. É também usado como molusquicida. 1. Propoxur: DL50 > 95 - 104 mg/kg 28 Silvicultura = cultura de árvores florestais Apresenta propriedades carcinogênicas a humanos e causa distúrbios no SNC, pois inativa a acetilcolinesterase. Porém: EPA (Environmental Protection Agency) não o classifica como carcinogênico Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Exposição a menores concentrações pode causar náusea, lacri- mejamento, vômito, diarreia, respiração ofegante e transpiração. Sintomas mais severos: contrações musculares, intensa saliva- ção, parada respiratória e óbito. 2. Carbofurano DL50 = 8-14 mg/kg • Largo espectro de ação. Usado como inseticida, acaricida e nematicida. Penetra nas plantas através das raízes atingindo as folhas, as quais ingeridas por insetos causam a morte. • Muito solúvel e tem pouca afinidade por solventes apolares. 29 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos • Distribui-se facilmente no meio aquático e não se armazena em tecidos gordurosos de animais, apesar de ser muito tóxico a peixes e aves. • Relativamente instável, decompõe-se em poucos dias ou meses (3 a 60 dias) e se degrada por ação da radiação solar. Não é muito retido pela matéria orgânica do solo, sendo facilmente lixiviado para águas subterrâneas, poluindo-as. • Degrada-se quimicamente por hidrólise ou por processos mi- crobiológicos. Não se volatiliza na água, nãoé adsorvido por partículas suspensas e sedimentos e nem se bioacumula. 30 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Efeitos: tóxico em altos níveis de exposição. Os sintomas se ma- nifestam por complicações nervosas e respiratórias, sendo con- siderado carcinogênico. Indivíduos expostos a menores concen- trações podem ter náusea, vômito, cãibra, diarreia, dor estoma- cal, salivação intensa, problema respiratório, hipertensão, incon- tinência urinária. 31 Toxicidade: muito tóxico por inalação e ingestão e tóxico mode- rado por absorção dérmica. Causa queimaduras em contato com a pele e olhos. Não se acumula nos tecidos mamários. É metabolizado no fígado e excretado pelo trato urinário. Exposição excessiva pode resultar em óbito. Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos • Agem sobre o SNC e periférico dos insetos, causando paralisia nervosa e, consequentemente a morte. Compostos sintéticos com estruturas semelhantes ao piretro, substância presente na flor do crisântemo, Chrysanthemum (Pyrethrum) e um dos mais antigos inseticidas naturais. Piretróides 32 • Estáveis ao calor e à luz, pouco voláteis e de eficaz ação sobre os insetos. • Possuem baixa toxicidade aguda em mamíferos, não persistem no meio ambiente e nem acumulam-se em tecidos adiposos, apesar de serem pouco polares. • Não se biomagnificam na cadeia alimentar. Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Usos dos Piretróides: agricultura, produtos domissanitários e combate de insetos vetores de doenças como a dengue. Podem estar presentes em alimentos, solo e água pondo em ris- co o homem, aves, mamíferos, peixes, abelhas, lagostas, cama- rões, entre outros. Absorção: via oral, respiratória e dérmica. Causam irritação das vias aéreas por inalação. São rapidamente metabolizados por mamíferos e não se acumulam nos tecidos, sendo prontamente eliminados pelo sistema urinário. São lipofílicos e muito absorvidos através das brânquias dos peixes. 33 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Agem no sistema nervoso dos vertebrados, retardando o fechamen- to do canal de sódio da membrana neural. A “corrente residual de sódio” gerada causa progressiva hiperexci- tação do sistema nervoso, resultando em danos prolongados ou permanentes dos nervos periféricos. Sintomas: alterações no fígado, rins, pulmões, epiderme (formiga- mento, prurido, eritema, ardor nas áreas expostas), irritação ocular e do trato respiratório, náusea, vômito, dor abdominal e de cabeça, sintomas neurológicos, vertigem, anorexia, alterações da consciên- cia, edema pulmonar, irritação gastrintestinal, salivação, visão turva, edema de glote, palpitação, arritmia, hipotensão, taquicardia, broncoespasmo, fasciculações musculares, convulsões e coma. 34 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 1. Permetrina Usada no controle de insetos em lavouras. Extremamente tóxica a abelhas e muito tóxica a peixes, mas bai- xa toxicidade à mamíferos. Usada no tratamento da pediculose e escabiose dizimando o parasita, pois age sobre a membrana da célula nervosa. Efeitos Colaterais: queimação, sensação passageira de agulha- das. Contraindicado à grávidas, lactantes e pessoas sensíveis. Degradação no solo: vida média < 4 semanas. Usado moderada- mente não apresenta efeitos significativamente danosos à fauna e à microflora. A legislação brasileira não autoriza sua aplicação na cultura de alfaces 35 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 2. Cipermetrina Possui um grupo -ciano potencialmente tóxico que bloqueia a condução nervosa. 36 Atua como inseticida e acaricida e tem largo espectro de ação. Age por contato e ingestão em vários alvos biológicos: bicudo, lagarta-da-maçã, bicho-furão, entre outros, que atacam diversas culturas (algodão, café, arroz, batata, feijão, milho, etc.). Não se degrada por ação da luz solar e apresenta baixa toxicida- de a animais de sangue quente. Muito tóxico a peixes e outras espécies aquáticas. ciano Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Absorção: trato gastrointestinal e respiratório, mas é pouco e lentamente absorvido pela pele apesar de depositar-se e perma- necer superficialmente na epiderme. É mais tóxico quando admi- nistrado por via oral. Por ser lipofílico, os produtos do metabo- lismo distribuem-se preferencialmente no tecido adiposo. Em mamíferos, a maior parte absorvida é rapidamente metabo- lizada no fígado, originando metabólitos inativos que são excre- tados na urina ou nas fezes. Estudos em cobaias animais sugerem a possibilidade de efeitos carcinogênicos em seres humanos. 37 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 38 HERBICIDAS Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Ligam-se ao solo, sobretudo às partículas minerais de argilas. Classificação Conforme a Estrutura Química: agrupados conforme o grupo químico. Há pelo menos 12 diferentes grupos. Conforme a Ação Geral: • Seletivos: agem como um hormônio controlando uma mu- dança química; • Não Seletivos: atacam toda vegetação e podem interferir na fotossíntese. São também classificados quanto à forma e o tempo de aplicação e quanto ao mecanismo de ação. HERBICIDAS 39 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 1. Ácido Diclorofenoxiacético (2,4-D) e Ácido Triclorofenoxiacético (2,4,5-T) Herbicidas seletivos mais usados. Combatem ervas daninhas em culturas de cereais, árvores frutíferas, cana-de-açúcar e con- trole florestal. O 2,4,5-T e 2,4-D têm o mesmo comportamento. Possuem estrutura similar ao hormônio auxina simulando sua ação e alterando o processo natural. 40 Auxina: hormônio natural responsável pelo crescimento vegetal. O crescimento exagerado e deformado dizima ervas daninhas: as células incham e os tecidos tornam-se muito finos para o trans- porte químico através das raízes, dificultando a absorção de água e nutrientes. Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 41 Persistência no solo: pode ser baixa ou moderada. Absorção: contato dérmico, ingestão e inalação. Na exposição podem causar neurite periférica retardada e diabetes transitória. Em doses altas causam lesões degenerativas hepáticas e renais. Manifestações: anorexia, irritação da pele, enjoo, vômito, cansa- ço, fraqueza, irritação do trato gastrointestinal, dor abdominal e torácica, contração muscular, confusão mental, convulsão, coma. (2,4,5-T): induz a atividade da oxidase de função mista do fígado. Moderadamente tóxico, mas na síntese são obtidos traços de dioxinas (impurezas), organoclorados muito tóxicos. A ANVISA classifica-os como um herbicidas hormonais de toxicidade II (moderadamente tóxicos). Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 42 Dioxinas: Persistem no solo e água. Em grandes teores matam pequenos animais. Em humanos bloqueiam as glândulas sebáceas surgindo uma acne persistente e repugnante. O TCCD (2,3,7,8- tetraclorodibenzo-p-dioxina, é extremamente tóxico, carcinogênico e teratogênico.Agente Laranja: composto obtido pela mistura de 2,4-D e 2,4,5-T (principal constituinte) e muito usado pelos americanos (Guerra do Vietnã, 1961- 71) no Vietnã, Laos e Camboja como desfolhante para expor o “inimigo” e destruir as colheitas. *Porquinho-da-India * (sapo-boi) Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 43 Intencionalmente ou por negligência os EUA produziram o agente laranja com alto teor de TCCD e o pulverizaram sobre matas e aldeias vietnamitas. Grande parte do habitat natural foi destruído (manguezais e florestas). Sequelas: enfermidades irreversíveis acometeram milhões de pessoas: malformações congênitas, aborto, câncer de vários tipos, síndromes neurológicas com danos cerebrais irreversíveis, mudanças genéticas na prole de pessoas expostas, inclusive os descendentes (netos). O Governo brasileiro usou o agente laranja para desfolhar grande área da Floresta Amazônica na construção da Usina Hidrelétrica de Tucuruí Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 44 Consequências do agente la- ranja lançado sobre o Vietnã Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 2. Atrazina: herbicida sistêmico e seletivo. Usado no controle pré- e pós-emergente de ervas de folhas largas (culturas do milho, cana-de-açúcar) 45 Polar, fracamente básico e de solubilidade moderada em água e praticamente independente do pH, apesar de ser mais solúvel em pH inferiores a 2,0. Ação: inibe a fotossíntese através do bloqueio do transporte ele- trônico. O vegetal morre por inanição e por processos oxidativos causados pelo bloqueio do transporte eletrônico. Nos vegetais tolerantes, é metabolizada gerando formas atóxicas, mas as plantas mais sensíveis à ação sofrem clorose resultando na ne- crose dos tecidos. Não visto Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Degrada-se no solo por ação de microorganismos, onde pode permanecer dias a meses. A biodegradação pode se dá por hi- drólise da ligação C-Cl e desalquilação dos grupos amínicos. 46 Flui pelo solo. A mobilidade contribui para a presença na água (não é removida por tratamento convencional). A atrazina e derivados são relativamente persistentes e contami- nam o solo e a água. Apesar de serem mundialmente usados, a União Europeia baniu-os devido aos registros ecotoxicológicos de contaminação da água, causando efeitos endócrinos e hor- monais (alteração do ciclo menstrual e redução do nível de espermas), além de indícios de possíveis efeitos carcinogênicos e teratogênicos. Não visto Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos CONSEQUÊNCIAS DO USO DE PESTICIDAS Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Crescimento Demográfico Produção de Alimentos 2/3 da população mundial subnutrida ↑ de fertilidade (adubo, manejo do solo, irrigação) Agrotóxicos (combate a pragas Eng. genética ou técnicas de aclimatação Necessário > Produção de alimentos/área cultivada 48 NECESSIDADE DO USO DE PESTICIDAS Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 1. Uso Excessivo CONSEQUÊNCIAS DO USO DE PESTICIDAS Elevado no de aplicações/m2 de área cultivada Alta concentração numa determinada área ♦ Consumo Brasileiro: >> 80.000 ton/ano ♦ Pulverizações/Ciclo de Cultura (tomate, repolho): • Normal: 6 a 8 aplicações • Ceará (em 1995): ~ 20 aplicações 49 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 2. Estabilidade Resistentes Reproduzindo Resistentes Mecanismos fisiológicos, morfologia, não penetração na cutícula, retenção nas patas de insetos Velocidade de Concentração > Velocidade de Decomposição Organoclorados: acentuada persistência (estabilidade química) 3. Desenvolvimento de Resistência 50 Persistência no MA (meio ambiente) Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 51 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Na Itália 20 anos após o uso do DDT: cerca 100 espécies de insetos e ~ 200 pragas resistentes Ano No (~) Pesticidas No (~) Espécies Resistentes 1940 20 7 1980 Inúmeros 400 52 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 53 Lagarta que ataca algodão Lagarta que ataca o tabaco > 33.333 13 127 215,7 181,9 4,5 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 4. Efeitos Sobre a Saúde ◊ Organoclorados: indícios de carcinogeneidade ◊ Organofosforados: são venenosos e agem sobre o sistema nervoso. ◊ Herbicida 2,4-D: casos de linfoma Local No Suicídios/100.000 habitantes Venâncio Aires 37 (10 x > que a média brasileira) Hungria 36 Dinamarca 22 Japão 16 USA 12 54 Organofosforados??? Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos alface pessêgo trigo soja 55 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos . 56 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos Alta Pvapor (aplicação por via aérea) 10-70% perdidos para o ar Contaminação (áreas vizinhas ou distantes) 5. Transporte Através da Atmosfera 6. Contaminação da Água: análise (peixes, algas) indicam o grau de poluição: bioacumulação e bioconcentração na cadeia alimentar 7. Contaminação de Alimentos: análises indicam teores acima dos valores tolerados e presença de produtos proibidos (aplica- ção recente ou antiga (persistência), transporte). 57 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos . 58 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 59 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 60 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 61 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 8. Mobilidade No Solo Comportamento no solo: função de: • Estrutura química • Tipo de solo e cultura • Presença de microorganismos 9. Trajetória no Meio Ambiente São “perdidos” por: • Volatilização • Transporte pela água, ventos... • Reações químicas • Atividades microbiológicas 62 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 63 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos . (pretendido) (sedimentação) 64 Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 65 Pelo 6º ano seguido (2008-2013) campeão mundial no consumo de agrotóxicos!! Cerca de 20% de todos os inseticidas,fungicidas, herbicidas, nematicidas, acaricidas, formicidas e outros defensivos agrícolas produzidos no planeta são aplicados em nosso país. FINAL Universidade Estadual do Ceará – Química Ambiental – Profa. Dra. Nadja Vasconcelos 66 Final do Curso
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