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Dos Crimes contra a Pessoa V Capítulo IV – Da Rixa e Capítulo V – Dos Crimes contra a Honra Direito Penal I Curso de Direito - 2.015.1 Professor EDSON TADASHI SUMIDA Da Rixa Rixa Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores: Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos. No Brasil, o Código Criminal do Império de 1830 e o Código Penal de 1890 não disciplinaram a rixa como delito sui generis e tampouco como ocasião de outros crimes. O Projeto Vieira de Araújo (1897) inspirado no Código Zanardelli (Código Penal Italiano de 1889) previu a punição de rixa somente quando dela resultassem morte ou lesão corporal. O Projeto Galdino Siqueira (1913) adota semelhante orientação, condicionando punibilidade de rixa à ocorrência de homicídio ou lesão grave ou gravíssima e a responsabilidade individual por esses resultados. O Projeto Sá Pereira (1928) é o primeiro a tipificar a rixa por si mesma, independente da produção de morte ou de lesão corporal, considerando esses eventos (letais ou lesivos) como condições de maior punibilidade. O Projeto Alcântara Machado (1940) concebeu a rixa como delito autônomo, mas resultando desta lesão leve, grave ou gravíssima, ou morte, e não sendo possível determinar a autoria, adotava o critério de transação de responsabilidade e de pena para os que tivessem exercido atos de violência. Na revisão do Projeto Alcântara Machado, restabelece a fórmula do Projeto Sá Pereira, que prevê como delito autônomo e elenca como circunstâncias qualificadoras a morte e a lesão corporal grave. Se ignorada a autoria do homicídio ou da lesão corporal grave, todos os rixosos respondem pela rixa qualificada. Objetividade Jurídica A vida e a saúde da pessoa humana. Crime de perigo para a incolumidade pessoal, busca com a tipificação da rixa a proteção da vida e da integridade corporal do ser humano, expostas a perigo pelo tumulto e confusão em que se digladiam três ou mais pessoas. - Prescinde do resultado morte ou lesão corporal grave, que não figuram, de acordo com a sistemática acolhida pelo Código Penal de 1940, como condições objetivas de punibilidade, e sim como circunstâncias qualificadoras. Secundariamente, resguarda a preservação da tranquilidade pública, perturbada pelo ambiente de algazarra e confusão gerada pela rixa, mas não constitui em bem jurídico tutelado, pois protege a incolumidade corpórea e elencada entre os crimes contra a pessoa. Tipo Objetivo Participar de rixa, salvo para separar os contendores. Rixa é o embate violento entre três ou mais pessoas, marcado pela reciprocidade de ofensas físicas e pela desordem. Compreende o conflito improvisado e o preordenado, se deste resulta tumulto generalizado. Se um dos contendores ultrapassa os limites tácita ou expressamente fixados quando do ingresso na rixa, é possível a legítima defesa (própria ou de terceiro). A ocorrência de lesão corporal de natureza grave ou morte, dolosa ou culposa, qualifica a rixa, responde por ela inclusive a vítima da lesão grave. - Identificado o autor da morte ou lesão grave, responderá ele pelo delito de homicídio ou lesão corporal grave em concurso material com a rixa simples. Tipo Subjetivo Dolo (direto ou eventual), vontade de participar de rixa (animus rixandi) e consciência da conduta simultânea dos demais rixosos. Inexiste forma culposa. Se o sujeito dá lugar ao conflito ou nele é envolvido por transgredir, sem saber, o cuidado objetivo exigível, ou se, embora prevendo o resultado possível, espera que não ocorra, não haverá delito algum. - A rixa simulada não constitui crime. A ofensa à integridade física ou à saúde, ou morte de alguém, responderá o agente por lesão corporal ou homicídio culposos. - Aquele que intervém com o propósito exclusivo de separar os contendores – ou de prestar socorro a alguém – não incorre na sanção cominada no art. 137. Sujeito Ativo e Sujeito Passivo Qualquer pessoa, sem qualquer restrição. Trata-se de delito plurissubjetivo ou coletivo, que somente se configura com o concurso de três ou mais pessoas. A conduta plural é obrigatória. Exige-se a participação de, pelo menos, três pessoa. É essência da rixa o embate violento em que se confundam os contendores, de forma a dificultar ou impossibilitar a identificação do autor da morte ou da lesão grave que eventualmente nela venham a ocorrer. O conceito de rixa traz implicitamente a ideia de tumulto e confusão, que só a luta entre mais de duas pessoas pode ocasionar. Quando apenas duas pessoas se golpeiam mutuamente, a fixação da responsabilidade de cada um não oferece maiores dificuldades. Com o concurso de um terceiro, a baderna se instala e os ataques se dispersam, motivando confusão e criando a condição indispensável para a rixa. Todos os participantes são, ao mesmo tempo, sujeitos ativos e passivos, uns em relação aos outros. Todos criam para os demais agentes uma situação de perigo para a incolumidade pessoal. Cada rixoso é sujeito ativo de sua conduta e passivo das condutas dos demais, ou ainda da própria situação de perigo que a formação da rixa motivou. Consumação e Tentativa Consumação – com a participação na rixa, independentemente de qualquer resultado (morte/lesão corporal grave). Tentativa – inadmissível, salvo na rixa preordenada. Ação Penal e Competência Ação Penal Pública Incondicionada. Competência dos Juizados Especiais Criminais - trata-se de infração de pequeno potencial ofensivo: caput – pena de detenção de 15 dias a dois meses, ou multa; § único – pena de seis meses a dois anos. - A rixa simples e a rixa qualificada admitem a suspensão condicional do processo. Dos Crimes contra a Honra No Brasil, o Código Criminal do Império (1830), inspirado no modelo francês de 1810, tipifica a calúnia e a injúria (arts. 229 e 236). O Código Penal de 1890 trata também da calúnia e da injúria, no seu Título XI (dos crimes contra a honra e a boa fama). A Lei de Imprensa de 1934 manteve essa sistemática, suprimindo apenas, na caracterização da injúria, o “gesto ou sinal insultante na opinião pública”. O Código Penal vigente disciplina os crimes contra a honra em seu Capítulo V, distinguindo a calúnia (art. 138), a difamação (art. 129) e a injúria (art. 140). Calúnia Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. § 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga. § 2º - É punível a calúnia contra os mortos. Exceção da verdade § 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo: I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível; II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141; III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. Objetividade Jurídica O bem jurídico tutelado é a honra. Na definição de honra, a doutrina aponta dois aspectos distintos e complementares: um de natureza objetiva, outro de cunho subjetivo. - Objetiva – a reputação que o indivíduo desfruta em determinado meio social, a estima que lhe é conferida. A calúnia e a difamação atingem a honra objetiva (reputação, estima social, bom nome). - Subjetiva – é o sentimento da própria dignidade ou decoro. A injúria ofende a honra subjetiva (dignidade, decoro). A honra é um bem jurídico mediatamente atingido pela ofensa; mas o bem jurídico imediatamente protegido é a pretensão jurídica ao respeito que o Direito assegura a todos, diretamente violada nos delitos contra a honra. - É um bem jurídico disponível. O consentimento do ofendido, in casu, figura como causa de justificação, excluindo a ilicitude da conduta. Precisa ser expresso e outorgado por sujeito passivo capaz de consentir. E por ser disponível, o CP estabelece a ação penal privada para os crimes contra a honra (art. 145). Extinção da punibilidade pela renúncia ao direito de queixa e pelo perdão judicial (art. 107, V). Tipo Objetivo Imputar (atribuir) a alguém falsamente a prática de fato definido como crime. Mister a falsidade da imputação. Em regra, a prova da veracidade de seu conteúdo (exceptio veritatis). A falsidade da imputação se verifica não apenas quando o fato imputado não é verdadeiro, mas também quando, embora verdadeiro, tenha sido praticado por outra pessoa. Em síntese: a falsidade pode recair, alternativamente, sobre o próprio fato ou sobre sua autoria. Exige-se que a imputação verse sobre fato definido como crime. A falsa imputação deve referir-se a crime. A falsa imputação de contravenção penal não perfaz a descrição típica da calúnia, mas pode constituir difamação. - A calúnia se distingue da injúria por consistir na imputação de fato concreto, havido como crime, e não na expressão de simples juízo de valor depreciativo. E ao contrário da difamação, exige a falsidade da imputação feita, que deve consistir não apenas em fato desonroso, mas, por definição legal, criminoso. Incorre nas mesmas penas da calúnia quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga. Propalar significa propagar, espalhar; divulgar é tornar público ou notório, por qualquer meio. Veda-se não apenas a falsa imputação de fato definido como crime, como também a propalação ou divulgação da falsidade. Aquele que, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga ofende em grande medida a honra alheia, o que justifica a tipificação daquelas condutas. Admite vários meios de execução (de forma livre), desde que idôneos (palavras, gestos, canções, escritos, desenhos). A ofensa não precisa ser proferida na presença da vítima, suficiente que os efeitos possam refletir sobre o juízo que da vítima se faça no círculo social em que participa. Praticado através da imprensa, rádio ou televisão, aplica-se o disposto na Lei de Imprensa (art. 20, da Lei n 5.250/67) e no Código Brasileiro de Telecomunicações (Lei n. 4.117/62). Tipo Subjetivo Dolo. A consciência e vontade de imputar falsamente a alguém fato definido como crime. O tipo legal exige uma determinada tendência subjetiva de realização de conduta típica, a finalidade de desacreditar, menosprezar, o animus calumniandi. O autor confere à ação um sentido subjetivo não expresso no tipo: o propósito de ofender (elemento subjetivo especial do tipo). O Código Penal brasileiro acolhe o sistema misto, concede ou veda expressamente a exceção da verdade em determinadas hipóteses: regra geral, admite a demonstratio veri. Excepcionalmente, proíbe a prova da verdade (três hipóteses – art. 138, § 3º). Exceção da Verdade - art. 138, § 3º I . Se, constituindo o fato imputado crime de ação penal privada, o ofendido não houver sido condenado por sentença irrecorrível; a impossibilidade de arguição da exceção da verdade é justificada pelo princípio da disponibilidade da ação penal privada. II . Se o fato é imputado contra o Presidente da República ou contra chefe de governo estrangeiro (soberano, presidente, primeiro-ministro) em razão das relevantes funções políticas desempenhadas, bem como repercussões internas e externas produzidas pelo fato. A lei recomenda que o sujeito ativo não possa provar a veracidade das imputações feitas. III . Se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido tiver sido absolvido por sentença irrecorrível, o respeito à coisa julgada. Se o sujeito passivo foi absolvido do crime imputado, por decisão irrecorrível, presume-se juris et de jure a falsidade da acusação. Sujeito Ativo e Sujeito Passivo Sujeito Ativo - Qualquer pessoa, sem restrições (delito comum). Sujeito Passivo – é tão somente a pessoa física. A ofensa proferida contra pessoa jurídica, reputa-se feita aos que a representam ou dirigem. Não há que se falar em calúnia contra pessoa jurídica. Menores, doentes mentais, portadores de desenvolvimento mental incompleto ou retardado etc. são protegidos. Há orientação que refuta a possibilidade no crime de injúria. Os desonrados e aqueles que não mais detêm a estima pública podem também ser sujeitos passivos da calúnia. Punível a calúnia contra os mortos. Sujeitos passivos da calúnia contra os mortos são seus cônjuges, ascendentes, descendentes ou irmãos (art. 31 do CPP). Retratação O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia fica isento de pena (art. 143). A retratação – completa ou incondicional – pode ser feita pelo próprio ofensor ou por seu procurador com poderes especiais até a publicação da sentença, extinguindo a punibilidade (art. 107, VI). Pedido de explicações Se de referências, alusões ou frases se infere calúnia, quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias responde pela ofensa (art. 144). Consumação e Tentativa Consumação – com o conhecimento da imputação falsa por terceira pessoa. Tentativa – inadmissível, salvo se a calúnia é feita por escrito. Ação Penal e Competência Ação Penal Privada, somente procede mediante queixa, salvo se praticado contra o presidente da República, chefe de governo estrangeiro ou funcionário público, em razão de suas funções (art. 141, I e II), hipóteses em que a ação penal é pública condicionada à requisição do ministro da justiça ou à representação do ofendido, respectivamente (art. 145, § único). Procedimento sumaríssimo, dos Juizados Especiais Criminais. Admite-se a suspensão condicional do processo. Difamação Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Exceção da verdade Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções. Objetividade Jurídica Honra. Protege-se a reputação, o conceito que o sujeito passivo desfruta no meio social. A honra é um bem jurídico disponível. O consentimento do ofendido exclui a ilicitude da conduta, se presentes seus pressupostos objetivos e subjetivo. A causa de justificação exige o consentimento expresso e outorgado por sujeito passivo capaz de consentir. Tipo Objetivo Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação. A difamação não está condicionada à falsidade da imputação e não pode versar sobre fato definido como crime. O fato ofensivo à reputação da vítima deve ser determinado. Admitem-se vários meios de execução (palavras, gestos, canções, escritos, desenhos etc.). Tipo Subjetivo Dolo (direto ou eventual) e o propósito de ofender (elemento subjetivo especial do tipo). Consumação e Tentativa Consumação – com o conhecimento da imputação ofensiva por terceira pessoa. Tentativa – inadmissível, salvo se a difamação for feita por escrito. Exceção da Verdade Demonstração pelo acusado da verdade dos fato ofensivo imputado – não é admitida como regra geral, salvo: Se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções (arts. 139, § único, e 21, § 1º, a, Lei n. 5.250/67). Se o crime é cometido contra órgão ou entidade que exerça funções de autoridade pública (art. 21, § 1º, a, Lei n. 5.250/67). Se o ofendido permite a prova (art. 21, § 1º, b, Lei n. 5.250/67). - Procedente a exceção da verdade, a conduta será lícita. Exclusão do crime Não constituem difamação, pela exclusão da tipicidade (art. 142): A ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador. A opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de difamar. O conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no cumprimento do dever do ofício. Na primeira e terceira hipóteses, responde pela difamação quem lhe dá publicidade (art. 142, § único). Retratação O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia fica isento de pena (art. 143). A retratação – completa ou incondicional – pode ser feita pelo próprio ofensor ou por seu procurador com poderes especiais até a publicação da sentença, extinguindo a punibilidade (art. 107, VI). Pedido de explicações Se de referências, alusões ou frases se infere calúnia, quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias responde pela ofensa (art. 144). Ação Penal e Competência Ação Penal Privada (art. 145, caput), exceto se o fato for imputado ao presidente da República ou a chefe de governo estrangeiro (pública condicionada à requisição do ministro da Justiça), ou a funcionário público, em razão de suas funções (pública condicionada à representação do ofendido) – art. 145, § único. Competência – Juizados Especiais Criminais: pena de detenção de três meses a um ano. - admite-se a suspensão condicional do processo. Injúria Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo lhe a dignidade ou o decoro: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria; II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria. § 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência. § 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003) Pena - reclusão de um a três anos e multa. (Incluído pela Lei nº 9.459, de 1997) Objetividade Jurídica Honra subjetiva. Tipo Objetivo Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro. Consiste na atribuição genérica de qualidades negativas ou de fatos vagos e indeterminados. Prescinde da falsidade a imputação feita. Admite vários meios de execução (palavras gestos, escritos, canções, imagens, caricaturas etc.) Desnecessária a presença do sujeito passivo. Tipo Subjetivo Dolo (direto ou eventual) e o propósito de ofender (elemento subjetivo especial do tipo). Consumação e Tentativa Consumação – com o conhecimento da ofensa pela vítima. Tentativa – admissível, em tese. Injúria Real e Injúria Discriminatória Injúria real – consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes (art. 140, § 2º). Injúria discriminatória – consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião ou origem (art. 140, § 3º); Exceção da verdade e retratação Inadmissíveis. Exclusão do crime Não constituem injúria, pela exclusão da tipicidade (art. 142): A ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa pela parte ou por seu procurador. A opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar. O conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no cumprimento de deve do ofício. Na primeira e terceira hipóteses, responde pela injúria quem lhe dá publicidade (art. 142, § único). Pedido de explicações Se de referências, alusões ou frases se infere calúnia, quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias responde pela ofensa (art. 144). Ação Penal e Competência Ação Penal Privada, exceto se a injúria for dirigida ao presidente da República ou a chefe de governo estrangeiro (pública condicionada a requisição do ministro da Justiça) ou a funcionário público, em razão de suas funções (pública condicionada à representação do ofendido) – art. 145, § único. Na injúria real, se resulta lesão corporal grave, ação penal é pública incondicionada; se produz lesões leves, a ação penal é pública condicionada à representação (art. 88, Lei n. 9.099/95); na hipótese de vias de fato, a ação é de natureza privada (art. 145). Disposições comuns Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido: I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro; II - contra funcionário público, em razão de suas funções; III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria. IV - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria. (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003) Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro. Exclusão do crime Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível: I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador; II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar; III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever do ofício. Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade. Retratação Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena. Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa. Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal. Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3º do art. 140 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 12.033. de 2009) Questões Qual é o número mínimo de integrantes indispensável para a configuração da rixa? Os inimputáveis e aqueles que ingressam na rixa para separa os contendores são considerados rixosos? O contendor que sofreu a lesão corporal grave também responde pela rixa qualificada? Os inimputáveis e os desonrados podem figurar como sujeitos passivos da infração penal de calúnia? E a pessoa jurídica? Indique e comente as hipóteses em que a exceção da verdade, na calúnia, não é admitida. Diferencie calúnia, difamação e injúria. Responde pelo delito de difamação quem divulga ou propala fato ofensivo à reputação alheia? Diferencie: a) provocação e retorsão imediata; b) injúria real e injúria discriminatória. Em que consiste o pedido de explicações (art. 144)? Deve o juiz examinar o méritos das explicações antes da propositura da queixa-crime?
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