Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA – UNIR NÚCLEO DE SAÚDE DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM DISCIPLINA DE ENFERMAGEM A CRIANÇA E ADOLESCENTE ESTUDO CLÍNICO/PROCESSO DE ENFERMAGEM Porto Velho-RO Outubro, 2008. FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA – UNIR NÚCLEO DE SAÚDE DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM DISCIPLINA DE ENFERMAGEM A CRIANÇA E ADOLESCENTE ESTUDO CLÍNICO/PROCESSO DE ENFERMAGEM Material elaborado pela discente do Grupo C: Rosa Maria Ferreira de Almeida com o intuito avaliativo, sob supervisão da Docente: Ms. Jeanne Gadelha professora da disciplina de Enfermagem a Criança e Adolescente. Porto Velho-RO Outubro, 2008. 1. INTRODUÇÃO Visando prestar assistência à saúde do indivíduo num contexto de pediatria e puericultura, seja na prevenção, tratamento ou cura, considerando-o como um ser indivisível e não um conjunto de partes isoladas deu-se início o estágio da disciplina de Enfermagem em pediatria e puericultura, com a pratica voltada a vários campos desta área incluindo os níveis de atenção básica, primária e secundária. No dia 14 de outubro do corrente ano sob a orientação da Prof. Mestre Jeanne Gadelha iniciou-se na Clínica Pediátrica II do Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro mais um campo de estágio dos alunos do grupo C. Com o decorrer das atividades fomos apresentados ao paciente o qual iríamos assistir durante os três dias do campo, me foi designado o menor D. B. G. internado devido a múltiplas lesões por queimadura elétrica (eletro-choque) por fios de alta-tensão. As queimaduras provocadas por eletricidade são acidentes que podem envolver ferimentos e traumatismos graves (necroses, fraturas, luxações, entre outros). Quando a vitima de um acidente por descarga elétrica sobrevive e chega ao hospital, ela impressiona pelo quadro que invariavelmente apresenta e comove toda a equipe multidisciplinar que trabalha na unidade e o caso agrava se a vitima for uma criança. Para tal estudo foi usado como ferramenta o processo de enfermagem que consiste na dinâmica das ações sistematizadas e inter-relacionadas, visando à assistência ao ser humano. Caracterizado pelo inter-relacionamento e dinamismo do histórico, diagnóstico, plano assistencial e evolução de enfermagem. Visando enriquecer a assistência se fez necessário os estudos farmacológicos e da patologia. 2. HISTÓRICO DO PACIENTE Resumo de dados do Prontuário colhido no dia 14/10/08. Nome: D. B. G. Idade: 4 anos Data Nascimento: 12/04/2004 Cor: Pardo Sexo: Masculino Religião: Católico Naturalidade: Colorado do Oeste. Reside em: Cabixi-RO, Zona Rural. Endereço: Km 205, lote 10. Informante/cuidador: G. T. G. Grau de parentesco: Pai Enfermaria: 16 Leito: 251 Data Admissão: Admitido no dia 14/09/08 na Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica – UTIP, sendo transferido no dia 21/09/08 para a Pediatria I – PED-I. Dias de Internação: 35 dias. Hipótese Diagnóstica: Queimado com choque elétrico de alta tensão. Além do pediatra está em acompanhamento de outro profissional de saúde? Sim, está sendo acompanhado pela cirurgiã plástica, pela equipe de enfermagem e nutrição além da psicóloga. Exames Realizados: Citados em tabelas a seguir. Quadro 1 – Exames Laboratoriais Comparativo. Exames 14/09/08 15/09/08 25/09/08 05/10/08 08/10/08 Hemácias 4,40 4,09 3,19 3,29 4,23 Hemoglobina 11,5 11,0 8,2 8,3 10,7 Hematócrito 33,6 31,9 25,3 25,9 33,5 V.C. M. 76,4 78,0 79,3 78,7 79,2 H. C. M. 26,1 26,9 25,7 25,2 25,3 C. H. C. M. 34,2 32,5 32,4 32,0 31,9 R. D. W. 14,0% 14,4 12,7% 13,8% 14, Leucócitos 7.700 6.100 8.600 5.2000 5.600 Eosinófilos 0 02 01% 01% 02 Bastonetes 10% 06 0 10% 04 Segmentados 69% 58 58% 54% 52 Linfócitos 20% 20 40% 33% 40 Monócitos 01 08 01 02% 02 Plaquetas 169.000 176.000 708.000 558.000 443.000 Glicose 98 68 - - - Uréia 33 20 30,0 - 31,0 Creatinina 0,4 0,5 0,4 - 0,5 Sódio 136 134 133 133 129,2 Potássio 5,5 4,1 4,5 4,4 3,8 Cálcio 0,3 - 7,7 - 8,1 Magnésio 2,1 - - - - Obs: Discreta Microci- tose Discreta Microci-tose Discreta Microcitose; Discreta Policromasia; Moderada trombocitose. Discreta microcitose, policromasia e trombocitose. Discreta microcitose. Hipocromia e trombocitose; Discreta granulações tóxicas para neutrófilos. 3. ESTUDO HEMATOLÓGICO De acordo com os exames laboratoriais (hemogramas) realizados com o paciente e através destes objetivando um estudo comparativo percebeu-se a evolução do quadro (que antes apresentava apenas uma discreta micrositose) para nos últimos exames realizados, onde foram detectados: discreta microcitose, hipocromia, trombocitose; discreta granulações tóxicas para neutrófilos, apresentando ainda durante outros exames policromasia (vide quadro comparativo de exames laboratoriais). O Hemograma é um exame realizado que avalia as células sanguíneas de um paciente. O exame é requerido pelo médico para diagnosticar ou controlar a evolução de uma doença. Vale salientar que a expressão "Hemograma Completo" é de certa maneira redundante, já que todo e qualquer Hemograma (isto é, série vermelha, branca e plaquetária), exceto por erro do laboratório, é completo. As células circulantes no sangue são divididas em três tipos: células vermelhas (hemácias ou eritrócitos), células brancas (ou leucócitos) e plaquetas (ou trombócitos). Eritrograma é o estudo da série vermelha (eritócitos ou hemácias). Ao microscópio, as hemácias tem coloração acidófila (afinidade pelos corantes ácidos que dão coloração rósea) e são desprovidos de núcleo. As hemácias apresentam coloração central mais pálida e coloração um pouco mais escura na periferia. Elas são bicôncovas. Em indivíduos normais, possuem tamanho mais ou menos uniforme. Quando uma hemácia tem tamanho normal ela é chamada de normocítica. Quando ela apresenta coloração normal é chamada de normocrômica. O estudo da série vermelha revela algumas alterações relacionadas como por exemplo anemia, eritrocitose (aumento do número de hemácias). Os resultados a serem avaliados são: Número de glóbulos vermelhos: Os valores normais variam de acordo com o sexo e com a idade. Valores normais: Homem de 5.000.000 - 5.500.000, Mulher de 4.500.000 - 5.000.000. Seu resultado é dado em número por litro. Hematócrito: É um índice, calculado em porcentagem, definido pelo volume de todas as hemácias de uma amostra sobre o volume total desta amostra (que contém, além das hemácias, os leucócitos, as plaquetas e, é claro, o plasma, que geralmente representa mais de 50% do volume total da amostra). Os valores variam com o sexo e com a idade. Valores: Homem de 40 - 50% e Mulher de 36 - 45%. Recém-nascidos tem valores altos que vão abaixando com a idade até o valor normal de um adulto. Hemoglobina: segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS é considerado anemia quando um adulto apresentar Hb < 12,5g/dl, uma criança de 6 meses a 6 anos Hb < 11g/dl e crianças de 6 anos a 14 anos, uma Hb < 12g/dl. VCM (Volume Corpuscular Médio): é o índice que ajuda na observação do tamanho das hemácias e no diagnóstico da anemia: se pequenas são consideradas microcíticas (< 80fl, para adultos), se grandes consideradas macrocíticas(> 96fl, para adultos) e se são normais, normocíticas (80 - 96fl). Anisocitose: é denominação que se dá quando há alteração no tamanho das hemácias. As anemais microcíticas mais comuns são a ferropriva e as síndromes talassêmicas. As anemias macrocíticas mais comuns são as anemia megaloblástica eperniciosa. O resultado do VCM é dado em femtolitro. HCM (Hemoglobina Corpuscular Média): é o peso da hemoglobina na hémácia. Seu resultado é dado em picogramas. O intervalo normal é 26-34pg CHCM (Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média): é a concentração da hemoglobina dentro de uma hemácia. O intervalo normal é de 32 - 36g/dl. Como a coloração da hemácia depende da quantidade de hemoglobina elas são chamadas de hipocrômicas (< 32), hipercrômicas (> 36) e hemácias normocrômicas (no intervalo de normalidade). É importante observar que na esferocitose o CHCM geralmente é elevado. RDW (Red Cell Distribution Width): é um índice que indica a anisocitose (variação de tamanho), sendo o normal de 11 a 14%, representando a percentagem de variação dos volumes obtidos. Nem todos os laboratórios fornecem o seu resultado no hemograma. Leucograma é o estudo da série branca (ou leucócitos), faz-se uma contagem total dos leucócitos e uma contagem diferencial contando-se 100 células. O adulto normalmente apresenta de 5.000-10.000 leucócitos por 1 mm³ de sangue. Contagem diferencial de Leucócitos: Em um paciente normal as células encontradas são: Monócitos: uma das maiores células da série branca, têm citoplasma azulado, núcleo irregular (indentado, lobulado, em C ou oval) podem ter vacúolos (pela recente fagocitose). Quando estão aumentados usa-se o termo monocitose e ocorre em infecções virais, leucemia mielomonocítica crônica e após quimioterapia. Linfócitos: se pequenos têm citoplasma escasso, núcleo redondo; se grandes têm citoplasma um pouco mais abundante. Podem ter grânulos. É a célula predominante nas crianças. Seu aumento é chamado de linfocitose. Em adultos, seu aumento pode ser indício de infecção viral ou leucemia linfocítica crônica. Eosinófilos: citoplasma basofílico que não é visualizado por causa da presença de grânulos específicos (de coloração laranja-avermelhada), com núcleo com 2-3 lóbulos. Quando seu número aumenta é chamado de eosinofilia, e ocorre em casos de processos alérgicos ou parasitoses. Basófilos: citoplasma cheio de grânulos preto-purpúreos que cobrem o citoplasma. Em um indivíduo normal, só é encontrado até uma célula (em termos percentuais), seu aumento causa processos alérgicos. Neutrófilos Segmentados: citoplasma acidófilo (róseo), núcleo com vários lóbulos (2-5 lóbulos) conectados com filamento estreito. É a célula mais encontrada em adultos. Seu aumento pode indicar infecção bacteriana, mas pode estar aumentada em infecção viral. Plaquetas são observadas em relação à quantidade e a seu tamanho. Seu número normal é de 150.000 à 400.000 por microlitro de sangue. O tamanho de uma plaqueta varia entre 1 a 4 micrometros. A contagem de plaquetas é feita pelo método automático. Em relação ao teste de glicemia temos que: a escala normal da glicose de sangue de jejum em a maioria de laboratórios é 70 a 100 miligramas por o deciliter (mg/dL). A escala normal pode variar ligeiramente do laboratório ao laboratório. Um nível de glicose no sangue de jejum de 100 mg/dL ou é chamado mais altamente glicose de jejum danificada. Um nível entre 100 mg/dL e 125 mg/dL é um sinal dos prediabetes. Um nível de 126 mg/dL ou mais altamente pode significar quadro sugestivo de diabetes. A uréia: é um produto do catabolismo de aminoácidos e proteínas. Gerada no fígado, é a principal fonte de excreção do nitrogênio do organismo. É difundida através da maioria das membranas celulares, e a sua maior parte é excretada pela urina, sendo que pequenas quantidades podem ser excretadas pelo suor e degradadas por bactérias intestinais. A creatinina: é um produto da degradação da fosfocreatina (creatina fosforilada) no músculo, e é geralmente produzida em uma taxa praticamente constante pelo corpo — taxa diretamente proporcional à massa muscular da pessoa: quanto maior a massa, maior a taxa. Através da medida da creatinina do sangue, do volume urinário das 24 horas e da creatinina urinária é possível calcular a taxa de filtração glomerular, que é um parâmetro utilizado em exames médicos para avaliar a função renal. A referência típica para mulheres é considerada 0,5 a 1,0 mg/dL (cerca de 45-90 μmol/l), para homens 0,7 a 1,2 mg/dL (60-110 μmol/l). O sódio é o maior cátion e a principal partícula osmótica do meio extracelular. Por isso, é considerado o íon mais importante do organismo, tanto do ponto de vista quantitativo quanto por sua importância na manutenção do equilíbrio osmótico e da eletroneutralidade. As alterações da concentração do sódio extracelular resultam em alterações da osmolaridade, que, por sua vez, influenciam a distribuição da água corporal. Valores de referência: 40 a 220 mEq/24 h. O potássio é o cátion de maior concentração nos líquidos intracelulares. Somente cerca de 2% do potássio corpóreo é extracelular. A relação entre as concentrações do potássio no meio intracelular e extracelular é normalmente de 38:1. A manutenção dessa relação é muito importante para o funcionamento neuromuscular normal. Cerca de 90% do potássio ingerido é absorvido pelo trato gastrointestinal, sendo 80% excretados pelos rins, e o restante, pelas fezes. A quantidade excretada pela fezes aumenta como compensação em situações clínicas de insuficiência renal. Seus níveis séricos variam em ritmo circadiano, com maiores concentrações pela manhã entre as 8 e as 9 horas, e menores entre as 15 e as 16 horas. Valores de referência: 2,5 a 120,0 meq/l. O íon cálcio está entre os principais componentes minerais do organismo e desempenha um papel fundamental na mineralização óssea. Tem importância vital em vários processos fisiológicos, como o da coagulação sangüínea, a transmissão dos impulsos nervosos, a manutenção do mecanismo de contração e o relaxamento das musculaturas esquelética e cardíaca, as ativações enzimáticas, a regulação das glândulas endócrinas e exócrinas e a manutenção da integridade e da permeabilidade da membrana celular, principalmente em relação ao mecanismo de troca sódio /potássio. Valores de referência: 42 a 353 mg/24 h. O magnésio é um dos cátions inorgânicos mais abundantes no organismo. É essencial para diversos processos físico-químicos, sendo um co-fator para diversas enzimas intracelulares. Sua concentração é maior no meio intracelular do que no extracelular. A absorção é feita principalmente pelo intestino delgado, sendo a distribuição em 50% nos ossos, menos de 1% no sangue, e o restante em tecidos moles. A homeostase é mantida por excreção renal e regulada pela reabsorção tubular. Valores de referência: 24 a 255 mg/24 h. Diante do exposto as alterações conclusivas apresentadas foram: Discreta microcitose: é a diminuição do tamanho dos eritrócitos. Os micrócitos são notados na distensão sangüínea quando o diâmetro dos eritrócitos é inferior a 7 - 7,2mm. O núcleo do linfócito pequeno, com diâmetro de aproximadamente 8,5mm, é um guia útil na avaliação do tamanho dos eritrócitos. A microcitose poderá ser geral ou existir em parte da população de eritrócitos. Quando todos ou a maioria dos eritrócitos são pequenos há uma redução significativa no VCM. Os eritrócitos de crianças sadias são menores que os de adultos: o tamanho eritrocitário deve ser portanto, interpretado conforme a idade do indivíduo. Hipocromia é a redução da coloração do eritrócitos (aumento da palidez central das hemácias) devido à deficiência de Hb. A hipocromia pode ser geral ou ocorrer em uma parte da população de hemácias. A hipocromia severa poderá refletir-se em uma redução do CHCM. Qualquer uma das condições que leva à microcitose pode causar hipocromia. Os eritrócitos das crianças sadias são freqüentemente hipocrômicos quando comparados com os dos adultos. Policromasia ou policromatofilia O termo refere-se aos eritrócitos que tem coloração róseo-azulada em consequência da captaçãosimultânea da eosina (pela Hb) e dos corantes básicos (pelo RNA ribossômico). Uma vez que os reticulócitos são células cujo RNA ribossômico absorve corantes supravitais, formando um retículo visível, há um relacionamento entre os reticulócitos e as células policromáticas. Ambos são eritrócitos imaturos, recém-saídos da medula óssea . Trombocitose ou Hiperplaquetose é o termo referente a um número excessivo de plaquetas no sangue. Quanto à origem, pode ser reactiva ou primária (também denominada essencial, provocada por doença mieloproliferativa). Apesar de frequentemente ser assintomática (particularmente quando se origina como uma reacção secundária), pode provocar uma predisposição para a trombose. Discreta granulações tóxicas para neutrófilos: quando há um aumento na produção dos granulócitos, há uma diminuição no tempo da maturação das células precursoras dos neutrófilos. Por isso os neutrófilos aparecem no sangue com os grânulos primários. Estão presentes em casos de infecções. Pode-se concluir a necessidade da equipe de enfermagem em monitorar os achados laboratoriais em especifico hemogramas, pois este é indicativo de diversas alterações patológicas ou não e devem ser realizados com mais freqüência principalmente quando se tem um quadro clínico como o deste paciente. Quadro 2 – Outros Exames Laboratoriais realizados: 25/09/08 06/10/08 08/10/08 Cultura da secreção purulenta lesão por queimadura: Bacterioscopia Gram: Cocos positivos e freqüentes. Pesquisa de fungos: Ausentes Proteína “c” reativa: Reagente/título de 96mg/l. Antibiograma: Bactéria Isolada Staphylococos sp – coagulase negativa: Resistente á: azitromicina, ciprofloxacina, clindamicina, eritromicina, oxacilina, penicilina G. Sensível à: gentamicina, lenizolide, sulfazotrim e vancomicina. Antibiograma: Bactéria isolada Klebsiella sp, material: lesões. Resistente à: ampicilina Sensível à: cefalotina, cefepime, ertapenen, gentamicina, meropinen e sulfazotrim Antibiograma Bactéria isolada: Estafilococcus aureus. Resistente à: Azitromicina, cefalotina, clindamicina, eritromicina, gentamicina, oxacilina, penicilina G. Sensível à: sulfazotren e vancomicina. A antibioticoterapia sistêmica deve ser instituída mais incisivamente no queimado por eletricidade do que nas queimaduras térmicas, por causa da grande destruição tecidual, entretanto esta abordagem precoce continua sendo controversa. A cobertura antibiótica, quando indicada, deve atuar sobre Staphylococcus aureus. Em queimaduras com necrose tissulares profundas importantes também pode-se realizar cobertura frente a antibióticos. No caso do paciente em questão foram realizados antibiogramas devido à presença de infecção com o objetivo de indicar medicamentos adequados e que estes de fato possam coibir a piora do quadro. Além de identificar as bactérias especificamente, através da bacterioscopia e cultura de secreções das lesões. Foram realizados ainda os exames de tomografia, RX de tórax sem data e laudo conclusivo, bem como ultra-sonografia abdominal com laudo ilegível. Procedimentos invasivos realizados: Quadro 3 – de procedimentos invasivos realizados 14/09/08 18/09/08 06/10/08 Realizou cirurgia e amputação antebraço e cotovelo E. e debridamento local. Realizou debridamento em grande área de necrose no couro cabeludo na região Occitoparietal D. Provável local de saída da carga elétrica. Recebeu bolsa de sangue – Volume: 293ml de sangue O+ (realizado teste de compatibilidade) Glossário: Amputação: é a remoção de uma extremidade do corpo através de cirurgia ou acidente. Na medicina, é usada para controlar a dor ou a doença no membro afetado, como no câncer e na gangrena. Entre as causas mais comuns de amputação de órgãos inferiores e superiores encontramos: vasculopatias periféricas, traumáticas, tumorais, infecciosas, congênitas e iatrogênicas. Já as causas traumáticas atingem também um número expressivo da população por acidentes de trânsito, de trabalho ou, em número menor, em razão de outra etiologia. Dentre os citados, os acidentes de trabalho tendem a culminar em amputações dos membros superiores (dedos, mão e braço). Caso este que ocorreu com o paciente em questão. A atuação do enfermeiro na reabilitação de amputados junto à pessoa com deficiências e incapacidades, há tempos é norteada por uma assistência direta e compromissada com a qualidade. A equipe de enfermagem tem papel expressivo junto aos demais profissionais reabilitadores da equipe, compreendendo uma assistência holística e compartilhada onde o binômio paciente-família tem o seu papel preservado junto à equipe de especialistas, papel este definido em sua expressão clínica e acadêmica, o significado de somar esforços, compartilhar responsabilidades, conhecimento, reconhecer os limites e enfatizar potencialidades e habilidades. O enfermeiro reabilitador tem como compromisso garantir às pessoas com deficiências e incapacidades, assistência nos vários níveis de complexidade, utilizando métodos e terapêuticas específicos. Ainda, lhe cabe subsidiar tecnicamente a implantação de serviços especializados de enfermagem em reabilitação na busca por melhores condições de vida, de integração social e na independência para as atividades básicas da vida diária das pessoas. A Ilustração a seguir demonstra que os locais indicados para a amputação de MMSS são de preferência a região medial, ou seja, a mais afasta das articulações onde podem ocorrer maiores complicações para a reabilitação do paciente. Figura 1 – Braço e antebraço e suas divisões segundo locais de amputação. Fonte: Fisiomed Debridamento: é considerado singular no tratamento das feridas infectadas consiste no cuidado clínico das infecções e na remoção de tecidos desvitalizados ou necrosados. O debridamento desses tecidos geralmente é necessário após as grandes infecções. A permanência de tecidos desvitalizados serve de meio de cultura para agentes biológicos oportunistas que, em condições normais, convivem em íntima harmonia com o indivíduo e que, de repente, se valem dessa situação para seu desenvolvimento. As medidas gerais são importantes, e devem ser monitoradas pela equipe de enfermagem, pois as lesões teciduais são responsáveis por alterações metabólicas e liberação de catabólitos de alto peso molecular (mioglobina) na circulação que poderão levar à insuficiência renal aguda. É imperativo que durante o tratamento os pacientes sejam monitorizados laboratorialmente, e solicitados de rotina: hemograma, glicemia de jejum, marcadores de prova renal (uréia e creatinina). Medicações em uso e prescrição médica: 1) Dieta Livre; 2) Soro Glicosado 5% - 300ml + Nacl 10% (9,2ml) + Kcl 10% (6,7 ml) + Glucanato de Cálcio 10% (7,0 ml) Via endovenosa (EV) de 6/6 horas; 3) Ranitidina 1,4 ml EV 12/12 horas; 4) Dilatil 20 mg EV uma vez ao dia; 5) Dipirona 0,7 ml EV 6/6 horas; 6) Plasil 0,6 ml EV SOS (em caso de necessidade) 8/8 horas; 7) Imipinem 500 mg + água destilada 100 ml (Fazer: 90 ml + 50 ml Soro Fisiológico (SF) EV 6/6 horas); 8) Amicacina 500 mg/ 2 ml – 0,55 ml EV 12/12 horas; 9) Tramal 50 mg/ ml – 0,6 ml EV uma vez ao dia antes dos curativos; 10) Lactulona 5 ml 12/12 horas; 11) Óleo Mineral 5 ml Via Oral (VO) 8/8 horas; 12) Curativo com dermazine uma vez ao dia; 13) Verificar Sinais Vitais (SSVV) 6/6 horas; 4. ANAMNESE O paciente D. B. G, pré escolar 4 anos, sexo masculino, nacionalidade brasileira, natural de Colorado do Oeste, residente no município de Cabixi-RO na zona rural Km 205 lote 10, não freqüenta a escola é dependente do pai que é agricultor, teve a genitora falecida no mesmo acidente elétrico que sofreu. Internados devido a lesõesde queimadura por eletricidade estas se localizam no couro cabeludo na região occipitoparietal D, MSD, MMII e uma lesão extensa que vai desde a região dorsal passando pelas regiões lombar e ilíaca se estendendo até a sacrococcígena, além de uma lesão com perfuração devido a queimadura na orelha E. Os dados de gestação e natais não foram possíveis de serem obtidos, pois tais informaçãoes são desconhecidas pelo pai. A primeira mamada deu-se após o nascimento a partir do sexo mês foi introduzido em sua alimentação o leite de vaca e cereais industrializados e alguns mingaus que o pai não soube especificar. A partir de um ano de idade não foi forçado a comer nenhum tipo de comida e o mesmo não rejeitou nenhum. Segundo o entrevistado desde o nascimento a única patologia que o mesmo apresentou foram resfriados, sendo hospitalizado duas vezes devido ao mesmo. Em sua caderneta da criança não possui nenhum gráfico preenchido e seu esquema vacinal está em dias. Mora com o pai e com um irmão de oito anos de idade vivem em casa cedida pelos patrões. De madeira –forrada – com cinco cômodos, banheiro interno. Possui energia elétrica, a água consumida é filtrada. Não há coleta de lixo nem rede de esgoto em sua residência. O pai relata que o filho tomava banho duas vezes ao dia e lavar os cabelos duas vezes por semana. E sua higiene bucal dar-se três vezes ao dia após as refeições e é supervisionada pelo pai e o mesmo realiza sozinho, nunca foi ao dentista. Sua alimentação é composta por três refeições principais diárias geralmente com: feijão, arroz, banana, verdura, carne – bovina, suína, peixe – ou sopa, afirmando que a preferência do mesmo era por carnes vermelhas. Dorme em sua própria cama e divide um quarto com o irmão mais velho, segundo o pai até os dois anos de idade dormia com eles. Não passou maiores dificuldades para dormir, não costuma acordar durante a noite e nem é agitado durante o sono. Usou chupeta e cheirou a fralda até dois anos de idade, largou normalmente essas manipulações sem maiores intervenções. Tem boa interação social principalmente com crianças da mesma idade. Gosta de brincar prefere brinquedos como bola e carrinhos, porém não é muito cuidadoso com os mesmos. 5. EXAME FÍSICO Devemos avaliar o paciente queimado constante e minuciosamente, de preferência várias vezes ao dia. Esta avaliação é obrigatória, pois pode evitar a identificação tardia de um sério problema. Mais uma vez lembrarmos que o exame físico como um todo importante e enfatizamos aqui os pontos imprescindíveis na avaliação diária do paciente queimado. ESTADO GERAL: Restrito ao leito, consciente, hipoativo, pouco comunicativo, pouco cooperativo, normocárdico, eupneico, afebril. COURO CABELUDO: apresenta lesão de queimadura em região occipitoparietal D com presença de tecido fibrinoso e de granulação e aparecimento da caixa craniana, drenando secreção purulenta (mais de três gases). Realizado enxerto no dia 22/10/08. FACE: Simétrica com proporções características, ausência lesões. OLHOS: Tamanhos e distância proporcional, simétricos, ausência de lesões. Apresenta esclera e conjuntivas hipocoradas, sem secreções. A abertura ocular espontânea e as pálpebras se encontram sem alterações. No dia 23/10/08 apresentou edema palpebral. ORELHA: Pavilhão auricular sem anormalidades. Presença de lesão por queimadura com perfuração em orelha E. implantação normal. Apresenta boa acuidade auditiva. NARIZ: Simétricos, fossas nasais permeáveis. Tem boa acuidade olfatorial. BOCA: Lábios íntegros, normocorados. Mucosa oral rosada, úmida, gengiva coradas sem anormalidades e ausência de lesões dentição compatível para idade, não refere algia em relação a dentição. Língua apresentando um pouco de saburra. Gengivas coradas, tonsilas sem alterações. Fala e deglutição preservados. PESCOÇO: Simétrico sem anormalidades. Com acesso venoso profundo em subclávia E. Linfonodos não apresentando alterações. TÓRAX: Expansão sem anormalidades e simétrica percutível movimentos respiratórios presentes e com compatibilidade para a idade. Ausculta pulmonar com presença de murmuros vesiculares e a ausculta cardíaca com B1 e B2 audíveis e sem anormalidades. ABDÔMEN: com forma e volume normais, percutível em todos os terços, a ausculta presença de ruídos hidroaéros em todos os quadrantes, sem retrações, algia ou massa papável. MMSS: MSE foi amputado do antebraço até o cotovelo. MSD com presença de lesão por queimadura elétrica de terceiro grau no antebraço e mãos apenas os côncavos das mãos preservados, com tecido de granulação, processo infeccioso instalado e pequenos pontos necróticos nas falanges do MSD. GENITÁLIA: Apresentou edema de bolsa escrotal nos dias 22/10 e 23/10/08 e tamanho compatível com a idade. Com assaduras, entre as dobras próximo a região do terço superior da coxa e os crurais. MMII: com lesões por queimaduras elétrica de terceiro grau, com pontos de tecido necrosado e tecido desvitalizado, de granulação e fibrinoso. 6. DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA – QUEIMADURA POR ELETRICIDADE 6.1 Fisiopatologia Níveis danosos de corrente elétrica passando através dos tecidos corporais causam lesão por vários e distintos mecanismos fisiopatológicos voltagem-dependente. Durante décadas a lesão elétrica era vista simplesmente como uma forma de queimadura térmica. Embora a queimadura térmica seja um componente que às vezes possa ser dominante, existem outros efeitos do campo elétrico fisiopatologicamente significantes. Estes efeitos são dependentes do circuito, da voltagem e da amperagem da corrente que flui através dos tecidos. Forças elétricas podem alterar e destruir tecidos biológicos e seus vasos de um modo totalmente não dependente do calor. Nas lesões por alta voltagem, a corrente faz um percurso direto entre os pontos de entrada e saída, geralmente divergindo entre 2 pontos e reduzindo a lesão centralmente. Além disso, observa-se que o meio interno funciona como condutor de resistência uniforme, sendo o calor gerado com a passagem da corrente uma conseqüência do diâmetro do condutor. Isso explica a presença de lesões mais intensas nos membros que no tronco, uma vez que quanto menor o diâmetro de um condutor, maior a resistência e o calor gerado. Por isso as lesões dos membros costumam ser mais graves. Nos membros superiores as temperaturas mais elevadas são observadas ao nível do punho e da musculatura flexora do antebraço onde o diâmetro é menor e a concentração de estruturas é menor. O trauma elétrico é verdadeiramente um problema interdisciplinar: envolve cirurgia, imaginologia, anestesia, neurologia, psiquiatria, fisioterapia, medicina ocupacional, enfermagem, dentre outros. Uma discussão das características fisiopatológicas dessas lesões envolvem teorias de campo elétrico, eletroquímica, biologia celular, fisiologia, neuropsicologia e outras disciplinas. Assim, podemos afirmar que as lesões elétricas assumem importância considerável não só devido aos graus variáveis de lesão cutânea associada a grande destruição de tecidos profundos. Mas também devido ao alto índice de seqüelas resultantes, na maioria dos casos em pessoas jovens, e que não raro tornam-se definitivamente incapacitados. Como é o caso deste estudo. Queimaduras causadas por eletricidade representam uma pequena porção das admissões em unidades de queimados, porém revelam um dos mais agressivos tipos de injúria térmica. Correspondem de 5 a 15% dos casos de pacientes hospitalizados por queimaduras e a superfície corporal média atingida é de 15%. Acidentes elétricos em crianças se devem principalmente ao contato com fios e tomadas, e ao fato de puxa-los ou coloca-los na boca. Em geral, encontram-se abaixo dos 5-8 anos, com mãos ou faces comprometidas. São queimaduras raras, porém sua gravidade reside na ocorrênciade lesões desfigurantes. 6.2 Quadro Clínico As lesões causadas por queimaduras elétricas são classificadas quanto à extensão, profundidade e gravidade respectivamente a seguir: Quanto à extensão: Esta classificação baseia-se na superfície corporal atingida, sendo a regra universalmente mais aceite para proceder ao cálculo da área atingida, a denominada Regra dos Nove. Esta regra tem diferentes aplicações consoantes a idade do indivíduo queimado (Figura 2). Figura 2 – Aplicação da regra dos nove em crianças de 0 à 5 anos. Fonte: Fisiomed Utilizando-se de tal regra e calculando de acordo com a mesma, dentro de uma margem de erro o paciente em questão objeto deste estudo está com aproximadamente 50% da área corpórea com lesões de queimaduras. Porém alguns autores relatam que tal regra não é fidedigna podendo provocar erros graves, atualmente o modelo mais aceito para o cálculo da área corpórea lesada é o de Lund Browder por ser mais apurado e por levar em consideração as proporções do corpo em relação à idade (tabela a seguir). Considera-se a superfície corporal da criança semelhante à do adulto a partir da puberdade. Tabela 1 – Tabela de Lund Browder Idade em anos Área 0 – 1 1 - 4 5 - 9 10 - 14 15 Adulto Cabeça 19 17 13 11 9 7 Pescoço 2 2 2 2 2 2 Tronco anterior 13 13 13 13 13 13 Tronco posterior 13 13 13 13 13 13 Nádega direita 2 1/2 2 1/2 2 1/2 2 1/2 2 1/2 2 1/2 Nádega esquerda 2 1/2 2 1/2 2 1/2 2 1/2 2 1/2 2 1/2 Genitália 1 1 1 1 1 1 Braço direito 4 4 4 4 4 4 Braço esquerdo 4 4 4 4 4 4 Antebraço direito 3 3 3 3 3 3 Antebraço esquerdo 3 3 3 3 3 3 Mão direita 2 1/2 2 1/2 2 1/2 2 1/2 2 1/2 2 1/2 Mão esquerda 2 1/2 2 1/2 2 1/2 2 1/2 2 1/2 2 1/2 Coxa direito 5 1/2 6 1/2 8 8 1/2 9 9 1/2 Coxa esquerda 5 1/2 6 1/2 8 8 1/2 9 9 1/2 Perna direita 5 5 5 1/2 6 6 1/2 7 Perna esquerda 5 5 5 1/2 6 6 1/2 7 Pé direito 3 1/2 3 1/2 3 1/2 3 1/2 3 1/2 3 1/2 Pé esquerdo 3 1/2 3 1/2 3 1/2 3 1/2 3 1/2 3 1/2 Figura – 3 Modelo do boneco para calculo da área queimada Fonte: Saúde em movimento. Como Preencher a tabela: durante o primeiro curativo devemos desenhar, no boneco, as áreas lesadas e somente depois devemos preencher a tabela. Sabendo a idade do paciente, iremos utilizar a coluna correspondente, reparando que alguns valores vão variar de acordo com a idade. Quanto à profundidade: Lesão de Primeiro Grau: considera-se lesão de primeiro grau aquela que atinge a camada mais externa da pele, a epiderme. Não provoca alterações hemodinâmicas, nem tão pouco é acompanhada de alterações clínicas significativas. Clinicamente a lesão é hiperemiada, úmida, dolorosa. Exemplo: lesão por raios solares. Lesão de Segundo Grau: atinge tanto a epiderme como parte da derme. A característica clínica mais marcante é a formação das bolhas ou flictenas. Exemplo: lesão térmica causada por líquido superaquecido. Lesão de Terceiro Grau: acomete a totalidade das camadas da pele (epiderme e derme) e, em muitos casos, outros tecidos, tais como tecido celular subcutâneo, músculo e tecido ósseo. Clinicamente apresenta um aspecto esbranquiçado ou marmóreo ; há redução da elasticidade tecidual, tornando-se rígido. Pode apresentar por transparência vasos sangüíneos trombosados. É a mais grave de todas as lesões térmicas, provocando lesões deformantes. Pode ser de causa elétrica ou térmica. Alguns autores consideram como lesão de "quarto grau" as áreas carbonizadas. A grande dificuldade prática está na diferenciação entre a queimadura de segundo grau profundo e lesão de terceiro grau. Durante a própria evolução da queimadura, uma infecção ou uma grave instabilidade hemodinâmica podem provocar o aprofundamento da lesão, ou seja, uma queimadura de segundo grau superficial pode evoluir para um segundo grau profundo ou terceiro grau. Em decorrência disso, não devemos ser categóricos quanto ao grau de queimadura em uma primeira avaliação, sendo de suma importância a reavaliação do paciente decorridas 48-72 h da lesão. Quanto à gravidade: Esta classificação serve para nos indicar o potencial de risco que a queimadura pode trazer para a vítima. Nesta classificação para além de termos de saber qual a causa, qual a profundidade e qual a área atingida, temos de saber também qual o local atingido e qual a idade da vítima, pois, é da conjugação dos três primeiros com estes dois últimos que podemos estabelecer um prognóstico da evolução da situação no sentido de estarmos despertos para o perigo de vida que aquela queimadura representa. • Queimaduras leves - sem indicação de internação ambulatório: — l° grau qualquer extensão. — 2° grau menores que 10%. — 3° grau menores que 2%. • Queimaduras moderadas - indicação dependente de outros fatores: — 2° grau entre 10 a 20%. — 3°grau entre 3 a 10%. • Queimaduras graves - internação sempre: — 2 a grau que excedem 20% da Superfície Corporal (SC). — 3° grau que excedem 10% da SC. 6.3 Complicações Variam de acordo com o grau de gravidade entre as mais comuns destacam-se: As complicações do trato respiratório: como a pneumonia e a embolia pulmonar; a forma mais comum desta complicação é a broncopneumonia ou pneumonia de contaminação por via aérea. São precoces e relacionadas a diversos fatores, como a extensão da queimadura, a broncoaspiração, a lesão por inalação e presença de um tubo orotraqueal ou de uma cânula de traqueostomia. Já a embolia pulmonar é uma complicação freqüente e potencialmente séria; a queimadura está relacionada, na sua fase inicial, a um estado de hipercoagulabilidade e é necessária freqüentemente a permanência dos pacientes em posições fixas por tempo prolongado. As cirurgias de debridamentos e enxertos também são fatores predisponentes à ocorrência de fenômenos tromboembólicos. Neste caso atentar para o monitoramento do paciente, pois este se encontra predisponente a tais eventos adversos (complicações). Entre as complicações do sistema urinário destacam-se: a insuficiência renal e a infecção urinaria; na ausência de uma reposição adequada, ocorrerá redução do débito cardíaco e do fluxo plasmático renal. A insuficiência renal, tanto oligúrica quanto de alto débito, tem sido registrada, aumentando acentuadamente a taxa de mortalidade. Já a infecção urinária é uma complicação freqüente por causa do uso da sonda vesical de demora, para controle do débito urinário nos grandes queimados. Outros fatores podem contribuir para a infecção, como a queimadura de períneo, o uso de antibióticos de largo espectro, doenças obstrutivas do trato geniturinário. A anemia é agravada pelas perdas sangüíneas durante procedimentos como debridamentos, curativos, cirurgias e colheita de sangue para exames laboratoriais, além da possibilidade da ocorrência de hemorragia digestiva. O íleo adinâmico é descrito como um complicador da queimadura nas primeiras 24-48 h pós-trauma. Raramente se observa o quadro clássico de íleo, com distensão abdominal, vômitos, náuseas e ausência de ruídos hidroaéreos à ausculta. Mais freqüentemente os pacientes apresentam vômitos nas primeiras horas pós-queimaduras, relacionados principalmente à grande ingesta, com sofreguidão, de água antes do início da reposição hidroeletrolítica, devida à sede intensa provocada pela desidratação. Pacientes grandes queimados desenvolvem freqüentemente diarréia no curso do tratamento, sendo a causa certamente multifatorial. É comum a presença de verminose associada, principalmente nos pacientes pediátricos, devendo ser feita à pesquisa de helmintos e protozoários nas fezes para administração de antiparasitários específicos. Nas primeiras 24 h pós-queimadura, observa-se em grandes queimados elevação nos níveis séricosdas enzimas hepáticas, sem que apresentem quaisquer manifestações clínicas. Estas alterações tendem a se normalizar em poucos dias. São pouco freqüentes as lesões intestinais. Elas podem ser observadas ocasionalmente em doentes graves, em razão de isquemia da mucosa, que pode causar úlceras de íleo e de cólon que, por sua vez, podem perfurar e causar peritonite fecal. O paciente queimado manifesta um estado de hipermetabolismo que é diretamente proporcional à extensão da queimadura. O hipermetabolismo é evidenciado pelos aumentos no consumo de oxigênio, no débito cardíaco, na ventilação minuto e na temperatura corporal. Esta resposta é mediada pela elevação do nível de catecolaminas. O miocárdio estimulado pelas catecolaminas aumenta acentuadamente o consumo de oxigênio, sendo este o principal fator na gênese do infarto do miocárdio. A arrtimia cardíaca pode ser uma complicação do infarto agudo do miocárdio ou ocorrer de forma isolada, sendo a mais freqüente alteração cardiovascular observada nos queimados. A queimadura elétrica é uma importante causa de arritmia. Quando ocorre um óbito secundário ao choque elétrico de baixa voltagem, ele é devido ao efeito direto da corrente sobre o miocárdio causando fibrilação ventricular. A assistolia cardíaca e a parada respiratória ocorrem como resultado de lesão dos centros cerebrais decorrente de passagem de corrente de alta voltagem. A tromboflebite supurativa ocorre por contaminação das veias previamente canuladas no paciente queimado. Está diretamente relacionada com a duração de canulação. Ocorre com mais freqüência em veias dos membros inferiores. Clinicamente observam-se sinais inespecíficos de infecção, como febre elevada e persistente, calafrios, taquicardia e taquipnéia. No local da dissecção venosa podem ser observados sinais flogísticos e drenagem de secreção purulenta. O Staphylococcus aureus é a bactéria mais comumente isolada. Por ser o grande queimado um paciente que necessitará de grandes repo-sições de albumina, plasma, concentrado de hemácias, eventualmente de cri-oconcentrados de fatores de coagulação e plaquetas, ele poderá se tornar portador de diversas patologias infecciosas veiculadas pelos hemoderivados e também ser suscetível às complicações hemolíticas por incompatibilidade sangüínea. Lesões por alta voltagem podem causar dano direto ao cérebro quando o ponto de contato é o crânio, e também podem lesar a medula espinhal e os nervos periféricos quando a corrente atravessa estas estruturas liberando calor. O déficit neurológico é mais comumente motor, tem início geralmente imediato e pode mostrar alguma melhora com o passar do tempo, dependendo da gravidade da lesão do neurônio, porém a completa recuperação é incomum. Diversas doenças podem ser complicadas pela queimadura. Observamos no grande queimado um estado de hipermetabolismo promovido pela ação de diversos hormônios, que, associado a uma grande reposição de salina, pode descompensar tanto uma hipertensão arterial quanto uma insuficiência cardíaca previamente compensadas. O mesmo se observa em relação a doenças endócrinas como o diabetes, a insuficiência de supra-renal e o hipotireoidismo. 6.4 Tratamento As queimaduras de relativa extensão por alta voltagem elevam consideravelmente o número de complicações devido à magnitude das lesões, aparentemente ocultas, dos tecidos profundos, sendo o tratamento cirúrgico inicial mais extenso. Nestes pacientes a complicação mais grave na fase inicial é a insuficiência renal aguda, sendo as causas mais freqüentes de morte a sepse, o choque séptico e a falência de múltiplos órgãos. Estas complicações podem ser evitadas pela detecção precoce dos primeiros sinais de infecção, por alteração nos parâmetros clínicos e culturas seriadas. A infecção por Pseudomonas aeruginosa pode aparecer tardiamente, sendo que hemoculturas negativas não excluem essa possibilidade; e sempre deve ser suspeitada na vigência de sinais de gravidade como: deterioração da função renal, instabilidade hemodinâmica com decréscimo da saturação de oxigênio, febre alta, aparecimento brusco ou agravamento da coagulopatia de consumo e leucopenia neutropênica. No queimado elétrico a evolução clínica vai influenciar a precocidade do tratamento cirúrgico. Conduta em relação aos tecidos desvitalizados: Nas queimaduras por eletricidade o tempo da ressecção dos tecidos desvitalizados é controverso. Enquanto um grupo de autores preconiza ressecção imediata, outro grupo prefere faze-la mais tardiamente. Realmente, nem todas as queimaduras resultantes de acidente por eletricidade podem ser consideradas como verdadeiras queimaduras elétricas. Muitas dessas queimaduras comuns e o tratamento em nada se diferenciam daquele empregado nas queimaduras por outros agentes. Na avaliação e tratamento das lesões causadas por eletricidade deve-se levar em conta uma série de fatores tais como: características evolutivas próprias das lesões elétricas, topografia das lesões elétricas, extensão e localização das queimaduras associadas. A necrobiose das lesões por eletricidade apresenta caráter progressivo, sendo difícil o reconhecimento precoce da quantidade de tecidos cuja vitalidade foi ou será comprometida de modo irreversível. Geralmente um segundo e algumas vezes um terceiro desbridamento serão necessários. A trombose após uma lesão elétrica priva as fibras musculares de seu suprimento sangüíneo, seguindo-se sua morte. Na queimadura elétrica por alta voltagem, o tratamento cirúrgico tem por objetivo eliminar grandes massas de tecidos desvitalizados para favorecer a recuperação dos transtornos gerais do grande queimado, controlar a infecção e diminuir a morbidade de seqüelas. A localização mais freqüente da queimadura é nas extremidades, especialmente as superiores. Na avaliação das lesões, deve-se valorizar os pontos de entrada e saída, a localização da queimadura, a evidência de dano muscular e a situação vascular do membro. Deve-se considerar possíveis lesões nervosas em queimaduras localizadas sobre o antebraço e punho, a intensidade do edema proximal e a possível instalação de uma síndrome compartimental. Em lesões torácicas e abdominais é importante verificar a possibilidade de dano visceral. No comprometimento da cabeça, o crânio oferece na maioria dos casos, proteção suficiente para evitar comprometimento cerebral. Nas queimaduras por alta voltagem, pode ser necessária algumas medidas cirúrgicas urgentes, como escaratomia, fasciotomia e amputação em alguns casos. A escaratomia está indicada em queimaduras de membros circulares, semicirculares ou quando existe um edema intenso. As incisões devem evitar que fiquem expostos os troncos nervosos ou as artérias principais. As queimaduras da parede torácica também requerem uma atuação imediata. A fasciotomia está indicada quando há edema importante em membros ou em tecidos profundos que elevem a pressão intracompartimental acima de 30 mmHg ou quando o critério clínico assim o aconselhe. Ao realizar a fasciotomia gera-se uma ferida ampla, sendo aconselhável sua cobertura com retalhos ou enxertos de pele se os tecidos profundos que ficam expostos não estão queimados. Se, ao contrário, os tecidos profundos apresentam-se afetados pela queimadura, é aconselhável o tratamento com antimicrobianos tópicos (creme de sulfadiazina de prata). Não é freqüente que se proceda como medida urgente a amputação de um membro, exceto naqueles casos nos quais deve-se evitar complicações ou quando o membro ou segmento distal seja absolutamente inviável. Nestes casos, o nível proximal de amputação é difícil de estabelecer, pela existência de grave deterioração muscular próximos a zonas de laceração cutânea. Conduta em relação ao fechamento das áreas cruentas: Na cobertura de áreas cruentas onde há exposição de estruturas profundas como tendões,vasos, nervos e ossos, retalhos pediculados são preferidos, pois estas áreas constituem mau leito nutriente aos enxertos de pele. Os transplantes pediculados garantem sua própria nutrição assim como nutrem e protegem melhor as estruturas expostas. Nos casos em que se torna difícil a utilização de retalhos devido a localização e extensão das lesões, inicialmente são usados os enxertos de pele. Estes devem ser colocados de preferência sobre as áreas granulantes que circundam as estruturas que não granulam. Em alguns casos, ocorre até a integração de enxertos colocados sobre pequenas porções de tendões expostos. Nos casos de enxertos colocados como pontes sobre pequenas áreas de ossos expostos, a nutrição é garantida através de sua periferia pelas porções restantes dos enxertos que se apóiam em bom leito nutriente. Mesmo quando os enxertos em contato com ossos e tendões expostos não sobrevivem, a melhoria das condições locais resultantes do fechamento das áreas granulantes circunvizinhas favorece a cobertura de tais estruturas pelo tecido de granulação. A posterior retração desse tecido e sua cobertura pelo epitélio vizinho resolve o problema, se não de modo definitivo, pelo menos provisoriamente. Quando segmentos maiores de ossos são expostos, deve ser feito o reavivamento do osso através da ressecção de toda a tábua externa, pondo-se a descoberto a medular de ossos chatos ou, nos ossos longos, a ressecção de porções variáveis da camada compacta até planos onde o sangramento seja mais fácil. A cobertura do osso pelo tecido de granulação acontece dias depois. A técnica da utilização de enxertos de pele é mais simples, de execução mais rápida e interfere menos intensamente com o tratamento das demais lesões. É freqüente o enxerto intermediário de pele constituir boa cobertura definitiva para estas áreas. Quando isto não ocorre, eles podem, em qualquer tempo, ser substituídos por retalhos pediculados, os quais serão executados em melhores condições (ausência de infecção ou grave comprometimento do estado geral do paciente). 9. EVOLUÇÃO DE ENFERMAGEM Evolução utilizada do dia 23/10/08: Infante, 4 anos no 39º dia de internação por queimaduras elétricas (eletrocussão). Afebril, taquicárdico, eupnéico, restrito ao leito. Mantido acesso venoso no terço proximal do braço direito. Ao exame físico: pele e mucosas hipocoradas. Mantêm curativo oclusivo em lesão na região occpitoparietal direita. Face simétrica, apresenta edema palpebral. Tórax e expansão torácica simétricos. À ausculta cardíaca B1 e B2 audíveis. À ausculta pulmonar presença de murmuros vesiculares. Apresenta lesão na região dorsal, lombar e sacrococigea na região central drenando secreção purulenta (+ 3 gases) demais areas presença de tecido de granulação e mantidos hidrocolóide.. Membro superior direito (MSD) com lesão drenando secreção purulenta (+ 3 gases) e pontos necróticos nas falanges distais com pontos apresentando tecido fibrinoso e granulação. Membro inferior esquerdo (MIE) com lesão drenando secreção purulenta ( + 3 gases) com tecido de granulação. Membro inferior direito (MID) apresenta lesão com tecido de granulação e pontos necróticos. Persiste edema em bolsa escrotal. Diurese presente e límpida sendo monitorada drenando (250 ml as 6:30, segundo relato do genitor e as 8:30 150 ml observados e anotados. Evacuações ausentes durante o período matutino. Aceitando bem a dieta oferecida. Realizado curativo oclusivo com soro fisiológico, fibrase e ataduras. Quadro 4 – Alguns valores de Referência para crianças (pré-escolares) de 04 anos de idade necessários e importantes para a equipe de enfermagem. Pressão Arterial 95/60 mmhg Freqüência Respiratória 20 à 25 inc/min Pulsação 80 à 120 média 100 bat/min Temperatura 35,5 à 37 ºC Tamanho do mangito a ser utilizado 5 cm Níveis de hemoglobina <11 Valor ponderal de ganho de peso 1.650 gramas +-/ano Estatura 0,75 cm ao mês 10. PLANEJAMENTO DO CURATIVO Objetivando uma melhor qualidade da assistência prestada e uma vez que o paciente em questão encontra-se em isolamento se faz necessário um planejamento diário do curativo, desde o tipo de cobertura a ser utilizado como os matérias necessários para realizar tal procedimento adequadamente otimizando o tempo para realizar avaliações dom quadro clínico. Lista de materiais necessários para a execução dos curativos: 02 Lençóis para queimado (estéreis); 05 Ataduras de crepe; 04 Pacotes de compressa; 01 Espátula estéril; 500 ml de soro fisiológico; 03 capotes; 03 gorros; 03 máscaras; 06 luvas estéreis; 06 pares de luvas de procedimento; 01 Esparadrapo; 05 tubos de fibrase; Álcool à 70%; Clorexidina; 12 pacotes de gases estéreis; Vale lembrar que além de realizar o curativo a equipe de enfermagem deve está atenta e anotar todas as intercorrências observadas durante o procedimento bem como analisar casa lesão individualmente anotando a evolução (involução) diária de cada uma. Outro ponto fundamental principalmente no caso deste paciente é mensuração da dor informação do paciente em relação à intensidade da dor é subjetiva, uma vez que varia de acordo com as experiências dolorosas anteriores, com a etnia, com o sexo, a idade, etc. Essa subjetividade dificulta a definição paradigmática e aponta mais para que a intensidade da dor seja conceituada, ao invés de definida. Diversos critérios têm sido propostos para conceituar a intensidade de dor, não só com mais objetividade, mas também com mais especificidade quantitativa isso através de escalas. Essas escalas verbais descritivas e categóricas, escalas analógicas visuais numéricas (0 a 10), pictográficas (faces, figuras, linhas, cores), e outras desabilitantes funcionais, têm sido usadas. Escala de faces Wong Baker Vinda do relato do paciente, considera-se a chamada descrição verbal, sendo que essa verbalização leva a uma enorme diversidade complicadora, própria dessas descrições verbais, cujas palavras se apresentam muito voltadas às qualidades e nem tanto à intensidade da dor. A intensidade da dor deve ser avaliada pela equipe de enfermagem diariamente principalmente à manipulação e aos curativos, o paciente em questão tem de ser avaliado conforme a escala de faces de Baker, e dentro desses parâmetro temos que a intensidade da dor dele encontra-se de 8 à 10. As intervenções de enfermagem têm de estar direcionadas para minimizar tais agravos. 11. ESTUDO FARMACOLÓGICO 11.1 – SORO GLICOSADO O que é: Receptor de fluidos e nutrientes. Indicações: Regimes, nutrição parenteral. Contra indicações: Gravidez, diabete, hemorragia intracraniana ou intra-espinhal. Reações adversas: Dor local, reação febril, trombose, hipovolemia, hiperglicemia, etc. 11.2 – CLORETO DE SÓDIO O que é: Eletrólito; solução salina normal (0,9%); solução salina isotônica (0,9%); solução salina hipertônica (3% ou 5%); [sal de sódio]. Indicações: Reposição de cloreto; diluição de drogas injetáveis compatíveis; reposição de sódio. Solução a 0,9% (solução salina normal) (solução salina isotônica): reposição de água e cloreto de sódio, diluente de drogas injetáveis (intravenosas, intramuscular ou subcutâneas); limpeza de catéteres; reposição de líquido extracelular; alcalose metabólica (quando há perda líquida e depleção leve de sódio). Solução a 3% ou 5% (solução salina hipertônica): hiponatremia severa. Contra indicações: Hipernatremia (aumento de sódio no sangue); retenção de líquidos. Não usar a solução hipertônica (3% ou 5%) nos casos das concentrações plasmáticas de sódio e cloreto estarem altas, normais ou pouco baixas. Não usar solução de cloreto de sódio com preservativo (ex.: álcool benzílico) em recém-nascidos (pode intoxicar a criança). Reações Adversas: Abscesso; dor ou sensibilidadelocal; flebite (inflamação da veia); hipervolemia; infecção local; necrose dos tecidos no local da injeção; reação febril; trombose venosa. Quantidades excessivas de cloreto de sódio podem causar diminuição de potássio no sangue e acidose; sobrecarga de líquidos ou eletrólitos podem resultar em diluição das concentrações sangüíneas dos eletrólitos, insuficiência cardíaca congestiva, hiper- hidratação, edema pulmonar ou congestão pulmonar, particularmente em pacientes recebendo medicamentos que retém sódio (corticosteróides, corticotropina ou pacientes com doença cardiovascular). Precauções: Soluções concentradas a 10%, 20% não podem ser injetadas diretamente. Essas soluções precisam ser diluídas até as concentrações compatíveis indicadas. Se injetadas diretamente dão origem a hipernatremia, choque cardiovascular, problemas no sistema nervoso central, hemólise (destruição de hemácias) acentuada, necrose renal, necrose severa de tecidos locais se houver infiltração da solução. Soluções hipertônicas só podem ser injetadas perifericamente e em veias de grosso calibre, para evitar irritação venosa (cuidado para que não haja infiltração da solução). Em caso de superdosagem: a infusão de mais de 1 litro de solução salina a 0,9% pode resultar em hipernatremia (aumento exagerado do sódio no sangue) e acidose (por perda de bicarbonato). Infusão durante ou logo após cirurgia pode levar a excessiva retenção de sódio. 11.3 – CLORETO DE POTÁSSIO O que é: Suplemento de potássio. Indicações: Reposição de potássio. Contra indicações: Anúria; aumento de nitrogênio no sangue (a menos que o paciente seja hipocalêmico); aumento de potássio no sangue; desidratação severa; diminuição da urina; doença de Addison não curada; em pacientes que fazem uso de diuréticos poupadores de potássio; imediatamente após cirurgias; até que o fluxo urinário seja restabelecido; insolação; insuficiência renal grave. Reações Adversas: Ansiedade; batimento cardíaco irregular; cansaço excessivo; cólica; confusão mental; diarréia; dor no estômago; fezes escurecidas ou com sangue; fraqueza nas pernas; hemorragia; náusea; palidez; pele fria; perda de sensibilidade dos pés, dos dedos mãos ou dos lábios; respiração curta; vômito. Em caso de superdosagem: hipercalemia, paralisia plácida com parestesias, arritmias cardíacas, bloqueio AV total, desaparecimento da onda P, alargamento do complexo QRS. O tratamento consiste em: sal de Cálcio (gluconato); glicose; insulina; bicarbonato de sódio. 11.4 – RANITIDINA O que é: a ranitidina é um medicamento que atua na cicatrização da gastrite e/ou das úlceras pépticas do estômago e do duodeno e prevenindo suas complicações. Indicações: A ranitidina promove uma diminuição da produção de ácido e pepsina no estômago, favorecendo a cicatrização da gastrite e/ou das úlceras pépticas do estômago e do duodeno e prevenindo suas complicações. A ranitidina também pode ser usado no tratamento de doenças relacionadas à hipersecreção ou hipersensibilidade à secreção gástrica, tais como esofagite de refluxo (associada ou não a hérnia de hiato). Contra Indicações: O de ranitidina durante a gravidez e/ou amamentação não é recomendado. Informe seu médico a ocorrência de gravidez na vigência do tratamento ou após o seu término. Informe ao médico se está amamentando. 11.5 – DIPIRONA O que é: Analgésico; antipirético; antitérmico. Indicações: Dor; febre. Contra-indicações: Pacientes com alergia à dipirona sódica ou a qualquer um dos componentes da formulação ou a outras pirazolonas (ex.: fenazona, propifenazona) ou a pirazolidinas (ex.: fenilbutazona, oxifembutazona) incluindo, por exemplo, caso anterior de agranulocitose em relação a um destes medicamentos; Em certas doenças metabólicas tais como: porfiria aguda do fígado intermitente (pelo risco de indução de crises de porfiria) e deficiência congênita da glicose-6-fosfato-desidrogenase (pelo risco de ocorrência de hemólise); Função da medula óssea insuficiente (ex.: após tratamento citostático) ou doenças do sistema hematopoiético; Asma analgésica ou intolerância analgésica do tipo urticária-angioedema, ou seja, em pacientes com desenvolvimento anterior de broncospasmo ou outras reações anafilactóides (ex.: urticária, rinite, angioedema) provocadas por salicilatos, paracetamol ou outros analgésicos não-narcóticos (ex.: diclofenaco, ibuprofeno, indometacina, naproxeno); Crianças menores de 3 meses de idade ou pesando menos de 5 kg; Não se deve administrar dipirona sódica por via intravenosa em crianças com idade entre 3 e 11 meses ou pesando menos de 9 Kg; Durante os três primeiros e três últimos meses de gravidez; A dipirona sódica não deve ser administrada por via intravenosa ou intramuscular em pacientes com pressão sangüínea baixa ou circulação instável. Reações adversas: Ataques de asma em pacientes predispostos; diminuição acentuada de células sangüíneas denominadas granulócitos; choque; reação na pele (do tipo alérgico) ou nas mucosas (principalmente da boca e da garganta). 11.6 – PLASIL O Que é: Antiemético; estimulante gastrintestinal; [cloridrato de metoclopramida; bloqueador dopaminérgico; benzamida (derivado)]. Indicações: Refluxo gastroesofageano; distúrbios da motilidade gastrintestinal; náuseas e vômitos de origem central e periférica (cirurgias, doenças metabólicas e infecciosas, secundárias a medicamentos); utilizado também para facilitar os procedimentos radiológicos do trato gastrintestinal. Contra-indicações: Em pacientes com antecedentes de alergia aos componentes da fórmula; casos em que a estimulação da motilidade gastrintestinal seja perigosa, como por exemplo na presença de hemorragia, obstrução mecânica ou perfuração gastrintestinal; em pacientes epiléticos ou que estejam recebendo outras drogas que possam causar reações extrapiramidais, uma vez que a freqüência e intensidade destas reações podem ser aumentadas; em pacientes com feocromocitoma, pois pode desencadear crise hipertensiva, devido à provável liberação de catecolaminas do tumor. Tal crise hipertensiva pode ser controlada com fentolamina; em pacientes com insuficiência hepática, insuficiência renal ou parkinsonismo; por mais de 12 semanas consecutivas. Reações adversas: As reações adversas mais freqüentes são inquietação, sonolência, fadiga e lassidão, que ocorrem em aproximadamente 10% dos pacientes. Com menor freqüência podem ocorrer insônia, dor de cabeça, tontura, náuseas, sintomas extrapiramidais, galactorréia, ginecomastia, erupções cutâneas, incluindo urticária ou distúrbios intestinais. As reações extrapiramidais (inquietude, movimentos involuntários, fala enrolada, etc.) podem ser mais freqüentes em crianças e adultos jovens, enquanto que movimentos anormais ou perturbados são comuns em idosos sob tratamentos prolongados. 11.7 – IMIPINEM Indicações: Atua sobre a maioria dos gram-positivos aeróbicos (Streptococcus pneumoniae, estreptococos grupo A e B, Staphylococcus aureus oxacilina-sensivel. Os S. aureus oxacilina-resistente são rotineiramente resistentes ao Imipenen) Atua sobre bactérias gram-negativas, incluindo Neisseria meningitidis, N. gonorrhoeae e Haemophilus influenzae, tem efeito também sobre Escherichia coli, espécies de Klebsiella, de Salmonella e Shigella. Sua ação sobre Pseudomonas aeruginosa e espécies de Pseudomonas é significante, porém neste último caso não deve ser usado como agente único. Apresenta uma excelente atividade sobre bactérias anaeróbicas. Não tem atividade sobre espécies de Legionella sp. Mycoplasma sp, Flavobacterium sp, Xanthomonas maltophilia, Pseudomonas cepacia, Corynebacterium do grupo JK, Streptococcus faecium, Staphylococcus aureus resistentes a oxacilina e Clostidium difficile Padrão de sensibilidade: germessensívesi CIM < 4 mg/l, resistente CIM > 16 mg/l. Contra indicações: Hipersensibilidade: rash, febre, prurido, urticária Hematológicas: eosinofilia, leucopenia, neutropenia, trombocitopenia e trombocitose. Neurológicas: Convulsões, sonolência, encefalopatia, confusão, mioclonia. Estes efeitos são mais comuns em portadores de convulsões, tumores cerebrais e trauma craniano. Gastrointestinal: Náusea, vômitos e diarréia. Elevação da uréia e creatinina sérica em 2% dos pacientes. Elevação temporária das enzimas séricas. 11.8 – AMICACINA O que é: antibacteriano; [sulfato de amicacina; aminoglicosídeo]. Indicações: infecção do trato biliar; infecção óssea; infecção articular; infecção do sistema nervoso central; infecção intra-abdominal; pneumonia por bactérias gram- negativas; septicemia bacteriana; infecção da pele e dos tecidos moles; infecção urinária. Como age: Interfere com a síntese de proteínas da bactéria. Absorção: rápida e completa por via intramuscular. Biotransformação: não é metabolizado. Tempo para concentração máxima (pico): 0,5 a 1,5 horas. Eliminação: urina (na sua forma original); pequena quantidade via bile/fezes. Efeitos adversos: Toxicidade renal: grande aumento ou diminuição da freqüência urinária e do volume de urina, sede excessiva, perda de apetite, náusea, vômito; Neurotoxicidade; Toxicidade auditiva; Toxicidade vestibular; Raramente: bloqueio neuromuscular (com dificuldade para respirar, sonolência, fraqueza). Atenção: suspeitar de toxicidade auditiva ou vestibular, após a retirada do medicamento, se surgirem ou se agravarem os sintomas a seguir: perda de audição, sensação de barulho ou entupimento nos ouvidos, insegurança ao andar, tontura, náusea, vômito. 11.9 – TRAMAL Indicações : Dores moderadas a severas de caráter agudo, subagudo e crônico. Contra-indicações : Hipersensibilidade ao Cloridrato de tramadol. Intoxicações agudas pelo álcool, hipnóticos, analgésicos e psicofármacos.Pacientes em tratamento com inibidores da monoaminoxidase (MAO). Reações Adversas: podem ocorrer náuseas, vômitos, secura da boca, tontura e sonolência. Reações adversas pouco freqüentes podem ocorrer relacionadas à função cardiovascular: palpitação, taquicardia e sensação de colapso cardiovascular. Estas reações adversas podem ocorrer particularmente quando o paciente realiza esforços excessivos, após administração intravenosa de TRAMAL. 11.10 – LACTULONA Indicações: para o tratamento sintomático da constipação intestinal; também é indicada para a prevenção e tratamento de encefalopatia hepática, tanto no pré-coma quanto no coma hepático. Contra-indicações: A Lactulona é contra indicada em: · Pessoas com história de hipersensibilidade a qualquer um dos componentes da fórmula; · Casos de intolerância à lactose, galactose, frutose; · Pessoas com apendicite, hemorragia retal não-diagnosticada ou com obstrução intestinal; · Como agente para o preparo intestinal de exames proctológicos em que se pretenda usar eletrocautério. Além disso não deve ser administrada juntamente com laxantes, pois podem reduzir o efeito acidificante da lactulose. O uso de antiácidos pode inibir a ação da lactulose. Reações adversas O uso de doses altas de lactulose em encefalopatia hepática pode causar distensão abdominal, flatulência, meteorismo, eructação, desconforto e aumento da sede, normalmente transitórios. Náusea e vômito têm sido relatados com pouca freqüência. Caso ocorra diarréia em resposta à lactulose, a dose deve ser reduzida. Alterações de exames laboratoriais: a administração prolongada ou de doses elevadas de lactulose pode aumentar a concentração plasmática de glicose e diminuir os níveis séricos de potássio. 11.11 – DERMAZINE/SULFADIAZINA DE PRATA O que é: é uma pomada hidrofílica, composta por sulfadiazina de prata a 1%. Pode ser associada ao nitrato de cério e ao ácido hialurônico. A prata: confere características bactericidas imediatas e bacteriostáticas residuais, provoca precipitação protéica e age diretamente na membrana citoplasmática bacteriana. Indicações: no tratamento de queimadura além de lesões crônicas refratárias, por exemplo, úlcera vasculogênica. Reações adversas: Como um dos efeitos colaterais da Sulfadiazina de Prata 1%, tem sido relatado episódios de discreta leucopenia depois de poucos dias de uso, e de alergias em menos de 5% dos pacientes sem necessidade de interrupção do uso. 12. CONSIDERAÇÕES FINAIS As características de patogênese e fisiopatologia das lesões elétricas são muito mais complexas do que se pensava. As contribuições de dano térmicas e puramente elétricas dependem da duração da passagem da corrente elétrica, na orientação das células, na localização, e outros fatores. Se o tempo de contato é curto, mecanismos não-térmicos de destruição celular serão mais importantes e a destruição será relativamente restrita à membrana celular. Entretanto se o tempo de contato é maior, destruição por calor predomina e toda a célula é afetada diretamente. Esses parâmetros também determinam a destruição anatômica da lesão. Este estudo clínico buscou aprimorar as intervenções de enfermagem com um plano assistencial adequado, uma prescrição correta a aplicabilidade de técnicas e estudos atualizados em relação a grandes queimados minimizando assim o risco de agravos e buscando o aperfeiçoamento aprimorando a assistência individual principalmente em clinicas pediátricas onde se deve ter um cuidado aumentando. 13. REFERENCIAL TEÓRICO SMELTZER, Suzanne C.; BARE, Brenda G. Brunner & Suddarth: tratado de enfermagem médico-cirúrgica. 10 ed. v. 3. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. FAILACE, R., Hemograma, Manual de Interpretação. Quarta edição: Artmed, 2006. Disponível em: <http://www.wiki.ogr.pt/hemograma> . AZEVEDO, O. A.; FONSECA S. C., Queimaduras. 1ª Edição, São Paulo: Revista Brasileira de Fisioterapia: Atlântica, 2007. GOMES, D.R., SERRA, M.C., PELLON, M.A.; Condutas atuais em queimaduras. Queimaduras elétricas 2 ª Edição, São Paulo, Editora Revinter 2005. FAROL M., C., A.; Enfermagem em Reabilitação 40(1):128-33. Rev Escrita de Enfermagem USP, São Paulo. 2006. Disponível em: http://www.ee.usp.br/reeusp>
Compartilhar