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DPenal III.4ª aula (1)

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Dos crimes contra a 
pessoa - II
Dos crimes contra a vida
Direito Penal I
Curso de Direito
2015.1
Professor EDSON TADASHI SUMIDA
Induzimento, instigação ou auxílio a 
suicídio
Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio
para que o faça:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou
reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão
corporal de natureza grave.
Parágrafo único - A pena é duplicada:
Aumento de pena
I - se o crime é praticado por motivo egoístico;
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a
capacidade de resistência.
Introdução
� Conhecido como “participação em suicídio” porque pune quem colabora com o
suicídio alheio. O legislador tornou crime a participação de fato não criminoso
(suicídio).
- Induzir, instigar ou auxiliar outra pessoa a cometer um crime pressupõem a
existência da figura do executor. A pessoa que convence outra a matar a vítima, o
homicida é chamado AUTOR, e quem a induz a praticar o crime é PARTÍCIPE. No art.
122, quem comete o ato suicida é VÍTIMA, e não pode ser punido e quem induz,
instiga ou auxilia um suicídio é AUTOR do delito.
Exemplo:
João instiga Pedro a se matar. João é autor do crime de participação em suicídio.
André convence João a procurar Pedro e instigá-lo a cometer suicídio. Nesse caso,
João também é autor do crime de participação em suicídio, pois foi ele quem
manteve contato com a vítima Pedro e a convenceu a se matar. André, por sua vez, é
partícipe do crime. Nesse caso, é possível participação em participação em suicídio.
Objetividade jurídica
� A preservação da vida humana extrauterina. Crime simples.
� Para caracterizar suicídio e dar origem ao crime não é suficiente que alguém
tire a própria vida. Somente haverá suicídio em caso de supressão
consciente e voluntária da própria vida.
Exemplo:
- alguém se aproveita da falta de capacidade de entendimento da vítima, por ser
uma criança ou alguém com grave deficiência mental, para convencê-la a pular
de uma ponte ou a tomar veneno.
- alguém entrega um granada para outra e a convence de que ela está
descarregada. Em seguida, sugere que ela retire o pino de segurança, e a
granada estoura causando a morte da vítima.
- mandam a vítima se matar como única forma de pouparem a vida de seus
familiares.
- capturam a vítima e dão a ela a opção de tomar veneno, caso contrário, irão
torturá-la até a morte.
Tipo Objetivo
� A conduta típica consiste em induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou
prestar-lhe auxílio para que o faça.
� Induzir (inspirar, incutir, sugerir)
� Instigar (estimular, reforçar uma ideia existente)
� Prestar auxílio (material ou moral)
- A prática de mais de uma dessas condutas pelo agente não conduz à pluralidade 
delitiva.
Induzimento
� O agente faz surgir a ideia do suicídio na vítima, sugerindo a ela tal
ato e a incentiva a realizá-lo.
- casos dos líderes espirituais ou religiosos que convenceram alguns ou todos os
seus seguidores a se matarem.
- alguém convence o outro, que está prestes a ser preso, a cometer suicídio
dizendo que é melhor morrer a ir para o cárcere.
- Quem convence outrem a atuar como homem-bomba, amarrando explosivos no
próprio corpo, para cometer atentado matando várias outras vítimas, responde
por participação em suicídio e por homicídio em relação às mortes causadas pelo
comparsa que se suicidou.
Instigação
� Consiste em reforçar a intenção suicida já presente na vítima. Pode se dar em
conversa entre amigos ou em bate-papo na internet, mas o principal exemplo
a ser lembrado é aquele em que a vítima já se encontra no alto de um prédio
dizendo que vai se matar e alguém passa a incentivá-la gritando para que
realmente pule.
� No induzimento é agente quem sugere o suicídio à vítima, que ainda não
havia cogitado esse ato, enquanto, na instigação, ela já estava pensando em
ceifar a própria vida, e o agente, ciente disso, a estimula a fazê-lo.
� A intenção do agente nas duas modalidades é a de convencer a pessoa a se
matar, por isso são conhecidos como participação moral do suicídio.
Auxílio
� Conhecido como participação material, consiste em colaborar de alguma
forma com o ato executório do suicídio. A vítima já está convicta de que quer
se matar, e o agente a ajuda concretizar o ato.
� Tratando-se de crime doloso, é necessário que o agente saiba da intenção
suicida da vítima.
� Ao fornecer a arma ou veneno, deve saber que a vítima irá utilizá-los para se
matar; a pessoa diz que quer pular de um prédio e o agente entrega a chave
de seu apartamento para que ela pule do edifício; orientar verbalmente do
tipo de veneno que deve ser ingerido ou onde é possível comprá-lo, ciente das
intenções da vítima.
Tipo Subjetivo
� Dolo (direto ou eventual). Não existe modalidade culposa. Considera-se o dolo
direto quando evidenciado que o agente queria mesmo que a vítima morresse
por meio de um suicídio. O dolo eventual se mostra presente quando o
sujeito, com sua conduta, assume o risco de estimular um ato suicida.
Exemplo:
- Alguém incentiva outra a fazer roleta russa, mirando a arma contra a própria
cabeça.
- O carcereiro que não toma qualquer providência em relação a um preso que
está fazendo greve de fome.
� Júlio Fabbrini Mirabete:
“a conduta deve ter como destinatário uma ou várias pessoas certas,
não ocorrendo o delito quando se trata de induções ou instigações de
caráter geral e indeterminado. Não há crime quando, por exemplo, um
autor de obra literária leva leitores ao suicídio, pela influência das
ideias de suas personagens, como ocorreu após a publicação de Os
sofrimentos do jovem Werther, de Goethe, e René, de Chateaubriand.
Na mesma situação, encontra-se recente obra em que se expõem os
vários métodos para a eliminação da própria vida”.
- Não se pode punir autores de livros ou músicas que falem em suicídio, e que,
eventualmente, levem um desconhecido a cometê-lo, com o argumento de que
não há dolo em relação ao suicídio daquela pessoa desconhecida.
Causas de aumento de pena
� Motivo egoístico – quando a intenção do agente ao estimular o suicídio é
auferir algum tipo de vantagem em decorrência da morte daquela.
Exemplo:
- induzir o próprio pai a se matar para ficar com seu dinheiro;
- auxiliar o chefe a cometer suicídio para ficar com seu posto na empresa.
� Vítima menor – pessoa mais de 14 anos e menor de 18 anos, por entender o
legislador que, em tal faixa etária, as pessoas são mais suscetíveis de serem
levadas ao suicídio.
Se o menor não tiver qualquer capacidade de compreender o que significa um
ato suicida, o agente responderá por homicídio. A doutrina presume que o menor
de 14 anos não possui capacidade de entendimento.
� Vítima com capacidade de resistência diminuída – é a pessoa que está
fragilizada, por isso, mais suscetível de ser convencida a cometer o suicídio.
Sujeito Ativo
� Qualquer pessoa. Trata-se de crime comum.
Sujeito passivo
� Qualquer pessoa que tenha capacidade para entender que determinado ato é 
suicida. 
- Convencer uma criança, doente mental, pessoa hipnotizada ou sonâmbula a 
pular de um prédio constitui homicídio.
Consumação
� Punível quando do crime de participação em suicídio, a vítima sofre lesão
corporal grave (pena de reclusão de um a três anos) ou morre (pena de
reclusão de dois a seis anos).
� Não se pune quando a vítima não praticou o ato suicida, ou quando o praticou
sofreu leões leves.
� A consumação ocorre no momento em que ocorre a lesão grave ou a morte. E 
somente terá havido a infração penal, no instante em que ela agiu contra a 
própria vida e sofreu ao menos lesão grave. Apenas a partir desse momento o 
crime se considera consumado.
Tentativa
A tentativa, que teoricamente
é possível, não existe porque a lei considera o 
delito consumado nas hipóteses em que a vítima morre ou sofre lesão grave e, 
intencionalmente, trata o fato como atípico nas situações em que não ocorre o 
ato suicida, ou quando ele ocorre, mas a vítima não sofre qualquer lesão ou 
apenas lesão leve.
≠ a tentativa de suicídio, que evidentemente existe e se refere ao ato suicida em 
si, com a impossibilidade de tentativa do crime de participação em suicídio.
Ação Penal e Competência
� Pública Incondicionada, de competência do Tribunal do Júri.
Infanticídio
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, 
durante o parto ou logo após:
Pena - detenção, de dois a seis anos.
Objetividade Jurídica
� A preservação da vida humana.
- No direito romano, a morte dada ao filho pela mãe era equiparada ao
parricídio. Contudo se o pai fosse o responsável pela morte do filho não incorria
em qualquer delito (jus vitae ac necis).
- A Lei das XII Tábuas (séc. V a.C.) autorizava a morte do filho nascido disforme
ou monstruoso, mediante julgamento de cinco vizinhos. O pai terá sobre os filhos
nascidos de casamento legítimo o direito de vida e de morte e o poder de vende-
los.
- No direito germânico, considerava-se infanticídio tão somente a morte dada ao
filho pela mãe.
- O direito canônico punia com severidade a morte do filho pelos pais – havido
como homicídio -, baseado na debilidade da vítima, na violação dos deveres de
proteção e cuidado pelo titular do pátrio poder e na premeditação que, em
geral, supõe tal delito. As sanções penais previstas, altamente cruéis, eram a
morte pelo fogo, a decapitação e o empalhamento.
- Com o Iluminismo, propugnou-se tratamento mais benigno. Assim, pela
primeira vez figura como crime privilegiado (Código Penal austríaco - 1803)
consignou expressamente a atenuação da pena imposta. Atenuação da pena pelo
infanticídio foi amplamente agasalhada pelas legislações elaboradas a partir do
século XIX.
- Código Criminal do Império (1830) previu penas reduzidas não apenas para a
mãe que matasse o filho recém-nascido para ocultar desonra própria, mas
também o terceiro que o fizesse.
- Código Penal de 1890 aumentou a pena cominada – considera infanticídio a
morte dada a recém-nascido nos sete primeiros dias de vida pela mãe, por
motivo de honra, ou por terceiros.
Tipo Objetivo
� Matar, sob a influência do estado puerperal (elemento fisiopsíquico), o
próprio filho, durante o parto ou logo após (elemento normativo).
Indispensável a prova pericial da vida extrauterina.
Estado puerperal
� É o conjunto de alterações físicas e psíquicas que ocorrem no organismo da
mulher em razão do fenômeno do parto (intensa dor que provoca, da perda
de sangue, do esforço necessário, dentre outros fatores decorrentes da
grande alteração hormonal por que passa o organismo feminino, que levam a
mãe a um breve período de alteração psíquica provocando forte rejeição
àquele que está nascendo ou recém-nascido, ao responsabilizá-lo por todo
aquele sofrimento).
� A perturbação psíquica deve ser provada. Conforme Exposição de Motivos do
CP: “o infanticídio é considerado um ‘delictum exceptum’ quando praticado
pela parturiente sob a influência do estado puerperal. Esta cláusula, como é
óbvio, não quer significar que o puerpério acarrete sempre uma perturbação
psíquica: é preciso que fique averiguado ter esta realmente sobrevindo
em consequência daquele, de modo a diminuir a capacidade de
entendimento ou de auto inibição da parturiente. Fora daí, não há porque
distinguir entre infanticídio e homicídio”.
� “a decisão dos jurados reconhecendo ter a ré matado o próprio filho sob a
influência do estado puerperal se revela manifestamente contrária à prova
dos autos, se o exame médico legal precedido na mesma negou qualquer
perturbação psíquica decorrente do puerpério” (TJSP – Rel. Martiniano de
Azevedo – RT 377/111).
- O estado puerperal é demonstrado cientificamente que leva ao reconhecimento
do infanticídio apenas reduz a capacidade de entendimento da mulher e é de
duração leve.
- Psicose puerperal, mais rara, a mulher perde por completo a capacidade de
entendimento e autodeterminação, sendo, em tal caso, tratada como
inimputável.
- Depressão pós parto, a perturbação psíquica que pode se estender por vários
meses e que não tem o parto como única fonte desencadeadora, não será
infanticídio. Se constatada a depressão, uma situação de semi imputabilidade, a
pena poderá ser reduzida, de um a dois terços (CP, art. 26, § único)
Elemento normativo/temporal
� Pode ser praticado no momento em que o filho está nascendo ou logo após o
nascimento.
� A morte do feto, antes do início do trabalho do parto, constitui o crime de
auto aborto.
� O parto se inicia com a dilatação do colo do útero e finda com a expulsão do
feto (nascimento).
� O entendimento da expressão “logo após o parto” significa enquanto durar o
estado puerperal de cada mãe em cada caso concreto, e que essas alterações
duram no máximo alguns dias e que o crime acontece logo depois do
nascimento.
Meios de execução
� Trata-se de crime de ação livre, ao admitir qualquer meio executório capaz
de gerar a morte.
� Jurisprudência: sufocação (colocar o recém nascido em saco plástico) e
fratura de crânio. Pode ser cometido por omissão, como no caso de mãe que,
dolosamente, não amamenta e não alimenta de qualquer outro modo o recém
nascido, ou quando dá à luz sozinha e, intencionalmente, não efetua a
ligadura do cordão umbilical fazendo com que o bebê morra por hemorragia.
- A adoção de meio executório mais gravoso não torna o delito qualificado pela
asfixia, veneno, fogo etc. Pode ser aplicada a agravante genérica (CP, art. 61, II,
d – exceto a asfixia, não contida no dispositivo).
Tipo Subjetivo
� É dolo direto ou eventual. Não existe modalidade culposa.
� A doutrina diverge em torno da responsabilização da mãe que, logo após o
parto, por algum ato imprudente, cause a morte do filho recém nascido.
- A maioria entende que ela responde por homicídio culposo (Hungria, Noronha,
Mirabete, Bitencourt, Capez e Luiz Régis) e que ao final recebe perdão judicial.
- Alguns entendem como conduta atípica (Damásio e Paulo José da Costa Júnior)
pois se a mãe se encontra em estado puerperal, não pode dela exigir os cuidados
normais inerentes a todos os seres humanos e não há previsão legal da
modalidade culposa.
Sujeito Ativo
� Exige que o crime seja cometido pela própria mãe da vítima, em decorrência
do estado puerperal, trata-se de crime PRÓPRIO, não pode ser praticado por
qualquer pessoa, mas só por aquelas que preencham os requisitos.
� Coautoria e Participação - a doutrina atual é quase unânime em admitir a
coautoria e a participação. Devido ao art. 30 do CP, se comunicam as
circunstâncias e condições se são elementares do crime. O estado puerperal e
a condição de mãe são elementares.
- Para tipificar a conduta, exige-se que a mãe tenha realizado algum ato
executório no sentido de matar o próprio filho. Caso alguma outra pessoa tenha
tomado parte no ato executório, se a mãe e o terceiro matam o recém nascido,
serão considerados coautores. Admite também participação, se estimula a mãe a
cometer o ato executório.
- Nesse sentido: Damásio, Capez, Celso Delmanto, Mirabete, Bitencourt e
Hungria.
- Contrário: Fragoso (estado puerperal é incomunicável).
Sujeito Passivo
� É o filho que está nascendo ou recém nascido. 
- Se a mãe quer matar o próprio filho, mas por erro o confunde com o outro bebê 
no berçário da maternidade, responde por infanticídio, CP, art. 20, § 3º (erro 
sobre a pessoa).
- Sob efeito do estado puerperal e logo após o parto, mata algum outro filho, 
incide em homicídio.
- Não se aplicam as circunstâncias agravantes genéricas do CP, art. 61, II,
e e h, 
pois incorrerão no bis in idem. 
Consumação e tentativa
� Consumação - Ocorre com o homicídio, se dá no momento da morte. Trata-se
de crime material. Considerando que o crime pode ser cometido durante o
parto, não é necessária prova de vida extrauterina, basta a demonstração de
que se tratava de feto vivo.
� Tentativa – tratando-se de crime plurissubsistente, é perfeitamente possível.
Ação Penal e Competência
� Pública incondicionada, de competência do Júri.
- controvérsia, quando na votação de quesitos, os jurados, após reconhecerem
a autoria, não aceitam que a acusada tenha agido sob a influência do estado
puerperal.
- Para alguns, ela deve ser condenada imediatamente por homicídio, pois
reconheceram que matou o filho e refutaram o estado puerperal.
- Para outros, deve ser decretada a absolvição, porque os jurados reconheceram
crime distinto da pronúncia e mais grave.
A tese mais aceita é a de que o juiz deve dissolver o Conselho de Sentença para que a
pronúncia seja adaptada à decisão dos jurados, designando novo julgamento.
Existe a tese para que denuncie por crime de homicídio, e posteriormente, se
desclassifica para infanticídio.
Aborto
� Aborto é a interrupção da gravidez com a consequente morte do 
produto da concepção. 
� Este passa por várias fases durante a gravidez, sendo chamado de ovo
nos dois primeiros meses, de embrião nos dois meses seguintes e de
feto no período restante.
� O aborto é possível desde o início da gravidez, mas o momento exato
em que esta se inicia é tema extremamente controvertido, para
alguns se dá com a fecundação e, para outros, com a nidação
(implantação do óvulo fecundado no útero).
-
� A relevância é que existem métodos que após a fecundação pode evitar a
nidação (pílula do dia seguinte). Aqueles que entendem que a gravidez inicia
com a nidação, tal método não é abortivo, mas para os que entendem que se
inicia com a fecundação, sim.
� As normas do Ministério da Saúde permitem o uso da pílula do dia seguinte no
Brasil. As mulheres que utilizem o referido medicamento ou os médicos que o
prescrevem não correm o risco de serem acusados por crime de aborto.
� Diante desse fato, para aqueles que entendem que a gravidez se inicia com a
nidação, o fato é atípico, e, para os que acham que já existe gravidez com a
fecundação, o uso constitui exercício regular de direito.
� Nem sempre o aborto é criminoso. O aborto pode ser: 
a) Natural: decorrente de causas naturais (malformação do feto, rejeição do
organismo da gestante, patologia etc., fato é atípico);
b) Acidental: devido a queda, colisão de veículos, atropelamento etc., fato
atípico;
c) Criminoso: a interrupção da gravidez é provocada, pela própria gestante ou
por terceiro;
d) Legal: estão presentes quaisquer das hipóteses que excluem a ilicitude do
fato.
Aborto Criminoso
� Existem quatro figuras de aborto criminoso:
a) Auto aborto;
b) Consentimento para o aborto;
c) Provocação de aborto com o consentimento da
gestante;
d) Provocação de aborto sem o consentimento da
gestante.
Objetividade Jurídica
� Tutelam a vida humana intrauterina. O ato de provocar aborto implica
provocar a morte do feto, quer seja ele expulso, quer permaneça, sem vida,
no ventre materno.
� Se o feto está morto por causas naturais ou provocadas, mas permanece
mumificado no útero da mulher, a conduta posterior, consistente em sua
retirada, não constitui ilícito penal.
Tipo Objetivo
� Gestante 
- Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque.
� Terceiro
- Provocar aborto sem o consentimento da gestante.
- Provocar aborto com o consentimento da gestante.
Tipo Subjetivo
� É o DOLO. Todas as condutas comportam a modalidade dolosa, o que se
verifica quando o agente quer efetivamente causar o aborto.
� As modalidades de auto aborto e provocação de aborto sem o
consentimento da gestante admitem o dolo eventual.
� Não há modalidade culposa do crime de aborto. Quando alguém o provoca por
negligência, imprudência ou imperícia, responde por delito de lesões
corporais, nesse caso, a gestante é o sujeito passivo.
� Em todo caso de abortamento a gestante sofre algum tipo de lesão. Se a
responsável pelo ato culposo tiver sido a própria mulher grávida, o fato será
considerado atípico porque não se mostra possível a punição por autolesão.
Consumação
� Consuma no momento da morte do feto. Trata-se de crime
material.
� A comprovação do crime de aborto pressupõe
demonstração de que a mulher estava grávida.
� Essa prova normalmente é pericial (exames no corpo da
mulher ou nos próprios restos fetais). Na ausência da
prova pericial, a testemunhal poderá suprir.
Tentativa
� É possível em todas as figuras de aborto criminoso. Desde 
que seja realizado um ato capaz de provocar aborto e 
que a morte do feto não ocorra por circunstâncias 
alheias à vontade dos envolvidos.
� Se não tiver iniciado a execução, o fato será atípico. 
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho
provoque: (ADPF 54 – antecipação terapêutica do parto de feto
anencefálico)
Pena - detenção, de um a três anos.
O auto aborto (1ª parte), é a própria gestante quem pratica as manobras a abortivas que
levam à morte do feto. O ato executório mais comum é a ingestão de medicamento
abortivo. Pode consistir em quedas intencionais, esforços excessivos a fim de provocar o
aborto, utilização de brinquedos contraindicados a grávidas, como montanha russa etc.
O consentimento para o aborto (2ª parte), a gestante permite que outra pessoa nela
realize a manobra provocadora da morte do feto. Muitas vezes a gestante até paga por
isso, o que, todavia, não é requisito do crime, bastando a sua anuência.
Como a pena mínima é de um ano, cabe suspensão condicional do processo.
Sujeito Ativo
� No auto aborto e no consentimento que lho provoque – a própria 
gestante. 
� Crime próprio, de mão própria, por isso não admite coautoria, na
medida em que somente a gestante pode realizar ato abortivo em si
mesma.
� Admite-se participação (aqueles que incentivam verbalmente a
gestante a ingerir medicamento abortivo ou que adquirem pra ela; o
farmacêutico que efetua a venda do medicamento sem a devida
receita médica; o médico que prescreve a substância a pedido da
gestante que quer abortar).
� Quem age com fim de obter lucro terá a pena agravada por ter agido
por motivo torpe (CP, art. 61, II, a).
� Aborto social ou por causas econômicas – alegação que praticaram
por causas sociais – não serem casadas, ser a gravidez decorrente de
aventura sexual, serem muitos jovens -, ou por causas econômicas –
falta de condição financeira para criar o filho. Nenhum desses fatores
gera a exclusão da pena ou sua redução.
Sujeito Passivo
� O produto da concepção, cuja vida é tutelada pela legislação penal.
� Fragoso e Mirabete sustentam que o feto não é titular de bem jurídico
e, por isso, os sujeitos passivos seriam o Estado e a comunidade
nacional.
� Não se pode negar a existência de vida no feto, o que justifica a
classificação do delito no capítulo dos crimes contra a vida, referindo-
se à vida do feto. A nossa lei, trata o feto de sujeito passivo do auto
aborto.
Aborto provocado por terceiro
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de três a dez anos.
� É a modalidade mais grave do crime de aborto e pode ser caracterizar em
duas hipóteses:
1ª) Quando não houve, no plano fático, qualquer autorização por parte da
gestante, o que se dá, por exemplo, quando o agente agride uma mulher grávida
para causar o abortamento, ou, ainda, clandestinamente, introduz substância
abortiva na bebida dela.
2ª) Quando houve, no plano fático, uma autorização da
gestante, mas tal
anuência carece de valor jurídico em razão do que dispõe o próprio texto legal. É
o que se dá nas cinco hipóteses elencadas no art. 126, § único do CP:
a) Se o consentimento foi obtido com emprego de fraude. Ex.: o médico e o pai
da criança em gestação, que, mancomunados, falsificam exame e convencem a
moça de que o prosseguimento da gravidez provocará a morte dela e, com isso,
obtêm sua assinatura concordando com a realização do aborto. Descoberta a
farsa, o médico e o pai respondem por aborto sem o consentimento. Para a
gestante enganada, o fato não é considerado crime;
b) Se o consentimento foi obtido com emprego de grave ameaça;
c) Se foi obtido com emprego de violência;
d) Se a gestante não é maior de 14 anos;
e) Se é alienada ou débil mental, de modo que não tenha capacidade para
compreender o significado de seu gesto.
Sujeito Ativo
� Trata-se de crime comum, pode ser cometido por qualquer pessoa.
� Homicídio doloso de mulher grávida e aborto – quem mata uma mulher,
ciente de sua gravidez, e com isso provoca também a morte do feto, responde
pelos crimes de aborto sem o consentimento da gestante e homicídio. Se o
agente desconhecia a gravidez, responde apenas pelo crime de homicídio.
� Latrocínio de mulher grávida e aborto – roubo com emprego de arma de fogo
em que o agente, durante a execução do crime, efetua disparo e mata a
gestante, causando também a morte do feto. Se tem ciência da gravidez,
responde por latrocínio e aborto sem consentimento da gestante. Se
desconhecia, só pelo latrocínio.
Sujeito Passivo
� É a única modalidade de aborto em que, necessariamente, há duas
vítimas, embora o delito seja um só. Além do feto, a gestante é
vítima desta infração penal.
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: (Vide ADPF
54)
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é
maior de quatorze anos, ou é alienada ou debil mental, ou se o
consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência.
Sujeito Ativo
� Crime comum, pode ser cometido por qualquer pessoa, por médico ou por
qualquer um que saiba realizar ato abortivo. É possível a participação (a
enfermeira que presta assistência a um médico no instante em que ele realiza
a curetagem abortiva).
� Crime de associação criminosa (CP, art. 288) – se três ou mais pessoas
montam, clandestinamente, uma clínica de aborto para atendimento de todas
as grávidas que pretendam interromper a gravidez mediante pagamento de
valores consideráveis (médicos, secretárias, enfermeiras e seguranças que
têm ciência da destinação respondem pelo crime), além do crime de aborto
em concurso material.
Sujeito Passivo
� É o produto da concepção. A gestante, por prestar consentimento para 
o ato, não é considerada vítima.
Causas de aumento de pena
Forma qualificada
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas
de um terço, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados
para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e
são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.
- Refere aos crimes previstos nos artigos 125 e 126, praticados por terceiros.
- As causas de aumento de pena possuem caráter preterdoloso, que só podem ser
reconhecido quando a morte ou a lesão de natureza grave forem consequências
culposas do aborto ou doe meios empregados para praticá-lo. Existe dolo no
aborto e culpa no resultado agravador.
Aborto Legal
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: (Vide ADPF 54)
Aborto necessário (terapêutico)
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro (sentimental ou
humanitário)
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de
consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante
legal.
- Aborto eugênico ou eugenésico – é aquele realizado quando os exames pré-
natais demonstram que o filho nascerá com alguma anomalia como Síndrome de
Down, ausência congênita de algum membro etc. a sua realização, por falta de
amparo legal que lhe dê suporte, constitui crime. Não é lícito. Na hipótese de
anencefalia não há crime.
Ação Penal e Competência
� É pública incondicionada, de competência do Tribunal do Júri.
Questões Suicídio, Infanticídio e Aborto
1. Diferencie: a) induzimento e instigação a suicídio. b) auxílio a suicídio e homicídio
eutanásico.
2. É possível a prática de auxílio ao suicídio por omissão?
3. Quando se consuma a infração prevista no art. 122 do CP? Admite a tentativa?
4. Estabeleça os principais traços distintivos entre os delitos de infanticídio, aborto e
homicídio.
5. Qual é o critério acolhido pelo Código Penal na definição da infração penal de
infanticídio?
6. A mãe que, sob a influência do estado puerperal, ofende a integridade física do
neonato pode responder pela infração penal de lesão corporal? Justifique.
7. A gestante que tenta o suicídio, não consumado por circunstâncias alheias à sua
vontade, responde pela infração penal de aborto?
8. O auto aborto admite coautoria? E participação?
9. Qual é a tipificação, se dos meios empregados para provocar o aborto não resulta
a morte do feto, mas lesão corporal grave ou a morte da gestante?
10. Quais são as hipóteses em que o Código Penal permite a realização do aborto?

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