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1 AMBIENTES DE FORMAÇÃO DE MINERAIS 1. Introdução Os minerais geralmente ocorrem como agregados naturais e multigranulares que constituem as rochas da crosta terrestre. As rochas, de acordo com o seu modo de formação, são classificadas em ígneas, metamórficas e sedimentares. Os minerais associados às rochas ígneas e metamórficas formam-se a grandes profundidades no interior da crosta ou mesmo abaixo dela, sob condições de alta temperatura e pressão (dezenas a algumas centenas de kms de profundidade), ao passo que os relacionados às rochas sedimentares resultam de processos que ocorrem na superfície da crosta. Os processos de formação de rochas e, como consequência, de minerais encontram-se relacionados e integrados no ciclo das rochas (Fig. 1). Fig. 1. Os ambientes de formação dos minerais e o ciclo das rochas. Extraído de VanWagoner, 1998. O conhecimento dos processos geológicos que conduzem à formação das rochas é um fator importante no reconhecimento dos minerais mais comuns que ocorrem na crosta terrestre. 2. Minerais, Magma e Rochas Ígneas Dependendo das condições P-T no interior da crosta, ou em regiões abaixo dela, os materiais terrestre podem sofrer fusão e formar um fundido silicático denominado de magma. A cristalização do magma em profundidade ou na 2 superfície (na forma de lava) da crosta terrestre irá resultar na formação de rochas ígneas ou magmáticas (Fig. 3). Figura 3. Fluxo de lava basáltica à T≈ 1.200°C na superfície da crosta. Com o seu resfriamento haverá a cristalização de minerais ígneos. Extraído de Gore (1999). Logo, os minerais em rochas ígneas devem apresentar alto ponto de fusão, assim como coexistir ou se cristalizar a partir de fundidos silicáticos a temperaturas acima de 800ºC. Nesta categoria incluem minerais como (1) olivinas, piroxênios, anfibólios, biotita, hematita e magnetita que apresentam coloração escura por conterem Fe e Mg; são denominados de minerais máficos ou ferro-magnesianos; (2) feldspatos (plagioclásios e feldspatos alcalinos), feldspatóides (nefelina), muscovita e quartzo que são minerais de cor clara por serem pobres em Fe e Mg; são denominados de minerais félsicos. Imagens de minerais máficos e félsicos de ocorrência comum em rochas vulcânicas podem ser encontradas em http://volcano.und.nodak.edu/vwdocs/vwlessons/rocks2.html 3. Minerais de Rochas Metamórficas Minerais associados às rochas metamórficas são gerados a partir da recristalização de outros minerais, tanto em rochas ígneas como sedimentares, em função de mudanças nos seguintes parâmetros: pressão (profundidade), temperatura e presença de fluidos. Reações metamórficas podem ocorrer na crosta terrestre, sob variadas pressões (profundidades), em intervalos de temperaturas que variam de 60°C até condições próximas às de fusão das rochas e formação de magma. O metamorfismo pode ocorrer associado principalmente ao incremento regional da temperatura e pressão (profundidades que variam de 5 a 40 km) durante o desenvolvimento de cadeias de montanhas (e.g. metamorfismo regional), assim como associado localmente ao aumento da temperatura nas 3 margens de intrusões de rochas ígneas (e.g. metamorfismo termal ou de contato; Fig. 4). Figura 4. Ilustração do modo de ocorrência do metamorfismo de contato em torno de intrusões ígneas. Extraído de VanWagoner, 1998. Em geral, o metamorfismo causa recristalização e crescimento de minerais (e.g. argilo-minerais transformam-se em micas), assim como a formação de novos minerais a partir de reações dos minerais presentes na rocha original. Minerais característicos do metamorfismo incluem zeolitas, cloritas, talco, micas (biotita e muscovita), grafita, asbestos, andalusita, sillimanita, cianita, estaurolita, epidoto, granadas e anfibólios. O metamorfismo também pode causar deformação, rotação e orientação dos grãos minerais formando texturas orientadas na rocha, tais como foliação, lineação e bandamento (Fig. 5). Figura 5. Bandamento metamórfico em gnaisse. Extraído de Gore (1999). 4. Minerais de Rochas Sedimentares Na superfície da crosta terrestre as rochas e seus minerais constituintes estão em constante desagregação física e química devido à ação do intemperismo. Os materiais resultantes desta desagregação, geralmente argila, areia ou cascalho, 4 são transportados e depositados em bacias sedimentares, onde após compactação e cimentação transformam-se em rochas sedimentares denominadas de clásticas ou detríticas. Os minerais constituintes destas rochas incluem: (1) argilo-minerais provenientes da alteração ou intemperismo químico de minerais instáveis à temperatura ambiente (e.g. feldspatos) e que se acumulam em rochas clásticas do tipo siltito, argilito e folhelho; (2) minerais que apresentam uma alta resistência ao intemperismo químico, tais como quartzo, e que se acumulam em rochas clásticas como arenito e conglomerado (Fig. 6). Figura 6. Sedimento constituídos de fragmentos de rochas e minerais em um depósito de cascalho que, após compactado, formará um conglomerado. Extraído de Gore (1999). No ambiente sedimentar, minerais como calcita/dolomita, halita, gipsita, magnetita e quartzo ainda podem se precipitar e acumular por processos essencialmente químicos e/ou bioquímicos para formar sequências, respectivamente, de calcáreo, evaporito, gipso, formações ferríferas, chert, etc., que são denominadas de rochas sedimentares químicas (Tabela 1). MINERAL ARGILITO % ARENITO % CALCÁREO % Quartzo 32 70 4 Feldspato 18 8 2 Argilo-minerais 34 9 1 Calcita and Dolomita 8 11 93 Óxidos de ferro 5 1 - A listagem abaixo mostra os principais minerais da crosta terrestre e sua associação com rochas ígneas (I), metamórficas (M) e sedimentares (S). Note que a grande maioria destes minerais são silicatos. 5 Silicatos Olivinas (Mg,Fe)2 SiO4 I, m Granadas (Mg,Fe,Mn)3 Al2 Si3 O12 I, M Zircão ZrSiO4 I, S, M Alumino-Silicatos: Andalusita Al2 SiO5 M Sillimanita Al2 SiO5 M Cianita Al2 SiO5 M Estaurolita FeAl9 O6 (SiO4 )4 (O,OH)2 M Titanita CaTiSiO5 I, M Epidoto Ca2 (Al,Fe)Al2 O(SiO4)(Si2 O7 )(OH) M Berilo Be3 Al2 (Si6 O18 ) I Tourmalina (Na,Ca)(Li,Mg,Al)(Al,Fe,Mn)6 I, M (BO3 )3 Si6 O18 (OH)4 Piroxênios: Orto-pyroxênio (Mg,Fe)2Si2 O6 I, M (enstatita-hiperstênio) Piroxênio cálcico Ca(Mg,Fe)Si2 O6 I,M (diopsidio-hedenbergita) Augita (Ca,Na)(Mg,Fe,Al)Si2 O6 I Piroxênio sódico Na(Al,Fe3+)Si2 O6 I, M (jadeita) Wollastonita CaSiO3 M Anfibólios: Antofilita (Mg,Fe)7 Si8 O22 (OH)2 M Anfibólio cálcico Ca2 (Mg,Fe)5 Si8 O22 (OH)2 M (tremolita-actinolita) Hornblenda (Ca,Na)2 (Mg,Fe,Al)5 Si8 O22 (OH)2 I, M Anfibólio sódico Na2(Mg,Fe,Fe3+,Al)5 Si8 O22 (OH)2 I, M (glaucofano-riebeckita) Micas: Muscovita KAl2 (AlSi3 O10 )(OH)2 I, S,M Biotita K(Mg,Fe)3 (AlSi3 O10 )(OH)2 I, S, M Clorita (Mg,Fe)3 (Si,Al)4 O10 (OH)2 I, S, M . (Mg,Fe)3 (OH)6 Serpentina Mg3 Si2 O5 (OH)4 I, M Talco Mg3 Si4 O10 (OH)2 M Argilo-minerais: Caolinita Al2 Si2 O5 (OH)4 S Illita KAl 5 Si 7 O 20 (OH)4 S Esmectita (Montmorillonita) (Na,Ca)(Mg,Fe)4 (Si,Al)8 O20 (OH)4 S 6 +nH 2 O Quartzo SiO2 I, S, M Feldspato potássico KAlSi3 O8 Microclineo I, S, M Ortoclásio I, S, M Sanidina I, S Feldspato Plagioclásio (Na,Ca)Al1-2 Si2-3 O8 I, S, M (albita, oligoclásio, andesina, labradorita, bytownita, anortita) Feldspatóides: Leucita KAlSi2 O6 I Nefelina (Na,K)AlSiO4 I Sodalita Na8 (AlSiO4 )6 Cl2 I Não-silicatos Grafita C M PiritaFeS2 I, M Rutilo TiO2 I, M Corindon Al2 O3 I, M Hematita Fe2 O3 I, S, M Ilmenita FeTiO3 I Magnetita Fe3 O4 I, S, M Cromita FeCr2 O4 I Halita NaCl S Silvita KCl S Fluorita CaF2 I, S Calcita CaCO3 I, S, M Dolomita CaMg(CO3 )2 S, M Gipsita, Anidrita CaSO4 (±2H2 O) S Apatita Ca5 (PO4 )3 (F,Cl,OH) I, M 5. Minerais em Sistemas Hidrotermais Um quarto tipo de ambiente denomina-se hidrotermal, onde minerais precipitam-se a partir de soluções aquosas quentes que circulam na crosta em ambiente de ocorrência de magmatismo, com a introdução de corpo ígneos intrusivos, metamorfismo, ou mesmo em ambiente sedimentar. No entanto, os minerais que estes fluidos podem precipitar são bem distintos dos minerais tipicamente metamórficos, ígneos ou sedimentares e, geralmente, encontram-se associados a depósitos minerais de importância econômica. Depósitos minerais também são 7 rochas constituídas de agregados de minerais, formados em ambiente ígneo, metamórfico ou sedimentar, porém que podem ser explorados economicamente. Os metais do centro e do lado direito da tabela periódica (e.g. Cu, Zn, Sb, As, Pb, Sn, Cd, Hg, Ag) comumente ocorrem como sulfetos na crosta, razão pela qual são classificados como elementos calcófilos. Sulfetos são observados em rochas ígneas e metamórficas, mas são típicos de depósitos hidrotermais. 6. A formação dos minerais no contexto tectônica de placas A tectônica de placas é a teoria unificadora que forma a base de compreensão da história geológica e evolução do planeta Terra. De acordo com esta teoria, a superfície da crosta terrestre é subdividida por placas rígidas de até 50 km de espessura que se encontram em constante movimento sobre o manto superior. Suas dimensões e posições mudaram desde a formação da crosta há 4,6 bilhões de anos atrás. As atividades geológicas mais intensas ocorrem nas bordas das placas, onde estas podem se fragmentar, colidir, ou mesmo se destruir, explicando assim uma grande parcela dos processos que ocorrem e ocorreram no planeta, incluindo terremotos, magmatismo, cadeias de montanhas e metamorfismo, bacias oceânicas e rochas sedimentares, e depósitos minerais associados. 8 Figura 7. O esquema da tectônica de placas. Diagrama superior: expansão do assoalho oceânico e subdução de crosta oceânica em crosta continental, ambientes de concentração de vulcanismo e plutonismo. Diagrama ao lado: colisão de crosta continental, formação de cadeias de montanhas, vulcanismo, plutonismo e ocorrência de metamorfismo. 7. Referências Gore, P. , 1999, Physical Geology at Georgia Perimeter College. Curso na Web - http://www.dc.peachnet.edu/~pgore/geology/geo101.htm VanWagoner, 1998, Geology and the Environment : Internal Earth Processes. Geology 1043/63. Acadia University, Clarkston (GA). Curso na Web - http://plato.acadiau.ca/courses/geol/vanwagoner/1043/geology1043.htm#Lear ningOutcomes
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